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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL JULIANA CARRENHO SANCHES OLIVEIRA A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA AO TRATAMENTO DEPENDÊNCIA QUÍMICA:UM OLHAR SOBRE O ABUSO DE ALCOOL E DROGAS SÃO PAULO 2014

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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

JULIANA CARRENHO SANCHES OLIVEIRA

A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA AO TRATAMENTO DEPENDÊNCIA QUÍMICA:UM OLHAR

SOBRE O ABUSO DE ALCOOL E DROGAS

SÃO PAULO 2014

JULIANA CARRENHO SANCHES OLIVEIRA

A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA AO TRATAMENTO DEPENDÊNCIA QUÍMICA:UM OLHAR

SOBRE O ABUSO DE ALCOOL E DROGAS

1.1.1.1.1.1.1.1

SÃO PAULO 2014

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC),

curso de especialização, para obtenção do titulo

de Especialista em Terapia Cognitivo-

Comportamental.

Orientador: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins

Coorientador: Profª. Drª. Renata Trigueirinho

Alarcon

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde

que citada a fonte.

Oliveira, Juliana C.S. A terapia cognitivo-comportamental aplicada ao tratamento dependência química:um olhar sobre o alcool e drogas Juliana Carrenho Sanches Oliveira, Eliana Melcher Martins, Renata Trigueirinho Alarcon – São Paulo, 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientação: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins Coorientação: Profª. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon

JULIANA CARRENHO SANCHES OLIVEIRA

A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA AO TRATAMENTO DEPENDÊNCIA QUÍMICA:UM OLHAR

SOBRE O ABUSO DE ALCOOL E DROGAS

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das

exigências para obtenção do título de Especialista em

Terapia Cognitivo Comportamental.

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________ Profa. Msc. Eliana Melcher Martins _____________________________ Parecer: ____________________________________________________________ Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon ________________________

São Paulo, ___ de __________________ de ______

DEDICATÓRIA

À toda minha família pela paciência e compreensão.

Ao meu filho Pedro, que me motivou a finalizar a especialização e tornar possível ser

mãe e aluna.

À Renata Alarcon pelo carinho e paciência na orientação, tornando possível a

conclusão desta monografia.

Ao meu grande amigo Odair França, por me orientar e ajudar na reorganização dos

meus pensamentos no trabalho.

AGRADECIMENTOS

Em especial, gostaria de agradecer:

A coorientadora e amiga Profª Drª Renata T. Alarcon pela disponibilidade em ajudar, motivando, ensinando, com paciência e sabedoria, meus conflitos na nova fase de ser mãe e ser aluna.

A todos o(a)s colegas de turma que me incentivaram a dar continuidade, mesmo no período de gestação e após a gestação com o meu filho pequeno, idas e vindas do interior a capital. .A todas as pessoas que direta e/ou indiretamente colaboraram com o desenvolvimento deste trabalho.

A minha Família, em especial ao meu marido Jerry que acreditou que poderia dar continuidade aos estudos, incentivo e credibilidade diária, sendo este motivo de confiar e seguir.

Aos meus Pais, que cuidaram do meu filho, para que eu pudesse finalizar o TCC.

Ao meu grande amigo Odair França que me ajudou reorganizar meus pensamentos para conclusão do trabalho.

A querida Eliane e Elcio, pelos conhecimentos passados e pelo carinho.

A Deus, grata.

RESUMO Este trabalho teve por objetivo revisar e analisar por meio da revisão bibliográfica, como a TCC é utilizada no tratamento da dependência química (álcool e drogas), suas estratégias e técnicas para atendimendo de sujeitos dependentes. Os estudos selecionados ocorreram entre 2004 a 2010. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica. Concluiu-se que a maioria dos trabalhos recorrem a teóricos internacionais, mas também destacamos a existência de alguns estudiosos brasileiros que defendem e comprovam a partir de seus estudos que a TCC é a teoria que tem apresentado vários caminhos para o tratamento de dependentes químicos e de transtornos psiquiátricos. Evidenciou-se que, apesar de ser considerada uma teoria recente para o tratamento da dependência química, a TCC tem produzido várias ferramentas de trabalho para o tratamento dos dependentes como: protocolos, questionários, monitoramento da vida diária, terapia de grupo e individual, que tem amenizado o sofrimento do dependente e prolongado a abstinência de usuários de drogas e álcool. Palavras-chave: Terapia Cognitiva Comportamental, Abuso de Drogas, Dependência Química.

ABSTRACT

This study aimed to review and analyze through literature review, as TCC is used to treat addiction (alcohol and drugs), their strategies and techniques to atendimendo of selected studies dependentes.Os subject occurred from 2004 to 2010. The methodology adopted was the literature. We conclude that most studies rely on international theorists, but also highlight the existence of some Brazilian scholars who defend and prove from his studies that TCC is the theory that has presented many ways to treat drug addicts and psychiatric disorders . We show that despite being considered a recent theory for the treatment of chemical dependency, TCC has produced several work tools for the treatment of addicts as protocols, questionnaires, monitoring of daily life, group therapy and individual that has eased the suffering dependent and prolonged abstinence from drug and alcohol users. Key-Words: Cognitive Behavioral Therapy, Drug Abuse, Drug Dependence.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Apresentação das multifaces dos modelos explicativos para o uso de

substâncias psicoativas..............................................................................................16

Quadro 2-Estágios Motivacionais..............................................................................19

Quadro 3 – Catálogo de trabalhos.............................................................................26

SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................10

1- MODELOS EXPLICATIVOS AO FENÔMENO DO USO DO ÁLCOOL E DROGAS ....................................................................................................................................13

2-BUSCANDO A COMPREENSÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA

PERSPECTIVA DO MODELO COGNITIVO DE AARON BECK ................................17

2.1- ESTÁGIOS DE MUDANÇA ..............................................................................19

2.2 - A ENTREVISTA MOTIVACIONAL ....................................................................20

2.3 -PREVENÇÃO DE RECAIDA.............................................................................21

2.4 - TREINAMENTOS DE HABILIDADES SOCIAIS ..............................................23

3- OBJETIVO ...........................................................................................................24

4- MÉTODO ..............................................................................................................25

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................26

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................29

7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ........................................................................30

ANEXOS ...................................................................................................................32 8- TERMO DE RESPONSABILIDADE AUTORAL--------------------------------------------37

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INTRODUÇÃO

A problemática da dependência química na sociedade moderna é um fato

recorrente, agravado com a fragilidade das relações humanas que se tornaram

fluídas. Portanto, é discutir um problema presente no seio familiar e tornou-se um

caso de saúde pública. Para sociólogo polonês Zygmunt Bauman (2000) vivemos

tempos de liquidez nas relações humanas. O autor propõe esta metáfora devido ao

fato que os líquidos não têm uma forma, ou seja, são fluídos que se moldam

conforme o recipiente nos quais estão contidos, diferentemente dos sólidos que são

rígidos e precisam sofrer uma tensão de forças para moldar-se a novas formas.

