CIBERATIVISMO E A COMUNIDADE DE MOBILIZAÇÃO ONLINE AVAAZ: o potencial de mudança em rede
-
Upload
evlyn-louise-zilch -
Category
Documents
-
view
212 -
download
0
description
Transcript of CIBERATIVISMO E A COMUNIDADE DE MOBILIZAÇÃO ONLINE AVAAZ: o potencial de mudança em rede
1
CIBERATIVISMO E A COMUNIDADE DE MOBILIZAÇÃO ONLINE AVAAZ:
o potencial de mudança em rede
Evlyn Louise Zilch1
Tamara Flôres2
Resumo: O objetivo deste artigo é analisar o ciberativismo na comunidade Avaaz pela petição “Diga não ao shopping dos parlamentares!!”, que tem a meta de atingir 200 mil assinaturas para impedir a construção de um shopping no Congresso. Para isto, foram estudados os assuntos movimentos sociais, ativismo político e ciberativismo. O procedimento metodológico ocorreu pela análise netnográfica das interações que ocorreram na página da petição. O período de análise foi de uma semana. Por meio desta análise, foi possível perceber que o indivíduo aumenta o potencial e a participação em rede. Palavras-chave: movimentos sociais; mobilização; ativismo político; ciberativismo; Avaaz.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, podemos observar que os movimentos sociais ocorrem tanto de maneira
presencial como digital. Contudo, nesta última o poder e a visibilidade aumentaram
expressivamente, ganhando plataformas específicas para estas manifestações.
Em função deste fato, o objetivo deste artigo é observar o fenômeno do ciberativismo
presente na comunidade de mobilização online Avaaz, por meio de análise netnográfica de
petição online. A comunidade Avaaz torna-se um meio de manifestação e transformação de
realidades. O cidadão a partir do uso das tecnologias em rede é capaz de tomar decisões em
prol de inúmeras causas, além de atingir pessoas do mundo todo.
Para aprofundar a análise, buscamos elucidar os conceitos de movimentos sociais e
ativismo político, além do conceito de ciberativismo, fenômeno que caracteriza as ações da
Avaaz ao redor do mundo.
A partir da análise da petição "Diga não ao shopping dos parlamentares!!"3, podemos
perceber o alcance real da causa no período de uma semana, que captou mais de 174 mil
assinaturas nacionais.
1 Graduanda em Comunicação Social, Hab. em Relações Públicas da Unisinos. E-mail: [email protected]. 2 Graduanda em Comunicação Social, Hab. em Relações Públicas da Unisinos. E-mail: [email protected]. 3 Petição criada para impedir a construção de shopping no Congresso após os deputados terem aprovado parcerias público-privadas com o Legislativo na votação da MP 668. Disponível em <https://secure.avaaz.org/po/o_shopping_dos_parlamentares/?slideshow>. Acesso em 01 jun. 2015.
2
2 MOVIMENTOS SOCIAIS E ATIVISMO POLÍTICO
Para entendermos as ações dos indivíduos em rede, especialmente no caso da petição
"Diga não ao shopping dos parlamentares!!" é preciso esclarecer que esta atuação não é um
fenômeno novo. A diferença está no tempo e no espaço em que as manifestações ocorrem, e
por isso torna-se relevante entender o conceito de movimentos sociais e de ativismo político.
Castells (2001, p. 20 apud MACHADO, 2007, p. 252) define movimentos sociais
como ações coletivas que “[...] transformam valores e instituições”. Machado (2007)
complementa esta definição, caracterizando-os como:
[...] formas de organização e articulação baseadas em um conjunto de interesses e valores comuns, com o objetivo de definir e orientar as formas de atuação social. Tais formas de ação coletiva têm como objetivo, a partir de processos freqüentemente não-institucionais de pressão, mudar a ordem social existente, ou parte dela, e influenciar os resultados de processos sociais e políticos que envolvem valores ou comportamentos sociais ou, em última instancia, decisões institucionais de governos e organismos referentes à definição de políticas públicas.
Estas ações coletivas dos indivíduos se dão pelas mais diversas causas e foram
ampliando sua atuação à medida que houve maior liberdade política, após a crise do bloco
soviético4 (MACHADO, 2007). Hoje, entendemos que as demandas destas organizações da
sociedade civil:
[...] são tão variadas, específicas e, inclusive, peculiares a certos contextos sociais, históricos e culturais. O erro da abordagem marxista da ação social foi a aceitação quase dogmática de um tipo de interpretação baseada nas estruturas sociais de classes e seus antagonismos e tratar pouco da questão das identidades, valores e da importância dos mecanismos e dinâmicas do sistema político. (MACHADO, 2007, p. 254).
