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TELMO ALBERTO FLORES EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA O FORTALECIMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO E SEUS EFEITOS SOBRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA CANOAS, 2007

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TELMO ALBERTO FLORES

EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA O FORTALECIMENTO DO ASSOALHO PÉLVICOE SEUS EFEITOS SOBRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA

CANOAS, 2007

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TELMO ALBERTO FLORES

EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA O FORTALECIMENTO DO ASSOALHOPÉLVICO E SEUS EFEITOS SOBRE A INCONTINÊNCIA URINÁRIA

Trabalho de conclusão apresentado para abanca examinadora do curso de EducaçãoFísica do Centro Universitário La Salle, comoexigência para obtenção do grau LicenciadoPleno em Educação Física, sob orientação daProf. Mestre Rosilene Moraes Diehl.

CANOAS, 2007

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RESUMO

O objetivo principal deste estudo foi avaliar o efeito dos exercícios para ofortalecimento do assoalho pélvico na incontinência urinária. O protocolo requeriaa utilização dos exercícios de Kegel associados a outros de correção posturalespecífica da bacia e exercícios respiratórios. Este trabalho apresenta de formasistemática os principais conhecimentos sobre a incontinência urinária, suaetiologia, fisiologia, anatomia do assoalho pélvico, efeitos da respiração e postura,tratamentos e de que forma o professor de educação física pode contribuir para arecuperação e prevenção de pessoas que sofrem com esta patologia. Utilizandoliteratura científica especializada, estão relacionados e sistematizados exercíciospertinentes e adequados a mulheres (e também a homens) com incontinênciaurinária de esforço, bexiga hiperativa e urge-incontinência. A eficácia do métodona redução das perdas de urina foi avaliada através de exame ginecológico eurológico, mais a aplicação do KHQ (King’s Health Questionnaire) no início e apósos vinte e seis encontros. Os exercícios perineais supervisionados foram aplicadosem um grupo de 12 mulheres incontinentes. Os resultados apontaram paramelhora significativa em 100% das participantes.Palavras chave: Incontinência urinária de esforço. Exercícios pélvicos. Educaçãofísica.

ABSTRACT

The main aim of this study was to evaluate the effect of the exercices to fortify thepelvic floor in the urine incontinence. The protocol requested the Kegel's exercicesutilisation, associated to many others of pelvis' specific posture correction andrespiratory exercices. This labour shows, from a systematic shape, the principalknowledges about the urine incontinence and its aetiology, physiology, anatomy ofpelvic floor, breath effects and posture effects, treatments and how the physicaleducation professor can contribute for the recovery and prevention of people thatsuffer with this ailment. With the utilization of specialized scientific literature,obstinate exercises are linked and systematized, and are also fitted to women (andmen too) with effort urine incontinence, hyperactive bladder and urgency-incontinence. The method's efficacy in the reduction of the loss of urine was ratedthrough a gynecologic and urologic exam, plus the KHQ's (King's HealthQuestionaire) application in the origin and after the twenty-six encounters. Thesupervisioned perineal exercices were applied to a incontinent 12-women group.The results marked to a significative improvement in 100% of the members.Keywords: Effort Urine Incontinence. Pelvic Exercices. Physical Education.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Esquema demonstrando a correlação anatômica entre os elementos de

tecido conjuntivo e órgãos pélvicos femininos...................................................... 12

Figura 2 - Desenho esquemático demonstrando as camadas musculares do

assoalho pélvico................................................................................................... 13

Figura 3 – Jogo de pressões entre tórax e abdome............................................. 16

Figura 4 - Prevalência de I.U. em mulheres de acordo com dados coletados em

dezessete estudos epidemiológicos (perda urinária pelo menos uma vez por

semana)..................................................................................................................23

Figura 5 - Gráfico Percepção geral da saúde.........................................................32

Figura 6 – Impacto da incontinência.......................................................................33

Figura 7 – Limitações de atividades diárias............................................................33

Figura 8 – Limitações físicas..................................................................................34

Figura 9 – Limitações sociais..................................................................................35

Figura 10 – Relações pessoais...............................................................................36

Figura 11 – Emoções - ...........................................................................................37

Figura 12 – Sono e disposição - ............................................................................38

Figura 13 – Medidas de gravidade - ......................................................................39

Figura 14 – Escala de sintomas..............................................................................40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 07

1.1 Objetivos ...................................................................................................... 08

1.1.1 Geral............................................................................................................ 08

1.1.2 Específicos...................................................................................................08

1.1.2.1 Identificar a percepção de mulheres sobre a resposta aos exercícios de

kegel combinados com exercícios posturais e de respiração.................................08

1.1.2.2 Os efeitos no fortalecimento do assoalho pélvico e reflexo miccional........08

1.1.2.3 A percepção de mulheres da I.U. na qualidade de vida de acordo com o

KHQ........................................................................................................................08

1.2 Justificativa................................................................................................................08

1.3 Definição De Termos.................................................................................... 09

1.4 Delimitação De Investigação ....................................................................... 10

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 11

2.1 Anatomia Do Assoalho Pélvico.....................................................................11

2.2 Função Das Estruturas Anatómicas Do Ap ............................................... 11

2.3 Estruturas Musculares................................................................................. 12

2.4 Descrição Do Trato Urinário Inferior .......................................................... 13

2.5 Fisiologia Da Micção .................................................................................... 14

2.6 Influência Da Respiração Na I. U................................................................. 15

2.7 Classificação Da I.U. Feminina.................................................................... 16

2.8 Fisiologia Da Incontinência ......................................................................... 18

2.9 Sintomas ....................................................................................................... 19

2.10 Efeitos Sobre A Qualidade De Vida .......................................................... 19

2.11 Causas Da Incontinência Urinária ............................................................ 20

2.12 Epidemiologia Da I. U. Feminina ............................................................... 21

2.12.1. No Brasil................................................................................................... 21

2.12.2. No Mundo................................................................................................. 22

2.13 Diagnóstico Da Incontinência Urinária..................................................... 23

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2.14 Métodos De Tratamento E Reabilitação Da I. U. ...................................... 23

2.15 Manutenção Dos Resultados Na Reabilitação Do A. P. .......................... 24

2.16 Trabalho Abdominal................................................................................... 25

2.17 Profilaxia Da Incontinência Urinária ......................................................... 26

3 METODOLOGIA ............................................................................................... 27

3.1 Tipo De Pesquisa ......................................................................................... 27

3.2 População e Amostra................................................................................... 27

3.3 Procedimento ............................................................................................... 28

3.4 Instrumentos e materiais ............................................................................. 28

3.5 Operação das variáveis ............................................................................... 28

3.6 Execução dos Exercícios ............................................................................ 31

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................... 31

4.1 K H Q ............................................................................................................. 31

4.2 Tratamento De Dados .................................................................................. 32

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 41

5.1 Combinação da contração perineal e respiração ...................................... 42

5.2 Trabalho abdominal. Condicionantes e recomendações ......................... 43

5.3 Conclusão Final............................................................................................ 43

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 45

ANEXO A – Portaria 1395/GM – Política de Saúde do idoso................................49

ANEXO B – Política Nacional de saúde do idoso................................................. 50

ANEXO C – ICIQ-SF em português.......................................................................79

ANEXO D – King’s Health Questionnaire ............................................................ 80

ANEXO E – Gráficos de Escala X Escores do KHQ ............................................ 83

ANEXO F - Pontuação e cálculo do "RAW SCALE" (0 - 100)...............................86

ANEXO G – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................89

ANEXO H - Exercícios de Propriocepção e de Kegel......................................... 90

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1 INTRODUÇÃO

A Incontinência Urinária (I.U.) é uma condição multicausal que afeta

elevado número de pessoas, em todas as faixas etárias. É mais comum nas

mulheres pelos motivos mais adiante detalhados.

A deteriorização das diferentes estruturas ligamentares e musculares que

compõem o assoalho pélvico pode ocasionar elevado índice de incontinência

urinária.

Não é apenas em pessoas idosas que se verifica o problema. Mesmo em

atletas nulíparas existem relatos no estudo da epidemiologia que comprovam

índices de abandono do esporte pelo fato de não se dar o adequado

condicionamento físico.

Amaro et al (2005) descreve que estudos epidemiológicos demonstram

altas taxas de prevalência no mundo todo. Consequentemente a I.U. é

considerada problema de saúde pública.

De acordo com a Sociedade Internacional de Continência, a incontinência

urinária é a perda involuntária de urina através da uretra objetivamente

demonstrável e que se produz em um lugar inadequado, acarretando problemas

sociais e higiênicos (JUNIOR, 1988).

A presente pesquisa aponta para uma direção bastante promissora para os

profissionais da educação física. Existe grande possibilidade de se trabalhar

preventiva e corretivamente contribuindo para a melhora da qualidade de vida das

pessoa.

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1.1 Objetivos

1.1.1. Geral

Esta pesquisa tem como objetivo, verificar a percepção de mulheres sobre os

efeitos dos exercícios físicos para o fortalecimento do assoalho pélvico nos vários

tipos de incontinência urinária.

1.1.2 Específicos

1.1.2.1 Identificar a percepção de mulheres sobre a resposta aos exercícios de

kegel combinados com exercícios posturais e de respiração.

1.1.2.2 Os efeitos no fortalecimento do assoalho pélvico e reflexo miccional.

1.1.2.3 A percepção de mulheres da I.U. na qualidade de vida de acordo com o

KHQ.

1.2 Justificativa

A partir do ano de 2000 realizava um trabalho de ginástica para idosos com os

participantes da “Associação Viva a Vida”, pertencente ao Grupo Hospitalar

Conceição.

A médica responsável, Dra. Cristina Lemos me sugeriu que havia entre as

idosas uma alta incidência de incontinência urinária. Perguntou-me se eu tinha

interesse em pesquisar e ver se havia alguma ginástica para amenizar esse

problema.

Pesquisando a respeito, descobri farta bibliografia tratando desta

particularidade em todo o mundo. Vimos que existem várias formas de tratar a

incontinência urinária, desde cirurgia, fisioterapia, utilização de aparelhos,

medicamentos e “ginástica”.

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Pelos trabalhos científicos encontrados pude perceber que não havia nenhum

que fizesse exclusivamente a pesquisa com exercícios físicos, sem estar

combinados com outras técnicas.

Assim surgiu nossa proposta. Realizar um trabalho de exercícios físicos para o

fortalecimento do assoalho pélvico e seus efeitos sobre a incontinência urinária.

1.3 Definição dos termos - Abreviaturas

Aponevrose ou aponeurose – membrana fibrosa de tecido conjuntivo que envolve

os músculos, terminando, em certos casos, em tendão.

Cistocele – hérnia da bexiga

Climatério – menopausa

Endopélvica – interior da pelve

Epidemiologia - Estudo da distribuição e dos fatores determinantes de uma

Episiotomia – corte para facilitar a passagem do feto na hora do parto

Etiologia - estudo da origem das coisas

Fáscias – membrana de tecido conjuntivo que reveste músculos e órgãos.

Hipoestrogenismo – diminuição da produção de estrogênio

Idiopática (desconhecida).

Nulíparas – que nunca teve filhos

Nutação – oscilação

Obstipação – constipação renitente

Patogenia Estudo dos mecanismos por que se desenvolvem as moléstias;

Prolapso – queda ou deslocamento de um órgão de seu lugar anatômico

Repleção – estado de repleto

Se flete – se dobra

Vesical – relativo à bexiga

• Abreviaturas

IU – Incontinência Urinária

SIC – Sociedade Internacional de Continência

KHQ – King’s Health Questionnaire

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SSC – Serviço de Saúde Comunitária

GHC – Grupo Hospitalar Conceição

AP – Assoalho Pélvico

IUE – Incontinência urinária de esforço

AVC – acidente vascular cerebral

HC – Hospital Conceição

1.4 Delimitação de Investigação

Dentre as pessoas cadastradas no Serviço de Saúde Comunitária (SSC) do

Grupo Hospitalar Conceição (GHC), foram selecionadas 12 mulheres, pacientes

desse serviço, que apresentavam incontinência nos diversos graus, algumas

também apresentando prolapsos genitais. Foi feito exame pélvico e exame de

urina para detectar problemas de infecção e, nas que apresentaram problemas,

foram tratadas antes do início dos exercícios. Durante o exame ginecológico,

foram orientadas a fazer a manobra de valsava para constatar se havia ou não

perda de urina e prolapso genital.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Anatomia do Assoalho Pélvico (A.P.)

Fazem parte da anatomia pélvica o conjunto de ossos, músculos, fáscias e

ligamentos que formam o assoalho pélvico. Somados a estas estruturas temos os

órgãos tais como a bexiga, vagina, útero e reto. Estes órgãos, trabalhando em

perfeito sincronismo, determinam a função normal do assoalho pélvico (AMARO et

al, 2005).

2.2 Função das Estruturas Anatômicas do A.P. Formadas Por Tecido

Conjuntivo

Os ossos e o tecido conjuntivo são as principais estruturas constituintes de

pelve. O tecido conjuntivo é formado pelos ligamentos e fáscias.

A fáscia é um conjunto de tecido conjuntivo que representa praticamente 70%

dos tecidos humanos. Neste conjunto membranoso tudo no corpo humano está

ligado, tudo se encontra em continuidade. A menor tensão, seja ela ativa ou

passiva, repercute sobre todo um conjunto. Todas as peças anatômicas, portanto

estão mecanicamente solidárias uma às outras, em todos os campos da fisiologia

(BIENFAIT, 2000). Portanto, a fáscia desempenha o papel de dar suporte e uma

certa proteção aos órgãos.

Os ligamentos têm como função oferecer pontos de suspensão e ancoragem

onde os músculos estão inseridos.

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Tanto as fáscias como os ligamentos evidenciam a presença de nervos,

musculatura lisa e vasos sanguíneos. Como apresentam contratilidade,

desempenham um papel ativo na estabilidade do A.P. (AMARO et al, 2005).

Os principais ligamentos do AP são: ligamento uretral externo (LUE), localizado

anteriormente à membrana perineal; ligamento pubo-uretral (LPU), que se localiza

acima da membrana perineal; o arco tendíneo da fáscia pélvica (ATFP); o

ligamento cardinal e uterossacro (Fig.1).

Figura 1 – Esquema demonstrando a correlação anatômica entre os elementos detecido conjuntivo e órgãos pélvicos femininosFonte: Amaro et al, 2005, p. 21

2.3 Estruturas Musculares

Segundo Bienfait (2000) A fisiologia descreve dois tipos de fibras musculares:

na estática, de contração lenta e permanente, destinada à manutenção da

postura, e na dinâmica, de contração rápida e intermitente, destinada ao

movimento propriamente dito.

Os músculos do A.P. formam três camadas: superior, média e inferior (AMARO

et al, 2005)). A camada superior consiste da porção anterior do músculo elevador

do ânus, a camada média consiste do músculo longitudinal do ânus e a camada

inferior é constituída dos músculos localizados junto à membrana perineal e

esfíncter anal, mais os músculos bulbocavernoso, isquiocavernoso e músculos

transversos superficial e profundo do períneo (fig. 2).

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Figura 2 – Desenho esquemático demonstrando as camadas musculares doassoalho pélvico.Fonte: Amaro et al, 2005, p. 22

A camada muscular superior faz a movimentação dos órgãos pélvicos para

frente e para trás. Tem dupla função: sustentação dos órgãos e abertura ou

fechamento da uretra, vagina e ânus.

Na camada média, tem o músculo longitudinal do ânus orientado na posição

vertical, possibilitando a criação de vetor de força inferior facilitando o fechamento

do colo vesical durante o esforço e mantendo-o aberto durante a micção.

