Cap. 15 O Uso de Grupos Focais em Pesquisa de Comunicação Política

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Tradução: Celsi Brönstrup Silvestrin 15 O Uso de Grupos Focais em Pesquisa de Comunicação Política Sharon E. Jarvis Departamento de Estudos de Comunicação Universidade do Texas – Austin Quando eu morrer, quero retornar com poder real. Quero retornar como um membro de um grupo focal. - Roger Ailes (citado em Luntz, 1994) Não é o que você fala. É o que eles ouvem. - Frank Luntz (1994) Desde os anos 80, grupos focais têm recebido atenção considerável na comunicação política. Em política eleitoral, por exemplo, grupos focais ajudam os candidatos a refinarem suas mensagens e a aguçarem estratégias para atacar seus oponentes (Kolbert, 1992; Luntz, 1994, 2006; Moyers, 1989; Sypher, 1994). Na cobertura de notícias políticas , grupos focais têm emergido como parte de histórias e como pautas em si, uma vez que os meios de comunicação os usam para medir as respostas do público aos anúncios e aos debates das campanhas (Bedard & Kaplan, 2004; Mundy, 2000; “The Pulse of the voters”, 1996). E, na pesquisa acadêmica, grupos focais têm se tornado cada vez mais prevalecentes nas ciências sociais (ver Morgan, 1996) e na pesquisa de comunicação política principalmente (ver Graber, 2004; Johnson-Cartee, & Copeland, 1997). Esse capítulo busca prover uma introdução à metodologia do grupo focal, revisar sua história e seus usos, compará-lo a métodos relacionados, ponderar suas fortalezas e fraquezas, e considerar preocupações éticas. Do começo ao fim, exemplos de trabalhos publicados na comunicação política são oferecidos para mostrar como e por que pesquisadores escolheram usar essa abordagem. Esses projetos eruditos têm muito em comum com os comentários de Roger Alies e Frank Luntz que abriram este capítulo. Realmente, grupos focais oferecem compreensão sobre como indivíduos produzem sentido das mensagens e como formam opiniões sociais no ambiente contemporâneo de comunicação transbordante.

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Tradução: Celsi Brönstrup Silvestrin

15O Uso de Grupos Focais em

Pesquisa de Comunicação Política

Sharon E. Jarvis

Departamento de Estudos de Comunicação

Universidade do Texas – Austin

Quando eu morrer, quero retornar com poder real. Quero retornar como um membro de um grupo focal.- Roger Ailes (citado em Luntz, 1994)

Não é o que você fala. É o que eles ouvem.

- Frank Luntz (1994)

Desde os anos 80, grupos focais têm recebido atenção considerável na comunicação política. Em política eleitoral, por exemplo, grupos focais ajudam os candidatos a refinarem suas mensagens e a aguçarem estratégias para atacar seus oponentes (Kolbert, 1992; Luntz, 1994, 2006; Moyers, 1989; Sypher, 1994). Na cobertura de notícias políticas, grupos focais têm emergido como parte de histórias e como pautas em si, uma vez que os meios de comunicação os usam para medir as respostas do público aos anúncios e aos debates das campanhas (Bedard & Kaplan, 2004; Mundy, 2000; “The Pulse of the voters”, 1996). E, na pesquisa acadêmica, grupos focais têm se tornado cada vez mais prevalecentes nas ciências sociais (ver Morgan, 1996) e na pesquisa de comunicação política principalmente (ver Graber, 2004; Johnson-Cartee, & Copeland, 1997).

Esse capítulo busca prover uma introdução à metodologia do grupo focal, revisar sua história e seus usos, compará-lo a métodos relacionados, ponderar suas fortalezas e fraquezas, e considerar preocupações éticas. Do começo ao fim, exemplos de trabalhos publicados na comunicação política são oferecidos para mostrar como e por que pesquisadores escolheram usar essa abordagem. Esses projetos eruditos têm muito em comum com os comentários de Roger Alies e Frank Luntz que abriram este capítulo. Realmente, grupos focais oferecem compreensão sobre como indivíduos produzem sentido das mensagens e como formam opiniões sociais no ambiente contemporâneo de comunicação transbordante.

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DEFINIÇÃO E PANORAMA

Grupo focal é um método de pesquisa qualitativa em que um moderador treinado conduz uma entrevista coletiva de um grupo de participantes (Barbour & Kitzinger, 1999; Greenbaum, 1998, 2000; Krueger, 1998a, 1998b; Morgan, 1988, 1998; Wheelan, 2005). Essas entrevistas em grupo criam linhas de comunicação entre os indivíduos e dependem da interação entre os participantes para recolher dados que seriam impossíveis de se obter em entrevistas individuais (em que participantes estão respondendo individualmente a uma variedade de itens) ou pela observação dos participantes (em que participantes estão realizando tarefas cotidianas, mas podem ou não estar interagindo para contemplar os interesses de estudo do pesquisador). Essa abordagem tem sido reconhecida por prover uma perspectiva especial dos participantes de pesquisa, uma vez que descobre como as pessoas realmente pensam ao invés de como elas deveriam pensar (Mischler, 1986). O método do grupo focal também é elogiado por acadêmicos por ajudá-los a melhor compreender o processo de pesquisa como um todo, oferecendo (1) informações mais ricas sobre os tópicos questionados, (2) uma forma de fazer sentido das discrepâncias entre os efeitos esperados e os reais, assim como as discrepâncias entre efeitos que prevalecem e casos distorcidos, e (3) pistas sobre o processo complexo de influência social (Merton & Kendall, 1946).

Como uma metodologia única, os grupos focais possuem um conjunto de características distintas. Especificamente:

1. São verdadeiramente entrevistas grupais. Interação em grupo é considerada um pressuposto básico desse método. Isso porque indivíduos não formam “opiniões em isolamento”, pesquisadores utilizam grupos focais para “vislumbrar o processo complexo de interação social envolvido na formação de opinião” (Krueger, 1998a, 1998b, p. 142).

2. São contextuais. Como Hollander (2004) observa, essas conversas em grupo são influenciadas por preocupações associadas (característica(s) em comum que unem os participantes), status social (posições relativas em hierarquias locais, sociais ou culturais) e fatores de conversação (normas e expectativas que emergem no diálogo).

3. São relacionais. Participantes da pesquisa criam audiências uns para os outros ao fazerem perguntas, trocarem piadas e comentarem opiniões e experiências dos outros (Barbour & Kitzinger, 1999). Portanto, grupos são influenciados pela presença ou pela ausência de intimidade entre os participantes (Gamson, 1992; Hollander, 2004), enquanto os indivíduos se juntam para explorar conhecimento socialmente compartilhado (Markova, Linell, Grossen & Orvig, 2007).

4. São dialógicos. Como Glick (1999) detalha, o grupo focal "coloca as pessoas na posição de conversarem umas com as outras, de convencerem umas às outras ou de discordarem entre si" e de usarem seus argumentos mais poderosos para convencer outros do grupo (p. 116). Por meio da conversa, “pessoas geralmente invocam imagens

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poderosas que, para elas, contextualizam a sua opinião e explicam o motivo da sua opinião estar correta” (p. 117).

