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1 BUQUÊ SUBULATA Poemas de Tiago Henrique

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BUQUÊ SUBULATA Poemas de Tiago Henrique

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BUQUÊ SUBULATA

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Este é meu segundo livro de poesias, desde 1998 rascunhava alguns versos, mas minha prioridade sempre foi à música, por isso, o número de canções dobravam a quantidade de poemas, que em 2008 somaram o bastante para compor o primeiro livro de minha carreira literária. Após dez anos, passei a enxergar a literatura com outros olhos, e além de composições populares, decidi me dedicar a alguns trechos poéticos, portanto, aqui debruço minhas versificações ao deguste de leitores em busca de histórias, palavras e momentos que possam brindar a vida e suas verdades transfiguradas do cotidiano. Você entrará em um campo de magia e fascinação, passará por caminhos novos e também conhecidos, sentirá a essência de cada linha e poderá se perder na ficção desenhada da realidade. Desejo que se satisfaça por essa leitura...

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SUMÁRIO Capítulo 1 AROMAS DO CAMPO 09- Boa noite 10- Caminhos opostos 11- Cena de novela 12- Conchas do oceano 13- Contrário 14- Deslizes de uma escultura 15- Divisores 16- Doses de paz 17- Dualidade Entendimento 18- F de foda 19- Fagulhas I 20- Febre invasiva Iconolatria 21- Lentamente reversível Liberdade inversa 22- Lira por que deliras? Meu silêncio fala sim 23- Neblina O nome que não sei 24- O vicio 25- Oaçcif Paisagem 26- Peripécias Pinceladas de Papelão Pique - esconde 27- Poema do beco escuro Quintal 28- Sem planos Sentidos Sonhos litorâneos 29- Tempo e espaço Tentativa abandonada 30- Velhos tempos Capítulo 2 FLORES CANIBAIS 32- A rotatividade da lua 33- Adolescentes 34- Avestruz 35- Casório 36- Chegará 37- Cruzamento 38- Cumplicidade

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39- Diário de uma borboleta 40- Do além Ela ao quadrado 41- Epifânio 42- Imperfeito (In)decidida Incomplequitude 43- Leitura masculina Momento apropriado Não questione 44- Onze da noite 45- Ponto de vista Qual o problema? 46- Reminiscência Segredo 47- Sereia do asfalto Sintonia 48- Sua presença Suave detalhe 49- Superfície profunda Treze vezes Capítulo 3 ROSAS E ESPINHOS 51- A beleza atrás dos montes Apagão 52- As pazes Carrossel 53- Cortina 54- Desculpados 55- Despertar 56- Dragão do mato Esconderijo de animais 57- Evasão Fagulhas II 58- Filmes que não gosto Folha azul 59- Fracionado Imbricações 60- Jovens Loucos O preço da vida 61- Oração do descobrimento 62- Pequena tempestade Poesia por esporte 63- Preservativo Que poesia Realizações esquecidas 64- Respiramos e morremos 65- Retórica incorrompível

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Ritual errôneo 66- Saúde Se sentir especial 67- Sozinho e atoa Todo momento Totalmente nu 68- Vozes Capítulo 4 AGRIMÔNIAS 70- A fonte da noite A fuga 71- A mágica de um ator Ácido 72- Anacrogia 73- Arlouco ocuolar 74- Atrasado 75- Auto-resposta Banalidades Banais Bucólicas 76- Biscoito de polvilho Cidadão de enfeite 77- Dialogante Disparos 78- Em outras mãos Espinhos de um homem 79- Evasivo Hipotética 80- Imortal Medonho 81- O penetra 82- Partantesti Porta fechada 83- Riqueza estúpida 84- Sal Versos fúteis Capítulo 5 ORQUIDÁRIO 86- Indecifrável Luar 87- Poema sem rima 88- A fórmula 89- Olhos de vidro Para você 90- Caminhos de volta 91- Escola 92- Fim de infância Frase final

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Ouvidos que não ouvem 93- Reflexos Seres quaisquer 94- Tardes de domingo Cisociedade 95- Conversa Coração interrogado 96- Escravos da tecnologia Poeta consciente 97- Serpente 98- Tempo

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Capítulo 1 AROMAS DO CAMPO

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BOA NOITE Que lua infinita Num céu maciço Parecendo ondas ao contrário Trombando em meio às nuvens Uma pintura divina Uma lembrança eterna Um eclipse instantâneo A magnitude do brilho Os escombros construídos sobre a terra Os olhares lançados para o céu ... O tempo passando O oceano de um coração A maré de uma mente A voz de uma canção Uma brisa leve passa calmamente, Ergo minha cabeça As heresias se distanciam Então brindo o encobertar da lua Brilhante Num céu sem estrelas A maravilha desenhada no espaço A mudança repentina Um ponto de vista Uma emoção não traduzida O ar O céu Um colírio.

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CAMINHOS OPOSTOS Um pouco de pimenta E um som ao pé do ouvido, Palavras sitiadas Versos cabulosos Corações em pedaços Um quebra-cabeça Se espalha no ar, Partes caíram fora do plano Restou o improviso de um buraco Deixado pela peça que faltava Um quadro Um canto Uma pintura Uma parede... em branco Sorrisos frágeis, sinceros Sorrisos... alegres Vida, Vida, Mistério... Novela, Comédia, Ironia À noite, O vinho, A água, O terno.

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CENA DE NOVELA Quando a loucura vence a beleza Quando o desejo se sobrepõe à razão Quando o impulso acelera o sentimento Quando a rendição é inevitável Quando ainda há um A ... Sentado 5 minutos no sofá da sala Por um minuto achei que fosse possível... Ingenuidade minha; Pobre homem de 22 Com toda sua andança anti-alienação Ainda acredita, ainda acredita Depois... É assim mesmo! Aliás, como alguém disse um dia: Somos mais macacos que humanos Aliás, acho que sou o primeiro a dizer isso, Com estas palavras. 5 minutos... Já lanchei, volto a minha vida... Pensante, interrogadora Por fim, Na contramão.

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CONCHAS DO OCEANO Os invernos que me trouxeram a poesia, O comércio que me estatizou com mercadorias, A vida de histórias Contadas em filmes, A vida de verdade Contada em histórias Ouvi um poeta dizer Que um poema é muito íntimo Ora, ora seu poeta Tem medo de si mesmo? Medo do teu coração Ou de que conheçam sua vida? Uma interrogação pula de ponto em ponto, Me pergunto: Para quê tais situações? Ouço o barulho de passos lá fora... Ó, desculpa... Isso pode parecer vestígios da minha intimidade kkk... Em linguagem de computador Saúdo a brincadeira das palavras Olha seu moço Sei que sou mais moço que tu Mas em meu emaranhado do alfabeto Não poderás captar meu íntimo.

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CONTRÁRIO Ofício... Nem sempre! Falta de ofício... Depende! Artista... Fome! Artista... Ofício! Dinheiro... Intelecto! Intelecto... Sem dinheiro Projetos... Falidos! Idéias... Vencidas Chance... Não creio! Esperança... Perdida! Cansado... De fato! De fato... Morrendo! Igual... Desigual! Talento... Esquece! Emoção... Contenha! O resto... Que se exploda!

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DESLIZES DE UMA ESCULTURA Meus dedos procuram O vício de acordes prontos, O relógio analógico Quase marca dez da noite O violão recostado Com suas cordas todas, Uma mente acelerada Procurando a corda certa Limitado a ânsia do que é fácil Paro na janela pra pegar um ar, As estrelas me olham lá de cima E os acordes me desafiam As horas reclinam No horário de verão, Meu ponteiro atrasado Não ficará pra traz Quando tudo parece dar um nó Novamente fujo da perfeição E reencontro o simples Visto apenas por olhares puros, despreocupados A solução anda mais perto do que imaginas Tal como a felicidade Não percebida a olho nu Observo, descanso O ar me contempla E algumas vozes atrás do muro Aproveitam à vida como devem.

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DIVISORES Os dias distantes Deixaram-me distante Da minha vida utopicamente irreal Vejo relâmpagos da ausência Ausente da minha essência, Longe dos meus versos, Normal como qualquer anormal O tempo Sempre me desafiou a entender O que eu não entendo de mim mesmo, Volto ao mundo Ao meu, O ar é inseguro O avião balança O CD arranhado arranha meu humor Volto, Revolvo, Reviro, Retorno Me recomponho ... Questiono, Leio Literatura Óculos Computador Rotina Desespero Fim de férias... Outra divisão da vida.

