Como Ocorrem e Como Evitar Patologias Em Pisos de Concreto

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clubedoconcreto.com.br http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/12/como-ocorrem-e-como-evitar-patologias.html Como ocorrem e como evitar patologias em pisos de concreto? Veja as recomendações para escolha de materiais e reparo de f alhas mais comuns Método "extremo" de recuperação, o overlay é praticamente um piso novo sobre antigo. No detalhe, uso de barras de transf erência Durabilidade, dureza e resistência devem ser os atributos de um piso industrial de concreto, superf ície sujeita ao tráf ego intenso de veículos e à ação de substâncias químicas. Cuidados com o projeto, execução e o uso de materiais de qualidade já minimizam, e muito, as chances de surgirem patologias, mas não eliminam, por completo, as possibilidades de acontecerem. Mesmo assim, deve-se f azer o máximo para prevenir problemas, já que os gastos com a recuperação podem se igualar, ou mesmo superar o custo de execução do piso.

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    Como ocorrem e como evitar patologias em pisos deconcreto?

    Veja as recomendaes para escolha de materiais e reparo de f alhas mais comuns

    Mtodo "extremo" de recuperao, o overlay praticamente um piso novo sobre antigo. Nodetalhe, uso de barras de transf erncia

    Durabilidade, dureza e resistncia devem ser os atributos de um piso industrial de concreto, superf ciesujeita ao trf ego intenso de veculos e ao de substncias qumicas. Cuidados com o projeto,execuo e o uso de materiais de qualidade j minimizam, e muito, as chances de surgirem patologias,mas no eliminam, por completo, as possibilidades de acontecerem. Mesmo assim, deve-se f azer omximo para prevenir problemas, j que os gastos com a recuperao podem se igualar, ou mesmosuperar o custo de execuo do piso.

  • superar o custo de execuo do piso.

    Basicamente, as patologias em pisos industriais podem ser separadas em trs grandes grupos: f issuras,desgaste e esborcinamento de juntas. "H ainda outras patologias ref erentes aos problemas decolorao e delaminao, mas que acabam sendo em menor quantidade", af irma o engenheiro PblioPenna Firme Rodrigues, da LPE Engenharia e Consultoria, empresa que realiza projetos e prestaconsultoria na rea de pisos industriais de concreto. Rodrigues explica que, hoje, so bastantef reqentes as patologias ligadas execuo, causadas por atraso no corte das juntas, curainadequada, armaduras mal posicionadas e problemas de acabamento.

    As patologias relativas ao preparo de subleito e sub-base, decorrentes de m compactao do solo,repercutem em f issuras de carter estrutural, assim chamadas por prejudicarem a estabilidade e acapacidade de carga do piso. "Esse tipo de f issura pode ser prevenida se f orem f eitos ensaios no solo",explica o engenheiro Eduardo Tartuce, da MixDesign Engenheiros Associados, empresa especializada emprojeto de pisos e tecnologias de concreto, cimento e agregados. Mas quando a patologia j existe?"Nesse caso, o ideal optar pela remoo e recompactao do solo", acrescenta Tartuce. Outra soluoseria o estaqueamento do piso, responsvel pela melhor distribuio das tenses no solo.

    A conscientizao por parte dos consumidores da necessidade de projeto para pisos de concretoajudou a reduzir, nos lt imos cinco anos, a ocorrncia das f issuras de carter estrutural. Algunsespecialistas acreditam que, no f uturo, esse tipo de patologia tenda a desaparecer. "O avano dastcnicas de dimensionamento e detalhamento j resolvem f issuras crnicas, como as dos cantosreentrantes", diz Pblio Rodrigues. O mesmo no se pode dizer das f issuras de retrao (ligadas execuo), que correspondem a 95% das f issuras atualmente encontradas.

    As f issuras podem ser causadas por retrao hidrulica ou autgena, que acontecem normalmente numperodo de 60 dias a um ano. A retrao antgena decorre das reaes qumicas entre o cimento e agua, cujas molculas sof rem reduo de volume. A retrao hidrulica acontece nas primeiras idades doconcreto (a grande maioria, na primeira semana), podendo indicar que o material no est sendoadequadamente curado.

