CAPA TCC DEFINITIVO 31março
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIAINSTITUTO DA SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL ISARH
COORDENADORIA DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
ALDINEY TOMAZ DO ESPÍRITO SANTO
BIOTA DE PARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS JOVENS PROCEDENTES DE UM REBANHO DO MUNICÍPIO
DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ, PA.
BELÉM
2009
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ALDINEY TOMAZ DO ESPÍRITO SANTO
BIOTA DE PARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS JOVENS PROCEDENTES DE UM REBANHO DO MUNICÍPIO
DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ, PA.
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Medicina Veterinária e ao Instituto da Saúde e Produção Animal da Universidade Federal Rural da Amazônia para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária
Área de Concentração: Doenças Parasitárias.
Orientador: Prof. MSc. Raimundo Nonato Moraes Benigno.
Belém
2009
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ALDINEY TOMAZ DO ESPÍRITO SANTO
BIOTA DE PARASITOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS JOVENS PROCEDENTES DE UM REBANHO DO MUNICÍPIO
DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ, PA.
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Medicina Veterinária e ao Instituto da Saúde e Produção Animal da Universidade Federal Rural da Amazônia para obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária Área de Concentração: Doenças Parasitárias.
Data: 27 de março 2009
Banca Examinadora
Orientador:
Prof. MSc. Raimundo Nonato Moraes Benigno Instituição: UFRA
Assinatura: _________________________________________________________________
Membro da Banca Examinadora:
Prof. Dra. Vânia Maria Trajano da Silva Moreira Instituição: UFRA
Assinatura: _______________________________Julgamento: ___________________
Membro da Banca Examinadora:
MSc. Adriana Maciel de Castro Cardoso Instituição: UFRA
Assinatura: _______________________________Julgamento: ___________________
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A Deus; A minha esposa, grande mulher, grande amor da minha vida, aos meus queridos pais e a todos os familiares que de alguma forma, ajudaram na realização desse sonho.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me proporcionado esse momento tão especial, sempre esteve pronto
para me ajudar quando precisei.
Ao meus pais, que não tiveram oportunidade para estudar, mas nem por isso deixou
de educar todos os seus filhos.
A minha amada esposa, que mesmo distante sempre me deu apoio e incentivo para
cumprir com os objetivos.
Aos meus irmãos e irmãs, e em especial a Francynilda Tomaz por ter me acolhido
durante esse tempo de estudo.
Aos meus sobrinhos, tios e cunhados, por todo apoio e incentivo para que esse
momento ocorresse.
Ao Prof° Msc. e orientador Raimundo Benigno, por ter contribuído de forma especial
e decisiva na minha vida acadêmica.
Ao proprietário da fazenda Amapá, Cisino Fernandes e seus funcionários, que
cederam os animais para o estudo.
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RESUMO
ESPÍRITO SANTO, A.T. Biota de parasitos gastrintestinais de ovinos jovens procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá- PA. 2009. 44f. Monografia (TCC em Doenças Parasitárias) – Coordenadoria do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Saúde e Produção Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia, Pará.
Com objetivo de identificar a biota parasitária gastrintestinal de ovinos jovens procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Estado do Pará, foram examinados coproparasitologicamente 29 cordeiros, sendo 13 mamotes (até três meses de idade) e 16 desmamados (quatro a sete meses de idade). As amostras de fezes foram processadas pelo método quantitativo para cálculo do número de ovos por grama de fezes (OPG) e do número de oocistos por grama de fezes (OOPG). As amostras positivas para nematóides estrongilídeos foram cultivadas para obtenção de larvas infectantes (coprocultura). Através da técnica quantitativa, identificou-se 26 amostras positivas (89,66%), sendo que nos cordeiros mamotes o índice foi de 100%. Nas amostras positivas, identificou-se os helmintos Estrongilídeos, Strongyloides spp e Moniezia spp.e, o protozoário Eimeria spp., com maior ocorrência dos nematóides estrongilídeos (86,21%) em infecções simples e associada. A média da carga parasitária destes nematóides foi maior nos cordeiros mamotes (1027 contra 559), sendo que a média geral do rebanho (793 opg) é compatível com uma infecção de grau leve a moderado, resultando em um indicativo de que a metade do rebanho não necessitaria de tratamento. Através do exame das larvas infectantes, identificou-se os nematóides estrongilídeos Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Oesophagostomum spp. e Cooperia spp., sendo que as de Haemonchus spp. foram de maior ocorrência (81,92%), representou aproximadamente 4/5 da carga parasitária.
Palavras-chaves: ovinos, parasitos gastrintestinais, Estado do Pará.
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ABSTRACT
ESPÍRITO SANTO, A.T. Biota of gastrointestinal parasites of young sheep from a herd in the municipality of São Miguel do Guama-PA. 2009. 44f. Monografia (TCC in Parasitic Diseases) - Coordinator of the Course of Veterinary Medicine, Institute of Animal Health and Production, University of Amazonia, Pará
In order to identify gastrointestinal parasite biota of young sheep from a herd in the municipality of São Miguel do Guama, State of Pará, were examined coproparasitologicamente 29 lambs, and 13 mamotes (up to three months of age) and 16 weaned (four to seven months of age). Samples of faeces were processed by the quantitative method for calculating the number of eggs per gram of faeces (OPG) and the number of oocysts per gram of faeces (OOPG). The positive samples for nematodes were grown estrongilídeos to obtain infective larvae (coprocultures). Through quantitative techniques, it was identified 26 positive samples (89,66%), whereas in lambs mamotes the index was 100%. In positive samples, it was identified Estrongilídeos the helminth, Strongyloides spp and Moniezia spp.e the protozoan Eimeria spp. With higher occurrence of nematode estrongilídeos (86,21%) in simple and associated infections. The mean parasite load of these nematodes was higher in lambs mamotes (1027 against 559), and the overall average of the herd (793 opg) is compatible with an infection of mild to moderate, resulting in an indication that half of the herd not require treatment. Through the examination of the infective larvae, identified are estrongilídeos nematodes Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Oesophagostomum spp. and Cooperia spp., and that of Haemonchus spp. were most frequent (81,92%), representing approximately 4 / 5 of the parasite load.
