Cap. II - Os Mercados Das Eurodivisas
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Os Mercados das Eurodivisas
O Aparecimento do Mercado de Eurodólares
Surgiu e desenvolveu-se porque razões:
Políticas; e
Regulamentares.
Permitiu responder a necessidades económicas e financeiras de:
Empresas;
Bancos; e
Autoridades nacionais de diversos países.
Razões para o Aparecimento do Euromercado de Eurodólares:
1. Guerra-fria
2. Crise Económica na Grã-Bretanha
3. Alterações na Regulamentação Bancária Americana
1. Guerra-fria
Clima de guerra-fria existente entre os EUA e a União
Soviética
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Em finais dos anos 50, as autoridades soviéticas:
Receavam o congelamento das suas contas, em dólares, junto
de bancos americanos nos EUA;
Decidiram transferir aqueles depósitos para instituições
financeiras situadas na Europa;
Passaram a deter depósitos em dólares no Moscow Narodny
Bank, em Londres, e no Banque Commerciale pour l’Europe du
Nord, em París.
Guerra do Suez, 1956
Como uma medida de pressão:
Os EUA bloquearam activos em dólares em bancos americanos
dos países intervenientes, nomeadamente:
O Israel,
A França e
A Grã-Bretanha
Isto serviu de alerta para todos os países do Mundo.
2. Crise Económica na Grã-Bretanha
Nos anos 50 a Grã-Bretanha:
Estava em crise económica
Enfrentava uma crescente perda de posição no comércio
internacional
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Resultado:
Transferência da importância da libra para o dólar,
como moeda de referência no comércio internacional.
3. Alterações na Regulamentação Bancária Americana
Os americanos alteraram a chamada “Regra Q” (“Regulation Q”),
para:
Impor limites aos bancos americanos para remunerarem os
depósitos a curto prazo que haviam aceite
Impor restrições ao crédito impostas pelo Federal Reserve
Resultados:
Fizeram subir as taxas de juro acima dos limites fixados por
aquela regra
Conduziram à transferência de depósitos em dólares, das sedes
dos bancos americanos para as suas filiais em Londres
o Essas filiais não estavam sujeitas aos limites da “Regra Q”
e das reservas obrigatórias em vigor nos EUA).
Consequências Globais
Começaram a se efectuar cada vez mais transacções em dólares
fora dos EUA
Surgiu o euromercado de dólares
A abolição da “Regra Q” em 1970 não alterou esta tendência
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Os Euromercados e a Internacionalização da
Actividade Bancária
Filiais de bancos no estrangeiro, maioritariamente americanos:
Promoveram o desenvolvimento do euromercado
Originaram muitas das práticas hoje utilizadas nos mercados
internacionais
Situação Actual
Redução da importância dos desses bancos nos mercados
internacionais
Subida da influência de bancos japoneses em termos de
“ranking” internacional
Contudo
As práticas prevalecentes continuam a ter base a banca
americana
O desenvolvimento do Mercado das Eurodivisas deveu-se a:
Aos eficazes sistema de pagamentos interbancários
À grande evolução dos sistemas de comunicação internacionais
A maior internacionalização dos bancos
o Com redes, cada vez maiores, de agências no exterior.
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Vantagens
Bancos não americanos podem efectuar operações em dólares
não estando instalados nos EUA
Essas operações
Envolvem um custo menor
São discretas, isto é, não sujeitos à regulamentação
americana
São indiferente o aumento do peso do dólar americano no
comércio internacional
São indiferentes ao papel crescente da moeda americana
como instrumento de posse de reserva.
Tendência Contemporânea
Crescimento do mercado (e da indústria bancária internacional)
Redução da regulamentação do sector
Encorajamento ao estabelecimento de bancos a operar nos
mercados “off-shore”
o (Off-shore = instalados num país mas fazendo operações
apenas com não residentes)
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As Taxas de Juro nos Euromercados
São típicas (ou específicas) dos euromercados
Têm uma aceitação internacional generalizada
São facilmente reconhecidas como as taxas domésticas
A mais generalizada de todas é a LIBOR (London Interbank
Offered Rate)
o LIBOR = taxa oferecida entre bancos numa dada hora e
para uma certa moeda1, no mercado de Londres.
