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“Protecção Internacional de Refugiados”“Protecção Internacional de Refugiados”“Protecção Internacional de Refugiados”“Protecção Internacional de Refugiados”
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CICLO DE CONFERÊNCIAS 2009 Protecção Internacional de Refugiados Protecção Internacional de Refugiados Protecção Internacional de Refugiados Protecção Internacional de Refugiados –––– Relatório final Relatório final Relatório final Relatório final
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ÍNDICE 1. Introdução 3
2. Refugiados ambientais: a dimensão humana das alterações climáticas 4
3. Refugiados de ontem, refugiados de hoje 7
4. Teatro – Refúgio e Liberdade 9
5. A socialização da criança em meio escolar: que desafios? 12
6. Conclusões e recomendações 14
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1. INTRODUÇÃO
Ao longo da história, sempre houve pessoas perseguidas pelas suas ideias, pela sua
origem étnica, pelas suas crenças religiosas. Milhões de pessoas em fuga porque as
suas vidas estavam em perigo devido à guerra ou à violação dos direitos humanos
mais básicos.
Constata-se que a maioria das pessoas pode confiar nos seus Governos para
garantirem e protegerem os seus direitos humanos e a sua segurança física. Mas, no
caso dos refugiados, o país de origem demonstrou ser incapaz de o fazer, ou,
simplesmente, não quer proteger aqueles direitos.
São várias as razões que conduzem ao êxodo dos refugiados. Mas sobretudo, estas
centram-se no receio fundado de perseguição em virtude da sua raça, religião,
nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, mas
também as guerras, os conflitos, etc. Porém, nem todos os refugiados conseguem sair
das fronteiras do seu país e, desta forma, pedir protecção a outro.
Os deslocados internos (IDP – Pessoas Deslocadas Internamente) também conhecidos
como refugiados internos, são populações forçadas a fugir de suas casas mas,
diferentemente dos refugiados, permanecem dentro das fronteiras do seu país.
Actualmente existem cerca de 26 milhões de IDP em mais de 50 países.
De acordo com os dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (ACNUR), em 2008, cerca de 42 milhões de pessoas foram forçadas a
deslocar-se. Este número inclui 15.2 milhões de refugiados, 827 000 requerentes de
asilo e os 26 milhões de deslocados internos.
A dimensão do drama dos refugiados justifica a sensibilização para a trágica situação
desta população e esta é fundamental para que se construa uma sociedade mais
solidária e actuante.
Assim, importa criar uma maior consciência em relação aos refugiados e aos
problemas da deslocação forçada, criando um envolvimento mais activo e voluntário
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por parte da sociedade civil, dos sectores governamentais, não-governamentais e
outros sectores afins em prol de pessoas que necessitam de protecção.
O Ciclo de Conferências do Conselho Português para os Refugiados (CPR) cumpre,
precisamente, este objectivo de reforçar o conhecimento dos interessados na
temática do asilo e refugiados:
� Chamar a atenção para o problema dos refugiados;
� Sensibilizar a sociedade de acolhimento;
� Promover o debate e a discussão com todos os interessados em torno desta
problemática;
� Influenciar os estados no sentido de garantir uma maior protecção aos
refugiados, tendo em conta a vulnerabilidade e necessidades específicas desta
população.
2. Refugiados ambientais: a dimensão humana das alterações climáticas
A Convenção de Genebra estipula que um refugiado é alguém que, "receando com
razão ser perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, filiação em
certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontre fora do país de que tem
a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não queira pedir a
protecção daquele país; ou que, se não tiver nacionalidade e estiver fora do país no
qual tinha a sua residência habitual após aqueles acontecimentos, não possa ou, em
virtude do dito receio, a ele não queira voltar”.
Trata-se de uma definição que tem necessitado de uma reavaliação constante. O
mundo contemporâneo, em fluxo permanente e complexificação crescente, produz
novas realidades sem se compadecer com a obsolescência dos instrumentos jurídicos
internacionais.
