Cistite idiopátiCa felina: aspeCtos ClíniCos, boletim …...Fatores ambientais podem contribuir...

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boletim pet volume 01 2018 Heloisa Justen Carla Regina G. Rodrigues Santos CISTITE IDIOPÁTICA FELINA: ASPECTOS CLÍNICOS, FISIOPATOLÓGICOS E TERAPÊUTICOS.

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volume 012018

Heloisa Justen

Carla Regina G. Rodrigues Santos

Cistite idiopátiCa felina: aspeCtos ClíniCos, fisiopatológiCos e terapêutiCos.

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volume 012018

Carla Regina G. Rodrigues SantosMédica Veterinária

n Graduada em Medicina Veterinária pela UFF/2007.

n Graduada em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais pela Universidade Castelo Branco/2015.

n Aluna de Mestrado no Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ.

n Área de atuação: Clínica Médica e Cirúrgica de Felinos.

Heloisa Justenprofa. associado iii da ufrrJ

n Profa. e Orientadora do Curso da Pós-graduação em Medicina Veterinária.

n Patologia e Ciências Clínicas da UFRRJ.

n Responsável pelo Setor Exclusivo de Atendimentos de Gatos Domésticos do Hospital Veterinário da UFRRJ.

n Tutora dos Residentes de Clínica Cirúrgica e Medicina Felina do Hospital Veterinário da UFRRJ.

n Doutora na área de Patologia Experimental na Faculdade de Medicina da UFF.

n Mestre na área de Cirurgia Veterinária pela UFF.

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Cistite idiopátiCa felina: aspeCtos ClíniCos, fisiopatológiCos e terapêutiCos.INTRODUÇÃO

Os sinais clínicos de Doença do Trato Urinário Inferior (DTUI), representam um dos principais motivos pelo qual o gato é levado à clínica veterinária. Estes sinais podem estar presentes individualmente ou associados. Disúria (sensação de dor ao urinar), hematúria (presença de sangue na urina), periúria (micção em local inadequado), polaquiúria (micção frequente em pequenas quantidades) e estrangúria (micção lenta e dolorosa da urina) são as manifestações mais frequentes (figura 1 e 2).

A apresentação clínica da DTUI obstrutiva e não obstrutiva em felinos, é comum às diversas causas com fisiopatologias diferentes1 (figura 3). Há mais de quarenta anos, alguns termos têm sido utilizados na tentativa de descrever e identificar a DTUI em felinos (figura 4). Em 1970, Osbaldiston e Taussig, utilizaram o termo Síndrome Urológica Felina (SUF) para descrever o conjunto de sinais clínicos associados a DTUI obstrutiva ou não obstrutiva, independente da causa subjacente2. Já em 1984, Osborne e colaboradores sugeriram que o termo “SUF” fosse substituído por Doença do Trato Urinário Inferior em Felinos (FLUTD). Se estabelece assim uma doença de causas heterogêneas, com objetivo de direcionar e identificar a causa subjacente sempre que possível3, baseada na presença de alterações morfológicas, mecanismo fisiopatológico e a região anatômica acometida do trato urinário inferior.

Figura 2: Hematúria: achado comum em gatos com DTUI.

Figura 1: Gato na vasilha sanitária com mic-ção dolorosa e apresentando gotejamento da urina.

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Figura 3: Principais causas de sinais clínicos do trato urinário inferior após apropriada avaliação de diagnóstico em felinos.

Figura 4: Evolução dos termos utilizados para identificar a doença do trato urinário inferior em felinos.

DTUITestes diagnósticos: histórico, exame físico, urinálise, cultura da urina, imagem e biópsia

• Cistite/Uretrite idiopática aguda

• Infecção trato urinário inferior

• Obstrução uretral• Cistite idiopática felina

Recorrente DTUI

Síndrome dePandora?

CistiteIntersticial Gato estressado

saudável

• Autolimitante• Recorrente com frequência• Persistente• Obstrução Uretral machos

Síndrome dePandora?

• Urolitíase

• latrogênica

• Comportamental

• Incontinência (sem urgência)

• Neoplasia carcinoma células trancisional

• Neurogênica

• Trauma

SIM NÃO

SIM NÃO

1970

1984

IDIOPÁTICAS

1999

“FLUTD”Doenças do Trato Urinário Inferior de Felinos

“SUF”Síndrome Urológica Felina

Osbaldiston and Taussig

Osborne

“CI”Cistite Intersticial Felina

DTUIDIOPÁTICA• Grave• Crônica• Idiopática

• causas heterogêneas Evitar esteriótipos

• Localização• Causas• Alterações funcionais• Doença obstrutiva ou não obstrutiva

• Hematúria• Disúria• Polaquiúria• Obstrução uretral parcial ou completa

DTUITestes diagnósticos: histórico, exame físico, urinálise, cultura da urina, imagem e biópsia

• Cistite/Uretrite idiopática aguda

• Infecção trato urinário inferior

• Obstrução uretral• Cistite idiopática felina

Recorrente DTUI

Síndrome dePandora?

CistiteIntersticial Gato estressado

saudável

• Autolimitante• Recorrente com frequência• Persistente• Obstrução Uretral machos

Síndrome dePandora?

