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COLÉGIO ESTADUAL BOM JESUS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO MARMELEIRO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 2011

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COLÉGIO ESTADUAL BOM JESUS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

MARMELEIRO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

2011

COLÉGIO ESTADUAL BOM JESUS ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

MARMELEIRO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

2011

“Chegará uma fase na vida do

homem, quando ele olhará para

trás e dirá: que pena! Eu tinha tudo

nas mãos e não sabia, e agora que

sei, resta-me pouco tempo”.

Pedro Alberice

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO....................................................................................................5

2 CARACTERÍSTICAS................................................................................................5

3 OBJETIVOS GERAIS DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO..........................8

4 MARCO SITUACIONAL.........................................................................................10

5 MARCO CONCEITUAL..........................................................................................15

6 MARCO OPERACIONAL.......................................................................................28

6.1 Caminhos a serem percorridos............................................................................28

6.2 Educação do Campo............................................................................................28

6.3 Grêmio Estudantil.................................................................................................29

6.4 Viagens de estudos..............................................................................................29

6.5 Oficinas pedagógicas...........................................................................................30

6.6 Equipe Multidisciplinar..........................................................................................30

6.7 Reuniões Pedagógicas descentralizadas............................................................31

6.8 Formação continuada...........................................................................................31

6.9 Conselho de Classe participativo.........................................................................32

6.10 Sistema de avaliação.........................................................................................32

6.11 Projeto leitura na escola.....................................................................................34

6.12 Educação inclusiva.............................................................................................34

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................35

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................37

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1- APRESENTAÇÃO

O Projeto Político Pedagógico é o documento norteador do trabalho a ser

desenvolvido na escola, a partir desse momento de retomada e de reflexão das práticas

pedagógicas/administrativas. Representa o conjunto de ações pensadas e definidas pelo

coletivo da escola. Tem por finalidade, a melhoria da qualidade do ensino, a construção

da identidade da escola pública, seguindo os princípios e diretrizes do Sistema de Ensino

vigente. Contempla as especificidades e necessidades da escola, os princípios de gestão

democrática, fins e objetivos da educação. É o resultado de um processo democrático,

construído passo a passo com a colaboração e participação de todos os sujeitos

envolvidos no processo educativo. Explicita as metas, singularidades, anseios, caminhos,

indicadores, propostas, alternativas e possibilidades que definem uma prática educacional

voltada para a formação do aluno – cidadão e para a qualidade do ensino-aprendizagem.

2- CARACTERÍSTICAS

Com a criação do município de Flor da Serra do Sul, reduz o número de escolas

estaduais de 5ª a 8ª séries na zona rural do município de Marmeleiro. Surge então a

necessidade de criar uma escola para atender essa demanda, sendo o fator principal que

gerou essa necessidade, o número de alunos das famílias que ocupavam a área de terras

da Fazenda Anoni, aguardando a desapropriação e legalização das terras.

A demora para a legalização, tornou inviável a construção da escola na área da

Fazenda. Sendo a comunidade da Linha Bom Jesus próxima a área, recebe apoio político

do vereador Vilson José Castelli e do Prefeito Municipal, na época, sr. Valmor Felipe. O

pedido de criação da escola foi aceito pela Secretaria do Estado da Educação -

Resolução Nº 6.368/94 de 09/01/1995 e reconhecida pela Resolução Nº 1.884/2002 de

28/06/2002.

A escola iniciou suas atividades em 08 de fevereiro de 1995, no pavilhão da

comunidade, atendendo 280 alunos matriculados no turno vespertino. Em 02 de agosto

do mesmo ano, a escola passa a desenvolver suas atividades nas novas instalações. Na

época trabalhavam: 08 professores, 03 auxiliares de serviços gerais, 01 auxiliar

administrativo e o diretor.

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No ano de 2003, passa a denominar-se Colégio Estadual Bom Jesus – Ensino

Fundamental e Médio, cujo funcionamento foi autorizado pela Resolução nº 3.931/03 de

09/01/04. A solicitação do Reconhecimento do Ensino Médio foi feita no final do ano de

2004 de acordo com o Parecer nº 3.132/03 e até o momento não foi reconhecido. Por

esse motivo, a documentação de Conclusão do Curso dos formandos 2004, não está

regularizada. A direção da escola foi informada que o NRE vai designar um profissional de

outro estabelecimento de ensino para assinar a documentação.

O Colégio Estadual Bom Jesus – Ensino Fundamental e Médio, Código 00856, está

localizado no Sudoeste do Paraná, na Linha Bom Jesus, zona rural do município de

Marmeleiro, Código 1550, a uma distância de 25 km da sede do município e a 32 km do

Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão, Código 12.

O Colégio oferta o Ensino Fundamental do 6ª ao 9ª ano e o Ensino Médio nos

turnos Matutino e Vespertino, seguindo os princípios e Diretrizes da LDB Nº 9.394/96, e

do Regimento Escolar aprovado pelo Ato Administrativo Nº 226/01 de 19/09/01.

Atende 292 alunos, distribuídos em 13 turmas, sendo 05 do Ensino Médio e 08 do

Ensino Fundamental. O espaço físico não atende a demanda existente necessitando de

ampliação para o funcionamento da biblioteca que no momento ocupa o espaço de uma

sala de aula, estando esse mesmo espaço destinado para o funcionamento do

Laboratório de Informática desde o ano 2006. Não conta também, com espaço para o

Laboratório de Ciências e para a Equipe Pedagógica.

Nossos alunos são em sua maioria oriundos do campo e alguns do Bairro Alto São

Mateus, na divisa com o município de Campo Erê – SC. Esta questão tem sido motivo de

estudos, discussões e preocupação do coletivo da escola no ano letivo em curso, também

de participação em Seminários e encontros de formação sobre Educação do Campo, com

o objetivo de buscar conhecimentos e discutir propostas e alternativas para a organização

de ações pedagógicas que atendam as reais necessidades e especificidades dos alunos

do campo, sem no entanto, perder de vista, as exigências e Diretrizes do Sistema de

Ensino (Base Nacional Comum).

Compreender os sujeitos que têm o campo como seu espaço de vida, é pensar uma

educação voltada à sua cultura e às suas reais necessidades humanas e sociais,

respeitando sua herança cultural, seu jeito próprio de ser, suas crenças, costumes,

valores, identidade.

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Ao pensar nossas práticas pedagógicas/educativas, devemos ter presente e

compreender o universo de vida de nossos educandos, estabelecendo relações entre

seus saberes e o conhecimento universal historicamente elaborado pela humanidade.

Caldart em seu texto “Ser Educador do Povo do Campo”afirma que:

Ver a educação como formação humana implica em que nos ocupemos com as grandes questões da Pedagogia (e não apenas com a miudeza didático-escolar como às vezes os cursos nos ensinam ...) Como formar um ser humano mais pleno? Como ajudar a formar novos sujeitos sociais no campo? Que dimensões devem ser incluídas em nosso projeto de educação? De que aprendizados específicos necessita o povo que vive no campo?

Cabe à escola acrescentar: de que forma nós educadores(as) da cidade e do

campo tratamos e trabalhamos em nossas disciplinas escolares as necessidades e a

cultura das comunidades do campo ?

Segundo Miguel G. Arroyo(2006), a nova dinâmica do campo interroga a

sociedade, o Estado e suas políticas, interroga o sistema escolar, os currículos, a

formação e a prática docente. Os movimentos sociais questionam as práticas educativas,

revertem o nosso olhar e as imagens dos sujeitos do campo.

Assim sendo, o campo passa a ser visto não mais como lugar de atraso, de inércia,

mas como território social, educativo, cultural, dinâmico, como lugar de produção de vida,

de trabalho, cultura, saberes e valores. Como terra que educa, lugar de educar e não a

educar. De produção de solidariedade, de identidade cultural, formação de sujeitos

humanos, no diálogo com a terra e com o trabalho.

