CARTA Distrito 1960 - NOVEMBRO de 2005 -nº5 - encarte

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Rotary Foundation O espanto foi geral quando na reunião semanal do clube rotário local alguém ousou gritar «companheiros, há analfabetismo juvenil na nossa terra», «muitas mães desta terra não deixam os seus filhos ir à escola». «O quê?! Não acredito!» – disse outro; e a coisa só serenou quando mais um sugeriu «vamos ver o que se passa» «E é já» – concluiu o Presidente, logo telefonando dali a alguns amigos, a fazer perguntas e a obter as primeiras respostas. Soube logo que muitas mães jovens do concelho, perante o fecho recente da mina e o desemprego dos seus homens, se viram obrigadas a sair de casa, à procura de em- prego, e sem outra solução, a deixar os seus meninos de colo ao cuidado dos outros filhos mais velhos, até elas voltarem do trabalho, à noite, não sendo possível assim a estas crianças aprenderem sequer a ler. – Ooohhh!... E nós rotários, cegos pelo tra- balho e pela pressa, distraídos no meio de campos imensos de pobreza, de iliteracia, de desemprego, de miséria, de doença, de fome, em que nem havíamos reparado antes, também sem sabermos que – para fazermos um pouco mais pelas nossas comunida- des – bastava que usássemos a preceito as ferramentas que RI nos oferece. Entre essas, os Subsídios Equivalentes (SE) de RF, constituem um verdadeiro «canivete suíço» ao nosso dispor, tal a versatilidade da sua aplicabilidade no quadro da solida- riedade rotária. No caso desta aldeia mineira minada pelo desemprego masculino e despida do equi- pamento social básico, vê-se que um bem estruturado programa de SE seria, sem dúvida, a múltipla solução para problemas tão preocupantes ali como a criação da Programas Arnaldo Marques da Silva - RC Palmela E-mail: [email protected] 5 de Subsídios Equivalentes creche, a eliminação do analfabetismo, o absentismo escolar, a melhoria da qualidade de vida. SE é um programa que se desenvolve desde o diagnóstico inicial das necessidades (foi rápido o que fez aquele Presidente) até uma decisão final da Rotary Foundation, a passar primeiro pela elaboração cuidada do projecto de solução, a cargo do clube rotário patrocinador, e depois pela sua divulgação internacional à procura de financiamento; finalmente a sua apreciação e aprovação por RF antes da sua implementação local. Claro que podemos estar aqui a falar de uma aldeia portuguesa, em que o clube patroci- nador será certamente um clube português ou poderemos estar noutra parte do mundo e ser o clube português o clube parceiro estrangeiro que obrigatoriamente tem de cooperar num projecto desta natureza. Dúvidas frequentes estão em saber-se como é que há-de ser encontrado o clube parceiro estrangeiro; ou como é que um clube dispo- nível para ajudar sabe que há noutro país um projecto a precisar do seu apoio. Não será certamente difícil chegar lá, tantos são os projectos deste género; haverá talvez um amigo que se conhece noutro país; quem sabe se até aquele rapaz que aí esteve no último IGE que disse que sabia que...; talvez algum rotário tenha participado numa reunião internacional onde alguém falou numa situação dessas; recorra-se, se for necessário, ao banco de dados de RI ou preencha-se um formulário de divulgação on line adequado. Seguro é que sem essa parceria internacional, não poderá haver programa SE; admite-se é que não seja perfeita a «equivalência» de financiamento, tanto que é até desejável que a maior fatia provenha do estrangeiro, aceitando-se que o clube patrocinador se fique por 100 dólares do orçamento. Mas 25% é num programa de SE a «equivalência» desejável entre parceiros. Vinte e cinco em cima de vinte e cinco dá cinquenta; falta ainda 50% do custo total, e isso é quase sempre demasiado para um clube só, pelo que se lhe sugere que peça ajuda a outro clube ainda, talvez ao distrito ou mesmo a um parceiro externo, a autar- quia local, uma empresa amiga. O resto, que é ainda uma boa parte, virá da Rotary Foundation, a quem deve apresentar-se o dossier de candidatura. Chegado este aí, é ele apreciado pelos curadores da RF e depois... Depois, talvez o leitor gostasse de conhecer com mais rigor quotas de participação finan- ceira da RF e dos demais intervenientes, o teor dos formulários a preencher, prazos de entrega, nível de intervenção do Distrito... Nada melhor do que consultar um CD, muito prático, excelentemente elaborado por uma equipa da Governadoria do D1960, e trans- formado já numa ferramenta indispensável para uma candidatura sem erros para a resposta favorável. Acredita-se, a este respeito, que ninguém ignore que nunca haveria carências no mun- do se o movimento rotário tivesse o quantum necessário para satisfazer todas as necessi- dades do planeta. Mas não tem, e não tendo, também alguns projectos candidatos a SE estão sujeitos a uma resposta desfavorável. Só que isso não deve nunca ser motivo de desânimo; é que um financiamento negado hoje pode bem ser aprovado mais tarde, às vezes após correcção de um simples erro ou junção de um pequeno documento.