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DOSES DE PAZ Eu queria estar sentado numa cadeira confortável Seria mais fácil pra descrever a beleza do céu Algumas árvores me parecem sentinelas As roseiras parecem favos de abelha Sorridente deslizo sobre o chão, Francamente me alegro Com o simples barulho de insetos À tarde um pássaro exótico voava por aqui O clima de clube O cheiro de protetor solar O frescor do vento A paisagem inteira E pouco parece pouco Apenas se você olha pras fronteiras, E muito parece muito sem telescópio Respiro a felicidade de um momento, Olho tanto para o céu Que uma estrela parece Minha roseta de estimação.

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DUALIDADE Meu sorriso mascado Invertendo a ordem dos acontecimentos Num olhar penetrante Perdido em meio às pernas cruzadas Levanto-me com o copo na mão Peço uma champagne E brindo a audácia Do que meus olhos vêem Me compenetro Numa lógica errônea Quem diria Que isso são apenas versos? Mesmo quando minto Tenho que carregar A chance De uma interpretação verdadeiramente incorreta. ENTENDIMENTO Pipas voam no ar A linha segura o bicolor A mão segura a linha A linha vai pro carretel O carretel volta à mão A mão pulsa junto às veias As veias levam ao coração.

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F DE FODA Afazia, afazeres, enfadado Desfocado, fora de forma Fazendo frases de forca Enforcado fábulas e falácias Falando feito foca, Fervendo, filosofando, desafiando desafinado Enfileirando fotos e fatos Fantasiando o fantástico Fatalizado num fardo feito folhas Fugazes d’uma fuga Afarpeada por ferpas fortes Fatores fraudulentos Fisgados por um feixe De fertilidade infecunda Referenciada Por um F fora de foco.

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FAGULHAS Vestígios incontroláveis Surrupiam uma razão vendida, vendável. Uma luz briga entre o escuro e o breu, Incansáveis tentativas deixam os feixes cessarem Resta pouco uma nesga de claridade Que acende sutilmente Entre uma brecha e outra Movimentos movimentam o irracional, A briga pelo dinheiro A luta pelo poder A insistência insistida O alcance do êxtase Vestígios se escondem Jogados pelos cantos Um monte incontrolável abatidos no chão Uma unidade débil De uma conjuntura furtada, Um momento de delírio, Uma volta ao mesmo A noite vira E no meio O pequeno brilho perde seu tom O dia chega O sol raia sob a cabeça de todos, O império imaginário se desfaz, O povo se divide E a noite se repete.

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FEBRE INVASIVA Uma ponta de ansiedade, Um emaranhado de caminhos, Raízes fincadas no chão, Desafios que se erguem Uma história de fundo Um pensamento inacabado Uma fórmula repetitiva Um novo olhar De tanto um Se forma o plural, De tantas coisas Se perdem o muito Montoeira de palavras Amontoadas, descartadas, interrogadas? Não... Não concordo! ICONOLATRIA Quero um quarto com varanda aberta Onde a chuva possa chegar até a janela Quero dormir olhando as estrelas De uma sacada com teto de vidro Quero um edredom gostoso Uma cama enorme e um colchão macio, Deitarei de pijama depois de um banho completo Vou sentir o vento, respirar a vida Quem sabe seus braços Serão meus abraços Quem sabe tua boca Será minha boca Quem sabe a noite Será toda nossa O amanhecer trará a brisa entrando pelos cantos As cortinas balançarão e a vida sorrirá bem cedo, Levantarei com uma fascinante energia Vou preparar um chá quente com pão integral, flores e lírios Dedico tudo isso Aos sonhos que temos.

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LENTAMENTE REVERSÍVEL A lua 80 graus sob meus olhos Cai sobre minha cabeça Interrogando a imensidão Um barulho balbucia em minha artéria E o sopro Sopra minha veia Sambadamente um sufocamento Me prende a respiração, Num querer Abrir e retirar O envenenamento de uma situação Corrompidamente... Uma forma inalterada de mudança não mudada Me joga contra meu próprio jogo Abarcado novamente pela repetição. LIBERDADE INVERSA Parâmetros Regras Certeza Certinho Correto Regras Parâmetros A sociedade afogada em suas próprias regras O absurdo O caos A linha O laço A sociedade desprendida da liberdade Se aprisiona mais do que qualquer outra coisa Liberdade escassa Presa por um bocado de insignificado.

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LIRA POR QUE DELIRAS? Quem me dera acabasse aqui este poema. Mas Ao longo de algumas rimas e sentimentos O amor às vezes nos atormenta / arrebenta Ah!... Quem diria... O poeta destruir o romantismo? Quem diria? Quem me diz não são estas palavras, É apenas a vida, A vida simples de quem sente, A vida comum de quem vive E sabe que a mentira Não compartilha desta cartilha De uma realidade normal, inexata E que todo mundo sente Pra que mentir? Amar, amor Sofrer, chorar Não há sinônimos nem antônimos, Apenas... A vida... De um casal, de um romance, do amor, da arte Da poesia e de uma ótica Da verdade desconstruída. MEU SILÊNCIO FALA SIM Diga-me Que suspiras Quando lê estas linhas Diga-me Que não pode me esquecer, Fala... O que eu não preciso ouvir Escreva-me Dizendo que amou, Porque disso Sabes que não preciso escrever.

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NEBLINA De manhã Acordei pensando no meu dia, À noite Terminei pensando no amanhã Crescemos Sem notar isso Quando se assusta Você já é velho o bastante E tudo depois disso Pesa como neve. O NOME QUE NÃO SEI Vou embora com seu olhar Com teu sorriso belo Com seu carinho disposto Em fixar seus olhos aos meus A fila anda rápido Mais do que eu gostaria Deixo você ir na frente Tentando despistar seus flertes indecentes Me alegro, Faço cara de conquistador Te vejo Te beijo Olha de novo Te pego.

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O VÍCIO É isso que prende... Te procuro Você não. Me responde, Retorno... Você não. Te chamo Você dá atenção, Me alegro Você desfaz a corda Sou cachorro... na coleira Roendo osso Enterrando minha vergonha na terra Eta osso que não se desenterra Sou palhaço Sou vilão... Idiota... Apaixonado Descontrolado... Manipulado Por você?? Não! Por um urso bi-polar Que vem me visitar nas brincadeiras do meu pensamento, Vestindo pele de cordeiro Para não te assustar.

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OÃÇCIF Chegará o dia em que todos pedirão água Porque o líquido virou barro, Ou então Mutaremos como animais Sob o domínio de máquinas Inteligência Artificial, O homem passa seus segredos a Nano E se esquece do que ensinou Torna-se-a dependente do inventado E o invento ganhará poder, Começará a controlar o homem Agora mutado sob as rédias da I.A Pensando que IA mudar o mundo Mudou... Tornou-se escravo. PAISAGEM Obra de arte Tintas pelo chão Peças raras Natureza estupenda Vou criar meu destino através desse poema Uma montanha Uma árvore Duas cerâmicas Vários telhados Ergo meu olhar sobre o monte Prefiro a beldade desse instante Meus olhos brilham Meu coração agradece a vida.

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PERIPÉCIAS A vida é um querer chegar desmedidamente, Depois, Um querer voltar no tempo - reviver momentos Depois, Enxergar que tudo isso É a vida que seguimos nas lembranças constantes Que construímos sem sequer notar. PINCELADAS DE PAPELÃO Nada Nada Nada! Movimentos Movimentos Nada Nada Nada! Entenda! Entende? Nada Nada Nada! PIQUE - ESCONDE A Lua esconde atrás da telha O Sol aparece por entre as árvores Um, dois, três... to salvo! A Chuva subiu no meio-fio O Arco-íris mergulhou no lago A Estrela assobiou pra Marte A Montanha piscou para a Geleira A Água correu em meio às pedras A Terra pisou sobre o céu E a Noite correu atrás do Dia Mas... A Natureza ainda olha pra tudo E acha que a brincadeira é pique-pêga.

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POEMA DO BECO ESCURO Sem lugar pra nada Me ligo nos lampejos de luz Em sussurrados medos vadios De um farol à distância, De um olhar perceptível Imaginado, esperado Transpirante Volto às sombras dos tons de cinza Refletidos no chão, Ao notar um banco... Um banco, Um movimento Às vezes provocado pela inércia ... Lampejos Assombros Desejos Vontade Um fim; Um novo começo. QUINTAL Quando fui escrever O passarin já tinha voado, Bicava a goiaba Pousado no galho Vivia a liberdade Que nós Seres humanos Sequer experimentamos O ar O v e n t o Veloz Eminente Neutro Transportador oitavado Outrora batia em meu rosto Fazendo-me voar Pairando em momentos de intensa paz.