A camada inferior é a camada chamada de ancoragem. Oferece estabilidade às

porções distais da uretra, vagina e ânus.

2.4 Descrição do Trato Urinário Inferior

A Bexiga é uma bolsa de tecido muscular situada posteriormente à sínfise

púbica e que funciona como reservatório de urina. É composta basicamente pelo

músculo detrusor que tem suas fibras distribuídas de modo a facilitar a execução

do enchimento e esvaziamento vesical (SACREMENTO; CASTRO, 2000).

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A uretra é um tubo intermediário de comunicação da bexiga com o meio

exterior. Apresenta importante papel na continência urinária.

O sistema de suspensão é composto principalmente pela fáscia endopélvica

que se continua lateralmente com a fáscia púbica do arco tendíneo. Trata-se de

um componente de tecido conjuntivo denso, fibroso, que circula a vagina e se fixa

ao púbis e posteriormente à espinha isquiática dorsal, sustentando a uretra sobre

a parede vaginal anterior .

2.5 Fisiologia da micção

O ato miccional apesar de aparentemente simples envolve a interação de

estruturas complexas como o SNC, SNP e estruturas do trato urinário.

A função vesical acontece em duas fases, conforme descritas por Guyton e

Hall (2002), ou seja, Fase de Armazenamento ou Enchimento e Fase de

Esvaziamento.

A primeira fase ocorre quando a bexiga consegue acumular quantidades

crescentes de urina em seu interior ocasionando um aumento gradativo de

pressão interna da urina contra as paredes. Nesta fase esfíncteres urinários

permanecem contraídos, estabelecendo uma pressão intra-uretral maior que a

pressão vesical.

Nessa fase o músculo detrusor está em repouso, o que permite que isso

aconteça. Essa fase é produzida pela estimulação simpática dos receptores beta

adrenérgicos dentro da parede vesical, causando relaxamento do detrusor. Ao

mesmo tempo a atividade nervosa simpática inibe a atividade parassimpática,

promovendo mais ainda, um estado de relaxamento. O relaxamento do detrusor

durante a fase de enchimento é o componente-chave para a fase de acomodação

vesical. A estimulação simpática de receptores alfa adrenérgicos presentes no

colo vesical e uretra proximal causa a constrição, com conseqüente aumento da

pressão uretral.

O esfíncter externo e os músculos elevadores do ânus servem como

suporte para os mecanismos de continência, embora em permanente estado de

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contração podem contrair-se ainda mais para impedir a perda de urina sob

condições de stress, são inervados pelo plexos sacrais e nervos pudendos.

Uma vez que a bexiga atinja sua capacidade máxima (350 - 650 ml), os

receptores do interior do músculo detrusor emitem sinais aos centros corticais do

cérebro para se iniciar a fase de esvaziamento.

Para iniciar o processo da micção é necessário que o córtex reconheça a

repleção vesical (desejo miccional) e decida a melhor hora e momento para

desencadear o esvaziamento da bexiga.

A Fase de Esvaziamento acontece com a estimulação da contração do

detrusor associada ao relaxamento esfincteriano e dos músculos elevadores do

ânus, permitindo que a bexiga elimine seu conteúdo através de uma inversão

desse gradiente de pressão, enquanto o córtex inibe o relaxamento simpático da

bexiga. A uretra se encurta o que diminui a resistência do fluxo. A bexiga libera

seu conteúdo sob controle voluntário dependendo diretamente de uma atividade

coordenada da uretra e do músculo detrusor.

A ativação dos receptores colinérgicos parassimpático no músculo detrusor

estimula a sua contração e a micção começa.

De acordo com Wei, Raz e Yong (1999), para que a continência urinária

seja mantida é necessário que a bexiga seja complacente, sendo capaz de conter

várias centenas de mililitros de volume, a uretra deve estar preservada e em

posição anatomicamente normal; a inervação deve estar intacta, pois é

fundamental para integridade dos esfíncteres.

2.6 Influência da Respiração na Continência Urinária

O diafragma, fazendo a separação entre as duas cavidades, torácicas e

abdominais, é uma estrutura central em ligação aponevrótica com as estruturas

vizinhas, uma cúpula que recebe e irradia, prolongando-se nas duas cavidades.

A aponevrose do diafragma está em perfeita continuidade com as

aponeuroses do transverso do abdome, quadrados lombares e dos psoas-ilíacos

(CAMPIGNION, 1998).

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Daí a constatação da influência das fáscias na postura e consequentemente

na respiração que, por sua vez, influi em todo o metabolismo, inclusive na

continência urinária

Figura 3 – Jogo das pressões entre tórax e abdomeFonte: Campignion, 1998

No inspirar, o cóccix se endireita em extensão, ao mesmo tempo em que o

sacro se verticaliza (a).

No expirar, o cóccix se flete, enquanto que o sacro se horizontaliza (b)

2.7 Classificação da Incontinência Urinária Feminina

Para que seja classificada como incontinência urinária é necessário que

seja involuntária e objetivamente demonstrável, acontecendo em lugar

inadequado, ocasionando problemas sociais e higiênicos (TANAGHO, 1994).

Quadro 1. Classificação sintomática e urodinâmica1 – Incontinência de esforço (IUE)2 – Incontinência por urgência miccional3 – Incontinência mista (esforço e urgência)4 – Incontinência com sintomas associados de dificuldademiccional

Fonte: Amaro et al, 2005

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A incontinência urinária de esforço ocorre com grande freqüência,

especialmente no sexo feminino, quer pelas diferenças anatômicas em relação ao

sexo masculino, quer pelas alterações hormonais, os traumas relacionados às

gestações e partos que ocasionam deslocamento e enfraquecimento dos

músculos do períneo.

A incontinência urinária de esforço é queixa notadamente comum entre

meninas, mulheres nulíparas e também entre idosas (RIBEIRO; ROSSI, 2002).

O fator determinante da IUE é a alteração da diferença de pressão entre a

bexiga e a uretra. Essa mudança ocorre por falha no mecanismo esfincteriano

extrínseco ou intrínseco da uretra. Também por um dessincronismo no reflexo

miccional, que pode ter causas neuronais ou anatômicas. Assim, a IUE pode ser

decorrente de hipermobilidade do colo vesical e/ou insuficiência esfincteriana.

A International Continence Society, define a incontinência urinária de

esforço como "queixa de perda involuntária no esforço ou exercício, espirro ou

tosse" (ABRAMS et al., 2003).

Dentro da classificação de incontinência urinária de esforço, também

classificada como incontinência de stress, estão incluídos os problemas que

afetam atletas provocada pelo stress do esforço exigido em alguns esportes, tais

como saltos e musculação, por exemplo.

Incontinência de urgência miccional ou urge-incontinência corresponde a

um forte desejo de urinar, quer a bexiga esteja cheia ou não.

Dentro da classificação de urgência urinária temos a Polaquiúria: urinar

mais do que uma vez num período de 2 horas ou mais de 7 vezes por dia;

Noctúria: necessidade de se levantar para urinar pelo menos 2 vezes durante o

sono;

A urge-incontinência pode ocorrer por hiperatividade do detrusor da bexiga

na fase de enchimento. Também pode acontecer na presença de doenças

neurológicas, como por exemplo: AVC e Mal de Parkinson.

Já incontinência uretral: que pode ser desencadeada por dois mecanismos

básicos: ou pela falta de sustentação da bexiga e uretra pelos ligamentos e

músculos do assoalho pélvico, o que permite a uma mobilidade acentuada da

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uretra aos esforços físicos . Em segundo lugar temos também a perda de urina

relacionada à deficiência intrínseca do esfíncter da uretra.

Incontinência Urinária Mista, quando se somam os sintomas da IUE e da

Incontinência de Urgência.

A incontinência com sintomas associados de dificuldade miccional pode

ocorrer também na presença de certas doenças neurológicas, por exemplo:

derrames cerebrais, Mal de Parkinson, que leva à uma hiperreflexia do detrusor

(músculo da bexiga)

2.8 Fisiologia da Incontinência

Do ponto de vista fisiológico a IUE é o resultado da elevação da pressão no

interior da bexiga (pressão intravesical) em relação à pressão máxima no interior

da uretra (pressão intrauretral), em atividades como o espirro, a tosse, o salto ou o

levantar de pesos. Assim, o relaxamento da bexiga ao reduzir a pressão

intravesical é tido como um fator de contenção da urina. A lassidão das fibras

elásticas que formam as paredes da uretra, pelo contrário, ao produzirem a

diminuição da pressão intrauretral é apontado como causa de incontinência.

O mecanismo de contenção urinária pode ser perturbado por vários fatores,

geralmente associado à fraqueza da musculatura pélvica. O mecanismo de

continência urinária é perturbado pelo aumento intenso e brusco da pressão intra-

abdominal. ao elevar a pressão intravesical. Na realidade se a pressão abdominal

se transmitisse de forma homogênea e idêntica tanto para a uretra como para a

bexiga, a relação entre as duas pressões continuaria a manter-se não sendo

induzida qualquer força no sentido da expulsão da urina do interior da bexiga.

Contudo, a pressão intravesical tende a elevar-se sem o equivalente aumento da

pressão intrauretral. A explicação para este fenômeno está associada ao

mecanismo de controlo da micção, o qual condiciona o relaxamento dos músculos

do períneo e a conseqüente diminuição da pressão intrauretral, no momento em

que a contração dos músculos abdominais assegura o aumento da pressão

intraabdominal e da pressão intravesical. O aumento da pressão intrauretral pode

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ser conseguido pressionando a uretra contra a sínfise púbica através da contração

dos músculos do períneo (WOLIN, 1969).

2.9 Sintomas

O principal sintoma da incontinência urinária é, como seria de esperar, a

perda de urina, que pode ser freqüente e abundante, ou pequena e relativamente

rara.

Mas, para uma mulher ativa ou para uma mulher que perde uma grande

quantidade de urina de cada vez, mesmo um episódio por semana é demasiado.

O hipoestrogenismo provoca diversos sintomas urogenitais , tais como

secura vaginal, dor ao coito, prurido vulvar, corrimento, dificuldades de

esvaziamento vesical, urgência e aumento de freqüência miccional, (noctúria,

disúria) e, em especial, perda urinária (VERSI, 1993)

2.10 Efeitos Sobre a Qualidade de Vida

São muitos os prejuízos observados a começar pelas atividades

profissionais. Também nas relações sociais, familiares. A atividade sexual das

mulheres incontinentes fica diminuída, quando não acaba de vez (PALMA;

RICCETTO, 1999). Existem relatos de traumas psicológicos relacionados à

Incontinência Urinária, levando a sentimentos de humilhação, ansiedade, solidão e

culpa. Essas mulheres cultivam o medo de serem ridicularizadas e consideradas

velhas e inúteis (SIMONETTI et al., 2001). Além disso, Leme (1996) verificou um

aumento significativo na incidência de depressão, grande freqüência de sintomas

de histeria e hipocondria.

No caso de mulheres idosas essa situação torna-se ainda existem outros

agravantes decorrentes do evidente declínio fisiológico do processo de

envelhecimento.

Como conseqüência das limitações físicas e psicológicas impostas pela

incontinência urinária, essas mulheres alteram sua rotina diária, alteram seu

comportamento no que diz respeito à ingestão de líquidos e uso de

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medicamentos, o sono passa a ser perturbado, deixam de freqüentar bailes,

cinemas, festas, evitam transportes coletivos e viagens longas. O convívio social

deixa de ser prazeroso e passa a se caracterizar como algo tímido e

desconfortante (SIMONETTI et al., 2001).

Outro fato que se verifica é o abandono das atividades físicas e esportivas

pelas mulheres frente à primeira perda de urina na realização de um exercício

(PASCHOAL, 2002).

2.11 Causas da Incontinência Urinária

Uma gama variada de doenças pode causar a IU. Desde uma patologia

neurológica ao defeito congênito, passando pela incontinência acarretada pela

fraqueza muscular do assoalho pélvico e a de causa idiopática (desconhecida).

Dentre os fatores de risco identificados em pesquisas epidemiológicas

sobre IU, podemos citar para o caso das mulheres as situações como gravidez,

cirurgias abdominais, cirurgias pélvicas, acidente vascular cerebral, traumas,

tumores medulares, doença de Parkinson, esclerose múltipla, diabetes, obesidade

entre outros (GUARISI et al, 2001; GALLO, M.L. et al. 1997).

Dentre as causas citadas na bibliografia, podemos citar as principais:

Falta de suporte muscular.

Obesidade,

Gravidez e parto (peso do bebê e anexos, episiotomia),

Respiração e postura,

Infecções urinárias,

Álcool, cafeína, tabagismo,

Medicamentos,

Psicológicas,

Alterações no climatério.

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2.12 Epidemiologia da Incontinência Urinária Feminina

Os dados estatísticos são muito variados, dependendo do país e da linha

de abrangência da pesquisa. A seguir apresentamos apenas algumas fontes para

fornecer uma base de entendimento do grau de importância que é a IU no mundo.

2.12.1 No Brasil

É uma afecção bastante freqüente e que é muito mais comum nas

mulheres: estima-se que cerca de 10-25% das mulheres com idade inferior a 65

anos e 15-30% das mulheres com idade superior a 60 anos, que não estejam em

lares de 3ª idade, tenham incontinência urinária, valor este que aumenta para mais

de 50% no caso de residirem nesses lares (ARS DO CENTRO, 20030).

Tabela 1: Prevalência de incontinência urinária de acordo com a faixa etária

em 1.606 mulheres brasileiras.

Fonte: Amaro et al, 2005

Guarisi et al (2001), em pesquisa populacional domiciliar realizada no

município de Campinas, observaram que cerca de 35% das mulheres climatéricas

apresentavam queixa de incontinência urinária de esforço.

22

2.12.2 No mundo

A literatura mostra que mais de 50% de todas as mulheres do mundo

sofrem de incontinência urinária, numa faixa etária que vai dos 20 anos em diante.

A incontinência urinária é uma via potencial de infecção do trato geniturinário; um

verdadeiro caminho aberto para infecções (SAÚDE DA MULHER).

Estima-se que existam mais de 30 milhões de mulheres incontinentes só

nos EUA (ABC DA SAÚDE, 2006).

Em estudo epidemiológico realizado nos Estados Unidos, Diokno et al

(1986) observaram prevalência de 37,7% de incontinência urinária em mulheres

com mais de 60 anos.

Nos Estados Unidos o custo estimado com a IU é em torno de 8 a 10

bilhões de dólares por ano. Também lá, o impacto social, psicológico e econômico

é extremamente grande (MOHR et al, 1983).

De acordo com levantamento do governo americano, em 1996, havia cerca

de 13 milhões de pessoas portadoras de IU, das quais 11 milhões eram mulheres

(D’ANCONA, 2007).

Muitos atletas, também afetados pelo problema da IU acabam

abandonando a prática de esportes. Segundo autores escandinavos referidos por

Grosse e Sengler (2001), 10% abandonam a natação, 40% corridas e ginástica e

20% abandonam todas as atividades e as demais privilegiam esportes que não

exigem muitos esforços.

Não existe unanimidade quanto a estudos sobre a prevalência da IUE nas

mulheres. Enquanto alguns apontam valores de 8.2% (IOSIF et al., 1981) outros

sugerem valores acima dos 40% (SCOTT, 1969; NISHIMURA, 2002). Contudo, a

situação é, pela sua natureza, oferece dificuldades a estudos de natureza

epidemiológica.

Já em Portugal, as estatísticas não são conhecidas, apesar de se estimar

que mais de 50% das mulheres acima dos 50 anos já teve ou tem episódios de

incontinência urinária.