• Urolitíase

• latrogênica

• Comportamental

• Incontinência (sem urgência)

• Neoplasia carcinoma células trancisional

• Neurogênica

• Trauma

SIM NÃO

SIM NÃO

1970

1984

IDIOPÁTICAS

1999

“FLUTD”Doenças do Trato Urinário Inferior de Felinos

“SUF”Síndrome Urológica Felina

Osbaldiston and Taussig

Osborne

“CI”Cistite Intersticial Felina

DTUIDIOPÁTICA• Grave• Crônica• Idiopática

• causas heterogêneas Evitar esteriótipos

• Localização• Causas• Alterações funcionais• Doença obstrutiva ou não obstrutiva

• Hematúria• Disúria• Polaquiúria• Obstrução uretral parcial ou completa

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Em 1999, um estudo comparou a doença no trato urinário inferior em felinos com o

modelo de cistite intersticial em mulheres4. Muitas semelhanças entre a doença idiopática do

trato urinário inferior em felinos e a cistite intersticial humana têm sido relatadas5 (Quadro 1). A cistite intersticial em felinos (CI) está relacionada à inflamação neurogênica da bexiga, com

apresentação de sinais clínicos frente a situações de estresse agudo ou crônico.

O diagnóstico da cistite intersticial em gatos só pode ser realizado com exame de cistoscopia

e preferencialmente associado ao exame histopatológico. Na cistoscopia de gatos com cistite

intersticial foram observados edema da mucosa e presença de petéquias na lâmina própria. Já

na avaliação histopatológica, observa-se um pronunciado edema de lâmina própria, infiltrado

inflamatório mononuclear, aumento de número de mastócitos na mucosa vesical, epitélio

pregueado, petéquias subepiteliais e inflamação perineural5,6,7.

Invariavelmente, a maioria dos gatos com sinais de doenças de trato urinário inferior recebe

o diagnóstico de cistite idiopática. Talvez isto se dê pela limitação na realização da cistoscopia

e histopatologia vesical, subestimando o número de gatos que apresentam cistite intersticial.

Quadro 1. Aspectos semelhantes entre a cistite intersticial humana e a doença do trato urinário inferior em felinos.

Presença de espessamento na parede da bexiga.

Diminuição da excreção renal de glicosaminoglicana.

Infiltração de matócitos em exames histopatológicos da bexiga.

Presença de maior número de fibras sensoriais na bexiga, contendo o neuropeptídio Substância P.

Aparecimento de sinais clínicos frente a situação de estresse.

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. CIsTITe IDIOpáTICa FelINa

A Cistite Idiopática Felina (CIF) é definida como uma doença crônica, inflamatória, com apresen-tação clínica de micção dolorosa, ausência de infecção bacteriana, de etiopatogenia ainda não definida. É provável que se trate de uma síndrome com múltiplas causas, dado o espectro de apresentação e manifestação clínica da CIF. Crescentes evidências sugerem que alterações na permeabilidade epitelial da bexiga e alterações neuroendócrinas desenvolvem um importante papel na fisiopatogenia8,9.

O aparecimento de sinais clínicos de DTUI em resposta a situações de estresse enfatizam o envolvi-mento do sistema nervoso simpático (SNS) na patogenia da cistite idiopática em gatos. O estresse e a dor estimulam a atividade do SNS, que resulta na liberação de catecolaminas. O locus coerulus é respon-sável pelo estado de sono, vigília, analgesia e resposta visceral ao estresse. A noradrenalina é o principal neurotransmissor produzido e liberado pelas células que compõem o locus coerulus localizado na ponte. A tirosina hidroxilase é uma enzima limitante da taxa da síntese de catecolaminas. A avaliação por imu-nohistoquímica do complexo locus coerulus de gatos com DTUI, na fase quiescente ou assintomática da doença, demonstrou um aumento significativo da imunorreatividade desta enzima. Tal achado sugere a existência de uma população de felinos que apresentam uma hiperatividade do SNS7,10.

O estresse é uma resposta não específica do corpo a algum agente nocivo ou estressante. Esse agente pode ser físico, químico, ou de caráter psicológico. Acredita-se que em gatos com CIF, o estresse leva a liberação excessiva de catecolaminas pela ativação direta do SNS, e pelo aumento do cortisol atra-vés da estimulação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (Figura 5). Estes gatos não apresentam feed-back negativo com o aumento do cortisol, demonstrando uma resposta insensível ao mesmo. Além de apresentarem uma dessensibilização funcional de adrenoceptores alfa-2 centrais, provavelmente como consequência da estimulação crônica a partir de níveis elevados de catecolaminas. A ativação do SNS pode aumentar a permeabilidade epitelial vesical e tornar possível que agentes nocivos na urina tenham acesso a neurônios aferentes sensoriais, resultando em dor e inflamação8,9. A inflamação neurogênica é iniciada pela excitação de neurônios aferentes sensoriais das fibras C e mediada por neuropeptídios, como a substância P. Os neurônios aferentes da bexiga em gatos com CIF mostram aumento da exci-tabilidade ante estímulos em comparação com aqueles gatos sadios. Além disso, receptores de subs-tância P estão aumentados na bexiga de gatos com CIF. A interação de neuropeptídios com receptores teciduais resulta em muitas alterações, tais como vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e ativação de mastócitos. Os efeitos associados de neuropeptídios e mediadores de mastócitos podem resultar em dor, inflamação lesão tissular e fibrose na bexiga11.