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SEM PLANOS Em algum lugar No mesmo momento Nesse exato instante Sei que também pensa em mim Quando se dá conta disso Queria que eu estivesse fazendo à mesma coisa que você, Que eu estivesse ouvindo, vendo ou assistindo O mesmo que você Digo: Quem sabe de fato estarei? A resposta... O vento levará a ti. SENTIDOS A vida às vezes não faz sentido, Nem para loucos Nem para normais Nem para sonhadores Nem para céticos A vida Às vezes, simplesmente não faz sentido Não quer dizer que não tenha um Simplesmente às vezes não faz sentido. SONHOS LITORÂNEOS Eu sabia que dormiria ali... O dia foi cheio A noite macia A madrugada melhor... Um copo d’água me parece um sonho O oceano eu vejo infinito As ondas me trazem conchas, No fundo se escondem mariscos Me veio um girassol quadrado Eu não acreditava no que via Pisei numa estrela sem pontas ... Não faz sentido.

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TEMPO E ESPAÇO Talvez algo físico Talvez invisível Num simples - complexo Que envolve uma estrutura Detectável pelo espaço Espaço que pertence ao tempo Tempo indecifrável que nos move pelo relógio Que nos indaga por sua eterna magia Algo físico Talvez invisível, Tempo e espaço... Para alguns, indeterminados. Para outros, apenas um lapso interrogatório. Há quem se perde Há quem se encontra Há quem procura Há quem se esconde Atrás do tempo, um espaço Pelo espaço, um tempo. Assim, a areia da ampulheta cai dentro de suas vértices Enquanto a areia do pátio se confunde com a terra e o barro Alguém se levanta, Tenta domar o tempo... Impossível. Alguém acorda... Percebe onde está E entende que tudo isso Harmoniosamente tem de ser entendido E correspondido na medida de um sonho Na força de um objetivo Na precisão do tempo e no espaço adequado.

TENTATIVA ABANDONADA FELICIDADE IN ROMA Um monte de Raul Um cavaleiro de osso Perdido nos sonos.

INFELICIDADE NO AMOR Monte um monte de luar Cavaleiro! Um cavaleiro de osso No perdido nó sem ônus.

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VELHOS TEMPOS O trabalho fica matutando um objetivo Você não recorda dos velhos tempos O conforto rouba uma porção de coisas E devolve com um sorriso Parece-me estranho O verão não é tão quente assim... Estou distante E você mais próximo de mim Ser humano Ser bendito Ser o que eu não posso dizer Mas até que eu acredito Que teu coração possa mudar E pulsar por coisas nobres Me espere As lógicas não entendem.

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Capítulo 2 FLORES CANIBAIS

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A ROTATIVIDADE DA LUA Um ano é tanto e tão pouco Que às vezes me perco nas datas do calendário, Ontem eu era ingênuo Hoje mais maduro No passado eu fui inconsequente Agora, prudente demais ... A velocidade da vida, Os momentos errantes, Os detalhes eternos A imagem, Os sonhos pra si mesmo Os planos para sempre O sempre desmoronando Um quase reerguendo, Um simples contratempo O beijo da surpresa A saudação de um sorriso Um pensamento roubado Um desejo refeito Dois lábios que se tocam Olhares que se cruzam Esperanças que se movem Emoções que nos rondam.

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ADOLESCENTES Um guarda-chuva, A sorte, A chuva Um casal passa de braços colados, Aliás, Dois amigos... Mas que serão um casal O sorriso estampa todo rosto, A magia passa nos olhos destes jovens: Ela, Toda contente. Ele, Todo alegre A mochila não pesa... não hoje. O caminho não é longe... hoje está mais curto que o normal. Aliás, Ficou muito mais perto que antes A chuva cessa O guarda-chuva continua aberto, A escola chega E agora nunca será a mesma.

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AVESTRUZ Quero me esconder em um buraco Eu me mato de vergonha Me arrependo muito Muito mesmo Ela não merecia meu erro Minhas camuflagens Pós nós dois Eu passei a imagem De que tudo Com o tempo ficaria bem E num ato Num vacilo burro Perdi minha imagem de herói Pior Destruí um coração amável Na mais bela das flores Que confiava no amor.

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CASÓRIO Não sei ao certo o que sinto Como sinto E porque sinto, Só sei que não posso Ou não quero viver sem isso... Esse é um poema para casais Ou projetos de, Não entendia porque viver reclamando Permanecendo no mesmo caso Há anos a fio Na verdade, ainda não entendo Mas já estive a beira do altar. Pergunto: Pra que viver reclamando? A vida é jovem! Você pode ter comemorado muitas primaveras Mas a vida continua jovem... Ei amigo! Ei amiga! Cuidado!! Não desperdice seus dias, Não com a pessoa errada, Não para viver reclamando Demasiadamente contido Não por medo de viver sozinho Se essa for tua felicidade Me entende? Casório... Deixo isso para a certeza Porque persistência Vale apenas para aqueles Que insistem na direção certa.

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CHEGARÁ Chegará aos seus ouvidos Minhas palavras Meus passos Os desejos Chegará aos seus ouvidos A magnitude do bem querer A felicidade de um instante A energia de um pensamento Chegará aos seus ouvidos A notícia de uma vida inteira De um coração sincero De um amor Chegará aos seus ouvidos Os sonhos que sonhei pra nós, Chegará o dia De nos vermos frente-a-frente De novo!

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CRUZAMENTO As folhas que escrevi Os versos que falei em voz baixa Sussurrados em segredo, Os segredos guardados A vida... Háaaaa vida (sensação boa) Que ser humano é esse? Queria ter o poder De ter certeza da verdade Meu Deus! Santos e santos Cadê o sopro do entendimento? Onde morará a compreensão? Sei de mim Do meu coração, Do coração junto a mim Não sei não!

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CUMPLICIDADE Você reapareceu... De um lado farpas e espinhos Do outro cumplicidade e carinho Você parece um anjo, Me entende como ninguém, Me transmite uma paz transcendental N’outra vertente Me perco lamentavelmente Na troca de brigas desgastantes – incansáveis Ligo o rádio Acendo um incenso Corro pros braços dela Vivo Respiro Transpiro Me vejo Vejo a ti Nós dois... Não sei!

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DIÁRIO DE UMA BORBOLETA Vou dormir de cabeça pra baixo Mudar a rotina Te fazer presente nesses versos Ter a cara de pau de saber Que você vai entender o que eu digo Não sei por que Momentos de fascínio me fazem cair na real, Você não está aqui! Pra que ficar pensando? “vou embora pra casa Lendo seus poemas Decoro alguns trechos Fico tatuada por suas palavras” Imagino que é isso que pensas, Quando descobriu o eu - lírico Sorriu e fascinou-se com alguns momentos Quanta ficção Quanta verdade Quanta mentira Quanta ilusão Quanta invenção Quanta certeza... Exatidão Expressão Experiência Experimento Ex é uma palavra forte demais Pra alguém que não esquece.

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DO ALÉM Não me faça confessar De onde vem esses versos Atrevidos Sussurrados Incertos Em cada palavra de reencontro Vejo seus olhos semi-abertos Pois hora pensas que é um sonho Outrora deliras no passado Não sei dizer a ti O quanto me enganei Procuro desistir Porque sei que não é nada... Além do meu coração. ELA AO QUADRADO Os milhões de presente que você deu Foi um presente seu E nada do que ela escolheu As variadas músicas que você gravou São um gosto seu E não um gosto dela Daí alguém manda um recado Como você já não manda, Daí alguém se lembra de um texto que fala de amor E manda pra ela Daí ela lê a letra de uma canção E pergunta pra ele se a mesma tem haver com ela Então ele se alegra E como na mágica dos primeiros instantes A envia a canção que ela tanto queria Essa música foi escolhida por ela, Ela recebe um presente que escolheu E você amigo... Agora é apenas amigo Não é mais amante que as mesmas coisas que ela, Não compartilha mais de uma vida a dois, Amarga a destruição de um relacionamento Infindada por um tempo... sem definição.

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EPIFÂNIO Sei que tenho te dado pouca atenção Ao sair Você já espera a volta, e Completa o tempo com novidades pra lhe agradar Não sei viver Pois podo sua minha chegada; Portanto, não lhe agrada como tu quis Ou talvez não agrade a mim Um lobo Um cão Civilização, independência Cérebros, Sentimentos, Discussões, Aceitações, Descontento. Nada é igual Nem o igual É igual ao igual... Você é um Ou você é uma... Marcas de marginalidade metafísica, Beterraba, ferro, feijão Arroz n’outro dia Por hora é só pão, Que descompostura poética não? A massa, A liga... vidente, visível Invisível.

