BrunoMelo.TCC

13
1 BRUNO HENRIQUE CARNEIRO DE MENDONÇA MELO EFEITO AGUDO DO ALONGAMENTO ESTÁTICO NO TESTE DE 1 RM RELATIVO EM HOMENS E MULHERES TREINADOS E SAUDÁVEIS. Resumo O alongamento realizado antes de um treinamento de força é um assunto ainda muito discutido na literatura, sobre suas reais atribuições, benefícios e malefícios. O objetivo do presente estudo foi verificar, qual é o efeito do alongamento estático realizado antes de um teste de 1 Repetição máxima (RM relativo) em homens e mulheres. Os dados foram coletados na academia Body Factory, localizada em Taguatinga DF. A amostra foi composta por 20 indivíduos, sendo 10 homens que compõem o G1, e 10 mulheres, que são integrantes do G2. A idade media é de 24,3 ± 2,83 anos no grupo dos homens, já no grupo das mulheres a idade média foi 23,4 ± 3,37 anos. Ambos os grupos realizaram dois testes: um com aquecimento geral, sem alongamento estático (S.A) e outro com aquecimento geral com alongamento estático (C.A). Para análise e comparação dos resultados foi realizado um teste t independente bicaudal, adotou-se o nível de significância de p<0,05. Os dados coletados apresentaram normalidade, segundo os testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene. Os resultados obtidos são discrepantes, quanto à literatura estudada. Onde se obteve os valores de p=0,06 para os homens, e p=0,04 para as mulheres, o que evidencia que o efeito mostrou-se indiferente para o grupo dos homens (G1) e ao contrario, as mulheres (G2) mostraram um efeito ruinoso nos níveis de força. Concluiu-se que em homens o alongamento estático realizado antes do teste de 1 repetição máxima não teve quaisquer efeitos com significância estatística. Já em mulheres, foi demonstrado, segundo a análise estatística, que houve uma perda considerável nos graus de força. Palavras chaves: Alongamento estático. 1RM. Força muscular. Introdução Atualmente existem poucas pesquisas envolvendo o alongamento e suas reais atribuições a respeito de sua contribuição para a prática de atividade física (SIMÃO, R. et al. 2003). O alongamento muitas vezes é mal utilizado pelos praticantes ou mal instruído pelos educadores físicos e fisioterapeutas. Isso contribui, mesmo que involuntariamente, para uma valorização dos mitos sobre a utilização correta desse instrumento. (RIBEIRO, 2008). Alongamento pode ser referido como exercício que envolve a aplicação de uma força para superar a resistência do tecido conjuntivo sobre a articulação e tem como consequência aumento do movimento articular. (CONDON & HUTTON, 1987). A natureza visco elástica da unidade músculo-tendínea sugere que o alongamento deverá resultar em maior flexibilidade de uma articulação (TAYLOR et. al. 1990). DANTAS (2005) sugere que, o alongamento seja uma forma de trabalho que visa à manutenção nos níveis de flexibilidade obtidos, e na realização dos movimentos de amplitude normal com o mínimo de restrição articular.

Transcript of BrunoMelo.TCC

Page 1: BrunoMelo.TCC

1

BRUNO HENRIQUE CARNEIRO DE MENDONÇA MELO

EFEITO AGUDO DO ALONGAMENTO ESTÁTICO NO TESTE DE 1 RM

RELATIVO EM HOMENS E MULHERES TREINADOS E SAUDÁVEIS.

Resumo

O alongamento realizado antes de um treinamento de força é um assunto ainda muito

discutido na literatura, sobre suas reais atribuições, benefícios e malefícios. O objetivo

do presente estudo foi verificar, qual é o efeito do alongamento estático realizado antes

de um teste de 1 Repetição máxima (RM relativo) em homens e mulheres. Os dados

foram coletados na academia Body Factory, localizada em Taguatinga – DF. A amostra

foi composta por 20 indivíduos, sendo 10 homens que compõem o G1, e 10 mulheres,

que são integrantes do G2. A idade media é de 24,3 ± 2,83 anos no grupo dos homens,

já no grupo das mulheres a idade média foi 23,4 ± 3,37 anos. Ambos os grupos

realizaram dois testes: um com aquecimento geral, sem alongamento estático (S.A) e