Em uma bexiga saudável, uma camada fina de glicosaminoglicano (GAG) e glicoproteínas formam uma barreira que previne o vazamento da urina através do epitélio da vesícula urinária. Uma hipótese para o mecanismo patogênico da cistite intersticial em pacientes humanos, envolve a interrupção dessa fina camada, o que permite a migração de solutos urinários em todo o epitélio. Em especial, o íon potássio leva a despolarização de nervos e musculatura na submucosa, causa injúria tecidual e estimulam os neu-rônios sensoriais. Em gatos com CIF, a excreção urinária de GAG está diminuída em comparação com gatos sadios. Não se conhece a causa das alterações na camada de GAG e se as alterações são a causa da doença ou se mostram secundárias a outros mecanismos8,9,11 (Figura 6).

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Figura 5. Ativação do sistema nervoso simpático pelo estresse, levando a sinais de doença do trato urinário inferior em felinos.

Figura 6. Aspectos que levam a alteração da permeabilidade endotelial vesical que colaboram para a inflamação do trato urinário inferior em felinos.

ESTRESSE

HIPOTÁLAMO

PITUITÁRIAANTERIOR

CORTEXADRENAL

INFLAMAÇÃOSINAIS DE DTUIF

BEXIGA

SNS

CORTISOL

ACTH

NÚCLEO DO TRONCOENCEFÁLICO

CRH

camada de GAG

nervo sensorial nervo sensorial

camada muscular

uroepitélio

mastócitos

Histamina Processoinflamatório

• Volume reduzido• Concentrada

urinanervo sensorial

Submucosa

camada muscular

aumentopermeabilidade

uroepitélio

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. Fatores ambientais podem contribuir para alterar a frequência de micção e aumento de con-centração urinária, incluindo decréscimo da ingestão de água, confinamento, dificuldade para locomoção, caixas de areia sujas ou pouco disponível e agressão entre gatos. Assim, ocorre o aumento do tempo de contato entre a urina, com alta concentração, e a mucosa vesical, induzin-do à inflamação e alteração na sua permeabilidade11.

FaTORes De RIsCO paRa O DeseNvOlvImeNTO Da CIsTITe IDIOpáTICa

A cistite idiopática é uma patologia de gatos jovens, incomum em gatos com menos de 1 ano e acima de 10 anos. Machos e fêmeas podem ser acometidos, apesar de alguns estudos relatarem uma prevalência maior em machos. Gatos de raça pura são mais acometidos. As raças mais acometidas podem variar de acordo com a região estudada, mas os gatos da raça persa, siameses e mestiços são sempre citados. Gatos que se alimentam com mais de 50% de ração seca, gatos castrados e com sobrepeso também fazem parte do grupo de risco. Os fatores de risco como estresse ambiental e manejo inadequado (Quadro 2), comorbidades e predisposição individual assumem uma grande importância na CIF8,11.

Quadro 2: Fatores relacionados ao estresse envolvidos no desenvolvimento da cistite idio-pática em felinos.

Território interno com alta densidade populacional de gatos.

Estilo de vida confinado e nenhum comportamento de caça.

Mudança de território e perda de algum gato de casa.

Uso exclusivo de caixa de areia para micção e número pequeno de caixa de areia.

Introdução de outros gatos na moradia.

Comportamento de medo e ansiedade.

Gatos com acesso externo, que residem em local com vizinhança de alta densidade populacional.

Ambientes internos sem enriquecimento ambiental, baixa atividade física.

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ApresentAção ClíniCA

Notavelmente, mais da metade dos gatos que apresentam sinais clínicos de trato urinário inferior não obstruídos e de causa desconhecida é diag-nosticada com CIF. Gatos com CIF apresentam uma grande variedade em sua apresentação clíni-ca, incluindo obstrução uretral (15% a 20%), episó-dio agudo autolimitante livre de obstrução (80% a 90%), episódios recorrentes (2% a 15%), ou episó-dios crônicos persistentes (2% a 15%)8,12.

A exacerbação e remissão destes sinais clínicos, com episódios autolimitantes, e de curta duração (até sete dias) é típico da CIF. Cerca de 65% dos gatos apresentam sinais recorrentes dentro de 1 a 2 anos11.

DIaGNÓsTICO

O exame físico de gatos com CIF pode revelar bexiga vazia, parede espessada e dolorosa. A alopecia ventral abdominal e inguinal bilateral pode estar presente pelo excesso de autolimpeza crônica pela dor abdominal (Figura 7). É essencial obter o histórico completo, incluindo dados de manejo ambiental, histórico alimentar, assim como exames laboratoriais e de imagem do trato urinário. A urinálise é fundamental e deve ser realizada, preferencialmente, com a urina coletada de forma asséptica e enviada para cultura (Figura 8).

Não há alterações características na urinálise dos gatos com CIF. A hematúria é encontrada com frequência, mas pode ser um achado intermitente, além de ser uma alteração induzida por métodos de coleta como compressão manual da bexiga, cistocentese ou cateterismo. Proteinúria e cristalúria também podem estar presente na urina destes gatos. A inflamação neurogênica da mucosa da bexiga leva ao extravasamento de proteínas do plasma para urina aumentando o pH urinário e levando a formação de cristais de estruvita. Geralmente, a densidade urinária está aumentada11.