Key words: sheep, gastrointestinal parasites, State of Pará
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LISTA DE FIGURAS
Página
Fig. 1 Ciclo Biológico dos Nematóides Gastrintestinais 17
Fig. 2 Rebanho ovino da propiedade 26
Fig. 3 Colheita das amostras de fezes 27
Fig. 4 Processamento das Amostras para contagem de ovos por grama de fezes 27
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LISTA DE TABELAS
Página
Tab.1 Guia para interpretação da contagem de ovos de alguns helmintos de ovinos
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Tab .2 Biota geral de parasitas gastrintestinais de cordeiros procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará.,identificada através da técnica quantitativa.
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Tab .3 Biota geral de parasitas gastrintestinais de cordeiros procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará., obtida no exame quantitativo, de acordo com o tipo de infecção.
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Tab. 4 Valores dos OPG`s e OOPG`s dos cordeiros mamotes procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará., obtidos no exame quantitativo.
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Tab. 5 Valores dos OPG`s e OOPG`s dos cordeiros desmamados procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará., obtidos no exame quantitativo
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Tab. 6 - Resultados da coprocultura de larvas infectantes. 36
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SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………. 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ………………………………………………… 12
3 MATERIAL E MÉTODOS ……………………………………………………. 25
3.1 LOCAL DO ESTUDO ......................................................................................... 25
3.2 ANIMAIS DO ESTUDO ……………………………………………………… 26
3.3 COLHEITA, PROCESSAMENTO E ANÁLISE DAS AMOSTRAS ………… 26
3.4 ANÁLISE ESTATISTICA …………………………………………………….. 28
4 RESUTADOS E DISCUSSÃO ………………………………………………… 29
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 39
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1 INTRODUÇÃO
A partir da década de 90 tem-se verificado um aumento significativo do rebanho ovino
nacional, com características muito peculiares a cada região, mas também fortemente atrelado
às exigências do mercado consumidor. Coincidência ou não, com a adoção de planos
econômicos que retiraram liquidez de inúmeras aplicações financeiras, ou mesmo atividades
agropecuárias e industriais, registrou-se, nesse período, um fenômeno de crescimento da
ovinocultura no país (BORGES, 2003).
Segundo IBGE (2005), o efetivo brasileiro de ovino é da ordem de 15.588.041
animais, sendo que 481.528 desses encontram-se na região Norte. No estado do Pará, o
efetivo, que no ano 2000 era de 127.405 cabeças, passou para 203.027 animais, dado este, que
deverá provocar uma maior demanda de ações que visem maximizar a ovinocultura, com
especial atenção ao controle sanitário.
A ovinocultura é uma das criações que vem se destacando a cada dia e já se tornou
mais uma alternativa para o produtor rural. Em outros tempos se criavam ovinos apenas para a
produção de lã, atualmente o mercado mais rentável é o da carne, sendo consumida em
açougues, grandes restaurantes e churrascarias como produto nobre. Em 2002 a produção
nacional foi de 77.000 toneladas, representando 1,02% do índice mundial e neste mesmo ano,
houve expressivo crescimento à demanda por pele desses animais produzindo, internamente,
15.200 toneladas do produto fresco, representando 0,95% da produção mundial (SIMPLÍCIO
et al., 2006).
Juntamente com a difusão da ovinocultura pelo país, também aumentaram os
problemas pela qual passa a atividade. Dentre os problemas, destacam-se as enfermidades
parasitárias, enfatizando a verminose ovina, como principal causa de prejuízos na
produtividade. A verminose, conforme a intensidade tem grande reflexos sobre a economia da
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exploração, por seus efeitos grandemente prejudiciais tais como: crescimento retardado,
baixas produções de lã, carne e leite, má eficiência reprodutiva, mau aproveitamento dos
alimentos, reduzida resistência a enfermidades e elevado índice de mortalidade,
principalmente entre os animais jovens (JARDIM, 1974).
Vários parasitos são encontrados em qualquer criatório de ovinos e aqueles
considerados endoparasitos tendem a ser uma das causas mais graves de perdas de produção
em regiões úmidas e temperadas, enquanto que os ectoparasitas comumente causam maiores
danos às regiões mais secas (JEROME, 1997).
Em termos mundiais, as maiores perdas de ovinos são causadas pelos vermes
redondos, nematóides gastrintestinais. No estado de São Paulo os gêneros de maior ocorrência
são: Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp., Oesophagostomum spp. e
Strongyloídes spp. (AMARANTE, 1995).
Dos vermes que acometem os ovinos, destaca-se o nematóide Haemonchus contortus,
um parasito que se localiza no abomaso e devido ao seu hábito hematófago, os animais com
altos níveis parasitários poderão perder até 145 mL de sangue/dia, conseqüentemente, os
animais desenvolverão um quadro de anemia grave, em um curto período de tempo (VIEIRA
et al., 1997).
Tendo em vista que a verminose ovina é um dos principais entraves da ovinocultura e
que, a dinâmica e potencialidade de seus efeitos depende da interação das variáveis bióticas e
abióticas, as quais devem ser investigadas. Entretanto, em um primeiro momento, devem-se
demandar estudos que caracterizem a biota dos biogentes da verminose, que no Brasil,
apresenta uma diversidade regionalizada. Assim, desenvolveu-se o presente estudo com
objetivo de identificar a biota parasitária gastrintestinal de cordeiros procedentes de um
rebanho do município de São Miguel do Guamá, Estado do Pará.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Um dos principais problemas encontrados na ovinocultura mundial que limita
consideravelmente o aproveitamento econômico destes animais são as parasitoses
gastrintestinais, com destaque às espécies de nematóides. Esse grupo pode parasitar os ovinos
em qualquer fase de suas vidas, causando diversos tipos de prejuízo na produção como atraso
no desenvolvimento corporal e queda na produção e qualidade da carne e da lã
(ECHEVARRIA et al., 1996; PINHEIRO, 1979; VIEIRA, 2008).
As doenças parasitárias ocupam lugar de destaque entre os fatores que limitam a
produção caprina e ovina, sendo responsabilizadas por elevadas perdas econômicas, em
decorrência de crescimento retardado, perda de peso, redução no consumo de alimentos,
queda na produção de leite, baixa fertilidade e nos casos de infecções maciças, altas taxas de
mortalidade (PINHEIRO et al., 2000; THOMAZ-SOCCOL et al., 2004; VIEIRA, 1991).
