Capítulo 16 - Débito Aliviado

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Captulo 16 - Dbito Aliviado

Adelino Correia, o irmo da fraternidade pura.visitamo-lo em companhia de Silas, nas atividades de um templo esprita-cristo.Ouvimo-lo em preciosos comentrios do Evangelho, sob o influxo de iluminados instrutores, dos quais assimilava as correntes mentais com a docilidade confiante de um homem profundamente habituado orao.

Acanhado e tristonho, indicava tormentos ocultos a lhe dominarem a mente. Contudo, trazia nos olhos, maravilhosamente lcidos, a marca da humildade.

Assistente amigo, venho rogar-lhe socorro em benefcio da sade de nosso Adelino. Noto-o mais incomodado, ultimamente, pela dor das feridas no cicatrizadas...- Sim, sim... - respondeu Silas, cordialmente - o caso dele merece de todos ns especial carinho.

Era curioso pensar que ns mesmos, no primeiro encontro fortuito, nos sentamos prontos a partilhar-lhe as tarefas, to somente atrados por sua irradiante bondade.A abnegao, em toda a parte, sempre uma estrela sublime. Basta mostrar-se para que todos gravitemos em torno de sua luz.

Esta Marisa, a filhinha de Correia, de quem a mezinha se distanciou em definitivo, h seis anos.Designando, em seguida, os dois meninos de cor, aduziu:- E estes pequeninos so Mrio e Raul, dois enjeitados que Adelino abraou por filhos do corao.Hilrio e eu, adivinhando as aflies ocultas que decerto enxameavam na existncia do chefe da casa

Estudaremos juntos um processo de dvida aliviada, permitimo-nos algo dizer em torno do passado recente do companheiro que visitamos, agora empenhado ao labor do seu resgate.

Adelino era filho bastardo de um jovem muito rico que o recebeu das mos da genitora escrava, que desencarnou ao traz-lo luz. Martim Gaspar, o moo afazendado que lhe foi o pai solteiro, era homem de corao enrijecido, muito cedo acostumado ao orgulho tiranizante, em face da incria do lar em que nascera.

Entre pai e filho estabeleceram-se, dessa forma, os mais santos laos afetivos. Eram companheiros inseparveis nos jogos e nos estudos, no servio e na caa. Foi assim que Gaspar, no obstante cruel para com os outros rebentos da prpria carne, nas senzalas sofredoras

o jovem Martim, desprevenido, planejou o medonho parricdio em que se enliou, desventurado. Sabendo o genitor acamado, em tratamento do fgado enfermo, tomou a cooperao de dois capatazes da sua inteira confiana, Antnio e Lucdio, igualmente verdugos de meninas cativas, e certa noite administrou-lhe uma poo entorpecente, com aprovao da madrasta...

No sabia, desse modo, seno chorar, gritando a esmo o arrependimento de que se via possudo, no que foi interpretado conta de louco pela prpria companheira, que se dava pressa em reconhecer-lhe a suposta alienao mental, de modo a inocentar-se perante os amigos e servidores. Foi algemado a semelhante suplcio que Martim recebeu escrnio e abandono, dentro do prprio crculo domstico, vindo a expirar em tremenda flagelao. Martim Gaspar, o genitor assassinado, aguardou-o no tmulo, arrastando-o para as sombras infernais, onde passou a exercer pavorosa vingana...O desditoso filho desencarnado sofreu terrveis humilhaes e indescritveis tormentos, durante onze anos sucessivos, em crceres de treva, at que, amparado por Mensageiros de Jesus, que lhe promoveram o resgate, ingressou em nosso instituto, ao que fui informado, em lamentvel situao. Tendo entrado em sintonia com o genitor, sequioso de vindita, atravs das brechas mentais do remorso e do arrependimento tardio, foi hipnotizado por gnios perversos, que o fizeram sentir-se dominado por chamas torturantes.

Devotou-se ento, depois de melhorado, aos servios mais duros de nossa organizao, conquistando com o tempo apreciveis lauris que lhe valeram a volta esfera humana, com o direito de iniciar o pagamento da larga dvida em que se onerou, desavisado. Cultuando a prece com a renovao do mundo ntimo, renasceu de esprito inclinado f religiosa, ardente e operante, encontrando no Espiritismo com Jesus, ao influxo dos amigos desencarnados que o assistem

No um rico da Terra, na acepo do conceito, mas um trabalhador da fraternidade que sabe dar o prprio corao naquilo que distribui. Rilhando o caminho da simplicidade e da renncia edificante, modificou as impresses de muitos dos companheiros de outro tempo, que, nas baixas camadas da sombra, se lhe haviam transformado em perseguidores e desafetos, obsessores esses que, em lhe observando os exemplos novos, se sentiam moralmente desarmados para os conflitos que se propunham manter.

Assim, pela vida til a que se consagra e pela caridade incessante que passou a exercer, atraiu para junto de si, como filha da sua carne, a antiga madrasta que desviou dos braos paternais, hoje reencarnada junto dele para reeducar-se ao calor de seus exemplos nobres, guardando a dor de saber-se filha de pobre mulher que renegou o tlamo conjugal, tanto quanto ela mesma o menosprezou no passado recente.recolheu como filhos adotivos os dois cmplices do parricdio tremendo, os antigos capatazes Antnio e Lucdio

Como fcil reconhecer, nosso irmo, atravs da responsabilidade esprita-crist, corretamente sentida e vivida, conquistou a felicidade de reencontrar os laos do pretrito criminoso para o necessrio reajuste, ao passo que, se houvesse desertado da luta pela irreflexo da companheira ou se tivesse cerrado a porta do corao a dois meninos infelizes, teria adiado para futuros sculos o nobre trabalho que est fazendo agora...

Semelhante molstia, em face da dvida em que se empenhou, deveria cobrir-lhe todo o corpo, durante muitos e angustiosos lustros de sofrimento, mas, pelos mritos que ele vai adquirindo, a enfermidade no tomou propores que o impeam de aprender e trabalhar, porquanto granjeou a ventura de continuar a servir, pelo seu impulso espontneo na plantao constante do bem.

Meu amigo - disse-lhe Druso, entre grave e terno - chegou a hora do reencontro...Correia comeou a chorar, aterrorizado, sem conseguir desenfaixar-se-lhe dos braos acolhedores.- Oremos juntos - acrescentou o bondoso amigo.

choro convulso de uma criana tenra...

Adelino, eis o pai ofendido que, enjeitado pelo corao materno que ainda no mereceu, vem ao encontro do filho regenerado!

- Meu filho!... meu filho!...

Oxal, quando estivermos de novo em pleno nevoeiro da carne, possamos, tambm ns, abrir o corao ao excelso amor de Jesus, para que no venhamos a falir nas provas necessrias!...