outro com aquecimento geral com alongamento estático (C.A). Para análise e

comparação dos resultados foi realizado um teste t independente bicaudal, adotou-se o

nível de significância de p<0,05. Os dados coletados apresentaram normalidade,

segundo os testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene. Os resultados obtidos são

discrepantes, quanto à literatura estudada. Onde se obteve os valores de p=0,06 para os

homens, e p=0,04 para as mulheres, o que evidencia que o efeito mostrou-se indiferente

para o grupo dos homens (G1) e ao contrario, as mulheres (G2) mostraram um efeito

ruinoso nos níveis de força. Concluiu-se que em homens o alongamento estático

realizado antes do teste de 1 repetição máxima não teve quaisquer efeitos com

significância estatística. Já em mulheres, foi demonstrado, segundo a análise estatística,

que houve uma perda considerável nos graus de força.

Palavras chaves: Alongamento estático. 1RM. Força muscular.

Introdução

Atualmente existem poucas pesquisas envolvendo o alongamento e suas reais

atribuições a respeito de sua contribuição para a prática de atividade física (SIMÃO, R.

et al. 2003).

O alongamento muitas vezes é mal utilizado pelos praticantes ou mal instruído

pelos educadores físicos e fisioterapeutas. Isso contribui, mesmo que involuntariamente,

para uma valorização dos mitos sobre a utilização correta desse instrumento.

(RIBEIRO, 2008).

Alongamento pode ser referido como exercício que envolve a aplicação de uma

força para superar a resistência do tecido conjuntivo sobre a articulação e tem como

consequência aumento do movimento articular. (CONDON & HUTTON, 1987). A

natureza visco elástica da unidade músculo-tendínea sugere que o alongamento deverá

resultar em maior flexibilidade de uma articulação (TAYLOR et. al. 1990).

DANTAS (2005) sugere que, o alongamento seja uma forma de trabalho que

visa à manutenção nos níveis de flexibilidade obtidos, e na realização dos movimentos

de amplitude normal com o mínimo de restrição articular.

Page 2: BrunoMelo.TCC

2

Há quatro tipos de alongamento segundo ACHOUR (1996): estático, passivo,

ativo e balístico. A ênfase do presente estudo é o alongamento estático: move-se o

membro lentamente, mantendo-se o segmento muscular determinado pela tensão

muscular logo acima da amplitude do movimento habitual.

A pratica de exercícios de alongamento é muito difundida entre atletas e pessoas

envolvidas em atividade física. Estes exercícios têm sido tradicionalmente

recomendados como parte integrante da sessão de aquecimento que antecede treinos de

força. Algumas de suas melhoras comprovadas por estudiosos podem ser citadas como:

Aumento na amplitude dos movimentos, a diminuição no risco de lesões em

articulações e músculos, além da melhora no desempenho. (GARRET, 1990;

SHELLOCK, PRENTICE, 1985). Para (ALTER, 1999; BROOKS, 2000) alongar o

músculo é uma maneira de se treinar a flexibilidade, através de exercícios que previnem

lesões, ajudam no relaxamento muscular pós-treino, melhora a postura, dentre outros

efeitos benéficos.

Já foi demonstrado que o treinamento de flexibilidade pode melhorar o

desempenho nos exercícios de força envolvendo o alongamento (WILSON, 1992;

BARBANTI, 1998). É importante salientar um ponto, que seria a segurança do

indivíduo durante a execução de exercícios de força. Seguindo essa linha de

pensamento, seria aconselhável usar, inicialmente, a técnica de alongamento estático ou

uma ação de alongamento bastante lenta para aumentar a amplitude de movimento, e

depois, quando se tiver uma maior mobilidade, treinar de forma dinâmica (BARBANTI,

1996).

Mesmo sabendo dos benefícios do alongamento antes de qualquer atividade

física, o uso do alongamento imediatamente antes de sessões de exercícios de força

máxima ainda pode ser contestada por muitos autores (RAMOS, 2007).

Estudos que analisaram o efeito agudo do treinamento da flexibilidade no âmbito

esportivo mostraram que, há uma diminuição nos níveis de força máxima. Esses

achados sugerem que, antes de algumas atividades esportivas, não sejam realizadas

sessões de alongamento estático. (AVELA et al. 1999; FOWLES et al. 2000;

KOKKONEN et al. 1998; NELSON, KOKKONEN, 2001; WEIR et al. 2005).