As helmintoses de caprinos e ovinos são causadas por parasitos pertencentes às classes
Nematoda, Cestoda e Trematoda, tendo como os principais gêneros de parasitas:
Haemonchus, Trichostrongylus, Strongyloides, Moniezia, Cooperia, Oesophagostomum,
Skrjabinema, Trichuris e Cysticercus. Surtos epizoóticos de Haemoncose e Strongiloidose no
semi-árido paraibano aumentam os índices de morbidade e mortalidade do efetivo
(ATHAYDE, 1996).
As nematodioses gastrintestinais de caprinos e ovinos são os principais problemas que
comprometem o desenvolvimento da produção (FIGUEREDO LIMA; CARDOSO, 1980;
GIRÃO et al., 1992). Em sua maioria as nematodioses de maneira subclínica, ocasionam um
crescimento retardado dos animais infectados, trazendo como conseqüência uma queda na
produção de leite e carne, e aumento na taxa de mortalidade do rebanho (CARDOSO;
OLIVEIRA, 1993; UENO; GONÇALVES, 1998).
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As espécies parasitas se desenvolvem e sobrevivem durante todo o ano nas regiões
tropicais, em decorrência do clima favorável, fazendo com que os animais estejam sujeitos a
infecção e reinfecção (CHARLES et al., 1996). Entretanto, temperaturas muito elevadas
resultam em menor período de sobrevivência dessas larvas (PUGH, 2005).
Fatores como a idade, o estado nutricional, a ocorrência de parto, a lactação, o manejo
do rebanho, o desmame, a superpopulação e a introdução de animais novos no rebanho são
importantes fatores que contribuem para aumentar a população de parasitos no organismo
animal (SANTA ROSA, 1996). Diversos parasitos podem estar envolvidos nas infecções
parasitárias dos ovinos, porém dos nematóides gastrintestinais, o H. contortus destaca-se, pois
é favorecido pelas condições climáticas das regiões quentes e úmidas demonstrando alta
patogenicidade (capacidade de promover lesões no hospedeiro) e alto poder de contaminação
das pastagens, sendo que uma fêmea deste parasito pode produzir até 5.000 ovos por dia
(CARVALHO et al., 2001).
Os ovinos podem ser parasitados pelos nematóides gastrintestinais Haemonchus
contortus e Trichostrongylus axei que se localizam no abomaso; Trichostrongylus
columbriformis, Strongyloides papillosus, Cooperia punctata, Cooperia pectinata e
Bunostomum trigonocephalum que parasitam o intestino delgado e Oesophagostomum
colubianum, Trichuris ovis, Trichuris globulosa e Skrjabinema sp. que se localizam no
intestino grosso (VIEIRA, 2008).
Ramos et al. (2004) analisando a fauna helmíntica de ovinos no planalto catarinense
durante os anos de 1997 a 2001 encontraram as seguintes espécies de helmintos
gastrintestinais: no abomaso H. contortus (100%); Trichostrongylus axei (98,7%);
Trichostrongylus colubriformes (1,3%); Trichostrongylus circumcincta (100%); Ostertagia
ostertagi (100%). No intestino delgado: Trichostrongylus colubriformes (100%); Cooperia
punctata (69,1%); Cooperia pectinata (18,4%) Cooperia curticei (6,9%); Cooperia
13
oncophora (4,8%); Cooperia spatulata (0,8%) e Nematodirus spathiger (100%); no intestino
grosso: o Oesophagostomum venulosum (100%) e T. ovis (100%).
Em levantamento realizado com caprinos da região serrana do Estado do Rio de
Janeiro verificou-se maior prevalência de helmintos do gênero Haemonchus (96,43%),
seguida por Cooperia (84,30%), Strongyloides (53,53%) e Trichostrongylus (18,10%), sendo
a maior concentração desses quatro gêneros observada na faixa etária acima de 12 meses
(BONFIM; LOPES, 1994).
A biota de nematóides gastrintestinais de ovinos e caprinos na região nordeste é
composta pelo H. contortus, T.axei, T. colubriformis, Oesophagostomum columbianum,
Trichuris spp, Cooperia spp, Strongyloides papillosus, Skrjabinema ovis e Bunostomum
trigonocephalum (MELO, 2005).
Em Maringá, Nieto et al. (2003) ao realizarem um estudo sobre a epidemiologia dos
helmintos gastrintestinais de ovelhas durante um ano, identificaram na coprocultura os
nematóides Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. e Cooperia spp.
Em caprinos do Estado da Paraíba, Martins Filho e Menezes (2001), identificaram
larvas de terceiro estádio de Oesophagostomum spp., Cooperia spp., Haemonchus spp.,
Trichostrongylus spp e Bunostomum spp.
Macedo (2006), testando a eficácia de alguns anti-helmínticos no rebanho caprino no
município de Benevides no Estado do Pará, encontrou a seguinte biota: Strongiloydes spp.,
Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. e Cooperia spp, com maior ocorrência de
Strogiloydes spp. (88,3%) no início do experimento e de Haemonchus spp. (88,4%) no final.
Nos municípios de Bujarú, Castanhal e Santo Antônio do Tauá, localizados na
microrregião Castanhal (Estado do Pará), Menezes (2007) identificou os nematóides
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Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp. e Oesophagostomum spp., com as
frequências de 74,4%, 21,15%, 3,1% e 1,35%, respectivamente.
Tavares (2007) ao avaliar o uso do fitoterápico nim no controle da verminose de
ovelhas da raça Santa Inês na cidade de Belém-PA, identificou na biota a presença de
Haemonchus spp., Cooperia spp., Trichostrongylus spp e Oesophagostomum spp.
Na microrregião bragantina, município de Igarapé-Açu (PA), Carvalho (2008)
verificou que os animais estavam parasitados por uma biota gastrintestinal representada pelos
nematóides Haemonchus spp, Trichostrongylus spp e Cooperia spp., sendo que o parasitismo
pelo primeiro foi prevalente durante todo o período da pesquisa.
A biota parasitária de nematóides apresenta duas fases distintas no seu
desenvolvimento, uma fase de vida livre e outra parasitária. A primeira ocorre na pastagem e
vai de ovo até larva infectante, a segunda inicia-se com a ingestão da larva infectante e
completa-se com o parasito adulto eliminando ovos nas fezes (NARI; FIEL, 1994; MELO,
2000; LIMA, 2004; YAMAMOTO et al., 2004).
