Carta Náutica do Porto de Lisboa - Março 2016

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Boletim do Centro de Documentação e Informação Carta Náutica Março 2016 «Varinas - um símbolo de Lisboa» - coord. Fernando Carrilho, Sofia Tempero Das últimas aquisições… Neste número: Das últimas aquisições - Varinas - um símbolo de Lisboa Das nossas estantes - Masterplans for the development of existing ports Revista do mês - Revista da Armada Boletim Bibliográfico - Fevereiro de 2016 O que se passa por aqui - Novas instalações do CDI - Palacete dos Condes da Ponte Poesia pelo porto - Fernando Pessoa Ligações Interessantes - Arquivo Municipal de Lisboa Foto Final Contactos Das nossas estantes… Revista do mês Questões , sugestões ou comentários? Envie para [email protected], ou ligue 21 361 10 45. Visite-nos na Rua da Junqueira, 94 - 1349-026 Lisboa Caso receba esta Carta Náutica desformatada, selecione, no Microsoft Outlook, Actions” e, depois, “View in Browser”. Se alguma ligação não funcionar certifique-se que, se for ligação à intranet da APL, está ligado a esta — se não tiver acesso solicite o documento ao CDI. Caso não pretenda receber esta Carta Náutica agradecemos que nos informe. Ligação Interessante Boletim Bibliográfico Foto Final Nota: O Boletim Bibliográfico encontra-se na intranet da APL (para o ler necessita de aceder previamente à intranet). Nota: Estes artigos encontram-se na intranet da APL (para o ler necessita de aceder previamente à intranet). Mais artigos selecionados: Can you dig it? - Container Management - janeiro/fevereiro 2016 Keeping the cargo flowing - International Bulk Journal - fevereiro 2016 La hausse des trafics conteneurs se tasse - Le Journal de la Marine Marchande - fevereiro 2016 O Boletim Bibliográfico é editado periodicamente pelo Centro de Documentação e Informação. A sua finalidade é dar a conhecer ao leitor todas as publicações que deram entrada no CDI, revistas ou livros; nele figuram, igualmente, as informações destacadas durante o mês, sob a forma de legislação ou de artigos. As publicações não periódicas, ou livros, são apresentadas através da catalogação enquanto as publicações periódicas podem ser visualizadas através dos índices dos respetivos artigos de modo a que facilmente o leitor possa escolher o tema que o interesse. As publicações periódicas são regularmente enviadas a todos os leitores que as tenham solicitado mas qualquer leitor pode requisitar ao CDI a disponibilização de livro ou artigo avulso que pretenda. Se gostou deste vai gostar: Gentes do mar, fotog. José Arsénio; text. António Madeira, José Arsénio, 2000, 226 págs. Pescadores de mar muito : testemunhos de Angelo Sobral Farinha, Arlindo Mota, João Martelo, Folha d'Hera, 2005, 117 págs. O que se passa por aqui Poesia pelo porto O Mostrengo - Fernando Pessoa Mensagem, Fernando Pessoa, Parceria António Maria Pereira, 1934 Novas instalações do CDI Masterplans for the development of exisiting ports [Documento eletrónico], Maritime Navigation Commission, Bruxelles, PIANC Secrétariat Général, 2014, 226 págs. Se gostou deste vai gostar: . 'Sustainable ports’ - a guide for port authorities [documento eletrónico], Environmental Navigation Commission, PIANC Secrétariat Général, 2014, 60 págs. Ports are more than piers : liber amicorum presented to Prof. Dr. Willy Winkelmans , prefácio de Theo Notteboom, De Lloyd, 2006, 428 págs. Varinas um símbolo de Lisboa coord. Fernando Carrilho, Sofia Tempero, Lisboa, CML - Arquivo Municipal de Lisboa, 2015, 1 DVD son., 70 minutos O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: “Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?” E o homem do leme disse, tremendo: “El-Rei D. João Segundo!” (…) Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: “Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!” Após a realização da exposição “Varinas de Lisboa, Memórias