Neste contexto a dependência surge desde o uso de substâncias para fins

religiosos, comemorativos, causais ou comerciais. O consumo de drogas ocorre sem

distinção de raça ou classe social, encontrando na contemporaneidade condições

ainda mais favoráveis à sua proliferação, o que contribui para o alcance de índices

preocupantes e prejuízos irreparáveis à saúde humana e a toda sociedade. Não se

trata de um problema focal, mas abrange o bastante para interferir nas relações

pessoais, familiares, de trabalho, produtivas, etc., a ponto de ser considerado pela

Organização Mundial de Saúde - OMS, um dos mais graves problemas de saúde

pública do último século (CARNEIRO, 2005).

Para alguns pesquisadores da temática, a dependência de substâncias está

associada a algum tipo de prejuízo (biológico, psicológico ou social), com falta de

controle e sérios problemas para o usuário. Pode se manifestar por meio de

deficiências que são percebidas nos usuários, tais como: déficits na tolerância aos

afetos, sendo o paciente aquele que sente (muito) ou absolutamente (nada), que

altera entre intensa ira e vagas sensações de desconforto, prejuízos nas habilidades

de autoproteção. Estes usuários são menos atentos, menos precavidos, não evitam

situações que possam ter consequências graves e perigosas. Também apresentam

vulnerabilidade no desenvolvimento da auto-estima e consequentemente encontram

dificuldades na construção dos relacionamentos e intimidades.

De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência

química é definida como:

um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de determinada substância. A

11

dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes. (BALLONE, 2001, p.12

Portanto, a dependência química é caracterizada quando um indivíduo perde

o controle, sentindo que a droga é tão necessária em sua vida, quanto alimento,

água, repouso e segurança. Para OMS a dependência química é uma doença

reconhecida como: diabetes, pressão alta, câncer, Aids entre outras, reconhecendo

que a dependência não é culpa do indivíduo. A Dependência Química é um

problema de saúde e não, como é caracterizada pela sociedade, uma falta de

vergonha na cara ou de moral. O uso de drogas é uma doença epidêmica.

Para Malbergier (2003), a dependência química apresenta as seguintes

características:

- Tolerância: necessidade de aumento da dose para se obter o mesmo efeito;

- Crises de abstinência: ansiedade, irritabilidade, insônia ou tremor quando a

dosagem é reduzida ou o consumo é suspenso;

- Ingestão em maiores quantidades ou por maior período do que o desejado pelo

indivíduo;

- Desejo persistente ou tentativas fracassadas de diminuir ou controlar o uso da

substância;

- Perda de boa parte do tempo com atividades para obtenção e consumo da

substância ou recuperação de seus efeitos;

- Negligência com relação a atividades sociais, ocupacionais e recreativas em

benefício da droga;

- Persistência na utilização da substância, apesar de problemas físicos e/ou

psíquicos decorrentes do uso.

O autor ainda destaca que a dependência química é uma das doenças mais

frequentes na sociedade moderna

A Organização Mundial de Saúde (2003), também apresenta alguns indícios

que podem revelar a presença da dependência química:

- Desejo acentuado ou compulsão para usar uma substância psicoativa;

- Dificuldade em controlar o consumo: início, término e quantidade;

- Presença da síndrome de abstinência ou uso da substância para evitar os seus

sintomas;

12

- Tolerância, evidenciada pela necessidade de aumentar a quantidade da droga para

obter o mesmo efeito;

- Interesse centrado na droga, em detrimento de todos os outros;

- Persistência no uso, apesar de todos os prejuízos.

- Dificuldade em controlar o consumo: início, término e quantidade;

- Presença da síndrome de abstinência ou uso da substância para evitar os seus

sintomas;

- Tolerância, evidenciada pela necessidade de aumentar a quantidade da droga para

obter o mesmo efeito;

- Interesse centrado na droga, em detrimento de todos os outros; - Persistência no

uso, apesar de todos os prejuízos.

Destacamos que outra característica marcante dessa problemática é de que a

família do dependente químico adoece conjuntamente com ele, necessitando de

tratamento especializado junto com doente, para que possa contribuir com a

recuperação e a convivência familiar.

Neste contexto apostamos no tratamento da dependência química por meio

da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) que alicerça-se nos princípios abaixo

descritos:

1. A TCC se orienta no conhecimento empírico da psicologia científica;

2. A TCC se orienta no problema (sintoma) atual do paciente;

3. A TCC baseia-se na análise dos fatores de vulnerabilidade (predisposições),

fatores desencadeadores e mantenedores dos transtornos mentais;

4. por se orientar no problema, a TCC é também orientada para um objetivo

definido (a modificação do comportamento problemático);

5. A TCC é voltada para a ação e não apenas para a tomada de consciência

(ing. insight, al. Einsicht) e uma compreensão mais profunda do problema;

6. A TCC não se restringe à situação terapêutica, mas se estende à vida diária

do indivíduo;

7. A TCC é transparente, tanto quanto a seus objetivos quanto a seus meios;

8. A TCC procura ser uma ajuda para a autoajuda, ou seja, acentua a

responsabilidade do próprio paciente no processo terapêutico e

9. A TCC se esforça por estar em desenvolvimento constante. (MARGRAF,

JÜRGEN, 2009)

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Assim, a estrutura básica da TCC seria: Apresentação do problema,

Análise do(s) problema(s), Análise do objetivo, Análise dos meios e por fim,

teste e avaliação dos passos definidos, que serão expostos mais adiante com

maior profundidade. No próximo tópico apresentaremos os modelos que tentam

explicar o fenômeno do uso do álcool e das drogas a partir da perspectiva cognitiva.

1- MODELOS EXPLICATIVOS AO FENÔMENO DO USO DO ÁLCOOL E DROGAS

“A personalidade do toxico dependente permanece enigmática: não se sabe dizer porque é que, em determinado momento, um jovem começa a drogar-se – nem

porque é que outros param, em determinado momento de o fazer” (R. BUCHER, 1986)

Partindo da citação acima pode-se observar que ainda não existe um modelo

único de explicação sobre o que leva um individuo a se envolver com substâncias

químicas, nessa trajetória desde o registro de uso de substancias alucinógenas nos

primórdios até o uso de drogas (licitas ou ilícitas). Nos dias atuais, alguns

pesquisadores criaram algumas teorias ou modelos para compreender o processo.

Autores como RASSOOL e GAFOOR,(2010). desenvolveram diversos

modelos referentes ao entendimento das dimensões do problema do consumo de

álcool e drogas. A partir de seus registros, elaborou-se uma síntese dos modelos

mais utilizados no tratamento e ou prevenção, contendo a concepção do problema e

principais pressupostos, os quais são apresentados de maneira sintética a seguir:

a)MODELO ÉTICO LEGAL

Trata-se de concepção vinculada aos profissionais de direitos e segurança social.