Esta questão torna-se especialmente importante quando atentamos na questão da
dimensão humana das alterações ambientais.
Muda-se o ambiente, mas não se mudam as vontades
"Apesar de uma crescente sensibilização para os perigos das alterações climáticas, o
seu impacto nas deslocações e na mobilidade humana têm recebido insuficiente
atenção" (António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados).
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De facto, as alterações ambientais constituem um dos temas mais candentes da
actualidade, porque as suas consequências, reais e projectadas, não ocorrem ou
ocorrerão a um nível imperceptível para os indivíduos e as suas biografias: como
demonstrado por catástrofes como o Tsunami do Sudeste Asiático, em 2004, ou o
furacão Katrina, em 2005, as alterações do ambiente à escala planetária têm um
impacto, muitas vezes trágico, nas narrativas dos seres humanos. Esse impacto torna-
se particularmente visível aquando dos movimentos de deslocação forçada que
envolvem milhares ou milhões de indivíduos. Os refugiados ambientais são, em suma,
a face mais visível do impacto humano das alterações enfrentadas pelo Ambiente.
Refugiados Ambientais
Em 1985, Essam El-Hinnawi, do Instituto Ambiental e de Recursos Naturais do Cairo,
definiu, da seguinte forma, a condição de refugiado ambiental: “pessoas obrigadas a
abandonar temporária ou definitivamente a região onde vivem, devido ao visível
declínio do ambiente (por razões naturais ou humanas) perturbando a sua existência
e/ou qualidade de vida de tal maneira que a sua subsistência fica em perigo.” (El-
Hinnawi 1985). Embora a discussão em torno das deslocações forçadas por motivos
ambientais tenha vindo a ganhar relevância política e saliência pública, esta
definição tem mantido a sua aceitação generalizada.
O ACNUR defende a necessidade de colocar em prática, a breve trecho, mecanismos
que permitam responder a esse vácuo operacional (embora já existam guias de
procedimentos que definem os termos da resposta prática em situação de desastre
ambiental e subsequente deslocação forçada).
A conferência “Refugiados ambientais: a dimensão humana das alterações
climáticas” teve lugar no passado dia 28 de Abril, entre as 12h00 e as 13h30,
integrada na 2ª Edição dos Dias do Desenvolvimento.
A 2ª Edição dos Dias do Desenvolvimento centrou-se em questões relacionadas com o
desenvolvimento sustentável e recursos, estando o tema da conferência proposto
pelo CPR perfeitamente enquadrado. Antecedendo a conferência, o CPR encetou
esforços no sentido de encontrar oradores que pudessem contribuir para o debate e
reflexão sobre o impacto das alterações e da degradação climática nas populações,
particularmente os refugiados e os deslocados ambientais. Igualmente, foi definida
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uma estratégia de divulgação do evento que incluiu o envio de convites, e-mails
marketing, inserção de informação sobre o tema no site do CPR, de modo a que a
iniciativa tivesse mais visibilidade, estimulando a participação de mais pessoas no
evento.
Contámos com a presença de Presidente do Instituto de Meteorologia, Adérito
Vicente Serrão, também de Henrique Vicêncio, da Autoridade Nacional de Protecção
Civil, do Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Jorge
Macaísta Malheiros, da Presidente da Direcção do CPR, Teresa Tito de Morais e de um
testemunho de um refugiado do Myanmar. A conferência terminou com um vídeo de
sensibilização para a problemática do aquecimento global.
Esta sessão contou com uma elevada participação de refugiados, estudantes e
instituições. Cerca de 60 pessoas participaram na conferência que, globalmente, foi
avaliada como positiva.