da Cidade”, que esteve patente no Museu da Cidade durante o primeiro semestre do ano passado, a Câmara Municipal de Lisboa editou o documentário “Varinas—um símbolo de Lisboa”, resultante do trabalho de investigação que o Departamento de Património Cultural desta autarquia desenvolveu sobre este tema, e que contou com o apoio da APL, através da cedência de fotografias e informações sobre a venda de peixe em Lisboa no início do século passado, e da recolha de imagens dos painéis de Almada Negreiros, presentes nas Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos. As varinas de Lisboa surgiram em meados do século XIX, vindas sobretudo do distrito de Aveiro, de concelhos como Murtosa, Estarreja e Ovar, terra de onde lhe vem o nome. Num contexto social dominado pelos homens, a mulher varina destacou-se pela liberdade de linguagem e forma de ser, numa sociedade bastante fechada e conservadora. Ao calcorrear diariamente a cidade, vendendo o peixe de porta em porta, de pés descalços e canastra à cabeça, apregoava, manhã cedo, o peixe comprado na lota, tornando-se numa imagem icónica de Lisboa. Mas como foi possível que a vendedeira de peixe oriunda da Beira Litoral, chegada a Lisboa em meados do século XIX, se transformasse numa imagem icónica da capital? O documentário, com a duração de 70 minutos, procura responder a esta questão, narrando a presença (o)varina na cidade, levando-nos ao encontro das memórias das últimas varinas de Lisboa e mostrando-nos o fascínio que esta mulher, arrojada e desinibida, deixou no imaginário alfacinha. Este relatório, publicado em 2014 pela PIANC, foi elaborado por um grupo de trabalho constituído por especialistas internacionais, tendo por objetivo fornecer um guia para o desenvolvimento e aplicação de planos-diretores portuários, fazendo referência às melhores práticas internacionais e aos mais importantes indicadores de desempenho relativos à movimentação de carga e à operação portuária, de modo a permitir a elaboração de planos-diretores fiáveis e fidedignos. O estudo aqui apresentado passa, não só, pela abordagem dos últimos desenvolvimentos e tendências nos campos da engenharia marítima e da operação e equipamentos portuários, como também, e mais importante ainda, analisa as principais mudanças ocorridas no que diz respeito aos modelos de gestão portuária e aos dois principais fatores que causam um impacto profundo no crescimento e desenvolvimento dos portos: a operação e o investimento portuários. De facto, planear o futuro de um porto com sucesso implica pensar a organização da operação portuária e o financiamento dos seus investimentos. Segundo este relatório, hoje em dia, um plano-diretor de um porto deve ter em consideração a visão atual, em que os portos já não são vistos apenas como um desafio da engenharia e da construção, mas, principalmente, como unidades de negócio, geradoras de emprego e de riqueza para as suas comunidades. «Masterplans for the development of existing ports» - PIANC “A geografia de Ptolomeu e as navegações portuguesas” - Revista da Armada Este mês destacamos um artigo de interesse histórico, publicado no último número da Revista da Armada, que analisa o contributo dos Descobrimentos e das navegações portuguesas dos séculos XV e XVI para o desenvolvimento de áreas do saber como as ciências naturais e, principalmente, a geografia e a cartografia. Neste contexto, é de realçar, igualmente, o papel da cidade de Lisboa e, em particular, do seu porto, como ponto de encontro de académicos, cartógrafos, viajantes, mercadores e, até, espiões, que aqui afluíam para trocar informações e recolher dados, muitas vezes, curiosamente, através de subornos, com os quais pudessem construir uma nova imagem do Mundo. O artigo começa por descrever os modelos geográficos que dominavam a visão que se tinha do Mundo, antes das navegações portuguesas, em especial, o modelo