Segundo as proposições teóricas desse enfoque, as causas estão nas atitudes anti-

sociais e/ou imorais de certos grupos de transgressores. Nesse modelo, considera-

se o problema como basicamente qualquer ato de transgressão que requer

interferência baseada em sua sanção legal; não há aprofundamento da análise da

dependência da substância e dos processos que a determinam. As drogas e seu

consumo são importantes e requerem a atenção na medida em que se apresentam

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como causadores de danos graves aos indivíduos e à sociedade. A intervenção

preventiva se apoia em medidas de caráter positivo e punitivo, operando por meios

dos sistemas legislativo, judicial e policial.

b)MODELO MORAL

Neste modelo, os indivíduos são considerados responsáveis tanto pelo início e o

desenvolvimento do problema, quanto pelas soluções e acredita-se que necessitam

apenas de motivação apropriada. A principal limitação do modelo moral é que as

pessoas são levadas a sentir-se culpadas pelo desenvolvimento do problema e a

pensar que, de alguma forma, lhes faltam força de vontade ou “fibra moral”, por não

conseguirem alterar com sucesso seu comportamento.

c)MODELO MÉDICO OU DE DOENÇA

O modelo médico de dependência baseia-se na suposição de que a dependência

de substâncias psicoativas seja entidade nosológica distinta e de caráter

progressivo, com origens ou manifestações físicas e necessita de tratamento

médico. Diversas entidades têm se empenhado em que seja utilizado o termo

“dependência em detrimento de outros com maior conotação moral” (vício) e que

esse problema seja visto como um conjunto de sintomas clínicos.

O conceito do alcoolismo como doença foi proposto inicialmente por Jellinek, em

1960. Nesse modelo, o comportamento do uso da substância é visto como

progressivo, incurável e a causa da doença está relacionada aos fatores genéticos,

biológicos, estruturais de natureza química, tal como tem mostrado alguns estudos

(VAILLANT GE, 2001 ).

Existem fortes evidências de que o início do Alcoolismo está geneticamente

predeterminado no individuo. Contudo, a predisposição genética pode também

proteger alguns indivíduos que têm metabolismo genético sensível para tolerar o uso

de substâncias psicoativas tais como o álcool.

Esse modelo também implica em aceitar que o uso da substância exerce papel

de doença e o indivíduo espera ser tratado como doente. O enfoque do tratamento

implica na recuperação do uso, abuso e/ou dependência da substância, sendo a

abstinência total objetivo a ser alcançado. Como exemplo, os grupos de auto-ajuda

(AA -Alcoólatras Anônimos).

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A intervenção preventiva, nesse modelo, centra–se no valor que as pessoas dão

à saúde e fundamenta a educação no conhecimento da ação e prejuízos de

determinadas drogas sobre o organismo, bem como as modificações que provocam

sobre o comportamento e atitudes das pessoas. Nesse modelo considera-se que o

indivíduo conscientizado pela educação recebida evita o uso abusivo.

d)MODELO PSICOLÓGICO OU PSICOSSOCIAL

Este modelo inclui o aprendizado social, a Interação familiar e os traços da

personalidade do indivíduo. O modelo de aprendizado social propõe que o

comportamento social é aprendido através da observação e imitação. Isto é, mostra

que o exemplo dos pais é um importante fator no padrão inicial do consumo de

substâncias, especialmente naquelas pessoas com habilidades sociais precárias. O

uso do álcool é socialmente adquirido, os padrões de comportamento aprendidos

são mantidos por fatores cognitivos, pela influência de modelos, expectativas e

indicadores e pela interação do comportamento com reforços do meio, incluindo

também os fatores genéticos (NATHAN,1983).

O modelo da interação familiar enfatiza a função do comportamento dos pais no

uso da bebida no caso do alcoolismo. O ambiente familiar é visto como parte

importante na determinação do consumo do álcool e sugere que o alcoolismo está

consistentemente associado com negligência, distanciamento emocional, rejeição

dos pais e tensão familiar. A atribuição de características específicas de

personalidade, no caso do uso de substâncias, estaria associada a muitos fatores,

dentre eles a falta de maturidade, conflitos intrapessoais e interpessoais, baixa auto-

estima, ou ter como base problemas psiquiátricos como depressão ou transtorno de

ansiedade, dentre outros.

e)MODELO SOCIOLÓGICO OU SOCIOCULTURAL

Este modelo concebe a problemática das drogas como resultado de um número

de forças sociais. A sua explicação a respeito do uso de substâncias enfatiza a

função do meio cultural com suas crenças, valores e atitudes que conduzem a

comunidade ou seus grupos específicos no caminho da abstenção ou do uso de

drogas.

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É um modelo ambientalista, que destaca a importância do ambiente na conduta

do indivíduo; na interação de elementos sociológicos (do grupo ou subcultura à qual

ele pertence) e culturais (costumes e tradições). Para esse modelo, atitudes culturais

com relação ao uso de droga psicoativa podem exercer função importante na

determinação do comportamento individual. Em algumas culturas, a abstinência

pode ser regra e em outras, o uso pode ser parte de um ritual religioso e cerimonial

ou aceito como droga social ou recreacional. Ainda no contexto desse modelo, os

fatores sociológicos tais como o desemprego, a privação social e outros, podem ter

efeitos importantes sobre o início e o uso continuado da substância pelo indivíduo.

Também o sexo, idade, religião, etnicidade, condições socioeconômicas e ambiente

familiar influenciam diretamente na opção individual de usar ou não a substância.

A ação preventiva proposta por esse modelo tem como objetivo fundamental a

mudança nas condições sociais dirigidas a grupo marginalizados, visando a melhoria

da a qualidade de vida e sua integração na comunidade.

Para melhor compreensão dos modelos, abaixo um quadro resumo dos

pressupostos centrais.

Quadro 1 - Apresentação das multifaces dos modelos explicativos para o uso de substâncias psicoativas Moral Doença Comportamento Psicossocial

Etilogia Fraqueza de caráter

Fatores biológicos possivelmente Genéticos

Distúrbio do Comportamento e do aprendizado

Fatores ambientais e sociais

Objetivo do Tratamento

Controle do comportamento através de desencorajamento e punição

Abstinência para interromper a progressão da doença

Alternativa do comportamento e do aprendizado ou incompatibilidade com o uso da substância

Melhora o funcionamento social

Vantagens Responsabilidade para mudar o uso escondido

Sem culpa ou punição

Sem culpa ou punição. O usuário é responsável por novos aprendizados

Fácil integração com outros modelos mudanças nas situações

Desvantagens Punição O usuário é isento da responsabilidade nas mudanças .Ignora os fatores psicológicos, culturais e ambientais

A tendência a ignorar que o uso excessivo da substância afeta a personalidade do indivíduo

Mudanças nas Situações sociais são suficientes para a recuperação

Fonte: (Rassool GH, Gafoor M. Addiction Nursing: Perspectives on professional and clinical practice. Cheltenhan: Ed Stanley Thornes; 1997.11)

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2- BUSCANDO A COMPREENSÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA PERSPECTIVA DO MODELO

COGNITIVO DE AARON BECK

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), da qual Aaron Beck1 é um dos

pioneiros com seus trabalhos sobre depressão, teve seu uso rapidamente estendido

para diversas patologias, entre elas a dependência química (KNAPP,2004). Pode

ser definida como um conjunto de intervenções semiestruturadas, objetivas e

orientadas para metas, considerando fatores cognitivos (e seus desdobramentos) e

comportamentais. É tida como uma ferramenta importante para o tratamento da

dependência em si e também para a reestruturação de toda a vida do indivíduo. As

Escalas de Ansiedade de Beck (BAI) e de Depressão de Beck (BDI), criadas por

Beck são alguns dos instrumentos mais utilizados de mensuração dos sintomas

depressivos.

