CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS ...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Qualidade físico-química e microbiológica da cama de frango de corte
reutilizada e acidificada
Ana Claudia Ferreira de Andrade
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,
Câmpus Universitário de Sinop, como parte das exigências
para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.
Área de concentração: Zootecnia.
Sinop, Mato Grosso
Março de 2017
ii
Ana Claudia Ferreira de Andrade
Acidificação e reutilização da cama de frango e sua qualidade
física, química e microbiológica
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,
Câmpus Universitário de Sinop, como parte das exigências
para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.
Área de concentração: Zootecnia.
Orientador: Profa. Dra. Claudia Marie Komiyama
Coorientadora: Profa. Dra. Ana Paula Silva Ton
Coorientador: Prof. Dr. Anderson Corassa
Sinop, Mato Grosso
Março de 2017
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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PRO- REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Avenida Alexandre Ferronato, 1200 - Reserva 35 - Distrito Industrial - Cep: -Sinop-MT
Tel: - Email: [email protected]
FOLHA DE APROVAÇÃO
TÍTULO: “Qualidade físico-química e microbiológica da cama de frango de corte
reutilizada e acidificada”
AUTOR: Mestranda Ana Claudia Ferreira de Andrade
Dissertação defendida e aprovada em 10/03/2017
Composição da Banca Examinadora:
_____________________________________________________________________
Presidente Banca / Orientadora Doutora Claudia Marie Komyama
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
Examinador Interno Doutora Ana Paula Silva Ton
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Examinador Interno Doutor Maicon Sbardella
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Examinador Externo Doutora Sabrina Endo Takahashi
Instituição: UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Examinador Externo Doutor Rodrigo Gorófallo Garcia
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
SINOP, 10/03/2017
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente ao meu guia e protetor de todas as horas, meu senhor Jesus Cristo, e
depois àqueles que exercem a mesma função do meu papai do céu, no entanto estes residem
aqui na terra, que são meus pais majestosos, os responsáveis pela minha existência e essência,
a quem tenho tanto a agradecer que não sei se vou conseguir nesta vida, já que esta é curta para
recompensar tudo que eles me proporcionam, eles não me ajudaram nas disciplinas, muito
menos nas coletas de campo e análises laboratoriais, no entanto eles me deram o apoio para eu
avançar nessa etapa e também todas condições necessárias para concluí-la.
A Universidade Federal de Mato Grosso pela oportunidade e ensino desenvolvido.
A todos os professores por terem compartilhado de seus conhecimentos e experiências,
em especial minha orientadora Claudia Marie Komiyama por toda orientação nessa etapa da
minha vida, aos professores Anderson Corassa e Ana Paula Silva Ton pelas aulas e conteúdos
deliciosos lecionados em sala de aula e ao professor Ednaldo Antônio de Andrade responsável
pela estatística do meu trabalho e por estar sempre à disposição para ajudar.
Aos técnicos de vários laboratórios que me cederam uma vidraria, um equipamento ou
me doaram em algum momento uma quantidade mínima de um determinado reagente, mas que
era suficiente para realização de mais um dia de trabalho, em especial aos técnicos dos
Laboratórios de Nutrição Animal e Forragicultura e Tecnologia de Alimentos que mais tiveram
presente comigo nessa trajetória, Célio, Amália e Lívia.
A toda galera da equipe de trabalho que me ajudaram muito e sem eles o trabalho não
teria como ser realizado, então obrigada Tati, Pri, Sílvia, Igor, Fátima, Carlos, Willian, Luís,
Nari, Jú, Dani, Ruth, Anajara e principalmente Diandra, que foi um anjo na minha vida, que
doou muito, mas muito mesmo do seu tempo para se dedicar a microbiologia desse trabalho de
forma paciente e competente.
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"Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis."
Bertolt Brecht
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BIOGRAFIA
Ana Claudia Ferreira de Andrade, filha de Claudio José de Andrade e Maria da Cruz
Ferreira de Andrade, nasceu em 14 de abril de 1987 na cidade de Caxias-MA.
Em 2010 iniciou o curso de graduação em Zootecnia na Universidade Federal de Mato Grosso
Câmpus Universitário de Sinop, onde recebeu o título de Bacharel em Zootecnia em 11 de
março de 2015.
Em março de 2015 ingressou no Mestrado em Zootecnia da Universidade Federal de Mato
Grosso, Câmpus Universitário de Sinop na área de concentração em Nutrição e Alimentação
Animal.
Em março de 2017, submeteu-se a banca de defesa de dissertação para obtenção do título de
Mestre em Zootecnia
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RESUMO
ANDRADE, Ana Claudia Ferreira. Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade Federal
de Mato Grosso, Câmpus Universitário de Sinop, março de 2017, 62 f. Qualidade físico-química
e microbiológica da cama de frango de corte reutilizada e acidificada. Orientador: Profa. Dra.
Claudia Marie Komiyama. Coorientadores: Profa. Dra. Ana Paula Silva Ton e Prof. Dr.
Anderson Corassa.
Com a expansão da avicultura e as melhorias da tecnologia de produção, a cadeia avícola tende
a se intensificar cada vez mais, e com isso existe um fator preocupante relacionado aos aspectos
ambientais, que se refere ao substrato para criação dessas aves e o seu destino após seu uso nos
aviários. Uma vez que seu descarte indiscriminado pode gerar contaminação do ambiente, que
implica em problemas sérios de contaminação química e microbiológica dos recursos hídricos
e edáficos, que pode colocar em risco a qualidade de vida da população. Uma alternativa que
visa reduzir essa problemática é a reutilização da cama de frango por vários lotes, no entanto é
necessário que o material reutilizado apresente segurança sanitária, para não comprometer o
desempenho dos próximos lotes criados sobre este substrato. O uso de condicionadores
químicos tem sido uma alternativa usada para prolongar a vida útil da cama nos aviários por
possibilitar melhora nas características da cama. Nesse sentido, os acidificantes têm
apresentado bons resultados principalmente por promover redução do pH, amônia volátil e de
microrganismos patogênicos. Diante do exposto, objetivou-se com o capítulo I (revisão de
literatura) abordar os principais fatores que afetam a qualidade da cama de frango e os principais
métodos para otimizar seu uso, com foco na aplicação de condicionadores químicos com
propriedades ácidas. Objetivou-se com o capítulo II conhecer os efeitos do uso do acidificante
a base de sulfato de cálcio ativado e filossilicato expandido no tratamento de cama de frango
em várias reutilizações e seus efeitos sobre as propriedades físicas, químicas e microbiológicas.
Foram avaliados quatro reutilizações da cama de frango de quatro aviários de frangos de corte
durante 42 dias de vida, com aplicação de acidificante a base de sulfato de cálcio ativado e
filossilicato expandido. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado no esquema
de parcelas subdividas no tempo com fatorial na parcela (2x4), sendo dois tratamentos
(acidificado e controle) e quatro reutilizações avaliados ao longo do tempo. Foram feitas as
avaliações ambientais e de qualidade da cama (físicas, químicas e microbiológicas) nos dias
zero, 1, 14, 28 e 42. Dos parâmetros físicos, foi analisado temperatura superficial e interna e
umidade da cama. Para os parâmetros químicos, foram avaliados o pH, amônia, e nitrogênio
total da cama. Para avaliações microbiológicas, foi realizado análise quantitativa com
isolamento e contagem de bactérias mesófilas totais e enterobactérias, e análise qualitativa para
presença ou ausência de Salmonella sp. O tratamento promoveu diferenças significativas para
a temperatura superficial da cama, pH, amônia, umidade e nitrogênio total da cama. Não houve
efeitos do acidificante para temperatura interna da cama e para analises microbiológicas. O
tratamento da cama acidificada a base de sulfato de cálcio ativado e filossilicato expandido se
mostrou eficaz em melhorar os parâmetros físico-químicos da cama de frango, contudo não foi
suficiente para promover melhora nas características microbiológicas da cama. A reutilização
da cama piora a qualidade físico-quimica e microbiológica da mesma.
Palavras chaves: amônia, reuso, pH, tratamento químico.
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ABSTRACT
ANDRADE, Ana Claudia Ferreira. MS Dissertation (Animal Science), Federal Universityof
Mato Grosso, Campus of Sinop, March 2016, 62 f. Physico-chemical and microbiological
quality of reused and acidified broiler litter. Adviser: Profa. Dra. Claudia Marie Komiyama.
Co-adivisers: Profa. Dra. Ana Paula Silva Ton and Prof. Dr. Anderson Corassa.
ABSTRACT: With the expansion of poultry farming and the improvement of production
technology, the poultry chain tends to intensify more and more, and with this there is a worrying
factor related to the environmental aspects, which refers to the substrate for the creation of these
birds and their destination after Their use in aviaries. Since its indiscriminate disposal can
generate contamination of the environment, which implies serious problems of chemical and
microbiological contamination of water and soil resources, which can endanger the quality of
life of the population. An alternative that aims to reduce this problem is the reuse of the chicken
bed for several batches, however it is necessary that the material reused presents health security,
so as not to compromise the performance of the next lots created on this substrate. The use of
chemical conditioners has been an alternative used to prolong the shelf-life of the aviaries by
improving the characteristics of the bed. In this sense, acidifiers have shown good results mainly
because they promote pH reduction, volatile ammonia and pathogenic microorganisms. In view
of the above, we aimed to discuss the main factors that affect chicken bed quality and the main
methods to optimize its use, focusing on the application of chemical conditioners with acidic
properties. The aim of Chapter II was to know the effects of the use of acidifier based on
activated calcium sulfate and expanded filosilicate in the treatment of chicken litter in several
reuses and its effects on the physical, chemical and microbiological properties. Four reuses of
the broiler bed of four broiler chickens were evaluated during 42 days of life, with application
of acidifier based on activated calcium sulfate and expanded filosilicate. The experimental
design was completely randomized in the plot of subdivided plots in time with factorial in plot
(2x4), two treatments (acidified and control) and four reutilizations evaluated over time.
Environmental and bed quality assessments (physical, chemical and microbiological) were
performed at days zero, 1, 14, 28 and 42. Physical parameters were analyzed for superficial and
internal temperature and bed humidity. For the chemical parameters, the pH, ammonia, and
total nitrogen of the bed were evaluated. For microbiological evaluations, a quantitative analysis
was carried out with isolation and counting of total mesophilic bacteria and enterobacteria, and
qualitative analysis for the presence or absence of Salmonella sp. The treatment promoted
significant differences for bed surface temperature, pH, ammonia, moisture and total bed
nitrogen. There were no effects of the acidifier on internal bed temperature and for
microbiological analyzes. The acidified bed treatment with activated calcium sulfate and
expanded filosilicate was effective in improving the physicochemical parameters of the chicken
litter, but it was not sufficient to improve the microbiological characteristics of the litter. The
reuse of the bed worsens the physical-chemical and microbiological quality of the same.
Key Words: ammonia, chemical treatment, pH, reuse.
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SUMÁRIO
Introdução Geral.......................................................................................................1
1.1 Introdução ........................................................................................................ 4
2 Panorama da avicultura .................................................................................... 5
3 Qualidade da Cama de frango .......................................................................... 6
3.1 Amônia .................................................................................................................. 8
3.2 Umidade da cama de frango ............................................................................. 10
3.3 Potencial Hidrogeniônico da cama (pH) ........................................................ 12
3.4 Temperatura do ar ...................................................................................... 13
4 Microbiologia da cama .................................................................................. 14
5 Tratamento da cama de frango ....................................................................... 17
5.1 Métodos de tratamento químicos ..................................................................... 18
1. Introdução ...................................................................................................... 33
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 34
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 40
4. Conclusão............................................................................................................56
Considerações Finais...............................................................................................62
1
INTRODUÇÃO GERAL
A cama de frango apresenta grande influência na qualidade e produtividade de frangos
de corte, sendo um constituinte da produção de importância fundamental para o manejo de
aviários em sistemas de confinamento avícola (Carvalho et al., 2011). A cama de frango tem
como principais funções absorver a umidade, diluir as excretas, minimizar o contato das aves
com os excrementos, fornecer isolamento térmico com a temperatura do piso e proteção física
do corpo das aves com o piso dos aviários (Cobb, 2012). No entanto, a eficiência em
proporcionar todas essas características irá depender principalmente do material que será usado
como substrato para a cama e do manejo aplicado durante todo processo de criação.
O material mais utilizado como cama de frango é a maravalha. No entanto, a escolha do
material irá depender da disponibilidade da matéria prima em cada região e das condições
financeiras de cada produtor (Santos et al., 2012). O custo com aquisição da matéria prima para
cama de frango é considerado oneroso, principalmente em função da disponibilidade do
material na região e também do grande volume a ser usado nos aviários. Em função desses
fatores, a reutilização da cama por vários lotes é uma maneira de reduzir custos e o impacto
ambiental que seria gerado caso esse material fosse descartado de forma inadequada no meio
ambiente (Santos et al., 2012). Além disso, a reutilização aumenta o potencial da cama de
frango como fertilizante devido ao aumento gradativo de nitrogênio, que pode ser maior se
houver a adesão de práticas de manejo nas propriedades que visam a redução da emissão de
amônia durante todas as reutilizações.
Para que a cama seja reutilizada de forma segura é importante que esse material seja
submetido a algum tipo de tratamento que vise reduzir principalmente a contaminação dos
animais de um lote para outro através da cama. Um método que pode ser utilizado com essa
finalidade é a aplicação de condicionadores químicos, que tem como principal função alterar o
2
pH e melhorar as características físico-químicas e microbiológicas da cama (Lucca et al., 2012).