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O espanto foi geral quando na reuniãosemanal do clube rotário local alguém ousougritar «companheiros, há analfabetismojuvenil na nossa terra», «muitas mãesdesta terra não deixam os seus fi lhos irà escola». «O quê?! Não acredito!»

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Page 1: CARTA Distrito 1960 - NOVEMBRO de 2005 -nº5 - encarte

Rotary Foundation

O espanto foi geral quando na reunião

semanal do clube rotário local alguém ousou

gritar «companheiros, há analfabetismo

juvenil na nossa terra», «muitas mães

desta terra não deixam os seus fi lhos ir

à escola». «O quê?! Não acredito!» – disse

outro; e a coisa só serenou quando mais um

sugeriu «vamos ver o que se passa» «E é já»

– concluiu o Presidente, logo telefonando

dali a alguns amigos, a fazer perguntas e a

obter as primeiras respostas.

Soube logo que muitas mães jovens do

concelho, perante o fecho recente da mina

e o desemprego dos seus homens, se viram

obrigadas a sair de casa, à procura de em-

prego, e sem outra solução, a deixar os seus

meninos de colo ao cuidado dos outros fi lhos

mais velhos, até elas voltarem do trabalho,

à noite, não sendo possível assim a estas

crianças aprenderem sequer a ler.

– Ooohhh!... E nós rotários, cegos pelo tra-

balho e pela pressa, distraídos no meio de

campos imensos de pobreza, de iliteracia,

de desemprego, de miséria, de doença, de

fome, em que nem havíamos reparado antes,

também sem sabermos que – para fazermos

um pouco mais pelas nossas comunida-

des – bastava que usássemos a preceito as

ferramentas que RI nos oferece.

Entre essas, os Subsídios Equivalentes (SE)

de RF, constituem um verdadeiro «canivete

suíço» ao nosso dispor, tal a versatilidade

da sua aplicabilidade no quadro da solida-

riedade rotária.

No caso desta aldeia mineira minada pelo

desemprego masculino e despida do equi-

pamento social básico, vê-se que um bem

estruturado programa de SE seria, sem

dúvida, a múltipla solução para problemas

tão preocupantes ali como a criação da

Programas

Arnaldo Marques da Silva - RC Palmela

E-mail: [email protected]

nº 5

de

Subsídios Equivalentescreche, a eliminação do analfabetismo, o

absentismo escolar, a melhoria da qualidade

de vida.

SE é um programa que se desenvolve desde

o diagnóstico inicial das necessidades (foi

rápido o que fez aquele Presidente) até

uma decisão fi nal da Rotary Foundation, a

passar primeiro pela elaboração cuidada do

projecto de solução, a cargo do clube rotário

patrocinador, e depois pela sua divulgação

internacional à procura de fi nanciamento;

fi nalmente a sua apreciação e aprovação

por RF antes da sua implementação local.

