Brasil de Fato RJ - 050

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“Cidades são um grande negócio nas mãos de poucos” Rodoviários ameaçam liberar as catracas no Rio DIANTE DA TEIMOSIA DOS PATRÕES, motoristas e cobradores vão decidir os rumos da greve em assembleia nesta quinta- feira (15). Para pressionar empresários, trabalhadores prometem garantir transporte gratuito com a liberação das roletas. Em Jornada de Lutas, militantes fizeram mais de 60 ocupações de terras improdutivas em 20 estados Rio de Janeiro, 15 A 21 de maio de 2014 | ano 2 | edição 50 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Confira a segunda parte do especial sobre os jogadores que podem arrebentar na Copa esporte | pág. 15 cidades | pág. 3 cidades | pág. 4 entrevista | pág. 5 Boom imobiliário e mobilidade são temas de entrevista com arquiteta Ermínia Maricato Pablo Vergara brasil | pág. 7 “Congestiona- mento de gente” em Coelho Neto Moradores e trabalhadores da Ceasa criticam passarela estreita que dá acesso ao metrô Divulgação Divulgação mundo | pág. 11 A partir dessa edição, o Brasil de Fato RJ apresenta uma série de reportagens sobre a situação na Venezuela Revolução bolivariana na encruzilhada Divulgação MST denuncia paralisia da reforma agrária Marlon Gangazumba Pablo Vergara

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“Cidades são umgrande negócio nasmãos de poucos”

Rodoviários ameaçam liberar as catracas no RioDIANTE DA TEIMOSIA DOS PATRÕES, motoristas e cobradores vão decidir os rumos da greve em assembleia nesta quinta-feira (15). Para pressionar empresários, trabalhadores prometem garantir transporte gratuito com a liberação das roletas.

Em Jornada de Lutas, militantes fizeram mais de 60 ocupações de terras improdutivas em 20 estados

Rio de Janeiro, 15 A 21 de maio de 2014 | ano 2 | edição 50 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Confira a segunda parte do especial sobre os jogadoresque podem arrebentar na Copa

esporte | pág. 15

cidades | pág. 3

cidades | pág. 4

entrevista | pág. 5

Boom imobiliário e mobilidade são temas de entrevista com arquiteta Ermínia Maricato

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brasil | pág. 7 “Congestiona-mento de gente”em Coelho NetoMoradores e trabalhadores da Ceasa criticam passarela estreitaque dá acesso ao metrô

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A partir dessa edição, o Brasil de FatoRJ apresenta uma série de reportagenssobre a situação na Venezuela

Revolução bolivariana na encruzilhada

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MST denuncia paralisia da reforma agrária

Marlon Gangazumba

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Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 02 | opinião

• Ed

Para anunciar:

Redação Rio:[email protected]

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CONSELHO EDITORIAL RIO DE JANEIRO : Antonio Neiva, Aurélio Fernandes, JoaquínPiñero, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti EDITOR-CHEFE: NiltonViana (MTb 28.466) EDITORA REGIONAL: Vivian Virissimo (MTb 13.344) REPÓRTER: Bruno PorpettaREVISÃO: Núbia Pimentel COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago FOTÓGRAFO: Pablo VergaraADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani e Valdinei Siqueira DISTRIBUIÇÃO: Kleybson AndradeDIAGRAMAÇÃO: Stefano Figalo

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente emtodo o país e agora com edições regionais em SãoPaulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Queremoscontribuir no debate de ideias e na análise dos fatosdo ponto de vista da necessidade de mudançassociais em nosso país e em nosso estado.

(21) 4062 7105

A grande mídia não hesitaem publicar cenas chocan-tes que atraiam leitores.Quando questionadas sem-pre alegam que o "compro-misso com a informação"está acima de tudo. E expli-cam que o critério de esco-lha é o que satisfaz a curio-sidade do público. Comesta lógica, que imagem se-ria mais "jornalística" doque a de cristãos que foramcrucificados, à véspera daSexta-Feira Santa!

A notícia foi inicialmenteveiculada na Rádio Vaticanopor uma freira síria. Ela disseque cristãos que se recusa-

ram a professar a fé muçul-mana ou pagar resgate fo-ram crucificados por jiha-distas. De acordo com ela,os jihadistas "pegaram ascabeças das vítimas e joga-ram futebol com elas", e ain-

da levaram os bebês dasmulheres e "os penduraramem árvores com os seus cor-dões umbilicais".