Nesse sentido, os acidificantes são condicionadores químicos que podem promover melhoras
na qualidade da cama principalmente por possuir capacidade de reduzir o pH desse substrato.
Reduções significativas do pH da cama favorece a diminuição da volatilização de amônia e da
prevalência de microrganismos patogênicos, proporcionando maior conforto as aves e melhora
no seu desempenho zootécnico (Santos et al., 2012).
Segundo Xavier et al. (2010), elevados níveis de amônia provocam sérios problemas ao
bem-estar das aves, podendo gerar problemas respiratórios, oculares, de ganho de peso e
contaminação bacteriana. Além disso, a elevação na produção de amônia também está
relacionada a camas mais úmidas, sendo que o excesso de umidade na cama aumenta a sua
compactação e, com isso, o aumento da taxa de fricção entre os pés da ave e a cama, gerando
calosidade e desvalorização da área afetada.
Diante deste contexto, objetivou-se abordar os principais fatores que podem interferir
na qualidade da cama de frango e conhecer os efeitos positivos do uso de métodos químicos
para tratamentos da cama de frango e sua ação sobre as características físico-química e
microbiológica da cama.
O Capítulo I foi redigido de acordo com as normas do Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia – PPGZ, Câmpus Universitário de Sinop. O Capítulo II foi redigido de acordo com
as normas editoriais da Revista Brasileira de Zootecnia (ISSN 1806-9290).
3
Capítulo I:
CARACTERÍSTICAS DA CAMA DE FRANGO TRATADA COM CONDICIONADORES
QUÍMICOS
4
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
A produção de frangos de corte é uma atividade com relevante participação no
desenvolvimento econômico do Brasil e de forma mais expressiva para o desenvolvimento das
regiões onde estão inseridas. Por possuir uma característica de cadeia complexa que envolve
relações e inter-relações com outras atividades (milho, farelo de soja, vitaminas, minerais,
sanidade animal, transporte, máquinas e equipamentos, genética avançada, entre outros),
apresenta um grande efeito multiplicador na geração de renda e emprego (Oliveira & Monteiro,
2013).
Com a expansão da avicultura e as melhorias da tecnologia de produção, a cadeia avícola
tende a se intensificar cada vez mais. Porém existe um fator preocupante relacionado aos
aspectos ambientais, que se refere ao substrato utilizado na criação dessas aves, pois o destino
da cama de frango após o seu uso pode gerar contaminação do ambiente (Gonçalves et al.,
2013). O descarte desse material indiscriminadamente no ambiente, sem que o mesmo tenha
passado por algum tipo de tratamento prévio, pode implicar em problemas sérios de
contaminação química e microbiológica dos recursos hídricos e edáficos, colocando em risco a
qualidade de vida da população ao redor das unidades produtoras (Orrico et al., 2015). Além
disso, o não aproveitamento desses resíduos representam perdas de matérias primas e energia e
exige investimentos significativos em tratamento para controlar a poluição. Nesse sentido, a
gestão ambiental desse material nas propriedades auxilia a redução da produção de resíduos e,
consequentemente, ajuda no controle da poluição (Gonçalves et al., 2013).
Uma alterativa vantajosa para essa problemática é a reutilização da cama de frango por
vários lotes, uma vez que diminui a produção de resíduos e os custos de produção com a
aquisição de matéria prima nova. No entanto, apesar dessas vantagens, é necessário que o
material reutilizado apresente segurança sanitária afim de evitar qualquer problema indesejável
5
que possa comprometer o desempenho dos próximos lotes criados sobre o mesmo. É por isso
que alguns tratamentos aplicados à cama são recomendados (Vieira et al., 2015).
O uso de condicionadores químicos tem sido uma alternativa para prolongar a vida útil
da cama nos aviários por ter a possibilidade de proporcionar melhoras nas características físicas,
químicas e microbiológicas da cama e, desta forma, viabilizar o reuso desse material de forma
segura, proporcionando condições de alojamento adequadas.
As condições ambientais e de higiene dentro dos aviários devem ser manejadas de forma
a assegurar o bem-estar das aves e dos trabalhadores (ABPA, 2016). Nesse sentido, o
conhecimento da produção de gás amônia no interior dos aviários é um importante parâmetro
a ser considerado na avaliação da qualidade da cama.
O monitoramento das instalações e qualidade da cama são essenciais para evitar que as
aves sejam submetidas a condições adversas, como exposição à elevadas concentrações de
amônia, que ocasionam problemas respiratórios, oculares e de ganho de peso, e ainda indicam
maior desenvolvimento de bactérias patogênicas. Aliado a esses fatores, as taxas elevadas de
amônia estão relacionadas a camas mais úmidas, sendo que o excesso de umidade na cama
aumenta sua compactação e, com isso, aumenta a taxa de fricção entre os pés da ave e a cama,
gerando calosidade e desvalorização da área afetada (Xavier et al., 2010).
Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho abordar os principais fatores que
afetam a qualidade da cama de frango e conhecer os efeitos positivos do uso de métodos
químicos para tratamentos de cama de frango.
2 PANORAMA DA AVICULTURA
A avicultura de corte brasileira apresenta resultados bastante satisfatórios, com aumento
da sua representatividade no cenário mundial. O Brasil ocupa posição de liderança no ranking
da cadeia produtiva, sendo o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de carne de
frango (ABPA, 2016). Em 2015, o Brasil produziu 13,146 milhões de toneladas de carne de
6
frango, 3,46% a mais se comparado ao ano anterior, permitindo que o Brasil saltasse de terceiro
para segundo produtor mundial de carne de frango, ficando atrás apenas dos Estados Unidos,
que produziu 17,966 milhões de toneladas (ABPA, 2016). Como maior exportador, o Brasil
atingiu o montante de 4,304 milhões de toneladas de carne de frango em 2015, sendo a Arábia
Saudita, Japão e China os maiores importadores, representando 35,9% de toda exportação
brasileira (Avisite, 2015). Do total exportado, 36,6% é exportado é o frango inteiro e 57,7%
seguem em diferentes cortes, sendo que o restante é comercializado na forma de salgado,
industrializados e embutidos (ABPA, 2016).
Porém, a maior parte da produção brasileira, cerca de 67,3%, é destinada para abastecer
o mercado interno. O consumo per capita brasileiro em 2015 foi de 43,25 kg/habitante, sendo
aproximadamente meio quilo a mais que o consumo per capita de 2014. A cadeia avícola
apresenta grande dinamismo desde que surgiu, e passou por importantes mudanças nas formas
de produção, industrialização, comercialização e consumo. A competitividade dessa cadeia é
expressa por ótimos ganhos de produtividade nos últimos anos, o que proporcionou diminuição
progressiva dos custos de produção, refletindo em bons preços da carne de frango se comparada
ao preço de outras carnes (Costa et al., 2015). A região brasileira que mais abate é também a
que mais exporta. A região sul é responsável por 62,83% de todo frango abatido no Brasil e de
76,66% das exportações (ABPA, 2016). Segundo Garcia (2004), o desempenho excelente da
cadeia produtiva do frango de corte no Brasil é resposta da reestruturação industrial (adoção de
novas formas de organização industrial em larga escala), mudanças tecnológicas e melhorias
nas técnicas de manejo, nutrição e sanidade das aves ocorridas no Brasil a partir dos anos de
1970 e intensificadas nos anos de 1990.
3 QUALIDADE DA CAMA DE FRANGO
A criação de frangos de corte consiste normalmente no alojamento das aves sobre o
chão coberto por um material. A combinação desse material com as excretas depositadas, penas,
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ração e água ao longo do seu ciclo produtivo é denominado de cama (Miles et al., 2011). Assim,
o material usado sobre o chão dos aviários serve para absorver a umidade e excretas, fornecer
isolamento térmico e amortecer os impactos da ave sobre o piso. Ainda, suporta a decomposição
aeróbica das excretas e permite que as aves expressem comportamentos naturais como ciscar e
tomar banhos de poeira (Collett, 2012). Além de possuir uma boa capacidade absortiva da
umidade, a cama precisa liberar a umidade facilmente para permitir sua secagem e manter seu
teor de umidade dentro dos limites desejáveis (20 a 25%) (Bilgili et al., 2009).
A cama de frango possui composição variada e suas características físicas podem mudar
entre os aviários, as granjas e as diferentes regiões (Dao & Zhang, 2007). A variabilidade ocorre
devido às diferenças na quantidade de material utilizado, no tipo de material da cama, no
número de reutilizações, no sistema de fornecimento de água de bebida, na quantidade de
detritos e no manejo sanitário e de armazenamento adotados pela propriedade (Carvalho et al.,
2011).
A realização correta das atividades de manejo durante o processo de produção, como
por exemplo, a instalação correta de cortinas, ventiladores e nebulizadores são muito
importantes para o manejo de ventilação, sendo essencial para auxiliar na qualidade da cama.
Deste modo, esses cuidados devem ser considerados principalmente em períodos de
temperatura e umidade relativa do ar elevadas, onde a troca de calor entre o animal e o ambiente
são reduzidas (Avila et al., 2008).
Segundo Garcia et al. (2012), as práticas de manejo devem ser capazes de controlar a
umidade da cama, amônia, poeira, agentes patogênicos e propagação de insetos. Todos os
fatores relacionados com a qualidade no manejo, tanto das aves como das instalações, devem
ser monitoradas para que não ocorram situações indesejáveis que possam comprometer a
qualidade da cama e o desempenho do lote de aves durante o processo produtivo.
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3.1 Amônia
A produção animal está associada a um alto potencial de produção de gases, sendo que
na avicultura de corte ocorre produção principalmente do gás amônia (Yetilmezsoy & Sakar,
2008). A amônia é uma substância gasosa, que não possui cor, e que proporciona irritabilidade
às mucosas, sendo formada pela decomposição microbiana do ácido úrico, que é constituinte
das excretas das aves (Gonzáles & Saldanha, 2001).
A presença das excretas na cama, aliada às altas temperaturas e umidade no interior do
aviário criam condições ideais que favorecem a formação de amônia, condições essas bastante
observadas nos sistemas de produção do Brasil (Lott & Donald, 2003). A degradação da amônia
pode ser maior quando a temperatura se encontra principalmente entre 25 e 30°C; pH da cama
maiores que 5,5; e teor de umidade da cama variando entre 40 e 60% (Baião, 1995).
Níveis superiores a 60 ppm de amônia no ambiente refletem negativamente na saúde
das aves, sendo que estas podem apresentar desde uma predisposição a problemas respiratórios
até ineficiência dos processos fisiológicos de trocas gasosas quando esses níveis são próximos
a 100 ppm (Gonzáles & Saldanha, 2001). Nessas condições, os elevados níveis de amônia, além
de afetar as aves, afetam também os funcionários das granjas, sendo que esses, após longos
períodos em exposição ao odor perdem a sensibilidade olfativa, o que torna o fator ainda mais
agravante (Abreu & Abreu, 2011).
Um dos primeiros sintomas que o gás desencadeia nas aves é a irritabilidade das
mucosas que pode lesionar o tecido respiratório animal, favorecendo o desenvolvimento de
infecções, sendo este gás o maior responsável pelos danos que comprometem as vias aéreas das
aves, pois esse diminui a funcionalidade protetora de pequenos cílios localizados nas vias
respiratórias que agem como barreira seletiva, que ajuda a impedir a entrada de corpos estranhos
no sistema respiratório (Lott &Donald, 2003). Níveis de amônia a partir de 10 ppm podem dar
início a deterioração dos cílios do epitélio traqueal das aves e acima de 20 ppm as aves se
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tornam mais vulneráveis às enfermidades respiratórias, pois os cílios vão perdendo sua função
à medida que os níveis de amônia se elevam no interior das instalações (Gonzáles & Saldanha,
2001).
Essa perda da atividade dos cílios pode desencadear uma série de patogenias no
organismo das aves. Um exemplo muito comum é o alojamento e desenvolvimentos de
bactérias do tipo Escherichia coli na traqueia, resultando em infecção das vias aéreas. Além
disso, essas aves podem apresentar maior predisposição para adquirir bronquite infecciosa e
doença de Newcastle (Lott &Donald, 2003).
O aumento da amônia produzida no interior das instalações está relacionado, dentre
outros fatores, com a umidade da cama, ou seja, à medida que a umidade da cama se eleva, a
taxa de compactação da cama aumenta, o contato dos pés da ave com essa cama mais
compactada seria responsável pelo aparecimento de lesões no sistema locomotor das
mesmas(Oro & Guirro, 2014). Problemas que gerem dificuldades de locomoção estão
diretamente relacionados à prejuízos econômicos, uma vez que haverá queda no desempenho,
prejuízo ao bem-estar e condenação ou desclassificação de carcaça em abatedouros (Almeida
Paz et al., 2009). Dependendo do grau de severidade das lesões, pode causar claudicação,
dificultando a locomoção e assim restringindo o acesso das aves ao alimento e água (Carvalho
etal.,2014).
De acordo com o protocolo de boas práticas de criação elaborado pela União Brasileira
de Avicultura, o nível de 25 ppm é o máximo permitido no interior das instalações, uma vez
que níveis acima resultam em perdas de peso das aves de até 90 gramas durante sete semanas
de alojamento (UBA, 2008). Nesse sentido, segundo Oliveira & Godoi (2010), a presença de
gás em quantidades elevadas piora a conversão alimentar, a taxa de crescimento e,
consequentemente, eleva os custos de produção.