ptolomaico, que apresentava uma imagem do Mundo onde os oceanos surgiam como lagos gigantescos, sem qualquer comunicação entre si, situando-se entre os continentes conhecidos (Europa, África e Ásia), que, por sua vez, surgiam com uma superfície alongada e distorcida no hemisfério norte. No início do Renascimento, com o ressurgimento do saber da Antiguidade Clássica e consequente tradução para latim das várias obras dos autores e académicos clássicos, o modelo geográfico de Ptolomeu volta a ganhar extrema importância, mas as navegações portuguesas vêm destruir esse modelo. O artigo finaliza, assim, referindo as várias viagens e as descrições geográficas feitas pelos navegadores portugueses que “chocavam” com o que estava descrito na obra de Ptolomeu, destruindo, aos poucos, a imagem ptolomaica do Mundo. Após a mudança de instalações e organização e arrumação das várias valências que constituem o Centro de Documentação e Informação (CDI) da APL, a sala de consulta do CDI reabriu ao público no passado dia 14 de março, já nas suas novas instalações localizadas no Edifício Infante D. Henrique, Doca de Alcântara Norte. Palacete dos Condes da Ponte O Arquivo Municipal de Lisboa, um dos maiores do país, é detentor de um acervo documental desde o século XIII à atualidade. Fisicamente dividido entre Campolide, Arco do Cego, Largo do Calvário e Rua da Palma, tem à sua guarda documentos de extrema relevância para o estudo da cidade e da sua história, tendo como missão recolher, guardar, tratar e preservar a documentação relativa à memória da cidade e promover a gestão integrada dos documentos produzidos pela Câmara Municipal de Lisboa, desenvolvendo produtos e serviços de informação com o objetivo de satisfazer as necessidades de todos os interessados. No site deste Arquivo Municipal é possível ficar a conhecer um pouco mais do seu acervo, nomeadamente, no que diz respeito a documentação histórica, arquivo fotográfico e videográfico, espólio de arquitetura, entre outros, sendo, ainda possível, realizar um conjunto de ações online, como sejam, fazer pedidos de consulta e reprodução de documentos e marcar visitas, por exemplo. Foi assinado, em 15 de março último, a escritura de venda do Palacete dos Condes da Ponte, na Junqueira, antiga sede da Administração do Porto de Lisboa. O edifício foi mandado construir pelos Condes da Ponte, que o habitavam no final do primeiro quartel do séc. XVIII, tendo passado pelas mãos de várias famílias pertencentes à nobreza até à década de 30 do século passado. Entre essa época e meados dos anos 40, albergou a representação da Noruega e um colégio de freiras, tendo, finalmente, sido adquirido pela então AGPL, em 1945. Ao longo dos anos, o edifício acolheu não só os vários Conselhos de Administração da APL, mas também alguns dos seus serviços técnicos, como sejam, o laboratório de Geotécnica, a sala de desenho, o arquivo das amostras das sondagens e a biblioteca, entre outros. Foi sofrendo, igualmente, várias alterações físicas, no entanto, é de destacar a sua fachada principal, constituída por três corpos articulados por pilastras, o seu portão com arco contracurvado e um frontão triangular, adornado de acrotérios e urna, que remata a cimalha, e, no seu interior, dois painéis de azulejos, a sépia, representando uma caçada ao javali, assinados por J. Colaço. Laboratório de Geotécnica (1950) Palácio da Junqueira 01-03-1951 Acervo do CDI Certidão da escritura de compra do edifício pela AGPL (1945) O CDI disponibiliza para consulta aos seus utilizadores (externos e internos) monografias de várias áreas temáticas, nomeadamente, “Porto de Lisboa”, “Portos”, “Transportes/ Navegação”, “Ambiente”, “Direito”, “Engenharia”, “Economia/Gestão” e “Concelhos Ribeirinhos”, entre outros; coleções de diversas publicações periódicas, versando, sobretudo, a área marítimo-portuária e os arquivos histórico e fotográfico.