23

Figura 4 Prevalência de I.U. em mulheres de acordo com dados coletados em 17estudos epidemiológicos (perda urinária pelo menos uma vez por semana).Fonte: Amaro et al, 2005

2.13 Diagnóstico da Incontinência Urinária

O diagnóstico é clínico, baseado em uma história detalhada. São

investigados o inicio dos sintomas, descartando a presença de infecção urinária,

cálculos, tumores, doenças associadas como neuropatias e uso de medicamentos.

Durante o exame físico pede-se para a paciente tossir, tentando reproduzir

a perda urinária. Também pode ser realizado um teste onde um cotonete é

inserido na uretra para determinar sua posição e mobilidade.

Também um exame de análise da urina deve ser realizado. Um teste

urodinâmico vai determinar se existem outras alterações da bexiga e da uretra

(ABC DA SAÚDE, 2006)

2.14 Métodos de Tratamento e Reabilitação da I.U.

Dentre inúmeros métodos de tratamento, listamos abaixo alguns mais

utilizados:

Exercícios de propriocepção;

Exercícios de Kegel;

24

Exercícios de mobilização do tronco;

Correção estática da pelve e postural geral;

Exercícios respiratórios combinados com exercícios físicos específicos;

Terapia Comportamental;

Treino vesical;

Técnicas de biofeedback;

Medicações;

Aparelhos, pessários, dispositivos uretrais;

Eletroterapia;

Cirurgia;

Cuidados dietéticos.

2.15 Manutenção dos resultados na Reabilitação do A.P.

A manutenção dos resultados alcançados, por meio dos exercícios

perineais, está dependente de uma boa dose de motivação e cooperação por

parte das pessoas que realizam programas de recuperação e ou prevenção. É

certo que uma supervisão técnica e eficientemente adequada é fator

preponderante para se alcançar bons resultados. Contudo, a interferência do

processo degenerativo do envelhecimento normal tem um peso enorme como

complicador no trabalho onde predomina pessoas com idade acima dos 50 anos.

Quando se interrompe o treinamento muscular, há perda progressiva de

força ao ritmo de 5% a 10% por semana (AMARO et al, 2005). Daí a importância

da manutenção dos programas de exercícios.

Dudognon et al (1992) observou que os resultados positivos dos exercícios

foram mantidos em média por 18 meses.

O mesmo autor observou melhores resultados com exercícios perineais

quando as pacientes tinham tônus muscular do AP moderado, cistocele até grau I

e perda urinária aos grandes e médios esforços.

Assim como o corpo humano precisa sempre de exercícios físicos para se

manter saudável, é fundamental que sejam mantidos indefinidamente a prática de

exercícios não só perineais como, caminhadas e exercícios de baixo impacto,

25

objetivando evitar a perda de força e massa muscular que ocorre após 35 anos de

idade.

2.16 Trabalho abdominal

Pode-se afirmar que alguns exercícios abdominais influem na ativação da

musculatura perineal e vice-versa. Estudos recentes demonstraram que, em

sujeitos normais, os músculos abdominais e os do pavimento pélvico funcionam

em conjunto (SAPSFORD; HODGES, 2001). Os mesmos estudos revelaram

igualmente que a elevação da pressão ao nível do pavimento pélvico tende a

acontecer antes do aumento da pressão intra-abdominal.

Os resultados dos estudos demonstram a importância do treino da

musculatura perineal no tratamento da IUE. Demonstram também que deve existir

a interação funcional destes músculos com os da parede antero-lateral do

abdômen.

Como já vimos, quando existe um aumento brusco da pressão

intraabdominal e os músculos do períneo estão em disfunção, ocorre a IU.

Conseqüentemente, o trabalho abdominal na mulher deve respeitar os

princípios de contenção urinária fazendo a contração voluntária da musculatura do

períneo antes de qualquer ativação abdominal.

Na mulher incontinente ou de elevada probabilidade de incontinência (em

geral no pós-parto; mulher idosa) o treino da musculatura perineal deverá

anteceder o trabalho abdominal.

Os procedimentos de consciencialização e treino dos exercícios de Kegel

estão perfeitamente estabelecidos, podendo ser aprendidos com o auxílio de

profissionais de saúde especializados na saúde da mulher (por exemplo:

fisioterapeutas, ginecologistas, professores de educação física, urologistas, etc.).

26

2.17 Profilaxia da Incontinência Urinária

A utilização dos exercícios de Kegel é uma ótima indicação para a

prevenção da IU, principalmente após o parto vaginal e após cirurgias sobre a

região pélvica.

Na gestação os exercícios devem ser feitos diariamente para o caso de

querer fortalecer a musculatura para ajudar no parto e durante a vida toda.

Outras medidas que podem contribuir para prevenir a incontinência passam

pelo controlo de tosses persistentes, obesidade, tensão abdominal e outros fatores

que aumentem a pressão sobre os músculos pélvicos.

As mudanças no estilo de vida devem incluir: deixar de fumar; procurar

tratamento para qualquer tosse persistente; manter um peso saudável; evitar a

obstipação; evitar levantar grandes pesos. Para além de tudo isto, o urinar

regularmente e frequentemente, mesmo se não se tem vontade, pode ser benéfico

(ARS DO CENTRO, 2003).

27

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa quase experimental cuja obtenção de dados foi

fundamentalmente qualitativa, porém os processos de sistematização e aplicação

prática possibilitaram a quantificação e o tratamento estatístico dos dados,

gerando gráficos de análise dos resultados.

3.2 População e Amostra

O Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição é o

recurso de saúde para uma população de 108.565 .

Destas, 12.364 são pessoas com idade superior a 60 anos o que

representam 21,74 % da demanda .

NO SSC do HC, 21346 pessoas são usuárias do serviço e destas, 2981

estão com idade superior a 60 anos, sendo a incontinência urinária uma queixa

notadamente comum entre idosas.População idosa do SSC do HC

A médica responsável pela avaliação clínica foi a Dra. Cristina Lemos.

Total de mulheres (2083)60-64 : 65165-69 : 48670- 74 : 40375-79 : 27980 e + :264

Total por Idade60-64 :85865-69: 74670-74: 61975-79 :39880 e + : 360

28

Após terem passado pela avaliação clínica, aquelas que estavam com

problemas de infecção urinária foram tratadas primeiramente para depois darem

início ao programa de exercícios.

Foram selecionadas 12 pacientes com diagnóstico de incontinência urinária,

atendidas pelo SSC do HC, com idades variando de 39 a 80 anos.

3.3 Procedimento

Todas as pacientes concordaram em participar do estudo, tomaram ciência

dos procedimentos e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Tomaram ciência da realização de exercícios de Kegel e exercícios de

correção estática da pelve combinados com exercícios respiratórios. Vide lista de

exercícios em anexo.

3.4 Instrumentos e Materiais

Aplicou-se um questionário estruturado para avaliar a qualidade de vida

antes do início dos exercícios e após o término dos vinte e seis encontros. O

questionário consistia do King’s Health Questionnaire, validado para a língua

brasileira por Tamanini et al (2002). (em Anexo).

3.5 Operação das Variáveis

O protocolo consistiu de 26 encontros, duas vezes por semana, com

duração de 50 minutos cada.

O programa de exercícios supervisionados utilizados consistiu de exercícios

em pé, sentadas e no solo. Juntamente com os exercícios de Kegel foram

combinados exercícios respiratórios e posturais para ajudar na correção estática

da pelve.

A principal finalidade dos exercícios era a de fortalecer os músculos

perineais e melhorar as atividades reflexas relacionadas à micção.

29

3.6 Execução dos Exercícios

Como a execução dos exercícios não pode ser demonstrada tendo em vista

que a musculatura não está visível e uma vez que exige unicamente do praticante

uma satisfatória dose de propriocepção, foi utilizado o seguinte método:

a) Linguagem: explicação básica da anatomia pélvica, sua função e reflexos

envolvidos com a IU. Também foi explicado que a base para fazer os

exercícios é ter um controle motor voluntário dos esfíncteres que também

funcionam de forma reflexa. Este controle motor de propriocepção é feito

treinando-se no banheiro, no momento de executar o ato miccional,

interrompendo-se várias vezes o jato de forma voluntária. No momento que a

pessoa estiver conseguindo esta interrupção, poder-se-á dar prosseguimento

aos exercícios. A execução dos exercícios é feita ao comando da voz,

combinando-os com o ato de inspirar/expirar sincronizadamente.

Também foi explicado outro exercício para ser feito momentos antes da micção

para o caso de urge-incontinência. O objetivo é retardar um pouco mais o intervalo

de tempo entre um esvaziamento vesical outro. O exercício consiste em fazer a

contração dos esfíncteres visando o relaxamento do detrusor. Como o controle do

detrusor é reflexo, ele relaxa quando a uretra está contraída.

b) Visualização: cada participante recebeu uma cartilha com a explicação da

posição anatômica dos exercícios e respectivas figuras ilustrativas. Também

durante os encontros semanais, além do comando de voz, era feita a

demonstração dos exercícios.

c) Execução das contrações: as participantes eram orientadas a realizar os

exercícios executando ora contração lenta (5/8 seg.), ora contração rápida (1

seg).

d) Respiração: a orientação sempre foi a de que a contração do assoalho pélvico

deveria preceder à inspiração. Em alguns exercícios, mantendo a contração

pélvica antes da expiração forçada.

e) Orientações gerais: era sempre aconselhado às pacientes contrair o assoalho

pélvico em qualquer hora do dia e da noite, em qualquer posição (de pé,

sentada, caminhando, deitada, agachada), principalmente antes de qualquer

30

procedimento de aumento da pressão intraabdominal. Também eram

estimuladas a fazer contrações rápidas, sempre que lembrassem.

31

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 King’s Health Questionnaire (KHQ)

O KHQ totaliza 32 perguntas agrupadas em 10 domínios que definem

qualitativamente a maneira como as participantes percebem seu estado físico,

ocupacional, doméstico, sexual, social e psicológico, conforme legenda abaixo:

Quadro 2 - Classificação de domínios do KHQQuestão Domínio Questão Domínio

1 Percepção Geral de Saúde 2 Impacto da

Incontinência

3a 3b Limitações de Atividades

Diárias

4a 4b Limitações Físicas

4c 4d 5c Limitações Sociais 5a 5b Relações Pessoais

6a 6b 6c Emoções 7a 7b Sono e Disposição

8abcde Medidas de Gravidade a/k Escala de Sintomas

Fonte: Autoria própria, 2007

Segundo Tamanini et al (2003), das 32 perguntas do KHQ, 21 questões,

são divididas em oito domínios, a saber: percepção geral de saúde (um item),

impacto da incontinência urinária (um item), limitações de atividades diárias (dois

itens), limitações físicas (dois itens), limitações sociais (dois itens), relacionamento

pessoal (três itens), emoções (três itens), sono/disposição (dois itens). Além

destes domínios, existem duas outras escalas independentes: uma avalia a

gravidade da incontinência urinária (medidas de gravidade) e outra a presença e a

intensidade dos sintomas urinários (escala de sintomas urinários). Estas escalas,

tipo likert, são graduadas em quatro opções de respostas (“nem um pouco, um

32

pouco, moderadamente, muito” ou “nunca, às vezes, freqüentemente, o tempo

todo”), exceção feita ao domínio percepção geral de saúde com cinco opções de

respostas (“muito boa, boa, regular, ruim, muito ruim”) e ao domínio relações

pessoais (“não aplicável, nem um pouco, um pouco, moderadamente e muito”). O

KHQ é pontuado por cada um de seus domínios, não havendo, portanto, escore

geral. Os escores variam de 0 a 100 e quanto maior a pontuação obtida, pior é a

qualidade de vida relacionada àquele domínio.

Em cada gráfico a seguir, numa escala de 12, a primeira coluna indica a

quantidade de pessoas que melhoraram. A segunda coluna indica as pessoas que

mantiveram o quadro sem alteração.

Não ocorreu nenhum relato de piora em nenhum domínio questionado.

4.2 Tratamento de Dados

Os dados coletados dos questionários foram lançados em planilha do Excel

para depois serem transformados em gráficos para análise dos resultados.

5

7

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 5 – Gráfico Percepção geral da saúdeFonte: Autoria própria, 2007.

De acordo com os índices apresentados no gráfico acima, 5 mulheres

relataram que sua saúde melhorou, enquanto 7 informaram que sua saúde ficou

sem alteração, o que corresponde a 42% de melhora e 58% sem alteração.

33

75

002

46

810

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 6 - Impacto da IncontinênciaFonte: Autoria própria, 2007.

Conforme o gráfico acima, 7 pacientes relataram melhora (58%) e 5 não

tiveram alteração (42%) ao informar o quanto o problema de bexiga afeta a vida

delas.

A pergunta relativa ao domínio do impacto da incontinência é muito

abrangente, não especificando em que setor da vida da pessoa este problema

afeta.

5

7

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 7 - Limitações de atividades diáriasFonte: Autoria própria, 2007.

34

Cinco participantes da pesquisa (42%) informaram ter melhorado para

executar suas atividades diárias de afazeres domésticos e trabalho.

Sete participantes (58%) declararam não ter havido diferença na execução

de atividades diárias (AD), conforme gráfico ao lado.

No início da pesquisa três pessoas já haviam declarado que o problema de

bexiga não afetava os afazeres domésticos, assim como cinco delas informaram

que o problema não afetava o seu trabalho e atividades fora de casa.

Como os exercícios melhoram a contração da musculatura pélvica, os

controles dos esfíncteres uretrais melhoram. Com isto, os afazeres diários tanto no

lar como no trabalho em geral também melhorarão. A pessoa consegue chegar a

tempo no banheiro, diminuindo gradativamente as perdas involuntárias de urina.

(PALMA; RICCETTO, 1999).

0

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 8 - Limitações físicasFonte: Autoria própria, 2007.

As questões relacionadas ao gráfico nº. 4 estão relacionadas a atividades

físicas como andar, correr, praticar esportes, fazer ginástica e viagens.

Cinco (42%) participantes melhoraram em suas limitações físicas, enquanto

7 (58%) permaneceram sem alteração.

35

Os mesmos argumentos utilizados no gráfico nº. 3 servem para este que

estamos analisando. Se a pessoa melhora em suas limitações físicas,

evidentemente estará melhorando em suas atividades diárias.

3

9

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 9 - Limitações sociaisFonte: Autoria própria, 2007.

As limitações sociais estão relacionadas a encontros e visitas a amigos e ao

relacionamento familiar

Três mulheres melhoraram no domínio das limitações sociais, enquanto

nove permaneceram sem alteração.

De acordo com D’ancona e Neto (2001), as pessoas com incontinência

urinária deixam de freqüentar festas, igrejas, reuniões e locais públicos por não

querer se expor ao ridículo e vergonha que poderão passar em público.

À medida que os exercícios vão melhorando seu estado físico, passam a

retornar ao convívio social, o que melhora muito a auto-estima.

36

4

8

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 10 - Relações pessoaisFonte: Autoria própria, 2007.

A figura 11 mostra um aspecto extremamente importante que são as

relações pessoais onde as questões estão direcionadas ao relacionamento com o

parceiro e vida sexual.

Quatro (33%) das participantes responderam que suas relações pessoais

melhoraram enquanto oito (67%) permaneceram sem alteração.

O fato de não possuir parceiro também influi nas respostas. Inicialmente,

seis das participantes informaram que não tinham atividade sexual. Portanto, este

item fica prejudicado de ser avaliado.

Quando Kegel desenvolveu os exercícios para fortalecimento ao AP, não

imaginava que haveria significativa melhora no desempenho e prazer sexual de

suas pacientes (PALMA; RICCETTO, 1999).