O exame radiográfico do trato urinário (inferior e superior) e a ultrassonografia abdominal devem ser realizados de rotina para diagnósticos diferenciais. O principal achado nestes exames é o aumento da espessura da parede da bexiga (Figura 9)13.

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Figura 7. Gato com cistite idiopática apresentando alopecia da região ventral do abdome pelo excesso de autolimpe-za causada pela dor.

Figura 9. Imagem ultrassonográfica de-monstrando espessamento da parede vesical de um gato com cistite idiopática.

Figura 8. Coleta de urina para realização de exame de EAS (Elementos e Sedimen-tos Anormais) e cultura por cistocentese.

síNDROme De paNDORa

Embora os acrôminos “SUF”, “DTUIF”, “CI”, e “CIF” definam com precisão um distúrbio do trato urinário inferior em gatos, eles não representam a extensão dos problemas que acontecem em mui-tos animais sintomáticos. Desde 2011, o termo “Síndrome de Pandora” tem sido utilizado para definir gatos com sinais de doença do trato urinário inferior, mas com uma visão mais ampliada das possíveis causas desta disfunção urológica. Este termo parece apropriado por pelo menos duas razões. Primei-ro, porque não determina nenhuma causa ou órgão específico na presença dos sintomas e, em segun-do lugar, estimula a buscar e identificar possíveis causas com uma visão clínica generalista do gato1.

A Síndrome de Pandora tem como contexto a caixa de pandora, um mito grego de uma caixa que guardava todos os males do mundo no momento da criação da humanidade. Depois que ela é aberta, todos os males do mundo são liberados. É usado como uma metáfora comum para se referir a uma grande quantidade de males/problemas sem definição específica.

O desenvolvimento da Síndrome de Pandora está relacionado aos fatores de susceptibilidade e ambientais. Os animais se tornam susceptíveis do ponto de vista da evolução, herança genética parental, e presença de efeitos epigênicos. Um ambiente desafiador com eventos de estresse pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas pela ativação e expressão genética destes indivíduos1 (Figura 10).

O histórico completo e o exame físico detalhado, além de conhecer o ambiente do paciente no momento em que iniciou a apresentação clínica de sinais de doença do trato urinário inferior é impor-tante para avaliar o risco do gato desenvolver a Síndrome de Pandora. Informações de onde o gato foi adquirido, conhecer o ambiente em que o gato vive (estrutura física e prática de manejo), identificar se apresenta algum outro problema físico ou comportamental, histórico familiar e avaliar a presença de sinais referíveis a outros órgãos (pele, pulmão, Trato GI) fazem parte da anamnese deste paciente1,14. Existem três critérios clínicos, que sugerem o diagnóstico desta síndrome (Figura 11).

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Figura 10. Fatores atribuídos ao desenvolvimento da “Síndrome de Pandora”.

Figura 11. Organograma com os três fatores indispensáveis para o diagnóstico da Síndrome de Pandora.

SUSCEPTIBILIDADE

AMBI

ENTE

INFLUÊNCIASEVOLUTIVAS

PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA PARENTAL

EFEITOSEPIGÊNICOS

ESTRESSE

DESENVOLVIMENTO

CIF

TRATO GI

RECUPERAÇÃO

PELE

SIST. RESPIRATÓRIO

COMPORTAMENTO

SINAIS DE DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR

E EM OUTROS ÓRGÃOS

RESOLUÇÃO DOS SINAIS CLÍNICOS ASSOCIADO AO ENRIQUECIMENTO

AMBIENTAL

AUMENTO E DIMINUIÇÃODE SINAIS CLÍNICOS

ASSOCIADOS COM EVENTOS DE ESTRESSE

SÍNDROMEDE PANDORA

SUSCEPTIBILIDADE

AMBI

ENTE

INFLUÊNCIASEVOLUTIVAS

PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA PARENTAL

EFEITOSEPIGÊNICOS

ESTRESSE

DESENVOLVIMENTO

CIF

TRATO GI

RECUPERAÇÃO

PELE

SIST. RESPIRATÓRIO

COMPORTAMENTO

SINAIS DE DOENÇA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR

E EM OUTROS ÓRGÃOS

RESOLUÇÃO DOS SINAIS CLÍNICOS ASSOCIADO AO ENRIQUECIMENTO

AMBIENTAL

AUMENTO E DIMINUIÇÃODE SINAIS CLÍNICOS

ASSOCIADOS COM EVENTOS DE ESTRESSE

SÍNDROMEDE PANDORA

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maNejO ambIeNTal

O manejo e enriquecimento ambiental é o ponto chave para diminuir a hiperexcitação simpática, reduzir o estresse e prolongar o tempo entre os episódios de CIF. Isto é fundamental, principalmente para gatos confinados em ambiente interno, com objetivo de proporcionar ao gato um senso de controle sobre o ambiente e que se comporte de maneira apropriada para espécie8,11. O conhecimento dos cinco pilares para a manutenção de um ambiente saudável para os gatos é de extrema importância (Quadro 3), assim como definir as estratégias para prevenir e reduzir o estresse em gatos15,16.