Alguns estudos tentaram provar que o uso de alongamento poderia causar déficit

de força máxima em testes de 1 Repetição Máxima (RM). Uma possibilidade de que

isso tenha ocorrido é que o tempo de exposição da articulação e da musculatura a

alongamentos não tenha sido suficiente para provar que isso realmente possa acontecer

(TRICOLI, V. et al. 2002). Porém, isso nem sempre pode ser observado.

Em revisão crítica realizada por SHRIER (2004), constatou que em 32 estudos

que foram analisados, nenhum deles apontou que exercícios de alongamento eram

benéficos para atividades que exigissem: força, torque e ou saltos. Ou podem não

exercer influência significativa no rendimento físico (SIMÃO R, 2003).

Já o aquecimento para testes, como é o de 1RM, ainda é realizado sem muita

comprovação cientifica de como ele deve ser feito, pois há poucos estudos na literatura

que retratam seus reais benefícios. Usualmente, formas de aquecimento são aplicadas

Page 3: BrunoMelo.TCC

3

com a finalidade de aumento da freqüência cardíaca, o funcionamento mais ativo do

organismo como um todo, além de prevenir lesões (SIMÃO, R. 2003). Além, do

aumento da temperatura corporal, acelerando assim, as reações químicas (ROBERGS,

ROBERTS, 2002).

Porém, alguns autores falam sobre os benefícios da prática do aquecimento antes

do alongamento, ou de qualquer prática de atividade física. Para atingir o alongamento

de um músculo de maneira mais eficiente, a temperatura intramuscular deve elevar-se

antes que ele seja realizado. Quando um músculo está aquecido ele dá mais de si,

alonga-se mais, tem maior resistência a lesões e sua capacidade contrátil é maior

(CALVO J.B. 1998). O aquecimento otimiza o fluxo sanguíneo local e no início do

exercício o sistema aeróbio coopera com o metabolismo muscular. (MCARDLE, et al.

2003).

Observou-se em diferentes estudos, que há realmente uma grande divergência de

idéia acerca dos benefícios e ou malefícios causados pelo alongamento durante

realização de exercícios de força máxima, como é o teste de 1 repetição máxima. O teste

de 1RM é bastante usado, o protocolo sugere que seja feito o levantamento do máximo

peso em apenas um movimento completo, a fim de medir a força em um grupamento

muscular especifico (BAECHLE, EARLE, 2001). Esse teste é comumente utilizado

pela sua alta acessibilidade e facilidade de se mensurar os resultados.

Um dado importante para análise dos dados que vamos estudar é o intervalo de

descanso, que em treinamento de força máxima, como será o teste de RM, é de 3 a 5

minutos. (BOMPA, T. et. al 2004).

FOWLES et al (2000) utilizaram em alguns estudos como sendo alongamento

estático aqueles exercícios que tenham pelo menos 3 series de 15 segundos de

alongamento para cada grupamento muscular.

Há vários tipos de força segundo a literatura, algumas delas são estática,

dinâmica, explosiva, dentre outras. A Força dinâmica, que será o foco principal deste

presente estudo é dada como: atividade física com movimento articular aparente. Ela é

subdividida (DANTAS, 1995) em dois pequenos grupos: força absoluta (valor máximo

de força que pode ser feito em um movimento) e força relativa (que seria o coeficiente

entre a força absoluta e o peso corporal do individuo).

Com isso, o presente estudo tem como objetivo, verificar a carga máxima

relativa no teste de 1RM após aplicação de aquecimento geral e alongamento estático,

em homens e mulheres treinados e saudáveis. Os resultados serão comparados,

separadamente, por gênero.

Materiais e Métodos

Amostra

Foram selecionados 10 homens (G1) e 10 mulheres (G2), todos alunos da

academia Body Factory, unidade Taguatinga. A idade média de 24,3 ± 2,83 no grupo

dos homens, já no grupo das mulheres a idade média foi 23,4 ± 3,37. Os grupos (G1 e

G2) fizeram dois testes: um com aquecimento geral, sem alongamento estático (S.A) e

outro com aquecimento geral com alongamento estático (C.A). O valor encontrado será

Page 4: BrunoMelo.TCC

4

sempre dado como coeficiente relativo do teste de RM. Todos são indivíduos treinados,

ou seja, praticantes de musculação há pelo menos seis meses ininterruptos com

freqüência igual ou superior a três sessões semanais de treino. Todos são indivíduos

saudáveis e aptos aos testes. Os envolvidos na pesquisa tiveram uma participação

voluntaria, responderam negativamente aos itens de questionário PARQ (Anexo 1) e

assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 2).