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A emissão de amônia na produção avícola é muito variável e depende de muitos fatores
como a temperatura e umidade, que inclui o tipo de ventilação, a idade da cama, a duração do
lote, o método de medição do gás no ambiente, entre outros (Oliveira & Monteiro, 2013).
Além disso, para manter a competividade na produção, a indústria avícola produz
frangos com elevadas densidades de alojamentos (15 aves/m2) e promove alterações no conforto
térmico das aves e aumento na deposição de excretas na cama, o que aumenta o potencial de
produção de gases, oriundo desse material fermentado (Freitas et al., 2009). A redução na
qualidade da cama é responsável pelo aumento na produção de gases no interior do aviário,
assim, tanto a concentração como o potencial de emissão, estão relacionados a itens como
umidade e pH, que por sua vez são produtos do ambiente interno. Portanto, a diminuição da
qualidade do ar afeta negativamente a saúde e o bem-estar dos animais e funcionários, além de
representar risco para a qualidade ambiental (Nääs et al., 2007).
3.2 Umidade da cama de frango
A ocorrência do excesso de umidade nos aviários de frangos de corte é um fator muito
preocupante, por que estão associadas com as questões relacionadas ao bem-estar animal, a
saúde dos lotes, segurança alimentar, emissão de gases, impactos ambientais e redução na
eficiência do processo de produção (Dunlop et al., 2016).
A elevada umidade da cama só será um fator atenuante quando se alcançar o
entendimento multidimensional dos fatores causais. Isso exigirá uma abordagem
multidisciplinar dos fatores de microambiente, resposta biológica das aves para nutrição e o
ambiente de produção, contribuição das doenças, produção de equipamentos, concepção e
gestão dos aviários e a produção de carne de frango sobre a cama com alta umidade (Dunlop et
al., 2016). Segundo Collett (2012), quando a umidade da cama é superior a 25%, o seu
amortecimento, isolamento e capacidade de absorção de água são comprometidos.
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Outro fator muito importante relacionado à umidade da cama, está ligado à ocorrência
de pododermatite, nesse sentido, a umidade é o principal responsável pela ocorrência de
pododermatite nas aves (Shepherd & Fairchild, 2010). A incidência de pododermatite pode
comprometer ganhos de peso em 7,75% e conversão alimentar em 4,16% aos 37 dias de criação
(De Jong et al., 2014). Essa problemática deve ser controlada, principalmente porque afeta os
bem-estar das aves e a demanda de mercado para os pés de frango.
A redução da mobilidade das aves em função de problemas locomotores induzem esses
animais a passarem mais tempo deitados, favorecendo o aparecimento de queimaduras no
jarrete e formação de bolhas no peito pelo maior contato com a cama úmida agravando o quadro
de prejuízos econômicos no frigorífico (Mench, 2002).
Segundo Collett (2012), um lote de 20.000 aves pode excretar até 2.500 litros de água
por dia na cama. Esta quantidade de água proveniente das excretas pode ser administrada com
a adoção de algumas práticas mais modernas, incluindo o tipo do aviário e o manejo de
ventilação. No entanto, evitar a cama molhada pode não ser possível se a água adicionada à
cama se deve a problemas de saúde, dieta desequilibrada, uso de certos ingredientes alimentares
ou se a evaporação no interior do galpão é reduzida por longos períodos devido à elevada
umidade relativa do ar. O teor de umidade da cama geralmente é maior nos períodos noturnos
em função do aumento na umidade relativa do ar e diminuição da ventilação (menor potencial
de evaporação), e é menor nos períodos diurnos devido a menor umidade relativa e aumento da
ventilação (alto potencial de evaporação) (Dunlop et al., 2016).
Nesse sentido, Collett (2012), sugere que o tipo do aviário e ventilação devem ser
melhorados para acompanhar os avanços na genética e nutrição que têm aumentado
substancialmente a quantidade de água na excreta das aves nos últimos anos. Segundo Bernhart
et al. (2010), o aumento da umidade da cama no momento da compactação, aumenta a força
necessária para romper uma amostra de cama compactada, pois a água atua como um ligante
12
natural durante o processo de aglomeração, isso porque hidrata as superfícies das partículas e
melhora a coesão entra essas. A formação de torrões na cama de frango é um fato inevitável,
sendo importante salientar que a maior evaporação ocorre principalmente na superfície do
material, que ao longo da profundidade da cama pode ter diferença nas condições do material
quando comparado às características da superfície (Miles et al., 2008). Por isso, se faz
necessário fazer o revolvimento frequente da cama para auxiliar na perda de umidade para o
ambiente.
3.3 Potencial Hidrogeniônico da cama (pH)
O pH é uma medida quantitativa da acidez ou basicidade de soluções líquidas, aquosas
ou em outros estados físicos. O termo é amplamente utilizado na química, biologia e agronomia,
e demonstra os valores da concentração de íons de hidrogênio, que normalmente varia entre 0
e 14. Em água pura, o pH é neutro (nem ácido, nem alcalino), e a concentração dos íons de
hidrogênio é 10-7 equivalentes em grama por litro, o que corresponde a um valor de pH igual a
7. Soluções com pH inferior a 7 são consideradas ácidas, igual a 7 são consideradas neutras e
superior a 7 são consideradas alcalinas ou básicas (Encyclopedia Britannica, 2016).
O pH pode ser alterado pela adição de produtos diretamente na cama, podendo deixá-la
mais ácida ou mais alcalina, a ponto de inibir os níveis de multiplicação bacteriana (Silva,
2011). Segundo Ivanov (2001), a redução do pH com uso de acidificante (método químico),
pode trazer boas respostas para inibição de bactérias patogênicas presentes na cama. A adição
de 5% de ácido cítrico na cama reduziu o pH a 5,0, e apresentou efeito redutor da carga
bacteriana da cama. Segundo Carvalho et al. (2011), as variações no pH da cama afetam
diretamente a produção e liberação de amônia nos aviários, em situações em que o pH é inferior
a 7,0 essa liberação é minimizada.
13
Variações no pH para valores maiores que 7,0 induzem a elevação na proliferação
bacteriana da cama e também aumento na produção de amônia (Traldi et al., 2007). Nesse
sentido, a aplicação de produtos na cama de frango que visam reduzir o pH tem sido bastante
adotado, como por exemplo o uso dos acidificantes, que ao reduzir o pH vai gerar um ambiente
pouco favorável à multiplicação das bactérias (Line & Bailey, 2006).
Segundo Elliot & Collins (1982), a manutenção do pH em valores próximo a 5,5 ajuda
no processo de não degradação bioquímica do ácido úrico presente na cama e na diminuição da
produção de amônia. Oliveira et al. (2003), testando vários condicionadores constataram menor
pH com a adição de gesso agrícola (pH = 6,97) se comparado aos tratamentos com sulfato de
alumínio e cal hidratada, isso se justifica pela aplicação do gesso agrícola ter sido aplicado em
grande quantidade (40% do peso da cama). Oliveira et al. (2004),concluíram que a utilização
do sulfato de alumínio na dosagem de 100g/kg de cama reduziu significativamente o pH da
cama ao final de 42 dias de criação em todos os lotes estudados (três lotes consecutivos).
3.4 Temperatura do ar
As aves são animais homeotérmicos e por isso mantêm a temperatura corporal
constante. Em situações de temperatura elevada, os animais fazem uso de mecanismos físicos,
como por exemplo, o resfriamento evaporativo, além da redução do consumo de alimentos, para
redução da produção calor (Welker et al., 2008).
O monitoramento do ambiente de criação animal é uma das principais necessidades para
garantir o bem-estar das aves, visando maior produtividade e qualidade do produto final (Tinôco
et al., 2004). A produção de calor proveniente do corpo das aves, acelera o aquecimento da
cama, a evaporação dos compostos e aumenta também a taxa da atividade microbiana. As
variações na temperatura podem interferir também nas taxas de emissão de odores específicos
14
no interior dos aviários, como por exemplo o cheiro mais intenso da amônia, com a elevação
da temperatura (Woodbury et al., 2015).
Em condições adequadas de produção, a temperatura da cama deve situar-se próxima
da temperatura ambiente no interior do aviário, afim de favorecer condições de bem-estar às
aves. A relação entre a temperatura da cama e a do ambiente da instalação são ferramentas para
encontrar estratégias que visem minimizar as perdas decorrentes de desvios de temperatura
(Orrico et al., 2015).
Quando a temperatura da cama for 7°C inferior à temperatura do ambiente haverá uma
resposta negativa para o ganho de peso das aves principalmente na primeira semana de vida,
podendo perdurar até 20 dias de idade. E quando essas aves possuem mais de 20 dias de idade,
o alerta é para a elevação da temperatura da cama acima da temperatura do ambiente, uma vez
que haverá grande produção de calor do corpo das aves que estão em contato com a cama,
podendo favorecer o estresse por calor (Orrico et al., 2015). Segundo Welker et al. (2008), a
associação de ventilação forçada com nebulização influencia positivamente as condições
ambientais dos aviários e permite a redução da temperatura corporal das aves.
4 MICROBIOLOGIA DA CAMA
O manejo da reutilização da cama de frango por mais de um lote é comum em vários
países, inclusive no Brasil. No entanto, essa prática muitas vezes não favorece a desinfecção
adequada do ambiente de criação e pode trazer como resultado alterações na qualidade
microbiológica do sistema de produção. Assim, para que a cama seja reutilizada de forma
segura, esse material deve passar por algum tratamento que realize a inativação ou diminuição
de microrganismos indesejáveis para evitar a transferência desses patógenos de um lote para
outro (Silva, 2011). A não aplicação de um método de tratamento da cama pode contribuir para
a prevalência de microrganismos patogênicos no ambiente (Chernakilefferet al., 2002).
15
Dentre o grupo de bactérias que se encontram presentes na cama, as mesófilas aeróbias
possuem grande expressividade e agrupam uma grande quantidade das bactérias patogênicas
de origem alimentar, que colocam em risco a saúde do consumidor. Assim, uma elevada
contagem destas bactérias significa a ocorrência de condições favoráveis ao desenvolvimento
destas, indicando baixa qualidade sanitária do material (Souza et al., 2004). Esses
microrganismos apresentam grande representatividade porque as bactérias mesófilas possuem
crescimento ótimo em temperaturas que variam entre 25 e 40ºC, ou seja, uma faixa de
temperatura muito comum na superfície da terra e no organismo animal (Viana, 2010).
Dentro do grupo das bactérias mesófilas encontram-se algumas bactérias da família das
Enterobacteriaceae, bactérias gram-negativas que incluem grande quantidade de bactérias
patogênicas. Estas possuem grande relevância para avicultura porque podem representar grande
ameaça à saúde, já que podem se desenvolver em uma diversidade de ambientes, em animais e
até mesmo no homem. Nos homens e animais essas bactérias habitam os intestinos, constituindo
a microbiota normal ou agindo como agentes infecciosos (Quinn et al., 1994). A parte do trato
digestório com maior colonização das espécies patogênicas da família das Enterobactérias é a
mucosa cecal, por isso as excretas são adequadas para verificar a colonização intestinal por
esses microorganismos (Andreatti Filho et al., 1997).
Entre as enterobactérias pode-se destacar o gênero Salmonella, sendo que esse gênero
possui grande relevância por ser agente causal das salmoneloses. O termo salmonelose designa
os vários grupos de doenças determinados por algumas bactérias do gênero Salmonella
(Andreatti Filho & Okamoto, 2013). A salmonelose é uma zoonose de grande significância para
a saúde pública e saúde animal, geralmente estando associada a processos entéricos e/ou
septicêmicos (Carvalho, 2006). Esse tipo de enfermidade é responsável por causar grandes
perdas econômicas em criações animais (Tessari et al., 2008).
16
É de conhecimento que as aves de produção comercial e os produtos avícolas são
associados as contaminações alimentares através das Salmonellas que acometem a população
humana (Gast, 2008). Esse é um dos fatores pelo qual deve-se dar ênfase ao ambiente de criação
das aves, para que tanto os níveis quando a diversidade de sorovares de Salmonella sejam
reduzidos ao longo da cadeia de produção alimentar (Chinivasagam et al., 2014). O Brasil,
como grande exportador mundial de carne de aves, deve estabelecer medidas de controle
sanitário cada vez mais rígidas, para evitar grandes prejuízos devido às perdas indiretas, pelos
embargos econômicos impostos pelos países importadores (Shinohara et al., 2008).
Outro gênero das famílias das enterobactérias bastante relevante para a avicultura é o
gênero Escherichia, sendo a espécie Escherichia coli (E.coli) o alvo de grandes preocupações.
A E.coli é uma bactéria comensal, anaeróbica facultativa, fermentativa, em sua maioria móveis
e pertence a microbiota entérica de mamíferos e aves. Crescem em temperaturas de 18 a 44°C,
sendo 37°C a temperatura ideal (Ferreira & Knöbl, 2009). A E.coli recebe classificações em
patótipos quanto aos mecanismos de virulência específicos das cepas patogênicas (Ferreira
&Knöbl, 2009). Sendo o patótipo Escherichia coli patogênica para ave (APEC) um dos
principais causadores de morbidade e mortalidade de frangos, acarretando em grandes perdas
econômicas na indústria avícola (Knöbl et al., 2004). Entre os diversos quadros
anatomopatológicos atribuídos a esse patótipo, destacam-se, pericardites, hepatites,
endocardites, doenças respiratórias (Lynne et al., 2012), doenças reprodutivas e colibaciloses
(Andreatti Filho, 2007).