A fase de vida livre (Figura 1), que ocorre no ambiente, depende de condições
apropriadas de aeração, umidade e temperatura para gerar embriões passando pelos estádios
de mórula, gástrula e larva pré-eclosionada. Após a eclosão, as larvas de primeiro estágio (L1)
permanecem nas fezes, alimentam-se de bactérias e fungos, e mudam para larvas de segundo
estágio (L2), possuindo os mesmos hábitos alimentares das L1. Ambas armazenam energia
em suas células intestinais na forma de grânulos de glicogênio, sendo considerados os
estágios mais vulneráveis às condições desfavoráveis (NARI; FIEL, 1994).
As L2, após um período de repouso, mudam para estágio 3 (L3) infectante, retendo a
cutícula das L2 e desenvolvendo externamente um novo envoltório, o qual impede sua
alimentação, porém confere resistência às condições ambientais. A sobrevida das larvas L3
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depende da energia acumulada nas suas células intestinais. Este desenvolvimento na presença
de umidade, aeração e temperatura adequada (20-30°C) ocorre em um período entre 5 a 7 dias
(NARI; FIEL, 1994; MELO, 2000; LIMA, 2004).
As L3 migram do material fecal e são capazes de se deslocar pela haste da planta até
uma altura que oscila entre 20-25 cm favorecidas pelo microclima propício que se forma entre
o solo e a extremidade da planta (NARI; FIEL, 1994). Em geral, estas larvas utilizam gotas de
água (Figura 1), como as do orvalho, na sua migração para as pastagens, que são geradas no
período da manhã e no final da tarde quando a intensidade de luz é menor (LIMA, 2004).
Esta migração das L3 é gradativa, estando relacionada à umidade e à precipitação
pluvial. Na época da seca, a maioria das larvas permanece no bolo fecal, ou próximo dele na
base das plantas, e o inverso ocorre no período das chuvas, onde as larvas podem migrar em
torno de 90 cm do bolo fecal (LIMA, 2004).
A fase de vida parasitária inicia com a ingestão das larvas infectantes (L3) durante o
pastejo (Figura 1) as quais perdem os seus envoltórios externos no rúmen (no caso dos
estrongilídeos do abomaso) ou no abomaso (no caso dos estrongilídeos intestinais). Em
seguida penetram na parede do abomaso ou dos intestinos, ou permanecem entre as
vilosidades do tubo digestivo nutrindo-se de alimentos pré-digeridos, tecidos ou sangue do
hospedeiro e ao mesmo tempo desenvolvem-se para estágios adultos (LIMA, 2004; NARI;
FIEL, 1994).
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Figura 1- Ciclo biológico de nematóides (A: Vermes adultos no abomaso ou intestinos; B:
Ovos liberados pelas fêmeas e incorporados nas fezes; C: Ovos (C1); L1(C2); L2
(C3); D: L3 no capim; E: L3 em suspensão na gota de água.
Durante o desenvolvimento até o estágio adulto, alguns estrongilídeos, como
Ostertagia spp, realizam as mudas do terceiro para o quarto (L4) e do quarto para o quinto
estágio na mucosa do órgão parasitado e completam a maturação no lúmen do órgão (NARI;
FIEL, 1994).
17
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E
B
DFonte:http://www.boergoats.com/clean/articleads
As fêmeas destes nematóides realizam a postura de centenas de ovos no tubo digestivo
dos hospedeiros que chegam ao meio externo junto com as fezes. Esta produção de ovos
ocorre ao longo de sua vida, que vai de 4 semanas até 12 meses (NARI; FIEL, 1994).
A fase de vida livre é comum para todos os gêneros de nematóides estrongilídeos com
exceção do gênero Nematodirus, que atinge o estágio L3 no interior do ovo eclodindo
espontaneamente ou na dependência de certos estímulos (LIMA, 2004).
O período pré-patente destes nematóides é de 18-30 dias (PEREIRA et al., 2005), de
aproximadamente 21 dias (VIEIRA et al., 1997) ou de 21-28 dias (MELO, 2000).
Especificamente para o nematóide Haemonchus spp, Soulsby (1965) relata um período de
duas a três semanas.
Apesar desses parasitos tenderem a ser espécie-específica ou terem algumas
especificidades em relação aos hospedeiros, sua patogenia varia de rebanho a rebanho, com as
condições climáticas, como a temperatura, a precipitação, a umidade relativa do ar, a
evapotranspiração, a irradiação solar, e a umidade e temperatura do solo, assim como há
variação em áreas de pastagem com vegetação abundante, com boa cobertura e que
proporcione micro clima favorável para o desenvolvimento e sobrevivência das larvas nos
estágios pré-infectantes (SANTA ROSA, 1996).
As infestações parasitárias no rebanho geralmente são mistas, e se caracterizam por
baixa fertilidade, severa anemia, degeneração gordurosa, hidrotórax, hidropericárdio,
hidroperitôneo, caquexia, gastrite catarral, perda de peso, pêlos eriçados e opacos e queda dos
mesmos, apatia, anorexia, hipotonia ou atonia ruminal, diarréia e desidratação (PUGH, 2005).
Nos casos crônicos observa-se edema submandibular e ascite, em decorrência da
hipoproteinemia e morte dos animais (SANTA ROSA, 1996).
Os parasitos do abomaso como o Haemonchus spp., Ostertagia spp. e
Trichostrongylus axei produzem uma reação inflamatória progressiva com hiperemia e
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aumento da produção de muco. No caso do Haemonchus spp. aparecem pequenos coágulos de
sangue e em seguida erosões da mucosa por descamação das células epiteliais.
Microscopicamente começa com uma infiltração de células mononucleares e eosinófilos que
vai agravando com o tempo (NARI; FIEL, 1994).
Para O’Connor et al. (2006) os nematóides estrongilídeos gastrintestinais representam
a principal fonte de prejuízos para os produtores de ovinos em todo o mundo. No Brasil,
destacam-se neste grupo, os nematóides Haemonchus contortus, Trichostrongylus
colubriformis, Ostertagia spp., Bunostomum spp. e Oesophagostomum spp. (OLIVEIRA-
SEQUEIRA e AMARANTE, 2002).
No Nordeste brasileiro o H. contortus é a espécie de maior prevalência e de maior
intensidade em caprinos e ovinos, seguida do T. colubriformis e O. columbianum (CASTRO,
1984). O H. contortus é um parasita do abomaso de ovinos que apresenta alto grau de
hematofagismo resultando na incapacidade do hospedeiro de compensar as perdas de sangue.
O animal com elevado nível de infecção parasitária pode perder até 145 mL de sangue por
dia, conseqüentemente, desenvolve um quadro de anemia grave. As respostas imunológicas
contra a reinfecção se desenvolvem de maneira lenta e incompleta o que favorece a
reincidência dessas parasitoses (BOWMAN, 1995).