Imagens 1 – Programa da Conferência e fotos do evento
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3. Refugiados de ontem, refugiados de hoje
Realizou-se, a 17 de Junho de 2009, a segunda sessão do Ciclo de Conferências. Integrada
nas iniciativas do Dia Mundial do Refugiado 2009, esta sessão intitulou-se “Refugiados de
ontem, refugiados de hoje” e realizou-se na vila alentejana de Barrancos. A iniciativa,
organizada em parceria com a Câmara Municipal de Barrancos e o Centro em Rede de
Investigação em Antropologia (CRIA), surge na sequência de uma homenagem feita pelo
município espanhol de Oliva de la Frontera ao povo de Barrancos, reconhecendo a sua ajuda
aos refugiados da Guerra Civil de Espanha.
Barrancos é um concelho do Distrito de Beja, região do Alentejo, com uma área total de
168 km2 e uma população residente de perto de 2 000 habitantes. Geograficamente é
limitado a norte pelos municípios de Valencia del Mombuey e Oliva de la Frontera,
pertencentes à província de Badajoz, a leste pelo município de Encinasola, pertencente à
província de Huelva, a sul e oeste pelo município de Moura, e a noroeste pelo município de
Mourão. A povoação mais próxima de Barrancos é Encinasola, apenas a 9 km, quando todas
as outras povoações portuguesas e espanholas se situam num raio de 20 km.
Esta vila foi a que mais suportou as consequências materiais e humanas da sublevação
militar nacionalista espanhola, devido à sua implantação no espaço de fronteira e a rede de
relações sociais construída ao longo do tempo com as populações deste país. Durante a
Guerra Civil de Espanha, esta zona foi fortemente policiada, vigiada e ocupada por forças
militares. Confrontados com a concentração de centenas de refugiados espanhóis, junto da
fronteira, os militares portugueses tomaram a iniciativa de improvisar campos de
refugiados, contrariando a política oficial de Salazar.
Durante esta guerra, centenas de refugiados da Extremadura espanhola escaparam à morte
graças à coragem e à solidariedade do povo barranquenho, que os acolheu e os protegeu.
A partir desse momento, as relações entre Barrancos e as vilas fronteiriças tornaram-se
mais fortes e coesas, tendo o povo de Oliva de la Frontera homenageado, recentemente, o
tenente Seixas, que liderou os campos de refugiados da Coitadinha e Russianas, como forma
simbólica de agradecimento ao povo de Barrancos pelo apoio prestado durante a Guerra
Civil de Espanha. Concretamente, a acção do Tenente Seixas foi ter evitado, em 1936, o
massacre de grupos de refugiados espanhóis pelas mãos dos seus perseguidores, ou destes
em conluio com alguns militares portugueses, e de ter organizado, mantido e ocultado um
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campo de refugiados com centenas de pessoas no lugar da Choça do Sardinheiro, concelho
de Barrancos, evitando também que vários elementos constantes de “listas negras”,
políticos e intelectuais republicanos espanhóis, fossem encaminhados para Badajoz, onde
seriam fuzilados.
Paralelamente a esta homenagem, o povo de Barrancos recebeu a Medalha da Extremadura,
o galardão máximo desta região espanhola que foi pela primeira vez atribuído a
estrangeiros, como reconhecimento da ajuda dos barranquenhos aos refugiados
extremenhos durante a guerra civil espanhola.
A atribuição da Medalha da Extremadura surge como "reconhecimento pelo acolhimento,
solidariedade, coragem e ajuda" que os barranquenhos prestaram aos refugiados da
Extremadura que durante a guerra civil espanhola foram acolhidos em Barrancos.
O CPR também quis associar-se a esta celebração, visitando a vila de Barrancos, no âmbito
das comemorações do Dia Mundial do Refugiado.
Cerca de 94 pessoas saíram de Lisboa para participar neste evento, das quais mais de 50
eram refugiadas, dois jornalistas e dois elementos do Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Refugiados (ACNUR).