Incorporar tais interrogações em nossas práticas pedagógicas marcadas pela

tradição escolar, não é tarefa nada fácil. É preciso redefinir os modos de pensar a

educação para a população do campo, percebendo e sentindo o mesmo como território

de luta, dignidade e resistência.

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3- OBJETIVOS GERAIS DO PROJETO POLÍTICO – PEDAGÓGICO

Repensar as práticas pedagógicas e as relações que se estabelecem no cotidiano

da escola, redefinindo os papéis e funções de cada segmento que compõe a comunidade

escolar; Refletir no coletivo a função

social da escola, e fins da educação, no processo de construção e reconstrução da

identidade da Escola Pública. Definir os caminhos a serem trilhados,

formas operacionais da ações pensadas e encaminhadas no coletivo da escola,

contemplando os aspectos sociais, históricos e culturais da comunidade escolar;

Buscar novas formas de organização do trabalho pedagógico, através de uma

reflexão crítica acerca da concepção de homem, sociedade, escola, educação,

conhecimento, avaliação, currículo e qualidade de ensino-aprendizagem;

Explicitar os princípios norteadores do trabalho educativo, voltados para a

especificidade da escola, o respeito às diferenças, a intencionalidade e o compromisso

com a formação do educando para o exercício da cidadania;

Estabelecer o conjunto de princípios que fundamentam e norteiam as ações

pedagógicas/educativas definidas pela escola, respeitando as normas e as diretrizes do

sistema de ensino;

Garantir ao aluno da Escola Pública, o acesso e a permanência com sucesso, por

meio de um ensino/aprendizagem de qualidade para todos, participação de todos os

segmentos nas decisões, superando relações competitivas e autoritárias, num processo

de gestão democrática;

Romper com a dicotomia e a distância entre o pensar e o fazer, ou seja, entre

teoria/prática;

Através do processo de reconstrução do Projeto Político Pedagógico

compreender quem é o aluno que está na sala de aula, os avanços/através do processo

educativo, as questões sociais que se refletem no cotidiano da escola, as contradições,

limites e possibilidades existentes, para definir as ações educacionais;

Reorganizar os tempos e espaços escolares, criando condições e mecanismos

para viabilizar as propostas de ações pensadas e definidas pelo coletivo da escola;

Conhecer as trajetórias e especificidades culturais que caracterizam os alunos e

suas famílias, levando em consideração os saberes e fazeres populares, a fim de

estabelecer diálogos pedagógicos mais reflexivos e menos excludentes;

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Reafirmar que as práticas educativas devem estar fundamentadas na alteridade

(olhar o outro no seu mundo de cultura) e trabalhar com as diferenças de modo a

reconhecê-las e valorizá-las;

Assumir um referencial teórico que ilumine, dê suporte às práticas, somando

esforços e garantindo espaços de participação, na busca de recursos, meios,

instrumentos, caminhos e possibilidades para atingir os fins da educação, na construção

da identidade da Escola Pública Paranaense;

Reorganizar a escola, compreendendo a mesma como um espaço de decisões

coletivas, assentado na concepção de homem, sociedade e educação que vise a

emancipação e humanização dos sujeitos nela envolvidos.

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4 MARCO SITUACIONAL

O Marco Situacional retrata a realidade da escola, ou seja, o seu chão, o chão

onde pisamos, convivemos, nos conhecemos, fazemos descobertas, descobrimos

conceitos e verdades considerados prontos e acabados para construirmos outros

caminhos, novas propostas, novos conceitos, outras possibilidades, outros olhares, cujo

objetivo é apontar outras direções e outros horizontes para um trabalho pedagógico

voltado para a aprendizagem e sucesso dos nossos alunos, em especial, àqueles cujas

dificuldades necessitam de ações diferenciadas para tornarem –se sujeitos do processo

educativo.

Nossa escola tem como Filosofia garantir o acesso ao conhecimento

historicamente produzido à todos os alunos, garantindo assim a permanência dos

mesmos com sucesso, através de uma proposta de educação centrada na formação

humana e no respeito às diferenças, desenvolvida num processo de gestão democrática e

de um conjunto de saberes necessários para o exercício da cidadania.

Neste início de século, a sociedade brasileira se depara com a urgente

necessidade de mudar a realidade da educação no País. O analfabetismo persiste

marginalizando milhões de cidadãos. Como é possível entender e explicar que uma das

maiores economias mundiais, não consegue resolver esta problemática e garantir uma

educação de qualidade para sua população, sendo a educação um dos direitos básicos

de todo o cidadão?

Temos uma economia consolidada, aberta para o mercado internacional, super

safras e milhões de miseráveis desprovidos de políticas públicas sociais, resultado da

absurda concentração de renda nas mãos de uma minoria, enquanto um enorme

contingente de brasileiros não desfruta de seus direitos básicos.

Um país pode ser uma grande economia e não ser desenvolvido socialmente. O

desenvolvimento social implica na qualidade de vida para a população. Dados do MEC

confirmam esta realidade.

- 14,9 milhões de brasileiros, com 15 anos ou mais são analfabetos. E 33 milhões

não sabem ler, embora tenham sido formalmente alfabetizados;

- 4,3 milhões de crianças entre 4 e 14 anos e 2 milhões de jovens entre 15 e 17

anos estão fora da escola;

- 28% da população com 11 anos ou mais não completam a 4ª série;

- 59% dos alunos da 4ª série não sabem ler adequadamente;

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- 52% dos alunos da 4ª série não dominam habilidades elementares da

Matemática;

- Entre 31 países investigados, o Brasil ficou em último lugar na média de

desempenho em Matemática;

- Somente 42% da população com 15 anos ou mais completam a 8ª série;

- 1,3 milhão de crianças, entre 10 e 17 anos, estão trabalhando no lugar de

estudar e mais de 4,8 milhões são obrigadas a trabalhar e estudar ao mesmo

tempo.

O que vemos são crianças, adolescentes e jovens concluindo as várias fases de

escolaridade sem uma mudança perceptível e significativa na qualidade da aprendizagem

e na sua formação geral, ou seja, sem a apropriação dos conhecimentos básicos –

leitura, escrita e cálculos.

A história da educação do Paraná não pode ser dissociada da educação brasileira.

Vivemos um momento de busca de soluções, caminhos, propostas, estudos e discussões

voltadas para uma educação de qualidade, inclusiva e respeito às diferenças.

São as diferenças que constituem os seres humanos. Os sujeitos têm suas

identidades determinadas pelo contexto social e histórico. A vida em sociedade pressupõe

o reconhecimento das multiculturas. As complexas e rápidas transformações nos modos

de produção social, fazem surgir novas formas de acúmulo do capital e concentração de

renda na contemporaneidade.

Assim,

(...) constitui verdade inquestionável o fato de que, a todo momento, as diferenças

entre os homens fazem-se presentes, mostrando e demonstrando que e existem

grupos humanos dotados de especificidades (...) os seres humanos são diferentes,

desenvolvem-se em culturas distintas. São então diferentes de direito. É o chamado

direito às diferenças. O direito de ser, sendo diferente. (FERREIRA E GUIMARÃES, 2003,

p.36)

Partindo desse pressuposto fica evidente que o ato de incluir vai muito além do que

acolher alunos portadores de algum tipo de deficiência. Inclusão, no sentido pleno da

palavra, é oferecer condições e oportunidades para que todos aprendam e tenham

sucesso na escola. Inclusão, é lutar para que os índices de evasão, repetência e de

analfabetos funcionais sejam eliminados do processo ensino/aprendizagem.

Os momentos de capacitação de estudos, as reflexões no coletivo da escola, as

Jornadas Pedagógicas, têm contribuído de maneira significativa para olharmos com maior

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preocupação e carinho nossos alunos, principalmente aqueles com maior dificuldade de

aprendizagem.