Para Beck (1982), a terapia cognitivo-comportamental baseia-se no

pressuposto racional teórico de que o afeto e o comportamento do indivíduo são

determinados pela maneira como ele estrutura o mundo, sendo que as cognições

estão baseadas em esquemas previamente desenvolvidos a partir de experiências

anteriores.

Dentre os modelos de psicoterapia, a TCC tem se mostrado área importante

no tratamento da dependência do álcool e das drogas, com teoria e técnicas

bastante consistentes para o problema.

A TCC no tratamento da dependência química fundamenta-se na teoria da

aprendizagem social, em que a aquisição de novos comportamentos e crenças é

resultado das experiências prévias do indivíduo. No caso de dependentes químicos,

muitas vezes pensamentos estão distorcidos ou supervalorizados, mantendo o

comportamento de uso da substância.

O enfoque da TCC visa o manejo e a compreensão do uso de drogas a partir

do aprendizado e das crenças do paciente, que precipitam e mantêm o uso e a

mudança de padrões de comportamentos antigos, para auxiliar na modificação de

1 Aaron Beck nasceu em em 18 de Julho de 1921 nos Estados Unidos. Os pais de Beck eram judeus

imigrantes da Rússia. Beck estudou na Brown University, graduando magna cum laude em 1942. Depois estudou na Yale Medical School, graduando em 1946. Em 1953, certificou-se em Psiquiatria, e, em 1954, tornou-se Professor de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia. Nos anos 60, criou e dirigiu o Centro de Terapia Cognitiva da Universidade da Pensilvânia. Em 1995, afastou-se do Centro, fundando com sua filha Judith Beck o Beck Institute, em Bala Cynwid, um subúrbio da Filadélfia. Em 1996, retornou à Universidade da Pensilvânia como Professor Emérito. Disponível em: https://psicologado.com/abordagens/psicologia-cognitiva/aaron-beck-e-a-terapia-cognitiva Acesso :10/02/2015

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distorções cognitivas e crenças disfuncionais, o que pode possibilitar a cessação do

uso (FIGLIE et al.,2010)

A TCC utiliza técnicas de entrevista motivacional com o objetivo de auxiliar o

indivíduo nos processos de mudanças de comportamentos e nos sentimentos de

ambivalência (MILLER & ROLLNICK, 2001). Um dos principais objetivos da terapia

cognitivo comportamental (TCC) é identificar e corrigir distorções cognitivas que

geram problemas para o indivíduo, auxiliando no desenvolvimento de estratégias de

enfrentamento destas situações que põem em riscos o alcance dos objetivos

estabelecidos durante o tratamento (BECK, 1997). No atendimento de usuários de

substancias, a TCC tem sido utilizada como estratégias na psicoterapia individual,

psicoterapia de grupo, terapia familiar e, também, por ambientes cognitivamente

orientados - unidades hospitalares, escolas terapêuticas, hospitais-dia, comunidades

terapêuticas (KNAPP, 2004) . Knapp (2004) nos mostra que a TCC tem a mudança

de crenças disfuncionais como alvo. Suas demandas incluem:

1 - ênfase no aqui e agora;

2 - sessões estruturadas;

3 - continuidade entre as sessões;

4 - solução de problemas;

5 - reestruturação de pensamentos disfuncionais;

6 - colaboração com o terapeuta;

7 - psicoeducação e informação compartilhada;

8 - um papel ativo por parte do terapeuta e do paciente;

9 - responsabilidade na identificação e avaliação das metas;

10 - avaliação das metas;

11- assim como a adesão às tarefas de ajuda.

A TCC foca em ensinar as habilidades importantes para abandonar o uso da

substância e para evitar ou lidar com outros problemas que poderiam interferir em

bons resultados. O que a TCC procura é modificar as situações e a interpretação do

individuo de situações e estímulos, atenuando suas crenças disfuncionais mais

importantes sobre o uso de drogas. A TCC dispõe de diversas técnicas, podendo ser

combinada com outras formas de tratamento, como os estágios de prontidão para

mudança, a entrevista motivacional, motivação, prevenção à recaída, o manejo de

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contingências, treinamento das habilidades sociais, segue a descrição das

abordagens terapêuticas:

2.1- ESTÁGIOS DE MUDANÇA

Prochaska e Di Clemente (2003) apresentam um modelo transteórico que

explica a prontidão para mudança como estágios nos quais o indivíduo transita. Para

compreender melhor é importante conhecer os estágios de mudança, que são: pré-

contemplação, contemplação, determinação, ação,manutenção e recaída.Cada

estágio caracteriza um nível diferente de prontidão motivacional, a pré-contemplação

representa o nível mais baixo de prontidão (MARLATT, DONAVANE COLS, 2009).

Quadro 2 - Estágios Motivacionais

PRÉ-CONTEMPLAÇÃO O indivíduo não cogita a mudança. Essa fase é marcada pela resistência a Qualquer orientação.

CONTEMPLAÇÃO O indivíduo reconhece o problema (atual ou futuro) relacionado ao consumo até cogita a necessidade de mudar, mas também valoriza os efeitos positivos da substância e o quanto gosta e precisa dela. Uma fase marcada pela ambivalência.

PREPARAÇÃO O indivíduo reconhece o problema, sente-se incapaz de resolvê-lo sozinho e pede ajuda. Essa fase pode ser muito passageira, por isso é indispensável uma pronta abordagem e encaminhamento.

AÇÃO O indivíduo interrompe o consumo e começa o tratamento. A ambivalência, porém, o acompanhará durante todo o trajeto, o que justifica que seja acompanhado periodicamente por um longo período.

MANUTENÇÃO A manutenção da abstinência será sempre colocada em xeque pela ambivalência e pelos fatores de risco que o acompanham. É um período dedicado à prevenção da recaída.

RECAÍDA Fala-se em lapso, quando o retorno ao consumo dentro de uma situação de abstinência é pontual. O termo recaída, refere-se ao retorno ao consumo, após um período considerável de abstinência. Recair não é voltar à estaca zero. Ao contrário, trata-se de uma fase onde o profissional e o usuário têm aoportunidade de aprender com os erros, para evitar recaídas futuras. Fonte: Miller WR, Rollnick S. Entrevista Motivacional. Porto Alegre, 1999.

20

Na visão de Beck (1993) apud Giglioti & Guimarães (2010), alguns elementos

propõem parte deste modelo, como: situações, estímulo internos e/ou externos, as

crenças (cristalizadas) que levam aos pensamentos automáticos, fissura (desejo

intenso do uso da substância), crenças permissivas que facilitam o uso, o plano de

ação e a recaída, tudo isto contribuindo para uma manutenção de do padrão de uso

– Modelo Cognitivo de Beck para o uso de substâncias psicotrópicas.