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Page 1: Carta Náutica do Porto de Lisboa - Março 2016

Boletim do Centro de Documentação e Informação

Carta Náutica Março 2016

«Varinas - um símbolo de Lisboa» -

coord. Fernando Carrilho, Sofia Tempero

Das últimas aquisições…

Neste número:

Das últimas

aquisições

- Varinas - um

símbolo de Lisboa

Das nossas

estantes

- Masterplans for

the development

of existing ports

Revista do mês

- Revista da

Armada

Boletim

Bibliográfico

- Fevereiro de

2016

O que se passa

por aqui

- Novas instalações

do CDI

- Palacete dos

Condes da Ponte

Poesia pelo

porto

- Fernando Pessoa

Ligações

Interessantes

- Arquivo Municipal

de Lisboa

Foto Final

Contactos

Das nossas estantes…

Revista do mês

Questões , sugestões ou comentários? Envie para [email protected], ou ligue 21 361 10 45.

Visite-nos na Rua da Junqueira, 94 - 1349-026 Lisboa

Caso receba esta Carta Náutica desformatada, selecione, no Microsoft Outlook,

“Actions” e, depois, “View in Browser”. Se alguma ligação não funcionar certifique-se que, se for

ligação à intranet da APL, está ligado a esta — se não tiver acesso solicite o documento ao CDI.

Caso não pretenda receber esta Carta Náutica agradecemos que nos informe.

Ligação Interessante

Boletim Bibliográfico

Foto Final

Nota: O Boletim Bibliográfico encontra-se na intranet da APL (para o ler necessita de

aceder previamente à intranet).

Nota: Estes artigos encontram-se na intranet da APL (para o ler necessita de aceder

previamente à intranet).

Mais artigos selecionados:

Can you dig it? - Container Management - janeiro/fevereiro 2016

Keeping the cargo flowing - International Bulk Journal - fevereiro 2016

La hausse des trafics conteneurs se tasse - Le Journal de la Marine Marchande -

fevereiro 2016

O Boletim Bibliográfico é editado periodicamente pelo Centro de

Documentação e Informação.

A sua finalidade é dar a conhecer ao leitor todas as publicações

que deram entrada no CDI, revistas ou livros; nele figuram,

igualmente, as informações destacadas durante o mês, sob a

forma de legislação ou de artigos.

As publicações não periódicas, ou livros, são apresentadas através

da catalogação enquanto as publicações periódicas podem ser

visualizadas através dos índices dos respetivos artigos de modo a

que facilmente o leitor possa escolher o tema que o interesse.

As publicações periódicas são regularmente enviadas a todos os

leitores que as tenham solicitado mas qualquer leitor pode

requisitar ao CDI a disponibilização de livro ou artigo avulso que

pretenda.

Se gostou deste vai gostar:

Gentes do mar, fotog. José Arsénio; text. António Madeira, José Arsénio, 2000, 226

págs.

Pescadores de mar muito : testemunhos de Angelo Sobral Farinha, Arlindo Mota, João

Martelo, Folha d'Hera, 2005, 117 págs.

O que se passa por aqui

Poesia pelo porto

O Mostrengo - Fernando Pessoa

Mensagem,

Fernando Pessoa,

Parceria António Maria Pereira, 1934

Novas instalações do CDI

Masterplans for the development of exisiting ports [Documento eletrónico],

Maritime Navigation Commission,

Bruxelles, PIANC Secrétariat Général, 2014, 226 págs.

Se gostou deste vai gostar: .

'Sustainable ports’ - a guide for port authorities [documento eletrónico], Environmental

Navigation Commission, PIANC Secrétariat Général, 2014, 60 págs.

Ports are more than piers : liber amicorum presented to Prof. Dr. Willy Winkelmans,

prefácio de Theo Notteboom, De Lloyd, 2006, 428 págs.

Varinas um símbolo de Lisboa

coord. Fernando Carrilho, Sofia Tempero,

Lisboa, CML - Arquivo Municipal de Lisboa, 2015, 1 DVD son., 70 minutos

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

A roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: “Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?”

E o homem do leme disse, tremendo:

“El-Rei D. João Segundo!”

(…)

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

“Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!”