Mesmo que se considere que os exercícios visam resolver problemas de

incontinência, melhorar o desempenho sexual acrescenta um item fundamental

para se avaliar a qualidade de vida.

37

9

3

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 11 – EmoçõesFonte: Autoria própria, 2007.

Ao responder questões relativas ao domínio das emoções, as entrevistadas

falaram do quanto se sentiam mal consigo mesma, deprimida, ansiosa ou nervosa

em decorrência do problema da IU.

Das 12 participantes, nove (75%) melhoraram no domínio das emoções,

enquanto que em três (25%) não ocorreu alteração.

Como já argumentado anteriormente, o domínio das emoções também são

uma conseqüência positiva de saber que o próprio corpo está melhor.

Principalmente o medo e ansiedade passam a desaparecer á medida que a

melhora acontece.

38

5

7

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 12 - Sono e DisposiçãoFonte: Autoria própria, 2007.

As perguntas relacionadas na figura.12 relacionam-se à qualidade do sono

e ou se a pessoa se sente esgotada ou cansada. Estes itens também são muito

abrangentes já que muita coisa pode afetar o sono além do problema de bexiga.

Também o cansaço pode ser causado por outros fatores que não

necessariamente sejam decorrentes da IU. O sono será afetado apenas

quando a pessoa precisa levantar-se com freqüência para ir ao banheiro ou ter

que fazer higiene por já se encontrar molhada,

Conforme o gráfico acima, cinco mulheres (42%) melhoraram no domínio

de sono e disposição e sete (58%) permaneceram sem alteração.

39

6 6

00

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 13 - Medidas de GravidadeFonte: Autoria própria, 2007.

As medidas de gravidade estão relacionadas ao fato de usar absorventes,

trocar roupas íntimas, se preocupar com líquidos que bebe e com a possibilidade

de cheirar urina.

No domínio de medidas de gravidade, 6 participantes (50%) melhoraram

dentro da escala de pontuação, enquanto que a outra metade permaneceu sem

alteração.

A figura 14 mostra que as medidas de gravidade influenciam diretamente os

aspectos financeiros de quem sofre de IU, além da qualidade de vida, por deixar

de usar absorvente, eliminando estes gastos.

40

11

10

0

2

4

6

8

10

12

melhor sem alteração pior

ME

RO

DE

PE

SS

OA

S

Figura 14 - Escala de SintomasFonte: Autoria própria, 2007.

São vários os sintomas que estão relacionados diretamente com a IU. Este

quesito mostra, através das respostas, o grau de comprometimento com a saúde e

qualidade de vida. As respostas mostram a freqüência, urgência, noctúria, IU de

esforço, dores, dificuldades de micção etc.

No domínio relativo a sintomas ocorreu uma melhora em quase todas as

participantes. Pode-se perceber que 11 (92%) delas melhoraram, enquanto que

apenas uma (8%) permaneceu sem alteração.

Considerando que existem muitos métodos para tratamento da IU, pode-se

constatar que, apenas fazendo os exercícios perineais já se consegue uma

melhora significativa na melhoria dos sintomas de perda de urina.

Tendo em vista que foram utilizados apenas dois dias por semana quando

as pesquisas apontam para três para alcançar resultados com mais eficácia, os

números indicando melhora foram significativos em todas as participantes.

Não foi possível verificar através da literatura, trabalhos científicos relatando

a utilização exclusiva de exercícios físicos. Porém, a resposta às questões

analisadas já foi suficiente para constatar sua eficácia.

41

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Como se pode comprovar através da revisão da literatura, a longo prazo,

os exercícios perineais podem promover mudanças positivas na morfologia e

fisiologia da musculatura e dos nervos do assoalho pélvico, tal como se constatou

através de exame ginecológico, havendo inclusive retrocesso de prolapso em

uma participante.

Estes resultados nos estimulam a continuar pesquisas visando o tratamento

preventivo e corretivo de problemas que só eram tratados através de fármacos,

cirurgias e procedimentos fisioterápicos.

Em sintonia com orientações do Ministério da Saúde, poderão ser

elaborados projetos para serem executados em parceria com o SUS (Sistema

Único de Saúde), trazendo como resultado, expressiva economia de recursos

financeiros governamentais e beneficiando uma boa parcela da população.

A lei estabelece como mecanismo fundamental, a criação de comissão

permanente de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino

profissional e superior, com a finalidade de propor prioridades, métodos e

estratégias. Cabe também às universidades a iniciativa de propor cursos e

atividades direcionadas aos interesses do governo no tocante à saúde que é a

área a qual pertencemos.

Vemos ai, um grande segmento que não está sendo explorado pelos

profissionais da educação física. Se houver uma boa articulação com as

autoridades poderiam ser criados serviços onde os alunos já atuariam como

estagiários e, posteriormente, professores de educação física.

Treinadores e técnicos têm importante papel na orientação de mulheres,

seja qual for sua idade e nível de aptidão física, quanto aos meios para prevenir a

42

IU e outros danos ao assoalho pélvico. Para isso, conhecer a anatomia e a

fisiologia femininas é fundamental para orientar essas atletas, que muitas vezes

omitem seus sintomas com medo do preconceito e da exclusão.

As atletas de elite devem ser encorajadas a continuar seus exercícios

regulares junto com o treinamento do assoalho pélvico com orientação adequada.

Também em programas de atendimento ao idoso vemos grande incentivo

governamental em trabalhar preventivamente na saúde, o que resulta em

qualidade de vida com menor uso de medicamentos. O Estatuto do Idoso existe já

para este fim. Temos também a portaria do Ministério da Saúde nº. 1395 (Política

de Saúde do Idoso) que manifesta claro interesse do governo em investir na

prevenção da saúde visando economia de gastos com hospitalização, consultas

médicas e remédios.

Em termos proporcionais, a faixa etária a partir dos 60 anos de idade é a

que mais cresce. No período de 1950 a 2025, segundo as projeções da

Organização Mundial da Saúde, a população idosa aumentará 15 vezes enquanto

a população total aumentará cinco vezes.

Para o início do século XXI, cerca de 82% dos idosos estarão morando nas

cidades.

A expectativa de vida em 1900 era de 33,7 anos. Até 2000, 68 anos. Até

2025 estima-se que estará em torno de 80 anos.

5.1 Combinação da contração perineal e respiração

A eficácia da contração dos músculos do AP foi aumentada

significativamente quando experimentamos o seguinte procedimento: Encher o

pulmão de ar, contração do AP e a seguir, expiração forçada enquanto mantém a

contração, até que o pulmão esteja vazio. A seguir, relaxa a contração enquanto

inspira novamente. Com isto, o reflexo da contração dos esfíncteres, que está

dissociado da contração do detrusor, passa a acontecer antes e não depois.

43

5.2 Trabalho abdominal. Condicionantes e recomendações

As disfunções dos músculos do períneo associadas ao aumento brusco da

pressão intra-abdominal são tidas como as principais causas da IUE. Assim, o

trabalho abdominal na mulher deve respeitar os princípios de contenção urinária

fazendo apelo à contração voluntária da musculatura do períneo antes de

qualquer ativação abdominal.

Na mulher incontinente ou de elevada probabilidade de incontinência o

treino da musculatura perineal deverá anteceder o trabalho abdominal. São

exercícios que, dada a sua natureza, podem ser realizados em qualquer altura do

dia e nas mais diversas condições, sendo a sua freqüência e intensidade

reguladas pela própria mulher.

5.3 Conclusão Final

Conforme conclui Philippe Campignion (1998)

Estou convencido de que, à exceção de certas doenças, o caso agudocorresponde freqüentemente ao desenlace de uma disfunção crônica. Oconhecimento das cadeias musculares e das tipologias respiratórias quesão resultado de seus excessos reduz consideravelmente aresponsabilidade do acaso em um grande número de patologias, e nãoapenas respiratórias. É desejável assumir um tratamento preventivo acada vez que o terreno parecer deficiente, a ponto de conduzir maiscedo ou mais tarde à doença.

Concluímos também que nós, como profissionais da área da saúde

poderemos dar nossa colaboração com mais eficiência à medida que entendemos

que o corpo humano é um complexo de sistemas interligados e atuando em

perfeito sincronismo.

É fundamental, portanto, perceber a necessidade de ver as pessoas de

forma holística, ou seja, que se alimenta, pensa, sente e se movimenta. Olhando

todos estes aspectos básicos para uma saúde e qualidade de vida satisfatória é

que deveremos atuar, deixando de focar apenas numa direção, mas

simultaneamente, se possível, todas elas para nos tornarmos mais eficientes e

competentes.

44

Enfim, a pesquisa mostrou que os exercícios perineais efetivamente

promovem a melhora e possível cura da incontinência urinária, tendo como

subproduto a melhora no desempenho sexual.

45

REFERÊNCIAS

AMARO, João Luiz et al. Reabilitação do assoalho pélvico. São Paulo:Segmentofarma, 2005.

ABRAMS, P. et al. The standardization of terminology of lower urinary tractfunction: report from the standardization sub-committee of the internationalcontinence society. Urology, 61, p. 37-49. 2003.

BIENFAIT, Marcel. Fisiologia da terapia manual. São Paulo: Summus, 2000.

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ANEXO A - Portaria 1395/GM – POLÍTICA DE SAÚDE DO IDOSO

Portaria n.º 1.395/GM Em 10 de dezembro de 1999.

O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, e considerando anecessidade de o setor saúde dispor de uma política devidamente expressarelacionada à saúde do idoso; a conclusão do processo de elaboração da referidapolítica, que envolveu consultas a diferentes segmentos direta e indiretamenteenvolvidos com o tema; e a aprovação da proposta da política mencionada pelaComissão Intergestores Tripartite e pelo Conselho Nacional de Saúde, resolve:

Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Saúde do Idoso, cuja íntegra consta doanexo desta Portaria e dela é parte integrante.

Art. 2º Determinar que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas açõesse relacionem com o tema objeto da Política ora aprovada, promovam aelaboração ou a readequação de seus planos, programas, projetos e atividades naconformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.

Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ SERRA

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ANEXO B POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO IDOSO

1. INTRODUÇÃO

Parte essencial da Política Nacional de Saúde, a presente Políticafundamenta a ação do setor saúde na atenção integral à população idosa e àquelaem processo de envelhecimento, na conformidade do que determinam a LeiOrgânica da Saúde – N.º 8.080/90 – e a Lei 8.842/94, que assegura os direitosdeste segmento populacional.No conjunto dos princípios definidos pela LeiOrgânica, destaca-se o relativo à "preservação da autonomia das pessoas nadefesa de sua integridade física e moral", que constitui uma das questõesessenciais enfocadas nesta Política, ao lado daqueles inerentes à integralidade daassistência e ao uso da epidemiologia para a fixação de prioridades (Art. 7º,incisos III, II e VII, respectivamente).

Por sua vez, a Lei N.º 8.842 – regulamentada pelo Decreto N.º 1.948, de 3de julho de 1996 –, ao definir a atuação do Governo, indicando as açõesespecíficas das áreas envolvidas, busca criar condições para que sejampromovidas a autonomia, a integração e a participação dos idosos na sociedade,assim consideradas as pessoas com 60 anos de idade ou mais.

Segundo essa Lei, cabe ao setor saúde, em síntese, prover o acesso dosidosos aos serviços e às ações voltadas à promoção, proteção e recuperação dasaúde, mediante o estabelecimento de normas específicas para tal; odesenvolvimento da cooperação entre as esferas de governo e entre centros dereferência em geriatria e gerontologia; e a inclusão da geriatria comoespecialidade clínica para efeito de concursos públicos, além da realização deestudos e pesquisas na área (inciso II do Art. 10). Ao lado das determinaçõeslegais, há que se considerar, por outro lado, que a população idosa brasileira temse ampliado rapidamente. Em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60anos de idade é a que mais cresce. No período de 1950 a 2025, segundo asprojeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde – OMS –, o grupo deidosos no Brasil deverá ter aumentado em 15 vezes, enquanto a população totalem cinco. O País ocupará, assim, o sexto lugar quanto ao contingente de idosos,alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais deidade.

O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se pela rapidezcom que o aumento absoluto e relativo das populações adulta e idosa modificarama pirâmide populacional. Até os anos 60, todos os grupos etários registravam umcrescimento quase igual; a partir daí, o grupo de idosos passou a liderar essecrescimento.

Nos países desenvolvidos, essa transição ocorreu lentamente, realizando-se ao longo de mais de cem anos. Alguns desses países, hoje, apresentam umcrescimento negativo da sua população, com a taxa de nascimentos mais baixaque a de mortalidade. A transição acompanhou a elevação da qualidade de vidadas populações urbanas e rurais, graças à adequada inserção das pessoas nomercado de trabalho e de oportunidades educacionais mais favoráveis, além demelhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e de moradia.

À semelhança de outros países latino-americanos, o envelhecimento noBrasil é um fenômeno predominantemente urbano, resultando sobretudo do

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intenso movimento migratório iniciado na década de 60, motivado pelaindustrialização desencadeada pelas políticas desenvolvimentistas. Esse processode urbanização propiciou um maior acesso da população a serviços de saúde esaneamento, o que colaborou para a queda verificada na mortalidade. Possibilitou,também, um maior acesso a programas de planejamento familiar e a métodosanticoncepcionais, levando a uma significativa redução da fecundidade.

A persistir a tendência de o envelhecimento como fenômeno urbano, asprojeções para o início do século XXI indicam que 82% dos idosos brasileirosestarão morando nas cidades. As regiões mais urbanizadas, como a Sudeste e oSul, ainda oferecem melhores possibilidades de emprego, disponibilidade deserviços públicos e oportunidades de melhor alimentação, moradia e assistênciamédica e social. Embora grande parte das populações ainda viva na pobreza, nospaíses menos desenvolvidos, certas conquistas tecnológicas da medicinamoderna, verificadas nos últimos 60 anos – assepsia, vacinas, antibióticos,quimioterápicos e exames complementares de diagnóstico, entre outros –,favoreceram a adoção de meios capazes de prevenir ou curar muitas doenças queeram fatais até então. O conjunto dessas medidas provocou uma queda damortalidade infantil e, conseqüentemente, um aumento da expectativa de vida aonascer.

No Brasil, em 1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7 anos; nosanos 40, de 39 anos; em 50, aumentou para 43,2 anos e, em 60, era de 55,9anos. De 1960 para 1980, essa expectativa ampliou-se para 63,4 anos, isto é,foram acrescidos vinte anos em três décadas, segundo revela o AnuárioEstatístico do Brasil de 1982 (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística/Fundação IBGE). De 1980 para 2000, o aumento deverá ser em tornode cinco anos, ocasião em que cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68 anose meio. As projeções para o período de 2000 a 2025 permitem supor que aexpectativa média de vida do brasileiro estará próxima de 80 anos, para ambos ossexos (Kalache et al., 1987). Paralelamente a esse aumento na expectativa devida, tem sido observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado dafecundidade, levando a um aumento importante da proporção de idosos napopulação brasileira. De 1980 a 2000, o grupo etário com 60 anos e mais de idadedeverá crescer 105%; as projeções apontam para um crescimento de 130% noperíodo de 2000 a 2025. Mesmo que se leve em conta que uma parcela docontingente de idosos participe da atividade econômica, o crescimento destegrupo populacional afeta diretamente a razão de dependência, usualmentedefinida como a soma das populações jovem e idosa em relação à populaçãoeconomicamente ativa total. Esse coeficiente é calculado tomando por base apopulação de menos de 15 anos e a de 60 e mais anos de idade em relaçãoàquela considerada em idade produtiva (situada na faixa etária dos 15 aos 59anos de idade).