Isto significa dizer que os movimentos sociais não podem ser classificados atualmente
por classes, mas sim pelas causas e contextos, pois são considerados “atores sociais
importantes para a promoção dos direitos civis e da cidadania”. (MACHADO, 2007, p. 254).
As ações que oportunizam a realização dos movimentos sociais acontecem a partir de
um fenômeno denominado ativismo. Conforme Assis (2006, p. 11), o termo tem “origem no
francês activisme, o qual, por sua vez, surgiu na filosofia e na política no início do século
XX”. O autor também cita a definição de Jordan (2002, p. 11 apud ASSIS, 2006, p. 13), que
4 A crise do bloco soviético ocorreu em 1970, quando a União Soviética começou a perder força em relação à potência capitalista da época, os Estados Unidos. Após o período de guerra fria, o país socialista demonstrou sinais de esgotamento econômico e graves problemas, como a falta de alimentos. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/crise-sovietica/>. Acesso em 15 jun. 2015.
3
entende o ativismo político como “ações coletivas que produzem transgressão e
solidariedade”.
Ativismo é essencialmente algo feito em conjunto por muitas pessoas, mas devemos ser cuidadosos com o sentido de grupo ou coletividade empregado aqui. O que é essencial ao ativismo não é simplesmente haver mais do que uma pessoa, como em um cinema, mas um sentido de solidariedade em busca da transgressão. Deve haver um sentido de identidade compartilhada, que pode ser entendido nesta etapa como pessoas reconhecendo, umas nas outras a raiva, o medo, a esperança ou outras emoções que sintam quanto a uma transgressão.
É este sentimento coletivo que mobilizará as pessoas a agirem em conjunto, pois se
identificarão com uma causa, que pode estar ocorrendo em diversos lugares do mundo, como,
por exemplo, a corrupção. As ações que caracterizam o ativismo, normalmente são imediatas.
Considerando que este artigo se utiliza da análise de uma petição política, acreditamos
ser importante definir o agente que está por trás dela. Não é somente um ativista, mas um
ativista político. Assis (2006, p. 14) define o ativista político como:
[...] um “radical” envolvido em ações políticas diretas e indiretas sempre fora do âmbito institucional. É “mais” que um militante – participa de um grupo, segue seus ideais, mas também vai às ruas e cria situações de confronto com seus alvos – e “menos” que um revolucionário – suas ações não buscam remodelar o sistema de poder vigente de forma impositiva. O ativista é um agente engajado, movido por sua ideologia a práticas concretas – de força física ou criativa – que visam desafiar mentalidades e práticas do sistema sócio-político-econômico, construindo uma revolução a passos pequenos.
Desta forma, podemos entender a ação prática e direta, mas não violenta destes
ativistas. Com o avanço das tecnologias, estes indivíduos transformadores descobriram na
internet e nas redes sociais catalisadores de suas ações, que transcendem limites geográficos e
temporais.
3 CIBERATIVISMO
Com as evoluções que a sociedade teve, as pessoas começaram a perceber a real
importância delas nas relações e nos processos da humanidade. A época da revolta da vacina5
em novembro de 1904 (República Velha) foi quando surgiram as primeiras manifestações no
Brasil. Dessa forma, com o decorrer dos anos, as manifestações tomaram grande proporção
nas plataformas digitais, pois as pessoas começaram a se manifestar além das ruas. Rigitano
5 MANIFESTAÇÕES. Relembre manifestações populares que marcaram a história do Brasil. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-vestibular/relembre-manifestacoes-populares-que-marcaram-a-historia-do-brasil/ >. Acesso em: 10 jun. 2015.
4
([2015?], p. 3) contextualiza sobre o avanço para as redes, afirmando que “A utilização da
rede por parte desses grupos visa, dentre outras coisas, poder difundir informações e
reivindicações sem mediação [...]”.
Sobre essa mudança cultural do comportamento das pessoas Lojkine (1999, p. 7 apud
SILVEIRA, 2010, p. 37) afirma que essa revolução nos encaminhou para “[...] uma
civilização não mais dividida entre aqueles que produzem e os que comandam, mas entre
aqueles que detêm o conhecimento e os que são excluídos deste exercício”.