Foram feitas comunicações sobre os refugiados em Barrancos, a Guerra Civil de Espanha e a
evolução da protecção dos refugiados a cargo de Teresa Tito de Morais, presidente do
Conselho Português para os Refugiados (CPR), José Manuel Corbacho, Presidente da
Asociación para la Recuperación de la Memoria Histórica de Extremadura (ARMHEx) e Dulce
Simões, antropóloga / investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia
(CRIA). A sessão realizou-se no Salão da Corporação de Bombeiros de Barrancos, tendo a
abertura sido feita por António Pica Tereno, presidente da Câmara Municipal de Barrancos.
As intervenções foram intercaladas com o visionamento do documentário “Refugiados de
Barrancos” (2008), realizado pela Asociación Cultural Mórrimer (Llerena, Badajoz). Mais de
130 pessoas participaram nesta conferência que teve uma importante cobertura
jornalística.
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Imagens 2 – Capa do Documentário “Refugiados de Barrancos” (2008), realizado pela Asociación Cultural Mórrimer (Llerena, Badajoz).
Antecedendo a conferência, os refugiados ficaram a conhecer alguns locais em Barrancos,
nomeadamente o Posto de Turismo, Miradouro, Escola Básica Integrada e Museu Municipal
de Arqueologia e Etnografia de Barrancos.
No âmbito destas duas conferências, importa referir que foram atingidos os objectivos de
disseminação de informação actual sobre asilo e refugiados, tornando a sociedade
portuguesa mais esclarecida sobre os motivos que conduzem às migrações forçadas e os
problemas vividos pelos refugiados no processo de deslocação forçada.
4. Teatro – Refúgio e Liberdade
Pode o teatro ser um espaço de refúgio e de liberdade? Pode. Mais de 50 pessoas, no
passado dia 26 de Novembro, no MMCafé, do Teatro Maria Matos, debateram o papel
que o teatro pode ter na integração dos refugiados, partindo da experiência positiva
que se tem registado com o RefugiActo. Os artistas de teatro, particularmente o
RefugiActo, cumprem a tarefa de replicar e dar voz aos refugiados em Portugal.
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O teatro é uma forma de expressão que é vivenciada profundamente por todos os
elementos do grupo, com uma entrega física e espiritual, uma arte que mais directa
e estreitamente se fundamenta em factores sociais, económicos e políticos do tempo
da sua produção.
Assim, a conferência “Teatro – Refúgio e Liberdade” centrou-se no pressuposto de
que o acesso à cultura e às artes podem ampliar a inclusão social, uma vez que estas
favorecem a construção de novas competências, aumentam a auto-confiança e a
auto-estima das pessoas, desenvolvem aptidões ao nível do trabalho em equipa e das
relações interpessoais, encorajam a procura de novas habilitações e de formação.
Por ser uma actividade sobre o teatro, constatou-se que a conferência sairia
reforçada se esta tivesse lugar num teatro.
O Teatro Maria Matos, um dos dois Teatros Municipais de Lisboa, disponibilizou,
prontamente, um espaço e associou-se a esta iniciativa. De facto, o Teatro Maria
Matos procura ser um pólo dinamizador para a criação contemporânea, apostando,
igualmente, na organização de conferências, debates e seminários sobre temas da
actualidade.
O RefugiActo é um grupo de teatro amador constituído por pessoas de diferentes
proveniências, e com diferentes antecedentes socioculturais, criado em 2004, no
âmbito do ensino-aprendizagem da língua portuguesa no Conselho Português para os
Refugiados. No RefugiActo, entrecruzam-se vivências, estimulam-se e aceitam-se
sugestões, confrontam-se ideias, encaram-se medos e preconceitos, abrindo espaço
para um melhor conhecimento de si próprio e do outro.
Os moderadores e animadores da sessão foram os elementos do grupo RefugiActo.