O processo de urbanização e a conseqüente modificação do mercado detrabalho aceleraram a redistribuição da população entre as zonas rural e urbanado País. Em 1930, dois terços da população brasileira viviam na zona rural; hoje,mais de três quartos estão em zona urbana. O emprego nas fábricas e as maisdiferenciadas possibilidades de trabalho nas cidades modificaram a estruturafamiliar brasileira, transformando a família extensa do campo na família nuclear

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urbana. Com o aumento da expectativa de vida, as famílias passaram a serconstituídas por várias gerações, exigindo os necessários mecanismos de apoiomútuo entre as que compartilham o mesmo domicílio.

A família, tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema de apoio aosidosos, está passando por alterações decorrentes dessas mudanças conjunturaise culturais. O número crescente de divórcios e segundo ou terceiro casamento, acontínua migração dos mais jovens em busca de mercados mais promissores e oaumento no número de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe sãosituações que precisam ser levadas em conta na avaliação do suporte informalaos idosos na sociedade brasileira. Essas situações geram o que seconvencionou chamar de intimidade à distância, em que diferentes gerações oumesmo pessoas de uma mesma família ocupam residências separadas. Tem sido observada uma feminilização do envelhecimento no Brasil. O númerode mulheres idosas, confrontado com o de homens de mais de 60 anos de idade,já é superior há muito tempo. Da mesma forma, a proporção de idosas em relaçãoà população total de mulheres supera aquela correspondente aos homens idosos.No Brasil, desde 1950, as mulheres têm maior esperança de vida ao nascer,sendo que a diferença está ao redor de sete anos e meio.

De outra parte, o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda é bastanteprecário. Por se tratar de uma atividade predominantemente restrita ao âmbitofamiliar, o cuidado ao idoso tem sido ocultado da opinião pública, carecendo devisibilidade maior. O apoio informal e familiar constitui um dos aspectosfundamentais na atenção à saúde desse grupo populacional Isso não significa, noentanto, que o Estado deixa de ter um papel preponderante na promoção,proteção e recuperação da saúde do idoso nos três níveis de gestão do SUS,capaz de otimizar o suporte familiar sem transferir para a família aresponsabilidade em relação a este grupo populacional. Além das transformaçõesdemográficas descritas anteriormente, o Brasil tem experimentado uma transiçãoepidemiológica, com alterações relevantes no quadro de morbimortalidade. Asdoenças infectocontagiosas que, em 1950, representavam 40% das mortesregistradas no País, hoje são responsáveis por menos de 10% (RADIS:"Mortalidade nas Capitais Brasileiras, 1930-1980"). O oposto ocorreu em relaçãoàs doenças cardiovasculares: em 1950, eram responsáveis por 12% das mortes e,atualmente, representam mais de 40%. Em menos de 40 anos, o Brasil passou deum perfil de morbimortalidade típico de uma população jovem, para umcaracterizado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias maisavançadas, com custos diretos e indiretos mais elevados. Essa mudança no perfilepidemiológico acarreta grandes despesas com tratamentos médicos ehospitalares, ao mesmo tempo em que se configura num desafio para asautoridades sanitárias, em especial no que tange à implantação de novos modelose métodos para o enfrentamento do problema. O idoso consome mais serviços desaúde, as internações hospitalares são mais freqüentes e o tempo de ocupaçãodo leito é maior do que o de outras faixas etárias. Em geral, as doenças dosidosos são crônicas e múltiplas, perduram por vários anos e exigemacompanhamento médico e de equipes multidisciplinares permanentes eintervenções contínuas. Tomando-se por base os dados relativos à internaçãohospitalar pelo Sistema Único de Saúde – SUS –, em 1997, e a população

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estimada pelo IBGE para este mesmo ano, pode-se concluir que o idoso, emrelação às outras faixas etárias, consome muito mais recursos de saúde. Naqueleano, o Sistema arcou com um total de 12.715.568 de AIHs (autorizações deinternações hospitalares), assim distribuídas:

• 2.471.984 AIHs (19,4%) foram de atendimentos na faixa etária de 0-14anos de idade, que representava 33,9% da população total (aqui também estãoincluídas as AIHs dos recém-nascidos em ambiente hospitalar, bem como asdevidas a parto normal);

• 7.325.525 AIHs (57,6%) foram na faixa etária de 15-59 anos de idade(58,2% da população total);

• 2.073.915 AIHs (16,3%) foram na faixa etária de 60 anos ou mais de idade(7,9% da população total);

• 480.040 AIHs (3,8%) foram destinadas ao atendimento de indivíduos de idadeignorada; essas hospitalizações, em sua grande maioria, corresponderam a tratamentode enfermidades mentais de longa permanência, geralmente em pessoas acima de 50anos de idade (essa parcela de AIHs foi excluída dos estudos em que se diferencia oimpacto de cada faixa etária no sistema hospitalar);

• a taxa de hospitalização, em um ano, alcançou um total de 46 por 1.000 indivíduosna faixa etária de 0 a 14 anos de idade, 79 no segmento de 15 a 59 anos de idade e 165no grupo de 60 anos ou mais de idade;

• o tempo médio de permanência hospitalar foi de 5,1 dias para o grupo de 0-14anos de idade, 5,1 dias no de 15-59 e 6,8 dias no grupo mais idoso;

• o índice de hospitalização (número de dias de hospitalização consumidos, porhabitante, a cada ano) correspondeu a 0,23 dias na faixa de 0-14 anos de idade; a 0,40dias na faixa de 15-59; e a 1,12 dias na faixa de 60 anos ou mais de idade;

• do custo total de R$ 2.997.402.581,29 com despesas de internações hospitalares,19,7% foram com pacientes da faixa etária de 0-14 anos de idade, 57,1% da faixa de 15-59 anos de idade e 23,9% foram de idosos;

• o custo médio, por hospitalização, foi de R$ 238,67 em relação à faixa etária de0-14 anos de idade, R$ 233,87 à de 15-59 anos e R$ 334,73 ao grupo de mais de 60anos de idade; e

• o índice de custo (custo de hospitalização por habitante/ano) foi de R$ 10,93 nosegmento de 0-14 anos de idade, de R$ 18,48 no de 15-59 anos de idade e de R$ 55,25no de mais de 60 anos de idade.

Estudos têm demonstrado que o idoso, em relação às outras faixas etárias,consome muito mais recursos do sistema de saúde e que este maior custo não reverteem seu benefício. O idoso não recebe uma abordagem médica ou psicossocial adequadanos hospitais, não sendo submetido também a uma triagem rotineira para fins dereabilitação.

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A abordagem médica tradicional do adulto hospitalizado – focada em uma queixaprincipal e o hábito médico de tentar explicar todas as queixas e os sinais por um únicodiagnóstico, que é adequada no adulto jovem – não se aplica em relação ao idoso.Estudos populacionais demonstram que a maioria dos idosos – 85% – apresenta pelomenos uma doença crônica e que uma significativa minoria – 10% – possui, no mínimo,cinco destas patologias (Ramos, LR e cols, 1993). A falta de difusão do conhecimentogeriátrico junto aos profissionais de saúde tem contribuído decisivamente para asdificuldades na abordagem médica do paciente idoso.

A maioria das instituições de ensino superior brasileiras ainda não estásintonizada com o atual processo de transição demográfica e suas conseqüênciasmédico-sociais. Há uma escassez de recursos técnicos e humanos para enfrentar aexplosão desse grupo populacional no terceiro milênio.

O crescimento demográfico brasileiro tem características particulares, queprecisam ser apreendidas mediante estudos e desenhos de investigação que dêemconta dessa especificidade. O cuidado de saúde destinado ao idoso é bastante caro, e apesquisa corretamente orientada pode propiciar os instrumentos mais adequados parauma maior eficiência na adoção de prioridades e na alocação de recursos, além desubsidiar a implantação de medidas apropriadas à realidade brasileira.

A transição demográfica no Brasil exige, na verdade, novas estratégias para fazerfrente ao aumento exponencial do número de idosos potencialmente dependentes, combaixo nível socioeconômico, capazes de consumir uma parcela desproporcional derecursos da saúde destinada ao financiamento de leitos de longa permanência.

A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e similares está sendoquestionada até nos países desenvolvidos, onde estes serviços alcançaram níveisaltamente sofisticados em termos de conforto e eficiência. O custo desse modelo e asdificuldades de sua manutenção estão requerendo medidas mais resolutivas e menosonerosas. O retorno ao modelo de cuidados domiciliares, já bastante discutido, não podeter como única finalidade baratear custos ou transferir responsabilidades. A assistênciadomiciliar aos idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demandaprogramas de orientação, informação e assessoria de especialistas.

A maioria das doenças crônicas que acometem o indivíduo idoso tem, na própriaidade, seu principal fator de risco. Envelhecer sem nenhuma doença crônica é maisexceção do que regra. No entanto, a presença de uma doença crônica não significa queo idoso não possa gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia-a-dia de formatotalmente independente.

A maior parte dos idosos é, na verdade, absolutamente capaz de decidir sobreseus interesses e organizar-se sem nenhuma necessidade de ajuda de quem quer queseja. Consoante aos mais modernos conceitos gerontológicos, esse idoso que mantémsua autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão para realizar-se noseu cotidiano deve ser considerado um idoso saudável, ainda que seja portador de umaou mais de uma doença crônica.

Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a capacidade de manteras habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma.Do ponto de vista da saúde pública, a capacidade funcional surge como um novoconceito de saúde, mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a atenção àsaúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de reabilitação devem objetivar amelhoria da capacidade funcional ou, no mínimo, a sua manutenção e, sempre que

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possível, a recuperação desta capacidade que foi perdida pelo idoso. Trata-se, portanto,de um enfoque que transcende o simples diagnóstico e tratamento de doençasespecíficas.

A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da máxima capacidadefuncional do indivíduo que envelhece, pelo maior tempo possível – foco central destaPolítica –, significa a valorização da autonomia ou autodeterminação e a preservação daindependência física e mental do idoso. Tanto as doenças físicas quanto as mentaispodem levar à dependência e, conseqüentemente, à perda da capacidade funcional. Na análise da questão relativa à reabilitação da capacidade funcional, éimportante reiterar que a grande maioria dos idosos desenvolve, ao longo da vida, algumtipo de doença crônica decorrente da perda continuada da função de órgãos e aparelhosbiológicos. Essa perda de função pode ou não levar a limitações funcionais que, por suavez, podem gerar incapacidades, conduzindo, em última instância, à dependência daajuda de outrem ou de equipamentos específicos para a realização de tarefas essenciaisà sobrevivência no dia a dia.

Estudos populacionais revelam que cerca de 40% dos indivíduos com 65 anos oumais de idade precisam de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma tarefa dotipo fazer compras, cuidar das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcelamenor, mas significativa – 10% –, requer auxílio para realizar tarefas básicas, comotomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se e, até, sentar e levantar de cadeiras ecamas (Ramos, L. R. e cols., 1993). É imprescindível que, na prestação dos cuidadosaos idosos, as famílias estejam devidamente orientadas em relação às atividades de vidadiária (AVDs).

Tanto a dependência física quanto a mental constituem fatores de riscosignificativos para mortalidade, mais relevantes até que as próprias doenças que levaramà dependência, visto que nem todo doente torna-se dependente, conforme revelamestudos populacionais de segmentos de idosos residentes em diferentes comunidades(Ramos, L. R. e cols., 1993). No entanto, nem todo dependente perde sua autonomia e,neste sentido, a dependência mental deve ser objeto de atenção especial, na medida emque leva, com muito mais freqüência, à perda de autonomia. Doenças como depressão edemência já estão, em todo mundo, entre as principais causas de anos vividos comincapacidade, exatamente por conduzirem à perda da independência e, quase quenecessariamente, à perda da autonomia.

Os custos gerados por essa dependência são tão grandes quanto o investimentode dedicar um membro da família ou um cuidador para ajudar continuamente umapessoa que, muitas vezes, irá viver mais 10 ou 20 anos, requerendo uma atenção que,não raro, envolve leitos hospitalares e institucionais, procedimentos diagnósticos caros esofisticados, bem como o consenso freqüente de uma equipe multiprofissional einterdisciplinar, capaz de fazer frente à problemática multifacetada do idoso.

Dentro desse contexto é que são estabelecidas novas prioridades dirigidas a essegrupo populacional, que deverão nortear as ações em saúde nesta virada de século.

2. PROPÓSITOComo se pode depreender da análise apresentada no capítulo anterior, o

crescimento demográfico da população idosa brasileira exige a preparação adequada doPaís para atender às demandas das pessoas na faixa etária de mais de 60 anos deidade. Essa preparação envolve diferentes aspectos que dizem respeito desde a

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adequação ambiental e o provimento de recursos materiais e humanos capacitados, atéa definição e a implementação de ações de saúde específicas.

Acresce-se, por outro lado, a necessidade de a sociedade entender que oenvelhecimento de sua população é uma questão que extrapola a esfera familiar e,portanto, a responsabilidade individual, para alcançar o âmbito público, nestecompreendido o Estado, as organizações não-governamentais e os diferentessegmentos sociais.

Nesse sentido, a presente Política Nacional de Saúde do Idoso tem comopropósito basilar a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria,ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperaçãoda saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a suacapacidade funcional restringida, de modo a garantir-lhes permanência no meio em quevivem, exercendo de forma independente suas funções na sociedade.

Para tanto, nesta Política estão definidas as diretrizes que devem nortear todas asações no setor saúde, e indicadas as responsabilidades institucionais para o alcance dopropósito acima explicitado. Além disso, orienta o processo contínuo de avaliação quedeve acompanhar o desenvolvimento da Política Nacional de Saúde do Idoso, medianteo qual deverá ser possível os eventuais redimensionamentos que venham a ser ditadospela prática.

A implementação desta Política compreende a definição e ou readequação deplanos, programas, projetos e atividades do setor saúde, que direta ou indiretamente serelacionem com o seu objeto. O esforço conjunto de toda a sociedade, aqui preconizado,implica o estabelecimento de uma articulação permanente que, no âmbito do SUS,envolve a construção de contínua cooperação entre o Ministério da Saúde e asSecretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

3. DIRETRIZES

Para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde do Idoso, sãodefinidas como diretrizes essenciais :

• a promoção do envelhecimento saudável;

• a manutenção da capacidade funcional;

• a assistência às necessidades de saúde do idoso;

• a reabilitação da capacidade funcional comprometida;

• a capacitação de recursos humanos especializados;

• o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais ; e

• o apoio a estudos e pesquisas.

3.1. Promoção do envelhecimento saudável

O cumprimento dessa diretriz compreenderá o desenvolvimento de ações queorientem os idosos e os indivíduos em processo de envelhecimento quanto à importância

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da melhoria constante de suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce dehábitos saudáveis de vida e a eliminação de comportamentos nocivos à saúde.

Entre os hábitos saudáveis, deverão ser destacados, por exemplo, a alimentaçãoadequada e balanceada; a prática regular de exercícios físicos; a convivência socialestimulante; e a busca, em qualquer fase da vida, de uma atividade ocupacionalprazerosa e de mecanismos de atenuação do estresse . Em relação aos hábitos nocivos,merecerão destaque o tabagismo, o alcoolismo e a automedicação.

Tais temas serão objeto de processos educativos e informativos continuados, emtodos os níveis de atuação do SUS, com a utilização dos diversos recursos e meiosdisponíveis, tais como: distribuição de cartilhas e folhetos, bem como o desenvolvimentode campanhas em programas populares de rádio; veiculação de filmetes na televisão;treinamento de agentes comunitários de saúde e profissionais integrantes da estratégiade saúde da família para, no trabalho domiciliar, estimular os cidadãos na adoção decomportamentos saudáveis.