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IMPERFEITO Não vou mais relembrar nós dois Vou guardar pros meus pensamentos Volto a vida de antes, Tu segue seu caminho de sempre Não lhe mandarei mais poesias Não se alegrará com meus elogios sinceros, Não mais Preciso partir Antes que eu parta meu coração, Minha ilusão quase verdadeira Não suporta mais Um verso No futuro do pretérito. (IN)DECIDIDA O passado se confunde com o presente em seus versos, Você parece bem decidida Ao mesmo tempo que não sabe... Não sabe o que acontece, Não compreende seus desejos Mas ouve seu coração de mulher. Você... É simplesmente Um eterno volver, avançar e pairar no tempo. Suas atitudes distorcem um sentimento, Seu medo, Sua realidade... Sua vida, Suas verdades! INCOMPLEQUITUDE Me fizeste lembrar De coisas mágicas De sentimentos nobres De uma natureza sincera De uma vida existida De um amor maior que amor... Bem mais que um te amo Pouco menos que o real Mas tão verdadeiro quanto à vida.

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LEITURA MASCULINA Descobri que meu coração não pertence a uma só mulher Sou tentado a cada olhar, Adoro flertar Amo olhar nos olhos Olhos que me surpreendem Olhares que trazem novidade Beleza que se reinventa Espírito e paz Unicamente Só satisfeito no plural. MOMENTO APROPRIADO Retiro o que disse, Eu sinto muito. Porém Poucas palavras não lhe farão sentir o que sinto Desculpas, desculpadas Perdões perdidos e recompostos, Trâmite, trânsito: Verbal, animal... humano. NÃO QUESTIONE Quando você quer, eu não quero Quando me desespero, você não pode Quando se desespera, eu to longe Quando quero, você se esconde Quando termina, recomeça Quando começa, eu desisto Quando insistes, não concordo Quando me perco Quero estar perdido Nada mais.

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ONZE DA NOITE Guarde a minha imagem Para não se esquecer, Quando chegar em casa lembre de mim Eu vou estar olhando pro céu, Nossos olhares se encontrarão nas estrelas, Verei você de perto Tu vai sonhar comigo à noite ... A madrugada desce suas horas Você fica pensando em mim, Eu sei Você gravou meus olhos E eu te guardarei pra mim.

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PONTO DE VISTA É... A mágica do amor termina, A mágica do amor ciclicamente retorna, Não sei quando, Não sei onde Versos, palavras, expressões, sentimentos Fantasia, alegria, felicidade... assombro Surpresa, cinestesia, burocracia... namoro É... A mágica do amor começa, A mágica do amor se finda... Não sei quando, Não sei onde Mas o que será que é amor? A vida Alguns sonhos Objetivos Clareza Tristeza... Será? Sentir, não é o mesmo que falar. Entrar num coração não é pedir licença, Morrer num coração não é controlável Renascer, reviver, ressuscitar Não está sob nosso controle Se tudo não se entende Como posso entender o amor? QUAL O PROBLEMA? Tem dias que amar é um saco! Minha mulher não poderá ler estas linhas Pois logo me atacará com mil pedras Minha mulher não poderá ver estes versos Pois dirá que nada sinto, Quando sabe que a amo Mas tem dias que amar é um saco!

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REMINISCÊNCIA Com que permissão Você invade meus pensamentos? Por que se intromete em meus sonhos? Por que me diz que sente o mesmo? E por que ficas distante quando eu mais preciso? Palavras de amor Confissões de carinho Delírios de prazer Vontade de sempre De voltar pra sempre E viver pra sempre. SEGREDO Alguns filmes Fazem passar filmes em nossa lembrança, Um cinema sempre me foi agradável, Tua companhia Era como se meu coração não estivesse só Como um super-herói Não posso estar junto a ti Porque o destino que escolhemos Mora numa sociedade implacável Que não permite voltas Pois a gente mesmo se impede Não entendo Pra que contrariar seu próprio coração E fingir que tudo continua normal Após confessar seu amor por mim... Apenas Leio esses versos em voz sussurrante E sei que você fará o mesmo Logo depois guardará para si Tudo isso diz que não descerás do altar Para bater em minha porta, Nisso Os filmes superam suas verdades.

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SEREIA DO ASFALTO Sua proximidade é proibida para meu coração, De cabeça pra baixo vejo o que eu não devia, O vai e vem de seu andar, A beleza dos seus olhos verdes Já não lembro mais Guardo algumas palavras Um monte de sentimentos E um covarde sorriso escondido Você me viu de perto Despiu minhas armaduras Conquistou-me novamente E se foi de novo. SINTONIA Seus passos vão à frente, Minhas mãos não te alcançam, Sua face declina em expressão Minhas sobrancelhas franzem Um contimento contraído baixa meus olhos Sua velocidade aumenta Meu humor diminui Seu amor se abala O andar continua Meu passo enfraquece, o seu acelera. O sol arde, Uma nuvem tapa a luz A sombra sombreia sua alma, Uma gota d’água cai do céu Pinga no barro da estrada Em contraste com o seu momento, Semelhante ao meu lamento.

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SUA PRESENÇA Canções rolam ao fundo Uma taça de vinho me acompanha A sala de star me embriaga Seu sonho parece estar aqui Vejo sua imagem refletindo na vidraça Você veio me ver e vôo de volta pro seu reino Apago a luz Mas já não faz diferença O sol bate na janela... O silêncio se instaura, Não sei por quê Coloco as mãos sobre o piano Algumas noites tristes Me fazem largar a taça e beber no bico. SUAVE DETALHE Legal te ver sorrindo Saber que não te feri irreversivelmente A mente toma conta do meu descuido Digo Quando paro pra pensar no que escrever Perco a liberdade de sentir O que a caneta transpira... Dos meus sentimentos

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SUPERFÍCIE PROFUNDA Sentimentos Sentimentos Especiais De uma mágica De um sonho De uma vida Que tu me faz sentir Alegre Completo Feliz Numa paixão tocante, Num amor profundo Numa realidade contente Numa felicidade feliz TREZE VEZES Um beijo não é à volta A volta não é um beijo Um não, não é um E um, não é um não Uma vida não é duas, Não adianta promessas Um indivíduo sempre terá sua individualidade E a individualidade não é compartilhada... Um canto Um momento Um andar depressa Um olhar desviado Um reencontro frustrado, Um beijo não é à volta A volta não é um beijo.

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Capítulo 3 ROSAS E ESPINHOS

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A BELEZA ATRÁS DOS MONTES Antigamente as palavras me tocavam Ultimamente tenho dormido muito tarde Felizmente acordo cedo Infelizmente não removo a neve a minha frente, O sol ainda raia Não deixaria de brilhar Às duas horas da manhã São mais claras em meu pensamento Não há barulho de trânsito As pessoas dormem, Vou sendo vencido pelo cansaço Nem a insônia me mantém de pé Fecho os olhos vendo o vidro dos meus óculos, Fecho a porta de entrada das minhas ilusões, Descanso numa cama limpa Em pensamentos limpos Para um futuro... Diferente. APAGÃO O veneno que ganha a noite A rebeldia que desafia a vida Os resíduos da esfera momentânea A certeza do incerto Os poucos flashes de luz A azia queimando o estômago, O romantismo dilacerado Por um pouco de monotonia O cansaço A falta de ar A recompostura O andar erguido Com os pés firmes na objetividade ... O estrondo O estouro A falta de energia Um mero... Desperdício.

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AS PAZES Sair faz bem. Colocar uma roupa nova, confortável Sentir-se em seu melhor estado Olhar no espelho docemente Encenando para ver outro alguém Escolher um perfume enlouquecedor Calçar um sapato bonito Colocar dinheiro no bolso... À noite Me espera. CARROSSEL Novamente em minha mente Aterrorizas meu estado pacífico ... É tão bom estar em paz É tão bom sentir a brisa Desapareça agora Sua proximidade me irrita ... O passado, às vezes Abre crateras infinitas Não fique assim Não se debruce em desespero Atualize seus planos Não se entregue ao desconcerto Te quero bem, Não queiras mal A vida é como uma roda gigante, Eu só não soube compará-la A essa metáfora que criei.

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CORTINA Quando vejo as estrelas pelo vidro Vejo também o reflexo de um brilho Distante... distante Por que a gente se fascina com o céu? Por que a gente se apaixona pela lua? Porque está distante... distante Se o coração fosse aquecido Por que gostaria de sentir frio? Inverso... inverso Caço sentido nesses versos, Mas pra quê explicar? Sou poeta; não professor... Viajo na criatividade autista E na verdade Prefiro ficar olhando as estrelas Que combater-me com algumas regras Desperdiçadoras de um olhar sereno Pensante... Calmo, agitado, alegre Fervoroso e sorridente.