Nesse sentido, o termo ciberativismo de acordo com o autor Araujo (2013, p. 22)
compreende como se dá "[...] a manifestação do ativismo político através da internet", ou seja,
trata-se das manifestações de forma online que conseguem abranger mais pessoas do que a
forma presencial. Trata-se do ativismo online por pessoas informadas sobre um assunto em
comum. De acordo com Araujo (2013) o ciberativismo surgiu dos estudos da cibercultura6.
Por Silveira (2010, p. 31) o ciberativismo é “[...] um conjunto de práticas em defesa de
causas políticas, socioambientais, sociotecnológicas e culturais, realizadas nas redes
cibernéticas, principalmente na Internet” e dessa forma consegue abranger mais adeptos à
causa. Hoje em dia essas redes dominam grande parte da vida das pessoas e também
influenciam no comportamento delas.
Os jovens exercem papeis essenciais no desenvolvimento dos movimentos sociais e
demonstrações de ativismo pelo mundo. Em muitas situações a comunicação começa de
forma presencial, mas acaba indo parar nas redes e ganha maior poder. (SANTOS, 2011).
Santos (2011) conta que, em países como o Egito7, a proporção das manifestações foi
tão grande, que o governo, para tentar impedir e tomar medidas drásticas, bloqueou o serviço
de internet local, a fim de evitar as combinações e manifestações na web, nas quais o
ciberativismo consiste.
Conforme Santos (2011), no Brasil o ciberativismo tomou força em meados de 1990,
quando a internet também evoluiu. Santos (2011, p. 3) explica que “Para os ciberativistas o
uso da internet é um meio de ‘driblar’ os meios de comunicação tradicionais, que na maioria
das vezes não oferecem espaço para que a opinião pública se manifeste”, afinal a geração de
hoje em dia é mais espontânea com os sentimentos e exigente das informações.
Ao explicar a importância do ciberativismo Santos (2011, p. 4) esclarece:
6 De acordo com Lévy (1999, p. 17), a cibercultura caracteriza-se por um “[...] conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Lemos ([2015?]) define o ciberespaço como um “[...] conjunto de redes de telecomunicações criadas com o processo digital das informações”. 7 As manifestações ocorridas no Egito, conhecidas como Movimento 6 de abril, foram realizadas por jovens cidadãos, que contestavam o poder do presidente Hosni Mubarak, pressionando para sua saída.
5
O ciberativismo não é uma ferramenta somente para promover revoluções e derrubadas de regimes ditatoriais. Ele tem sido utilizado também para mobilizar multidões em todo o mundo para causas diversas, principalmente as ecológicas e defesa dos direitos humanos.
De acordo com Santos (2011) o ciberativismo acontece por meio de um clique, que
consegue mobilizar uma diversidade de pessoas para apostarem na mesma causa. Ao tentar
exemplificar um ciberativismo atual, Santos (2011) menciona o Greenpeace8 por tratar-se de
um movimento mundial que batalha por um planeta mais justo para todos.
Nota-se que o ciberativismo, por meio das plataformas online como o Avaaz, está cada
vez mais presente na nossa rotina, estimulando atitudes de cidadania junto à sociedade de
forma online.
4 A COMUNIDADE AVAAZ E A PETIÇÃO
A AVAAZ9 é “[...] uma comunidade de mobilização online que leva a voz da
sociedade civil para a política global”. O site foi lançado em 2007 e considera-se um
movimento genuinamente global. Seu objetivo é “mobilizar pessoas de todos os países para
construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas
quer”, e procuram atingi-lo principalmente a partir da criação de petições online.
Além das petições, a equipe, operada por profissionais e voluntários em quatro
continentes, mobiliza-se a partir de arrecadação de doações e contatos com governantes. É
interessante também perceber que a Avaaz vai além dos meios eletrônicos, pois também é
responsável pela organização de eventos e protestos.
A organização destaca-se, ainda, por atuar com uma única equipe globalmente, sem
haver segmentação de nichos. As causas publicadas vão destes protestos contra a corrupção
até preocupação com o meio ambiente e direitos humanos. Esta forma de trabalho, de acordo
com a comunidade “[...] permite a organização de campanhas com uma agilidade,
flexibilidade, foco e escala extraordinários”.