Segundo dados coletados e analisados, das 153 famílias que fazem parte da

comunidade escolar, 91,2% são proprietárias de pequenas áreas de terra e baixo poder

aquisitivo. 8,8% são arrendatários e uma pequena minoria possui áreas maiores e maior

poder aquisitivo. Quanto a escolaridade dos pais, 30,9% são analfabetos, 10,1% têm

Ensino Fundamental completo, 54,8% Ensino Fundamental incompleto, 2,0% Ensino

Médio completo, 1,4% Ensino Médio incompleto, 0,3% Ensino Superior completo e

0,5% Ensino Superior incompleto. 98,3% das famílias possuem energia elétrica e 1,7%

não possuem.

Esses dados retratam que a grande maioria dos pais têm menos anos de

escolaridade do que seus filhos, dificultando o acompanhamento dos estudos dos

mesmos. Essa realidade se refletiu nos estudos do Projeto Político-Pedagógico e nos

trabalhos de grupo realizados após a explanação sobre a importância desse momento

para a escola.

Questões trabalhadas nos grupos seguindo sugestões e orientações da equipe

pedagógica do Núcleo Regional de Educação nas Jornadas Pedagógicas:

- O que está bom na escola em relação a aprendizagem avaliação, merenda escolar,

transporte escolar, espaço físico, trabalho pedagógico/administrativo ?

- O que precisa melhorar ?

A maior preocupação demonstrada pelos pais foi com a questão da segurança de

seus filhos, condições do transporte e local de estacionamento dos ônibus próximos a PR-

180. Mostraram-se satisfeitos com as melhorias feitas na escola, tanto na estrutura física

quanto nos encaminhamentos dados às assembleias, reuniões de pais, eventos culturais

promovidos, palestras de formação e levantaram as seguintes questões a serem

melhoradas na escola:

O que precisa ser melhorado na escola ?

- Melhores condições de transporte, respeito entre os usuários e que o mesmo seja

exclusivo para estudantes, porque alguns ônibus estão transitando com excesso de

lotação.

- Alguns professores precisam mudar a metodologia de ensino e as formas de

relacionamento com os alunos para melhorar a qualidade do ensino/aprendizagem.

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- Segundo a opinião dos pais, a entrega de boletins por semestre(sistema atual de

avaliação), dificulta o acompanhamento da vida escolar dos filhos, optando pela avaliação

bimestral.

- Que a escola deve envolver mais a família durante o ano letivo e que o envolvimento

não seja somente em assembleias e reuniões, mas também em palestras promovidas

pela escola, visando a melhoria da educação.

- Estando a escola muito próxima da PR-180 os pais consideram que seus filhos ficam

expostos a riscos e perigos pois o pátio da escola não está cercado e não oferece

segurança no período em que os mesmos estão na escola, necessitando a construção de

muros com grades.

Atuam no Colégio Estadual Bom Jesus – Ensino Fundamental e Médio 25

Professores, dos quais 14 professores possuem vínculo QPM, 11 professores PSS,

Diretor – QPM, 02 Agentes Educacionais II QPM e 02 Agentes Educacionais I./

Repensar as práticas e buscar a unidade do trabalho, pois grande maioria dos

profissionais da escola não fazem parte da Semana Pedagógica e das explanações

realizadas quanto a realidade dos discentes. A rotatividade dos profissionais tem

prejudicado o estudo/compreensão do mesmo assim como o comprometimento com o

trabalho a ser desenvolvido.

Estamos nos referindo que a mudança de profissionais que acontece a cada ano,

tem dificultado o andamento e êxito do trabalho na escola porque muitos não fazem parte

do processo de construção. Ao retomarmos as discussões e encaminhamentos para

cada construção de documentos, constatamos essa realidade.

Após a análise dos resultados percebemos o grande número de alunos abaixo da

média nas diferentes disciplinas, questionamentos sobre as formas de Recuperação

Paralela, metodologias de ensino, troca de ideias, opiniões, comparação das práticas com

a Proposta e o Regimento Escolar, concluímos:

- Que só faz sentido a reconstrução do Projeto Político Pedagógico, se as propostas

levantadas e decisões tomadas no coletivo da escola forem assumidas por todos e

colocadas em prática;

- Que as práticas avaliativas não condizentes com a Proposta, são resultado da

concepção de avaliação de cada profissional;

- Na Recuperação Paralela, prevalece a preocupação com a nota, sendo que o objetivo

da mesma é a recuperação dos conteúdos e da aprendizagem de todos os alunos,

devendo portanto, ser repensada no coletivo da escola .

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A discussão e construção do Projeto Político Pedagógico apresentados e

analisados com todas as turmas do Ensino Fundamental e Médio e para os pais, com o

objetivo de levá-los a pensar e perceber que uma educação de qualidade só é possível se

pensada e assumida por todos. Que não basta estarmos na escola, precisamos nos

perguntar constantemente qual a razão de estarmos nela e qual o compromisso de cada

um que dela faz parte.

O Colégio oferta Salas de Apoio para 6º e 9º ano, sendo que este ano esta em

vigor somente a do 6º ano em virtude de espaço físico. Oferta o CELEM no período

vespertino.

Com a implantação do ensino fundamental com 09 anos de duração, sancionada

pela Lei nº 11.274 a qual alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação o qual torna

obrigatório o início do Ensino Fundamental aos seis anos de idade para todo o ensino

brasileiro. O Ensino Fundamental passa ter a seguinte organização:

Etapa de ensino Faixa etária prevista Duração

Educação Infantil

Creche

Pré -escola

Até 5 anos de idade

Até 3 anos de idade

4 e 5 anos de idade

Ensino Fundamental

Anos iniciais

Anos finais

Até 14 anos de idade

de 6 a 10 anos de idade

de 11 a 14 anos de idade

9 anos

5 anos

4 anos

A reflexão sobre o Ensino Fundamental a partir da implantação no Estado do

Paraná, precisa ser pensada a partir da realidade pedagógica, cultural da comunidade

além de pontuar sobre uma diferenciação metodológica de ensinar, aprender e

principalmente avaliar, reorganizando o tempo e o espaço, na busca constante de uma

educação humanizadora.

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5 MARCO CONCEITUAL

Vivemos numa sociedade em crise, marcada por desigualdades sociais

organizadas de forma injusta e regida pelos princípios do capitalismo, modelos neoliberal

e excludente. São evidentes as formas de exclusão (social, econômica, de gênero,

crenças e etnias).

Uma sociedade onde a onda de corrupção cresce a cada dia que passa, cujos

recursos desviados, impedem que um grande número de brasileiros tenha acesso e

possa usufruir de seus direitos básicos: saúde, educação, moradia, segurança, entre

outros. Vivemos tempos em que tudo se transforma rapidamente, violência em grande

escala, inversão de valores, desumanização de relações e princípios éticos em crise.

Nesse contexto, homens e mulheres, fazedores da história e por ela constituídos,

são desafiados a repensar o seu estar no mundo para compreender as leis historicamente

constituídas, que regem o desenvolvimento da sociedade, compreendendo e analisando o

movimento da mesma e o movimento do homem ao longo da história.

Assim sendo, percebemos quais são as leis e as implicações que determinam e

transformam o funcionamento da sociedade, percebendo também, que os problemas

educacionais são reflexo dos problemas sociais. Ainda que determinada pela sociedade a

educação pode contribuir no sentido de criar condições favoráveis que auxiliam o

processo de transformação da própria sociedade.

A competitividade, o desemprego, o processo de globalização excludente,

consolidam e dão sustentação ao projeto neoliberal e ao mundo do capital. Nunca tão

poucos, foram tão privilegiados em detrimento da absoluta maioria excluída.

As desigualdades estão ligadas à condição econômica. Há os que possuem em excesso

e aqueles que vivem em condições de indigência. Esta é a sociedade de classes sociais

que nomina e hierarquiza as pessoas conforme a quantidade de bens materiais.

Na situação de desigualdade agregam-se outras condições tais como: diferenças

etárias, de gênero, de orientação sexual, religiosa, visão de mundo, projetos individuais,

desejos, valores, cultura, experiências vividas e outras.

Acentuada concentração de riqueza, crescimento econômico com altos custos

sociais, culturais e ambientais, progressos contínuos nas comunicações e em diversas

áreas do conhecimento científico, tecnologia avançada, aumento da miséria humana.