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DESCULPADOS Pernas pro alto Fui assaltado enquanto plantava bananeira, Passa a carteira o celular e o cartão Han! Pobre bandido Quis assaltar um ator em começo de carreira. Ouço passos fortes lá fora A tropa vem correndo: Mãos para o alto, Passa a carteira o celular e o cartão Han! Ingênua gang Quis assaltar artistas de salão Ô pessoal sem juízo, Ô mundo sem pão nem pai, Pobre gente Gritar mais alto virou solução.

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DESPERTAR Chegar na rua de casa Dirigir um carro Esperar um ônibus Ver a van passar Olhar imagens correndo... paradas Ver a vida vivendo, Persistir numa ocasião falida Porque o coração não sabe esperar Viajar em sorrisos Querer o que não se tem Fazer o contrário Tentar entender o que isso significa Ficar parado, Pensar no tempo... O cotidiano, O inverso disso A rotina, A fuga do igual, O desespero... Algo incompreensível Uma poesia em movimento, Um momento Apenas... Um vasto e incompreensível Momento, Desconcertante, inalterado, alterante Sempre igual... Carregando uma interrogação nos ombros.

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DRAGÃO DO MATO To com tanto sono Que a caneta pensa em minhas mãos. A preguiça é tida como pecado, o sono é uma preguiça quando desmedido Não quero falar de religião... A maldição humana É fazer de seu próprio caos Uma medida de compreensão Ter razão não é razoável Não é razoável ter razão Fugir dos próprios equívocos Se esconder atrás das moitas Vivas, pulsantes, normais A que diabos se refere... Ou diria: me refiro? Palavras são palavras Desafio e fé são mitos Muita coisa é paradigma Outras... São apenas coisas No fim de um ato, Um mesmo retrato De uma educação, de uma sociedade De um povo... De um só, E de um certo indivíduo. ESCONDERIJO DE ANIMAIS O mesmo cenário de meus dias Meu passaporte pro mundo Um canto de inspiração A luz dúbia Reflete no vidro a frente, A natureza lógica Apresenta um tom de 5 da manhã Poucos carros passam na rua Não há transtorno nem barulho, As mentes dormem como nunca, Quando o sol brilha Algumas pessoas se escondem.

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EVASÃO Antes de tudo tenho que pedir desculpas Minha liberdade entre aspas É claro Precisa de permissão Que choque é esse? Que culpa é essa? D’onde vem tal novidade? Que assim seja Para que eu também seja novo Minhas relações vão se reconstruindo Atrofiando em raízes, Às vezes penso em ficar pelo meio... Do caminho. FAGULHAS II Após o raiar do sol Tudo parece não pertencer ao dia novo, Mas há algo de errado E o sono da manhã Não é tão leve quanto o da noite roubada Aos poucos As coisas voltam ao normal E nada parece tirar o sossego Um vizinho bate a porta Uma senhora passa olhando O tal, é passado pelos sensores noturno Um revólver aponta, Quando tudo está em dia Não há problema Mas logo, muito logo As dívidas aparecem Para o que mais importa As horas passam, O vidro embaça, O sonho se vai porque não mais se sonha Surge uma promessa E algo salvará... A próxima faúlha.

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FILMES QUE NÃO GOSTO Detesto filme de terror O Suspense Me suspende aos nervos Esse misticismo, Essas lendas, Algumas com sentido, Outras quase verdadeiras E umas Verdadeiramente assombrosas Detesto... Filmes de terror, Esse suspense Vence minha razão Minha razão não sente medo Mas minha imaginação é fértil. FOLHA AZUL Engraçado A vida me pede uma dose de conhaque, Engraçado ao cubo ou dobrado, Engraçado como o conhaque Rima com meus versos Não sou alcoólatra Não sou fumante Não viciado Não delirante Viajo nas viagens mais loucas Rio (de sorrio) Com minha capacidade, Devo brindar alguns momentos estúpidos Já bebi Já fumei Fui viciado (mentira) verdade! Já reparei E parei para reparar de novo Nada como a brincadeira De uma caneta tonta, De um olhar fugido, De um perder... No horizonte.

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FRACIONADO Então é isso que você chama de vida: Respirar, beber, comer Silenciosamente o mar se arrasta em nosso destino, Em busca de momentos prolíferos Andamos ao redor da felicidade Queremos amigos Prezada amizade Energia, saúde, cumplicidade Então é só isso: Trabalhamos demais Reclamamos demais Vivemos quando dá Numa fração da vida, Respiramos a felicidade. IMBRICAÇÕES Impressionado ao brincar com versos doces, Românticos, Ilusórios, Utópicos Nada... Nada mesmo me impede, Minha costela dá um nó Minha felicidade visita a dor Dilacerante VERSOS ALEGRES Na brincadeira do poeta Na brincadeira com o leitor Na barbaridade de uma mulher raivosa Na ingenuidade de um homem quieto Calado! Cale-se A raiva grita aos quatro cantos Imóvel (sem movimento) Os olhos levantam a sobrancelha E de novo Me perco no horizonte Escapado por um olhar.

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JOVENS LOUCOS Um cara sem trabalho Porque o que ele faz tem mais valor Não sei pra quem... Pra ele mesmo! Vive, Pensa, Imagina, Acredita Na sua paranóia inversa Afinal Quer ser um grande poeta. O PREÇO DA VIDA O relógio despertou Meus olhos não. O tempo anda, Meus pais acham que minha vida melhora E até eu penso que as coisas vão melhorando... É hora do almoço, Vou esquentar a marmita; Queria ver televisão... Na sala de minha casa, Queria o almoço da minha mãe, Queria vê-la preparando o almoço junto com meu pai Queria brincar na rua, Jogar bola no asfalto, Correr no quarteirão, Queria... Queria minha infância de volta. O Sol se põe, Arrumo a mochila, Guardo a marmita, Organizo os cadernos As sete tem faculdade, As onze eu chego, As zero eu durmo cochilando no sofá, O relógio desperta, Meus olhos não.

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ORAÇÃO DO DESCOBRIMENTO Entendo... mentira Você sempre esteve aqui É só tu que me entende Só em ti eu confio Sem medo Abertamente Com franqueza Claramente Um nó para em minha garganta, Não vejo recurso, Me escondo... atrás... do nada Um coração bate lentamente, A sátira Hipocretiza o decadente Impeço, Permito, Desviro, Discordo, Retiro, Revolto Raios de sol que iluminam Abram minha mente Abra meu caminho, Ó luz que me guia Ó Deus que eu chamo Olha por mim E faça que eu olhe.

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PEQUENA TEMPESTADE Foi uma boa noite Vejo pingos de chuva pela sacada O sonzinho de fundo Me traz solos de baixo Acordo às 4 da manhã A chuva engrossa só porque tenho que sair, Ouço o barulho do vento As gotas invadem minha janela Sou tomado por uma hora de intensa paz Meus pensamentos param Não preocupo... Não mais. POESIA POR ESPORTE Escrevo algumas linhas tortas Em busca de quantidades que me satisfaçam, Na rua pessoas andam como objetos carregando apetrechos visuais Um chinelo de dedo Anda mais que alguns pés A borracha gastada diz sobre alguns passeios incomuns Busco na irrealidade Algo que pareça comum, Tremendamente simples Tento encontrar a semelhança Um pássaro voa Depois pousa no fio de energia, Uma coruja observa em cima do muro Um estalo estoura o momento Um garoto passa rindo, O bodoque voa longe... A lógica de uma criança? Não entenda!

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PRESERVATIVO Não me assombre Não me passe esse susto Sim! Eu vacilei Ao abrir mão da minha certeza Eu errei Em confiar apenas no outro, Por favor... Pare! Não me faça medo Sou jovem demais pra ser pai. QUE POESIA Um homem pedala na rua, Na sua garupa um caixote onde carregava um animal Sua mão volta-se para trás E acaricia O cachorrinho Palavras não explicarão o momento, A inocência e pureza de um relato infantil Não terão doce Aos olhos e comentários de um imbecil. REALIZAÇÕES ESQUECIDAS Eu disse que a luz vermelha no alto da torre era o planeta de marte Eu disse que a vida deve acontecer como os sonhos Falei que a coragem deve existir E embora o MAS queira participar da rima desse poema Insisto que tudo o que disse Continua sendo verdade Desde que você acredite.

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RESPIRAMOS E MORREMOS Somos artistas Não temos controle Não temos rédeas Somos sem aviso Sem manual Sem regra Somos ideológicos Utópicos Crentes e descrentes Somos seres indizíveis, Sem rótulos, Secos, práticos Iludidos, esperançosos Dilacerados, reconstruídos Desmedidos Vivenciadores da arte Criadores, criaturas Pais e filhos Filhos e pais Somos artistas Vivemos da arte Fazemos arte Respiramos e morremos Arte!