Em um período prévio aos inicio dos testes foi feita uma aferição da massa

corporal (kg) dos indivíduos. Os homens tiveram massa corporal com média 78,5 ±

6,65(Kg), no grupo das mulheres obteve-se uma massa média de 64,05 ± 4,91 (Kg).

Procedimento

Seguiu-se o protocolo usado nos mesmos estudos de SIMÃO, R. et al. (2003).

Onde o exercício selecionado para o teste de 1RM para a comparação dos grupos foi o

supino horizontal. Objetivando reduzir a margem de erro no teste de 1RM, foram

adotadas as seguintes estratégias: a) instruções padronizadas foram oferecidas antes do

teste, de modo que o avaliado estava ciente de toda a rotina que envolvia a coleta de

dados; b) o avaliado foi instruído sobre a técnica de execução do exercício; c) o

avaliador estava atento quanto à posição adotada pelo praticante no momento da

medida. Pequenas variações no posicionamento das articulações envolvidas no

momento poderiam acionar outros músculos envolvidos, levando a interpretações

errôneas dos escores obtidos; d) os pesos utilizados no estudo serão previamente

aferidos com a balança calibrada (Welmy modelo: R-110/2009 e=d=100g).

Para melhor discriminar a realização do exercício, foram obedecidas as seguintes

etapas de execução: posição inicial, fase concêntrica e fase excêntrica. A descrição

detalhada no exercício em cada fase é apresentada a seguir: a) Posição inicial - O

indivíduo em decúbito dorsal, com as articulações do quadril e joelhos flexionados,

membros inferiores paralelos e pés apoiados. O posicionamento das mãos na barra para

cada avaliado foi padronizado - quando realizasse a fase excêntrica, o ângulo de 90°

fosse formado entre braço e antebraço; b) Fase concêntrica - A partir da fase excêntrica

realizou-se a flexão horizontal dos ombros e a extensão completa dos cotovelos; c) Fase

excêntrica - A partir da posição inicial realizava-se a fase excêntrica da extensão dos

cotovelos e flexão horizontal de ombros até formar um ângulo de 90º entre braço e

antebraço.

Antes de começar o teste, os participantes realizaram um aquecimento geral, que

foi realizado em uma esteira ergométrica com velocidade aleatória (com uma

velocidade que seja considerada de leve a moderada), por 10 minutos e sem inclinação.

Só 1 minuto depois do aquecimento é que o teste teve inicio.

O peso inicial do teste foi selecionado de forma aleatória. Entre as tentativas de

1RM, adotaremos o intervalo de descanso entre as tentativas em cinco minutos. Quando

o avaliado não conseguir realizar o movimento completo de forma correta, ou ficou leve

para realizar apenas uma repetição, houve uma interrupção. Para elevação ou

diminuição das cargas, respectivamente.

Somente após um dia corrido os testes foram realizados com alongamento

estático. O protocolo a ser seguido para o alongamento é o seguinte: cada grupamento é

Page 5: BrunoMelo.TCC

5

submetido a um alongamento de três series de quinze segundos de duração. Com

intervalo de 1 minuto de relaxamento entre as series (FIGURAS 1, 2 e 3). Depois de

serem feitas as três series será acrescido mais 1 minuto para inicio do teste pós-

alongamento.

Importante salientar que os avaliados realizaram os testes durante o mesmo

horário nos dois dias de realização.

Figura 1 Figura 2 Figura 3

Fonte: ANDERSON, B. 1983.

A resistência a ser adotada foi a mesma que foi mensurada durante o teste

apenas com aquecimento geral, ou seja, sua ultima repetição válida. Caso a carga

estivesse mais leve ou mais pesada, haveria uma interrupção, e seria feita uma nova

tentativa após cinco minutos, como já foi citado anteriormente. Até que seja feito uma

repetição máxima completa, como é o objetivo do estudo.

É valido ressaltar que cada participante teve, no máximo, cinco tentativas para

obtenção das cargas referentes ao teste de 1RM. Se necessário mais que cinco

tentativas, o teste seria realizado em outro dia.