Nesse movimento de transformação, como agentes e sujeitos de resistência,

queremos e sonhamos com uma sociedade melhor e mais justa. Através de constante

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reflexão/ação, denúncia dos mecanismos excludentes, anúncio de novas possibilidades

inclusivas, solidárias/participativas. Rompendo paradigmas, ações tradicionais e

fragmentadas, podemos pensar e viabilizar propostas pedagógicas que atendam as

necessidades e demandas de cada nível e modalidade de ensino.

É preciso ter claro que em uma mesma sala de aula estão reunidos educandos de

gêneros diferentes, religiosidades, etnias, culturas, saberes teóricos, concepções. Essa

diversidade de sujeitos requer práticas pedagógicas diferenciadas, porque também

existem ritmos diferentes para aprender. Mas é importante ter claro que todos aprendem a

seu modo e no seu ritmo. É preciso acolher as diversidades nas práticas educativas.

Reconhecer que sabemos pouco sobre as culturas com as quais lidamos no dia-a-

dia do trabalho docente, faz parte das necessidades imediatas no campo escolar. Trata-

se de uma caminhada cujos atalhos deverão ser construídos enquanto se caminha. Isso

implica um novo olhar sobre a realidade e depende da sensibilidade dos envolvidos na

educação.

O homem, visto numa perspectiva histórico antropológica, é um ser de relações.

Ele se relaciona com a natureza, com os outros e consigo mesmo. É um ser em

permanente construção, que vai se fazendo no tempo pela mediação de suas práticas e

de sua ação histórica. Vai se constituindo no espaço social e no tempo histórico. Um

sujeito que vai construindo aos poucos sua identidade como indivíduo e como espécie;

através do trabalho, da sociabilidade e da cultura.

Qual o papel e que lugar ocupa a educação nesse processo de construção? Como

entender a educação numa sociedade historicamente determinada? O papel da educação

é garantir a todos os alunos as condições de acesso ao conhecimento

instrumentalizando-os para o exercício da cidadania, e isto não se limita no acesso à

escola, mas ao estar e permanecer nela com sucesso.

Entender a educação nesse contexto, é entendê-la como uma práxis humana e a

escola como instância social, mediadora e articuladora das ações educativas,Tomás e

Soares, 2005, p.139) utilizando com criticidade as ferramentas do conhecimento de que

dispõe o homem para dar sentido às suas práticas e norteá-lo no espaço social e no

tempo histórico.

A educação é uma prática social, uma atividade específica dos homens situando-os

dentro da história. Ela não muda o mundo, mas o mundo pode ser mudado pela sua ação

na sociedade e nas suas relações de trabalho. Segundo Pinto (1994), a educação é um

processo histórico de criação do homem para a sociedade e simultaneamente de

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modificação da sociedade para benefício do homem, por representar a própria história do

ser humano e da sociedade em evolução.

Vista como processo de desenvolvimento da natureza humana, a educação tem

suas finalidades voltadas para o aperfeiçoamento do homem que dela necessita para

constituir-se e transformar a realidade.

Portanto, se considerarmos os índices alarmantes de evasão e repetência,

percebemos que estes problemas determinados socialmente, são também um problema

educacional e pedagógico que tem muito a ver com a forma pela qual o próprio trabalho

pedagógico está organizado.

A organização do trabalho pedagógico da escola, tem relevante importância na

compreensão do processo de ensino e avaliação. Sendo o trabalho pedagógico produto

das relações sociais, a escola incorporou nas suas práticas a fragmentação do

conhecimento e a desvinculação entre teoria/prática.

Há inúmeros estudos que resgatam as concepções de infância na história da

humanidade (Ariés, 1981; Charlot, 1983; Snyders, 1984; Sarmento e Pinto, 1997). De

maneira geral, esses estudos esclarecem que as crianças sempre existiram desde os

primeiros registros históricos. Mas o sentimento de infância, de preocupação e

investimento da sociedade e dos adultos sobre as crianças, as formas de regulação da

infância são ideias que surgem com a modernidade.

Desde a antiguidade as crianças, as mulheres e os escravos eram considerados

seres inferiores e em relação de dependência com os seus senhores.

Em pleno século XXI, tentamos resgatar em inúmeros estudos, as culturas infantis,

as concepções de infância, as vozes das crianças, relações de gênero e pluralidades

culturais. São questões que nos preocupam e nos desafiam, mas que permanecem sem

respostas definitivas.

É na caminhada que vamos construindo, nas pegadas que vamos deixando, nos

rastros que assinalam para novos horizontes que encontramos respostas, alternativas e

possibilidades.

Áries (1981) escreve acerca da Idade Média: ser criança era algo muito próximo e

vinculado ao mundo adulto. As noções de tempo e espaço e as existências humanas

se organizavam de forma distintas da modernidade.

Nos séculos XIX e XX, na cidade do Rio de Janeiro (Abreu e Martinez, 1997), as

ruas estavam povoadas de crianças abandonadas, órfãos, escravos, imigrantes, pobres,

uma massa de excluídos perambulando pelas ruas. Assim, o sentimento de infância

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também surge no Brasil com a necessidade de instrução e ampliação da escola de

massas.

A infância é construção histórica. O caráter universal vai perdendo sua extensão

com as diferenças de classe, de gênero e de raça.

Todas são concebidas como crianças no que diz respeito ao fator biológico, mas

nem todas vivem a infância no diz respeito às condições sociais, culturais e econômicas.

É preciso compreender que crianças são essas, o que elas têm em comum, o que

partilham entre si e o que as distingue umas das outras. É preciso romper com ideias

homogeneizadas e com estereótipos.

Elas se distinguem umas das outras nos tempos, nos espaços, nas diversas formas

de socialização, no tempo de escolarização, nos trabalhos, nos tipos de brincadeiras, nos

gestos, nas vestimentas, nos modos de ser e estar no mundo.

Segundo Charlot (1983), nos tornamos adultos e esquecemos que nesse processo

enclausuramos nosso imaginário. O sentimento de realidade que nada tem em comum

enclausuramos nosso imaginário. O sentimento de realidade que nada tem em comum

com o sentimento de fantasia do real vivido pelas crianças, possivelmente constrange

nossa capacidade de perceber as crianças como elas “são e estão” em interação com

seus pares e adultos no mundo.

Nem mesmo as lições diárias que a vida nos ensina e que fragilizam uma a uma

das nossas certezas, nos fazem compreender que a realidade é dinâmica e ainda

sabemos pouco sobre as crianças e suas culturas. Somos incapazes de percebê-las

como são de fato.

Pensar infância em tempos de violência requer necessariamente, que nos

debrucemos sobre a educação e ética disciplinar, repensando o papel da família e da

escola no processo de formação.

Somos desafiados a pensar nas contradições existentes, nos conceitos que temos

sobre infância, na complexidade das relações e concepções que permeiam nossas

práticas nos espaços educativos.

“A criança não é um ser estranho que está inserido na sociedade. São sujeitos que transformam o peso da sociedade que os adultos lhes legam, mas fazendo-o com uma leveza de renovação e o sentido de que tudo é possível.”(Tomás e Soares, 2005, p.139).

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Enquanto a primeira década do novo milênio é marcada pelo requinte da

tecnologia, pela surpreendente velocidade das informações, avanços, na medicina, novas

descobertas científicas, ainda presenciamos práticas que afrontam os direitos de crianças

e adolescentes, direitos estes, garantidos pela Constituição Federal (1988), que

reconhece-os como sujeitos de direitos, em razão da condição peculiar de pessoas em

desenvolvimento.

O Estatuto da Criança e do Adolescente(1990), dispõe sobre a proteção integral

das crianças e adolescentes brasileiros, porém, a realidade dos fatos nos mostra a

distância existente entre a questão legal e a situação real. Sabemos que muitas crianças

e adolescentes são submetidos a atividades não condizentes à sua faixa etária(trabalho

infantil). São expostos a perigos e prejuízos: físico, mental, moral, em muitos casos,

irreversíveis.