Para os autores Zanelatto & Laranjeiras (2013), conceitualmente um modelo

pode ser explicado como um conjunto de hipóteses sobre uma estrutura e seu

comportamento pelo qual se procura explicar, a partir de uma teoria científica, as

propriedades de um fenômeno. Como todo modelo é uma redução de um fenômeno

complexo, ele pode ser falho em algum determinado ponto. Este é o caso do

desenvolvimento da dependência de substâncias; nenhum modelo, até o momento,

conseguiu considerar todos os aspectos envolvidos no nascimento e manutenção

desta doença, ou seja, explicar os motivos do primeiro episódio, do uso ocasional e

do aparecimento dos padrões de uso abusivo, nocivo ou de dependência.

2.2 A ENTREVISTA MOTIVACIONAL

De acordo com Rollnick e Miller (1991) apud Jungerman (2005) a entrevista

motivacional é um “estilo de aconselhamento diretivo, centrado no cliente, que visa

estimular a mudança do comportamento, ajudando os clientes a explorar e resolver

sua ambivalência”.

Motivação - a palavra motivação vem da raiz latina que significa “mover,

sendo uma tentativa de compreender o que move as pessoas a ter determinadas

atitudes. É uma série de processos que fazem com que uma pessoa se mova a

direção a um objetivo especifico (MILLER, 1985). Define a motivação como a

probidade de uma pessoa inice, de continuidade a permaneça num processo de

mudança. Laranjeira (2013) pontua que a ambivalência faz o indivíduo perder-se em

seus objetivos, o que costuma ser experimentado da seguinte maneira: “no início,

pensa em uma razão para mudar; depois, pensa-se uma razão para não mudar; por

fim, para-se de pensar a respeito”.

Por outro lado, Miller apud Fliglie, seu principal expoente, postula que “a

motivação é um estado de prontidão ou de avidez para a mudança, que pode oscilar

de tempos em tempos ou de uma situação para a outra e que é passível de ser

21

influenciado”.

Os usuários que lutam contra problemas de dependência química geralmente

chegam ao tratamento com motivações oscilantes e conflitantes entre continuar e

interromper o consumo de substâncias.

Esse conflito, que pode ser chamado de ambivalência, permeia

principalmente as primeiras sessões do tratamento e parece ter um potencial

especial para manter as pessoas aprisionadas e criar estresse. A ambivalência é um

estado mental no qual a pessoa tem sentimentos coexistentes e conflitantes a

respeito de algum comportamento a ser modificado (FIGLIE ET AL. 2010).

2.3 PREVENÇÃO DE RECAIDA

Elaborada pro Malatte e Gordanna (1980), a Prevenção a Recaida (PR) é um

conjunto de técnicas que tem como objetivo principal a manutenção da mudança de

hábitos (ZANELLATO E LARANJEIRA, 2013). As situações de alto risco devem ser

identificadas e, quando possível, evitadas. É importante identificar as situações de

risco para que o paciente possa se planejar e não ser pego de surpresa

(JUNGERMAN & ZANELATTO, 2007).

A teoria da PR prevê que os deslizes na volta ao uso de substâncias após um

tratamento bem-sucedido têm maior probabilidade de ocorrer quando os

dependentes químicos em recuperação se deparam com situações de alto risco

(MARLATT, DONOVAN, 2009).

Segundo Zanelatto, o indivíduo está mais propenso a usar a droga quando

está diante de certos gatilhos, os quais podem estar relacionados a estados

emocionais internos (depressão, angustia, raiva) estados físicos negativos (sintomas

de abstinência, dor) ou circunstâncias externas (lugares ou situações associadas ao

uso de drogas).

Fatores que influenciam a recaída segundo, Marlatt e Witkietz, ( 1999 )

descrevem dois grupos de fatores, os intrapessoais, e os interpessoais.

Os fatores intrapessoais são:

*Autoeficacia - conceito desenvolvido por Bandura. Define autoeficacia como

confiança e capacidade que o individuo sente de ter um determinado

comportamento em um situação especifica. Segundo a TCC uma boa eficácia é fator

preditivo de sucesso de tratamento.

22

*Expectativas de resultado: segundo Brown e colaboradores ( 1985 ), seriam a

antecipação que o individuo faz dos efeitos de uma experiência futura. Acredita-se

que as expectativas influenciam o resultado dos tratamento: a expectativa positiva

da substancia leva a um resultados ruim de tratamento e vice-versa.

A expectativa positiva da substancia ou do comportamento dependente (“ o

cigarro me ajudaria a relaxar”) gera resultados negativos para o tratamento; em

contrapartida a expectativa negativa (p.ex.;” Eu vou ter aquela ressaca se beber”,

implica melhores resultados de tratamento.

*Fissura: a expectativa positiva de antecipação do uso de substancias está

diretamente associada à fissura aumentada.

* Motivação- A motivação é o principal fator da mudança. Cox e Klinger (2002)

reforçam a ideia quando propõem que o caminho final e comum do uso de

substancias é motivacional.

* Habilidades de enfrentamento: As habilidades de enfretamento são preditoras de

sucesso, sobretudo após o tratamento, não importando qual o tipo deste. Na TCC o

maior preditor de recaída é a dificuldade do individuo em lidar com situações de

risco.

* Estados Emocionais: Muitos estudos mostram a relação entre afeto negativo e

recaída, entre eles, Baker e colaboradores (2004) identificam os estados emocionais

negativos como o primeiro motivo para o uso de substancias.

* Relações interpessoais: o suporte apoio social funcional ou nível de suporte

emocional é altamente preditivo de manutenção da abstinência nos mais diversos

tipos de dependência É importante tanto a qualidade, como a quantidade do apoio.

2.4 - MANEJO DE CONTINGENCIA

O manejo de contingência (MC) envolve um conjunto de técnicas

comportamentais desenvolvidas para o tratamento dos transtornos por uso de 31

substâncias. O tratamento por MC é eficaz em promover a abstinência continuada. O

manejo de contingência é um tratamento comportamental que visa mudar o

repertório do indivíduo, diminuindo ou extinguindo os comportamentos indesejáveis.

Este tratamento envolve o uso sistemático de consequências (recompensa ou

punição) para motivar a abstinência em relação ao uso de substancias (DIEHL, et al.

2011).

23

2.5 - TREINAMENTOS DE HABILIDADES SOCIAIS

A teoria de habilidades sociais pode ser explicada a partir do modelo de

aprendizagem social, que sugere que as habilidade são aprendidas por meio de

experiências interpessoais vicariantes (i.e., a observação do desempenho de

outros), a partir de um processo de assimilação mental de modelos bem sucedidos.

Essas experiências mediadas por processo cognitivos (crenças, percepções e

pensamentos) orientarão o desenvolvimento de determinadas habilidade de forma

particular e única para cada individuo.

A aquisição de habilidades sociais é essencial para um desenvolvimento

adequado e para estruturação de vínculos responsáveis, estáveis e seguros

(RIBEIRO & LARANJEIRA, 2010).