Um dos objectivos, sempre presente, é proporcionar aos refugiados um fórum onde
possam expressar as suas vozes e que estas sejam, de algum modo, o eco de muitas
outras. Foi esse o ponto de partida para a concepção dos primeiros textos do grupo
que tiveram por base as muitas peripécias vividas pelos refugiados e imigrantes em
Portugal. Desde então, o RefugiActo tem desenvolvido uma dinâmica própria em que
tudo o que apresentam é fruto duma constante partilha. Entrecruzam-se vivências,
estimulam-se e aceitam-se sugestões, confrontam-se ideias, encaram-se medos e
preconceitos, abrindo espaço para um melhor conhecimento de si próprio e do outro.
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Actualmente, o RefugiActo é composto por 17 adultos e 3 crianças, de diferentes
origens (Albânia, Afeganistão, Bielorrússia, Caxemira, Costa de Marfim, Irão, Kosovo,
Myanmar, Portugal, Rússia) contando com a colaboração da actriz e encenadora Sofia
Cabrita e do técnico de luz e de som Rui Garcia.
A formação tem sido uma das maiores preocupações do grupo e, para além das
competências partilhadas, têm beneficiado de formação dinamizada por
profissionais, nomeadamente:
- António Revez, actor e encenador
- Bruno Bravo, actor e encenador
- Miguel Castro Caldas – dramaturgo
- Raquel André – actriz
- Sofia Cabrita – actriz e encenadora
- Davoud Ghorhanzadeh, encenador
Foi, precisamente, o RefugiActo que deu início à conferência, com uma
apresentação da sua peça “Abrigo”.
Importa destacar que o texto do “Abrigo” é o ponto de partida para reviver
memórias e emoções. A estas juntam-se outras vozes, outros indivíduos, outras
vivências, outras partidas em busca de abrigo. Ao medo e ao sentimento de perda
sobrepõem-se a força, a coragem e a determinação para enfrentar uma nova vida.
Esta peça é do género do Psicodrama, onde a representação dramática é usada como
núcleo de abordagem e exploração da mente humana e dos seus vínculos emocionais.
Conta com textos “Once again, Encore une fois, Mais uma vez”, de Filomena Marona
Beja e “Primeiro Dia”, de Sérgio Godinho. A encenação está a cargo do Refugiado
Iraniano Davoud Ghorbanzadeh. A interpretação foi feita pelos seguintes elementos
do RefugiActo: Anastassia Schmid, Asif Meher , Cláudia Elias, Chris (Thaung Htike),
Diaby Abdourahamane, Isabel Galvão, Omid Bahrami, Reza Heidary, Rita Naumyuk,
Sahar Azamioun, Sherif Kullafi, Valentina Naumyuk e Yana Schmid.
Esta iniciativa foi amplamente divulgada, tendo sido convidados vários grupos de
teatro, profissionais e amadores.
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Imagens 3 – Flyer distribuído aos participantes e algumas fotos da sessão.
5. A socialização da criança em meio escolar: que desafios?
O objectivo desta conferência foi, sobretudo, compreender o papel que a escola
desempenha no processo de socialização da criança. Estudos sobre o
desenvolvimento infantil têm demonstrado que a escola tem um papel crucial na
promoção do conhecimento social, no desenvolvimento das capacidades cognitivas e
que influi de forma determinante na compreensão que as crianças desenvolvem do
mundo em que vivem.
A escola é determinante para o desenvolvimento cognitivo e social infantil, o que
equivale a dizer que irá marcar de forma bastante substantiva a vida da criança.
Os conhecimentos adquiridos pelas crianças durante os anos escolares irão
determinar o modo como se vêem, como vêem os outros e os sistemas sociais em que
estão inseridas, uma vez que a escola é um microcosmo da sociedade.
No que respeita mais especificamente à situação da criança refugiada, e tendo em
conta que o principal veículo da integração é o idioma, a aprendizagem da língua
nacional deve constituir uma prioridade para todas as sociedades de acolhimento e
deve ser acessível desde a primeira fase do processo de integração. A qualidade do
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sistema de ensino é um aspecto não menos despiciendo e que não deve ser descurado
(uma vez que condiciona as oportunidades dos refugiados).