Em relação ao financiamento da comunidade, ele é feito pelos próprios membros e a
prestação de contas é realizada de forma democrática, onde os dados são disponibilizados no
próprio site. A Avaaz não aceita doações e recursos de governos ou empresas.
8 GREENPEACE. Proteste nas 'ruas' da internet. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Participe/Ciberativista/>. Acesso em: 10 jun. 2015. 9 Informações extraídas do site da Avaaz. Disponível em: <http://www.avaaz.org/po/about.php>. Acesso em 10 jun. 2015.
6
Atualmente, a Avaaz conta com mais de 41 milhões de membros em todo o mundo, já
realizou mais de 242 milhões de ações desde janeiro de 2007 e está presente em 194 países.
Além de site próprio, a comunidade está presente no Facebook e no Twitter, ampliando seu
poder de propagação. A seguir, descrevemos a petição escolhida para realização deste artigo.
A petição "Diga não ao shopping dos parlamentares!!"10 tem como objetivo evitar a
construção de um shopping de R$ 1 bilhão no Congresso. A sugestão e a votação foram feitas
por 273 deputados. A meta para esta petição é conseguir 200.000 assinaturas para então ser
entregue no Congresso. O propósito é sensibilizar os senadores para que não aprovem esta
construção bilionária.
É possível, por meio da figura 1, conhecer a plataforma online, a estrutura que as
informações são divulgadas e a dinâmica de como funciona uma petição. Caso o ativista
deseje, também é possível acompanhar as ações da Avaaz através das redes sociais Facebook
e Twitter, nas quais são postadas as ações de maior repercussão. No campo “assinaturas
recentes” do Portal é possível visualizar as últimas cinco pessoas que aderiram à causa e as
bandeiras de seus países. Como esta petição refere-se a uma causa nacional, todos os
assinantes também são brasileiros.
Figura 1 – Petição “Diga não ao shopping dos parlamentares!!”
10 Informações extraídas do site da Avaaz. Disponível em: <https://www.avaaz.org/po/o_shopping_dos_parlamentares/?fpla>. Acesso em 10 jun. 2015.
7
Fonte: AVAAZ (2015)
Ao visualizarmos a página da petição de escolha, é possível verificar a explicação da
existência do movimento à esquerda da tela, e à direita, é possível conhecer quem são as
pessoas que os organizadores da petição desejam atingir. No caso da petição escolhida, os
organizadores desejam mobilizar os senadores brasileiros, conforme figura 1, a não votar no
projeto da construção do shopping no congresso.
A estratégia de linguagem da campanha é fundamental para conseguir atingir os
públicos e é essencial para conquistar os participantes. Por isso, é possível, por meio da figura
2, observar como foi abordado o assunto junto aos senadores, que são os responsáveis por
levar o assunto adiante ou não.
Figura 2 – Mensagem de apelo da petição
Fonte: AVAAZ (2015).
8
Ao observarmos a mensagem de apelo feita aos senadores é possível visualizar a
forma como foi feita a abordagem e quais os argumentos utilizados para ganhar força.
5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
O procedimento metodológico ocorreu por meio de investigação netnográfica, que
consiste em um “método interpretativo e investigativo para o comportamento cultural e de
comunidades on-line” (AMARAL; NATAL; VIANA, 2008, p. 34). O objeto de estudo foi a
Avaaz que se trata de uma comunidade de mobilização online em que as pessoas podem
manifestar seu apoio em petições nacionais e mundiais. A observação aconteceu entre os 1 e 9
de junho de 2015 em diversos horários, conforme disponibilizado no quadro 1.
A petição escolhida intitulada “Diga não ao shopping dos parlamentares!!” tem o
propósito de evitar a construção de um shopping de R$1 bilhão no Congresso, que foi votado
por 273 deputados. O objetivo é atingir 200.000 assinaturas online por meio da comunidade.
Como o assunto é a nível de Brasil, tem a participação somente de brasileiros. Contudo,
quando a Avaaz lança petições que envolvem assuntos mais globais, existe a participação de
pessoas dos mais variados locais do mundo. Todas as pessoas que assinam a petição têm seu
nome publicado na lateral da página, além do horário que participou e a bandeira do país que
representa (nacionalidade).
Quadro 1: Análise da Avaaz
Data Horário Nº de assinaturas Aumento diário
1/jun 19h54 169.806 -
2/jun 20h30 171.538 1.732
4/jun 9h30 172.784 1.246
4/jun 23h 173.319 535
5/jun 23h35 173.786 467
6/jun 9h15 173.828 42
7/jun 21h40 174.372 544
8/jun 19h 174.820 448
Fonte: elaborado pelas autoras (2015).