5. Estão amarrados a significado. Grupos focais não devem ser utilizados para se responder a perguntas de pesquisa como “quantos” ou “quanto de” (Wimmer & Dominick, 2000, p. 120). Ao invés disso, são o meio para se responder a perguntas como “como” e “porque” e ajudar a descobrir o “particular acima do geral” (Morgan, 1997, p. 18).

6. São heurísticos. Visões não esperadas ou inconsistentes surgem frequentemente em grupos focais (Delli-Carpini & Williams, 1994). Pesquisadores devem esperar surpresas (Glick, 1999) e ter tolerância para a falta de ordem enquanto fazem sentido dos dados do grupo focal (Luntz, 1994).

7. São reveladores. Usado pela primeira vez por Merton e Lazarsfield nos anos 40 para “oferecer alguma base para a interpretação de efeitos estatisticamente significantes da comunicação em massa” (Merton & Kendall, 1946, p. 542), grupos focais auxiliam pesquisadores e marqueteiros a aprenderem como pessoas consideram, usam e alteram mensagens e produtos. Merton tinha tanta fé nas virtudes de uma discussão “focada” em um tópico que escreveu: “quando os sujeitos são guiados a descreverem suas reações em detalhes mínimos, há menos possibilidade de que eles vão, intencional ou involuntariamente, censurar o real caráter das suas respostas; inconsistências aparentes serão reveladas e, finalmente, surge uma imagem limpa da resposta real” (Merton & kendall, 1946, p. 542).

8. São democráticos. Conversas em grupo podem oferecer poder e voz aos seus participantes (Morgan, 1997) e possivelmente oferecer uma “nova política de conhecimento” (Barbour & Kitzinger, 1999, p. 18) ao desafiar prévias crenças da comunidade acadêmica. Essas conversações em grupos representam “um apreço pelo interesse e valor de entrar na vida das pessoas e tentar entender, de dentro, suas realidades... as esperanças e medos de pessoas reais” (Glick, 1999, p. 121).

Grupos focais têm custo relativamente baixo e possuem formas aparentemente transparentes de patrocínio. Essas características são consideradas tanto como fortalezas quanto como fraquezas dessa abordagem. Por um lado, muitos aplaudem o método por sua acessibilidade; por outro, muitos se preocupam com o fato de que é possível abordar o método de maneira excessivamente casual (Lunt & Livingstone, 1996; Merton, 1987; Morrison, 1998). Defensores do rigor na aplicação de grupos focais ressaltam que há preocupações importantes com relação ao tamanho do grupo, à composição, à segmentação e à saturação que influenciam no rigor desse método (Fern, 2001; Morrison, 1998).

Há um acordo geral entre os trabalhos publicados sobre grupos focais de que o número ideal de participantes esteja entre sete e doze indivíduos (sendo de oito a dez o número mais popular, veja Glick, 1999; Luntz, 1994; Kern & Just, 1995; Krueger, 1998a, 1998b; Morgan, 1988, 1997, 1998). Entretanto, Morgan (1997) resiste às regras duras sobre quantos participantes compõem o grupo e prefere enxergar entrevistas em grupo de uma maneira inclusiva, dando aos pesquisadores a responsabilidade de decidir quantos participantes darão

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significado ao grupo (veja também Krueger, 1998b; Morgan, 1997). Com relação a grupos grandes, a maior parte dos praticantes alerta que se o grupo atingir mais de dez participantes, pode se tornar difícil de controlar (Morrison, 1998). E, com relação a grupos menores, alguns estudiosos defendem que até três participantes podem constituir um grupo efetivo (Gamson, 1992; Mindich, 2005; Wimmer & Dominick, 2000).

Analisando as bases para se determinar o tamanho de grupos, Morgan (1997) explica que grupos menores podem ser mais apropriados para “tópicos carregados de emoções que geram altos níveis de envolvimento dos participantes”, enquanto grupos maiores trabalham melhor com “tópicos mais neutros” que geram “menor nível de envolvimento” (p. 146). Nos estudos da comunicação política, estudiosos escolheram conduzir grupos com o mínimo de duas ou três pessoas (Mindich, 2005) quatro a seis (Gamson, 1992), quatro a sete (Bucy & Newhagen, 1999) e seis a doze (Stevens et al., 2006) membros por grupo. Porém, tem sido mais comum que grupos sejam compostos de oito a doze pessoas (Carlin & McKinney, 1994. Just et al., 1996; Kaid, McKinney & Tedesco, 2000; Kern & Just, 1995; Mickiewicz, 2005).

Há também concordância de que participantes devem ser selecionados por possuir uma característica coletiva que seja de interesse do pesquisador (Krueger, 1998a; Morgan, 1997; Morrison, 1998). Como Morgan (1997) explica, “a composição do grupo deve assegurar que participantes em cada grupo tenham algo a dizer sobre o tópico e que se sintam confortáveis dizendo isso uns aos outros” (p. 36). O objetivo aqui, ele continua, é garantir homogeneidade nos históricos e experiências para que participantes sejam capazes de falar sobre o tema em questão e para que se sintam confortáveis fazendo perguntas uns aos outros e as respondendo. Entretanto, pesquisadores não devem se empolgar ao recrutar pela homogeneidade. Embora os participantes tenham que compartilhar aspectos de seus perfis para facilitar a conversa, recrutar uma amostra com “perspectivas praticamente idênticas” sobre o tópico de interesse sendo pesquisado levaria a uma “discussão morna e improdutiva” (Morgan, 1997, p. 26). Na pesquisa de comunicação política, é possível segmentar grupos por gênero, raça, classe social e níveis de educação (Bucy & Newhagen, 1999; Gamson, 1992; Kolbert, 1992; Mickiewicz, 2005), ideologia e partidarismo (Kern & Just, 1995), região geográfica (Carlin & McKinney, 1994; Jamieson, 1993), áreas urbanas versus rurais (Stevens et al., 2006), nacionalidades (Beom, Carlin & Silver, 2005), etnias (Chiu & Knight, 1999; Hughes & Dumont, 1993), ocupação (Jarvis, Barberena, & Davis, 2007), e idade (Apker & Voss, 1994).

Projetos acadêmicos que utilizam do método de grupos focais devem se preparar também para conduzir um conjunto de grupos para aumentar a validação do seu projeto. Embora o número exato a ser conduzido possa variar, a “regra básica é continuar conduzindo entrevistas até que pouca informação nova esteja sendo oferecida” (Krueger, 1988b, p. 97). Três a seis grupos por projeto é o padrão, sendo que praticantes e pesquisadores sabem que eles podem parar de conduzir grupos quando “conseguem antecipar a próxima coisa a ser dita por um grupo” ou “quando os dados adicionais não geram mais novas compreensões” (Morgan, 1997, p. 43; veja também Fern, 2001).