É extremamente estressante para a espécie competir por estes recursos. Em residências com alta densidade populacional, essa competição pode ser ainda mais grave. Até mesmo a alimentação, a água e a caixa de areia não são geralmente administrados como deveriam porque muitos tutores não compreendem as particularidades da espécie.

As estratégias de enriquecimento ambiental para gatos de ambientes internos com CIF têm como objetivo aumentar a interação com tutor, minimizar conflitos, fornecer todo recurso necessário e realizar alterações de forma gradual. Os gatos preferem evitar outros em vez de se envolver em luta, de modo que um espaço suficiente tridimensional deve estar disponível em moradias com diversos deles. O uso de brinquedos, especialmente com alimentos, arranhadores, prateleiras e caixas fazem parte do enriquecimento ambiental. Pode ser necessário identificar gatos agressores com coleira que emita barulho e até mesmo a segregação parcial ou total destes gatos para que diminuam os conflitos.

TRaTameNTO

O tratamento da CIF tem como finalidade diminuir a gravidade e a frequência dos sinais clínicos e não a cura. Já que não há etiologia definida. É importante que o tutor compreenda a doença e realize as alterações recomendadas. A redução do estresse com enriquecimento e manejo ambiental, aumento da ingestão de água, cuidado com caixa de areia, alimentação e terapia medicamentosa são propostas para o tratamento.

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Recomenda-se aos tutores oferecer pelo menos uma caixa de areia a mais com relação ao número de gatos da moradia e elas não devem ser muito pequenas. Devem ser localizadas em uma área tranquila e de fácil acesso, serem limpas diariamente e lavadas semanalmente. É preferível areia sanitária inodora e formadora de “grumo”. Em moradias com diversos gatos, as fontes de alimento e água devem estar disponíveis de forma que permita cada gato comer e beber sozinho15,16.

Quadro 3. Pilares indispensáveis para manter um ambiente saudável para os felinos.

FeROmôNIO FaCIal FelINO

A terapia com feromônio sintético facial feli-no tem sido recomendada como método para diminuir sinais de estresse em gatos com CIF. Não há evidências que suportam o uso deste feromônio para manejo da CIF. Mas é possível que estes feromônios possam ajudar em alguns casos individuais de gatos com CIF8.

AMBIENTE SAUDÁVEL

PARA OS FELINOS

PILAR 01

PILAR 02

PILAR 03

PILAR 04

PILAR 05

Fornecer um local seguro.

Fornecer múltiplas e separadas fontes, comida, água, locais de vasilhas

brincar, descansar e dormir.

Oportunidade para brincar e ter comportamento predatório.

Interação social humano-gato positiva, consistente e previsível.

Ambiente que respeite a importância do sentido do olfato.

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. maNejO NUTRICIONal

AlimentAção úmidA

A ingestão de alimento úmido fornece o aumento da ingestão de água, e parece contribuir para redução da densidade urinária e sinais clínicos da CIF. Entretanto, outros fatores associados à alimentação úmida podem contribuir com a boa resposta obtida. A administração de alimentação úmida conta como enriquecimento ambiental e tem um impacto positivo no bem-estar do gato. Isto promove maior interação com o tutor no momento da administração do alimento e permite ao animal experimentar alimentos com uma nova textura e sabor. Mas é importante que a introdução do alimento úmido na rotina do animal seja gradativa para minimizar um possível estresse pela mudança8,11.

rAção terApêutiCA

Em alguns gatos com sinais de trato urinário inferior, pode ser desafiante distinguir entre a CIF, tampões uretrais e urólitos. Fatores nutricionais podem auxiliar na melhora clínica dos gatos com sinais de doença do trato urinário inferior, ajudar o manejo da CIF, tanto quanto no manejo das doenças causadas por cristais de estruvita (tampões uretrais e urolitíase). Estes fatores incluem o decréscimo da concentração de mediadores pró-inflamatórios e minerais cristalogênicos, decréscimo na retenção de cristais no trato urinário, aumento na concentração urinária de anti-inflamatório e mediadores de resolução e inibidores de cristalização. Os ácidos graxos de cadeia longa (ὠ 3), incluindo EPA e DHA, e antioxidantes tal como vitamina E, são potentes agentes anti-inflamatórios que estão presentes em rações terapêuticas para sistema urinário e auxiliam também no controle da CIF. Assim, considerar a recomendação de rações terapêuticas para manejo de cristais de estruvita, mesmo sem o diagnóstico deste, pode ser necessário e benéfico para o gatos com CIF. E isto se torna fundamental para aqueles gatos propensos à obstrução uretral8.

terApiA FArmACológiCA

O tratamento com GAG tem sido sugerido para gatos com CIF devido aos defeitos na camada de GAG que recobre o epitélio da bexiga poder estar envolvido na fisiopatogenia da doença. Atualmente, não há evidências suficientes para recomendar a terapia com GAG por via oral ou via subcutânea em gatos com CIF. Entretanto, é possível que a suplementação de GAG auxilie o tratamento da CIF com uma resposta individual dos gatos8,11,14.

A amitripitilina é um antidepressivo tricíclico com ação colinérgica, anti-histamínica, simpaticolítica, analgésica e anti-inflamatória que tem sido usada em gatos com CIF e mulheres com cistite intersticial.

o tratamento com este fármaco deve ser considerado quando falhar o tratamento de enriquecimento ambiental, aumento de ingestão de água, ração terapêutica. não há evidência que tenha efeito a curto prazo. portanto, o tratamento deve ser realizado por um longo período para resposta satisfatória11,14.