As fotos chocantes doscrucificados estavam dispo-níveis nas grandes agênciasde comunicação que negan-do sua "lógica de informa-ção", resolveram omiti-las.Apenas as divulgaram comonotícias secundárias, quan-do o Papa Francisco con-fessou ter chorado ao saberda notícia e ver as imagens.A razão é simples, os autoresdos crimes na Síria são oprincipal componente daschamadas "Forças Rebeldes"

que lutam contra a Ditadurade Bashar Assad.

A divulgação traria à tonaa crescente hegemonia degrupos fundamentalistas is-lâmicos na conformação do"Exército Rebelde". Cenasviolentas sobre este conflitogeralmente são exibidas, massempre lançando generica-mente a responsabilidadenas forças do governo Assad.Como neste caso não pode-riam, optaram pela omissão.

O episódio reforça a per-cepção de que toda a es-tratégia informativa dosgrandes meios de comuni-cação está submetida aos

interesses militares e geo-políticos. Como nos antigosparques de diversões quetraziam como atração uma"Casa de Espelhos" que dis-torciam as imagens, a gran-de mídia em sua manipu-lação cotidiana aumenta aproporção de fatos e omiteou reduz outros.

Como afirmou FernandoLugo, o presidente paraguaiodeposto por um golpe par-lamentar em junho de 2012:“possivelmente, os novos gol-pes na América Latina nãovão sair dos quartéis militares,mas das multinacionais e dosmeios de comunicação".

Braços cruzados para vida melhorar

editorial | Rio de Janeiro

editorial | Brasil

Cristãos crucificados na Síria

Esta semana foi marcadapela paralisação de mais duasimportantes categorias de tra-balhadores cariocas: os pro-fessores e os rodoviários. Maisuma vez, os grandes jornaissaem em coro acusando osgrevistas de estarem "preju-dicando" sabem-se lá quantosmilhões de pessoas, de atra-palharem o trânsito, etc.

Vejamos: lembram-se dagreve dos garis no carnaval?Foram acusados de deixaro Rio imundo, de ser ilegal,de "prejudicar" muita gente,etc. E no que deu? No final

das contas, os garis tiveramreconhecida sua reivindica-ção de aumento salarial eoutros direitos.

E agora, o que está emjogo? Os trabalhadores ro-doviários paralisam os ôni-bus do Rio, cruzam os bra-ços, seguindo o belo exem-plo dos garis no carnaval. Eexigem: “merecemos me-lhores salários, e motoristanão pode ser ao mesmo tem-po cobrador!”

E afinal, quem sai preju-dicado com essa greve, senãoos patrões das empresas, que

não viram seus empregadoschegarem devido à falta detransporte?

Os professores do estadotambém pararam, pedindo

novamente o aumento quenão lhes deram. Mais umavez vão às ruas, na sua qua-lidade de educadores, ensi-nar que somente a luta podelevar melhorias à vida dequem trabalha para sobre-viver. O que pode ter de ruimnisso? Quem não quer umaeducação melhor no nossoestado e no nosso país?

Professores, Rodoviários,Garis, Vigilantes, cada diaum novo setor dos traba-lhadores se soma à lição bá-sica que a história nos dá:"só a luta muda a vida".

Cartas dos leitores

Os preços, em geral, estãocada vez mais altos e, em re-lação à saúde, nem mesmouma melhoria temporária foiobtida, pois UPA’s e hospitaispermanecem sem médicose em péssimas condições deconservação. Diante dessasituação, é importante quea população se mantenhaunida e coesa e não deixe asua voz silenciar, pois a formamais forte de opressão éaquela que tem cúmplicesdentro de seus oprimidos.

C. de Paula Pires da Silva,estudante da 3º série do cursode Agroecologia do ColégioTécnico da Universidade Fe-deral Rural do Rio de Janeiro

Participe!Encaminhe sugestões e

avaliações pararedacaorj@brasil

defato.com.br

“A grande mídia em sua manipulaçãocotidiana aumenta a proporção defatos e omite oureduz outros_______________

“Trabalhadores rodoviários cruzamos braços, seguindo o belo exemplo dosgaris no carnaval________________