Essa noção de saturação (ver Glaser & Strauss, 1967) é mais fácil de se atingir com grupos homogêneos. Como Morgan (1997) detalha, “projetos que juntam participantes mais heterogêneos tendem a precisar de um total maior de grupos por conta da diversidade no

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grupo, o que muitas vezes torna mais difícil o processo de organização de conjuntos coerentes de opiniões e experiências” (p. 44). No campo da pesquisa da comunicação política, estudos publicados reportam ter conduzido dois (Kaid, McKinney, & Tedesco, 2000; Kern & Just, 1995), quatro (Beom, Carlin, & Silver, 2005; Bucy & Newhagen, 1999), sete (Stephenset et al., 2006), nove (Delli-Carpini & Williams, 1994), doze (Kaid, McKinney, & Tedesco, 2000), dezesseis (Just et al., 1996; Mickiewicz, 2005), trinta e sete (Gamson, 1992), e sessenta e dois (Carlin & Mckinney, 1994) grupos.

HISTÓRIA E USO

Grupos focais apareceram pela primeira vez em pesquisas acadêmicas na década de 1920. Naquela época, entrevistas em grupo eram utilizadas nas fases iniciais de mensuração psicológica e desenvolvimento de enquetes (Krueger & Casey, 2000; Morgan, 1988). Na década de 1940, os sociólogos Robert Merton e Paul Lazarsfeld usaram grupos focais para estudar os efeitos psicológicos e sociais da comunicação via rádio, impresso e filme durante a Segunda Guerra Mundial (ver Lunt & Livingstone, 1996; Merton, 1987; Merton & Kendall, 1946; Morgan, 1988). Acredita-se que Merton seja o fundador da “entrevista focada” dentro da pesquisa acadêmica. Como descrito em seus trabalhos pioneiros (com Kendall, 1946, e com Fiske e Kendall, 1956), e na sua publicação para a Associação Americana de Pesquisa em Opinião Pública em 1986, intitulada “Como chegamos de entrevistas focadas a grupos focais?”, Merton (1987) aplicou condições para ajudar a interpretar descobertas experimentais e para escutar interações entre membros de grupos, principalmente enquanto construíam ideias, questionavam e interpretavam as respostas uns dos outros.

Entre a década de 1950 e o início dos anos 80, grupos focais se tornaram cada vez mais presentes em práticas de marketing (e, curiosamente, raros na pesquisa acadêmica). Profissionais de marketing começaram a se referir a eles como “grupos de entrevista em profundidade”, nas quais profissionais treinados para captar fontes de comportamento subconsciente trabalhavam para desvendar as motivações psicológicas de seus clientes. No fim dos anos 80, grupos focais já tinham se tornado mais presentes em círculos eruditos (Morgan, 1997). Essa atenção renovada se deu tanto devido ao trabalho conduzido por “marqueteiros sociais” – que pesquisavam questões da saúde pública – quanto por livros acadêmicos emergentes que citavam grupos focais como uma metodologia (ver Krueger & Casey, 2000; Morgan, 1988).

Grupos focais continuam tendo um papel central nas práticas de marketing e foram abraçados por pesquisadores da comunicação política (Greenbaum, 1998; 2000; Krueger & Casey, 2000; Luntz, 1994). Essa abordagem metodológica permite que profissionais do marketing aprendam mais sobre preocupações básicas, incluindo:

• como os consumidores se sentem, respondem e pensam a respeito de ideias ou de produtos;

• o quão frequente ou profundamente eles pensam (ou sentem) sobre ideias ou produtos;

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• como, quando e em que situações seus pensamentos e sentimentos realmente levam a atitudes;

• quando pensamentos e comportamentos complicados ou contraditórios emergem como resposta a tópicos ou a produtos, e;

• como grupos diversos veem uma ideia ou um produto específico.

De forma mais prática, profissionais de marketing valorizam como essas entrevistas em grupo oferecem muito conhecimento sobre como “consumidores dão nome aos seus produtos, melhoram versões antigas e reinventam necessidades por outros” (Sypher, 1994, p. 39). Esse tipo de dado seria impossível de coletar por meio de enquetes com perguntas de múltipla escolha e muito difícil de coletar em entrevistas individuais que não possuem os processos de compartilhamento e comparação que existem em conversas em grupo.

Estrategistas de campanhas também utilizam entrevistas grupais para obter reações com relação à imagem, a mensagens e a políticas de seus candidatos (Glick, 1999; Luntz, 1994; Sypher, 1994). Nas campanhas presidenciais, entrevistas em grupos têm ajudado no desenvolvimento de estratégias do candidato, incluindo a construção das frases de poder de Ronald Reagan em 1980 e 1984 (ex.: mudança do nome referência da Iniciativa Estratégica de Armas para "Star Wars" – "Guerra nas Estrelas"), as respostas de Bill Clinton aos ataques ao seu caráter em 1992, e o estilo simples de falar utilizado por George W. Bush nas campanhas de 2000 e 2004 (Carney & Dickerson, 2000; Luntz, 2006; Moyers, 1989). Entrevistas em grupo também têm auxiliado consultores a refinarem estratégias de campanhas negativas, como fizeram em 1988, ajudando a equipe de George H. W. Bush a entender que um fluxo de ataques contra Michael Dukakis era mais persuasivo do que acusações individuais, e, em 2004, auxiliando a equipe de George W. Bush a aperfeiçoar as alegações de que John Kerry era um “vira-casacas” (Luntz, 2006; Stewart, Shamdasani, & Rook, 2007). No mais, grupos focais também têm sido utilizados para estratégias de campanhas de alta escala, como foram por Frank Luntz em 1994, quando ele providenciou à Casa Republicana de Candidatos dos EUA um manual de “Linguagem para o século XXI” para ser usado nos pontos de discussão do “Contrato com a América” (Lemann, 2000).

Na pesquisa em comunicação política, grupos focais se ajustam bem para vários caminhos de investigação. Acadêmicos interessados em linguagem política podem se beneficiar dessa abordagem de pelo menos três maneiras. Primeiramente, entrevistas grupais permitem que estudiosos “captem os comentários e linguagens de uma população-alvo” (Krueger & Casey, 2000, p. 24). Em segundo lugar, auxiliam pesquisadores a aprenderem mais sobre como pontos de vista são expressos. E, finalmente, transmitem como “conhecimento, ideias, contação de histórias, apresentação pessoal e trocas linguísticas operam dentro de um dado contexto cultural” (Barbour & Kirtzinger, 1999, p. 5). Dois projetos de livros notáveis oferecem exemplos de como ouvir pelas escolhas linguísticas em entrevistas grupais pode ajudar estudiosos a responderem questões de suas pesquisas. Especificamente, Talking Politics, Gamson (1992), conduziu trinta e sete conversas em grupos pares com cerca de 188 participantes para explorar como pessoas falam sobre representações oferecidas pela mídia de quatro temas-chave (indústria problemática, ação afirmativa, energia nuclear, e o conflito árabe-israelense). Focando especificamente em uma amostra de pessoas da “classe

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trabalhadora” (p. 14) da região de Boston, os dados de Gamson desafiaram o conhecimento convencional de que a maior parte dos temas e eventos políticos não pertence ao cotidiano de cidadãos comuns. Ao contrário disso, Gamson foi surpreendido com a qualidade deliberativa e criativa das conversas populares sobre esses temas complexos.