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Quadro 4. Estratégias para prevenir e reduzir o estresse em gatos.

Os analgésicos são extremamente necessários para o controle de dor em gatos com CIF. A combinação do uso da analgesia e tranquilizantes que apresentam propriedades que diminuem o tônus uretral, parece ser uma escolha adequada para o tratamento destes gatos. A tranquilização do gato reduz a atividade do sistema nervoso autônomo, o que é útil no tratamento da CIF, levando em consideração sua fisiopatogenia14. O uso de anti-inflamatório não esteroidal também é indicado, mas deve ser utilizado com cautela em pacientes desidratados8.

A terapia farmacológica, de uma forma geral, tem como objetivo minimizar e espassar a apre-sentação dos sinais clínicos. A terapêutica deve ser individual sempre, priorizando o bem-estar do gato (Quadro 4 e 5).

PROBLEMA RELACIONADOAO ESTRESSE

Reduzir o estresseno gato

Remover o estímulodo estresse

Criar uma área segura

Melhorar a manipulação do tutor

Melhorar o ambiente vasilhas sanitárias

comedoresfontes de água

TratamentoReduzir a ansiedade

Possível Não possível

Fármacospsicotrópicos

Feromônio facialsintético

Suplementos nutricionais

Aromaterapia

Iniciar processo de habituar

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Quadro 4. Estratégias para prevenir e reduzir o estresse em gatos.

fárMaCo Classe indiCaÇÃo dose efeitos adVersos

Butorfanol Opiáceo Analgesia 0,2 a 0,4/kg, VO/SC, a cada 8 a 12 horas Sedação

Buprenorfina Opiáceo Analgesia 0.01-0.02mg/kg, VO/SC, cada 8 a 12 horas Sedação

Tramadol Opiáceo Analgesia 1mg/kg, VO/SC, a cada 12 horas

Leve sedação, euforia (raramente)

Fentanil Opiáceo Analgesia 25µg/hora; adesivo transdérmico

Depressão respiratória, euforia (raramente),

bradicardia

Carprofeno AINES Analgesia Anti-inflamatório

4mg/kg, SC/IV, dose única Vômito

Cetoprofeno AINES Analgesia Anti-inflamatório

1-2mg/kg, VO/SC, a cada 24 horas

(3 a 5 dias)Vômito

Meloxican AINES Analgesia Anti-inflamatório

0,1mg/Kg, VO/SC, no primeiro dia, seguido

de 0,03mg/kg a cada 24 horas

(Tempo indefinido)

Vômito

Prazosina Antagonista alfa 1-adrenérgico

Antiespasmódico (musculatura lisa)

0,25 a 0,5mg/gato, VO, a cada 12 horas Sedação, hipotensão

Diazepam Benzodiazepina Antiespasmódico (musculatuta estriada)

2,5 a 5,0mg/gato, VO, a cada 8 horas

Sedação estimulação de apetite

Acepromazina FenotiazinaSedação,

Antiespasmódico (musculatuta lisa)

0,02 a 0,05mg/kg, SC a cada 6 a 8 horas

Vomito, diarreia, salivação, sedação,

hipotensão

Amitripitilina Antidepressivo tricíclico

CIF, Analgesia, anti-histamínico, anti-inflamatório

5 a 12,5mg/gato, VO, a cada 24 horas

Sedação, efeito anticolinérgico,

retenção urinária

Clomipramina Antidepressivo tricíclico

CIF, marcação de território

0,5mg/Kg, VO, a cada 24 horas

Sedação, efeito anticolinérgico

Buspirona Ansiolítico não benzodiazepínico

CIF, marcação de território, ansiedade

2.5 a 5mg/gato, VO a cada 12 horas

Raro: sedação, efeitos neurológicos

FluoxetinaInibidor seletivo

da recaptação da serotonina

CIF, marcação de território

1mg/kg, VO, a cada 24 horas –

GAG (glicosaminoglicano) – CIF 250mg/gato, VO,

a cada 24 horas –

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ReFeRÊNCIas bIblIOGRáFICas

1. Buffington, C. A. T.; Westropp, J. L.; Chew, D. J. From FUS to Pandora syndrome: where are we, how did we get here, and where to now? Journal of Feline medicine and surgery, v. 16, n. 5, p. 385-394, 2014.

2. Osbaldiston, G. W.; Taussing, R. A. Clinical report on 46 cases of feline urological syndrome. Veterinary medicine, small Animal Clinician, v. 65, n. 5, p. 461-468, 1970.

3. Osborne, C. A.; Jonhnston, G. R.; Polzin, D. J.; Kruger, J. M.; Poffengarger, E. M.; Bell, F. W.; Feeney, D. A.; Goyal, S.; Fletcher, T. F.; Newman, J. A.; Stevens, J. B.; McMenomy, M. F. Redefinition of the feline urologic syndrome: feline lower urinary tract disease with heterogeneous causes. the Veterinary Clinics of north America. small Animal practice. v. 14; n. 3, p. 409-438, 1984.