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Entre as principais reivin-dicações da categoria está ofim da dupla função (moto-rista e cobrador), melhorescondições de trabalho, au-mento salarial de 40% e dacesta básica, que hoje é 140reais. “Nós não temos ba-nheiro, não temos hora dealmoço, a maioria trabalhade 14 a 15 horas direto, sem

banheiro e alimentação.Tem muito motorista quebate porque tem vertigemno volante”, relata a cobra-dora Maura Lúcia Gonçal-ves, da empresa São Silves-tre. Ela conta ainda que, em10 anos de profissão foramnove infecções urinárias.“Passamos muitas horassem ir ao banheiro e semtomar água. Além disso, oestresse da profissão estálevando trabalhadores a

problemas psiquiátricos,muitos estão tomando re-médio tarja preta, e quando

isso acontece ele perde odireito de dirigir. Essa situa-ção se agrava quando exer-

cem a dupla função”,ressalta a cobradora,uma das mais antigasda empresa.

Até a semana quevem, duas importan-tes ações deverão serjulgadas pela justiça.Uma dela é o pedidode reconhecimento dacomissão de trabalha-dores como assistenteno processo, pois atéagora não foi citadacomo parte interessa-

da. E a outra decisão serásobre a legalidade das para-lisações. (FR)

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Depois de dois dias deparalisações, trabalhadoresrodoviários vão se reunir,nessa quinta-feira (15), às16h, na Candelária, no Centrodo Rio de Janeiro, para deci-dir se seguirão em greve ouse será possível negociar como consórcio Rio Ônibus. Casonão haja negociação, os tra-balhadores prometem colo-car em votação a possibili-dade dos ônibus circularemde forma gratuita.

“Pedimos a populaçãocarioca que esteja presenteem nossa assembleia, ondeiremos decidir os rumos domovimento. Uma das pos-sibilidades será a catraca li-vre, onde trabalharemos nor-malmente e a população nãopagará passagem. Não rece-beremos dinheiro e nem car-tões vales-transporte, só pas-sará nas roletas os cartõesgratuidades”, informou a co-missão de trabalhadores ro-

doviários nessa quarta-feira(14), em nota divulgada nasredes sociais.

O líder da greve Hélio Al-fredo Teodoro, motorista da

Auto Aviação Real, informouque os rodoviários queremchegar a um acordo o maisrápido possível para regula-rizar o serviço. “Estamos aber-tos à negociação. Esperamosque, nessa quinta, venhamdialogar com a gente, e tam-bém espero que a Prefeituraintervenha em favor dos tra-balhadores e intime o sindi-cato a sentar com a categoria

para negociar. Eles sabem queestão errados e não admitem.E quem sofre com isso é apopulação”, declarou.

Os trabalhadores acu-sam o Sindicato Municipaldos Trabalhadores Empre-gados em Empresas deTransporte Urbano de Pas-sageiros (Sintraturb) de ne-gociar o aumento de 10%sem a autorização da cate-goria. Segundo o vice-pre-sidente do Sintraturb, Se-

bastião José da Silva, a ques-tão foi decidida em assem-bleia. Já os trabalhadoresnegam que tenha sido as-sim. “Sebastião diz ter umalista de pessoas que con-cordaram com o acordo,mas o que ele tem é apenasuma listagem de presençana primeira assembleia.Mas nunca concordamoscom os 10%. Deveria tersido feito uma segunda as-sembleia para votar a pro-

posta dos patrões e isso nun-ca aconteceu”, explica Hélio.

Na terça-feira (13), de-pois da audiência no Tribu-nal Regional do Trabalho,Sebastião José admitiu quea proposta aprovada em as-sembleia não era a de 10%negociado com os patrões.“Os trabalhadores que forama assembleia do sindicatoaprovaram a proposta de20%. Nós negociamos 10%”,afirma o sindicalista.

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Depois de dois dias de greve, motoristas e cobradores realizam assembleia para votar novas resoluções

Ônibus poderão circular de graça, prometem rodoviários

de Brasília (DF)

Trabalhadores pedemmelhores condições de trabalho e aumento Rodoviários querem 40% de aumento

Pablo Vergara

Pablo Vergara

Rodoviários denunciam que maioria trabalha de 14 a 15 horas por dia

Categoria mobilizada repudia a dupla função (motorista e cobrador)

“Pedimos a população cariocaque esteja presenteem nossa assembleia,onde iremos decidiros rumos do movimento_______________

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Por meio de nota, a Se-cretaria Municipal de Obrasdo Rio de Janeiro informouque “encontra-se em estudoo prolongamento da pas-sarela que transpõem aAvenida Martin Luther KingJr, em Coelho Neto, queviabiliza o acesso à estaçãodo metrô do bairro e à Cea-sa, que fica na Avenida Bra-sil, em Irajá". A secretariaafirmou ainda que uma vis-toria no local foi realizadano início de 2014, mas quenão existe previsão paraobras no local.