O treinamento de habilidades sociais (THS) visando o desenvolvimento de

estratégias de enfrentamento de situações de risco tem sido usado com sucesso

(ZANELATTO & LARANJEIRA, 2013). O THS foi desenvolvido com o intuito de

aumentar a assertividade do paciente no manejo das situações do seu cotidiano,

especialmente as maisestressantes do e propiciadoras de recaídas (SILVA E

SERRA, 2004).

Duas abordagens tem sido apontada pela literatura cientifica como eficazes

no tratamento de dependência de substancias: o gerenciamento de contingencias e

o aumento e manutenção da percepção da autoeficacia (KNAPP, SOARES, 2011).

O desenvolvimento e a prática (treino) das habilidades contribuem para o

aumento da autoeficacia, ou seja, permitem que o individuo apresente uma resposta

de enfrentamento eficaz diante de situações consideradas de alto risco, prevenindo

tanto a ocorrência de lapsos (uso episódico) quanto a própria recaída (padrão de

uso anterior).

As habilidades de enfrentamento pode ser definidas como ferramentas

comportamentais ou cognitivas usadas pelo individuo com o objetivo de restaurar o

euquilibrio diante de situações de risco que incluem adversidades ou situações nas

quais ele se sente em desvantagem ou pouco autoeficaz.

As técnicas cognitivo-comportamentais ensinam habilidades relevantes para

auxiliar na redução ou cessação do consumo da substância psicoativa e capacitam o

indivíduo a lidar com outros problemas, que podem afetar os resultados do

tratamento (ZANELATTO & LARANJEIRA, 2013).

24

3- OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo revisar e analisar, por meio da revisão

bibliográfica, como TCC é utilizada no tratamento da dependência química (álcool e

drogas), suas estratégias e técnicas para atendimendo de sujeitos dependentes.

25

4- MÉTODO

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica junto às bases de dados SCIELO

(http://www.scielo.org) e o Google Acadêmico. O sistema de busca de trabalhos

ocorreu mediante a informação de três dados: tratamento, terapia cognitivo-

comportamental e dependência química (álcool e drogas). Também recorremos a

livros sobre a TCC e a dependência química. Encontramos 55 artigos relacionados a

temática, dos quais 08 foram selecionados para este trabalho (artigos e os resumos

se encontram no anexo).

A busca foi realizado no segundo semestre de 2014, destes trabalhos

selecionados: 02 trabalhos de campo e 06 tratavam de revisões bibliográficas. Os

estudos eram classificados como 02 artigos de revisão, 01 artigo original e 05

denominados de artigos.

Os critérios de exclusão foram: estudos que tratavam de temas que não

vinham de encontro com a TCC no tratamento de álcool e drogas. O trabalho

resultou na organização de um catálogo com títulos dos trabalhos e dos resumos e

um quadro que contem os seguintes dados: título, autor, palavra-chave,

metodologia, periódico (revista), unidade da federação e ano. A seleção foi feita com

base nos resumos acerca do nosso objeto de pesquisa.

26

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, destacamos que dos 55 trabalhos encontrados na revisão

bibliográfica, apenas 08(oito) tratavam da temática: dependência química, álcool e

drogas, produzidos em periódicos e eventos das seguintes regiões: 04(quatro) na

região Sul, 01(um) na Nordeste e 03(três) na Sudeste e foram produzidos entre

2004 e 2010.

Quadro 3 – Catálago de trabalhos

TÍTULO AUTOR PERIODICO(REVISTA) ANO 1. Uso de entrevista

motivacional em dependentes de crack

Nepomuceno RCA, Sampaio AM, Freitas Filho E.

Cadernos da Escola de Saúde Pública

2010

2. Grupo de prevenção de recaídas como dispositivo para o tratamento da dependência química

Moises Romanini, Ana Cristina Garcia Dias e Amanda Schreiner Pereira

Dis. Scientia

2010

3. Terapia cognitiva comportamental no tratamento da dependência quimica

Lizandra Farias, Camila Schmitz, Vanessa Manfre, Viviane Alberton.

guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2009/artigos/psico

2009

4. Craving e dependência química: avaliação e tratamento

Renata Brasil Araujo, Margareth da Silva Oliveira, Rosemeri Siqueira Pedroso, Alessandra Cecília Migue , Maria da Graça Tanori de Castro

Jornal Brasileiro de Psiquiatria 2008

5. Habilidades sociais, dependência química e abuso de drogas

Ana Caroline Sari Vieira e Alessandra Cecília Miguel Feldens

Revista de Psicologia Clinica 2007

6. Habilidades sociais em alcoolistas: um estudo exploratório

Silvia Mendes da Cunha; Janaína Castro Núñez Carvalho; Nádia de Moura Kolling; Cristiane Ribeiro da Silva; Christian Haag Kristensen

Revista Brasileira de Terapias cognitivas

2007

7. Fatores de risco que favorecem a recaída no alcoolismo

Armando M. Alonso Álvarez Jornal Brasileiro de Psiquiatria 2007

8. Terapias cognitiva e cognitivo-comportamental emdependência química

Cláudio Jerônimo da Silva, Ana Maria Serra

Revista Brasileira de Psiquiatria 2004

Fonte: Autores, 2014.

27

O primeiro trabalho, entitulado – “Uso de entrevista motivacional em

dependentes de crack” teve como objetivo rever os estudos científicos que utilizaram

a Entrevista Motivacional (EM) como instrumento terapêutico contra dependência ou

abuso ao “crack” com o propósito de avaliar sua efetividade em relação a outras

abordagens ou grupo controle. O autor conclui que há poucos trabalhos que

recorrem a entrevista motivacional no tratamento de dependência do crack. Mas, por

outro lado, afirma que a utilização desta técnica tem apresentado resultados

satisfatórios no tratamento dos usuários de carck e cocaína.

Dois trabalhos enfocam a abordagem da técnica de prevenção recaída, sendo

um em relação ao alcoolismo e outro no tratamento da dependência química,

entitulados – “Grupo de prevenção de recaídas como dispositivo para o tratamento

da dependência química” e os “Fatores de risco que favorecem a recaída no

alcoolismo” , ancorando na TCC, no primeiro trabalho busca desenvolver habilidades

de enfrentamento, controle e autoeficácia na busca da abstinência e da

autoeficacia do tratamento em grupo de usuários. Conclui-se que este tratamento é

ideal para pessoas que carecem de habilidades específicas de manejo tanto na

relação direta com o uso da droga quanto com o ato de lidar com as circunstâncias

de vida que podem desencadear o uso de substâncias. Já o segundo estudo busca

conhecer os fatores que favorecem as recaídas no alcoolismo. Recorrendo a

dados quantitativos o autor nos informa que no país o numero de pessoas que tem

problema com bebida gira em em torno de 11%. Aplicou-se 105 questionários nos

usuários primários de ambos os sexos. Esclarece que os motivos que mais levam a

recaída são: pressão social, os conflitos interpessoais, os estados emocionais

negativos, assim como a própria dependência fisiológica e psicológica.