Ênfase especial será dada às orientações dos idosos e seus familiares quanto aosriscos ambientais, que favorecem quedas e que podem comprometer a capacidadefuncional destas pessoas. Deverão ser garantidas aos idosos, assim como aosportadores de deficiência, condições adequadas de acesso aos espaços públicos, taiscomo rampas, corrimões e outros equipamentos facilitadores.

3.2. Manutenção da capacidade funcional

Ao lado das medidas voltadas à promoção de hábitos saudáveis, serãopromovidas ações que visem a prevenção de perdas funcionais, em dois níveisespecíficos:

• prevenção de agravos à saúde;

• detecção precoce de problemas de saúde potenciais ou já instalados, cujo avançopoderá pôr em risco as habilidades e a autonomia dos idosos.

As ações de prevenção envolvidas no primeiro nível estarão centradas naaplicação de vacinas, medida já consolidada para a infância, mas com prática aindalimitada e recente entre idosos. Deverão ser aplicadas as vacinas contra o tétano, apneumonia pneumocócica e a influenza, que representam problemas sérios entre osidosos no Brasil e que são as preconizadas pela Organização Mundial da Saúde – OMS– para este grupo populacional.

A grande maioria das hospitalizações para o tratamento do tétano ocorre emindivíduos acima dos 60 anos de idade. Nesse sentido, essa população será estimuladaa fazer doses de reforço da vacina antitetânica a cada dez anos, tendo em vista a suacomprovada efetividade, a qual alcança quase os 100%.

As pneumonias, em especial a de origem pneumocócica, estão entre aspatologias infecciosas que mais trazem riscos à saúde dos idosos, com altas taxas deinternação, além de alta letalidade nesta faixa etária. São apontadas como fatores dedescompensação funcional de piora dos quadros de insuficiência cardíaca,desencadeadoras de edema agudo de pulmão e fonte de deterioração nos quadros dedoenças pulmonares obstrutivas crônicas. Levando em conta as recomendaçõestécnicas atuais, a vacina antipneumocócica deverá ser administrada em dose única nosindivíduos idosos.

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Embora vista como enfermidade trivial, a influenza – ou gripe –, no grupo dosidosos, pode trazer conseqüências graves, levando a processos pneumônicos ou, ainda,à quebra do equilíbrio, já instável, destes indivíduos, portadores de patologias crônicasnão transmissíveis. A vacina antigripal deverá ser aplicada em todos os idosos, pelomenos duas semanas antes do início do inverno ou do período das chuvas nas regiõesmais tropicais.

No segundo nível da manutenção da capacidade funcional, além do reforço dasações dirigidas à detecção precoce de enfermidades não transmissíveis – como ahipertensão arterial, a diabetes melito e a osteoporose –, deverão ser introduzidas asnovas medidas, de que são exemplos aquelas dirigidas ao hipotireoidismo subclínico –ainda pouco usuais e carentes de sistematização –, mediante o desenvolvimento deatividades específicas, entre as quais destacam se:

• antecipação de danos sensoriais, com o rastreio precoce de danos auditivos,visuais e propioceptivos;

• utilização dos protocolos próprios para situações comuns entre os idosos, taiscomo riscos de queda, alterações do humor e perdas cognitivas;

• prevenção de perdas dentárias e de outras afecções da cavidade bucal;

• prevenção de deficiências nutricionais;

• avaliação das capacidades e habilidades funcionais no ambiente domiciliar, comvistas à prevenção de perda de independência e autonomia;

• prevenção do isolamento social, com a criação ou uso de oportunidades sociais,como clubes, grupos de convivência, associação de aposentados etc.

A operacionalização da maioria dessas medidas dar-se-á nas próprias unidadesde saúde, com suas equipes mínimas tradicionais, às quais deverão ser incorporados osagentes de saúde ou visitadores, além do estabelecimento de parcerias nas açõesintegrantes da estratégia de saúde da família e outras congêneres. Além disso, naimplementação dessa diretriz, buscar-se-á o engajamento efetivo dos grupos deconvivência, com possibilidades tanto terapêuticas e preventivas, quanto de lazer.

3.3. Assistência às necessidades de saúde do idoso

A prestação dessa assistência basear-se-á nas orientações abaixo descritas, asquais compreendem os âmbitos ambulatorial, hospitalar e domiciliar.

No âmbito ambulatorial, a consulta geriátrica constituirá a base dessa assistência.Para tal, deverá ser estabelecido um modelo específico, de modo a alcançar-se umimpacto expressivo na assistência, em particular na redução das taxas de internaçãohospitalar e em clínicasde repouso – e mesmo asilos –, bem como a diminuição dademanda aos serviços de emergência e aos ambulatórios de especialidades.

A consulta geriátrica deverá ser fundamentada na coleta e no registro deinformações que possam orientar o diagnóstico a partir da caracterização de problemas eo tratamento adequado, com a utilização rotineira de escalas de rastreamento para

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depressão, perda cognitiva e avaliação da capacidade funcional, assim como o corretoencaminhamento para a equipe multiprofissional e interdisciplinar.

Considerando que a qualidade da coleta de dados apresenta dificuldadespeculiares a esse grupo etário, em decorrência de elevado índice de morbidade,apresentações atípicas de doenças e pela chance aumentada de iatrogenia, o modelo deconsulta a ser estabelecido pautar-se-á pela abrangência, sensibilidade diagnostica eorientação terapêutica, nesta incluídas ações não farmacológicas.

A abrangência do modelo de consulta geriátrica compreenderá a incorporação deinformações que permitam a identificação de problemas não apenas relacionados aossistemas cardiorrespiratório, digestivo, hematológico e endócrino-metabólico, como,também, aos transtornos neuropsiquiátricos, nos aparelhos locomotor e geniturinário.

Essa forma de consulta deverá possibilitar a sensibilização do profissional paraquestões sociais eventualmente envolvidas no bem-estar do paciente.

Por sua vez, a sensibilidade diagnóstica deverá implicar a capacidade de motivara equipe para a busca de problemas de elevada prevalência, que não são comumentediagnosticados, como por exemplo: doenças tireoideanas, doença de Parkinson,hipotensão ortostática, incontinência urinária, demências e depressões. É importante queinformações relacionadas a glaucoma, catarata e hipoacusia sejam coletadas. Apossibilidade de iatrogenia sempre deverá ser considerada.

Finalmente, a orientação terapêutica, incluindo mudanças de estilo de vida, deverápossibilitar que a consulta geriátrica enfrente os problemas identificados, levando aalguma forma de alívio e atenuação do impacto funcional. Ao mesmo tempo, o médicodeverá evitar excessos na prescrição e uso de fármacos com elevado potencialiatrogênico.

A orientação terapêutica compreenderá, sempre que necessário, informações aospacientes e seus acompanhantes sobre as medidas de prevenção dos agravos à saúdee acerca das ações de reabilitação precoce – ou "preventiva" – e corretiva, levando emconta, da melhor maneira possível, o ambiente em que vivem e as condições sociais quedispõem.

Já no âmbito hospitalar, a assistência a esse grupo populacional deverá considerarque a idade é um indicador precário na determinação das características especiais doidoso enfermo hospitalizado. Nesse sentido, o estado funcional constituirá o parâmetromais fidedigno para o estabelecimento de critérios específicos de atendimento.

Assim, os pacientes classificados como totalmente dependentes constituirão ogrupo mais sujeito a internações prolongadas, reinternações sucessivas e de piorprognóstico e que, por isso, se enquadram no conceito de vulnerabilidade. Os serviçosde saúde deverão estar preparados para identificar esses pacientes, provendo-lhes umaassistência diferenciada.

Essa assistência será pautada na participação de outros profissionais, além demédicos e enfermeiros, tais como fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos,terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, dentistas e nutricionistas. Dessa forma, adisponibilidade de equipe mínima, que deve incluir obrigatoriamente um médico comformação em geriatria, de equipamentos e de serviços adequados, será pré-requisitopara as instituições públicas estatais ou privadas – conveniadas ou contratadas peloSUS –, que prestarem assistência a idosos dependentes internados.

Idosos com graves problemas de saúde, sem possibilidade de recuperação ou derecuperação prolongada, poderão demandar internação hospitalar de longa

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permanência; forma esta definida na Portaria N.º 2.413, editada em 23 de março de1998. No entanto, esses pacientes deverão ser submetidos a tentativa de reabilitaçãoantes e durante a hospitalização, evitando-se que as enfermarias sejam transformadasem locais de acomodação para pacientes idosos com problemas de saúde nãoresolvidos e, por conseguinte, aumentando a carga de sofrimento do próprio idoso, bemcomo o aumento dos custos dos serviços de saúde.

Entre os serviços alternativos à internação prolongada, deverá estar incluída,obrigatoriamente, a assistência domiciliar. A adoção de tal medida constituirá estratégiaimportante para diminuir o custo da internação, uma vez que assistência domiciliar émenos onerosa do que a internação hospitalar. O atendimento ao idoso enfermo,residente em instituições – como, por exemplo, asilos –, terá as mesmas característicasda assistência domiciliar.

Deverá ser estimulada, por outro lado, a implantação do hospital-dia geriátrico, umaforma intermediária de atendimento entre a internação hospitalar e a assistênciadomiciliar. Esse serviço terá como objetivo viabilizar a assistência técnica adequada parapacientes cuja necessidade terapêutica – hidratação, uso de medicação endovenosa,quimioterapia e reabilitação – e de orientação para cuidadores não justificarem apermanência em hospital.

Tal medida não poderá ser encarada como justificativa para o simples aumento dotempo de internação. Contudo, a internação de idosos em UTI, em especial daquelescom idade igual ou superior a 75 anos, deverá obedecer rigorosamente os critériosadotados em todas as faixas etárias, de potencial de reversibilidade do estado clínico enão a sua gravidade, quando reconhecidamente irrecuperável.

A implantação de forma diferenciada de assistência ao idoso dependente serágradual, priorizando-se hospitais universitários e públicos estatais.

Uma questão que deverá ser considerada refere-se ao fato de que o idoso temdireito a um atendimento preferencial nos órgãos estatais e privados de saúde(ambulatórios, hospitais, laboratórios, planos de saúde, entre outros), na conformidadedo que estabelece a Lei N.º 8.842/94, em seu Art. 4º, inciso VIII, e o Art. 17, do DecretoN.º 1.948/96, que a regulamentou. O idoso terá também uma autorização paraacompanhante familiar em hospitais públicos e privados – conveniados ou contratados –pelo SUS.

Na relação entre o idoso e os profissionais de saúde, um dos aspectos que deverásempre ser observado diz respeito à possibilidade de maus-tratos, quer por parte dafamília, quer por parte do cuidador ou mesmo destes profissionais. É importante que oidoso saiba identificar posturas e comportamentos que significam maus-tratos, bem comoos fatores de risco neles envolvidos. Esses maus- tratos podem ser por negligência –física, psicológica ou financeira –, por abuso – físico, psicológico ou financeiro – ou porviolação dos direitos pessoais. O profissional de saúde, o idoso e a família, quandohouver indícios de maus-tratos, deverá denunciar a sua suspeita às autoridadescompetentes.

Considerando que a vulnerabilidade à perda de capacidade está ligada a aspectossocioeconômicos, atenção especial deverá ser concedida aos grupos de idosos queestão envelhecendo em condições mais desfavoráveis, de que são exemplos aquelesresidentes na periferia dos grandes centros urbanos e os que vivem nas zonas ruraisdesprovidas de recursos de saúde e assistência social, onde também se observa umaintensa migração da população jovem.

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3.4. Reabilitação da capacidade funcional comprometida

As ações nesse contexto terão como foco especial a reabilitação precoce,mediante a qual buscar-se-á prevenir a evolução e recuperar a perda funcionalincipiente, de modo a evitar-se que as limitações da capacidade funcional possamavançar e que aquelas limitações já avançadas possam ser amenizadas. Esse trabalhoenvolverá as práticas de um trabalho multiprofissional de medicina, enfermagem,fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, fonoaudiologia, psicologia e serviço social.

Na definição e na implementação das ações, será levado em conta que, narealidade, as causas de dependência são, em sua maioria, evitáveis e, em muitos casos,reversíveis por intermédio de técnicas de reabilitação física e mental, tão mais efetivasquanto mais precocemente forem instituídas.

Além da necessidade de prevenir as doenças crônicas que acometem aos queenvelhecem, procurar-se-á, acima de tudo, evitar que estas enfermidades alijem o idosodo convívio social, comprometendo sua autonomia.

No conjunto de ações que devem ser implementadas nesse âmbito, estão aquelasrelacionadas à reabilitação mediante a prescrição adequada e o uso de órteses epróteses como, por exemplo, óculos, aparelhos auditivos, próteses dentárias etecnologias assistivas (como andador, bengala etc.).

Essas e as outras ações que vierem a ser definidas deverão estar disponíveis emtodos os níveis de atenção ao idoso, principalmente nos postos e centros de saúde, comvistas à detecção precoce e o tratamento de pequenas limitações funcionais capazes delevar a uma grave dependência.

A detecção precoce e o tratamento de pequenas limitações funcionais, potenciaiscausas de formas graves de dependência, integrarão as atribuições dos profissionais etécnicos que atuam nesses níveis de atenção, e deverão ser alvo de orientação aoscuidadores dos idosos para que possam colaborar com os profissionais da saúde,sobretudo na condição de agentes facilitadores, tanto na observação de novaslimitações, quanto no auxílio ao tratamento prescrito.

3.5. Capacitação de recursos humanos especializados

O desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos constituem diretriz queperpassará todas as demais definidas nesta Política, configurando mecanismoprivilegiado de articulação intersetorial, de forma que o setor saúde possa dispor depessoal em qualidade e quantidade adequadas, e cujo provimento é de responsabilidadedas três esferas de governo.

Esse componente deverá merecer atenção especial, sobretudo no tocante ao quedefine a Lei N.º 8.080/90, em seu Art. 14 e parágrafo único, nos quais está estabelecidoque a formação e a educação continuada contemplarão ação intersetorial articulada. A leiestabelece, como mecanismo fundamental, a criação de comissão permanente deintegração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior,com a finalidade de "propor prioridades, métodos e estratégias".

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O trabalho articulado com o Ministério da Educação e as instituições de ensinosuperior deverá ser viabilizado por intermédio dos Centros Colaboradores de Geriatria eGerontologia tendo em vista a capacitação de recursos humanos em saúde de acordocom as diretrizes aqui fixadas.

Os Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia serão, preferencialmente,localizados em instituições de ensino superior e terão atribuições específicas, conformeas características de cada instituição. A indicação desses Centros deverá serestabelecida pelo Ministério da Saúde, de acordo com as necessidades identificadas noprocesso de implantação desta Política Nacional.

No âmbito da execução de ações, de forma mais específica, a capacitaçãobuscará preparar os recursos humanos para a operacionalização de um elenco básico deatividades, que incluirá, entre outras, a prevenção de perdas, a manutenção e arecuperação da capacidade funcional da população idosa e o controle dos fatores queinterferem no estado de saúde desta população.

A capacitação de pessoal para o planejamento, coordenação e avaliação deações deverá constituir as bases para o desenvolvimento do processo contínuo dearticulação com os demais setores, cujas ações estão diretamente relacionadas com oidoso no âmbito do setor saúde.

Essa capacitação será promovida pelos Centros Colaboradores de Geriatria eGerontologia, os quais terão a função específica de capacitar os profissionais paraprestar a devida cooperação técnica demandada pelas demais esferas de gestão, nosentido de uniformizar conceitos e procedimentos que se tornarão indispensáveis para aefetivação desta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como para o seu processocontínuo de avaliação e acompanhamento.