Tanto as larvas L4 como os vermes adultos sugam o sangue do hospedeiro, aderidos à
mucosa com suas lancetas (dentes bucais). Não só os vermes efetivamente privam o
hospedeiro de grandes volumes de sangue, mas também deixam lacerações na mucosa que o
predispõem à gastrite (JONES et al., 2000).
As lesões dependem da duração da infecção, mas sempre caracterizam-se por
hemorragias multifocais na mucosa do abomaso; os nematódeos fixados e livres são
imediatamente visualizados. O conteúdo abomasal tem uma coloração castanho-avermelhada.
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As membranas mucosas estão pálidas e o edema pode ser disseminado. Podem estar presentes
hidropericárdio, hidrotórax, e ascite. A gordura corporal sofre degeneração mucóide e fica
intensamente edemaciada. O fígado assume uma coloração castanho-clara e frequentemente
mostra-se friável, com áreas de alteração gorda (JONES et al., 2000).
Anemia e hipoproteinemia (decorrentes da perda de sangue) são as principais
manifestações da hemoncose. Nos casos graves de infecção com grande quantidade de
vermes, a morte poderá ocorrer mesmo sem qualquer sinal clínico. Mais frequentemente a
moléstia se prolonga, ocorrendo então sinais de debilidade, perda de peso, e edema das partes
inferiores, especialmente sob a mandíbula e ao longo do abdômen (JONES et al., 2000).
O sintoma que mais chama a atenção na hemoncose é o edema submandibular ou
papeira, que vem acompanhada sempre de uma severa anemia, perda de peso e apetite,
finalizando com desidratação e morte. Na fase aguda tem-se uma anemia moderada,
gastrenterite catarral, desidratação, retardo de desenvolvimento e crescimento, diarréia líquida
ou pastosa e pêlos arrepiados e sem brilho. Na fase crônica, período mais avançado dos
sintomas, observa-se debilidade orgânica geral, edema submandibular, diminuição
significativa na produção de leite e carne, emagrecimento, anemia acentuada e morte. As
diarréias podem aparecer ou não em verminoses crônicas (SANTA ROSA, 1996) larvas de
Trichostrongylus axei penetram na metade superior das glândulas abomasais produzindo
severas alterações nas células adjacentes, interferindo na produção do acido gástrico. Após
duas semanas podem aparecer pequenas placas esbranquiçadas com conglomerados de
parasitas, dando início a reação inflamatória. Em poucos dias estas lesões são mais evidentes,
podendo-se observar úlceras pouco profundas sobre todas as bordas das pregas abomasais. Se
a infecção é muito severa podem aparecer edemas e placas necroticas com um pH abomasal
alto e presença de uma diarréia profusa (NARI; FIEL, 1994).
20
Entre os parasitos intestinais, Cooperia sp. é um dos mais comuns, sendo Cooperia
oncophora predominante nas zonas temperadas e sendo considerada tão patogênica quanto C.
pectinata e C. punctata que predominam em zonas subtropicais e tropicais causando severos
quadros de parasitoses em cordeiros. A localização preferencial para esses parasitas é na
primeira metade do intestino delgado, ainda que existam trabalhos que afirmam que há uma
certa “mobilidade” destes entre a parte posterior e anterior do intestino, fenômeno chamado
de “taquifilaxia”. Os estágios larvais encontram-se profundos nas criptas das vilosidades
intestinais e os adultos também se encontram em contato direto com a mucosa destruindo o
epitélio intestinal. Ocorrendo uma redução no tamanho das vilosidades com destruição de
células que compõem esse epitélio que são substituídas por outras imaturas e com menos
capacidade de digestão sobre todos os tripeptídeos e dipeptídeos disponíveis na luz do
intestino (NARI; FIEL, 1994).
O parasitismo pelo estrongilídeo Oesophagostomum radiatum caracteriza-se pela
formação de lesões nodulares na porção posterior do intestino delgado e algumas na parede do
ceco e cólon, que são produzidas pela reação ocasionada pela passagem da larva L3 que muda
para L4 na parede intestinal após 8 a 9 dias de sua ingestão no pasto. As complicações
bacterianas das lesões permitem o aparecimento de pequenos focos purulentos às vezes
ulcerados, que persistem no tempo como os nódulos fibrosos (NARI; FIEL, 1994). Alguns
vermes podem encistar-se na lâmina própria, na face superficial da muscular da mucosa, mas
quase todos estão localizados na mucosa, no lado mais profundo da muscular da mucosa
(JONES et al., 2000).
Os helmintos tornaram-se progressivamente menos antigênicos à medida que
evoluíram, na presença de um sistema imune competente. Provavelmente a seleção natural
favorece os parasitos que demonstram redução da antigenicidade (TIZARD, 2002).
21
As infecções por nematódeos gastrintestinais são crônicas, e uma resposta imune
completa, dirigida aos vários estádios parasitários, demora, em geral, vários meses para se
desenvolver. Há quatro mecanismos de imunidade adquirida contra os nematódeos, que se
sobrepõem: rejeição de larvas infectantes; retardamento no desenvolvimento larvar; redução
na fecundidade, diminuição na ovoposição pelas fêmeas adultas, afetando provavelmente
também os machos; expulsão de helmintos adultos. Cada manifestação desenvolve-se
seqüencialmente, dependendo do tempo e do grau de infecção, de acordo com a espécie de
parasito, do número de larvas infectantes ingeridas, idade, sexo e raça/espécie de hospedeiro
(WAKELIN, 1995).