    Fissura nas juntas de pontes e outras obras-de-arte podem ser causadas porempenamento das placas

    A cura inadequada pode gerar uma srie de problemas, desde f issuras e empenamentos, at baixasresistncias abraso. Na maioria das situaes, o uso de mantas para cura mida pode solucionar oproblema, pois permitem a transf erncia gradual e homognea da gua para o concreto. Saturar o ar pormeio de vaporizadores, tcnica pouco empregada no Brasil, atende a casos em que a umidade relativado ar baixa, mas pode ser praticamente invivel em reas acima de 2 mil m. Uma outra opo seria a

  • cura qumica (em geral, de PVA ou acrlica).DesgasteOutra patologia que cresce cada vez mais o desgaste superf icial, que est mais ligado qualidade doconcreto do que execuo. "Esse problema indica que o trf ego atuante sobre a superf cie do pisoest em desacordo com as condies executadas, ou seja, o concreto deveria ser de maior resistnciamecnica", af irma o engenheiro Paulo Bina, da Monobeton, empresa que desenvolve soluestecnolgicas para o ramo da construo civil. A soluo, segundo ele, seria a aplicao de produtosreagentes ou agregados de alta resistncia na superf cie, alm da melhoria das condies de cura e deproteo do piso.Alguns vcios de execuo podem potencializar o desgaste da superf cie. "Hoje, os concretos tendem aapresentar maior tempo de pega, em f uno das caractersticas dos cimentos, de f orma que aexsudao se manif esta com maior intensidade e, conseqentemente, tambm os problemas dedesgaste", explica Pblio Rodrigues. Em virtude disso, a LPE Engenharia construiu uma mquina deensaio para resistncia abraso (baseada na norma inglesa BS 8204) que permite, na opinio daempresa, uma avaliao mais adequada do que a NBR 12042 da ABNT (Materiais inorgnicos.Determinao do desgaste por abraso)."A Associao Brasileira de Normas Tcnicas no possui normas especf icas para o projeto e aconstruo de pisos industriais de concreto, inf orma o engenheiro Ercio Thomaz, pesquisador doCetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construdo do Instituto de Pesquisas Tecnolgicas doEstado de So Paulo). No aborda, por exemplo, questes como a especif icao e posicionamento dasjuntas e barras de transf erncia. Os interessados nesse tipo de inf ormao, extremamente necessriapara o projeto do piso, devem recorrer por exemplo s normas do ACI (American Concrete Institute).Outro tipo de patologia muito ligada exsudao a delaminao que hoje af eta mais os pisos querecebem asperso mineral (principalmente as coloridas), ou quando h condies desf avorveis naconcretagem, ou seja, em locais abertos ou sujeitos a ventos, ou em reas prximas s portas oudomos para iluminao natural. A diminuio drstica da durabilidade do piso uma das conseqnciasda delaminao, que caracterizada pelo destacamento da lmina superf icial do piso. Isso acontecequando o acabamento deixa tal superf cie menos permevel do que deveria, suscetvel, portanto, a umamaior intensidade dos vapores de gua que se deslocam das camadas inf eriores do piso.Num piso de concreto, as juntas so pouco resistentes a impactos, razo pela qual devem sertrabalhadas de maneira especial. Caso contrrio, podero estar sujeitas ao esborcinamento (quebrasdas bordas). Erros de projeto, como a adoo de barras de transf erncia de dimetro inadequado ou aespecif icao incorreta de materiais de preenchimento, tambm causam esborcinamentos. "A maiorcausa desse problema, no entanto, a m execuo", af irma Rodrigues, se ref erindo ao hbitoimprprio dos executores de remover as barras de transf erncia para f acilitar a desenf orma.