Claro que podemos estar aqui a falar de uma

aldeia portuguesa, em que o clube patroci-

nador será certamente um clube português

ou poderemos estar noutra parte do mundo

e ser o clube português o clube parceiro

estrangeiro que obrigatoriamente tem de

cooperar num projecto desta natureza.

Dúvidas frequentes estão em saber-se como

é que há-de ser encontrado o clube parceiro

estrangeiro; ou como é que um clube dispo-

nível para ajudar sabe que há noutro país

um projecto a precisar do seu apoio.

Não será certamente difícil chegar lá, tantos

são os projectos deste género; haverá talvez

um amigo que se conhece noutro país; quem

sabe se até aquele rapaz que aí esteve

no último IGE que disse que sabia que...;

talvez algum rotário tenha participado

numa reunião internacional onde alguém

falou numa situação dessas; recorra-se, se

for necessário, ao banco de dados de RI ou

preencha-se um formulário de divulgação

on line adequado. Seguro é que sem essa

parceria internacional, não poderá haver

programa SE; admite-se é que não seja

perfeita a «equivalência» de fi nanciamento,

tanto que é até desejável que a maior fatia

provenha do estrangeiro, aceitando-se que o

clube patrocinador se fi que por 100 dólares

do orçamento. Mas 25% é num programa

de SE a «equivalência» desejável entre

parceiros.

Vinte e cinco em cima de vinte e cinco dá

cinquenta; falta ainda 50% do custo total,

e isso é quase sempre demasiado para um

clube só, pelo que se lhe sugere que peça

ajuda a outro clube ainda, talvez ao distrito

ou mesmo a um parceiro externo, a autar-

quia local, uma empresa amiga. O resto,

que é ainda uma boa parte, virá da Rotary

Foundation, a quem deve apresentar-se o

dossier de candidatura. Chegado este aí,

é ele apreciado pelos curadores da RF e

depois...

Depois, talvez o leitor gostasse de conhecer

com mais rigor quotas de participação fi nan-

ceira da RF e dos demais intervenientes, o

teor dos formulários a preencher, prazos de

entrega, nível de intervenção do Distrito...

Nada melhor do que consultar um CD, muito

prático, excelentemente elaborado por uma

equipa da Governadoria do D1960, e trans-

formado já numa ferramenta indispensável

para uma candidatura sem erros para a

resposta favorável.

Acredita-se, a este respeito, que ninguém

ignore que nunca haveria carências no mun-

do se o movimento rotário tivesse o quantum

necessário para satisfazer todas as necessi-

dades do planeta. Mas não tem, e não tendo,

também alguns projectos candidatos a SE

estão sujeitos a uma resposta desfavorável.

Só que isso não deve nunca ser motivo de

desânimo; é que um fi nanciamento negado

hoje pode bem ser aprovado mais tarde, às

vezes após correcção de um simples erro ou

junção de um pequeno documento.

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Rotary International

O Natal não é só época de prendas. Antiga-

mente o Menino Jesus trazia as que podia;

depois os meninos começaram a escrever

cartas ao Pai Natal com pedidos precisos;

agora são os hipermercados de brinquedos

que resolvem quase todos os problemas de

alguns. Há até as listas de prendas para

crianças pelo Natal.

Esta ideia das listas de Natal fez-me lembrar

que talvez fosse interessante apoiar-me

numa lista da página electrónica de RI para

daí tirar e reestruturar algumas ideias de

uma lista de programas mais vasta que po-

demos usar, ou usamos já, em prol da nossa

ou de outras comunidades, com exemplos

– já praticados noutros clubes – de que

muitas vezes nos não lembraríamos, todos

eles Programas de RI em concreto.