Apesar das preocupações crescentes sobre a transferência de patógenos ao longo das
reutilizações da cama, as projeções para essa prática são crescentes devido a algumas limitações
como disponibilidade da matéria prima, custo de aquisição e logística (Runge et al., 2007).
17
5 TRATAMENTO DA CAMA DE FRANGO
Por apresentar um clima que permite produção de frangos de corte em aviários
convencionais, o Brasil fornece condições de reutilização da cama por vários lotes
consecutivos. Essa prática que visa reutilizar o material da cama tem sido muito utilizada e se
tornou uma alternativa aos materiais convencionalmente utilizados. Contudo, para que isso
ocorra de forma positiva, em algumas propriedades, a cama é submetida a diferentes tipos de
tratamento para a redução dos fatores negativos associados ao reuso da cama (Avila et al.,2008).
Um método bastante conhecido no Brasil é o método da compostagem, que é
considerado um tratamento biológico, pois as mudanças bioquímicas são resultantes do
metabolismo de organismos decompositores. Esse método baseia-se em manter toda a área do
aviário com cama coberta com lona de PVC por um período mínimo de 14 dias ou até o
momento do próximo alojamento (Avila et al., 2007). Dentre os fatores que afetam a
compostagem estão os materiais orgânicos utilizados, pH, temperatura, relação da concentração
Carbono/Nitrogênio, umidade, diâmetro de partículas, grau de aeração e dimensionamento das
leiras/pilhas (Haug, 1993).
Outro método de tratamento da cama é a utilização de condicionadores químicos, sendo
que alguns possuem propriedades acidificantes, como o bissulfato de sódio, sulfato de alumínio
e ácido sulfúrico, outros com características alcalinizantes, como por exemplo a cal, além de
produtos capazes de alterar significativamente o teor de umidade da cama, como o gesso
agrícola (Oliveira et al.,2003; Resende, 2010).O modo de ação dessas substâncias pode estar
associado à redução da atividade bacteriana com consequente redução da produção de amônia,
tendo sua volatilização reduzida (Mc Ward & Taylor, 2000).
Dentre os condicionadores, os acidificantes têm sidos muito estudados e têm mostrados
resultados bem consistentes para redução da volatilização da amônia e persistência de
microrganismos patogênicos. Através da diminuição do pH da cama, a amônia volátil (NH3) é
18
convertida em íons amônio (NH4+), que não é volátil (Rothrock Junior et al., 2008; Cook et al.,
2012).
Um fato muito relevante a respeito da segurança da cama que deve ser considerado é
que quando ocorre algum problema sanitário, independentemente do número de lotes criados
na mesma cama ou do tipo de tratamento, é indispensável a retirada de todo o material para
limpeza e higienização do galpão, para então se estabelecer o vazio sanitário para o alojamento
do próximo lote (Avila et al.,2008).
5.1 Métodos de tratamento químicos
Condicionadores químicos usados em cama de frango podem melhorar os índices das
variáveis de pH, volatilização de amônia e atividade de água dentro dos aviários. A melhora
desses parâmetros afeta a sobrevivência e consequentemente a ação de microrganismos
indesejáveis nesse material (Nagaraj et al., 2007). Muitos condicionadores químicos como
bissulfato de sódio (NaHSO4) e argila embebida em 36% de ácido sulfúrico (H2SO4) (Cook et
al., 2012), sulfato de alumínio (Kim & Choi, 2009), o gesso agrícola di-hidratada
(CaSO4.2H2O) (Oliveira et al., 2003; Oliveira et al.,2004), entre outros, tem mostrado
resultados eficientes para reduzir o pH, a volatilização de amônia e em alguns casos a inibição
da atividade microbiana na cama de frango.
Segundo Oliveira et al. (2003), o uso de condicionadores químicos como o sulfato de
alumínio, gesso agrícola, superfosfato simples e a cal hidratada são soluções rápidas e
econômicas para melhorar algumas propriedades físicas e químicas da cama, além de minimizar
a incidência de problemas respiratórios nas aves e no homem, desclassificação de carcaça em
função de lesões na pele e melhorar a qualidade da cama como fertilizante.
Quanto aos condicionadores com ação alcalinizante o mais comum é a cal (Terzich et
al., 2000). A cal hidratada que é o produto mais comumente utilizado no setor da construção
19
civil, pode ser usado também no tratamento de cama de frango. Na avicultura, a cal hidratada é
usada como uma alternativa de controle da umidade da cama e na desidratação das larvas do
cascudinho (Alphitobius diaperinus) (Paiva, 2000). Moore Junior et al. (1995), estudando a
ação da cal hidratada sobre a cama de frango durante um ciclo de 42 dias, observaram que não
houve diferença significativa para amônia volatilizada em relação à cama não tratada e
justificou que as perdas da amônia por volatilização foram ocasionadas pela elevação do pH
proporcionado pela ação da cal.
Segundo Lopes et al. (2013), o uso da cal virgem como tratamento de diferentes
substratos de cama no vazio sanitário na quantidade de 300g/m² apresentou redução
significativa na formação de unidades formadoras de colônias (UFC) de bactérias independente
do substrato da cama. Dai Pra et al. (2009), também utilizando 300g/m² de cal virgem
observaram redução de 82 e 97% de UFC de Salmonella spp. e Clostridium spp.,
respectivamente. Ainda segundo os mesmos autores, as doses de 600 e 900g/m² apresentaram
redução de 100% das UFC.
Em estudo realizado por Loch et al. (2011), com o calcário, que também é um produto
alcalinizante, e que pode melhorar a qualidade cama por interferir na umidade da cama e
consequentemente na sobrevivência dos microrganismos presentes na cama. A melhora nesses
dois paramentos pode contribuir para diminuição na volatilização de amônia já que este
substrato se encontrará com melhores características físicas e microbiológicas. No entanto, no
trabalho realizado por estes autores não foi observado efeito do calcário sobre a umidade, pH e
amônia volatilizada. Acredita-se que condicionadores como gesso, cal e calcário podem
melhorar as características da cama devido a sua capacidade de reter a umidade e
consequentemente diminuir a água disponível para o metabolismo microbiano.
Além dos alcalinizantes, os acidificantes têm apresentado bons resultados para as
características físico-químicas e microbiológicas da cama, podendo uma ou mais variáveis
20
serem melhoradas com a aplicação desses condicionadores. Alguns trabalhos mostraram que
frangos de corte criados em cama tratada com o acidificante sulfato de alumínio apresentaram
melhor ganho de peso (Mc Ward & Taylor, 2000), melhor conversão alimentar (Oliveira et al.,
2002) e menor mortalidade (Moore Junior et al., 1999). A ação do sulfato de alumínio consiste
em adicionar prótons ao meio e assim reduzir o pH no local adicionado. Dessa forma, a amônia
(NH3) do ambiente é convertida em cátion amônio não-volátil (NH4+). Porém, segundo Loch et
al. (2011), a diminuição de amônia não está diretamente associada só a redução do pH da cama,
pois o efeito destes condicionadores sobre os níveis de amônia duram mais que o tempo
observado para diminuição do pH. Este comportamento sugere que a diminuição do pH pode
não ser um mecanismo exclusivo sobre este processo .
O superfosfato simples (SSP), produzido a partir da reação direta entre o concentrado
fosfático e ácido sulfúrico também é um produto utilizado para o tratamento de cama de aviário
que visa reduzir o pH (Monteiro, 2008). Nesse sentido, Medeiros et al. (2008) observaram que
o superfosfato simples inibiu em 43% a volatilização da amônia originária da cama. Ainda
segundo os mesmos autores, a aplicação de 15% de fosfato, na forma de superfosfato simples,
apresentou maior eficiência na redução da volatilização de amônia da cama de frango se
comparados com as doses de 5, 10, 20, e 25%.
Carvalho Neto et al. (2007), trabalhando com bissulfato de sódio como uma alternativa
na redução da sobrevivência de Escherichia coli e coliformes, observaram eficácia do produto
na redução microbiana nos primeiros dias de alojamento, no entanto houve maior
desenvolvimento microbiano no 21° dia de criação, com tendência a redução posteriormente,
esse comportamento sugere uma segunda aplicação do produto, visando evitar maior
desenvolvimento microbiológico em determinados períodos de criação. Em estudos realizados
por Terzich et al. (1998a), com bissulfato de sódio para tratamento de cama, observaram que as
aves apresentaram menor incidência de problemas respiratórios e maiores ganhos de peso se
21
comparado com aves criadas em camas não tratadas. Trezich et al. (1998b), também observaram
redução na mortalidade das aves associada à ascite quando estas eram criadas em cama tratada
com bissulfato de sódio.
Outra alternativa estudada para o tratamento de cama que visa diminuir as perdas de
nitrogênio por volatilização da amônia é a adição de produtos que favoreçam aumento na
fixação do nitrogênio. Uma das substâncias ou compostos estudados para esse fim é o sulfato
de cálcio (CaSO4), também conhecido como gesso agrícola (Neme et al., 2000). O gesso
agrícola é um subproduto da indústria de ácido fosfórico derivado da reação de ácido sulfúrico
sobre a rocha fosfatada (Belchior et al., 2010), que tem apresentado capacidade para diminuição
dos níveis de amônia volátil.
Santos et al. (2010), avaliando a qualidade de compostos presentes no esterco de aves
poedeiras em pilhas de compostagem, testaram a aplicação ou não do gesso com e sem
revolvimento da pilha. Os pesquisadores observaram redução do pH e aumento na concentração
de nitrogênio nas pilhas que receberam gesso e que não foram revolvidas, além da ausência de
bactérias Salmonella spp. nos seguintes tratamentos, pilhas de compostagem sem gesso e sem
revolvimento, sem gesso e com revolvimento e com gesso e com revolvimento.
De acordo com Neme et al. (2000), o uso de sulfato de cálcio (43%) em três tipos de
cama de frango sobre o desempenho dos frangos e fixação de nitrogênio na cama, não
apresentou efeito significativo sobre o desempenho das aves e perdas de nitrogênio da cama na
forma de amônia. Contudo, houve efeito do produto testado sendo que a cama que recebeu o
produto apresentou pH menor se comparado ao tratamento controle.
Segundo Lucca et al. (2012),a aplicação desulfato de cálcio (48%) + filossilicato
expandido (28%) na concentração de 500g/m² mostrou-se eficaz para redução na contagem
bacteriana de mésofilas totais e enterobactérias e também no controle da umidade. Werle et al.
(2010), também trabalhando com um condicionador de origem mineral orgânica a base de
22
sulfato de cálcio e filossilicato expandido para testar sua efiência na redução de bactérias
mesófilas e enterobactérias em três diferentes granjas, observaram menor UFC/g de bactérias
mesófilas e enterobactéria em duas das granjas avaliadas. A diferença entre as granjas que
apresentaram redução significativa das bactérias para a que não apresentou diferença estava no
número de reutilizações da cama, sendo que a cama de frango que ainda não havia sido
reutilizada foi também a que não apresentou redução significativa no número de UFC/g para
bactérias mesófilas e enterobactérias.
23
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30
Capítulo II:
QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA CAMA DE FRANGO DE
CORTE REUTILIZADA E ACIDIFICADA
31
QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA CAMA DE FRANGO
DE CORTE REUTILIZADA E ACIDIFICADA
RESUMO- Objetivou-se com este trabalho conhecer os efeitos do uso do acidificante a base
de sulfato de cálcio ativado e filossilicato expandido no tratamento da cama de frango em várias
reutilizações e seus efeitos sobre as propriedades físico-químicas e microbiológicas da cama.
Utilizou-se um delineamento experimental inteiramente casualizado no esquema de parcela
subdividida no tempo com fatorial na parcela (2x4), sendo dois tratamentos de cama
(acidificado e controle) e quatro reutilizações avaliadas ao longo do tempo. Foram feitas
avaliações físicas, químicas e microbiológicas da cama no pré-alojamento e nos dias 1, 14, 28
e 42, além das avaliações de ambiência interna dos aviários. Dos parâmetros físicos, foram
analisados a temperatura superficial e umidade da cama. Para os parâmetros químicos, foram
avaliados pH, amônia e nitrogênio total da cama. Para avaliações microbiológicas, foi realizado
a análise quantitativa com isolamento e contagem de bactérias mesófilas totais e
enterobactérias, e análise qualitativa para presença ou ausência de Salmonella sp. Menores
médias foram observadas para o tratamento de cama acidificada para as variáveis de
temperatura superficial, pH e amônia. A diminuição do pH promovida pelo acidificante
favoreceu redução da amônia, que contribuiu para o aumentou do nitrogênio total da cama.
Houve aumento também da umidade no tratamento acidificado, em função da capacidade
higroscópica acidificante. O número de reutilizações proporcionou estabilidades do pH,
possivelmente porque a cada reutilização a aplicação do acidificante era refeita. Favoreceu
também a redução da amônia, nas reutilizações que apresentaram as menores médias para a
temperatura superficial da cama. Houve estabilidade da umidade e aumento gradual para o
nitrogênio total, bactérias mesófilas totais e enterobactérias a medida que aumentou o número
de reutilizações. O tratamento da cama acidificada a base de sulfato de cálcio ativado e
filossilicato expandido se mostrou eficaz em melhorar os parâmetros físico-químicos da cama
de frango, contudo não foi suficiente para promover melhora nas características
microbiológicas da cama. A reutilização da cama piora a qualidade físico-quimica e
microbiológica da mesma.