    A f alta de um material compressvel no entorno do pilar pode gerar trinca

  • como a da f oto, coincidente com a f ace do pilar

    Eduardo Tartuce explica que erros no posicionamento das barras de transf erncia das juntas (eixoinadequado) podem criar f issuras prximas s juntas. To importante quanto a execuo, o projeto."Alm de determinar o posicionamento das juntas e o espaamento entre elas, o projeto dever prever omaterial com o qual as juntas devero ser preenchidas", diz Tartuce. O engenheiro conta que as juntas,para resistir ao esborcinamento, podero ser tratadas com lbios pr-f abricados polimricos ourevestimentos base de resinas epoxdicas ou de poliuretano.O poliuretano tem uma resistncia abraso melhor do que o epxi que, por outro lado, resiste mais umidade. Tartuce explica que, para que no haja comprometimento desses materiais, a umidade doconcreto no dever exceder os 5%, caso contrrio comprometer a aderncia do selante. "Ambosmateriais precisam de uma base bem-f eita e livre de substncias qumicas para aderir adequadamente",af irma. Uma vez endurecidos, o epxi e o poliuretano tornam-se resistentes ao da umidade.O empenamento uma patologia provocada pelas baixas espessuras, alta retrao e subarmao(pequena taxa de ao) do piso. O uso de f ibras plsticas ou o controle rgido da retrao do concretopodem evitar o problema. "Toda a placa de concreto empena, seja pela retrao hidrulica que ocorre emsua parte superior, ou pelas variaes trmicas. Mas, isso nem sempre um problema", avalia Rodrigues.Segundo o engenheiro, o problema surge quando a sub-base est mal compactada, pois, nesse caso, omovimento da placa acaba promovendo a compactao e, com isso, seu empenamento.Recuperao de patologiasCada patologia requer um tratamento especf ico. Por exemplo, problemas de desgaste podem sertratados com endurecedores qumicos ou pela lapidao associada a um endurecedor, dependendo dasituao. J os esborcinamentos podem ser tratados com lbios polimricos, desde que a junta estejaestruturalmente adequada, ou seja, desde que no haja problemas de transf erncia de carga. "Casocontrrio, poder haver necessidade de injeo de pasta de cimento entre a placa de concreto e af undao para controle de def ormaes, ou at a introduo de barras de transf erncia", explica PblioPenna Firme Rodrigues.Pisos com desgastes e recalques podem ser recuperados com o overlay cimentcio, tcnica que consistena sobreposio de uma camada de concreto nova sobre o piso original. "O overlay desaconselhadonos casos em que a espessura f inal, f ormada pelo piso antigo e novo, interf erir muito nas cotas dearquitetura", acrescenta Eduardo Tartuce. Nesses casos, avalia o engenheiro, pode ser vivel ademolio do piso antigo seguida da construo de um novo. " uma soluo mais cara, mas s vezes amenos trabalhosa", justif ica.Antes de se optar por uma tcnica de recuperao, deve-se conhecer bem as causas da patologia emquesto. Uma f issura estrutural pode ser mnima, levando a crer que se trata de uma f issura de retrao."Fissuras assim podem ser causadas pela movimentao do solo ou devidas ausncia de barras detransf erncia", avisa Tartuce. Segundo o engenheiro, muitos costumam tratar a patologia como se f ossecausada pela retrao do concreto, simplesmente aplicando o selante. "O certo abrir juntas com umaserra industrial, para depois sel- las", complementa.A delaminao e microf issuras podem ser recuperadas com a aplicao de epxi ou material cimentcioestabilizado com resina. Apesar de ser mais caro, o primeiro endurece em apenas 12 horas, enquantoque o segundo leva de um a trs dias para isso. O metacrilato, por ser mais f luido que o epxi, dispensaa aplicao por meio de injeo. interessante saber que os equipamentos e materiais usados naconf eco dos pisos so basicamente os mesmos empregados na recuperao.Qual o cimento ideal?A correta dosagem do concreto trar bom acabamento ao piso, alm de f acilitar sua execuo,sobretudo se o material apresenta uma boa dosagem de f inos. Teoricamente, todos os cimentos podemser usados para a conf eco de pisos industriais de concreto, apesar das pref erncias. "Pref iro oCimento Portland Composto com Escria (CP II - E) ou o Cimento Portland de Alta Resistncia Inicial (CPV)", af irma o engenheiro Eduardo Tartuce. Para ele, o Cimento Portland de Alto Forno (CP III) pode darresultados satisf atrios, desde que a presena de escria no ultrapasse 55% ou prximo disso. Oengenheiro Pblio Firme Rodrigues diz que no costuma restringir o uso de cimentos em seus projetos."No entanto, o CP V o que apresenta melhor resistncia abraso", opina.

  • Patologias e recuperaoPatologia: Formato inadequado de junta.Recuperao: Possibilidade de reparo com lbio polimrico.

    Patologia: Fissura por atraso no corte.Recuperao: Como est muito prxima ao corte, normalmente se f az a selagem da f issura com omesmo material da junta.

    Patologia: Outro caso de f issura por atraso no corte.Recuperao: Como nesse caso houve destacamento do concreto, deve-se utilizar lbio polimrico.

  • Patologia: Empenamento causado por retrao hidrulica dif erencial da placa de concreto.Recuperao: Deve ser realizada com injeo de cimento sob a placa, seguida de polimento paranivelamento.

    Patologia: Delaminao causada por incorporao de ar, excesso de materiais f inos, excesso de gua oucondies climticas (vento e baixa umidade do ar) durante a execuo.Recuperao: Aplicao de epxi ou material cimentcio estabilizado com resina.

  • Reportagem de Valentina FiguerolaTchne 114 - setembro de 2006

    Como ocorrem e como evitar patologias em pisos de concreto?