Quem sabe se uma dessas ideias não poderá

ser a prenda de Natal ou a prenda escolhida

pelo Natal para oferecer a alguém... nuns

casos com fi nanciamento próprio e noutros

através do recurso a programas de RI ou a

parcerias internas ou externas.

Rastreios de saúdeOs clubes poderiam oferecer testes a todas as

crianças em idade escolar para identifi cação

precoce e correcção de certos problemas,

bem como a adultos nas mesmas ou noutras

áreas.

Cuidados a pessoas idosas ou com problemas graves Acompanhamento diurno ou nocturno sobre-

tudo quando doentes, mesmo em actividades

lúdicas ou culturais.

ViagensMesmo curtas para idosos, mas a locais

aprazíveis.

Doação de órgãos ou sangueVisa incentivar transplantes e doação de

órgãos; e/ou projecto de consciencialização

Sugestões Concretas

Arnaldo Marques da Silva - RC Palmela

E-mail: [email protected]

nº 5Programas

de

da necessidade de que mais pessoas se dis-

ponham a doar órgãos.

Construção de casas Em áreas carentes.

Energia solar ou outro tipo de aque-cimento ou arrefecimentoMuito útil no Inverno ou no Verão em situações

em que os necessitados não têm dinheiro para

os comprar.

Habitação e rendaVisa ajudar no pagamento de renda e re-equi-

pamento mobiliário de casas de habitação de

pessoas carenciadas.

AlimentaçãoPagamento de uma refeição diária em res-

taurante a um desempregado ou outro tipo

de necessitado mediante acordo prévio com

o restaurante; pagamento ou fornecimento de

alguns produtos alimentares em cada mês.

Limpeza e higiene Pagamento de produtos de higiene e limpeza

pessoal ou de casa.

Pagamento de água, gás ou elec-tricidadeCompromisso pelo pagamento mensal da água

ou da electricidade de famílias carenciadas

aceitando que a mesma se faça por desconto

directo na nossa conta bancária durante o

período escolhido.

Pagamento de passePagamento de passe ferroviário a jovem estu-

dante universitário.

Doação de animais vivosFornecimento de animais de pequeno porte

a famílias de baixo rendimento, para que os

criem, como meio de subsistência.

Doações de empresas A ideia pretende incentivar empresas a

doar computadores a escolas ou a crianças

carentes.

Pagamento de medicamentosPagamento de medicamentos a idosos ou a pessoas com doenças crónicas na parte não subsidiada pelo Estado.

Ensino da músicaAtravés da música o projecto visa reunir crian-ças pobres, abandonadas ou órfãs, ensinando música, criando grupos musicais, oferecendo os instrumentos.

Orientação a crianças ou jovensO programa foi criado para que cada rotário se responsabilize por uma criança na comuni-dade, sua orientação e desenvolvimento físico, intelectual, espiritual e académico.

Orientação aos avós O projecto visa dar orientação e apoio aos jovens através do contacto com idosos que lhes dêem atenção e orientação para que se tornem cidadãos responsáveis.

Orientação a jovens adultos Visa orientar jovens nas universidades a desenvolver seu potencial

Actividades ocupacionais para jovens carentes Visa envolver a comunidade na orientação de estudantes de baixos rendimentos, pro-movendo actividades de lazer, desportivas, educacionais e de leitura a crianças de áreas carentes.

Actividades extra-curriculares Visa oferecer actividades alternativas para jovens após o horário escolar, com a colabo-ração de outros jovens.

Orientação empresarial aos jovens O programa visa ensinar princípios de admi-nistração e gestão aos jovens, como forma de os preparar para o futuro.

Consciência cívica aos jovens Visa ensinar os alunos a avaliar o nível do bem-estar na sua comunidade, em áreas como demografi a, cultura, economia, religião, saúde, cooperação entre os diversos grupos, civismo, etc., como orientação aos jovens cidadãos.

Estagiários de outros países Patrocinar a viagem de jovens estrangeiros para formação profi ssional e estágios curtos em actividades profi ssionais diversas.