Um novo olhar e uma nova postura em relação à infância, consiste em um

compromisso social, ético e responsável, de valorização e respeito à infância como o

tempo de brincar e estudar.

Considerando que o olhar sobre a infância não foi sempre o mesmo, isto nos leva a

acreditar que os significados também não foram os mesmos. Modificações ocorreram e

ocorreram por determinações culturais e mudanças estruturais na sociedade. Para

compreendermos melhor este fenômeno chamado “infância”, Sônia Kramer afirma:

“Eu gostaria de uma escola onde as crianças não tivessem que saltar as alegrias da infância, apressando-se, em fatos e pensamentos, rumo à idade adulta, mas onde pudessem apreciar, em sua especificidade, os diferentes momentos de suas idades.” Snyders(1993, p. 29).

(…) a ideia de infância não existiu sempre e da mesma

maneira. Ao contrário com a sociedade capitalista,

urbano-industrial, na medida em que mudam a inserção

e o papel social da criança na comunidade. Se, na

sociedade feudal a criança exercia um papel produtivo

direto(de Adulto), na sociedade burguesa ela passa a ser

cuidada, escolarizada e preparada para a atuação futura.

Este conceito de infância é pois, determinada

historicamente pela modificação nas formas de

organização da sociedade(KRAMER, 1982,P.18)

20

SARMENTO e PINTO(1997), defendem a ideia de que é necessário levar em

conta, além das diferenças individuais, a classe social, a etnia, o gênero e a cultura,

aspectos importantes na caracterização de posição social que cada criança ocupa.

Portanto, não se pode pensar numa única infância. Numa mesma sociedade existe

e são construídas diferentes infâncias. A criança não é um ser isolado, ala se constitui

nas relações e nos mais diferentes tempos e espaços.

O conceito de infância nesse novo tempo perpassa pela via da contextualização,

da heterogeneidade e da consideração das diferentes formas de inserção da criança na

realidade, nas atividades cotidianas e nas brincadeiras.

Ainda que se pense na infância como um tempo comum vivenciado por todas as

crianças, não podemos afirmar que todas passam pelas mesmas experiências. E, menos

ainda, que essas experiências sejam sempre felizes e que o brincar, o cuidado, o afeto, o

respeito, façam parte do cotidiano de todas as crianças.

Sônia Kramer, ressalta que “a prática pedagógica e o Projeto Político Pedagógico

envolvem, necessariamente, conhecimentos e afetos, saberes e valores, cuidados e

atenção, seriedade e riso”.

(KRAMER e BASÍLIO, 2003, P. 64).

Para Ruth Rocha, a infância é o tempo em que começamos a perceber o tamanho

do mundo e descobrir quem somos.

Mário Quintana, (1976), traduz em seus versos o que significa muitas vezes a sala

de aula:

De cada lado da sala de aula

Pelas janelas altas

O azul convida os meninos

As nuvens desenrolam-se

Lentas como quem vai inventar uma história sem fim

Sem fim é a aula …

Bocejos e moscas.

Se ao menos pensa Margarida

Se ao menos um avião entrasse por uma janela

E saísse por outra!

21

Esse novo olhar sobre a infância pressupõem práticas interdisciplinares na

educação das crianças, concebendo-as como seres de múltiplas linguagens e que

considere suas diferentes manifestações e os diversos contextos nos quais elas estão

inseridas.

O desenvolvimento integrado de atividades lúdicas permite a integração do

conhecimento com ações práticas, Chaguri (2004), pois, segundo Vygostky, a motivação

é um dos fatores principais não só para o sucesso da aprendizagem, como também na

aquisição do conhecimento, salientando que a idade dos alunos é menor.

Segundo o psicólogo suíço Jean Piaget pode-se notar que a concepção dos jogos

não é apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das

pessoas, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. O

envolvimento dos educandos nas atividades acontecem com maior facilidade se as

mesmas tiverem um caráter de lúdico, o que vai acarretar em uma aprendizagem mais

significativa.

Respeitar as fases de desenvolvimento das crianças é proporcionar uma educação

respaldada pelo respeito e pela aquisição de conhecimento. A seriedade de um trabalho

não é expressa somente por números e sim pela expressão, motivação e interação dos

mesmos com o conhecimento reflexo de uma educação feita com autoridade incentivando

o agir e o interagir do grupo. É com um olhar diferenciado para esses alunos mais novos

que as metodologias vão sofrendo alterações para inteirar -se com o novo ambiente

escolar.

Nessa lógica, o conhecimento tem sido concebido como algo pronto e acabado,

verdade que deve ser inculcada no aluno e depois de memorizada, ser reproduzida,

avaliada e utilizada. O ensino é concebido como um processo mecânico, repetitivo e

fragmentado, desprovido de significado e a atividade de ensinar é vista como mera

transmissão de conhecimentos neutros, contribuindo para a manutenção da ordem social

vigente.

A concepção de conhecimento está vinculada à visão de homem e de mundo

que o aluno vai adquirir no seu processo de escolarização. O conhecimento escolar

deverá se apoiar na realidade concreta da escola e na experiência de vida dos educandos

e educadores. Não é um produto pronto e acabado e deve ser discutido com base nos

pressupostos que destacam o caráter dialético, provisório e de compromisso.

A compreensão do significado do conhecimento como uma reflexão crítica é

22

importante no processo de construção do Projeto Político Pedagógico para a

compreensão da dimensão do processo ensino-aprendizagem e suas relações com a

avaliação.

Os pressupostos epistemológicos levam em conta que o conhecimento é

construído e transformado coletivamente. Nesse sentido, o processo de produção do

conhecimento deve pautar-se, sobretudo, na socialização e na democratização do saber.

O conhecimento escolar é dinâmico e não mera simplificação do conhecimento

científico e sua análise, amplia a compreensão sobre as questões curriculares, dimensão

técnica e política do conhecimento, garantindo a unicidade entre teoria/prática. As

mudanças no processo de produção do conhecimento dependem da intencionalidade.

Partindo desse pressuposto, o conhecimento deixa de ser visto numa perspectiva

estática e passa a ser enfocado como processo.

Leite (1994, p.13) aponta duas dimensões básicas do conhecimento:

conhecimento-produto e conhecimento-processo.

Segundo Veiga, o conhecimento pressupõe as concepções de homem, de mundo e

das condições sociais que o geram configurando as dinâmicas histórias que representam

as necessidades do homem a cada momento, implicando necessariamente nova forma de

ver a realidade, novo modo de atuação para obtenção do conhecimento, mudando

portanto, a forma de interferir na realidade. Essa interferência traz consequências para a

escola, cabendo a ela garantir a socialização do conhecimento, que foi expropriado do

trabalho nas suas relações.

O conhecimento não ocorre individualmente. Ele acontece no social gerando

mudanças interna e externa no cidadão e nas relações sociais, tendo sempre uma

intencionalidade.

Na qualidade de produto, o conhecimento parece ser

estático, acabado, (...) pois se resume a um conjunto

de informações neutras, objetivas e impessoais sobre

o real, elaborado e sistematizado no trabalho de

investigação da realidade. Na qualidade de processo, o

conhecimento é dinâmico, está envolto por um

contexto de controvérsias e divergências, traz subja-

cente uma série de compromissos, interesses e alternativas que contestam sua condição de objetividade e neutralidade.

23

A escola se constrói na sua relação com a sociedade, sendo um reflexo das

necessidades socioculturais de cada época. O processo dialético de construção e

reconstrução da cultura escolar, exige dos sujeitos nela envolvidos, a reflexão crítica das

práticas sedimentadas e a construção de novas, necessárias aos novos tempos.

Segundo Dermeval Saviani (1991), compreender a realidade implica ultrapassar as

aparências, captar o que está oculto, compreender a estrutura do real que está por trás

das aparências, para chegarmos a uma posição crítica e percebermos quais são os

fatores determinantes das formas de estrutura e funcionamento da sociedade e seus

reflexos na aprendizagem escolar.