Em Tuned Out, Mindich (2005) conduziu mais de vinte e cinco entrevistas individuais e em grupo para aprender mais sobre o motivo pelo qual pessoas jovens são menos propensas a acompanharem notícias. Ouvir conversas em grupo permitiu a ele evitar a estratégia simplista, porém tentadora, de oferecer notícias rasas para atrair uma audiência maior de jovens. Ao invés disso, as entrevistas em grupo com jovens permitiram que ele percebesse “como fatores sociais e societários têm um importante papel em como valorizamos notícias” (p. 39). Nas suas sessões, ele identificou dois dos motivos mais poderosos para que jovens sigam notícias: (1) para ter sentimento de pertencimento a uma comunidade; e (2) para aprender informações que possam usar, principalmente em conversas (p. 37). Consequentemente, ele argumentou que o real desafio para trazer jovens de volta às notícias não é torná-las mais brandas ou rasas, mas ajudar a juventude a enxergar como as informações podem ajudar no dia a dia.

Pesquisadores que aderem a uma abordagem construtivista têm usado grupos focais para observar a construção social do significado (Kern & Just, 1995) e para ouvir como grupos interpretam novas informações com base nas suas próprias atitudes e valores (Gamson, 1992; Just et al., 1996). Um exemplo pode ser encontrado no projeto Crosstalk, de Just e seus colegas (1996), um estudo ambicioso sobre como o “significado de uma eleição é forjado em um discurso de campanha” (p. 3) entre candidatos, jornalistas e cidadãos. Esses pesquisadores conduziram dezesseis grupos focais em três momentos durante as eleições primárias e gerais da campanha de 1992. Descobriram que os participantes dos seus grupos focais usavam conhecimento e experiência pessoal para interpretar ativamente notícias e propagandas políticas (p. 152). De forma intrigante, esse processo só aumentou no decorrer da campanha, uma vez que as pessoas “usavam mais das suas próprias experiências – diretas e indiretas – para avaliar informações da campanha” enquanto as eleições se aproximavam.

Como grupos focais oferecem conhecimento sobre o processo de influência social, estes têm sido uma ferramenta valiosa para projetos que examinam o processamento de informações sobre eleitores. Em Dirty Politics, por exemplo, Jamieson (1993) relatou dados de 106 participantes de grupo focal em nove estados para compartilhar como o eleitorado produzia sentido do quadro estratégico reproduzido por veículos de notícias nas campanhas de 1988. As descobertas dela mostram como o foco na estratégia em noticiários encorajou pessoas a “se verem não como eleitores, mas como espectadores avaliando as performances de pessoas inclinadas à manipulação cínica” (p. 10). Na análise de Bucy e Newhagen (1999) sobre como diferentes formatos de mídia influenciam na avaliação dos candidatos, eles relataram os resultados de quatro sessões de grupos focais. Durante essas sessões, participantes assistiam a clipes televisivos de uma reunião de prefeitura com uma conversa entre Bill Clinton e um aluno entrevistador (57 segundos), a uma entrevista em close up de Bill Clinton (35 segundos) e a um comercial do partido democrático (23 segundos). Depois de analisar as transcrições, Bucy e Newhagen descobriram que os participantes de seu grupo focal processaram o “formato de mídia com close up [entrevista individual] em termos de atributos individuais do candidato” e

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as “propagandas e vídeos de reunião com diversos atores (candidato, plateia e jornalistas) como um fenômeno social contextualizado” (p. 193).

Adicionalmente, ao tratar dos avanços na pesquisa da emoção na política, McDermott (2007) observa que a chave para uma mensuração de sucesso dos estudos “está na eficácia da sua manipulação” (p. 383) principalmente, uma vez que estímulos políticos (e as reações das pessoas a eles) são influenciados tanto pelas propriedades das mensagens quanto pela predisposição das audiências. Grupos focais auxiliam em dois aspectos desse cenário: primeiramente, eles podem ser conduzidos antes do trabalho experimental para realizar um pré-teste e refinar o estímulo experimental; e, em segundo lugar, eles podem ser utilizados após o trabalho experimental para “prover alguma base para a interpretação de efeitos estatísticos de significância” relacionados ao processamento do discurso político pela audiência (Merton & Kendall, 1946, p. 542; veja também Lunt & Livingstone, 1996).

Pesquisadores interessados em reexaminar questões fundamentais também têm optado por esse método. Por exemplo, em Processing Politics, Graber (2001) utilizou dados de grupos focais para avaliar “o quão propício ou não é o real conhecimento sobre política do americano para exercer uma cidadania eficiente” (p. 53). Ao fazer isso, ela analisou as transcrições de vinte e um grupos focais em busca dos níveis de complexidade cognitiva em discussões políticas. Suas observações a levaram a argumentar que participantes “possuíam um conhecimento político útil de razoável sofisticação sobre problemas atuais que os confrontam e que as áreas temáticas cobertas por esse conhecimento geralmente são suficientes para que cumpram as tarefas de cidadania que a maior parte dos cidadãos executa” (p. 64).

Por meio de um projeto no qual buscavam desafiar as metáforas dominantes de que os cidadãos são como consumidores e de que o conteúdo midiático se manifesta como injeções hipodérmicas de informação política, Delli-Carpini e Williams (1994) conduziram nove grupos. Eles estavam interessados principalmente em quando e como cidadãos contestavam os conteúdos da mídia. Suas descobertas mostraram que espectadores têm “consciência surpreendente sobre (e preocupação sobre) sua dependência na mídia” e de que possuem uma “autonomia real, mas limitada” para identificar e, às vezes, rejeitar as “inclinações ideológicas” da televisão (p. 792).

Projetos de pesquisa que examinam novas populações (como jovens eleitores, imigrantes, comunidades bilíngues, etc.) podem se beneficiar da metodologia do grupo focal principalmente porque essa abordagem permite que acadêmicos possam refinar as mensurações para esses grupos e ver como se comparam a populações previamente estudadas (Merton & Kendall, 1946). De fato, estudiosos já conduziram grupos com crianças (Green & Hart, 1999), universitários (Apker & Voss, 1994), estudantes internacionais (Beom, Carlin, & Silver, 2005), grupos minoritários (Chiu & Knight, 1999; Hughes & Dumont, 1993) e novas associações de bairro (Krueger & King, 1998; Waterton & Wynne, 1999).