Um pediatra que ao longo dos anos se tem destacado em matéria de
desenvolvimento infantil é o Dr Miguel Palha, pediatra do desenvolvimento e
director clínico da Diferenças – Centro de Desenvolvimento Infantil. O Centro de
Desenvolvimento Infantil «Diferenças» iniciou as suas actividades, em 2004,
facultando cuidados específicos a crianças e a adolescentes com perturbações do
desenvolvimento, designadamente com dificuldades de aprendizagem,
hiperactividade com défice de atenção, perturbações da linguagem, perturbações da
coordenação motora, autismo, síndrome de Asperger, entre outros tipos de
assistência.
O Conselho Português para os Refugiados organizou, assim, a sua quarta sessão do
Ciclo de Conferências, que teve lugar na sala polivalente do Espaço A Criança, no dia
10 de Dezembro de 2009. A Conferência “A socialização da criança em meio escolar:
que desafios?” contou com a presença do Dr. Miguel Palha que, no âmbito deste
tema, falou com as famílias de refugiados, pais, educadores, estudantes, futuros
educadores e outros interessados. O Dr. Miguel Palha reforçou aspectos importantes
relacionados com o desenvolvimento infantil e alertou os pais das crianças
refugiadas para terem em atenção alguns sinais, particularmente o desenvolvimento
da linguagem, a coordenação motora, etc.
São muitos os desafios que pais, educadores, técnicos enfrentam no que concerne à
socialização e integração das crianças em meio escolar. A integração das crianças em
meio escolar é fundamental para a socialização da criança, particularmente da
criança refugiada, para a construção da sua identidade e para o seu desenvolvimento
cognitivo.
Esta conferência contou ainda com a presença da Dra Vanessa Barata, Psicóloga,
membro da equipa da Diferenças e da Dra Carla Rosa, Psicóloga e da Directora do
Espaço A Criança. A Dra Vanessa Barata centrou a sua comunicação na importância
da família para a integração das crianças. A Dra Carla Rosa mencionou o papel do
Espaço A Criança na integração das crianças refugiadas em meio escolar, uma vez
que um dos objectivos deste estabelecimento de ensino é oferecer um espaço único
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de convívio entre crianças de origens muito diversas que estimule atitudes positivas
relativamente às diferenças multiculturais.
O Espaço A Criança incorporou no seu Projecto Educativo actividades estruturadas
que favorecem uma visão aberta da sociedade, sendo a multiculturalidade o tema
central deste projecto pedagógico.
A Dra Teresa Tito de Morais, Presidente da Direcção do CPR, foi a moderadora desta
conferência que reuniu mais de 60 pessoas.
Imagens 4 – Flyer distribuído aos participantes e algumas fotos da sessão.
A socializaA socializaA socializaA socializaçççção da crianão da crianão da crianão da criançççça em meio escolar: a em meio escolar: a em meio escolar: a em meio escolar: que desafios?que desafios?que desafios?que desafios?
O Conselho Português para os Refugiados tem a honra de convidar V. Exa. para o encontro “A socialização da criança em meio escolar: que desafios?”, que se realiza a:
10 de Dezembro de 2009 - Dia Internacional dos Direitos Humanos às 17h30, no Espaço A Criança do CPR
Com a presença de:
Dr Miguel Palha, Pediatra do Desenvolvimento e Director Clínico da "Diferenças - Centro de Desenvolvimento Infantil" e de professores, educadores e
psicólogos.
Esta conferência tem como objectivo central compreender a importância da escola para a socialização da criança, para a construção da sua identidade e para o seu desenvolvimento
cognitivo.
Organizado por: Com o apoio do:
Serão distribuídos certificados de presença. Participe!!