4. Buffington, C. A. T.; Chew, D. J.; Woodworth, B. E. Feline interstitial cystitis. Journal of the American Veterinary medical Association, v. 215, p. 682-687, 1999.

5. Reche JR, A.; Hagiwara, M. K. Semelhanças entre a doença idiopática do trato urinário inferior dos felinos e a cistite intersticial humana. Ciência rural, v. 34, n. 1, p. 315-321, 2004.

6. Buffington, C.A.T.; Chew, D. J. Presence of mast cells in submucosa and detrusor of cats with idiopathic lower urinary disease. Journal of Veterinary internal medicine, v. 7, n. 2, p. 126, 1993

7. Reche JR, A.; Hagiwara, M. K. Histopatologia e morfometria da bexiga de gatos com doença idiopática do trato urinário inferior (DITUI). Ciência rural, v. 31, n. 6, p. 1045-1049, 2001.

8. Forrester, S. D.; Towell, T. L. Feline idiopathic cystitis. the Veterinary Clinics of north America. small Animal practice, v. 45, n. 4, p. 783-806, 2015.

9. Buffington, C. A. Idiopathic cystitis in domestic cats--beyond the lower urinary tract. Journal of Veterinary internal medicine, v. 25, n. 4, p. 784-796, 2011.

10. RECHE JR, A.; BUFFINGTON, C.A.T. Increased tyrosine hydroxylase immunoreactivity in the locus coeruleus of cats with interstitial cystitis. the Journal of urology, v. 159, n. 3, p. 1045-1047, 1998.

11. Little, S. E. Distúrbios do Trato Urinário. In:______ . o gato: medicina interna. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016.p. 900-975.

12. Lulich, J.; Osborne, C.; Kruger, J. What constitutes a diagnosis of feline idiopathic cystitis? proceeding ACVim Forum 2010, p. 630-631.

13. Silke, H. Diagnostic imaging of lower urinary tract disease. the Veterinary Clinics of north America. small Animal practice, v. 45, n. 4, p. 639-663, 2015.

14. Chew, D.; Buffington, C. A. T. Pandora Syndrome: It’s More than Just the Bladder. American Association of Feline practitioners 2013 Conference. September 26-29, 2013. Dallas, Texas

15. Ellis, S. L.; Rodan, I.; Carney, H. C.; Heath, S.; Rochlitz, I.; Shearburn, L. D.; Sundahl, E.; Westropp, J. L. AAFP and ISFM feline environmental needs guidelines. Journal of Feline medicine and surgery, v. 15, n. 3, p. 219-230, 2013.

16. Amat, M.; Camps, T.; Manteca, X. Stress in owned cats: behavioural changes and welfare implications. Journal of Feline medicine and surgery, v. 18, n.8, p. 577 –586, 2016.

17. Gunew, M. N.; Menrath, V. H.; Marshall, R. D. Long-term safety, efficacy and palatability of oral meloxicam at 0.01 e 0.03mg/kg for treatment of osteoarthritic pain in cats. Journal of Feline medicine and surgery, v. 10, n. 3, p. 235-241, 2008.

18. Elisa Bortolami1, E.; Love, E. J. Practical use of opioids in cats: a state-of-the-art, evidence-based review. Journal of Feline medicine and surgery, v. 17, n. 4, p. 283 –311, 2015.

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INDICAÇÕES

n Anti-inflamatório e analgésico para cães e gatos.

APRESENTAÇÃO

n 0,2 mg, 0,5 mg e 2 mg: cartuchos com 10 comprimidos palatáveis e bissulcados.

n 0,2 mg, 0,5 mg e 2 mg: display com 5 blísteres contendo 10 comprimidos palatáveis e bissulcados.

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CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS

n eficácia comprovada no tratamento da dor e inflamação em cães e gatos.

n Apresentação exclusiva de 0,2 mg para gatos.

n Fácil administração: comprimidos palatáveis e bissulcados.

n Conveniência: além de palatável, pode ser administrado com a alimentação.

n segurança na dosificação: comprimidos bissulcados que garantem a dosificação com precisão.

POSOLOGIA

n Cães: 0,5 mg e 2 mg: 0,2 mg / kg / primeiro dia / VO / a cada 24 horas e 0,1 mg / kg / a partir do segundo dia / VO / a cada 24 horas / até 35 dias ou a critério do Médico Veterinário.

1º dia de tratamento 2º dia de tratamento em diante

Flamavet 0,5 mg 2 cp. / 5 kg 1 cp. / 5 kg

Flamavet 2 mg 1 cp. / 10 kg 1/2 cp. / 10 kg

1º dia de tratamento 2º dia de tratamento em diante

Flamavet 0,2 mg 1 cp. / 2 kg 1/2 cp. / 2 kg

n gatos: 0,2 mg: 0,1 mg / kg / primeiro dia / VO / a cada 24 horas e 0,05 mg / kg / a partir do segundo dia / VO / a cada 24 horas / até 21 dias ou a critério do Médico Veterinário.

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Cloridrato de Tramadol

INDICAÇÕES

Analgésico opioide indicado para o alívio da dor nos quadros agudos e crônicos e no protocolo pré e pós-cirúrgico de cães e gatos.

APRESENTAÇÕES

Cronidor Comprimidos

n 12 mg, 40 mg e 80 mg: cartuchos contendo 10 comprimidos palatáveis e bissulcados.