Palavras chaves: amônia, reuso, pH, tratamento químico.
32
PHYSICO-CHEMICAL AND MICROBIOLOGICAL QUALITY OF REUSED AND
ACIDIFIED BROILER LITTER
ABSTRACT-The objective of this work was to know the effects of the use of acidifier based
on activated calcium sulfate and expanded filosilicate in the treatment of chicken litter in several
reuses and its effects on the physical-chemical and microbiological properties of the bed. A
completely randomized experimental design was used in the split-plot plot with a factorial in
the plot (2x4), two bed treatments (acidified and control) and four reutilizations evaluated over
time. Physical, chemical and microbiological evaluations of the bed were carried out in the pre-
accommodation and on days 1, 14, 28 and 42, in addition to evaluations of the internal
environment of the aviaries. From the physical parameters, superficial temperature and bed
humidity were analyzed. For the chemical parameters, pH, ammonia and total bed nitrogen
were evaluated. For microbiological evaluations, the quantitative analysis was performed with
isolation and counting of total mesophilic bacteria and enterobacteria, and qualitative analysis
for the presence or absence of Salmonella sp. Lower mean values were observed for acidified
bed treatment for the variables of surface temperature, pH and ammonia. The decrease in pH
promoted by the acidifier favored reduction of ammonia, which contributed to the increase of
total bed nitrogen. There was also increase of moisture in the acidified treatment, due to the
acidifying hygroscopic capacity. The number of re-uses provided pH stabilities, possibly
because at each re-use the application of the acidifier was redone. It also favored reduction of
ammonia, in the reutilizations that presented the smaller averages for the superficial
temperature of the bed. There was moisture stability and gradual increase for total nitrogen,
total mesophilic bacteria and enterobacteria as the number of re-use increased. The acidified
bed treatment with activated calcium sulfate and expanded filosilicate was effective in
improving the physicochemical parameters of the chicken litter, but it was not sufficient to
improve the microbiological characteristics of the litter. The reuse of the bed worsens the
physical-chemical and microbiological quality of the same
Key Words: ammonia, chemical treatment, pH, reuse.
33
1. INTRODUÇÃO
A cama de frango é um componente primordial na criação de frangos de corte. Esse
substrato é geralmente utilizado por vários lotes consecutivos, a fim de reduzir os custos de
produção e os impactos ambientais. Para que a cama seja reutilizada de forma segura e
ambientalmente sustentável é necessário que passe por algum tratamento que amenize ou
neutralize algumas propriedades indesejáveis (Virtuoso et al., 2015). Desta forma, o tratamento
da cama visa controlar principalmente a emissão de amônia e a carga de microrganismos
patogênicos que podem afetar a saúde e o bem-estar das aves e consequentemente reduzir a
eficiência do sistema de produção.
A amônia, gás oriundo da decomposição microbiana do ácido úrico constituinte da
excreta das aves (Hernandes et al., 2001), é o gás mais nocivo associado a avicultura de corte,
pois pode causar diversos danos ao bem-estar e desempenho das aves. Os danos causados
podem variar desde irritação das mucosas (Gonzáles & Saldanha, 2001), perda da capacidade
protetora respiratória (Lott &Donald, 2003), problemas respiratórios e oculares (Xavier et al.,
2010), perda de peso (UBA, 2008), dentre outros efeitos nocivos. A gravidade dos danos
dependerá das concentrações e do tempo de exposição ao gás amônia que o animal foi
submetido.
Portanto, o tratamento químico da cama de frango é uma alternativa que visa prolongar
a vida útil desse substrato nos aviários por prevenir ou minimizar a deterioração de suas
características ao longo dos lotes. Dentre os tratamentos químicos, o uso dos acidificantes
podem promover melhoras na qualidade da cama principalmente por possuir capacidade de
reduzir o pH desse substrato. Reduções significativas no pH da cama favorecem a diminuição
da volatilização da amônia e da sobrevivência de microrganismos patogênicos, proporcionando
maior conforto às aves e melhora do seu desempenho zootécnico (Santos et al., 2012). O uso
34
do acidificante a base de sulfato de cálcio e filossilicato expandido tem apresentado bons
resultados no controle microbiológico da cama (Lucca et al., 2012; Werle et al., 2010). No
entanto, existe uma escassez de dados do efeito desse produto sobre outras variáveis que
influenciam a qualidade da cama.
Diante do exposto, objetivou-se com este estudo conhecer os efeitos do uso de um
acidificante a base de sulfato de cálcio ativado e filossilicato expandido no tratamento da cama
de frango reutilizada e suas propriedades físico-químicas e microbiológicas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em uma propriedade com quatro aviários comerciais de
frangos de corte, localizado no município de Sinop-MT, Brasil. Estruturalmente os aviários
eram de alvenaria com sistema de ventilação de pressão positiva, com telhado de alumínio e
piso de concreto, sendo que cada aviário possuía 132 metros (m) de comprimento, 13 m de
largura e 3,5 m de pé-direito. Eram equipados com cortinas laterais, ventiladores,
nebulizadores, comedouros automáticos com rosca sem fim e bebedouros do tipo nipple.
O período experimental que compreendeu quatro lotes durou de 28 de março a 03 de
novembro de 2015, considerando a duração de 42 dias de cada lote, mais o período entre os
lotes de vazio sanitário de 12,33±1,53 dias. A matéria prima utilizada como cama foi a casca
de arroz, sendo que a 1a, 2ª, 3ª e 4ª reutilizações da cama do experimento correspondeu a 6ª, 7ª,
8ª e 9ª reutilizações totais do substrato durante o período experimental. A densidade de lotação
foi de 11,78±0,43 aves/m² da linhagem Cobb em cada galpão para cada reutilização.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado no esquema de parcelas
subdividas no tempo com fatorial na parcela (2x4), sendo dois tratamentos de cama (acidificado
e controle) e quatro reutilizações. Foram feitas cinco coletas de cama em cada reutilização
realizadas no pré-alojamento (antes do alojamento das aves e acidificação dos aviários), e com
1, 14, 28 e 42 dias de idade das aves, com 24 repetições/tratamento/reutilização para variáveis
35
físico-químicas. Para as variáveis microbiológica foram realizadas 5
repetições/tratamento/reutilização, provenientes de uma amostra composta de cinco pontos de
coleta.
Dos quatro aviários utilizados, dois receberam a aplicação do condicionador químico
(acidificante) e dois não receberam a aplicação de qualquer produto na cama (controle). O
condicionador possuía em sua composição 45% de sulfato de cálcio ativado com ácido
sulfúrico, 28% de filossilicato expandido e 27% de material inerte. A aplicação do produto foi
feita de forma manual e homogenia em cada reutilização, sendo realizada dois dias antes do
alojamento dos pintainhos somente no sistema pinteiro (metade do aviário) na proporção de
700 g/m², e 10 dias após o alojamento dos pintainhos no sistema pinteiro a outra metade do
aviário recebeu o acidificante na proporção de 350 g/m², segundo recomendações do fabricante.
As aves passaram a ocupar todo o aviário no 14° dia de idade do lote. A maior aplicação do
acidificante no sistema pinteiro está relacionada ao maior tempo de ocupação da área e
principalmente pelas aves estarem nos primeiras dias de vida e possuirem maior suscetibidade
em contrair doenças devido ao seu sistema imunológico não estar completamente
desenvolvidos.
O experimento consistiu em avaliações de ambiência e da qualidade da cama de frango.
Para as avaliações de ambiência, foram determinadas a temperatura do ambiente e umidade
relativa do ar. As mensurações foram determinadas a partir de termohigrômetros digitais
instalados nos quatro aviários posicionados na parte interior central na altura das aves durante
os 42 dias de criação. As médias de temperatura e umidade relativa do ar na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª
reutilizações foram 27,76°C e 85,69%; 26,16°C e 74,77%; 27,03°C e 63,61% e 28,16°C e
74,11%, respectivamente.
Além das coletas dos dados de ambiência interna dos aviários, houve também o
levantamento dos dados de ambiência externa do município de Sinop-MT, oriundos do Instituto
36
Meteorológico de Universidade Federal de Mato Grosso, Câmpus Universitário de Sinop, onde
as médias para temperatura do ar, umidade relativa e precipitação na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª reutilizações
foram de 25,31°C; 85,93%, 3,87mm; 24,80°C, 71,12%, 0 mm; 26,59 °C, 53,79%, 0 mm e
27,86°C, 68,15%, 1,81mm, respectivamente.
As avaliações da cama de frango foram de caráter físico-química e microbiológica. As
avaliações foram feitas no pré-alojamento e com 1, 14, 28 e 42 dias de idade de cada lote dos
frangos de corte. O pré-alojamento faz referência às coletas realizadas antes da aplicação do
acidificante e alojamento dos pintainhos, enquanto o dia 1 corresponde ao dia do alojamento (2
dias após a acidificação do sistema pinteiro).
As amostras para as análises da cama foram realizadas em 12 pontos diferentes
localizados ao longo de cada aviário, sendo obedecidos os mesmos pontos a cada coleta (Figura
1), com exceção da coleta realizada no dia 1, onde os 12 pontos foram distribuídos apenas no
sistema pinteiro (espaço que compreendeu a metade da área total do aviário de 858m²) (Figura
2). Os pontos pretos de cada figura fazem referência as coletas da cama para as análises físico-
químicas e os pontos vermelhos para as análises microbiológicas. Cada amostra de cama foi
coletada de forma a se obter toda profundidade do perfil da cama no ponto que estava sendo
coletado.
37
As mensurações de temperatura superficial da cama de frango foram realizadas nos
aviários em cada ponto determinado, utilizando-se um termômetro infravermelho com mira a
laser (marca AKSO, modelo AK32), onde a mira era direcionada a cada ponto de coleta com
distância da cama de 20 centímetros, após estabilização da leitura tinha-se a temperatura
superficial da cama.
Para as análises de umidade, pH, amônia volátil e nitrogênio total da cama foi coletado
250 g de cama em cada ponto estabelecido, as amostras foram armazenadas em sacos plásticos
identificados e imediatamente acondicionadas em caixas térmicas e encaminhadas ao
laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT, câmpus Universitário de Sinop.
Para a determinação do pH, pesou-se 30 g da amostra de cama em um copo descartável e foi
adicionado 250 ml de água destilada e homogenizada durante cinco minutos. Posteriormente, a
mistura permaneceu em descanso por 30 minutos antes de proceder a leitura. Para a leitura, foi
usado um pH-metro digital de bancada (marca PHTEK, modelo PHS-3B (Brasil, 2014). A
umidade da cama foi obtida por meio da pré-secagem da amostra em estufa de circulação de ar
a 55 °C/72 h, posteriormente as amostras foram moidas em moinho tipo faca e realizada a
secagem definitiva em estufa a 105 °C (Detmann et al., 2012). Para determinação da matéria
nitrogenada total foi utilizado o método de Kjeldahl (Detmann et al., 2012). A determinação da
amônia da cama (mg/h) foi obtida através da metodologia adaptada de Hernandez & Cazzeta
(2001), sendo pesada 60 g de amostra em um recepiente de vidro, sobre a amostra foi colocado
um recipiente com 10 ml de solução de ácido bórico a 4 %. Posteriormente, o recipiente de
38
vidro foi fechado e acondionado em estufa a 30 °C/16 h, para posterior titulação da solução de
ácido bórico com solução de ácido clorídrico. Os resultados foram determinados em miligramas
de amônia liberada/hora, através da fórmula: Amônia = (N x V x T x 17) / (p x H)
Onde:
N = normalidade da solução do ácido usado na titulação
V = volume em miligramas da solução do ácido necessário na titulação
T = total em que se quer expressar o resultado final
17 = peso de um equivalente de amônia
p = peso em gramas da amostra que foi incubada.
H = tempo em horas que a amostra "p" ficou incubada.
Para análises microbiológicas da cama foram feitas contagem de bactérias mesófilas
totais e enterobactérias e presença de Salmonella sp. As determinações de mesófilos totais e
enterobactérias foram realizadas através do método de isolamento quantitativo e contagem de
colônias de bactérias e para as análises de Salmonella sp. foram feitas análises qualitativas para
determinação de presença ou ausência (Andrews & Hammach, 2007).
Para contagem das colônias de bactérias mesófilas totais, foi realizado o plaqueamento em
superfície sobre o ágar para contagem padrão (PCA), o conteúdo da amostra a ser incubado foi
obtido por meio da pesagem de 10 g da cama misturada em 90 ml de água peptonada 0,1 %. A
partir desse conteúdo foi retirado 1 ml adicionado em um tubo contendo 9 ml de água peptonada
a 0,1 % e a partir deste tubo fez-se de 8 a 10 diluições. Após o plaqueamento, as placas foram
incubadas em estufa bacteriológica a 35 °C/48 h e, passado o tempo recomendado para
incubação, foi feita a contagem de unidades formadoras de colônias (UFC) para determinação
da quantidade de bactérias presentes em cada placa. A determinação das enterobactérias foi
realizada de maneira similar as bactérias mesófilas, no entanto a diferença está no
39
plaqueamento, que neste caso foi feito em profundidade utilizando ágar MacConkey, e tempo
de incubação para a contagem das UFC foi realizada em 24 h.