Após a realização da exposição “Varinas de Lisboa, Memórias da Cidade”, que esteve

patente no Museu da Cidade durante o primeiro semestre do ano passado, a Câmara

Municipal de Lisboa editou o documentário “Varinas—um símbolo de Lisboa”, resultante

do trabalho de investigação que o Departamento de Património Cultural desta autarquia

desenvolveu sobre este tema, e que contou com o apoio da APL, através da cedência de

fotografias e informações sobre a venda de peixe em Lisboa no início do século passado,

e da recolha de imagens dos painéis de Almada Negreiros, presentes nas Gares Marítimas

de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos.

As varinas de Lisboa surgiram em meados do século XIX, vindas

sobretudo do distrito de Aveiro, de concelhos como Murtosa, Estarreja

e Ovar, terra de onde lhe vem o nome. Num contexto social dominado

pelos homens, a mulher varina destacou-se pela liberdade de

linguagem e forma de ser, numa sociedade bastante fechada e

conservadora. Ao calcorrear diariamente a cidade, vendendo o peixe

de porta em porta, de pés descalços e canastra à cabeça, apregoava,

manhã cedo, o peixe comprado na lota, tornando-se numa imagem

icónica de Lisboa.

Mas como foi possível que a vendedeira de peixe oriunda da Beira Litoral, chegada a

Lisboa em meados do século XIX, se transformasse numa imagem icónica da capital? O

documentário, com a duração de 70 minutos, procura responder a esta questão, narrando

a presença (o)varina na cidade, levando-nos ao encontro das memórias das últimas

varinas de Lisboa e mostrando-nos o fascínio que esta mulher, arrojada e desinibida,

deixou no imaginário alfacinha.

Este relatório, publicado em 2014 pela PIANC, foi elaborado por um

grupo de trabalho constituído por especialistas internacionais, tendo

por objetivo fornecer um guia para o desenvolvimento e aplicação de

planos-diretores portuários, fazendo referência às melhores práticas

internacionais e aos mais importantes indicadores de desempenho

relativos à movimentação de carga e à operação portuária, de modo a

permitir a elaboração de planos-diretores fiáveis e fidedignos.

O estudo aqui apresentado passa, não só, pela abordagem dos últimos desenvolvimentos

e tendências nos campos da engenharia marítima e da operação e equipamentos

portuários, como também, e mais importante ainda, analisa as principais mudanças

ocorridas no que diz respeito aos modelos de gestão portuária e aos dois principais

fatores que causam um impacto profundo no crescimento e desenvolvimento dos portos:

a operação e o investimento portuários. De facto, planear o futuro de um porto com

sucesso implica pensar a organização da operação portuária e o financiamento dos seus

investimentos. Segundo este relatório, hoje em dia, um plano-diretor de um porto deve

ter em consideração a visão atual, em que os portos já não são vistos apenas como um

desafio da engenharia e da construção, mas, principalmente, como unidades de negócio,

geradoras de emprego e de riqueza para as suas comunidades.

«Masterplans for the development of existing ports» - PIANC

“A geografia de Ptolomeu e as navegações portuguesas” -

Revista da Armada

Este mês destacamos um artigo de interesse histórico, publicado no

último número da Revista da Armada, que analisa o contributo dos

Descobrimentos e das navegações portuguesas dos séculos XV e XVI

para o desenvolvimento de áreas do saber como as ciências naturais e,

principalmente, a geografia e a cartografia. Neste contexto, é de

realçar, igualmente, o papel da cidade de Lisboa e, em particular, do

seu porto, como ponto de encontro de académicos, cartógrafos,

viajantes, mercadores e, até, espiões, que aqui afluíam para trocar

informações e recolher dados, muitas vezes, curiosamente, através de

subornos, com os quais pudessem construir uma nova imagem do

Mundo.