Análise estatística

Para análise e comparação dos resultados foi utilizado o programa SPSS

(PASW) 18.0 sendo efetuados os testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene, e a partir

dos resultados Teste T independente. Foi utilizada também uma estatística descritiva

para caracterização da amostra (média e desvio padrão). O nível de significância

estatística utilizado foi de (p < 0,05).

Resultados e Discussão

Os resultados dos estudos em relação ao efeito do alongamento no desempenho

de força são controversos. Isso ocorre, sobretudo, pela aplicação de diferentes

metodologias e métodos nos estudos. Diferentes maneiras de alongar, diferentes

números de repetições, diferentes comparações. Todos esses fatores contribuem para

não haver uma verdade absoluta quanto a esta análise.

O presente estudo busca verificar qual é o efeito do alongamento estático

realizado antes do teste de 1 repetição máxima, no supino reto, em homens e mulheres.

Page 6: BrunoMelo.TCC

6

Os benefícios da realização do alongamento durante qualquer atividade física

estão evidenciados em toda a literatura. Porém, é possível verificar que nem sempre o

alongamento estático tem efeito benéfico, como é o caso na execução de exercícios de

força máxima, onde há uma queda no rendimento.

Ao analisar os dados coletados, pode-se observar que o G1, formado por

homens, apresentou um p>0,05, o que mostra que não há uma diferença significativa

entre os grupos S.A e C.A, como mostra a tabela 1, a seguir.

Tabela 1 - Grupo dos homens (G1).

Teste de 1RM (G1) Coef. S.A Coef. C.A p-valor

Média

Desvio Padrão

1,18

0,12

1,10*

0,11

*0,06

Tabela 1 - *p=0,06 (Coef. S.A: coeficiente da massa corporal sobre a resistência levantada durante os

testes realizada com aquecimento geral, porém, sem alongamento estático. Coef. C.A.: coeficiente da

massa corporal sobre a resistência levantada durante os testes realizados com aquecimento geral somado à

prática do alongamento estático).

Ao contrário de que se observou em grande parte da literatura, o presente estudo

apresentou resultados opostos. Como podemos observar nos estudos de KOKKONEN et

al. (1998); TRICOLE e COSTA (2002), onde o rendimento foi baixo quando se

realizava alongamento estático pré teste de 1 RM.

Porém, BEHM et al. (2001), testaram o desempenho de força através de

contrações involuntárias após uma sessão de exercícios de alongamento e não

encontraram diminuições significantes no desempenho.

Um ponto que pode ser o diferencial para a realização dos testes sem o

decréscimo considerável de força, é o tempo de exposição da articulação e da

musculatura a um esforço (alongamento).

O grupo das mulheres (G2) apresentou uma significativa diferença quando

foram analisados. O valor encontrado foi p= 0,04. Comprovando assim, que há uma

diferença de força quando é realizado um RM sem alongamento e outro, posteriormente,

com alongamento. Como mostra a tabela 2.

ENDLICH et. al. (2009) observaram em seus estudos que a prática de

alongamento estático deve ser desencorajada quando, posteriormente, forem executados

exercícios que requeiram um nível alto de força máxima dinâmica. O que corrobora

com os achados do presente estudo, no grupo das mulheres, apenas.

Tabela 2 - Grupo das mulheres (G2).

Teste de 1RM Coef. S.A Coef. C.A p-valor

Média

Desvio Padrão

0,46

0,05

0,41*

0,07

*0,04

Tabela 2 -*p=0,04 (Coef. S.A: coeficiente da massa corporal sobre a resistência levantada durante os

testes realizada com aquecimento geral, porém, sem alongamento estático. Coef. C.A.: coeficiente da

massa corporal sobre a resistência levantada durante os testes realizados com aquecimento geral somado à

prática do alongamento estático).

Page 7: BrunoMelo.TCC

7

Recentes trabalhos de revisão têm mostrado tendência de efeito deletério do

alongamento agudo na geração de força muscular com conseqüente perda de

desempenho (HAFF, 2006; RUBINI, et al. 2007; SHIRER, 2004)

Outro ponto importante mencionado por TRICOLI e PAULO (2002) é que um

sistema músculo-tendão mais maleável passaria por um rápido período de encurtamento

com ausência de sobrecarga até que os componentes elásticos do sistema fossem

ajustados o suficiente para a transmissão de força. Isto colocaria os componentes

contráteis numa posição menos favorável em termos de produção de força. Isso talvez

seja um dos fatores que demonstraram significativa diferença nos valores estatísticos

para demonstrar os resultados obtidos no G2.

Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo principal verificar os efeitos reais de uma

sessão de alongamento estático realizado antes de um teste de 1 RM em homens e

mulheres treinados e saudáveis. Importante relembrar que os resultados analisados

foram dados em valores relativos, ou seja, foram verificados não os valores absolutos,

mas sim, o valor da resistência levantada, dividida pela massa corporal do individuo.

Com base nisso, foi possível observar que os resultados foram discrepantes, pois

para o grupo dos homens não se obteve quaisquer efeitos significativos durante a

realização do teste com alongamento estático. Já no grupo das mulheres, houve sim, um

efeito considerado negativo. Onde os níveis de força foram diminuídos com a presença

do alongamento.

Fatores como o tempo de exposição da articulação ao alongamento, tempo de

treino, horário do dia, alimentação, fatores psicológicos, dentre outros podem ser os

causadores de resultados divergentes como os encontrados no presente estudo.

Há ainda, uma grande duvida, sobre os reais efeitos do alongamento estático no

teste de 1RM, porém, muito se observou, durante toda literatura, que os efeitos são

maléficos quanto ao nível de força exigido para realização de testes como este. Porém

não foi observado no presente estudo.

Em futuras pesquisas, as áreas da Educação física e Fisioterapia devem

aprofundar mais estudos sobre os efeitos de sessões de alongamento no desempenho de

atividades cotidianas e físicas. Uma análise mais detalhada que pode ser feita, é sobre os

efeitos de outro tipo de alongamento no desempenho de atividades que envolvam força.

Que seria o alongamento passivo, utilizando-se métodos como o pilates em aparelhos,

por exemplo.

Page 8: BrunoMelo.TCC

8

Referências bibliográficas

ACHOUR JUNIOR, Abdallah. Bases para exercícios de alongamento: relacionado com

a saúde e no desempenho atlético. Londrina: Midiograf, 1996.

ALTER, M. J. Alongamento para os esportes. 2. ed. São Paulo: Manole, 1999.

ANDERSON, B. Alongue-se. São Paulo, Summus, 1983.

AVELA J, KYRÖLÄINEN H, KOMI P. Altered reflex sensitivity after repeated and

prolonged passive stretching. J. Appl. Physiol. 1999; 86(4): 1283-1291.

BAECHLE, T.R; EARLE, R.W. Essentials of Strength Training and Conditioning.

Champaign: Human Kinetics, 2001.

BARBANTI, V.J. Treinamento físico: bases científicas. 3ed. São Paulo: CLR-Balieiro,

1996.

BARBANTI, V.J; UGRINOWITSCH C. O ciclo de alongamento e encurtamento e a

“performance” no salto vertical. Rev Paul Educ. Fis 1998; 12:85-94.

BEHM, D.G. et al. Factors affecting force loss with prolonged stretching. Canadian

Journal of Applied Physiology, v.26, n.3, p.262-72, 2001.

BOMPA, T; CORNACCHIA, L.J; DI PASQUALE, M. Treinamento de força levado a

serio, editora Manole, 2ª Ed. 2004.

BROOKS, D.S. Treinamento personalizado: elaboração e montagens de programas.

Guarulhos: Phorte, 2000.

CALVO, J.B. Apuntes para uma anatomia aplicada a la danza. Madrid: Veriser, 1998.

CONDON, S. M. ; HUTTON, R. S. Soleus muscle electromyographic activity and

ankle dorsiflexion range of motion during four stretching procedures. Physical Therapy.

Alexandria, v.67, n.1, p.24-28,1987.

DANTAS, E. H.M. A prática da preparação física. Editora Sharpe, 3ª ed. 1995.

DANTAS, E. H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 5 ed. Rio de Janeiro:

Shape, 2005.

ENDLICH, P.W, FARINA, G.R, DAMBROZ, C, et al. Efeitos Agudos do

Alongamento Estático no Desempenho da Força Dinâmica em Homens Jovens. Rev

Bras Med Esporte – Vol. 15, No 3 – Mai/Jun, 2009.