A evasão e a repetência, além de ser um problema determinado socialmente é

também educacional e pedagógico, à medida em que as dificuldades de aprendizagem

não são tratadas adequadamente.

Educação Integral entende-se como as matrículas em turno escolar de duração

igual ou superior há sete horas diárias. Possibilitando a ressignificação do espaço escolar,

oferecendo atividades contínuas e significativas, relacionando-as com o conteúdo

sistematizado, dando maior sentido a aprendizagem.

A organização e o desenvolvimento das atividades voltadas a cidadania, cultura,

ciência, lazer e humanidade aos alunos conforme a realidade e a necessidade da

comunidade escolar.

O Projeto Político Pedagógico, ao dar uma nova identidade à escola, deve

contemplar a questão da qualidade de ensino, entendida nas dimensões indissociáveis: a

formal ou técnica e a política. A primeira enfatiza instrumentos, métodos, técnicas, a

habilidade de manejar os meios, formas e procedimentos, diante dos desafios do

desenvolvimento.

A política, está voltada para os fins, valores e conteúdos. A competência humana

do sujeito de se fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da humanidade.

Falar sobre Educação Integral implica, então, considerar a questão das variáveis tempo, com referência à ampliação da jornada escolar, e espaço, com referência aos territórios em que cada escola está situada. Tratam-se de tempos e espaços escolares reconhecidos, graças à vivência de novas oportunidades de aprendizagem, para a reapropriação pedagógica de espaços de sociabilidade e de diálogo com a comunidade local, regional e global.

24

A legitimidade de um Projeto Político Pedagógico está devidamente ligada ao grau

e ao tipo de participação de todos os envolvidos com o processo educativo da escola e

requer retomada, avaliação e continuidade de ações.

Bussnann (1995, p.43) afirma:

Construir um Projeto Político Pedagógico significa enfrentar o desafio da mudança

e da transformação, o que implica o repensar da estrutura de poder da escola.

Concebendo a escola como instituição histórica e socialmente determinada,

inserida num contexto social, o desafio colocado é a busca de sua identidade com suas

características peculiares, sua clientela, seus agentes, sem perder de vista que a

primordial é a formação de cidadãos capazes de atuar e participar na construção de uma

nova ordem social.

Essa formação implica num ensino de qualidade para todos, cabendo à escola o

papel decisivo de construir e organizar suas ações pedagógicas assentadas nos

princípios socializantes e democráticos.

A ação fundamental e norteadora da organização do trabalho escolar é a

construção assentada na concepção de sociedade, educação e escola que vise a

emancipação humana. Um projeto concreto, discutido, decidido e sustentado pelos

diversos segmentos da escola, com o propósito de superar a divisão do trabalho e a

fragmentação.

A escola que sonhamos, queremos e estamos construindo através da

reconstrução do Projeto Político Pedagógico, do repensar das nossas ações e da

reorganização do trabalho escolar, não pode pactuar com a exclusão. Assim sendo, a

evasão e a repetência é inaceitável, pois é função e compromisso da escola garantir o

acesso ao conhecimento a todos os alunos.

(...) na organização escolar, que ser quer

democrática, em que a participação é elemento

inerente à consecução dos fins, em que se buscam e

se desejam práticas coletivas e individuais baseadas

em decisões tomadas e assumidas pelo coletivo

escolar, exige-se da equipe diretiva, que é parte

desse coletivo, liderança e vontade firme para

coordenar, dirigir e comandar o processo decisório

como tal e seus desdobramentos de execução.

25

O ensino é uma atividade profissional complexa que exige preparo, compromisso e

responsabilidade do educador, não podendo ser considerado apenas como instrumento

de transmissão do conhecimento produzido historicamente. A tarefa do ensino é

proporcionar oportunidades para que a aprendizagem ocorra por compreensão. É um

processo de caráter sistemático, intencional e flexível.

O ensino não existe por si mesmo, mas na relação com a aprendizagem,

concebida como um processo de assimilação/compreensão e produção de

conhecimentos, habilidades intelectuais e psicomotoras, atitudes e valores, organizados

no processo de ensino. É uma atividade intencional, planejada e dirigida e não algo

casual e espontâneo.

Nessa perspectiva, avaliar é efetivar oportunidades de ação-reflexão-ação. Assim

sendo, a avaliação deixa de ser classificatória para se transformar em diagnóstica.

Para que a avaliação assuma o seu verdadeiro papel diagnóstico para o

crescimento e avanço dos educandos no processo educativo, deve ser pensada e

definida através de encaminhamentos democráticos, como um meio investigativo da

aprendizagem para redimensionar o processo tendo em vista a qualidade de ensino. A

avaliação, em seu sentido amplo, só será possível na medida em que estiver a serviço da

aprendizagem e do sucesso dos alunos. É um constante repensar das práticas

educacionais.

A prática da avaliação formativa e diagnóstica não é tarefa fácil. Essa prática exige

constante reflexão sobre o processo. Precisa ser pensada no coletivo da escola definindo

suas finalidades, procedimentos a serem adotados em cada situação, como organizar os

registros e o que fazer com os resultados obtidos. A compreensão das finalidades da

avaliação é um componente importante no processo de planejamento do trabalho escolar.

A avaliação do ponto de vista crítico, não pode ser

instrumento de exclusão dos alunos provenientes

das classes trabalhadoras. Portanto, deve ser um

democrática, deve favorecer o desenvolvimento da

capacidade do aluno de apropriar-se de

conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos

produzidos historicamente e deve ser resultante de

processo de avaliação diagnóstica. (Veiga 1995,

p.32).

26

Algumas questões que orientam e norteiam uma proposta de avaliação formativa e

diagnóstica: Para que avaliar? O que avaliar? Como? Quando? Quem deve ser avaliado?

Quem são nossos alunos? Qual sua procedência? Quais suas experiências e

expectativas?

Uma avaliação voltada para a aprovação ou reprovação, terá como alvo apenas o

aluno. A avaliação do trabalho e de todos os que dele participam, abrange o entendimento

e a compreensão de uma avaliação comprometida com o sucesso de todos. O ato de

avaliar tem seu valor educativo/formativo quando fornece elementos e indicadores sobre

os avanços e/ou dificuldades dos alunos e também sobre o desempenho dos demais

envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

O Currículo, é uma estrutura organizada em torno das áreas do conhecimento

escolar que perpassa o contexto escolar, tem a ver com planejamento, intenções,

metodologias, determinantes sociais e institucionais.

Para a Pedagogia Histórico Crítica, currículo é a exigência da apropriação do

conhecimento sistematizado, ou seja, o acesso aos saberes construídos e elaborados

historicamente. Não podemos pensar um currículo distante da sala de aula, que não reflita

os sujeitos da comunidade escolar. Traçar diretrizes, é pensar que tipo de sujeito

(homem) a escola quer formar e para que tipo de sociedade.

O processo de estudos e discussões sobre a reformulação curricular, 2003-

2006/SEED/NRE, têm nos desafiado a repensarmos a concepção de currículo, passando

a compreendê-lo como uma produção social, construído por pessoas que vivem em

determinados contextos históricos, sociais e culturais, cuja produção deve dar-se

coletivamente, num fazer e pensar articulados.

Nesse processo, reconhecer o professor como sujeito que pensa, cria, produz e

trabalha com o conhecimento, é reconhecer a sua ação reflexiva e a sua prática. Não

podemos perder o foco principal da nossa função – o saber sistematizado(clássico,

essencial). Nos perdemos quando não trabalhamos com o saber sistematizado e quando

nossas ações na escola não são permeadas por relações afetivas, empatia e interação

para trabalhar o conhecimento.

O saber sistematizado, é a razão de ser da escola. É este saber que garante o

essencial, ou seja, o saber clássico, que tem caráter permanente e resiste aos embates

do tempo. O currículo é a organização do conjunto das atividades nucleares da escola. É

fundamental termos clareza do que é essencial e o que é acessório no processo de

construção do conhecimento.

27

Para a professora Maria Elizabeth B. de Almeida, o currículo formal, é constituído

de programas, matrizes curriculares, calendário, regras e resoluções normativas e legais.