6. Conclusões e recomendações A sistematização das principais conclusões do Ciclo de Conferências “Protecção
Internacional de Refugiados” 2009 é o ponto de partida para uma reflexão sobre a
situação dos refugiados em Portugal e no Mundo. Este conjunto de quatro
conferências permitiu, a um público mais alargado e muito diverso, criar uma maior
consciência em relação aos refugiados e aos problemas da deslocação forçada.
O Ciclo de Conferências “Protecção Internacional de Refugiados” 2009, que decorreu
durante o ano de 2009, em Lisboa, Barrancos e na Bobadela, constituiu-se como uma
oportunidade de debate que contou com a participação de centenas de pessoas
ligadas e interessadas neste tema.
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Este conjunto de conferências possibilitou a transmissão de informação objectiva
sobre diferentes motes como a dimensão humana das alterações climáticas, questão
que se encontra na agenda pública nacional e internacional, tendo sido recomendado
ao CPR a organização de uma conferência internacional, mais extensa, que incidisse
nos vários aspectos deste fenómeno. De facto, esta conferência foi extremamente
participada, foram colocadas questões muito pertinentes e o testemunho do
refugiado do Myanmar foi esclarecedor na forma como as intempéries afectam a vida
das pessoas. Outra conclusão que se extrai deste ciclo de conferências tem a ver com
a deslocalização das iniciativas, isto é, o facto das conferências terem ocorrido fora
da região da Grande Lisboa. A segunda conferência deste ciclo teve lugar na vila de
Barrancos e caracterizou-se por um interessante intercâmbio entre os refugiados e
barranquenhos. Esta deslocalização foi extremamente importante não apenas por
permitir alargar o âmbito da nossa intervenção, mas também por possibilitar que os
refugiados conheçam outras regiões de Portugal. O mesmo verificou-se na sessão
sobre o teatro, realizada num teatro, com um público totalmente diferente, mas com
um interesse comum: saber mais sobre a situação dos refugiados em Portugal e no
Mundo.
A última sessão deste ciclo, ao debruçar-se sobre a situação das crianças, contou com
a presença de muitos pais, educadores de infância, professores e estudantes.
No que concerne aos oradores, este Ciclo de Conferências contou com a participação
de institutos públicos, de autarquias, da protecção civil, académicos, de
representantes de organizações não governamentais para o desenvolvimento, de
técnicos, grupos de teatro e jornalistas. Cerca de quinze oradores participaram neste
Ciclo de Conferências que teve, em média, 60 pessoas presentes em cada sessão.
Ao abordar questões relacionadas com as deslocações forçadas e a integração de
refugiados e garantindo a presença de muitos refugiados, o Ciclo de Conferências do
CPR 2009 foi ao encontro dos objectivos inicialmente propostos, sendo fundamental
apostar-se na sua continuidade como forma de promover o diálogo e a reflexão sobre
a problemática do asilo e refugiados, influenciando a agenda pública nacional no
sentido de garantir uma maior protecção aos refugiados, tendo em conta a
vulnerabilidade e necessidades específicas desta população.
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Fontes:
ASYLUM LEVELS AND TRENDS IN INDUSTRIALIZED COUNTRIES FIRST HALF 2009. Statistical overview of asylum applications lodged in Europe and selected non-European countries (21 OCTOBER 2009). Retirado de http://www.unhcr.org/4adebca49.html 2008 Global Trends: Refugees, Asylum-seekers, Returnees, Internally Displaced and Stateless Persons (16 June 2009). Retirado de http://www.unhcr.org/4a375c426.html “O caso dos refugiados espanhóis em Barrancos; poderes e resistências”, in Iberismo. Las relaciones entre España y Portugal. História y tiempo actual. Y otros estudios sobre Extremadura, Actas de las VIII Jornadas de Historia en Llerena, 2007, pp.195-208. http://www.unhcr.org/ http://www.teatromariamatos.pt/ http://www.cpr.pt/