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RETÓRICA INCORROMPÍVEL Buscando solução Perpasso em todos meus momentos As deduções já moravam em minha mente, A mente contrariava meu coração Poucas palavras explicam minha angústia Pouca angústia surpreende minha emoção, Meus olhos travados, intactos Celebram a dureza da minha decisão Decidido! Nem um tiro me faz mudar de idéia Indeciso Não para na minha certeza Meu sonho intocável A casca dura de minhas palavras, A impenetritude de uma reação Buscando me convencer do contrário Não! Não! Não mudo de idéia Sonho é sonho Este nasceu antes de ti Cabe a mim Celebrar minha ficção... fixação. RITUAL ERRÔNEO Primeiro, o costume Depois, o hábito Posteriormente, ação Em seguida, novamente Em seguida, o recomeço Posteriormente, outra vez Depois, conformados Segundo, um erro.

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SAÚDE Não se sabe Se sente sempre que o contrário ameaça um estado natural Se percebe quando vai mal Dá valor quando está mal Enxerga quando vai mal Quando está tudo normal Pouco se fala Pouco se agradece Tampouco se entende Uma cama, Um remédio, Um copo d’água, Uma coberta Estar de pé Respirando calmamente, Uma cabeça sem dor A disposição do novo dia Repleto de energia Tomado de calor, Vigorosamente se espera o amanhã Quando tudo vai bem Não há nada melhor. SE SENTIR ESPECIAL Hoje meu coração foi tocado de uma forma dócil Me senti honestamente presenteado, Vi o valor de uma amizade Não pelo preço do presente Mas pela magia da sinceridade Pelo gesto de recordação Meu amigo Obrigado!

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SOZINHO E ATOA Mistérios sopram meu coração Não perco mais tempo como antes Agora o tempo começa a me sobrar As férias se tornaram longas demais Me acostumei a trabalhar Ironia não? Logo eu que quero sombra e água fresca... Acontece, Que todos estão trabalhando Então não tem ninguém pra dividir a sombra. TODO MOMENTO A hora poderia ser gasta de outra forma Agora Essas olheiras Farão parte do próximo dia A hora poderia ter sido diferente, A disciplina poderia ter se instaurado Agora agora. TOTALMENTE NU Não estou sentindo nada Antes eu tivesse chegado à nirvana Às filosofias budistas Ao tantra e um tanto de ioga Pareço perdido no relógio Trabalho assinando alguns papéis Visto uma calça dinz (que não é jeans porque sou brasileiro), Calço meu sapato Uma camisa simples E o terno eu jogo em cima dos ombros Fecho os olhos Respiro fundo Perco as contas de quantas vezes me perdi.

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VOZES Queria ler cada verso E me sentir dentro dele, São algumas horas da manhã E tudo que eu tenho É um copo de conhaque ao alcance de minha mãos O sono me surrupiou a tarde para a insônia da noite, Fico ouvindo solos de guitarra Vou me condenando a cada copo Quantas poesias, Enquanto as poesias Satisfazem meus per passos mentais Vou brindando a loucura Desperdiçada no vício Que pouco-a-pouco me consome Eu poderia, Poderia usar da arte Minha válvula de escape Não camuflada Tampouco escondida Apenas... Desencontrada.

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Capítulo 4 AGRIMÔNIAS

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A FONTE DA NOITE Ossos cansados Olhos arregalados Estátuas de anjos Imagens estranhas Pensamento lento Calor escaldante Frio que se desfaz Num suor interrompido Gelando o coração, Gelo meus dedos, Um ataque cardíaco Uma poesia mal feita. A FUGA Embaraçados momentos de refugo, Conversa fiada Valores escrúpulos Observo, Observo, Observo Você... Não és justa, Não és um sonho Mas foste o fora que embaraçou Em momentos cretinos, Pare! Veja: Você não é mais a mesma, Não és a mesma heroína E de tudo... Resta-me apenas o pó Das poeiras dos móveis Do cheiro absurdo / delirante Disfarçadamente... poético Patético... Explanado Pairado, Parado... Por favor, Vá embora Antes que eu atire meus olhos n’água.

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A MÁGICA DE UM ATOR Eu poderia dizer Que estou amando o universo, Eu deveria falar Que a vida é linda E que eu só vejo flores Que sim Que a vida é um mar de rosas Que as coisas são belas E que tudo pertence aos amores verdadeiros Eu tinha de escrever Que o mundo é justo, O céu é o limite E as estações são todas como primavera Posso dizer palavras lindas Te fazer frases eternas Celebrar tua alegria E brindar suas conquistas É verdade... Seria melhor assim Mas descobri Que não sou vendedor de ilusões Portanto Fique com a realidade de alguns versos E sinta de verdade O corte doloroso da perda. ÁCIDO Daqui sai tanta coisa, Momentos de pura adrenalina, Desfaceto o peso da palavra Desminto o mito da mentira Desmonto o D Falo o que quero Enquanto você lê o que não deve.

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ANACROGIA Duas vidas... Em uma só Vislumbro uma realidade oculta, Morro por um ideal futerno De manhã estou contente À noite, contrariado, desgastado... transbordante Uma luz acessa é minha companhia Uma luz sozinha é solitária Um apartamento é apertado, Um apartamento é um doce lar Talvez Se quem o habita for realmente dócil. Mas até a mais sóbrio, doce e dócil E a mais frugal das criaturas Se caem num veneno diário, Impercebido, não perceptível Aos olhos do cotidiano Acomodado, inalterado... Envergonhada desvergonha, Fraqueza insolente Um animal domesticado, Uma alma sem sentido, Uma vida descartada, Um sonho comedido Um sonho... Que luta para ser sonho Numa realidade anacrônica.

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ARLOUCO OCUOLAR Fica por aqui uma tragédia encenada: Minha costela rompe com o corpo Dores doem no osso Uma curvatura curva a coluna Eu que não sou biólogo E nem entendo nada de medicina Atropelo a lógica E fraturo o pescoço Revolto! Revolto! Revólver! Porém, revolvo ao pensamento Meu córtex cerebral Bate as placas em circuitos acelerados Se não fosse artista Seria um louco varrido Acontece Que ambos não são tão diferentes, Pelo menos Para os ideológicos Defensores Do ainda inexistente.

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ATRASADO Paralisado por conversas chatas Porque estas não me agradam por seu assunto fútil Documento doses de paraplexia verbal Não quero te ouvir, Não quero falar, Não! Não tente, Meu momento é só... Só meu Não perturbe meu espaço Não se faça em palavras Agora você me dá repulsa Não posso, Não posso, Não mais Adoeci em meus erros, Me envenenei com o coração Me perdi no silêncio Me vendi sem saber E bacalmente desencontro meu centro Estou fora de ajustes, Incorporei sua loucura... Não me interessa Mas agora, Não sou mais o passado, Não mais equilíbrio... No momento, nesse ato Me despido com palavras tortas E despeço com um simples: Já vai tarde!

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AUTO-RESPOSTA A felicidade é controvérsia Muita gente me fala da tristeza de alguns trechos poéticos, Acho que as pessoas se acostumaram com Alice no país das maravilhas Veja Eu não tenho sentido, Um pensamento Fiz virar poesia Só porque escrevo em forma de versos Mas agora... A alegria Deve morar no coração Não em poemas de comércio. BANALIDADES BANAIS BUCÓLICAS O tempo? Nos mostra A ânsia Precipitada De algo Pertencente A um pensamento ... Inconseqüente Imaturo ou não. Porém Na busca Desesperada Pela vontade Que permeia No cérebro De um cidadão Em busca Do sucesso.

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BISCOITO DE POLVILHO Tentativas teóricas demais Zangam minha adrenalina Desfazem minha ação Refazem meu lamento injuriado A compreensão, Há... a compreensão... Porque és tão passível? Sem limites o mundo não gira, Sem parâmetros Tanto faz, tanto fez. CIDADÃO DE ENFEITE Consegui me distrair por uns instantes Vi crianças brincando de power rangers, Agora que eu troquei a noite pelo dia Essas viagens são cada vez mais constantes O papagaio da vizinha fala demais A cerca elétrica de mentira nunca me enganou, Depois de dez mil voltz Parei de não me enganar Sento na cadeira giratória E fico rodando pela sala Até que chega a empregada E cochicha dizendo que eu to doido Ora! Ora! Não se pode ter 10 anos depois de 20? Só porque eu tenho 30 Não tenho de ser alienado como muitos bilhões? Procuro por novos instantes Uma menina brinca de carrinho Um garoto de casinha A infância foi roubada de nossas crianças Tive que viver mais 20 anos pra entender isso, Aos 50... Ainda não aposentei Tive que morrer mais velho Pra entender o preço da existência.