VENDA SOB PRESCRIÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO COM RETENÇÃO OBRIGATÓRIA DA NOTIFICAÇÃO DE RECEITA.

USO EXCLUSIVO EM CLÍNICAS VETERINÁRIAS.

Cronidor 2% (injetável)

Frasco ampola contendo 20mL.

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POSOLOGIA

Cronidor Comprimidos

n Cães e gatos: Cronidor 12 mg, 40 mg e 80 mg: 1 a 2 mg / kg / VO / a cada 6 - 8 horas ou a critério do Médico Veterinário.

Cronidor 2% (injetável)

n Cães: 1mL / 10kg / IM / a cada 6 horas / 4 dias ou a critério do Médico Veterinário.

n gatos: 1mL / 10kg / IM / a cada 8 horas / 4 dias ou a critério do Médico Veterinário.

CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS

n Analgesia comparada à morfina em doses equipotentes.

n potencializa o efeito analgésico dos anti-inflamatórios.

n Fácil administração: comprimidos palatáveis e bissulcados.

n segurança na dosificação: comprimidos bissulcados que garantem a dosificação com precisão.

n proporciona melhora na qualidade de recuperação dos pacientes.

n Apresentação injetável conveniente na rotina clínica: com concentração adequada até mesmo para animais pequenos.

Cronidor 12 mg 1 mg / kg 2 mg / kg3 kg ¼ cp ½ cp

6 kg ½ cp 1 cp

12 kg 1 cp 2 cp

tabela de doses

*Doses aproximadas

Cronidor 40 mg 1 mg / kg 2 mg / kg5 kg –– ¼ cp

10 kg ¼ cp ½ cp

20 kg ½ cp 1 cp

30 kg ¾ cp 1 ½ cp

40 kg 1 cp 2 cp

Cronidor 80 mg 1 mg / kg 2 mg / kg10 kg –– ¼ cp

20 kg ¼ cp ½ cp

30 kg ½ cp* ¾ cp

40 kg ½ cp 1 cp

50 kg ¾ cp* 1 ¼ cp

60 kg ¾ cp 1 ½ cp

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INDICAÇÕES

Anti-inflamatório, analgésico e antitérmico para cães e gatos.

APRESENTAÇÕES

5 mg e 20 mg: cartuchos com 10 comprimidos palatáveis e bissulcados.

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POSOLOGIA E MODO DE USAR

5 mg: 1 cp. / 5 kg / VO / a cada 24 horas / 3 a 5 dias ou a critério do Médico Veterinário.

20 mg: 1 cp. / 20 kg / VO / a cada 24 horas / 3 a 5 dias ou a critério do Médico Veterinário.

CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS

n Rápida ação: início de ação em aproximadamente 1 hora após a administração, promovendo analgesia e redução do edema (inibe bradicininas).

n Fácil administração: comprimidos palatáveis e bissulcados.

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INDICAÇÕES

Suplemento alimentar que contém glicosaminoglicanos, extrato de Yucca e minerais, indicado como auxiliar na melhora das condições nutricionais e na suplementação de animais com intensa atividade física. Os glicosaminoglicanos, condroitina e glicosamina, são precursores fundamentais na estruturação e fortalecimento das articulações.

n Animais com Osteoartroses (Doença Articular Degenerativa – DAD).n Animais de competições e esportistas.n Após cirurgias ortopédicas.n Após lesões ortopédicas (articulares).n Animais obesos.n Animais idosos.

APRESENTAÇÕES

proCArt: Frasco com 60 comprimidos palatáveis e sulcados.

proCArt 25: Frasco com 60 comprimidos palatáveis e sulcados.

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POSOLOGIA

proCArt: 1 cp / 10 kg / 4 a 6 semanas ou a critério do Médico Veterinário.

proCArt 25: 1 cp. / 25 kg / 4 a 6 semanas ou a critério do Médico Veterinário.

CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS

extrato de Yucca:

n Possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, diminuindo assim a dor.

Condroitina + glicosamina:

n Aumenta a produção de proteoglicanos e colágeno.

n Auxilia no reparo da lesão da cartilagem.

n Inibe a ação das enzimas que prejudicam a cartilagem e acelera a reparação e remodelação.

n Protege, alimenta e estimula os condrócitos (células jovens da cartilagem).

n Diminui a inflamação e a dor articular, promovendo o bem-estar de cães e gatos com doença articular degenerativa.

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Vitaminas / Aminoácidos / lecitina de soja / extrato de malte

INDICAÇÕES

Suplemento alimentar para gatos que favorece a eliminação das bolas de pelo naturalmente, através das fezes.

APRESENTAÇÃO

Bisnaga contendo 70 g

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POSOLOGIA E MODO DE USAR

Administrar 2 cm de Ball Free uma vez ao dia, durante 15 dias diretamente na boca do gato ou sobre suas patas dianteiras. Após esse período, administrar 2 cm uma vez por semana regularmente.

 

CARACTERÍSTICAS E BENEFÍCIOS

n O extrato de malte e a lecitina de soja favorecem a eliminação de bolas de pelos naturalmente através das fezes.

n Fácil administração: sabor agradável e atrativo aos gatos.

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Material dirigido direto e unicamente a profissionais médicos veterinários e equipe de vendas.