Nem sempre se ajustam inteiramente às taxas domésticas, para
a mesma moeda
Os valores das taxas internacionais seguem as tendências das
domésticas
Taxas de Eurodivisas versus Taxas Domésticas
Qual é a natureza e quais são as causas que permitem aquele
diferencial?
Qual a dimensão desse diferencial?
Como se operam as influências das taxas domésticas nas
internacionais e reciprocamente?
1 Outras taxas são també usadas, embora com menor importância. Assim, por ex.: SIBOR – Singapura; HIBOR – Hong
Kong; LUXIBOR – Luxemburg; PIBOR – Paris; etc.
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a) Natureza e causa do diferencial entre as taxas domésticas e as
dos euromercados
A observação empírica das taxas ao longo de diversos anos
permite concluir que, em geral:
1. A remuneração obtida em depósitos nos euromercados é
maior que a obtida nos mercados domésticos.
2. As taxas exigidas nos empréstimos concedidos são mais
elevadas nos mercados domésticos que nos mercados
internacionais.
Consequências:
O “spread” (ou margem dos bancos) é, em geral, maior nos
mercados domésticos que nos internacionais.
Por quê esta situação?
Basicamente, são duas as razões que justificam esta situação:
Os bancos operando nos euromercados
a) Têm estruturas de custo mais leves (menos custos relativos com
pessoal);
b) Não são obrigados a reservas de caixa, não remuneradas.
Estas reservas mínimas, obrigatórias tornam as taxas de
depósito pagas pelos bancos aos seus clientes
“efectivamente”maiores2.
2 Supondo que as reservas de caixa obrigatórias são de 10% do volume dos depósitos e que a taxa média paga por um banco
aos seus depositantes é de 12%, a taxa efectiva do custo dos depósitos é %33.132)1/(12
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Outras Razões
Justifica-se a exigência de maior remuneração por parte dos
depositantes nos euromercados porque:
(c) Há maior risco implícito num depósito no euromercado
o Nos mercados domésticos a protecção dos depositantes,
por via da regulamentação e da “co-responsabilização” das
autoridades monetárias é maior.
(d) A menor capitalização exigida aos eurobancos face aos
bancos operando em mercados domésticos
(e) A existência de um afastamento físico entre o local de
depósito e o local de pagamento.
b) Amplitude dos diferenciais das taxas
Um estudo desenvolvido pelo Banco de Inglaterra, sobre o
comportamento das taxas de depósitos em dólares, relativo ao
período de 1973 a 1978, conclui o seguinte:
Que as taxas dos eurodepósitos eram mais elevadas que as do
mercado doméstico
Que haviam, ao longo do período, um desvio variável, com
amplitudes variando entre os 0.07% e os 0.53%
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Verifica-se uma relativa correspondência entre o nível das taxas
e a amplitude do diferencial.
Admite-se que, mais recentemente, esse diferencial se tem
vindo a estreitar.
Do lado dos Empréstimos
O diferencia é maior sendo as taxas domésticas mais elevadas
que as do euromercado
Muitas vezes esse diferencial era superior a um ponto
percentual.
Contudo
A competição entre os bancos reduziu o “spread” (margem) acima
da taxa de referência usada pelos bancos nos empréstimos feitos nos
euromercados
Em certos certos períodos atingiu valores muito próximos de 0%.
Consequência:
O diferencial entre as taxas domésticas e as praticadas nos
euromercados, para créditos referidos ao mesmo período de
tempo aumentou.
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c) A influência exercida pelo euromercado nas taxas praticadas
no mercado doméstico e vice-versa
Não é facil verificar em que medida um mercado influencia o
outro;
Existir uma correlação estrita entre a evolução das taxas nos
mercados internos e as existentes nos euromercados;
Admite-se que esse comportamento ocorra por via do
mercado monetário.
Internamente
Existe sempre uma taxa de referência fruto:
o Das condições económicas existentes nesse momento; e
o Da política monetária prosseguida pelas autoridades.
O Euromercado:
Funciona um pouco como extensão do mercado monetário
interno
o Por via dos mecanismos de arbitragem;
As condições do mercado doméstico estendem-se ao
euromercado;
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O mecanismo da oferta e procura funciona mais livremente
o Por ser um mercado menos regulamentado
As taxas são fixadas em função das condições prevalecentes ou
que se prevêem possam vir a ocorrer no período do depósito ou
do empréstimo
Têm tendência a antecipar os movimentos que irão ocorrer nos
mercados domésticos.