Ainda, encontramos dois trabalhos que enfoncam o tratamento da

dependência química na TCC. O trabalho “Terapias Cognitiva e Cognitivo-

Comportamental em dependência química”, descreve o estado atual da Terapia

Cognitiva, Comportamental, Prevenção de Recaída e Treinamento de Habilidades

no tratamento de usuários de drogas. Destaca que essas “técnicas – estratégias “

são tratamentos limitados no tempo, orientados em uma meta, e que utilizam

sessões estruturadas, assumindo, assim, uma postura diretiva e ativa. Neste estudo

o autor apresenta uma trajetória das estratégias e técnicas utilizadas na Terapia

Cognitiva, Terapia Comportamental e TCC. Já no trabalho “Terapia cognitiva

comportamental no tratamento da dependência química”que enfatiza os princípios e

28

conceitos da terapia cognitiva comportamental fazendo uma análise das

abordagens terapêuticas no tratamento da dependência química. Conclui que a

adoção da psicoterapia é mais do que fundamental na recuperação do

paciente, sendo a linha cognitivo-comportamental a que tem alcançado

melhores resultados quando comparada a outras abordagens, pois se foca nos

quadros de consumo e de abstinência das drogas, procurando despertar no

dependente químico condições para que ele se previna de contextos que o

levem a recair na ingestão de substâncias químicas que induzem à

dependência.

Dois trabalhos referem-se ao estudo das habilidades socias, o primeiro estudo

(Habilidades sociais e abuso de drogas em adolescentes) que propõe uma revisão

bibliográfica sobre habilidades sociais e abuso de substâncias. O trabalho pautou-se

em publicações em língua inglesa, a partir do levantamento de dados nas Bases de

Dados Pschynfo,Web of Science, Cochrane Library, Proquest, Medlinee Lilacs, entre

1996 e 2006. Os resutaldos apontaram a existência de déficits, principalmente a

dificuldade em resistir às drogas e dizer não. O estudo “Habilidades sociais em

alcoolistas: um estudo exploratório” teve como objetivo avaliar as habilidades sociais

em alcoolistas, bem como investigar as crenças e expectativas pessoais sobre os

efeitos do uso do álcool, pois crenças permissivas para o consumo etílico podem

influenciar no desenvolvimento do alcoolismo. Os resultados foram alcançados a

partir de um estudo com 26 dependentes de álcool e indicaram que déficits em

habilidades sociais estão presentes entre os pacientes avaliados, mostrando-se mais

evidentes nas habilidades de auto-afirmação, sentimento positivo, conversação e em

desenvoltura social.

O último trabalho enfoca o craving ou fissura (Craving e dependência química:

conceito, avaliação e tratamento). A pesquisa apresenta vários achados em torno do

termo e esclare que existem diversas maneiras de comprrender e conceituar a

fissura, classificando como um termo polissêmico. Ora se apresenta restringindo o

desejo, mas como antecipação do resultado positivo do uso da substância, alívio dos

sintomas de abstinência ou afeto negativo e intenção de fumar, o que reflete uma

visão multidimensional deste construto.

Como podemos observar, apesar dos trabalhos tratarem de diversos

enfoques, os mesmos acreditam na potencialidade da TCC no tratamento da

dependência química e dialogam com vários teóricos que defendem essa teoria.

29

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho de conclusão de curso que buscou conhecer a metodologia da

TCC no tratamento da dependência química no Brasil, verificou-se que existe uma

carência de trabalhos que comprovem a eficácia da utilização de técnicas e

estratégias dessa corrente cognitiva. Concluiu-se que a maioria dos trabalhos

recorrem a teóricos internacionais, mas também destaca-se a existência de alguns

estudiosos brasileiros que defendem e comprovam, a partir de seus estudos, que a

TCC é a teoria que tem apresentado vários caminhos para o tratamento de

dependentes químicos e de transtornos psiquiátricos.

Foi possível evidenciar que, apesar de ser considerada uma teoria recente

para o tratamento da dependência química, a TCC tem produzido várias ferramentas

de trabalho para o tratamento dos dependentes como: protocolos, questionários,

monitoramento da vida diária, terapia de grupo e individual que tem amenizado o

sofrimento do dependente e prolongado a abstinência de usuários de drogas e

álcool.

Em suma, pelos resultados alcançados com aa utilização da TCC no

tratamento da dependência química, assistimos uma crescente adesão a esta linha

de abordagem.

30

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, Renata Brasil et al. Craving e dependência química: conceito, avaliação e tratamento. J. bras. psiquiatr. [online]. 2008, vol.57, n.1, pp. 57-63. ISSN 0047-2085.

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MOTIVATIONAL COUNSELING: CONCEPTS, APPROACHES, AND ASSESSMENT (PP. 121−140).

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31

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32

ANEXOS

33

RESUMOS TEXTOS

USO DE ENTREVISTA MOTIVACIONAL EM DEPENDENTES DE CRACK

Segundo os artigos buscados o objetivo é rever estudos científico que utilizaram a Entrevista Motivacional (EM) como instrumento terapêutico contra dependência ou abuso ao “crack” com o propósito de avaliar sua efetividade em relação a outras abordagens ou grupo controle. A literatura é essencialmente escassa quando se trata do uso da EM no tratamento da dependência ao “crack”. Os estudos científicos encontrados sobre eficácia da EM, apesar de escassos, mostram que essa abordagem apresenta resultados satisfatórios no tratamento da dependência ao “crack” ou cocaína. O histórico do uso do crack no Brasil passou por mudanças consideráveis, e se tornou uma realidade grave, que necessita de soluções especificas e com durabilidade semelhante.O perfil dos usuários, são jovens, desempregados, com baixa escolaridade, baixo poder aquisitivo, provenientes de famílias desestruturadas, com antecedente de uso de múltiplas drogas e comportamento sexual de risco dificulta a adesão destes ao tratamento. As pesquisas retratam que o uso de crack vem se iniciando em idades cada vez menores, com facilidade de acesso, avançando pelo país e por todas as classes sociais. A entrevista emocional EM surgiu a partir de experiências clínicas com dependentes de álcool e, atualmente, sua eficácia é consagrada para o beber problemático e outras dependências químicas .Foi criada para auxiliar o sujeito a reconhecer seus problemas atuais e potenciais, quando há ambivalência quanto à mudança comportamental, e estimular o comprometimento para realização dessa mudança por meio de abordagem psicoterápica persuasiva e encorajadora. TERAPIAS COGNITIVA E COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM DEPENDÊNCIA

QUÍMICA

Este artigo descreve o estado atual da Terapia Cognitiva, Comportamental, Prevenção de Recaída e Treinamento de Habilidades no tratamento de usuários de drogas. O objetivo é apresentar uma revisão sobre teorias e técnicas da Terapia Cognitiva e outras abordagens que dela derivam.Terapias Cognitiva e Comportamental, bem como Prevenção da Recaída e Treinamento de Habilidades, são tratamentos limitados no tempo, orientados em uma meta, e que utilizam sessões estruturadas, assumindo, assim, uma postura diretiva e ativa.Nós salientamos algumas diferenças entre Terapia Cognitiva, Prevenção de Recaída e Treinamento de Habilidades. A Terapia Cognitiva tem seu foco prioritariamente nos pensamentos, crenças, sentimentos e circunstâncias, como base do comportamento disfuncional. A Prevenção de Recaída e o Treinamento de Habilidades baseiam-se nas teorias comportamentais, além da teoria Cognitiva. Esperamos apresentar os últimos achados científicos para ajudar o psiquiatra geral a melhorar o tratamento da Dependência química.