O currículo real, diz respeito à própria vivência de cada sujeito, relações, histórias

de vida.

O currículo oculto, caracteriza tudo o que diz respeito à instituição, a forma como

os trabalhos são organizados, os tempos, espaços e saberes.

Nesse sentido, é importante considerarmos os seguintes questionamentos: que currículo

se faz necessário em uma sociedade globalizada ? Que aspectos devem ser

considerados ao se pensar o currículo na sociedade contemporânea ? Que olhares são

necessários para perceber as reais necessidades e aspirações da comunidade escolar ?

Que conteúdos curriculares conseguem contemplar as demandas desse novo tempo ?

É visível a necessidade de uma concepção curricular e de um currículo sustentado

por uma base sólida de conhecimentos e perspectivas mais amplas em que o resultado

esperado seja a formação integral do ser humano, ou seja, suas dimensões afetivas,

sociais e cognitivas, na preparação e instrumentalização para o exercício da cidadania

A “Matriz Curricular” é a representação do currículo, é o tempo previsto e

determinado para cada área do conhecimento. Pensar o currículo, é pensar em algo vivo,

dinâmico, em movimento. Partindo desses pressupostos, a reestruturação curricular

passa a ser entendida como necessária para dar conta de uma proposta pensada no

coletivo a fim de construir uma escola pública inclusiva e participativa.

Nessa perspectiva transformadora, a restruturação curricular busca a superação da

dicotomia teoria/prática, um novo olhar sobre as práticas pedagógicas e sobre as

demandas e necessidades educacionais do século XXI, além de uma reflexão crítica da

sociedade, suas instituições, pressupostos e procedimentos que a regem, a fim de

ressignificar o currículo escolar.

Enfim, currículo é o conjunto de saberes e de experiências de

ensino/aprendizagem, construídos num processo de reflexão e recriação sobre os

significados e valores do mundo social e natural em que vivemos, condições estas

necessárias para uma prática que contemple as aspirações, necessidades, desejos e

utopias da comunidade escolar.

28

6 - MARCO OPERACIONAL

6.1 CAMINHOS A SEREM PERCORRIDOS

As reais necessidades, anseios, desejos, sonhos e utopias da comunidade escolar,

apontados no Marco Situacional pelos pais, alunos e professores, questionam, desafiam

e exigem de todos os profissionais da educação uma prática voltada para o respeito às

diferenças, para o saber conviver com a diversidade de culturas e para a construção

coletiva de uma gestão democrática.

6.2 EDUCAÇÃO DO CAMPO

A organização didática impõe desafios a todos os profissionais que integram a

instituição escolar, pensar, refletir e efetivar uma práxis pedagógica voltada para atender

crianças do campo respeitando o nível de desenvolvimento, os saberes populares, a

cultura e a individualidade, tendo o conhecimento empírico como ponto de partida para o

conhecimento sistematizado.

O Projeto “Educação do Campo”, vem sendo pensado e discutido desde a

Assembleia Geral no início do ano letivo/2005, reforçado na Semana de Capacitação de

Estudos e assumido como compromisso no trabalho com os professores sobre o Projeto

Político Pedagógico (inserção de conteúdos no Currículo Escolar que contemplem as

especificidades do campo. Já contamos com apoio e parceria de técnico da CRESOL em

trabalhos realizados na instituição, (Feira Com Ciência) (Palestras e material sobre

Educação do Campo). Nesse sentido, repensamos o

Projeto Educação do Campo, e por tratar-se de um projeto amplo, incluímos nele, além

dos conteúdos específicos, ações que envolvem a comunidade escolar, complementando

esta proposta educativa, pensada e voltada para os alunos que vivem e trabalham no

campo. Temos como proposta cursos voltados para a agricultura e melhoria

da qualidade de vida, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural –

SENAR, oferecendo cursos com carga horária de 144 horas e certificação com seguintes

conteúdos trabalhados:

• Comunicação;

• Cidadania;

29

• Informática Básica;

• Higiene e qualidade de vida;

• Agrossilvopastoril;

• Princípios de qualidade agrossilvopastoril;

• Gestão Rural;

• Conservação de solos, água e meio ambiente;

• Agricultura;

• Sanidade Vegetal;

• Silvicultura;

• Pecuária;

A Prefeitura Municipal de Marmeleiro também oferece o Curso Jovem Aprendiz

para alunos do Ensino Médio.

A comunidade escolar aguarda a implementação das Escolas do Campo, devendo

a comunidade escolar discutir e mudar a nomenclatura, bem como iniciar discussão a

inserção de conteúdos para 2012, contemplando as especificidades do campo, tendo

presente que é um processo gradativo.

6.3 GRÊMIO ESTUDANTIL

Garantindo maior espaço de organização e participação coletiva dos estudantes,

contemplando seus anseios, desejos e aspirações, bem como, aprimorar as iniciativas,

espírito de liderança e de autonomia dos alunos, contribuindo com o trabalho da escola e

para a formação e fortalecimento dos grupos de jovens nas comunidades.

6.4 VIAGENS DE ESTUDOS

O presente projeto vem acontecendo desde 2004 e prioriza os formandos do

Ensino Médio. As viagens são planejadas no início de cada ano letivo com a participação

da turma e da família, priorizando locais com atividades agrícolas, enriquecendo as

experiências de vida dos educandos que vivem no campo.

30

6.5 OFICINAS PEDAGÓGICAS

Nas oficinas pedagógicas serão trabalhados temas de estudo tais como:

- Sexualidade;

- Valores;

- Adolescência;

- Bullyng;

- Drogas e DSTs;

- Cultura da Paz.

Outros temas considerados necessários no decorrer do ano letivo e /ou sugeridos

nos momentos e espaços de discussão do coletivo da escola.

6.6 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Conforme Resolução n.º3399/2010-GS/SEED e Instrução nº010/2010-SUED/SEED

e Memorando nº118/2010, que trata da Educação das Relações Étnico-Raciais, Ensino

de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena, fica assim constituída a Equipe

Multidisciplinar da escola:

Professor Pedagogo: Rosângela Aparecida Prestes Silva

Agente Educacional II: Iracema Mª. Strey Peter

Representante das Instâncias Colegiadas: Amarilde G. Casagrande

Representante da Área de Humanas: Lidiane Dotti Mooz

Representante da Área de Exatas: Marciza Rosane Battistella

Representante da Área de Biológicas: Sirlene Scolari Pontes

Equipe esta, responsável pela articulação das ações pedagógicas, ou seja, pelo

trabalho voltado à diversidade e às novas demandas da sociedade Contemporânea.

Desafios Educacionais Contemporâneos:

• Enfrentamento à violência na escola;

• História e Cultura Afro-Brasileira e Africana;

• Relação Étnico-Raciais;

• Educação Fiscal;

• Educação Ambiental;

31

• Prevenção ao uso indevido de drogas;

São temas, cuja compreensão requer o redimensionamento do olhar pedagógico,

Formação Continuada, leituras, discussões coletivas, encaminhamentos e propostas de

trabalho que contemplem essa diversidade, contribuindo para a organização e

enriquecimento curricular, através de:

• Seleção e organização de material didático-pedagógico;

• Conteúdos específicos;

• Leituras/pesquisas;

• Oficinas Pedagógicas;

• Teatro;

• Jograis, músicas, danças;

• Gráficos;

• Exposição e socialização de trabalhos e experiências de sala de aula.

6.7 REUNIÕES PEDAGÓGICAS DESCENTRALIZADAS

Com o objetivo de conhecer a realidade dos nossos alunos e sentir as dificuldades

enfrentadas diariamente pelos mesmos, como distância da escola, horários e difícil

acesso, iniciamos em 2005, uma experiência de visita às comunidades para fazer a

entrega dos Boletins no final do ano letivo.

Essa experiência foi considerada muito importante pela comunidade escolar,

ficando como proposta para os anos seguintes por considerar também, que é uma

oportunidade para a escola estar mais próxima das famílias, promovendo uma maior

integração entre família/escola.