Os nematódeos gastrintestinais induzem resposta imune nos hospedeiros, cuja
resistência pode ser definida como a capacidade de impedir ou dificultar o estabelecimento
das larvas. Geralmente, a resistência pode ser medida em termos de baixa contagem de ovos
nas fezes.A imunidade contra os nematódeos gastrintestinais é dependente dos linfócitos T,
envolve mudanças inflamatórias no trato digestivo e é facilitada pelos anticorpos específicos
antiparasitários. Existe um consenso geral que essa resposta imune é multifatorial e que a
contribuição dos componentes individuais pode variar muito, sem necessariamente interferir
com a eficácia global da resistência (WAKELIN, 1995)
O potencial biótico de uma espécie se define como a sua capacidade de multiplicação
em função do tempo, sendo que no caso do Haemonchus spp a capacidade é bastante elevada,
com uma ovoposição diária entre 5.000 e 10.000 ovos , em muito, superior às outras espécies
de helmintos, tais como: Ostertagia spp, 200-300 ovos/dia, Cooperia spp, 100-2000ovos/dia,
Trichostrongylus spp, 100 – 200 ovos/dia. Nematodirus < 100 ovos/dia, ficando os animais
com expressivos níveis de infecção, em curto espaço de tempo (ROMERO; BOERO, 2001)
Nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul ocorre resistência a todos os
grupos de anti-helmínticos de amplo aspecto (WALLER, 1997). No Brasil também é grave o
22
problema da resistência (MELO et al., 2003). O primeiro relato de resistência a anti-
helmínticos em ovinos, no Brasil, foi no Rio Grande do Sul (DOS SANTOS; GONÇALVES,
1967). Estudos indicaram resistência anti-helmíntica no Pará (MACEDO, 2006), Ceará
(MELO, 1998; BEVILAQUIA; MELO, 1999), e em São Paulo, onde a situação tem sido
crítica, fator que tem desmobilizado a intensificação da criação de cordeiros no sudeste do
Brasil, principalmente devido às altas taxas de mortalidade (AMARANTE,1992;
AMARANTE, 2005).
O diagnóstico “ante-mortem” de infestação por nematódeos, se dá mediante a história
clínica do rebanho, dos sintomas, das condições climáticas e exames parasitológicos. Este
pode ser feito através da contagem de ovos por grama de fezes (OPG) sendo o modo de
estimar a carga parasitária (PUGH, 2005).
A tabela 1 mostra como devemos interpretar a contagem de ovos por grama de fezes
de helmintos em ovinos segundo Ueno; Gonçalves (1998):
Tabela 1 - Guia para interpretação da contagem de ovos de alguns helmintos de ovinos.
HELMINTO GRAU DE INFECÇÃO
LEVE MODERADA PESADA
Infecção Mista - 1.000 2.000
Infecção Mista sem Haemonchus - 1.000 2.000
Haemonchus 100-2.500 2.500-8.000 8.000
Ostertagia 50-200 200-2.000 2.000
Trichostrongylus 100-500 500-2.000 2.000
Strongyloides - - 10.000
O. columbianum 100-1.000 1.000-2.000 3.000
23
Segundo Oliveira et al. (1995), em ovinos do Estado do Rio Grande do Sul, quando o
OPG chega a 500, recomenda-se uma nova vermifugação dos animais.
O controle dos parasitos foi definido por Gordon (1967) como “uma restrição do
potencial biótico do parasito a um nível compatível com a produtividade econômica do
hospedeiro”. O objetivo principal de um controle parasitológico deve ser o de reduzir ou
eliminar os efeitos adversos dos parasitos através de métodos práticos e econômicos
(ANDERSON et al., 1978).
Para Pinheiro (1983) os principais programas de controle da verminose ovina, são os
seguintes: curativo, estratégico, tático, supressivo, exame de fezes e respectiva cultura de
larvas, sendo que este último foi desenvolvido no Rio Grande do Sul por Gonçalves (1974) e
quando realizados mensalmente no rebanho , aliado com aplicação de dados epidemiológicos,
são ferramentas mais eficazes para o controle da helmintose de ovinos.
24
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 LOCAL DO ESTUDO
O experimento foi conduzido em uma propriedade rural localizada no município de
São Miguel do Guamá, Nordeste do Estado do Pará-Brasil que apresenta um plantel de ovinos
mestiços da raça Santa Inês, destinados a cria, recria e engorda, que utilizam duas áreas de
pastejo, sendo destinadas à produção e à terminação, respectivamente. A área de produção é
dividida em dez piquetes (3,5 ha/piquete) formados de capim mombaça (Panicum maximum
cv Mombaça), Braquiarão (Brachiaria brizantha) e quicuio (Brachiaria humidicola). A área
de terminação apresenta oito piquetes (média de 2 ha/piquete) formados de capim Mombaça.
A propriedade utiliza o sistema de criação semi-intensivo, sendo os animais liberados
para pastejo às 8horas, retornando ao aprisco às 16horas. Durante o pastejo, disponibilizava-se
água e suplementação mineral ad libitum e, no aprisco recebiam capim cameron roxo
(Pennisetum purpureum) triturado, misturando-se aproximadamente 600g de cevada/animal.
Os cordeiros recém-nascidos permaneciam com suas mães na baia maternidade por
nove, sendo desmamados com 90 dias e os machos submetidos à castração cirúrgica.
O manejo reprodutivo obedece ao sistema de monta natural, sendo um macho para as
cinqüenta fêmeas.
O sistema de controle da verminose aplicado na propriedade era trimestral, utilizando-
se os anti-helmínticos ivermectina, lbendazole e Closantel, de forma indiscriminada, já que
não praticava o rodízio destes fármacos ao longo do ano e sem monitoramento da carga
parasitária do plantel, considerada um importante método de diagnóstico de animais
resilientes e sensíveis.
25
3.2 ANIMAIS DO ESTUDO
Foram utilizados, de forma aleatória, 29 cordeiros (Figura 2), sendo 13 cordeiros
mamotes com idade de um a três meses e 16 cordeiros desmamados com idade de quatro a
sete meses.
Figura 2 – Rebanho ovino da propriedade
3.3 COLHEITA, PROCESSAMENTO E ANÁLISE DAS AMOSTRAS
Para o estudo da biota parasitária gastrintestinal, foram colhidas amostras individuais
de fezes diretamente da ampola retal (Figura 3), utilizando-se sacos plásticos devidamente
identificados. Para o transporte das amostras utilizou-se caixa de polímero expandido
contendo gelo reciclável.
As amostras foram processadas no laboratório de Parasitologia Veterinária da
Universidade Federal Rural da Amazônia, utilizando-se a técnica de Gordon e Whitlock
26
modificada (Figura 4) para calcular o número de ovos por grama de fezes (OPG), conforme os
procedimentos exarados na bibliografia de Ueno; Gonçalves (1998).
27
Figura 4 - Processamento da amostra para contagem de ovos por grama de fezes.
Figura 3 - Colheita da amostra de fezes
Para identificar a biota parasitária, as amostras de fezes positivas de cada grupo de
estudo (cordeiros mamotes e cordeiros desmamados) foram homogenizadas e o “pool” foi
processado segundo a técnica de Roberts e O’ Sullivan (1950), para obtenção de larvas
infectantes. Estas, foram mantidas em temperatura de refrigeração e para identificá-las foram
utilizadas as bibliografias de Keith (1953) e Ueno e Gonçalves (1998).