Adicionalmente, pesquisadores em busca de explorar problemas públicos têm utilizado grupos focais para adquirir dados ricos sobre comunicação das campanhas, populações-alvo e o resultado de políticas públicas. Em seu livro que examinava as vozes dos candidatos, da mídia e do público na campanha de 1996, Kaid, McKinney e Tedesco (2000) conduziram doze grupos focais com um conjunto de experimentos e análise de conteúdo do discurso midiático. Suas

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descobertas os levaram a um conjunto de recomendações para futuros candidatos, para a mídia e para o público. Os dados dos seus grupos focais foram cruciais para suas recomendações ao público, por meio das quais chamaram os cidadãos para que (1) organizassem grupos de discussão sobre cidadania para promover eficácia política, (2) abraçassem uma visão positiva da interação entre o público, a mídia e as vozes dos candidatos, e (3) assumissem o controle, iniciando seus próprios spots de televisão. Em sua verificação sobre o que telespectadores aprendem com debates e como aprendem com estes, Carlin & Mckinney (1994) supervisionaram sessenta e dois grupos focais na campanha de 1992. Seus dados os levaram a avançar com seu próprio conjunto de recomendações, incluindo a chamada por diferentes formatos de debates em cada ano de eleição, além de terem diversos entrevistadores, grupos de discussões entre civis após os debates, e também questionarem a decisão de se promover “confronto” ou encontros diretos entre os candidatos (uma reforma que pode apresentar bastante resistência por parte dos candidatos). Adicionalmente, grupos focais têm sido empregados em projetos de financiamento externo rumo a reformas, à avaliação do tipo de conteúdo que cidadãos querem ouvir de candidatos políticos e da cobertura pela mídia (Lipsitz et al., 2005) e como a educação cívica pode ser aperfeiçoada para melhor preparar estudantes de nível colegial para a vida política (Jarvis, Barberena, & Davis, 2007).

GRUPOS FOCAIS E MÉTODOS RELACIONADOS

Grupos focais possuem maior grau de semelhança com outros dois métodos qualitativos: entrevista aberta e observação participante (Blooret al., 2002; Fern, 2001). Assim como em entrevistas abertas, moderadores de grupos focais abordam grupos com um protocolo de perguntas e encorajam participantes a focar em um tópico identificado. Porém, ao contrário de entrevistas abertas, moderadores não juntam informações de alta profundidade dos indivíduos e eles podem ser flexíveis sobre como as perguntas são feitas (Kitzinger & Barbour, 1999; Morgan, 1988, 1998). Ao explicar os motivos pelos quais escolheu grupos focais e não entrevistas individuais para seu projeto, Gamson (1992) observou que “para conversar sobre temas com outros, as pessoas buscam uma base comum de discurso... um padrão que pode ser compartilhado com os demais participantes” (p. 191-192). Descobrir como indivíduos discutiam esses temas permitiu que Gamson compreendesse como cidadãos da classe trabalhadora produziam sentido dos tópicos políticos.

Assim como a observação participante, grupos focais proporcionam interação entre os indivíduos e requerem que moderadores abram mão de algum poder em favor do grupo; no entanto, moderadores precisam estar conscientes de personalidades dominadoras (Wimmer & Dominick, 2000). Ao contrário da observação participante, grupos focais produzem vastas quantidades de dados sobre um tópico específico em um curto período de tempo e pesquisadores não têm a opção de assistir como as coisas se desdobram organicamente no seu contexto natural. Dois critérios auxiliam pesquisadores a discernir se o grupo focal é uma boa escolha metodológica em comparação com entrevistas individuais e observação participante: (1) O projeto de pesquisa ficaria melhor com o nível individual de dados captados por entrevistas ao invés de dados em nível grupal oferecidos por conversações geradas em grupos

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focais? (2) As informações contextuais proporcionadas por eventos de ocorrência natural testemunhados pela observação participante seriam preferíveis em relação aos dados focados, mas menos naturais, colhidos durante uma conversação em grupo focal?

Grupos focais aparecem em muitos projetos multimétodos e em vários estágios dessas empreitadas. Enquanto Merton e Kendall (1946) observaram que o “principal propósito” da entrevista focada era prover alguma base para a interpretação de efeitos empíricos (p. 542), eles também notaram que grupos focais podem preceder o estudo estatístico ou experimental para desenvolver hipóteses para testes futuros (p. 557). Considere os seguintes exemplos de como pesquisadores utilizaram grupos focais antes e depois de outras análises:

• Em sua análise de garotas adolescentes, Mitchell (1999) conduziu grupos focais

primeiro (e entrevistas em profundidade em seguida) para avaliar como questões de status encorajavam algumas meninas a falarem em frente aos colegas enquanto outras permaneciam em silêncio.

• Um estudo de visões comunitárias sobre riscos nucleares empregou grupos focais para

desvendar os dados oferecidos por uma enquete inicial (Waterton & Wynne, 1999). Esses passos levaram os autores a concluírem que a enquete havia construído “uma visão empobrecida” e “enganosamente simples” (p. 127) de atitudes e sentimentos relacionados a esse tópico.

• No projeto Crosstalk, grupos focais, entrevistas em profundidade e enquetes foram conduzidos durante a extensão das campanhas presidenciais de 1992 para avaliar como civis produziam sentido da política durante o desdobramento da campanha (Just et al., 1996).

• Em sua análise da comunicação em campanhas de 1996, Kaid, McKinney e Tedesco (2000) conduziram grupos focais após experimentos para ajudar a interpretar os efeitos de propagandas políticas e debates.

PREOCUPAÇÕES PRÁTICAS NA APLICAÇÃO DE GRUPOS FOCAIS

Diversos manuais completos e acessíveis já foram publicados e devem ser consultados antes de qualquer sessão de grupo para preparar pesquisadores para as preocupações logísticas e práticas de se conduzir grupos focais. Trabalhos recomendados incluem Focus Group: A practical Guide for Applied Research (Sage, 2000), por Krueger e Casey, e The Focus Group Kit (Sage, 1998), um conjunto de seis volumes, por Morgan, Krueger e King.

Porém, descrevendo de maneira sucinta, a preparação de um grupo focal envolve os seguintes passos: primeiramente, pesquisadores devem decidir que tipo de pessoas devem ser estudadas e quantos grupos devem ser conduzidos. Em seguida, pesquisadores devem selecionar um moderador e garantir que esse moderador não seja de uma idade, grupo étnico, gênero, nível educacional ou classe social que possa impedir membros do grupo participarem plenamente na conversa. Em terceiro lugar, pesquisadores devem decidir sobre o nível de estrutura desejada para o grupo e o escopo das reais perguntas ao grupo – também chamado

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de protocolo, rota de questionamento, ou guia de tópicos (discutidos em maior detalhe a seguir e também nos apêndices).

Em quarto lugar, questões logísticas básicas de recrutamento e compensação devem ser consideradas ao se selecionar participantes com uma variável de interesse e de tal maneira que eles não rompam com os contextos do grupo (ver Hollander, 2004). Perguntas para filtro podem ser aplicadas para identificar indivíduos que possam ter atitudes ou experiências de vida que possam intimidar outros membros do grupo ou dificultar a discussão em grupo. Pesquisadores também podem tentar recrutar participantes a mais para cada grupo e então, após a chegada dos participantes ao local, seletivamente falar para potenciais membros problemáticos que o grupo teve muitos inscritos e que está lotado (agradecendo tais membros e mandando-os para casa com qualquer recompensa que tenha sido prometida a eles). Embora possa parecer desperdício pagar um indivíduo por não ter participado do grupo, pode ser bem mais custoso manter o mesmo indivíduo no grupo se há um risco de que ele ou ela possa ameaçar a dinâmica do mesmo.