Considerando ainda, que nossa escola passará a ser Escola do Campo, temos

como proposta para o ano letivo 2012, descentralizar as reuniões pedagógicas,

abordando temas que contemplem as especificidades do campo.

6.8 FORMAÇÃO CONTINUADA

Cursos de Capacitação oferecidos pela SEED, Jornadas Pedagógicas NRE/SEED,

Estudos aos Sábados/SEED. Na escola, a Formação Continuada será feita utilizando

parte da hora atividade, dos Conselhos de Classe e pelo redimensionamento e

32

socialização dos estudos das Jornadas Pedagógicas dos diretores, professores e

pedagogos, além de outros temas que contemplem as necessidades pedagógicas da

escola, tais como:

• Indisciplina;

• Avaliação;

• Currículo;

• Planejamento;

• Violência Escolar.

Estudo do Projeto Político Pedagógico, Proposta Pedagógica Curricular, Regimento

Escolar e Desafios Educacionais Contemporâneos.

Oferecer momentos de estudos para os funcionários e Instâncias Colegiadas,

enfatizando o papel e o compromisso de cada segmento organizado e constituído que

integram a comunidade escolar.

6.9 CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO

O Conselho de Classe, como instância colegiada e de avaliação permanente das

práticas pedagógicas, precisa ser repensado e visto pelo coletivo da escola como

instrumento de possibilidades inovadoras, espaço de estudos e troca de ideias. Datas

previstas para os Conselhos de Classe: maio, setembro e dezembro. Conselho de Classe

participativo, um a cada semestre. Os casos de reprovação, serão decididos no Conselho

de Classe Final, após esgotadas todas as possibilidades de recuperação do aluno.

6.10 SISTEMA DE AVALIAÇÃO

Para que a avaliação cumpra sua função, deve ser pensada e encaminhada pelo

coletivo da escola como um processo intencional, definindo instrumentos e critérios a

serem utilizados no ato de avaliar.

Sistema de Avaliação trimestral, com Recuperação Paralela de estudos.

Recuperação Paralela, como uma nova oportunidade de aprendizagem, com nota

substitutiva e com o mesmo peso das avaliações, prevalecendo a maior nota. A mesma

33

deve acontecer com retomada dos conteúdos que o aluno não se apropriou e oferecida

para todos os alunos.

• Na elaboração das provas, trabalhos e outros instrumentos de avaliação devem estar

claros para os alunos os critérios e o peso dos mesmos;

• No ato de avaliar deve ser considerado o processo de ensino-aprendizagem, as

metodologias, os fatores intra e extra escolares e não apenas os resultados obtidos;

• O registro de notas trimestrais será somatório, devendo estar claro no Livro Registro

de Classe o valor atribuído para cada instrumento de avaliação;

• Os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem deverão ter um maior

acompanhamento pedagógico por parte dos Professores Pedagogos e professores

das disciplinas, com propostas e encaminhamentos diferenciados, além da

participação na Sala de Apoio à Aprendizagem.

• INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO:

• Provas;

• Pesquisas;

• Trabalhos individuais;

• Trabalhos em grupos;

• Seminários;

• Apresentação de trabalhos;

• Debates;

• Relatórios individuais e em grupo.

• CRITÉRIOS:

• Interação;

• Organização de registros;

• Conceitos;

• Apresentação e comunicação oral;

• Clareza de ideias;

• Vocabulário;

• Emprego da língua culta na escrita;

• Sequência lógica nas produções textuais;

• Capacidade de autoavaliação;

• Procedimentos adotados;

• Resolução de problemas;

34

• Elaboração de hipóteses;

• Fluência na leitura;

• Raciocínio lógico;

• Argumentação;

• Conhecimento.

O Art. 24, da Lei N.º 9394/96 – LDB, dispõe sobre a obrigatoriedade de estudos de

recuperação na Educação Básica nos níveis Fundamental e Médio, cabendo à escola

garantir uma Recuperação Paralela de qualidade, sendo que esta qualidade se efetiva na

intencionalidade do professor no ato de avaliar.

Conforme Regimento Escolar, Art. 118, a avaliação final deverá considerar para

efeito de promoção todos os resultados obtidos durante o ano letivo, incluída a

Recuperação Paralela de estudos, tomando-se por base a seguinte fórmula:

MA 1ºt + 2ºt + 3ºt = 6,0 ou mais.

3

6.11 PROJETO LEITURA NA ESCOLA

É retomado e incentivado a cada ano letivo, visando o estímulo e o hábito da leitura

como fonte de prazer, descobertas e conhecimento. A escola promove a cada semana,

em dias alternados, a hora da leitura, envolvendo alunos, professores, agentes

educacionais, direção e equipe pedagógica.

6.12 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Consolidação de uma escola inclusiva é direito e dever de todos os que

acreditam que a escola é lugar privilegiado e, muitas vezes, o único , onde os sujeitos,

independente de suas limitações podem conviver e fazer a experiência necessária para o

exercício da cidadania.

O trabalho de inclusão deve perpassar todas as disciplinas curriculares,

permeando as ações e relações de respeito às diferenças étnico-raciais, de gêneros e

culturais, além da oferta no Ensino Regular e atendimento de alunos com necessidades

educacionais especiais, direito assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional – N.º 9394/96.

35

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que ideias, afirmações, conceitos, e até mesmo valores, hoje assumidos

e defendidos, amanhã podem ser considerados obsoletos, ultrapassados.

Tal situação, muitas vezes, gera um sentimento de impotência que pode ser

atenuado pela eliminação de práticas individuais de reflexão, análise, avaliação e decisão.

Assim sendo, o Projeto Político Pedagógico, não está pronto, acabado, concluído.

Precisa ser visto por todas as instâncias colegiadas, como algo em movimento, em

permanente processo de construção e reconstrução, isto é, dinâmico e não estático.

Um documento flexível e aberto a novos questionamentos, retomadas, ideias,

sugestões, propostas de ação que contemplem as demandas e necessidades dos tempos

e espaços escolares.

Acreditamos que a reconstrução do Projeto Político Pedagógico, feita num

processo democrático, com a participação de todos os segmentos da comunidade

escolar, resulte em melhorias significativas, ampliando as possibilidades de organização,

sucesso e avanço no processo educativo.

A qualidade da educação é um processo de construção coletiva que deve levar

em conta as necessidades, objetivos, especificidades da comunidade e valores sociais

mais amplos. As políticas educacionais adotadas devem estar pautadas nos princípios

éticos, na democracia, autonomia e responsabilidade.

A partir do compromisso coletivo, buscamos respostas, novos rumos e alternativas,

traçamos metas, alimentamos sonhos e utopias, que impulsionam a nossa luta na

construção da identidade de uma escola pública de qualidade para todos e de uma

sociedade com base na ética e na justiça, na qual as diferenças sejam respeitadas.

O caminho percorrido nessa construção, é um importante passo no processo de

mudança da educação que almejamos e que, se faz necessária nesses novos tempos,

demandas e desafios do novo século.

É a intencionalidade e o compromisso com a efetivação das propostas e metas

contempladas neste documento norteador das ações educativas/pedagógicas do Colégio

Estadual Bom Jesus – Ensino Fundamental e Médio, que fará a diferença nas práticas a

serem desenvolvidas.

Na verdade, a sistematização deste documento, é o início de uma longa caminhada

de construção e reconstrução, que deverá ser continuamente repensada e avaliada pelo

coletivo da escola . No início do ano letivo - planejamento e cronograma de ações, no final

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do primeiro semestre para analisar e avaliar os resultados obtidos, avanços, entraves,

causas que impediram os avanços com as devidas retomadas, estratégias e alternativas,

para o segundo semestre do ano em curso. No final do ano letivo para a verificação das

metas alcançadas e encaminhamento de propostas para o ano seguinte.

“Andar um passo a cada dia, na direção traçada, é tão

importante quanto debater o rumo e questionar se

caminhamos nele”.

(Danilo Gandin )

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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