3.6. Apoio ao desenvolvimento de cuidados informais

Nesse âmbito, buscar-se-á desenvolver uma parceria entre os profissionais dasaúde e as pessoas próximas aos idosos, responsáveis pelos cuidados diretosnecessários às suas atividades da vida diária e pelo seguimento das orientaçõesemitidas pelos profissionais. Tal parceria, como mostram estudos e pesquisas sobre oenvelhecimento em dependência, configura a estratégia mais atual e menos onerosapara manter e promover a melhoria da capacidade funcional das pessoas que seencontram neste processo.

Nos países onde o envelhecimento da população vem ocorrendo há mais tempo,convencionou-se que há cuidados formais e informais na atenção às pessoas queenvelheceram e que, de alguma forma, perderam a sua capacidade funcional. Ossistemas formais de cuidados são integrados por profissionais e instituições, querealizam este atendimento sob a forma de prestação de serviço. Dessa forma, oscuidados são prestados por pessoa ou agências comunitárias contratadas para tal. Já ossistemas informais são constituídos por pessoas da família, amigos próximos e vizinhos,freqüentemente mulheres, que exercem tarefas de apoio e cuidados voluntários parasuprir a incapacidade funcional do seu idoso.

Na cultura brasileira, são essas pessoas que assumem para si as funções deprovedoras de cuidados diretos e pessoais. O papel de mulher cuidadora na família énormativo, sendo quase sempre esperado que ela assuma tal papel. Os responsáveispelos cuidados diretos aos seus idosos doentes ou dependentes geralmente residem na

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mesma casa e se incumbem de prestar a ajuda necessária ao exercício das atividadesdiárias destes idosos, tais como higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamentoaos serviços de saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano, por exemplo ida abancos ou farmácias.

O modelo de cuidados domiciliares, antes restrito à esfera privada e à intimidadedas famílias, não poderá ter como única finalidade baratear custos ou transferirresponsabilidades. A assistência domiciliar aos idosos cuja capacidade funcional estácomprometida demanda orientação, informação e assessoria de especialistas.

Para o desempenho dos cuidados a um idoso dependente, as pessoas envolvidasdeverão receber dos profissionais de saúde os esclarecimentos e as orientaçõesnecessárias, inclusive em relação à doença crônico-degenerativa com a qual estáeventualmente lidando, bem como informações sobre como acompanhar o tratamentoprescrito.

Essas pessoas deverão, também, receber atenção médica pessoal, considerandoque a tarefa de cuidar de um adulto dependente é desgastante e implica riscos à saúdedo cuidador. Por conseguinte, a função de prevenir perdas e agravos à saúde abrangerá,igualmente, a pessoa do cuidador.

Assim, a parceria entre os profissionais de saúde e as pessoas que cuidam dosidosos deverá possibilitar a sistematização das tarefas a serem realizadas no própriodomicílio, privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção deincapacidades e à manutenção da capacidade funcional do idoso dependente e do seucuidador, evitando-se, assim, na medida do possível, hospitalizações, asilamentos eoutras formas de segregação e isolamento

Dessa parceria, deverão resultar formas mais efetivas e eficazes de manutenção ede recuperação da capacidade funcional, assim como a participação mais adequada daspessoas envolvidas com alguém em processo de envelhecimento com dependência. Oestabelecimento dessa ação integrada será realizado por meio de orientações a seremprestadas pelos profissionais de saúde, do intercâmbio de informações claras e precisassobre diagnósticos e tratamentos, bem como relatos de experiências entre pessoas queestão exercitando o papel de cuidar de idoso dependente.

3.7. Apoio a estudos e pesquisas

Esse apoio deverá ser levado a efeito pelos Centros Colaboradores de Geriatria eGerontologia, resguardadas, nas áreas de conhecimento de suas especialidades, asparticularidades de cada um.

Esses Centros deverão se equipar, com o apoio financeiro das agências deciência e tecnologia regionais e ou federais, para organizar o seu corpo depesquisadores e atuar em uma ou mais de uma linha de pesquisa. Tais grupos incumbir-se-ão de gerar informações com o intuito de subsidiar as ações de saúde dirigidas àpopulação de mais de 60 anos de idade, em conformidade com esta Política. Caberá aoMinistério da Saúde e ao Ministério Ciência Tecnologia, em especial, o papel dearticuladores, com vistas a garantir a efetividade de ações programadas de estudos epesquisas desta Política Nacional de Saúde do Idoso.

As linhas de pesquisa deverão concentrar-se em quatro grandes tópicos deprodução de conhecimentos sobre o envelhecimento no Brasil, contemplando asparticularidades de gênero e extratos sociais nas zonas urbanas e rurais.

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O primeiro tópico refere-se a estudos de perfil do idoso, nas diferentes regiões doPaís, e prevalência de problemas de saúde, incluindo dados sociais, nas formas deassistência e seguridade, situação financeira e apoios formais e informais. Nessecontexto, será estimulada a sistematização das informações produzidas pelos CentrosColaboradores de Geriatria e Gerontologia, em articulação com os dados das agênciasgovernamentais, particularmente aquelas que lidam com estudos demográficos epopulacionais.

No segundo tópico, deverão estar concentrados estudos visando a avaliação dacapacidade funcional; prevenção de doenças, vacinações; estudos de seguimento; edesenvolvimento de instrumentos de rastreamento.

O terceiro tópico diz respeito aos estudos de modelos de cuidado, na assessoriapara a implementação e no acompanhamento e na avaliação das intervenções.

O quarto tópico concentrar-se-á em estudos sobre a hospitalização e alternativasde assistência hospitalar, com vistas à maior eficiência e à redução dos custos noambiente hospitalar. Para tal, a padronização de protocolos para procedimentos clínicos,exames complementares mais sofisticados e medicamentos deverão constituir pontosprioritários.

Comporão, ainda, esse último tópico estudos sobre orientação e cuidados aosidosos, alta hospitalar e diferentes alternativas de assistência –como assistênciadomiciliar, centro-dia, já utilizados em outros países –, bem como investigações acercade formas de articulação de informações básicas em geriatria e gerontologia para osprofissionais de todas as especialidades.

2. RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS

Caberá aos gestores do SUS, de forma articulada e na conformidade de suasatribuições comuns e específicas, prover os meios e atuar de modo a viabilizar o alcancedo propósito desta Política Nacional de Saúde do Idoso, que é a promoção doenvelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidadefuncional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos queadoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcionalrestringida.

Considerando, por outro lado, as diretrizes aqui definidas para a consecução dopropósito fixado, cuja observância implica o desenvolvimento de um amplo conjunto deações, entre as quais figurarão aquelas compreendidas no processo de promoção dasaúde e que, por isso mesmo, irão requerer o compartilhamento de responsabilidadesespecíficas tanto no âmbito interno do setor saúde, quanto no contexto de outros setores.

Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em suas respectivasáreas de abrangência, processos de articulação permanente, visando o estabelecimentode parcerias e a integração institucional que viabilizem a consolidação de compromissosmultilaterais efetivos. Será buscado, igualmente, a participação de diferentes segmentosda sociedade, que estejam direta ou indiretamente relacionadas com a presente Política.

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4.1. Articulação intersetorial

No âmbito federal, o Ministério da Saúde buscará estabelecer, em especial,articulação com as instâncias a seguir apresentadas, para as quais estão identificadas asmedidas essenciais, segundo as suas respectivas competências.

A) Ministério da EducaçãoA parceria com esse Ministério buscará sobretudo:

• a difusão, junto às instituições de ensino e seus alunos, de informaçõesrelacionadas à promoção da saúde dos idosos e à prevenção ou recuperação de suasincapacidades;

• a adequação de currículos, metodologias e material didático de formação deprofissionais na área da saúde, visando o atendimento das diretrizes fixadas nestaPolítica;

• o incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia nasinstituições de ensino superior, que deverão atuar de forma integrada com o SUS e osórgãos estaduais e municipais de assistência social, mediante o estabelecimento dereferência e contra-referência de ações e serviços para o atendimento integral dos idosose a capacitação de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, visando a qualificaçãocontínua do pessoal de saúde nas áreas de gerência, planejamento, pesquisa eassistência ao idoso;

• estímulo e apoio à realização de estudos que contemplem as quatro linhas depesquisa definidas como prioritárias por esta Política, visando o

• desenvolvimento de um sistema de informação sobre esta população, quesubsidie o planejamento, execução e avaliação das ações de promoção, proteção,recuperação e reabilitação;

• a discussão e a readequação de currículos e programas de ensino nas instituiçõesde ensino superior abertas para a terceira idade, consoantes às diretrizes fixadas nestaPolítica.

B) Ministério da Previdência e Assistência SocialA parceria buscará principalmente:

• a realização de estudos e pesquisas epidemiológicas, junto aos seus segurados,relativos às doenças e agravos mais prevalentes nesta faixa etária, sobretudo quanto aosseus impactos no indivíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no setorsaúde;

• a elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado aos idosossegurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política.

• Secretaria de Estado da Assistência Social

• A parceria com essa Secretaria terá por finalidade principalmente:

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• a difusão, junto aos seus serviços e àqueles sob a sua supervisão, de informaçõesrelativas à preservação da saúde e à prevenção ou recuperação de incapacidades;

• a adequação, na conformidade das diretrizes aqui estabelecidas, de seus cursosde treinamento ou capacitação de profissionais que atuam nas unidades próprias,conveniadas ou sob a sua supervisão;

• a promoção da formação e o acompanhamento de grupos de auto-ajuda aosidosos, referentes às doenças e agravos mais comuns nesta faixa etária;

• o apoio à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia nasinstituições de ensino superior, que devem atuar de forma integrada com o

• SUS e os órgãos estaduais e municipais de assistência social, mediante oestabelecimento de referência e contra-referência de ações e serviços para oatendimento integral de idosos e o treinamento de equipes multiprofissionais einterdisciplinares, visando a capacitação contínua do pessoal de saúde nas áreas degerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso;

• o apoio à realização de estudos epidemiológicos para detecção dos agravos àsaúde da população idosa, visando o desenvolvimento de sistema de informação sobreesta população, destinado a subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação dasações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação;

• a promoção da observância das normas relativas à criação e ao funcionamento deinstituições gerontológicas e similares, nas unidades próprias e naquelas sob a suasupervisão.

C) Ministério do Trabalho e Emprego

• Com esse Ministério, a parceria a ser estabelecida visará, em especial:

• a elaboração e a implementação de programas de preparo para futurosaposentados nos setores públicos e privados;

• a melhoria das condições de emprego do idoso, compreendendo: a eliminaçãodas discriminações no mercado de trabalho e a criação de condições que permitam ainserção do idoso na vida socioeconômica das comunidades.

D) Secretaria de Estado do Desenvolvimento UrbanoSerá estabelecida a parceria com essa Secretaria visando, entre outras:

• a melhoria de condições de habitação e moradia, além da diminuição dasbarreiras arquitetônicas e

• urbanas que dificultam ou impedem a manutenção e apoio à independênciafuncional do idoso;

• a promoção de ações educativas dirigidas aos agentes executores e beneficiáriosde programas habitacionais quanto aos riscos ambientais à capacidade funcional dosidosos.

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• o estabelecimento de previsão e a instalação de equipamentos comunitáriospúblicos voltados ao atendimento da população idosa previamente identificada,residentes na área de abrangência dos empreendimentos habitacionais respectivos;

• a promoção de ações na área de transportes urbanos que permitam e ou facilitemo deslocamento do cidadão idoso, sobretudo aquele que já apresenta dificuldades delocomoção, tais como elevatórias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampasnas calçadas, bancos mais altos nas paradas de ônibus.

E) Ministério da JustiçaCom esse Ministério, a parceria terá por finalidade a promoção e a defesa dos direitos dapessoa idosa, no tocante às questões de saúde, mediante o acompanhamento daaplicação das disposições contidas na Lei N.º 8.842/94 e seu regulamento (Decreto N.º1.948/96).

F) Ministério do Esporte e TurismoEssa parceria buscará, em especial, a elaboração, a implementação e oacompanhamento de programas esportivos e de exercícios físicos destinados àspessoas idosas, bem como de turismo que propiciem a saúde física e mental deste grupopopulacional.

G) Ministério da Ciência e TecnologiaBuscar-se-á, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTécnológico – CNPq –, o fomento à pesquisa na área de geriatria e gerontologiacontemplando, preferencialmente, as linhas de estudo definidas nesta Política.

4.2. Responsabilidades do Gestor Federal – Ministério da Saúde

• Implementar, acompanhar e avaliar a operacionalização desta Política Nacional deSaúde do Idoso, bem como os planos, programas, projetos e atividades deladecorrentes.

• Promover a revisão e o aprimoramento das normas de funcionamento deinstituições geriátricas e similares (Portaria 810/89).

• Elaborar e acompanhar o cumprimento de normas relativas aos serviçosgeriátricos hospitalares.

• Designar e apoiar os Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia,preferencialmente localizados em instituições de ensino superior envolvidos nacapacitação de recursos humanos em saúde do idoso e ou na produção de materialcientífico, bem como em pesquisa nas áreas prioritárias do envelhecimento e da atençãoa este grupo populacional.

• Apoiar estudos e pesquisas definidos como prioritários nesta Política visando aampliar o conhecimento sobre o idoso e a subsidiar o desenvolvimento das açõesdecorrentes desta Política.

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• Promover a cooperação das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde com osCentros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia com vistas à capacitação de equipesmultiprofissionais e interdisciplinares.

• Promover a inclusão da geriatria como especialidade clínica, para efeito deconcursos públicos.

• Criar mecanismos que vinculem a transferência de recursos às instâncias estaduale municipal ao desenvolvimento de um modelo adequado de atenção à saúde do idoso.

• Estimular e apoiar a realização de pesquisas consideradas estratégicas nocontexto desta Política.

• Promover a disseminação de informações técnico-científicas e de experiênciasexitosas referentes à saúde do idoso.

• Promover a capacitação de recursos humanos para a implementação destaPolítica.

• Promover a adoção de práticas, estilos e hábitos de vida saudáveis, por parte dosidosos, mediante a mobilização de diferentes segmentos da sociedade e por intermédiode campanhas publicitárias e de processos educativos permanentes.

• Apoiar estados e municípios, a partir da análise de tendências, nodesencadeamento de medidas visando a eliminação ou o controle de fatores de riscodetectados.

• Promover o fornecimento de medicamentos, órteses e próteses necessários àrecuperação e à reabilitação do idoso.

• Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de controle social doSUS.

• Estimular a formação de grupos de auto-ajuda e de convivência, de formaintegrada com outras instituições que atuam nesse contexto.

• Estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades de cuidados diurnos– hospital-dia, centro-dia – de atendimento domiciliar, bem como de outros serviçosalternativos para o idoso.

4.3. Responsabilidades do Gestor Estadual – Secretaria Estadual de Saúde

• Elaborar, coordenar e executar a política estadual de saúde do idoso, consoante aesta Política Nacional.

• Promover a elaboração e ou adequação dos planos, programas, projetos eatividades decorrentes desta Política.

• Promover processo de articulação entre os diferentes setores no Estado, visandoa implementação da respectiva política de saúde do idoso.

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• Acompanhar o cumprimento de normas de funcionamento de instituiçõesgeriátricas e similares, bem como de serviços hospitalares geriátricos.