Para Salmonella sp. foi feita análise qualitativa. As etapas foram o pré-enriquecimento,
enriquecimento seletivo em Tetrathionate Broth Base (TT), e plaqueamento diferencial nos
meios seletivos (ágar Xilose Lisina Desoxicolato -XLD; e Entérico Hecktoen - HE). Essas
placas foram estriadas e mantidas em estufa a 35 °C/24 h, posteriormente foram analisadas para
detecção de colônias típicas de Salmonella sp. As colônias oriundas das placas de XLD e HE
foram inoculadas em tubos com ágar Triple Sugar Iron (TSI) e Lysine Iron (LIA) mantidos em
estufa a 35 °C/24 h, para posterior confirmação preliminar de Salmonella sp. Posteriormente,
ocorreram as provas bioquímicas, com o conteúdo incubado nos tubos de TSI que apresentaram
confirmação preliminar. As provas bioquímicas para determinação de presença ou ausência de
Salmonella sp foram: indol, malonato, vermelho de metila e o voges-proskauer. Porém, a
confirmação definitiva só foi realizada através da sorologia de Salmonella sp. polivalente
(Probac do Brasil) feitas com as amostras que ao final dos testes bioquímicos foi positiva para
Salmonella sp.
Para a análise estatística foi realizada uma análise de variância utilizando o teste Tukey
a 5% de probabilidade para a coleta zero do segundo, terceiro e quarto lote, com objetivo de
avaliar possível efeito residual do produto aplicado entre os lotes. Entretanto, constatou-se que
não houve este efeito.
Desta forma, o delineamento estatístico é representado pelo seguinte modelo
matemático:
Yijk= μ + αi + Ԑij + βk + αβik + Ԑijk
Sendo:
Yijk= Valor observado na sub parcela i, j, k;
μ= Constante inerente a toda observação;
40
αi= Efeito do i-ésimo tratamento;
Ԑij= Representa o erro experimental ao nível de parcela;
βk= Efeito do tempo;
αβik= Efeito da interação entre fatores;
Ԑijk= Erro experimental em nível de sub parcela.
Os dados observados foram avaliados mediante análise de variância com o auxílio do
programa estatístico SISVAR versão 5.3 (Ferreira, 2010) e as médias, comparadas pelo teste
Tukey 5 % de significância. Foi realizada também a análise de regressão para os dias de coletas
de amostras (pré-alojamento, 1, 14, 28 e 42 dias).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeito dos tratamentos da cama, reutilizações e dias de coleta para temperatura
superficial da cama (Tabela 1). O tratamento da cama acidificado apresentou média
significativamente menor que o tratamento controle. Quanto as reutilizações, a temperatura
superficial da cama aumentou gradativamente com o número de reutilizações. Houve ajuste
quadrático quando avaliado os dias de coletas pela análise de regressão com ponto de mínima
de 30,27°C aos 23 dias de idade das aves.
O ponto de mínima aos 23 dias pode ser justificado pelo o manejo no qual as aves foram
submetidas em alguns períodos durante a fase de crescimento. Apesar de ser uma fase em que
as aves geram muito calor em função do seu tamanho, consumo de ração, alojamento entre
outros fatores, o manejo realizado, como por exemplo maior tempo de ventilação, uso dos
nebulizadores, manejo das cortinas e revolvimento da cama com mais frequência podem tem
favorecido o aumento na dissipação de calor sobre a cama, contribuindo para este resultado.
41
Tabela 1. Avaliação dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos da cama de frango em diferentes tratamentos de cama,
reutilizações e dias de coleta
Variável Temperatura
Superficial (ºC) pH
Amônia
(mg/hora)
Umidade
(%)
Nitrogênio Total
(%)
Mesófilos totais
(log UFC/g)
Enterobactérias
(log UFC/g)
Tratamento (T)
Acidificado 31,71a 8,09a 0,68a 23,56b 3,41b 10,59a 5,17a
Controle 32,07b 8,40b 0,74b 22,36a 3,29a 10,56a 5,41a
Reutilizações (R)
1 30,71a 8,33b 0,64a 27,04b 3,30b 8,83a 4,11a
2 31,74b 8,22a 0,76b 22,08a 3,12a 10,14b 5,08b
3 32,13c 8,20a 0,68a 21,32a 3,31b 11,31c 5,95c
4 32,97d 8,23a 0,76b 21,39a 3,68c 12,01d 6,02c
Coleta (C) Equação de regressão R2 Linear Quadrático Estimativa Ponto
Ytemperatura superficial= 33,163-0,250D+0,0054D² 56,55 <0,0001 <0,0001 30,27 23
YpH= 8,179-0,0008D+0,00015D² 42,45 <0,0001 <0,0041 8,17 3
Yamônia= 0,609-0,0082D+0,0004D² 90,94 <0,0001 <0,0001 0,57 10
Yumidade=19,787+0,330D-0,004D² 98,26 <0,0001 <0,0001 26,59 41
Ynitrogênio total= 3,349-0,017D+0,0005D2 72,19 <0,0001 <0,0001 3,20 17
Ymesófilas =10,074+0,0295D 50,68 <0,0001 0,1060 - 0,0295
Yenterobactérias= 4,053+0,202D-0,004D² 80,13 <0,0001 <0,0001 6,60 25
Nível de significância
Tratamento <0,0001 <0,0001 0,0002 0,0001 <0,0001 0,7850 0,1274
Reutilização <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001
Coleta <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001
RxT 0,0712 0,1742 0,0458 0,0876 <0,0001 0,0398 0,8261
RxC <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 0,0037
TxC 0,0396 <0,0001 <0,0001 0,0261 0,0090 0,0434 0,7124
RxTxC 0,0014 0,0551 <0,0001 0,1081 0,7555 0,0627 0,6322
CV 4,12 4,09 36,35 20,00 13,09 6,14 18,48 Médias seguidas por letras diferentes na coluna, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade;R=Reutilização, C=coleta, T=tratamento da cama; CV= coeficiente de variação.
42
Houve interação entre os tratamentos de cama, reutilizações e dias de coleta para a
temperatura superficial da cama (Tabela 2).
Tabela 2. Desdobramento da interação entre reutilizações, tratamento de cama e dias de coleta
para temperatura superficial da cama de frango.
Coleta
(dias)
Temperatura Superficial (°C)
Acidificado Controle
R1 R2 R3 R4 R1 R2 R3 R4
P.A 26,21aA 32,84bA 33,64bA 37,53cA 27,65aB 32,67bA 34,05cA 37,82dA
1 33,84abA 33,23abA 32,92aA 34,17bA 34,03aA 33,71aA 34,37aB 34,15aA
14 30,14bcA 30,76cA 29,19bA 26,57aA 29,54bA 31,06cA 29,96bB 27,24aA
28 31,39aA 30,59aA 31,54aA 33,68bA 31,17abA 30,21aA 31,87bA 33,44cA
42 30,91aA 31,26abA 31,75abA 32,01bA 32,25bcB 31,11aA 31,97abA 33,12cB
Equação de regressão R2 Quadrática Estimativa Ponto
Y acidificado R1= 29,753+0,096D-0,0016D2 5,59 0,0005 31,19 30
Ycontrole R1= 30,649-0,062D+0,0024D2 10,90 0,0002 30,25 13
Y acidificado R2= 33,089-0,204D+0,0038D2 95,41 <0,0001 30,36 26
Ycontrole R2= 33,279-0,213D+0,0038D2 89,92 <0,0001 30,31 28
Y acidificado R3= 33,194-0,273D+0,0059D² 65,27 <0,0001 30,04 23
Ycontrole R3= 34,122-0,258D+0,0059D² 72,71 <0,0001 31,30 21
Y acidificado R4 = 35,482-0,514D+0,011D² 42,20 <0,0001 29,50 23
Ycontrole R4 = 35,733-0,539D+0,012D² 49,63 <0,0001 29,69 24 Média seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade;
Letras Minúsculas compara as reutilizações dentro de tratamento e coleta (linha) e letras maiúsculas compara os tratamentos
dentro de reutilizações e coleta (linha); R= Reutilização, P.A. = Pré-alojamento.
Quando se compara os tratamentos de cama dentro das reutilizações e dias de coletas,
observa-se que houve diferenças significativas na 1a, 3a e 4a reutilizações após aplicação do
acidificante. A acidificação da cama promoveu reduções significativas da temperatura
superficial da cama na 3a reutilização nos dias 1 e 14, ambos os dias tiveram grande
aproximação com a data da acidificação da cama. A melhora na qualidade da cama nos dias
próximos a acidificação pode ter favorecido maior troca de calor entre a cama e o ambiente e
permitido esse resultado. Notou-se também diferenças estatísticas aos 42 dias na 1a e 4a
reutilizações, onde o tratamento de cama acidificado apresentou as menores médias.
A cama acidificada apresentou na 3a reutilização apresentou a menor temperatura
superficial comparada a 4a reutilização, estas por sua vez não diferiram estatisticamente da 1 e
2 a reutilizações. Aos 14 dias, foi verificado diminuição da temperatura da cama com o aumento
43
da sua reutilização após a segunda reutilização. A cama acidificada aos 28 e 42 dias
apresentaram aumento da temperatura superficial da cama conforme o aumento da reutilização
da mesma após primeira reutilização. Não foi observado diferenças significativas entre as
reutilizações no dia 1 do tratamento de cama controle. Contudo houve diferenças significativas
entre as reutilizações nos dias 14, 28 e 42. Da mesma forma que observado na cama acidificada,
a cama do tratamento controle apresentou diminuição significativa da temperatura da cama a
partir da segunda reutilização aos 14 dias e aumento gradativo da temperatura conforme das
reutilizações da cama aos 28 e 42 dias. Quanto aos dias de coleta, o tratamento de cama
acidificado apresentou ajuste quadrático na 1a reutilização, com ponto máximo de 31,19°C aos
30 dias de idade do lote, já o tratamento controle apresentou ponto de mínima de 30,25°C aos
13 dias.
Ocorreu ajuste quadrático para os tratamentos de cama, com ponto de mínima para a 2a,
3a e 4a reutilizações, onde os tratamentos de cama acidificado apresentaram temperatura
superficial da cama de 30,36°C aos 26 dias; 30,04°C aos 23 dias e 29,50°C aos 23 dias,
respectivamente. Para o tratamento de cama controle, as temperaturas superficiais da cama
foram 30,31°C aos 28 dias; 31,30°C aos 21 dias e 29,69°C aos 24 dias para a 2a, 3a e 4a
reutilizações, respectivamente.
Nota-se que os pontos de mínima foram registrados durante as fases de crescimento, o
que naturalmente não era para ser observado, uma vez que é durante essa fase que há maior
produção de calor no interior das instalações. No entanto, a intensificação das práticas de
manejo adotadas durante essa fase permitiu esse comportamento.
Houve efeito significativo dos tratamentos de cama, reutilizações e dias de coleta sobre
o pH da cama (Tabela 1). O pH do tratamento de cama acidificado foi significativamente menor
que o tratamento controle. Nas diferentes reutilizações a diferença ocorreu na 1ª reutilização,
que apresentou maior média de pH em comparação as demais médias que não diferiram entre
44
si. Isso indica que houve uma estabilidade na manutenção dessa variável, uma vez que o pH da
2ª, 3ª e 4ª reutilizações foram significativamente menores que o pH da 1a reutilização. Essa
reposta era esperada já que a cada reutilização a aplicação do acidificante era refeita e isso pode
ter potencializado o seu efeito.
Quanto aos dias de coleta, o pH da cama apresentou ajuste quadrático na equação de
regressão com ponto de mínima de 8,17 aos 3 dias de criação das aves. Esse comportamento é
justificado pela recente aplicação do produto na cama que aconteceu dois dias antes do
alojamento das aves. Aliado a isso, nessa fase há menor deposição de excretas na cama e o teor
de umidade é mais controlado, contribuindo para melhora nas características da cama.
Houve efeito significativo para o desdobramento da interação entre tratamento da cama
e os dias coleta para o pH da cama (Tabela 3). O tratamento de cama acidificado apresentou pH
significativamente menor (7,71) quando comparado ao tratamento controle (8,45) para a coleta
do dia 1, sendo essa diferença mantida nas demais coleta.
Segundo McWard & Taylor (2000), ainda existe algumas incógnitas quanto ao modo de
ação dos condicionadores com propriedades ácidas, mas acreditam que estes reduzem os
valores de pH da cama de frango através da liberação de ácido sulfúrico quando este reage com
água. Moore Junior et al. (2000) utilizaram sulfato de alumínio como condicionador químico
para cama de frango, e também observaram redução significativa do pH, tendo a cama tratada
apresentado pH de 6,3 na primeira semana de vida das aves e o tratamento controle 7,7 no
mesmo período correspondente.
45
Tabela 3. Desdobramento da interação entre o tratamento da cama e os dias de coleta para o
pH da cama de frango.
Coleta
(dias)
pH
Acidificado Controle
P.A 8,28a 8,32a
1 7,71a 8,45b
14 7,89a 8,27b
28 8,27a 8,51b
42 8,27a 8,45b
Equação de regressão R2 Linear Quadrático Estimativa Ponto
Yacificado=7,989-0,0013D+0,0002D² 30,03 <0,0001 0,0020 7,98 3
Ycontrole=8,358+0,0027D 23,73 0,0020 0,3110 - 0,0027 Médias seguidas por letras diferentes na linha, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de
probabilidade. P. A = Pré-alojamento
A equação de regressão do pH da cama para o tratamento de cama acidificado
apresentou ajuste quadrático, com ponto de mínima de 7,98 no 3° dia de criação das aves. Esse
resultado é justificado pela proximidade com o dia da aplicação do condicionador, ou seja, dois
dias antes do alojamento das aves, mostrando assim melhor efeito do condicionador em reduzir
o pH próximo aos dias de sua aplicação. Para o tratamento controle, o ajuste da equação de
regressão foi linear crescente, havendo aumento de 0,0024 de pH por dia na cama não tratada
(Tabela 3).