Em quinto lugar, moderadores devem tomar cuidado para que as melhores práticas de facilitação da sessão estejam delineadas em guias práticos (ver Morgan, 1988; Morgan & Scannell, 1998). Nessa etapa é necessária a menção de algumas dicas. Sessões devem ocorrer em volta de uma mesa redonda (ou retangular). O moderador deve estar em uma posição que permita a ele enxergar todos os participantes, isso o ajudará a controlar o fluxo e o conteúdo da conversa, e, se a sessão estiver sendo filmada, o equipamento deve permanecer atrás do moderador. Cartões com nomes (primeiros nomes somente) podem ser colocados ao redor da mesa para designar participantes a assentos específicos e para facilitar o reconhecimento de nomes durante a conversa e a transcrição. Adicionalmente, o moderador deve permanecer sensível à realidade de níveis de conforto variáveis que os participantes terão ao falar frente ao grupo e deve ser atencioso aos seus comportamentos não verbais.

Estudiosos devem prestar uma atenção especial à criação de seus protocolos. A lógica geral de um protocolo é a de imaginar o ato de conduzir um grupo a responder cinco tipos de perguntas (Krueger, 1998a). A conversação deve iniciar com perguntas de abertura para ajudar os participantes a se sentirem confortáveis no cenário do grupo. A entrevista em grupo deve então seguir para as perguntas introdutórias para iniciar a discussão no tópico de interesse. O grupo focal pode migrar para as perguntas de transição para adquirir dados básicos no tópico de questionamento em pauta. Krueger (1998a) aconselha a lançar as perguntas-chave para garantir respostas diretas às questões de estudo da pesquisa. Aqui, ele encoraja pesquisadores a garantirem que eles tenham traduzido suas preocupações acadêmicas em questões de conversação que possam realmente levar em consideração suas hipóteses ou seus objetivos de pesquisa. O grupo pode então encerrar com perguntas finais para concluir a discussão e verificar se os participantes desejam comentar sobre os pontos que são importantes a eles. O apêndice 15.1 possui uma amostra de um protocolo no tópico de socialização política que pode ser aplicado a uma gama de grupos segmentados de forma diferente (ex.: indivíduos de alta e baixa sofisticação política, mais jovens e mais velhos, homens e mulheres). Esse guia de questionamento serve como um exemplo aplicado dos tipos de perguntas de Krueger (1998a).

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O apêndice 15.2 oferece outro exemplo de um protocolo de grupo focal, esse de um estudo mencionado anteriormente sobre como formatos de mídia influenciam nas avaliações e nos julgamentos políticos dos telespectadores (Bucy & Newhagen, 1999). Esse apêndice compartilha o tópico de pesquisa de Bucy e Newhagen, suas hipóteses, o protocolo de seu grupo focal e descobertas-chave para demonstrar como todos esses elementos de um estudo estão interligados. Seu grupo focal iniciou com perguntas de abertura, em seguida apresentou um estímulo aos participantes para a comunicação política, e então migrou para questões-chave. O processo foi repetido por meio da criação de um segundo estímulo aos participantes, passando pelas mesmas questões-chave, e então o compartilhamento de um terceiro e de um quarto estímulo político, seguido de uma última rodada de perguntas.

ANÁLISE DE DADOS

Dados gerados em grupos focais podem ser analisados de diferentes maneiras, e os padrões variam entre os empregados em práticas de marketing e pesquisa de campanha e os que são aplicados por comunidades acadêmicas. A maior parte das análises de grupos focais no campo do marketing é impressionista e focada em explicar as motivações por trás das atitudes, das respostas e dos sentimentos das pessoas. É comum que marqueteiros utilizem de gravação em fita para codificação (tomar notas de áudios ou vídeos, buscando por temas preestabelecidos), codificação à base de notas (confiando em notas de campo dos grupos), e codificação à base de memória (extração com base em recordações das conversas em grupo). Em cada instância, praticantes tipicamente utilizam como fonte de dados a própria discussão do grupo (ao invés das transcrições digitalizadas), dando atenção especial ao processo do grupo e fazendo distinções entre o que participantes passaram mais tempo discutindo e suas colocações mais importantes (Morgan, 1998).

Pesquisa acadêmica defende abordagens mais rígidas e mais sistemáticas do que as práticas de marketing para análise de dados (Blooret al., 2001; Fern, 2001; Morrison, 1998). A transcrição total da conversa do grupo é considerada fundamental para validar a pesquisa acadêmica (Bloor et al., 2001; Fern, 2001). Uma vez que a entrevista em grupo tenha sido transcrita, estudiosos podem utilizar de diversas abordagens para a análise. Muitos acadêmicos da comunicação política optam por ler cautelosamente suas transcrições e relatarem temas, bem como os desvios desses temas, nos seus dados (ver Beom, Carlin, & Silver, 2005; Carlin & McKinney, 1994; Jamieson, 1993; Kaid, McKinney, & Tedesco, 2000; Mickiewicz, 2005).

Outros conduziram análises de conteúdo com base em suas transcrições. Ao fazerem isso, pesquisadores empregaram várias unidades de análise e variáveis de análise de conteúdo. Unidades de análise variam da linha de texto transcrito (Delli-Carpini & Williams, 1994), à mudança conversacional (ou “a fala ininterrupta de um só indivíduo”, ver Bucy & Newhagen, 1999, p. 200; Graber, 2001), passando, ainda, por trocas conversacionais (entre, pelo menos, duas pessoas sobre um assunto em questão; ver Just et al., 1996). Categorias de conteúdo analítico derivam das questões de pesquisa de projetos particulares. Notavelmente, Just e seus colegas (1996) procuraram pelas experiências pessoais, pelo conhecimento político e por

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fontes de mídia que os indivíduos mencionaram na conversa, bem como pelas referências que participantes fizeram aos aspectos verbais, visuais e verbais/visuais das mensagens que lhes foram apresentadas. Graber (2001) codificou transcrições pelo nível de complexidade cognitiva (começando com cinco níveis de complexidade e diminuindo a análise para dois níveis). Bucy e Newhagen (1999) fizeram a codificação buscando a identificação do candidato, a informação da audiência, a valência emocional e a interatividade percebida (todos no 1 – 7 escalas tipo Likert, ver p. 201-202).

Menos comuns na área de comunicação política são as técnicas qualitativas proeminentes, como a teoria da fundamentação (Corbin & Strauss, 1990), a designação de categoria emergente (Erlandsonet al., 1993), a indução analítica (às vezes também conhecida como análise do caso de desvio; ver Denzin, 1978; Frankland & Bloor, 1999; Gilgun, 1995; Patton, 2002), e a análise de conversação e discurso (Myers & Macnaghten, 1999). Essas abordagens são mais comuns em trabalhos de estudos sociológicos e culturais (e de crítica cultural) (ver Barbour & Kirtzinger, 1999; Morgan, 1996; Morrison, 1998). Diversos pacotes de softwares para computadores, criados para pesquisadores qualitativos, estão emergindo como uma opção para auxiliar estudiosos em suas análises. Pacotes de software estão em constante desenvolvimento, mas possuem três características principais: podem funcionar como recuperadores de texto, como pacotes de recuperação e de codificação, e também como construtores de teorias (ver Patton, 2002). Três pacotes atualmente utilizados por estudiosos incluem o NVivo (www.qsrinternational.com), o Ethnograph (www.qualisresearch.com), e o Atlas (www.atlasti.com).