O artigo começa por descrever os modelos geográficos que dominavam a visão que se

tinha do Mundo, antes das navegações portuguesas, em especial, o modelo ptolomaico,

que apresentava uma imagem do Mundo onde os oceanos surgiam como lagos

gigantescos, sem qualquer comunicação entre si, situando-se entre os continentes

conhecidos (Europa, África e Ásia), que, por sua vez, surgiam com uma superfície

alongada e distorcida no hemisfério norte. No início do Renascimento, com o

ressurgimento do saber da Antiguidade Clássica e consequente tradução para latim das

várias obras dos autores e académicos clássicos, o modelo geográfico de Ptolomeu volta a

ganhar extrema importância, mas as navegações portuguesas vêm destruir esse modelo.

O artigo finaliza, assim, referindo as várias viagens e as descrições geográficas feitas

pelos navegadores portugueses que “chocavam” com o que estava descrito na obra de

Ptolomeu, destruindo, aos poucos, a imagem ptolomaica do Mundo.

Após a mudança de instalações e organização e

arrumação das várias valências que constituem

o Centro de Documentação e Informação (CDI)

da APL, a sala de consulta do CDI reabriu ao

público no passado dia 14 de março, já nas

suas novas instalações localizadas no Edifício

Infante D. Henrique, Doca de Alcântara Norte.

Palacete dos Condes da Ponte

O Arquivo Municipal de Lisboa, um dos maiores do país, é

detentor de um acervo documental desde o século XIII à

atualidade. Fisicamente dividido entre Campolide, Arco do Cego, Largo do Calvário e Rua

da Palma, tem à sua guarda documentos de extrema relevância para o estudo da cidade e

da sua história, tendo como missão recolher, guardar, tratar e preservar a documentação

relativa à memória da cidade e promover a gestão integrada dos documentos produzidos

pela Câmara Municipal de Lisboa, desenvolvendo produtos e serviços de informação com o

objetivo de satisfazer as necessidades de todos os interessados.

No site deste Arquivo Municipal é possível ficar a conhecer um pouco mais do seu acervo,

nomeadamente, no que diz respeito a documentação histórica, arquivo fotográfico e

videográfico, espólio de arquitetura, entre outros, sendo, ainda possível, realizar um

conjunto de ações online, como sejam, fazer pedidos de consulta e reprodução de

documentos e marcar visitas, por exemplo.

Foi assinado, em 15 de março último, a escritura de venda do

Palacete dos Condes da Ponte, na Junqueira, antiga sede da

Administração do Porto de Lisboa. O edifício foi mandado construir

pelos Condes da Ponte, que o habitavam no final do primeiro

quartel do séc. XVIII, tendo passado pelas mãos de várias famílias

pertencentes à nobreza até à década de 30 do século passado.

Entre essa época e meados dos anos 40, albergou a representação

da Noruega e um colégio de freiras, tendo, finalmente, sido

adquirido pela então AGPL, em 1945.

Ao longo dos anos, o edifício acolheu não só os vários

Conselhos de Administração da APL, mas também alguns

dos seus serviços técnicos, como sejam, o laboratório de

Geotécnica, a sala de desenho, o arquivo das amostras das

sondagens e a biblioteca, entre outros. Foi sofrendo,

igualmente, várias alterações físicas, no entanto, é de

destacar a sua fachada principal, constituída por três

corpos articulados por pilastras, o seu portão com arco

contracurvado e um frontão triangular, adornado de

acrotérios e urna, que remata a cimalha, e, no seu interior,

dois painéis de azulejos, a sépia, representando uma

caçada ao javali, assinados por J. Colaço. Laboratório de Geotécnica (1950)

Palácio da Junqueira

01-03-1951

Acervo do CDI

Certidão da escritura de compra do edifício pela AGPL (1945)

O CDI disponibiliza para consulta aos seus utilizadores (externos e internos) monografias

de várias áreas temáticas, nomeadamente, “Porto de Lisboa”, “Portos”, “Transportes/

Navegação”, “Ambiente”, “Direito”, “Engenharia”, “Economia/Gestão” e “Concelhos

Ribeirinhos”, entre outros; coleções de diversas publicações periódicas, versando,

sobretudo, a área marítimo-portuária e os arquivos histórico e fotográfico.