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DIALOGANTE Cuidado! Eu não gosto de ler poesias que não me tocam, Por que deveria achar que você gosta? Melhor... Não tenho o hábito de ler poesia que trombam com minha peneira, Por que deveria tentar fazer com que você goste? Sei lá... Sou o tipo de escritor reciclável, Eu ia dizer descartável Porque você deve me esquecer depois de ler Sim! Para que guardar versos cujos construo e desconstruo? Pra que procurar... O que procurar? Se não há nada de novo Por que insisto em criar? Malditas filosofias propagadas massivamente, Na intenção de formar forminhas Que buscam por coerência e coesão invertida. Hun... Han (sopro pelo nariz). DISPAROS Param o meu coração. Parado! Nem toda rima chata deve ser preservada Desculpa? Não! Poemas não são diálogos em ação O que foi? Nada! Esquece... Preocupe-se Com sua vida Normal.

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EM OUTRAS MÃOS Se não quiser se machucar Fique longe do meu coração Porque o seu amor é meu E meu sentimento é de ninguém Se quiser se defender Não esqueça a razão Porque sua paixão é minha E meu desejo é de ninguém Se quiser me esquecer Não me ligue mais, Se quiser me entender Fique distante dos meus olhos Se quiser me conquistar Espere eu querer Pois meu coração é como espinho de ouriço Forte Mas quando fora de controle Despedaçado em outro corpo. ESPINHOS DE UM HOMEM Espírito tosco Se é que há espíritos toscos Nossa! No momento me sinto na fossa Quero voltar para dentro do vaso Contrariar a lógica E voltar Para dentro de teu peito.

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EVASIVO Agora EU tenho que desafogar Detesto que roubem MINHA atenção sem MINHA permissão MEU tempo é MEU Como se diz a palavra que EU queria saber? Qual seu nome atribuído pela gramática? ... Que nada! Usaria deste artifício Apenas pra rimar um verso evasivo Que se extrapole diante MINHA liberdade solitária Queria escrever Já ESTOU escrevendo, Então desejo romper com este veneno Colocado apenas para completar o verbo. HIPOTÉTICA Porções emblemáticas Curvaturas fora de grau Críticas abafadas Barulho desnorteador Frio... Inadequado, Sentido... Contrário Brinco De ouro ou de brincadeira? Bicho Desconstruído Da racionalidade.

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IMORTAL Contra tudo e contra todos? Não! Contra si mesmo. Aliás, Nada demais Apenas um colapso de palavras De um mundo... evasivo Compulsivo, Distraído ... ... ... Comum, Apenas... Igual. Que cólera! Que falta de assunto! Que morte! MEDONHO Vou acabar me condenando Minha descrença Fez com que eu chegasse até aqui No inferno de mim mesmo, Na psicopatia do medo HEI VOCÊ QUE ESTÁ LENDO Não repare Meu mundo versadamente imaginário é diferente da realidade, Se eu te faço sonhar Por que não posso mostrar os pesadelos?

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O PENETRA Um metro quadrado 3x4 Suspiros profundos Barulhos chatos Pensamento contínuo Barbaridade errônea Pálpebras Violão Ventilador Sapatos Vento Carteira Cadeira Som! Lua minguante Coração estraçalhado ... Queria voltar o tempo Seria injusto com uns Benéfico para meu ego ... As faces se desmancham Em meio às tempestades de areia Reações Perigo adverso ... Sinceridade escapada É uma mentira inversa Há! Adeus Adeus mundo cego disfarçado por nós mesmos.

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PARTANTESTI Pouco a pouco derreto minha raiva Eu esperava Acreditava ... Imaginei demais Fui ao excesso Cheguei ao extremo Agora é o fundo O fundo do poço. PORTA FECHADA Obrigado por me ouvir quando eu mais preciso, Obrigado por não atropelar as palavras E entender tudo o que eu queria explicar, Tudo que eu queria dizer. Obrigado por me compreender, Por me ouvir com toda atenção sem interromper sequer um segundo Momentos assim me fazem sentir compreendido, Sua audição é excelente, Em todos os momentos eu consigo me expressar... Você me entende tanto Que eu nem preciso procurar por brechas e implorar por seu ouvido, Por sua presença, por sua capacidade de conseguir me deixar a vontade Mais uma vez fico totalmente leve... aliviado, Assegurado, confortável... satisfeito,,, tranquilo. Sua excelência em instigar o assunto é tão grande Que você sequer desvia o foco e com isso Pede sempre pra que eu fale mais, Procurando desvendar o que estou sentindo Você me fascina Por não introduzir nenhum outro assunto, Por não falar nada que não tenha haver com o que quero lhe dizer. Você... Simplesmente, Nem entenderá o tom deste discurso.

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RIQUEZA ESTÚPIDA Hoje não, Não sei o que acontece Um estado incompreensível Um peso em minhas costas Um fardo em minha mente Um arcabouço entorpecente Esperava você aqui Dentro de mim... Te encontrei – lhe destruí Me encontrou – me destruiu A insistência nem sempre é virtuosa, Aliás, Chega muitas vezes ao cúmulo da estupidez E como bom estúpido que sou Vou brindar momentos pálidos E sorrir depois do discernimento Tudo isso Para justificar Uma falsa sabedoria Fruto da desculpa ininterrupta Vedada por olhares intrometidos NÃO Não...não...não... não Ham! Acho que simulei a descompostura De um estado...Perfurantemente pobre.

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SAL Sou um cara realista E da vida eu sou o sal, Subjetivo Sou surfista Eu sou normal Inventor de coisas bregas Guardião do que se tornou banal É que o mundo ta virado E minhas palavras são em vão Atoa Não quero mais pensar no que as pessoas não dizem Ou que deixaram de falar. VERSOS FÚTEIS Minhas pálpebras nunca mais fecharam do mesmo jeito, Uma música romântica soa ao meu ouvido Neste momento quebro a janela com um soco fatal, Fatal para a imagem que ela refletia Não sei o que acontece Estou estupidamente louco, Cheguei a um estado irreversível Construí abismos, Cultivei ervas daninhas E me empolo com a falsa amizade Atiro contra meus pensamentos É que ando perdido E uma nuvem cinza passeia em meus olhos Minha cara encenadamente carrancuda, Que nada combina comigo Carrega a negatividade desse instante Discursos positivistas eu os jogo no lixo, Meu mundo mental Sempre foi bem diferente disso Me ataco calmamente aos nervos, Procuro psicoterapia Não encontro respostas suficientes Debruço sobre um copo de conhaque, Simbologia de meus versos fúteis, fúnebres... errados!!!

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Capítulo 5 ORQUIDÁRIO

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IN DECIFRÁVEL No claro, me faço escuro No escuro, me faço claro É que gosto de ser ao contrário Que ao igual de uma totalidade tão normal Buscando palavras diferentes Me encontro... Em mim mesmo, indiferente ... A toda uma teoria Me resta apenas versos encruzilhados Depois sou interrogado E invento sentido Para o que não compreendia Deixo a ti uma mensagem, Confusa, embaralhada Perdida em palavras, Montada em estrofes, Montada a cavalo E de certo modo agalopada A galope fecho a folha e dobro o caderno. Adoro o que não faz sentido Inicialmente pela razão Versos... poemas escondidos, Não se traduzem com o cérebro Mas se entende com o coração. LUAR A lua da janela Não é mesma que a lua da roça, A lua da cidade grande Não é a mesma que a da janela O andar pacato Não é o mesmo que o andar semi-apressado O andar depressa Se desespera ao olhar pro lado A velocidade do tempo Não é igual em cada canto, A preocupação com o tempo É diferente em cada olhar pra lua.

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POEMA SEM RIMA Pensei em criar um poema que não fosse poesia, Queria fazer alguns versos Que não comportassem rima Imaginei algo inacabado, Busquei frases sem sentido, Desconstruí uma estrutura... Mas só em pensamento. Não me importo com o vento É que as vezes Não consigo não rimar meu vício... Incontrolável... escrito Rimativo; Que me surpreende, que me faz ausente e me deixa presente Que se tange propositalmente Entre a confusão da ficção aliada a realidade Vivida ou não Percebida ou não Imaginada ou não Parafraseada ou não... Simplesmente... Não entenda... É na loucura que encontrarás respostas, No não explícito e implícito Vagará apenas uma enorme interrogação.