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos nos OPG`s e na identificação da biota foram tabulados para calcular
as médias e os índices estatísticos de média ocorrência e a freqüência, de acordo com os
grupos de animais estudados e o tipo de infecção (simples ou múltipla).
28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos pela técnica quantitativa, que estima o número de ovos por grama de
fezes (OPG) mostraram que a biota de cordeiros foi caracterizada por helmintos
estrongilídeos, Strongyloides spp. e Moniezia spp. e, pelo protozoário Eimeria spp. Todos os
cordeiros mamotes (de um a três meses de idade) acusaram infecção parasitária, enquanto que
os desmamados (de quatro a sete meses de idade) apresentaram um índice de ocorrência de
81,25%. Os nematóides estrongilídeos foram de maior ocorrência em ambos grupos
estudados, com destaque para os cordeiros desmamados que foi de 100% (Tabela 2).
Ainda na tabela 2, observa-se que dos 29 cordeiros examinados, 26 (89,66%)
apresentaram infecção por parasitos gastrintestinais, com maior ocorrência de infecções por
nematóides Estrongilídeos (86,21%)e pelo coccídeo Eimeria spp.(58,62%).
Tabela 2 – Biota geral de parasitas gastrintestinais de cordeiros procedentes de um rebanho
do município de São Miguel do Guamá, Pará, identificada através da técnica
quantitativa.
GRUPO DE
ESTUDO
Nº DE ANIMAIS NÚMERO E FREQÜÊNCIA DE POSITIVIDADE
EXAMINADOS POSITIVOS Estrongilídeo Strongyloidesspp.
Monieziaspp.
Eimeria spp.
CORDEIROSMAMOTES
13 13 12 2 7 6
CORDEIROSDESMAMADOS
16 13 13 4 1 11
* Índice de Frequencia
29
Os dados de ocorrência de estrongilídeos e de Strongyloides spp. estão próximos
daqueles obtidos por Ahid et al. (2008) em ovinos jovens e adultos, respectivamente 75,2 e
20%.
Considerando a dinâmica da infecção pelo nematóide Strogyloides spp, o baixo índice
de infecção (20,69%) já era esperado em função do perfil etário da população estudada,
constituída na sua maioria (26 de 29) por cordeiros desmamados (quatro a sete meses de
idade). Esta afirmação está respaldada nas informações literárias, de Levine (1985) e de
Soulsby (1965), que ressaltam que as infecções por esse helminto são importantes em animais
muito jovens, sendo um dos primeiros desafios parasitários na dinâmica da verminose
gastrintestinal e são considerados bons imunógenos, promovendo uma efetiva resposta
imunológica . Esta mesma dinâmica parasitária ocorre nas infecções por Eimeria spp.
58,62%, sendo o bioagente encontrado mais frequentemente nos primeiros dias após o
nascimento, precisamente nas duas primeiras semanas de idade (LEVINE, 1985).
Em criações de ovinos no Brasil, as infecções pelo cestóide Moniezia spp. também
foram relatadas nos Estados do Rio Grande do Norte (AHID et al., 2008), Paraná
(SOTOMAIOR et al., 2007) e Roraima (BRAGA; GIRARD, 1991), sendo que no primeiro
trabalho, os autores encontraram um índice inferior (4,8%). Em caprinos do Estado da
Paraíba, Martins Filho e Menezes (2001) também registraram baixo índice (11,84%).
Analisando o perfil parasitário da biota (Tabela 3), observa-se que nas 25 amostras
positivas para estrongilídeos, obteve-se maior freqüência (72%; 18 de 25) quando a infecção
estava associada aos outros componentes da biota caracterizada como infecção associada,
especialmente nos cordeiros desmamados (92,31%). As amostras positivas para o coccídeo
Eimeria spp. também apresentaram o mesmo perfil dos estrongilídeos, pois 94,12% (16 de
17)das amostras caracterizaram-se por infecção associada. Já o perfil do parasito nematóide
Strongyloides spp. foi de uma infecção assoc
30
GRUPO DE
ESTUDO
BIOTA PARASITÁRIA / TIPO DE INFECÇÃO
Estrongilídeos Strongyloides spp. Eimeria spp
Simples Associada S+A Simples Associada S+A Simples Associada S+A
Cordeiros Mamotes
6
(50%)
6
(50%)
12
(100%)
- 2
(100%)
2
(100%)
1
(16,67%)
5
(83,33%)
6
(100%)
CordeirosDesmamados
1
(7,69%)
12
(92,31%)
13
(100%)-
4
(100%)
4
(100%)-
11
(100%)
11
(100%)
TOTAL 7
(28%)
18
(72%)
25
(100%)
- 6
(100%)
6
(100%)
1
(5,88%)
16
(94,12%)
17
(100%)
Tabela 3 – Biota geral de parasitas gastrintestinais de cordeiros procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará,
obtida no exame quantitativo, de acordo com o tipo de infecção.
Simples: S; Associada: A
31
Analisando os valores de OPG expressados na Tabela 4, verifica-se que a carga
parasitária de estrongilídeos em cordeiros mamotes variou de 100 a 3450 e que apenas cinco
animais (aproximadamente 40%) apresentaram carga parasitária incompatível para tratamento
(OPG menor que 500), considerando que este parâmetro é normalmente adotado para os
tratamentos de rotina no controle da helmintose ovina (UENO; GONÇALVES, 1998).
Para os casos de infecções por Eimeria spp., não encontramos parâmetros estimativos
de carga parasitária, referida como número de oocistos por grama de fezes (OOPG), que
indicam a adoção de medidas terapêuticas. Talvez essa ausência de dados bibliográficos esteja
relacionada com algumas características da infecção, como por exemplo, a diversidade de
espécies que compõem a biota, que dificultam a elaboração de protocolos experimentais,
cujos resultados poderiam predizer os graus de infecção de acordo com as cargas parasitárias.
Neste contexto, Hassum et al. (2007) detectaram uma biota de Eimeria representada por dez
espécies em ovinos da raça Santa Inês em Campinas (SP) e Santana et al. (2008) por sete
espécies em 38 rebanhos de ovinos da Bahia (BA).
TABELA 4 – Valores dos OPG`s e OOPG`s dos cordeiros mamotes procedentes de um
rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará, obtidos no exame
quantitativo.