Ao observamos a análise da Avaaz (Quadro 1), é possível perceber que, durante os
setes dias de análise, aumentou 5.014 assinaturas, mas ainda não foi possível atingir as
9
200.000 assinaturas. Diariamente, foi feito um acompanhamento do aumento diário. No dia 4
de junho foram feitas duas observações, em diferentes horários, e nota-se que 535 pessoas
tiveram sua participação em um intervalo de 13h30.
Considerando que a circulação da petição é em nível nacional, é interessante notarmos
que houve uma grande evolução diária. As pessoas que participam utilizam apenas um
usuário para identificar seu apoio. Além da divulgação na plataforma, a petição também foi
enviada por e-mail para as pessoas irem até a página para participar. É importante ressaltar
que sempre quando a petição é finalizada, os organizadores da Avaaz encaminham os
procedimentos prometidos, e assim que possuem algum retorno, enviam os resultados e ações
tomadas para todos os participantes. No caso desta petição, até o final da observação, não
houve o fechamento e nem se atingiu as assinaturas esperadas há tempo. Não foi possível
obter a data de início da petição.
6 CONCLUSÃO
Para a realização deste artigo, buscamos entender as definições de movimentos
sociais, ativismo político e ciberativismo, os quais possibilitaram realizar uma análise
netnográfica em uma petição escolhida na plataforma Avaaz.
Compreendemos que os movimentos sociais surgiram a partir de uma mudança
cultural em que os cidadãos sentiam a necessidade de expressar suas opiniões. Com a
globalização e o avanço das tecnologias em rede, este poder de manifestação, também
conhecido como ativismo político, cresceu exponencialmente, acrescentando cenários
diferentes para expressividade individual e/ou coletiva.
Esta mudança cultural em rede é conhecida como ciberativismo, que, de acordo com
Araujo (2013, p. 22) é "[...] a manifestação do ativismo político através da internet". Este
fenômeno rompe barreiras de tempo e espaço e acompanha a evolução da tecnologia e cresce
conforme as demandas sociais e políticas dos indivíduos.
O ciberativismo ganha espaço nas plataformas digitais. A partir deste recurso, os
indivíduos não somente observam as causas de interesse locais e mundiais, como também
podem iniciar suas próprias mobilizações e apoiar as que já existem. Este fato pôde ser
observado na petição “Diga não ao shopping dos parlamentares!!”, na comunidade Avaaz,
onde assinaturas foram coletadas diariamente para impedir que uma construção milionária
fosse executada no Congresso Nacional.
10
Como podemos perceber, a comunidade Avaaz é um exemplo de plataforma mundial
eficaz para exercer-se o ciberativismo, pois os manifestantes veem de fato suas causas serem
divulgadas e não precisam se expor publicamente.
A análise netnográfica da petição no período de uma semana demonstrou que as
assinaturas, mesmo sendo a nível nacional, aumentaram consideravelmente, arrecadando
5.014 apoiadores. Dessa forma, podemos concluir que as plataformas digitais vieram para
agregar poder às causas sociais.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Adriana; NATAL, Geórgia; VIANA, Lucina. Netnografia como aporte metodológico da pesquisa em comunicação digital. Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS, ano 13, n. 20, 2008. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/view/4829/3687>. Acesso em 8 jun. 2015. ARAUJO, Willian. "WE OPEN GOVERNMENTS": UMA ANÁLISE DE DISCURSO DO CIBERATIVISMO PRATICADO PELA ORGANIZAÇÃO WIKILEAKS. Novo Hamburgo, 2013. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/willian186/arajo-w-f-we-open-governments-anlise-de-discurso-do-ciberativismo-praticado-pela-organizao-wiki-leaks>. Acesso em: 18 mai. de 2015. ASSIS, Érico Gonçalves de. Táticas lúdico-midiáticas no ativismo político contemporâneo. 2006. 274 F. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo, 2006. Disponível em: <http://biblioteca.asav.org.br/vinculos/tede/Taticas%20ludico-midiatico.pdf>. Acesso em 12 jun. 2015. AVAAZ. Avaaz - O mundo em ação. [S.l.], 2007. Disponível em: <http://www.avaaz.org/po/index.php>. Acesso em 8 jun. 2015. AVAAZ. Diga não ao shopping dos parlamentares!!. Brasil, [S.l, 2015?]. Disponível em: <https://www.avaaz.org/po/o_shopping_dos_parlamentares/?fpla>. Acesso em 8 jun. 2015. GASPARETTO JUNIOR, Antonio. Crise soviética. InfoEscola, [S.l, 2015?]. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/crise-sovietica/>. Acesso em: 15 jun. 2015. GREENPEACE. Proteste nas 'ruas' da internet, [S.l, 2015?]. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Participe/Ciberativista/>. Acesso em: 10 jun. 2015. LEMOS, André. Ciberespaço: as estruturas antropológicas do ciberespaço. Instituto do Futuro, [S.l, 2015?]. Disponível em: <http://www.institutodofuturo.com.br/ciber.html>. Acesso em: 16 jun. 2015. LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999, 264p. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=7L29Np0d2YcC&printsec=frontcover&dq=cibercultura&hl=pt-BR&sa=X&ved=0CB0Q6AEwAGoVChMIuITO0qOUxgIVE-iACh2WGwDX#v=onepage&q=cibercultura&f=false>. Acesso em 16 jun. 2015.