Nas suas análises de metáforas inspiradas em televisão, por exemplo, Delli-Carpini e Williams (1994) aplicaram o pacote de software Etnograph para “facilitar a gestão das transcrições, permitindo avaliação mais profunda e sistemática” (p. 792) dos seus dados. Entretanto, esses estudiosos foram muito claros de que seus codificadores treinados – e não o software – tomaram decisões de codificação, linha por linha. Embora o Etnograph possa ter sido uma boa escolha para esse estudo, uma vez que Delli-Carpini e Williams buscavam a presença e a ausência de padrões linha por linha, muitos pesquisadores empregam a conversa como uma unidade de análise para codificação. Em tais circunstâncias, todos os dados devem ser organizados previamente em unidades de mensagens (ou trocas conversacionais) antes de serem submetidos ao programa. Como a unidade de mensagem e a de troca conversacional são as unidades mais comuns para a análise de dados de grupos focais, o uso de pacotes de software que conduzem análises agregadas – geralmente desconsiderando e desmontando o contexto – deve ser justificado em detalhes caso aplicado (Fern, 2001; Morrison, 1998).

A avaliação da validação de grupos focais é abordada de duas maneiras. Primeiramente, pesquisadores percebem o valor de se conduzir diversos grupos. A maioria dos autores concorda que a pesquisa com grupos focais exige de quatro a seis grupos (Fern, 2001. p. 123); dois grupos são considerados o mínimo para se adquirir resultados válidos (Kern & Just, 1995). Em segundo lugar, acadêmicos ressaltam que a integridade das transcrições e das gravações dos grupos focais é crucial para se capturar a natureza dialógica de uma entrevista em grupo. Em concordância, Bloor e seus colegas (2001) oferecem os seguintes conselhos para a transcrição de sessões grupais: (1) toda fala gravada deve ser transcrita – mesmo, e principalmente, quando mais de uma pessoa estiver falando, quando participantes

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interrompem uns aos outros, e quando desviam do tópico; (2) a fala deve ser transcrita ipsis litteris e não de forma arrumada; (3) comunicação não verbal, como a risada, deve ser anotada; e (4) todos os esforços devem ser feitos para identificar, de maneira precisa (mas não anônima), os falantes em questão (p. 60).

Metodologistas de grupos focais ressaltam preocupações com a generalização de maneira diferente da ressaltada pela maioria dos pesquisadores empíricos (ver Fern, 2001; Patton, 2002). Como Krueger e Casey (2000) definem, a pesquisa com grupo focal pode ser considerada científico-social, uma vez que representa “um processo de pesquisa disciplinada e que é sistemática e verificável” (p. 198); entretanto, essa não é uma abordagem que tem a intenção de generalizar. Eles escrevem:

Nosso objetivo é entrar profundamente em um tópico e, portanto, nós passamos um tempo considerável conduzindo pesquisas com um número pequeno de pessoas. Em contraste, outros métodos de pesquisa não se “aprofundam”, mas são perguntas fechadas com opções de respostas limitadas que oferecem abrangência ao invés de profundidade. Os estudos que oferecem abrangência são aqueles utilizados para criar generalizações... o que nós sugerimos é o conceito de transmissibilidade. Isso é, quando uma pessoa quer usar os resultados, ele ou ela deve pensar se as descobertas podem ser transferidas para outro ambiente. O que nós sugerimos é que você considere os métodos, os procedimentos e a audiência e então decida o grau em que esses resultados se encaixam na situação em que você se encontra (p. 203).

Então para muitos metodologistas de grupos focais, a ênfase não é colocada na capacidade de generalização do projeto, mas na credibilidade geral do trabalho. Essa credibilidade é similar à meta de Lincoln e Guba (1985) de avaliar a confiabilidade da pesquisa naturalista, perguntando, não se os resultados de um estudo podem ser generalizados a outra população, mas “como alguém pode estabelecer confiança na veracidade das descobertas de uma pesquisa específica para os sujeitos (participantes) com os quais, e no contexto no qual, a pesquisa foi realizada?” (p. 290).

PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES

Assim como ocorre com todos os métodos, grupos focais apresentam pontos fortes e limitações. Pontos fortes dessa abordagem incluem a maneira como os grupos oferecem campo para exploração e descoberta, análise do contexto em profundidade, além de uma rica interpretação de dados (Merton & Kendall, 1964; Morgan, 1998). Acadêmicos afirmam que o formato de entrevista em grupo oferece respostas mais completas e menos inibidas que as entrevistas individuais, uma vez que participantes têm a oportunidade de fazer perguntas uns aos outros, construir repertórios com base nas constatações dos colegas, e apoiar posições em um contexto de grupo (Merton & Kendall, 1946; Wimmer & Dominick, 2000). Grupos focais são também relativamente de baixo custo (em comparação com questionários e experimentos), podem ser conduzidos rapidamente, e oferecem ao moderador e ao pesquisador alguma flexibilidade no design de perguntas e de acompanhamento (Wimmer & Dominick, 2000, p. 119).

As limitações dos grupos focais são similares àquelas encontradas em outros métodos qualitativos. Essa abordagem já foi criticada por basear-se em amostras pequenas que não são

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selecionadas com base probabilística e que, portanto, não oferecem resultados generalizáveis; por permitir a pesquisadores e a moderadores a flexibilidade para que façam ajustes ao protocolo durante a sessão de grupo de modo a que perguntas nem sempre sejam feitas da mesma maneira a cada aplicação no que diz respeito à ordenação ou fraseado; e por não padronizar a unidade de análise para produzir sentido dos dados – estudiosos têm liberdade para utilizar a colocação ou a mudança conversacional como sua unidade de codificação, o que gera questionamentos sobre a independência versus a interdependência dos dados analisados.

Dadas essas limitações, grupos focais claramente não são apropriados para todos os projetos. Entrevistas em grupo devem ser evitadas quando os participantes não estão confortáveis entre si ou com o tópico, quando um projeto necessita de dados estatísticos e generalizáveis, quando um consenso ou informações com carga emocional são desejáveis, ou quando confidencialidade não pode ser assegurada (ver, Fern, 2001; Morgan, 1988; Morrison, 1998). Uma vez observadas estas preocupações, Morrison (1998), Morgan (1998) e Fern (2001) sustentam que escolhas informadas e técnicas de relatório detalhadas protegem a integridade das análises de grupos focais.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Várias considerações éticas surgem com a pesquisa via grupo focal. Como grupos focais se assemelham a entrevistas e observação participante, moderadores devem estar conscientes das preocupações éticas tanto do questionamento interpessoal quanto da observação de grupo. Uma questão surge durante o processo de recrutamento. Morrison (1998) discute que “é errado não contar aos participantes qual será o assunto da conversa” (p. 25). Se pesquisadores são demasiadamente vagos ou dão a impressão errada durante o processo de recrutamento, eles podem encontrar membros do grupo que estejam desconfortáveis ou até mesmo hostis. Uma segunda preocupação envolve considerar se os participantes estarão expostos a qualquer tipo de risco. Pesquisadores podem proteger participantes ao prover um termo de consentimento informado, no qual se esclarece que o participante é adulto, está disposto a participar de um estudo e que pode desistir a qualquer momento (Morgan, 1998).