Houve efeito significativo do tratamento de cama, reutilizações e dias de coleta para
amônia da cama (Tabela 1). O tratamento de cama acidificado apresentou média para emissão
de amônia significativamente menor que o tratamento controle. Para as reutilizações, as
menores médias de emissão de amônia observadas foram na 1a e 3a reutilização, diferindo
estatisticamente das médias observadas na 2a e 4a reutilização.
Apesar da produção de amônia está relacionada ao pH da cama e o pH ter se mostrado
menor em todas reutilizações, depois da 1a reutilização, segundo Loch et al. (2011), a
diminuição de amônia não está diretamente associado só a redução do pH da cama, pois o efeito
destes condicionadores sobre os níveis de amônia duram mais tempo do que o tempo observado
para diminuição do pH. Este comportamento sugere que a diminuição do pH pode não ser um
mecanismo exclusivo sobre este processo.
46
O efeito na emissão de amônia nas diferentes reutilizações pode estar associado a
temperatura superficial da cama, pois na 2ª e 4ª reutilizações onde houve as maiores médias
para emissão de amônia notou-se também que temperatura superficial da cama estava dentre as
mais elevadas (Tabela 1). Segundo Liu et al. (2006) menores temperaturas e umidade aliado ao
um manejo adequado da cama reduzem a volatilização da amônia.
Para os dias de coleta ocorreu ajuste quadrático para equação de regressão com ponto
de mínima no 10° dia de 0,57 mg/h de amônia (Tabela 1). O ponto de mínima estimada aos 10
dias de idade das aves pode estar relacionado a data em que toda área do aviário com cama
estava acidificada. Aliado a isso, nesse período o aporte corporal das aves ainda é relativamente
pequeno e consequentemente o volume de excretas e a fermentação destas são menores
ocorrendo menor degradação de ácido úrico.
Houve interação entre os tratamentos de cama, reutilizações e os dias coleta para amônia
da cama (Tabela 4). O tratamento de cama acidificado apresentou médias significativamente
menores nos dias 1 e 14 em comparação ao tratamento controle, com exceção do dia 1 na 4a
reutilização e do dia 14 na 3a reutilização, onde as médias entre as reutilizações dos tratamentos
não diferiram estatisticamente. Esse comportamento pode ser atribuído a redução da emissão
de amônia no tratamento controle, isso permitiu que as médias entre os tratamentos não
diferissem estatisticamente. A redução de amônia no tratamento de cama controle pode ser
atribuída a algum manejo executado, como por exemplo, revolvimento mais frequente da cama.
47
Tabela 4. Desdobramento da interação entre os tratamentos de cama, reutilizações e dias de
coleta para amônia da cama de frango.
Coleta
(dias)
Amônia (mg/h)
Acidificado Controle
R1 R2 R3 R4 R1 R2 R3 R4
P.A 0,72aA 0,61aA 0,61aB 0,63aA 0,66bA 0,62abA 0,44aA 0,57abA
1 0,24aA 0,65bA 0,55bA 0,59bA 0,64aB 0,97bB 0,77aB 0,62aA
14 0,25aA 0,48bA 0,46bA 0,53bA 0,45aB 0,71bB 0,40aA 0,69bB
28 0,66aA 0,78aA 0,79aA 0,99bB 0,79aA 0,81aA 0,80aA 0,83aA
42 1,07aA 1,06aB 1,03aA 0,91aA 0,97aA 0,89aA 0,95aA 1,27bB
Equação de regressão R2 Linear Quadrático Estimativa Ponto
Yacidificado R1= 0,482-0,022D+0,0009D² 74,02 <0,0001 <0,0001 0,35 12
Ycontrole R1= 0,639-0,013D+0,0005D² 83,41 <0,0001 0,0003 0,55 13
Yacidificado R2= 0,627-0,013D+0,0006 D2 93,68 <0,0001 <0,0001 0,56 11
Ycontrole R2= 0,785-0,005D+0,0002 D2 16,11 0,1180 0,1570 - -
Yacidificado R3= 0,568-0,008D+0,0005D² 92,27 <0,0001 <0,0001 0,54 8
Ycontrole R3=0,583-0,009D+0,0004D² 58,76 <0,0001 0,0010 0,53 11
Yacidificado R4= 0,578+0,008D+0,00002D² 63,38 <0,0001 0,8475 0,75 20
Ycontrole R4= 0,608-0,0029D+0,0004 D2 98,70 <0,0001 0,0007 0,60 4
Média seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade;Minúsculas compara as reutilizações dentro de tratamento e coleta (linha), maiúsculas compara os
tratamentos dentro de reutilizações e coleta (linha); R= reutilizações; P.A= Pré-alojamento.
Houve aumento significativo da amônia no tratamento de cama acidificado no dia 28 da
4ª reutilização e aos 42 dias da 2ª reutilização se comparado ao tratamento controle. Ambos
resultados podem estar relacionados a piores condições da cama para os respectivos períodos,
ou seja, a última reutilização e final do ciclo de criação das aves.
Observa-se que houve pouco efeito do acidificante na redução da volatilização de
amônia nas semanas finais de vida das aves. A única média significativamente menor foi
observada aos 42 dias na 4a reutilização. Esses resultados mostraram que a maior eficiência do
acidificante em promover redução na emissão de amônia ocorreu nas duas primeiras semanas
de criação.
Da mesma forma, foi observada diferença significativa para a emissão de amônia com
menores valores observados na 1ª reutilização em comparação as demais reutilizações quando
avaliado o tratamento acidificado isolado até os 14 dias. Isso pode ser explicado pelo fato da
cama da 1a reutilização ser a cama tratada que sofreu menor acumulo de matéria orgânica e
48
consequentemente menor degradação do ácido úrico. Também foi a cama que menos sofreu
com problemas decorrentes de falhas de manejo no interior das instalações, justamente por ser
a 1a reutilização com uso do acidificante. Para os dias 28 e 42 houve diferença significativa
apenas para 4ª reutilização aos 28 dias, que apresentou média significativamente maior que as
outras reutilizações.
Houve diferença significativa no tratamento controle, que no dia 1 apresentou a maior
média na 2ª reutilização, não houve diferença significativa para as demais reutilizações. Aos 14
dias foi observado um efeito oscilatório significativo, onde as menores médias foram
observadas na 1ª e 3ª reutilizações, que diferiram significativamente das maiores médias
observadas na 2ª e 4ª reutilizações. Não houve diferenças significativas entre as reutilizações
aos 28 dias, ao passo que aos 42 foi observado diferença significativa apenas para 4ª
reutilização, que a presentou a maior volatilização de amônia.
Quanto aos dias de coleta, as equações de regressão se ajustaram ao modelo quadrático
com ponto de mínima para os tratamentos de cama e reutilizações, com exceção da 2a
reutilização para o tratamento de cama controle que não se ajustou a nenhum modelo da
regressão. Na 1a reutilização do tratamento de cama acidificado, o ponto de mínima foi de
0,35mg/h aos 12 dias de idade das aves, já o tratamento controle apresentou ponto de mínima
de 0,55 aos 13 dias. Na 2a reutilização para o tratamento acidificado a estimativa foi de
0,56mg/h com 11 dias, e para o tratamento controle o modelo de regressão não se ajustou. Na
3a reutilização no tratamento de cama acidificado o ponto de mínimo de 0,54mg/h foi observado
com 8 dias de criação, já o tratamento controle obteve ponto de mínima de 53mg/h aos 11 dias.
Na 4a reutilização do tratamento de cama acidificado, o ponto de mínima de 0,75mg/h foi
observado aos 20 dias de criação e o tratamento controle apresentou ponto de mínima de
0,60mg/h aos 4 dias de idade do lote.
49
Os pontos de mínima do tratamento de cama acidificado, com exceção do apresentado
na 4a reutilização, estão situados próximo aos 10 dias de criação do lote, o que corresponde ao
período em que toda área do aviário com cama continha o acidificante, representando bem o
poder de diminuição da amônia volátil em períodos próximos a aplicação do produto. Além
disso, deve-se levar em consideração a idade das aves, pois nessa fase as aves excretam menos
se comparadas as fases vindouras, consequentemente a decomposição microbiana do ácido
úrico no início de criação será menor.
Efeito significativo também foi observado para os tratamentos de cama, reutilizações e
dias de coleta para umidade da cama (Tabela 1). A umidade da cama foi significativamente
maior no tratamento de cama acidificado. Esse resultado pode ser efeito das propriedades
absortivas do acidificante que é a base de sulfato de cálcio e filossilicato expandido. Segundo
Luz & Lins (2010), o sulfato de cálcio apresenta como características se hidratar em contato
com água, alta capacidade de absorver e liberar umidade para o ambiente, boa estabilidade
volumétrica (capacidade de expansão quando hidratada) e pequeno tamanho de partícula, o que
aumenta sua superfície de contato e consequentemente sua área absortiva. Além do sulfato de
cálcio, o filossilicato também apresenta propriedade hidrofílicas, o que otimiza a capacidade de
retenção da umidade (Teixeira Neto & Teixeira Neto, 2009).
Quanto as reutilizações, foi notado diferença significativa apenas na 1ª reutilização que
apresentou a maior retenção de umidade diferindo estatisticamente das demais reutilizações
(Tabela 1). Esse resultado pode ser atribuído ao número total de reutilizações da cama, ou seja,
a 2a ,3a e 4a reutilizações do tratamento de cama acidificado corresponde a 7a, 8a e 9a
reutilizações da cama considerando todos os lotes de criação. Isso pode ter contribuído para que
a umidade nesses períodos ultrapassasse a capacidade absortiva contida no acidificante.
Para os dias de coleta, a umidade da cama apresentou ajuste quadrático com ponto de
máxima de 26,59% de umidade aos 41 dias de idade das aves (Tabela 1). Esse resultado é
50
justificado pelas condições em que a cama se encontra ao final de cada ciclo de criação, ou seja,
com o teor de umidade maior se comparado ao início do ciclo de criação. Isso acontece por dois
motivos principais, sendo, aumento da quantidade de excretas depositadas na cama a medida
que as aves crescem e ao uso mais frequente e continuo dos nebulizadores.
Na fase final de vida das aves esse manejo é mais intenso porque busca-se reduzir o
estresse por calor com o acionamento dos nebulizadores. No entanto, isso é mais um fator que
contribui para elevação da umidade no período final do ciclo de produção. Além disso, existe
uma diminuição da capacidade natural da cama em perder umidade para o meio, já que o
tamanho corporal das aves impede maior contato da cama com a ventilação existente no interior
das instalações e com isso a redução da umidade da cama também fica comprometida.
Houve interação entre os tratamentos de cama e os dias de coleta para umidade da cama
(Tabela 5). Sendo observada diferença significativa após a aplicação do acidificante apenas aos
14 dias de idade das aves.
Tabela 5. Desdobramento da interação entre tratamento da cama e dias de coleta para umidade
da cama de frango.
Coleta
(dias)
Umidade
Acidificado Controle
P.A 21,05b 18,67a
1 20,66a 19,77a
14 24,05b 21,98a
28 26,58a 25,55a
42 25,43a 25,86a
Equação de regressão R2 Quadrático Estimativa Ponto
Yacidificado = 20,624+0,3533D-0,0056D2 97,45 <0,0001 26,49 31
Ycontrole =950+0,3075D-0,0033 D2 97,43 0,0040 26,01 46 Média seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade. P. A = pré-alojamento.
Esse comportamento pode estar associado a proximidade da aplicação do condicionador
na área do aviário que ainda não havia recebido o produto, essa aplicação ocorreu ao 10° dia de
criação das aves, mostrando que a eficiência na retenção da umidade foi positiva somente no
51
período próximo a aplicação do acidificante. Além disso, a deposição de excreta nessa fase é
menor se comparada as próximas fases de criação.
Lucca et al. (2012) testando vários condicionadores químico entre esses o sulfato de
cálcio, observaram eficiência dos mesmos em reter a umidade da cama somente até a segunda
semana de criação, posteriormente essa resposta não foi observada porque a medida que as aves
crescem, aumenta o volume de excretas depositadas na cama, e com isso há a perda da eficiência
dos condicionadores na retenção da umidade. Neme et al. (2000) trabalhando também com
sulfato de cálcio não observaram diferença significativa no teor de matéria seca entre a cama
tratada e o tratamento controle.
Houve ajuste quadrático com ponto de máxima para as equações de regressão de ambos
os tratamentos, sendo de 26,49% de umidade da cama aos 31 dias para o tratamento de cama
acidificado e 26,01% de umidade aos 46 dias de idade das aves no tratamento de cama controle
(Tabela 5).
O maior teor de umidade observado em ambos os tratamentos ocorreu durante a fase de
crescimento ou na fase de final de criação, fato que é justificado pela maior quantidade de
excretas depositadas na cama durante estas fases de criação. Segundo Garcia et al. (2010), a
produção de excretas é um fator inerente no sistema de produção e por isso o produtor deve dar
atenção especial para a umidade da cama na tentativa de reduzir ao máximo sua influência sobre
a umidade da cama.