• Estabelecer cooperação com os Centros Colaboradores de Geriatria eGerontologia com vistas ao treinamento de equipes multiprofissionais e interdisciplinares,e promover esta cooperação com as Secretarias Municipais de Saúde, de modo acapacitar recursos humanos necessários à consecução da política estadual de saúde doidoso.

• Promover a capacitação de recursos humanos necessários à consecução dapolítica estadual de saúde do idoso.

• Adequar os serviços de saúde com a finalidade do atendimento às necessidadesespecíficas da população idosa.

• Prestar cooperação técnica aos municípios na implementação das açõesdecorrentes.

• Apoiar propostas de estudos e pesquisas estrategicamente importantes para aimplementação, avaliação ou reorientação das questões relativas à saúde do idoso.

• Promover a adoção de práticas e hábitos saudáveis, por parte dos idosos,mediante a mobilização de diferentes segmentos da sociedade e por intermédio decampanhas de comunicação.

• Promover o fornecimento de medicamentos, próteses e órteses necessários àrecuperação e à reabilitação de idosos.

• Estimular e viabilizar a participação de idosos nas instâncias de participaçãosocial.

• Estimular a formação de grupos de auto ajuda e de convivência, de formaintegrada com outras instituições que atuam nesse contexto.

• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades de cuidadosdiurnos – hospital-dia, centro-dia – de atendimento domiciliar, bem como de outrosserviços alternativos para o idoso.

• Prover o Sistema Nacional de Informação em Saúde com dados respectivos eanálises relacionadas à situação de saúde e às ações dirigidas aos idosos.

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4.4. Responsabilidades do Gestor Municipal – Secretaria Municipal de Saúde ouorganismos correspondentes

Coordenar e executar as ações decorrentes das Políticas Nacional e Estadual, em seurespectivo âmbito, definindo componentes específicos que devem ser implementadospelo município.

• Promover as medidas necessárias para integrar a programação municipal àadotada pelo Estado, submetendo-as à Comissão Intergestores Bipartite.

• Promover articulação necessária com as demais instâncias do SUS visando otreinamento e a capacitação de recursos humanos para operacionalizar, de formaprodutiva e eficaz, o elenco de atividades específicas na área de saúde do idoso.

• Manter o provimento do Sistema Nacional de Informação em Saúde com dados eanálises relacionadas à situação de saúde e às ações dirigidas aos idosos.

• Promover a difusão de conhecimentos e recomendações sobre práticas, hábitos eestilos de vida saudáveis, junto à população de idosos, valendo-se, inclusive, damobilização da a comunidade.

• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades de cuidadosdiurnos – hospital-dia, centro-dia – de atendimento domiciliar.

• Estimular e apoiar a formação de grupos de auto-ajuda e de convivência, de formaintegrada com outras instituições que atuam nesse contexto.

• Realizar articulação com outros setores visando a promoção a qualidade de vidados idosos.

• Promover o acesso a medicamentos, órteses e próteses necessários àrecuperação e à reabilitação do idoso.

• Aplicar, acompanhar e avaliar o cumprimento de normas de funcionamento deinstituições geriátricas e similares, bem como de serviços geriátricos da rede local.

• Estimular e viabilizar a participação social de idosos nas diversas instâncias.

3. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

A operacionalização desta Política compreenderá a sistematização de processocontínuo de acompanhamento e avaliação, que permita verificar o alcance de seupropósito – e, conseqüentemente, o seu impacto sobre a saúde dos idosos –, bem comoproceder a eventuais adequações que se fizerem necessárias.

Esse processo exigirá a definição de critérios, parâmetros, indicadores emetodologia específicos, capazes de evidenciar, também, a repercussão das medidaslevadas a efeito por outros setores, que resultaram da ação articulada preconizada nesta

Política e que estão explicitadas no capítulo anterior deste documento, bem comoa observância dos compromissos internacionais assumidos pelo País em relação àatenção aos idosos.

71

É importante considerar que o processo de acompanhamento e avaliação referidoserá apoiado, sobretudo para a aferição de resultados no âmbito interno do setor, pelasinformações produzidas pelos diferentes planos, programas, projetos, ações e ouatividades decorrentes desta Política Nacional.

Além da avaliação nos contextos anteriormente identificados, voltadosprincipalmente para a verificação do impacto das medidas sobre a saúde dos idosos,buscar-se-á investigar a repercussão desta Política na qualidade de vida deste segmentopopulacional.

Nesse particular, buscar-se-á igualmente conhecer em que medida a PolíticaNacional de Saúde do Idoso tem contribuído para a concretização dos princípios ediretrizes do SUS, na conformidade do Art. 7º, da Lei N.º 8.080/90, entre os quais,destacam-se aqueles relativos à integralidade da atenção, à preservação da autonomiadas pessoas e ao uso da epidemiologia no estabelecimento de prioridades(respectivamente incisos II, III e VII). Paralelamente, deverá ser observado, ainda, se:

• potencial dos serviços de saúde e as possibilidades de utilização pelo usuárioestão sendo devidamente divulgados junto à população de idosos;

• os planos, programas, projetos e atividades que operacionalizam esta Políticaestão sendo desenvolvidos de forma descentralizada, considerando a direção única emcada esfera de gestão; e

• a participação dos idosos nas diferentes instâncias do SUS está sendoincentivada e facilitada.

6. TERMINOLOGIA

Ação terapêutica: processo de tratamento de um agravo à saúde por intermédiode medidas farmacológicas e não farmacológicas, tais como: mudanças no estilo de vida,abandono de hábitos nocivos, psicoterapia, entre outros.

AIH (Autorização de Internação Hospitalar): documento de autorização e fatura deserviços hospitalares do SUS, que engloba o conjunto de procedimentos realizados emregime de internação.

Assistência domiciliar: essa assistência engloba a visitação domiciliar e cuidadosdomiciliares que vão desde o fornecimento de equipamentos, até ações terapêuticasmais complexas.

Atividades de vida diária (AVDs): termo utilizado para descrever os cuidadosessenciais e elementares à manutenção do bem-estar do indivíduo, que compreendeaspectos pessoais como : banho, vestimenta, higiene e alimentação, e aspectosinstrumentais como: realização de compras e cuidados com finanças.

Autodeterminação: capacidade do indivíduo poder exercer sua autonomia.Autonomia: é o exercício da autodeterminação; indivíduo autônomo é aquele que

mantém o poder decisório e o controle sobre sua vida.Capacidade funcional:capacidade de o indivíduo manter as habilidades físicas e

mentais necessárias para uma vida independente e autônoma; a avaliação do grau decapacidade funcional é feita mediante o uso de instrumentos multidimensionais.

Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia: centros localizados depreferência em instituições de ensino superior, que colaboram com o setor saúde,

72

fundamentalmente na capacitação de recursos humanos em saúde do idoso e ou naprodução de material científico para tal finalidade, bem como em pesquisas nas áreasprioritárias do envelhecimento e da atenção a este grupo populacional.

Centro-dia: ambiente destinado ao idoso, que tem como característica básica oincentivo à socialização e o desenvolvimento de ações de promoção e proteção dasaúde .

Cuidador: é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração,cuida do idoso doente ou dependente no exercício das suas atividades diárias, tais comoalimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços desaúde ou outros serviços requeridos no cotidiano – por exemplo, ida a bancos oufarmácias –, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissõeslegalmente estabelecidas, particularmente na área da enfermagem.

Deficiência: expressão de um processo patológico, na forma de uma alteração defunção de sistemas, órgãos e membros do corpo, que podem ou não gerar umaincapacidade.

Demência: conceitua-se demência como uma síndrome progressiva e irreversível,composta de múltiplas perdas cognitivas adquiridas, que ocorrem na ausência de umestado de confusão mental aguda (ou seja, de uma desorganização súbita dopensamento). As funções cognitivas que podem ser afetadas pela demência incluema memória, a orientação, a linguagem, a práxis, a agnosia, as construções, a prosódia eo controle executivo.

Envelhecimento: a maioria dos autores o conceituam como "uma etapa da vida emque há um comprometimento da homeostase, isto é, o equilíbrio do meio interno, o quefragilizaria o indivíduo, causando uma progressiva vulnerabilidade do indivíduo perante auma sobrecarga fisio-lógica".

Envelhecimento saudável: é o processo de envelhecimento com preservação dacapacidade funcional, autonomia e qualidade de vida.

Geriatria: é o ramo da ciência médica voltado à promoção da saúde e otratamento de doenças e incapacidades na velhice.

Gerontologia: área do conhecimento científico voltado para o estudo doenvelhecimento em sua perspectiva mais ampla, em que são levados em conta nãosomente os aspectos clínicos e biológicos, mas também as condições psicológicas,sociais, econômicas e históricas.

Dependência: é a condição que requer o auxílio de pessoas para a realização deatividades do dia a dia.

Centros de convivência: locais destinados à permanência do idoso, em um ou doisturnos, onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais,associativas e de educação para a cidadania.

Habilidade física: refere-se à aptidão ou capacidade para realizar algo que exijauma resposta motora, tal como caminhar, fazer um trabalho manual, entre outros.

Hospital-dia geriátrico: refere-se ao ambiente hospitalar, no qual atua equipemultiprofissional e interdisciplinar, destinado a pacientes que dele necessitam em regimede um ou dois turnos, para complementar tratamentos e promover reabilitação.

Idoso: a Organização das Nações Unidas, desde 1982 considera idoso o indivíduocom idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na Lei Nº 8.842/94, adota essa mesmafaixa etária (Art. 2º do capítulo I).

73

Incapacidade: quantificação da deficiência; refere-se à falta de capacidade pararealizar determinada função na extensão, amplitude e intensidade consideradas normais;em gerontologia, diz respeito à incapacidade funcional, isto é, à perda da capacidade derealizar pelo menos um ou mais de um ato de vida diária.

Incontinência urinária: refere-se à perda involuntária de urina.Iatrogenia: qualquer agravo à saúde, causado por uma intervenção médica

Psicoterapia: terapêutica que, por métodos psicológicos, busca a restauração doequilíbrio emocional do indivíduo.

Reabilitação física: conjunto de procedimentos terapêuticos físicos que visamadaptar ou compensar deficiências motoras (quando aplicadas a limitações insipientespode ser considerada reabilitação precoce ou "preventiva").

Rastreamento: um protocolo de aplicação rápida e sistemática para detecção deproblemas de saúde em uma determinada população.

Síndrome: conjunto de sinais e sintomas comuns a diversas enfermidades.

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79

ANEXO C

80

ANEXO D

81

82

83

ANEXO EGRÁFICOS DE ESCALA X ESCORES DO KHQ

1. PERCEPÇÃO GERAL DE SAÚDE (Questão 1)

Escala Escore

Muito boa 1

Boa 2

Regular 3

Ruim 4

Muito ruim 5

2. IMPACTO DA INCONTINÊNCIA (Questão 2)

Escala Escore

Nem um pouco 1

Um pouco 2

Moderadamente 3

Muito 4

3. LIMITAÇÕES DE ATIVIDADES DIÁRIAS (Questões 3a e 3b)

4. LIMITAÇÕES FÍSICAS e SOCIAIS (Questões 4a, 4b, 4c e 4d)

As questões 3a, 3b, 4a, 4b, 4c e 4d apresentam a mesma escala de respostas com os

respectivos escores, como segue abaixo:

Escala Escore

Nem um pouco 1

Um pouco 2

Moderadamente 3

Muito 4

84

5. RELAÇÕES PESSOAIS (Questões 5a, 5b e 5c)

Escala Escore

Não aplicável 0

Nem um pouco 1

Um pouco 2

Moderadamente 3

Muito 4

6. EMOÇÕES (Questões 6a, 6b e 6c)

Escala Escore

Nem um pouco 1

Um pouco 2

Moderadamente 3

Muito 4

7. SONO E DISPOSIÇÃO (Questões 7a e 7b)

Escala Escore

Nunca 1

Às vezes 2

Freqüentemente 3

O tempo todo 4

8. MEDIDAS DE GRAVIDADE (Questões 8a, 8b, 8c, 8d e 8e)

Escala Escore

Nunca 1

Às vezes 2

Freqüentemente 3

O tempo todo 4

85

ESCALA DE SINTOMAS

Escala Escore

Omitiu resposta 0

Um pouco 1

Moderadamente 2

Muito 3

86

ANEXO F

Pontuação e cálculo do "RAW SCALE" (0 - 100)

PARA CALCULAR AS PONTUAÇÕES

PERCEPÇÃO GERAL DE SAÚDE

Pontuação = ((Pontuação da Questão 1 - 1) / 4) x 100

1 – Muito boa

2 – Boa

3 – Regular

4 – Ruim

5 – Muito ruim

IMPACTO DA INCONTINÊNCIA

Pontuação = ((Pontuação da Questão 2 - 1) / 3) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

LIMITAÇÕES DE ATIVIDADES DIÁRIAS

Pontuação = (((Pontuação das Questões 3a + 3b) - 2) / 6) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

87

LIMITAÇÕES FÍSICAS

Pontuação = (((Pontuação das Questões 4a + 4b) - 2) / 6) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

LIMITAÇÕES SOCIAIS

Pontuação = (((Pontuação das Questões 4c+ 4d + 5c) - 3) / 9) x 100**

** Se a pontuação da Questão 5c >= 1; se 0, então ..-2) / 6) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

RELAÇÕES PESSOAIS

Pontuação = (((Pontuação das Questões 5a + 5b) - 2) / 6) x 100***

*** Se a pontuação das Questões 5a + 5b >= 2,

Se (5a + 5b) = 1; ........-1) / 3) x 100

Se (5a + 5b) = 0; .........tratar como "missing value" (não aplicável)

0 – Não aplicável

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

88

EMOÇÕES

Pontuação = (((Pontuação das Questões 6a + 6b + 6c) - 3) / 9) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

SONO E DISPOSIÇÃO

Pontuação = (((Pontuação das Questões 7a + 7b) - 2) / 6) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

MEDIDAS DE GRAVIDADE

Pontuação = (((Pontuação das Questões 8a + 8b + 8c + 8d + 8e) - 5) / 15) x 100

1 – Nem um pouco

2 – Um pouco

3 – Moderadamente

4 – Muito

ESCALA DE SINTOMAS

PONTUAÇÃO ESCALA DE GRADUAÇÃO

1 Um pouco

2 Moderadamente

3 Muito

0 Omitiu resposta

89

ANEXO G

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: Fortalecimento do assoalho pélvico com atividade física e a freqüênciada incontinência urinária.

Eu__________________________________________RG__________________________Estado civil _____________ Profissão____________________ residente à____________________________________na cidade de ________________________RS.Declaro que estou ciente dos objetivos, justificativa e procedimentos de avaliação e dotratamento da incontinência urinária através do fortalecimento do assoalho pélvico.Estou ciente dos desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados; que existemmétodos alternativos existentes; que haverá um acompanhamento duas vezes por semana,durante 3 meses pelo Sr. Telmo Alberto Flores, pesquisador responsável pelo trabalho deorientação para fortalecimento do assoalho pélvico; que terei todos os esclarecimentosnecessários durante o curso da pesquisa; que terei a garantia do sigilo que assegure aprivacidade quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa; que não será cobradonenhum valor à título de pró-labore ou cobertura de despesas eventuais decorrentes dosprocedimentos necessários para a realização da pesquisa, inclusive exames médicos; que,por motivos pessoais, posso retirar-me ou recusar a continuar a pesquisa, sem prejuízopessoal.Desde já, comprometo-me a colaborar com os procedimentos que serão executadosexclusivamente para benefício de minha saúde, autorizando a realizar os exames e testesque se fizerem necessários.

___________________Assinatura da Paciente

___________________ D A T A

_____________________Assinatura do Pesquisador

90

ANEXO H

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