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GRUPO DE PREVENÇÃO DE RECAÍDAS COMO DISPOSITIVO PARA O TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

A Prevenção de Recaída é uma abordagem baseada nos princípios da Terapia Cognitivo-comportamental. Nela, os comportamentos aditivos, como os de dependentes químicos, são considerados maus hábitos que são aprendidos e mal-adaptados, utilizados para lidar com situações difíceis e seguidos de gratificação. Seu foco primário é mudar o hábito, antecipando as situações de risco e procurando lidar com elas. Visa desenvolver habilidades de enfrentamento, controle e autoeficácia. O Centro de Atenção Psicossocial – CAPS ad é uma instituição pública responsável pelo tratamento de usuários de drogas/álcool no município de Santa Maria. Pensando em qualificar o serviço prestado, pretende-se implantar um Grupo de Prevenção de Recaídas visando aumentar o tempo de abstinência e a autoeficácia dos usuários. O objetivo, neste trabalho, é apresentar uma proposta de formatação para o trabalho em Grupo com essa população. Trata-se de um grupo fechado, estruturado com dezesseis encontros, que acontecerão duas vezes por semana.

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

A Terapia Cognitiva Comportamental enfatiza a importância que a relação terapêutica tem para o sucesso da psicoterapia, o que confirma que, a flexibilização e disponibilidade de interação com o outro, possa ser a resposta à resolução de problemas, também proporcionando que desta maneira haja uma relação espontânea, oferecendo momentos autênticos no processo. Desta forma busca que se possa estabelecer um sistema terapêutico onde o objetivo seja usá-la como mais um instrumento de ajuda ao paciente, fazendo assim com que ele possa criar a sua solução para os problemas que o afligem. A Terapia Cognitiva Comportamental tem o foco nas conexões entre o que uma pessoa pensa sobre si mesma - ou sobre a situação (a parte cognitiva) - e como isso afeta a maneira como ela age (a parte comportamental). Concentra-se basicamente no que está acontecendo em sua vida nos momentos atuais ao invés de buscar causas no passado.O artigo enfatiza os princípios e conceitos da terapia cognitiva comportamental fazendo uma análise das abordagens terapêuticas no tratamento da dependência química. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, para levantamento dos conteúdos citados. E como resultado, obteve-se uma melhor compreensão do papel da terapia cognitiva comportamental nas abordagens terapêuticas no tratamento da dependência química. HABILIDADES SOCIAIS, DEPENDÊNCIA QUÍMICA E ABUSO DE DROGAS O presente artigo tem como objetivo uma revisão bibliográfica dos assuntos habilidades sociais, dependência química e abuso de drogas. Para a realização desta pesquisa foram pesquisadas as bases de dados da Biblioteca Virtual de Psicologia - Bvs-Psi, da Scientific Electronic Library Online – Scielo e o Portal de periódicos da PUC/RS na revista Psico. As expressões buscadas foram “abuso de

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drogas”, “dependência química”, “habilidades sociais e dependência química”. Concluiu-se que a literatura revisada apresentou concisas evidências de que indivíduos abusadores e dependentes de substâncias psicoativas podem apresentar déficits nas habilidades sociais, independente da substância utilizada e do transtorno relacionado - abuso ou dependência química.

HABILIDADES SOCIAIS EM ALCOOLISTAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO O presente estudo teve como objetivo avaliar as habilidades sociais em alcoolistas, bem como investigar as crenças e expectativas pessoais sobre os efeitos do uso do álcool, pois crenças permissivas para o consumo etílico podem influenciar no desenvolvimento do alcoolismo. Em um grupo de 26 pacientes dependentes de álcool, atualmente em tratamento em um centro de dependência química, foram aplicados dois instrumentos: (a) Inventário de Habilidades Sociais (IHS) e (b) Inventário de Expectativas e Crenças Pessoais acerca do Álcool (IECPA). Os resultados indicam que déficits em habilidades sociais estão presentes entre os pacientes avaliados, mostrando-se mais evidentes nas habilidades de auto-afirmação, sentimento positivo e conversação e em desenvoltura social. Além disso, constatou-se que estão presentes nesses indivíduos crenças e expectativas de facilitação nas interações sociais através do uso do álcool.

FATORES DE RISCO QUE FAVORECEM A RECAÍDA NO ALCOOLISMO Objetivo: Existe uma prevalência estimada de 11,2% de alcoolismo no Brasil. As tentativas de muitos alcoolistas para abandonar o consumo resultam fracassos e recaídas. A freqüência de recaída, segundo estudos, oscila entre 10% e 30%, assinalando-se diferentes causas. O objetivo da presente pesquisa e conhecer os fatores que favorecem as recaídas.Métodos: Aplicaram-se entrevistas e questionários “Fatores de Recaída” e “Razoes para Beber” a 105 alcoolistas primários de ambos os sexos, e com predomínio de alcoolismo puro. Resultados: Os principais fatores de recaída são a pressão social, os conflitos interpessoais, os estados emocionais negativos, assim como a própria dependência fisiológica e psicológica. Conclusões: De maneira geral, os sujeitos apresentaram grande quantidade de fatores e razoes que atuam simultaneamente favorecendo a recaída.

CRAVING E DEPENDÊNCIA QUÍMICA: CONCEITO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO

O craving ou fissura, cuja definição mais comum e o desejo intenso por uma substancia, e um conceito controverso entre os pesquisadores da area da dependência química. Objetivo:Realizar revisão teórica a respeito do craving nos bancos de dados PsycInfo, Medline, ProQuest e Science Direct. Método: As palavras-chave utilizadas foram craving, dependence e drug e o periodo pesquisado foi entre 1995 e 2007. Resultados: Os resultados demonstraram que são encontrados diversos significados para o craving, alguns se restringindo a desejo, e outros, considerando-o nao so como desejo, mas como antecipação do resultado positivo do uso da substancia, alivio dos sintomas de abstinência ou afeto negativo e intenção de fumar, o que reflete uma visão multidimensional deste construto. A etiologia do craving pode ser explicada por intermédio dos modelos:

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comportamental, cognitivo oupsicossocial e neurobiológico, porquanto a opção por um destes influencia a avaliação e o manejo. Conclusão: Conclui-se quanto a multidimensional idade do craving e quanto a necessidade de que seja utilizado um modelo biopsicossocial que integre os diversos modelos no tratamento de dependentes químicos. Destaca-se a importância da realização de mais estudos para a compreensão do craving em função deste ser um dos principais riscos de recaída.

37

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Juliana Carrenho Sanches Oliveira, afirmo que o presente trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo. Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob o título “ A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA AO TRATAMENTO DEPENDÊNCIA QUÍMICA:UM OLHAR SOBRE O ABUSO DE ALCOOL E DROGAS ”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia. São Paulo, __________de ___________________de______. __________________________ Assinatura do (a) Aluno (a) .,