Um terceiro risco envolve atender a questões básicas de privacidade. Pesquisadores podem proteger a privacidade dos participantes ao restringirem o acesso às informações que revelam suas identidades. Estratégias para esse passo incluem se referir aos participantes somente pelos seus primeiros nomes ou por pseudônimos; limitar o acesso às transcrições e às fitas dos grupos focais (e destruindo as gravações após determinado período); remover ou modificar informações identificadoras em transcrições; lembrar aos participantes que não devem disponibilizar excesso de informações pessoais durante as discussões em grupo (Morgan, 1998; Morrison, 1998).

Uma quarta preocupação inclui a discussão de tópicos com potencial de gerar estresse. Pesquisadores podem proteger participantes contra o estresse ao enfatizar que a participação é voluntária e que estes estão livres para pedir um intervalo a qualquer momento – além de não precisarem oferecer uma justificativa para pedir um (Krueger & Casey, 2000; Morgan, 1998).

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Pesquisadores devem observar que também existem preocupações éticas no relato de dados sobre o grupo focal para a comunidade acadêmica. Como Morrison (1998) explica, “o grupo focal é um ato bastante privativo. Ele não está aberto à inspeção crítica na mesma extensão que um questionário de enquete” (p. 249). Como a maioria dos conselhos institucionais (grupos universitários que aprovam pesquisas com sujeitos humanos) proíbe o compartilhamento das gravações das sessões de grupos focais com outros pesquisadores, Morrison considera que seja uma responsabilidade ética do pesquisador oferecer documentação suficiente dos dados dos seus grupos focais para apoiar as constatações a que ele chega em seus relatórios acadêmicos.

CONCLUSÃO

Grupos focais têm aproveitado um aumento de visibilidade em círculos públicos e acadêmicos. A consagração pode ser atribuída tanto ao desejo de se entender como indivíduos compreendem a vida política quanto ao aumento de visibilidade midiática que esse método sofreu durante campanhas políticas. Como Luntz (1994) declarou, “a maioria dos pesquisadores sabe o que eleitores pensam, mas ... poucos compreendem como eles se sentem”. Porque há uma qualidade de ajuste entre grupos focais e questões de pesquisa em comunicação política, tanto em termos de desvendar o significado de efeitos empíricos quanto em interpretação de dados mistos, e é intrigante que esse método – por muito tempo considerado impressionista e não científico – possa contribuir para a validade e o crescimento programático de nosso subcampo nos anos que estão por vir.

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APÊNDICE 15.1

Amostra de um Protocolo para um Estudo em Socialização Política

Pergunta da pesquisa: Quais são os padrões de socialização política entre grupos demográficos diferentes?

Abertura: Por favor, compartilhe seu nome, sua idade, e onde você nasceu.

Introdução

• Qual a sua primeira memória dos seus pais (quando era jovem (criança))?

• Qual a sua primeira memória da televisão?

• Qual a sua primeira memória política?

Transição

• Conte-nos sobre o tipo de programa de televisão a que assistia com a sua família

enquanto estava crescendo.

• Conte-nos sobre o tipo de conversa que você tinha com a sua família enquanto estava

crescendo.

• Conte-nos sobre os tipos de conversas políticas que você tinha com a sua família

enquanto estava crescendo.

Chave

• Com que frequência você assistia à programação política na televisão com os seus pais? (Indagar sobre noticiários, programas de domingo, TV a cabo, etc.)

• Quão politicamente ativa você diria que sua família era enquanto você estava crescendo?

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• Quão envolvida com partidos políticos você diria que sua família era enquanto você estava crescendo?

• Conte-nos sobre o tipo de candidato político que impressionava a sua família enquanto você estava crescendo.

• Você se lembra de ter visto seus pais ficando aborrecidos enquanto falavam de política? Se sim, o que os aborreceu?

• Você se recorda se os seus pais já se aborreceram com candidatos políticos ou oficiais eleitos enquanto você estava crescendo? Se sim, por que se aborreceram?

Finalização

• Se você tem uma memória política principal (ou mais vívida), qual seria?

• Gostaria de acrescentar algo sobre o tópico de memórias políticas?

Nota: protocolo derivado de perguntas formuladas por Krueger (1998a).

APÊNDICE 15.2

Amostra de Protocolo e Sumário de Pesquisa

Tópico da Pesquisa: Esse estudo examina se o contexto social e as características de produção de diferentes formatos de comunicação política afetam as maneiras como o público percebe e avalia o candidato na televisão.

Hipóteses

H1: A visualização do formato microdrama (perspectiva close da câmera) pela audiência irá induzir a maiores níveis de identificação com o candidato em relação aos formatos de gravações de reuniões da prefeitura ou a spots políticos.H2: Formatos de reuniões televisivas da prefeitura com a plateia em ordem de primeiro espaço (em primeiro plano) induzirão a maiores níveis de identificação da audiência do que o formato microdrama ou de spot político.H3: O microdrama representado pela entrevista em close irá produzir mais avaliações positivas do que os formatos da reunião televisiva da prefeitura ou dos spots políticos. H4: Exposição ao formato de reuniões televisivas da prefeitura vai resultar em níveis mais altos de percepção de interatividade do que os formatos microdrama ou de spot político.

Protocolo do Grupo Focal

• Alguém gostaria de descrever do que se trata esse clipe?

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Uma sequência de perguntas gerais segue, oferecendo aproximadamente 15 a 20 minutos de discussão sobre cada clipe:

• Do que você gosta ou não gosta a respeito desse clipe?

• Você acha que esse clipe é um bom ou um mau exemplo de comunicação política?

• O que você acha que esse clipe nos diz a respeito da política?

• Você sente que faz parte do que está acontecendo no clipe?

• Você acha que o candidato tem credibilidade ou é confiável?

• A tela dividida adiciona ou faz faltar algo nesse clipe?

• Você acha que alguém nesse clipe o representa?

• Esse clipe é memorável para você?

• Há algo que se destacou no clipe e que não discutimos ainda?

Sumário de descobertas: “espectadores processam formatos de mídia com closes em termos de atributos a candidatos, enquanto consideram propaganda política e reuniões televisivas da prefeitura com diversos atuantes (candidato, membros da plateia e jornalistas) como um fenômeno social contextualizado. Técnicas de produção... podem associar candidatos com outros elementos no palco da mídia, ou desassociá-los de externos enquanto focam na personalidade (do candidato)” (Bucy & Newhagen, 1999, p. 193).

Nota: protocolo e sumário de pesquisa derivados de Bucy & Newhagen (1999).