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A FÓRMULA Certo dia Você me disse que nunca se esqueceria daquele momento ... Acontece Que quem nunca esqueceu fui eu Sua voz Ficou gravada na minha inconsciência Seu olhar Ficou fotografado na minha lembrança Seu jeito Está guardado no meu pensamento ... Outro dia te encontrei, Você não parecia mais a mesma. Os anos passaram... muita coisa mudou E eu Não sou mais o mesmo Mas Não esqueço do seu beijo Que existiu apenas na ficção destas palavras Se você se lembra eu não sei Ainda tento entender A fórmula mágica para que eu possa fazer Com que eu seja sempre lembrado Se eu a tivesse... A fórmula, Usaria-a neste instante Fazendo você se lembrar para sempre De um momento que lhe fiz guardar.

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OLHOS DE VIDRO Olhei pra trás Olhei pra ver se olhas... Olhei pra frente Olhei pra não me esquecer o que foi do passado Olhei de novo, Sonhei mais uma vez, Pensei numa lembrança Sonhei mais uma vez Eu vi teus olhos Vi seu corpo... Vi sua boca Senti seu desejo Desejei o que senti. PARA VOCÊ Olhando teus olhos de perto Meu coração parece parar Na sua boca desenhada pelo meu desejo No seu sorriso tão belo que eu vejo Ao meu lado me fazes feliz, Quando longe mora em minha lembrança Quando perto mora no meu peito Abraçada pelo meu afeto Desconcertada por minha paixão Tocada pelo amor que nos envolve Vivendo pela vida que nos constrói.

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CAMINHO DE VOLTA Me assustei com a própria sombra A coruja pousou no meu ombro... Mentira. A lua se esconde atrás da árvore, O bêbado com a garrafa, Dois jovens e uma estrada, Uma dessas é a contramão A outra é a própria sombra A luz do poste apagada O reflexo de um farol, A luz do freio acende O carro pára logo a frente Uma rua sem saída Um retorno sem sinal Um lampião incandescente, Uma lanterna de longo alcance O escuro abre espaço Mas para em frente a porta... Lá fora é tudo frio Aqui dentro é parado Observo o barulho E ouço o relógio... andando Nos passos do meu passo, Volto ao inicio sem começo E saio outra vez.

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ESCOLA Primeiro Grau: Como posso compreender o mundo? Nunca saí daqui. Olhar pela janela não é o bastante. Se, só vejo televisão Terei uma visão de outro visor E não da minha própria lente. Segundo Grau: Uma leitura que pensa ser crítica E as vezes é crítica sem querer, por querer Como posso compreender o mundo Se me dão respostas prontas, Se abafam minha imaginação Se conduzem um teor de criatividade Por um túnel... Reto, escuro e invisível. Terceiro Grau: Eles acham que são livres, Chegam aqui com o ar de quem conquistou o mundo. Alguns se deparam com uma parede Outros se trancam na intelectualidade... Poucos se rebelam E alguém Vive ou morre No fim... Nada é mais que uma forma.

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FIM DE INFÂNCIA Tenho saudade daquele tempo de escola, De esperar o tempo voar levando o final de semana Para que eu pudesse encontrar A garota por quem estava apaixonado O mais legal É que a cada semana a paixão era diferente O mais fulgás dos sentimentos A mais forte das batidas O acelerar do coração se perdia e disparava Por um olhar trocado Por um sorriso sincero Pela volta pra casa Pelo andar do lado Pela inocência Pelo verdadeiro Pela pureza Pelo sentimento Por todo sentimento... Incompreendido e aprendido Guardado Vivido Lembrado. FRASE FINAL Daqui sai tudo que esqueci Quase que me enriqueci Por pouco não perdi Fundo, vasto... Curto, suficiente Raso, pouco... Longo, pequeno Bolso de jaqueta. OUVIDOS QUE NÃO OUVEM É claro que a escuridão perturba É perturbante a repetição cansada Que cansa de tanto se repetir Repetir com as mesmas palavras, Palavras desperdiçadas desperdiçando o tempo Na invisibilidade de uma ocasião Retrocedida de um retrocesso interno Que se externa em expressões perdidas pela incompreensão.

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REFLEXOS Sua sombra andando na parede Seu contorno desenhando uma miragem, Andares flutuando no pensamento Distorcendo realidades ficcionais Uma imagem perturbante desigual A ansiedade e vontade de explodir, A ansiedade e vontade de partir A raiva partida em fragmentos Fragmentando a emoção Que ainda crê no coração Querência de verdade Verdade deduzível, Medo... Coragem, Vida... Imensidão. SERES QUAISQUER Se não fosse as coisas fixas da vida Você viveria de frações imaginárias Passadas por um olhar Encobertas por um desejo Se não fosse o compromisso Você viveria na prostituição de sentimentos Desperdiçados pela chance Que passou em suas mãos Se não fosse a vida bem vivida Você não viveria como deveria Entregando-se as intuições, Vivendo de emoções Pensando no anseio De querer, conquistar, ter Enaltecer e enjoar Se não fosse o magnetismo do tempo Sob nossa limitada consciência Não seriamos... Humanos.

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TARDES DE DOMINGO A famosa lombeira depois do almoço A instantânea preguiça após o meio-dia O sono disfarçado e uma cama estendida Sonhos de cochilo, Calor de verão, Sobremesa sobre a mesa, Panelas no fogão Acordar interrogado Assustado com a hora Amanhã é outro dia Amanhã é outra história. CISOCIEDADE A infância acabou A adolescência em transição Mais um homem se dobrando a civilização As brincadeiras já passaram A curtição já terminou O peso das responsabilidades Batem nas costas Pesando nos ombros do carregador Os sonhos foram deixados A necessidade se apossou O reflexo, faz de todos, os mesmos Agora... É hora de pensar Refazer tudo que foi imaginado E já era esperado pelo imã da sociedade A beleza foi apagada O entusiasmo sufocado A vontade reprimida E a vida... Se impôs Para quem não soube Se impor à vida.

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CONVERSA Tem hora que enche o saco Tem hora que eu não agüento Uma voz latejante, repetitiva, incessante Ahh!!! Salve o silêncio Por favor Vamos ouvir o silêncio, Prestar atenção no pensamento Esquecer o Oba-Oba e os desfirulamentos Espera um pouco Contente-se com o presente Não tenha necessidade de gritar aos quatro ventos De repetir novamente E de novamente se intrometer no meu silêncio Salve... Me salve Não agüento mais... Conversa. CORAÇÃO INTERROGADO Em momentos De delírios desconcertantes De palavras que me matam De uma voz que me provoca De gritos que não se calam De histerias que não acabam De derrotas inconstantes e constantes Volto a um momento que não me agrada Que não me comporta Que eu não aceito Que me incomoda No fim A vida está distante Os olhos sem brilho E o coração... Cansado de bater em vão.

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ESCRAVOS DA TECNOLOGIA A exposição da vida Numa vida virtual Que ridicularidade é essa, Passei em frente a uma lan house E vi diversas pessoas Uma ao lado da outra, Todas conectadas A mesma página de relacionamento ... Que coisa é essa? POETA CONSCIENTE Escreve com a leveza E o peso de uma caneta, Transcreve fatos cotidianos Vivenciados, imaginados, intercalados No silêncio de um pensamento No suspiro de uma voz Na vibração de um grito No desespero da atenção Na dúvida do amor Na certeza da morte Na verdade da vida Na desistência da verdade, No soluço da compreensão Na tristeza do cansaço No cansaço da destruição No brilho... do sol... na chuva Do dia seguinte, De uma esperança mínima como uma ponta de agulha Que se enfia no coração.

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SERPENTE Um animal domesticado Uma voz astuta Um pedido de carinho Um olhar incompreendido Que ser é esse que não sabe ser? Se acha dono de tudo Senhor da razão, Constrói e desconstrói o mundo Em busca da sua imensidão Uma interrogação... Um duplo momento, Uma dupla identidade, Duas vidas Porque os sonhos se dividem com a realidade Um entroncamento Entre o cérebro e o coração, Uma bifurcação Entre o objeto, objetivo e abstrato... Fruto da imaginação Árvore do implantado.

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TEMPO Não quero relógio Amanhã quero acordar bem tarde, Quero que o vento me acorde Com sua doce brisa pela janela Não quero ter hora Amanhã quero esquecer que é domingo E esquecer que o domingo Só entrou aqui para fazer sentido Sentido nesses versos De rimas desordenadas De desordens aleatórias De sentimentos intercalados. Não me importa, Quero apenas o prazer da escrita, Posteriormente uma leitura crítica Em versos, estrofes e refrões Só quero saber que não vou acordar cedo, Não quero tempo para o tempo, Quero ser meu próprio analógico Dormir... talvez acordar Fugir... talvez enfrentar, Morrer para viver... Aficcionar-me como os grandes autores Aguardar a vida E o tempo do relógio.

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Espero que tenha interrogado seu jardim...

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Tiago Henrique Rezende Fonseca. CONTATO - [email protected]

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