11
MACHADO, Jorge Alberto S.. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas para os movimentos sociais. Sociologias, Porto Alegre, ano 9, n. 18, jul./dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/soc/n18/n18a12.pdf>. Acesso em 8 jun. 2015. MALINI, Fabio. Ativismo e novas narratividades. In: MALINI, Fabio ; ANTOUN, H.. A internet e a rua: ciberativismo e mobilização nas redes sociais. 1. ed. Porto Alegre: Editora Sulina, 2013. p. 242-246. Disponível em: <http://www.liinc.ufrj.br/pt/attachments/316_A-internet-e-a-rua-.-online.pdf>. Acesso em 18 mai. 2015. MANIFESTAÇÕES. Relembre manifestações populares que marcaram a história do Brasil. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-vestibular/relembre-manifestacoes-populares-que-marcaram-a-historia-do-brasil/ >. Acesso em: 10 jun. 2015. MARONEZA, Mariana Cunha; SALLA, Mariana Fenalti; OLIVEIRA, Rafael Santos de. AMBIENTALISMO.COM: a atuação do movimento ambientalista diante as novas mídias digitais – uma análise a partir das campanhas do Greenpeace e Avaaz. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM, v. 8, p. 70-81, 2013. Disponível em: <http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/revistadireito/article/view/8219/pdf_1#.VVqELPlViko>. Acesso em 18 mai. 2015. RIGITANO, Maria Eugenia Cavalcanti. Redes e ciberativismo: notas para uma análise do centro de mídia independente. Sem ano. Disponível em: <http://bocc.ufp.pt/pag/rigitano-eugenia-redes-e-ciberativismo.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015. SANTOS, Fernando Jacinto Anhê. O ciberativismo como ferramenta de grandes mobilizações humanas: das revoltas no Oriente Médio às ações pacíficas do Greenpeace no Brasil. Revista Anagrama: Revista Científica Interdisciplinar da Graduação, São Paulo, ano 5, ed. 1, set./nov. 2011. Disponível: <http://www.usp.br/anagrama/AnheSantos_ciberativismo.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015. SCHIECK, Mônica . Ciberativismo: um olhar sobre as petições online. [S.I.], 2009. Disponível em: <http://bocc.ufp.pt/pag/schieck-monica-ciberativismo.pdf >. Acesso em 18 mai. 2015. SILVEIRA, Sérgio Amadeu . As políticas da sociedade informacional, propriedade imaterial e cultura digital. Comunicação & Sociedade (Online), v. 33, p. 57-79, 2012. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CSO/article/viewArticle/3009>. Acesso em 18 mai. 2015. SILVEIRA, Sérgio Amadeu . Ciberativismo, cultura hacker e o individualismo colaborativo. Revista USP, v. 1, p. 28-39, 2010. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13811>. Acesso em: 18 mai. 2015. "Quanto mais democracia, mais desenvolvimento". Entrevista com Fábio Malini. [09 fev. 2010]. Instituto Humanitas UNISINOS, São Leopoldo, 09 fev. 2010. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/29638-%60%60quanto-mais-democracia-mais-desenvolvimento%60%60-entrevista-especial-com-fabio-malini >. Acesso em: 18 mai. 2015.