Houve efeito significativo entre os tratamentos de cama, reutilizações e dias de coleta
para o nitrogênio total da cama (Tabela 1). O tratamento de cama acidificado apresentou média
maior de nitrogênio total na cama comparado ao tratamento controle. Este resultado está de
acordo com Silva (2016), que confirma que a utilização de gesso agrícola como condicionador
em cama aviaria reduz perdas de nitrogênio pela volatilização de amônia.
52
No mesmo sentido, Santos et al. (2010) trabalharam com tratamento de cama por meio
da compostagem e observaram aumento na concentração de nitrogênio quando avaliaram a
quantidade de compostos presentes em pilhas de compostagem que receberam gesso agrícola e
não sofreram revolvimento durante o processo de fermentação. O aumento de nitrogênio
aconteceu porque o gesso promoveu redução de pH na pilha de compostagem, assim a perdas
de nitrogênio através da volatilização de amônia foram reduzidas.
Quanto as reutilizações da cama para o nitrogênio total da cama, observou-se que a 4ª
reutilização apresentou a maior retenção de nitrogênio, seguido da 1ª e 3ª reutilizações e por
último da 2ª reutilização (Tabela 1). A menor retenção de nitrogênio total na cama observado
na 2ª reutilização pode estar diretamente associada as perdas de amônia ocorridas nesse período.
Observa-se que a partir da 2ª reutilização existe um aumento gradual significativo do nitrogênio
total da cama. Esse resultado já era esperado, já que segundo Mendes et al. (2012) a quantidade
da amônia (NH3) emitida da cama avícola possui relação direta com o teor de nitrogênio total
da mesma, sendo que o nitrogênio total da cama aumenta com a idade das aves e com o número
de reutilizações, uma vez que naturalmente haverá maior quantidade de excretas depositadas
nesses substratos.
Para os dias de coleta, a equação de regressão do nitrogênio total se ajustou ao modelo
quadrático, com ponto de mínima de 3,2% de nitrogênio total aos 17 dias de idade do lote
(Tabela 1). O ponto de mínima pode estar relacionado a fase de criação das aves, que é uma
fase anterior as fases de onde ocorre maior deposição de excretas, sendo a fase de crescimento
e final.
Houve interação entre o tratamento de cama e reutilizações (Tabela 6) e entre os
tratamentos de cama e dias de coleta para o nitrogênio total da cama (Tabela 7). Quando se
compara os tratamentos de cama dentro de cada reutilização, observa-se que houve diferença
significativa somente na 1a e 2a reutilizações, no qual o tratamento de cama acidificado
53
apresentou as maiores porcentagens de nitrogênio retido na cama. As respostas observadas nas
3a e 4a reutilizações pode estar relacionada ao aumento natural do aporte de nitrogênio na cama
em ambos os tratamentos, que é mais evidente a medida que o número de reutilizações da cama
aumenta (Tabela 6).
Tabela 6. Desdobramento da interação entre tratamento de cama e reutilização para o
nitrogênio total da cama de frango.
Reutilização Nitrogênio total
Acidificado Controle
1 3,47bB 3,14abA
2 3,22aB 3,03aA
3 3,34abA 3,27bA
4 3,62cA 3,73cA Média seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade; Minúsculas compara as reutilizações dentro de tratamento (coluna), maiúsculas compara os
tratamentos dentro de reutilizações (linha).
Na interação entre tratamento de cama e reutilização, observa-se no tratamento de cama
acidificado que a 2a reutilização apresentou a menor média, não diferindo da 3a reutilização,
que estatisticamente foi igual a 1a reutilização, no entanto a 4a reutilização apresentou a maior
média para o nitrogênio total. O tratamento controle apresentou aumento gradual significativo
para o nitrogênio total quando as reutilizações aumentaram.
Quanto a interação do nitrogênio total entre os tratamentos de cama e os dias de coleta,
observa-se que houve efeito significativo do tratamento para os dias 1, 14 e 28, sendo que o
tratamento de cama acidificado apresentou médias significativamente maiores de nitrogênio
total na cama (Tabela 7).
O resultado observado aos 42 dias entre os tratamentos é resposta do aumento natural
do nitrogênio total na cama, que fica mais evidente na fase final de criação. No entanto, é
importante ressaltar que o aumento na fixação do nitrogênio total deve ocorrer durante todo o
ciclo de criação, a fim de proporcionar melhores condições de bem-estar as aves e funcionários
e também agregar valor na cama como fertilizante.
54
Tabela 7. Desdobramento da interação entre tratamento e dias de coleta para o Nitrogênio
total da cama
Coleta
(dias)
Nitrogênio total
Acidificado Controle
P.A 3,47a 3,45a
1 3,35b 3,06a
14 3,30b 3,16a
28 3,37b 3,21a
42 3,57a 3,59a
Equação de regressão R2 Quadrático Estimativa Ponto
Yacidificado= 3,421-0,0141D+0,0004D2 85,61 0,0001 3,18 18
Ycontrole=3,277-0,0198D+0,00065D2 63,91 <0,0001 3,13 15 Média seguidas por letras diferentes na linha diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade. P.A = Pré-alojamento.
Houve um ajuste quadrático das equações de regressão para o nitrogênio total com ponto
de mínima para ambos os tratamentos. O tratamento acidificado apresentou 3,18% de nitrogênio
total aos 18 dias de idade do lote e o tratamento controle apresentou 3,13% de nitrogênio total
aos 15 dias. Ambos os tratamentos apresentaram pontos de mínimo antes das fases de
crescimento e final, que são caracterizadas pelo aumento na deposição das excretas,
aumentando assim a quantidade de nitrogênio na cama.
A acidificação da cama não promoveu efeito significativo para contagem de bactérias
mesófilas e enterobactérias (Tabela 1). No entanto, efeito significativos foram observados para
essas variáveis quando as médias entre as reutilizações foram comparadas.
O resultado observado na contagem de bactérias entre as reutilizações é um
comportamento natural de um ambiente sem controle microbiológico, uma vez que a população
de bactérias mesófilas e enterobactérias aumentou a medida que a cama ficou mais velha, com
exceção das enterobactérias na 4a reutilização, que não diferiu estatisticamente da população
bacteriana da 3a reutilização. No entanto, numericamente existe uma tendência para aumento
das enterobactérias na 4a reutilização (Tabela 1).
55
Estes resultados divergem dos encontrado por Lucca et al. (2012) que estudando o uso
do sulfato de cálcio (48%) e filosilicato expandido (28%) na concentração de 500g/m²,
observaram que esse condicionador se mostrou eficaz para redução na contagem bacteriana de
mésofilas totais e enterobactérias. Segundo Garcia et al. (2010), o perfil bacteriológico para
enterobactérias entre camas novas e reutilizadas por vários lotes seguidos, apresentam a partir
da 3a reutilização, carga bacteriana igual ou inferior às camas novas, desde de que esse substrato
tenha sido submetido ao tratamento correto.
O aumento bacteriano nas diferentes reutilizações pode ser atribuido ao número total de
reutilizaçãoes da cama, que por sua vez gerou um grande aporte de materia orgânica depositada,
aliada as condições de temperatura, umidade e falhas de manejo que podem justificar este
comportamento.
Considerando os dias de coleta, houve um ajuste linear crescente da equação de
regressão para bactérias mesófilas de 0,0295 log UFC/g por dia. Para as enterobatérias, a
equação se ajustou ao modelo quadrático, apresentando ponto de máxima no 25° dia de 6,6 log
UFC/g (Tabela 1).
Houve interação significativa das bactérias mesófilas entre os tratamentos de cama e
reutilizações (Tabela 8), e entre o tratamento de cama e dias de coleta (Tabela 9) e também
entre as reutilizações e os dias de coleta.
Tabela 8. Desdobramento da interação entre o tratamento da cama e reutilizações para bactérias
mesófilas.
Reutilização Bactérias Mesófilas (log UFC/g)
Acidificado Controle
1 8,74aA 8,91aA
2 9,99bA 10,28bA
3 11,35cA 11,27cA
4 12,26dB 11,76cA Médias seguidas por letras diferentes, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade;
Minúscula na coluna e maiúscula na linha; UFC= unidade formadoras de colônias.
56
Quando se compara os tratamentos de cama em cada reutilização, a única diferença
significativa observada foi na 4a reutilização, na qual o tratamento de cama acidificado
apresentou média significativamente maior que o tratamento controle. Esse resultado pode estar
relacionado as condições de manejo adotadas na propriedade, ou seja, a falta de controle em
algumas atividades desenvolvidas.
Quando se compara as reutilizações dentro do tratamento de cama acidificado para
bactérias mésofilas, se nota que houve aumento gradativo significativo entre as reutilizações.
Segundo Souza et al. (2004), a elevada contagem destas bactérias significa ocorrência de
condições favoráveis ao desenvolvimento destas, indicando a má qualidade sanitária do
conteúdo analisado. Esses microorganismos apresentam grande representatividade porque as
bactérias mesófilas apresentam crescimento ótimo em temperaturas que variam entre 25ºC e
40ºC, ou seja, uma faixa de temperatura muito comum na superfície da terra e no organismo
animal (Viana, 2010).
No desdobramento da interação entre os tratamentos de cama e os dias de coleta para as
bactérias mesofilas observa-se que a unica diferença significativa foi observada no dia 1, sendo
que o tratamento acidificado apresentou a menor média (Tabela 9).
Tabela 9. Desdobramento da interação entre os tratamentos da cama e dias de coleta para as
bactérias mesófilas.
Coleta
(dias)
Bactérias Mesófilas (log UFC/g)
Acidificado Controle
P.A 10,23a 10,01a
1 9,45a 9,95b
14 11,47a 11,08a
28 10,24a 10,45a
42 11,54a 11,31a
Equação de regressão R2 Linear Quadrático Estimativa
Yacidificado =10,045+0,032D 41,56 <0,0001 0,2110 -
Ycontrole =10,103+0,027D 62,12 <0,0001 0,2980 -
Médias seguidas por letras diferentes na linha, diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de
probabilidade; UFC= unidade formadoras de colônias. P.A= pré-alojamento.
57
Esse resultado pode estar relacionado ao pH da cama no tratamento acidificado no dia
1, que apresentou o menor valor de pH da cama, mesmo não diferindo estatisticamente do pH
nos outros dias de coleta após a acidificação (Tabela 3). A redução numerica no valor de pH da
cama no dia 1 pode ter sido sufiente para reduzir a contagem de bacterias mesófilas no mesmo
dia correspondente.
Quantos aos dias de coleta, as equações de regressão obtidas mostram ajuste linear
crescente para ambos os tratamentos, sendo que o tratamento acidificado apresentou aumento
de 0,032 log UFC/g por dia, enquanto que o tratamento controle apresentou 0,027 log UFC/g
por dia.
Para a análise de Salmonella sp., observou-se presença dessa bactéria em todas as
reutilizações do tratamento acidificado, sendo que das 40 amostras avaliadas em cada
reutilização, 2,5 % foram positivas na 1ª reutilização, e para a 2ª, 3ª e 4ª reutilizações as
porcentagens de amostras confirmadas com Salmonella sp. foram 10,0 %, 7,5 % e 5 %,
respectivamente. Para o tratamento controle, a presença de Salmonella sp. foi confirmada
apenas na 3ª e 4ª reutilizações, com 2,5 % e 5 %, respectivamente. Esse resultado mostrou que
o tratamento da cama acidificado não foi capaz de eliminar Salmonella sp, já que para
eliminação dessas, uma das maneiras seria diminuir o pH a níveis ácidos ou elevar a temperatura
da cama acima de 60 °C, condições não observadas no presente trabalho. Portanto, as
porcentagens para presença e ausência de Salmonella sp. podem representar a frequência destas
bactérias antes do início do presente trabalho.
Segundo Santos et al. (2000), a qualidade dos programas de higiene das granjas, dos
incubatórios e dos abatedouros influenciam de forma bastante acentuada a presença ou ausência
de Salmonella no produto final. A transmissão vertical de Salmonella em frangos de corte pode
ocorrer e evitar essa disseminação é o primeiro passo para prevenir a introdução dessas bactérias
nas granjas.
58
CONCLUSÃO
O tratamento da cama acidificada a base de sulfato de cálcio ativado e filossilicato
expandido se mostrou eficaz em melhorar os parâmetros físico-químicos da cama de frango,
contudo não foi suficiente para promover melhora nas características microbiológicas da cama.
A reutilização da cama piora a qualidade físico-quimica e microbiológica da mesma.
59
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62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A qualidade da cama de frango é um fator importante na avicultura de corte, que deve
ser sempre estudado na tentativa de se encontrar alternativas efetivas e acessíveis ao produtor,
aumentando assim o número de vezes que essa cama possa ser utilizada de forma segura e de
maneira ambientalmente sustentável e economicamente viável.
A aplicação de condicionadores químicos com propriedades ácidas na cama de frango
apresenta potencial para ser administrado na fase inicial de criação de frangos de corte, pois
pode apresentar efeito benéfico no desempenho e diminuição do estresse das aves,
principalmente as criadas em altas temperaturas, já que a diminuição do pH da cama conduz a
diminuição de amônia e redução na contagem de bactérias patogênicas, como a Salmonella.
Assim, a diminuição do estresse ambiental e sanitário na fase inicial pode promover melhora
significativa no desempenho do lote e na qualidade do produto final, melhorando a rentabilidade
do produtor e agregando valor ao produto.