FOWLES JR, SALE DG, MacDOUGALL JD. Reduced strength after passive stretch of

the human plantar flexors. J. Appl. Physiol. 2000; 89: 1179-1188.

Page 9: BrunoMelo.TCC

9

GARRETT, W. E. Muscle strain injuries: clinical and basic aspects. Medicine and

Science in Sports and Exercise, v. 22, nA, pA36-43, 1990;

HAFF, G.G. Roundtable discussion: flexibility training. Strength Cond J. 2006;

KOKKONEN J, NELSON AG, CORNWELL A. Acute muscle stretching inhibits

maximal strength performance. Res. Q. Exerc. Sport. 1998;

MCARDLE, W.; KATCH, F.I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: energia,

nutrição e desempenho humano. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 1113

p.

NELSON AG, KOKKONEN J. Acute ballistic muscle stretching inhibits maximal

strength performance. Res. Q. Exerc. Sport. 2001; 72(4): 415-419.

RAMOS GV, SANTOS RR, GONÇALVES A. A influência do alongamento sobre a

força muscular: uma breve revisão sobre as possíveis causas. Rev. Bras Cinean Des

Humano 2007; 9:203-6.

RIBEIRO, G.S. O alongamento como fator interviniente na hipertrofia muscular: um

estudo preliminar. Conexões, revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP,

Campinas, v. 6, ed. especial, p. 35-46 jul. 2008.

ROBERGS, A; ROBERTS, S.O. Fisiologia do Exercício. São Paulo: Phorte Editora,

2002.

RUBINI, E.C, COSTA, A.L.L, GOMES, P.S.C. The effects of stretching on strength

performance. Sports Med. 2007;

SHELLOCK, F. G; PRENTICE, W.E. Warming-up and stretching for improved

physical performance and prevention of sports-related injuries. Sports Medicine, v.2,

1985

SHRIER, I. Does stretching improve performance? A systematic and critical review of

the literature. Clin. J Sport Med 2004;

SIMÃO, R. Fundamentos fisiológicos para o treinamento de força e potência. São

Paulo: Editora Phorte, 2003.

SIMÃO, R. GIACOMINI, M.B, DORNELLES, T.S, MARRAMOM, M.G, VIVEIROS,

L.E. Influência do Aquecimento Específico e da Flexibilidade no Teste de 1RM.

(Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício, V.2, 2003).

TRICOLI, V.; PAULO, A.C. Efeito agudo dos exercícios de alongamento sobre o

desempenho de força máxima. Rev. Bras. Ativ. Física Saúde 2002;

TAYLOR, D. C.; DALTON, J. D.; SEABER, .V.; GARRET, W. E. Viscoelastic

properties of muscle-tendon units. The American Journal of Sports Medicine.

Page 10: BrunoMelo.TCC

10

Baltimore, v.18, n.3, p. 300-309, 1990.

WEIR DE, TINGLEY J, ELDER GCB. Acute passive stretching alters the mechanical

properties of human plantar flexors and the optimal angle for maximal voluntary

contraction. Eur. J. Appl. Physiol. 2005; 93: 614-623.

WILSON G, ELLIOT B, WOOD G. Stretching shorten cycle performance enhancement

through flexibility training. Med Sci Sports Exerc 1992; 24:116-23.

Page 11: BrunoMelo.TCC

11

ANEXO 1

QUESTIONARIO DE PAR-Q (PHYSICAL ACTIVITY READNINESS QUESTIONNARIE)

Este questionário tem objetivo de identificar a necessidade de avaliação clínica antes do início

da atividade física. Caso você marque mais de um sim, é aconselhável a realização da

avaliação clínica. Contudo, qualquer pessoa pode participar de uma atividade física de esforço

moderado, respeitando as restrições médicas.

Por favor, assinale “sim” ou “não” as seguintes perguntas:

1) Alguma vez seu médico disse que você possui algum problema de coração e recomendou

que você só praticasse atividade física sob prescrição médica?

sim não

2) Você sente dor no peito causada pela prática de atividade física?

sim não

3) Você sentiu dor no peito no último mês? sim não

4) Você tende a perder a consciência ou cair como resultado do treinamento?

sim não

5) Você tem algum problema ósseo ou muscular que poderia ser agravado com a prática de

atividades físicas?

sim não

6) Seu médico já recomendou o uso de medicamentos para controle de sua pressão arterial ou

condição cardiovascular?

sim não

7) Você tem consciência, através de sua própria experiência e/ou de aconselhamento

médico, de alguma outra razão física que impeça a realização de atividades físicas ?

sim não

Gostaria de comentar algum outro problema de saúde seja de ordem física ou psicológica que

impeça a sua participação na atividade proposta?