Continua
ANIMAIS
N°
Valores dos OPG’s Valores dos OOPG`s de Eimeria spp.
Estrongilídeos Strongyloides spp.
1 350 - -
2 850 - -
3 350 - -
4 750 - 4550
5 100 - -
6 650 - 200
7 - - 300
32
Conclusão
ANIMAIS
Nº
Valores dos OPG’s Valores dos OOPG`s de Eimeria spp.
Estrongilídeos Strongyloides spp.
8 2000 - 4700
9 3450 150 1850
10 1200 - 4950
11 450 - -
12 1950 50 -
13 1250 - -
MEDIA 1027 15 1273
Em cordeiros desmamados (Tabela 5), onze (68,75%) apresentaram carga parasitária
incompatível para tratamento, sendo três por negatividade. O valor baixo da carga parasitária
média deste grupo (559) pode estar relacionado com a menor susceptibilidade a infecção, em
função da maior faixa etária, corroborada pela maior efetividade da resposta imunológica.
Comparando-se os valores dos OPG`s médios dos dois grupos, fica evidente o menor grau de
susceptibilidade dos cordeiros desmamados, pois ocorreu uma redução da carga parasitária de
54% (1027 para 559), dado este que pode justificar esta menor susceptibilidade.
TABELA 5 - Valores dos OPG`s e OOPG`s dos cordeiros desmamados procedentes de um
rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará, obtidos no exame
quantitativo.
Continua
ANIMAIS
N°
Valores dos OPG’s Valores dos OOPG`s de Eimeria spp.
Estrongilídeos Strongyloides spp.
1 1950 - 9002 150 - 200
3 2500 50 350
4 950 - 200
33
Conclusão
ANIMAIS
Nº
Valores dos OPG’s Valores dos OOPG`s de Eimeria spp.
Estrongilídeos Strongyloides spp.
5 100 100 -
6 100 - 100
7 50 - 150
8 650 - -
9 - - -
10 - - -
11 - - -
12 1700 - 100
13 450 - 450
14 100 50 100
15 200 50 600
16 50 - 150
MÉDIA 559 16 206
Na tabela 6 estão apresentados as quatro faixas de carga parasitária dos cordeiros
parasitados por nematóides estrongilídeos (n=25), cujos dados apontam para um índice de
aproximadamente 50% (12 de 25) de animais que não necessitavam de tratamento. Quando
analisou-se os dados das médias das cargas parasitárias dos cordeiros por categoria (mamotes
= 1027 e desmamados =559), verificou-se que a média geral (793) fica muito próxima do
valor mínimo preconizado para tratamento. Este valor médio indica um baixo nível de
exposição às larvas infectantes dos bioagentes que estão disponíveis no pasto. Este indicativo
pode ser um reflexo das boas práticas de manejo aplicada na propriedade estudada,
relacionadas principalmente com a dieta alimentar e com o manejo adequado das pastagens,
deixando-as em descanso por um intervalo de tempo suficiente para manter um nível baixo de
contaminação. Deve-se considerar a possibilidade de existir no rebanho, animais resilientes,
34
que suportam altas cargas parasitárias, podendo não necessitar de tratamento, como referido
por Molento et al. (2004) para animais com OPG acima de 1500.
Gráfico 1 – Carga parasitária de estrongilídeos dos cordeiros mamotes e desmamados
procedentes de um rebanho do município de São Miguel do Guamá, Pará, obtidos
no exame quantitativo, divididos em quatro intervalos.
A biota de estrongilideo (Gráfico 2) foi representada pelos nematóides Haemonchus
spp., Trichostrongylus spp., Oesophagostomum spp. e Cooperia spp, sendo que os três
últimos representantes contribuíram com menos de 20%.
Na ovinocaprinocultura do Estado do Pará esta biota também foi encontrada por
Tavares (2007) e Menezes (2007), porém Macedo (2006) e Carvalho (2008) não identificaram
larvas de Oesophagostomum spp. Outros representantes de nematóides estrongilídeos de
ovinos e caprinos detectados no Brasil fora Bunostomum spp. (LIMA; GUIMARÃES, 1992;
MARTINS FILHO; MENEZES, 2001), Ostertagia spp. e Nematodirus spp. (RAMOS et al.,
2004).
35
Gráfico 2 - Resultados geral da coprocultura de larvas infectantes.
Tabela 6 - Resultados da coprocultura de larvas infectantes de Estrongilídeos do rebanho.
GRUPO
DE
ESTUDO
Resultado da Coprocultura (%)Estrongilídeos
Haemonchus
spp.
Trihostrongylus
spp
Oesophagostomum
spp.
Cooperia
spp.
Cordeiros mamotes
86,16 4,34 7,38 2,12
Corrdeirosdesmamados 77,67 11,65 4,37 6,31
Os resultados da coprocultura (Gráfico 2) revelaram que a maioria dos nematóides
estrongilídeos detectados no exame quantitativo, pertencem ao gênero Haemonchus spp.
(81,92%), com uma diferença de apenas 8,49% entre os dois grupos estudados. Esta maior
ocorrência do Haemonchus, também foi registrada no Estado do Pará referida por Menezes
(2007) e por Carvalho (2008) em ovinos. Na região nordeste, Costa e Vieira (1992) e Girão et
al.(1992), encontraram uma ocorrência acima de 80% em ovinos e caprinos. Na região sul,
Mattos et al. (2004) apontam índices superiores, de 100% no grupo tratado e 99,58% no grupo
36
controle de caprinos. Já em rebanhos caprinos e ovinos do Rio Grande do Sul, Molento et al.
(2004), a população de Haemonchus spp. foi de menor representatividade (60%).
5 CONCLUSÕES
37
O rebanho de cordeiros estudado apresentou um alto índice de ocorrência de parasitas
gastrintestinais, representado principalmente pelos nematóides estrongilídeos em infecção
simples ou associada aos bioagentes Strongyloides spp., Moniezia spp. ou Eimeria spp. e com
uma carga parasitária média compatível com uma infecção de grau leve a moderado, que
resultou em um indicativo de que, a metade do rebanho não necessitaria de tratamento.
Identificou-se larvas infectantes de Haemonchus spp,, Trichostrongylus spp.
Oesophagostomum spp. e Cooperia spp., sendo que a de Haemonchus spp. representou
aproximadamente 4/5 da carga parasitária de estrongilídeo..
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