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

Declaração de Responsabilidade

Estou ciente das propostas do Projeto: EFEITO AGUDO DO ALONGAMENTO

ESTÁTICO NO TESTE DE 1RM RELATIVO EM HOMENS E MULHERES

TREINADOS E SAUDÁVEIS. Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR Q” e afirmo estar

liberado pelo meu médico para participação na atividade citada acima.

Nome do participante: _________________________________________________________

Nome do responsável se menor de 18 anos:

_________________________________________________

______________

Data

_____________________________________

Assinatura

OBS: se o participante for menor de 18, o responsável assina a declaração.

Page 12: BrunoMelo.TCC

12

ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), da pesquisa – EFEITO

AGUDO DO ALONGAMENTO ESTÁTICO NO TESTE DE 1RM RELATIVO EM

HOMENS E MULHERES TREINADOS E SAUDÁVEIS. -, no caso de você concordar em participar, favor assinar ao final do documento. Sua participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador(a) ou com a instituição.

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e email do

pesquisador(a) principal, podendo tirar dúvidas do projeto e de sua participação.

NOME DA PESQUISA EFEITO AGUDO DO ALONGAMENTO ESTÁTICO NO TESTE

DE 1RM RELATIVO EM HOMENS E MULHERES TREINADOS E SAUDÁVEIS.

PESQUISADOR (A) RESPONSÁVEL: BRUNO HENRIQUE CARNEIRO DE MENDONÇA

MELO

EMAIL: [email protected]

TELEFONE: 84548901

OBJETIVOS: Verificar a carga máxima relativa no teste de 1RM após aplicação de

aquecimento geral e alongamento estático, em homens e mulheres treinados e saudáveis e

comparar os resultados entre os grupos.

PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: Serão selecionados 10 homens e 10 mulheres todos serão

indivíduos treinados, ou seja, praticantes de musculação a pelo menos seis meses ininterruptos

com freqüência igual ou superior a três sessões semanais de treino. Todos deverão ser saudáveis

e aptos aos testes. Os indivíduos serão escolhidos aleatoriamente, terão participação voluntária,

responderão negativamente aos itens de questionário PARQ e assinarão ao presente termo de

consentimento livre e esclarecido.

Os participantes serão submetidos a testes de força máxima (1RM) com e sem

alongamento. Ou seja, execução de uma única repetição com o máximo de carga possível para

que ocorra uma repetição completa.

RISCOS E DESCONFORTOS: As possibilidades de que ocorram lesões e ou desconfortos são

se o individuo não estiver devidamente treinado e preparado para os testes. Podem ocorrer

lesões musculares e/ou articulares se forem executados de maneira incorreta. Para isso será

informada a ordem e a execução correta anteriormente aos testes.

Page 13: BrunoMelo.TCC

13

CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: não haverá nenhum custo para os

participantes realizarem o teste.

CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: somente serão disponibilizados os dados referentes

ao objetivo da pesquisa. Quaisquer dados dos participantes serão mantidos em sigilo, para

assegurar a privacidade dos sujeitos envolvidos.

Assinatura do Pesquisador Responsável:

____________________________________

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA

COMO SUJEITO

Eu,_________________________________________________________,RG:

______________________, declaro que li as informações contidas nesse documento,

fui devidamente informado(a) pelo pesquisador(a) - BRUNO HENRIQUE CARNEIRO

DE MENDONÇA MELO - dos procedimentos que serão utilizados, riscos e

desconfortos, benefícios, custo/reembolso dos participantes, confidencialidade da

pesquisa, concordando ainda em participar da pesquisa. Foi-me garantido que posso

retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer

penalidade. Declaro ainda que recebi uma cópia desse Termo de Consentimento.

LOCAL E DATA:

BRASILIA, _____, DE _____________ DE 2011.

NOME E ASSINATURA DO SUJEITO OU RESPONSÁVEL (menor de 21 anos):

(Nome por extenso)__________________________________

(Assinatura)_______________________________