A Associação de Morado-res de Coelho Neto e Colégio(Amaac) defende a constru-ção de uma nova passarelae lembra que a estação tam-bém enfrenta outras dificul-dades, como a falta de ba-nheiros públicos e abrigospara os pontos de ônibus."Já enviamos vários ofíciospara a prefeitura do Rio epara a subprefeitura da zonanorte, mas até agora não ti-vemos nenhuma soluçãopara os problemas”, cobrouMagnelson de Souza, pre-sidente da entidade.

Os passageiros se quei-xam ainda que nem sempretodos os guichês do metrô

ficam abertos durante oshorários de maior movimen-tação, o que também estariacontribuindo para os pro-blemas na passarela.

O Metrô Rio informouque o banheiro da estaçãoque está fechado será rea-berto até o final do mês eque nos horários de picotodos os guichês da esta-ção funcionam normal-mente. De acordo com aCasa Civil da Prefeitura doRio, apenas 100 banheirospúblicos estão instaladosna cidade, porém garantiuque um estudo está em an-damento para aumentaresse número. (AV)

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 4 | cidades

Fugindo de parte do trân-sito da Avenida Brasil, muitosmoradores da zona oeste doRio utilizam dois transportespara chegar mais rápido aocentro da cidade. Tomam umônibus ou uma van de seusbairros até a estação de metrômais próxima e daí seguempor trilhos até o centro. Essaé a jornada que a moradorado bairro de Campo Grande,Cristina Silva, enfrenta todosos dias para chegar ao tra-balho, uma loja de roupaspróxima à Central do Brasil.

"Tenho que levantar muitocedo para chegar às 9h emmeu trabalho. Pra não pegarainda mais trânsito na Ave-nida Brasil eu prefiro vir devan até Coelho Neto e daquipegar o metrô. O problemaé que a estação daqui temum ‘engarrafamento de gen-te’ na passarela, é uma con-

fusão quase todo dia", recla-ma a vendedora.

Cristina se refere à pas-sarela que permite o acessodos passageiros à estaçãodo metrô em Coelho Neto,na zona norte. Além do altofluxo dos usuários de trans-porte público, a passarelaserve também de ligação en-tre o bairro e o principalcentro de abastecimento dealimentos do estado, a Cea-sa. Muitos carregadores pas-sam por ali, todos os dias le-vando seus carrinhos lotadosde alimentos para os comer-ciantes de Coelho Neto.

Ambos, usuários do metrôe carregadores da Ceasa, es-barram em um grande pro-blema: uma apertada pas-sarela com aproximadamen-te dois metros de largura parasubida e descida de pedes-tres. “Semana passada teveum dia que parou de vez. Fi-cou uma fila de carrinho defeira aqui e ninguém conse-guia passar”, contou a desig-

ner Juliana Oliveira, que uti-liza todos os dias a estação.

Márcio de Souza, que com-pletou 15 anos como carre-gador, cruza todos os diascerca de 3 vezes com seu

carrinho lotado de verdurase cobra uma solução para oproblema. "Essa passarelaé muito estreita. Na parteda manhã aqui é muitocomplicado. Quando dá

problema no metrô, ai é queenrola tudo. Eles deveriamalargar a passarela ou cons-truir outra para melhorar avida da gente", reclamou otrabalhador.

Moradores e trabalhadores da Ceasa enfrentam situação diariamente e cobram prolongamento de passarela

André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

Passarela estreita provoca “congestionamentode gente” em Coelho Neto

Congestionamentos diários na passarela de acesso à estação do metrô em Coelho Neto

Marlon Gangazumba

•do Rio de Janeiro (RJ)

Coelho Neto enfrenta ainda outros problemas como: falta de banheirospúblicos e abrigos para pontos de ônibus

Poder público afirma que nãohá previsão para obras

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Uma das principais pen-sadoras sobre as cidades bra-sileiras, Ermínia Maricato,que foi secretária executivado Ministério das Cidades,formulou propostas para aárea urbana para o governoLula e recentemente foi con-selheira das Nações Unidaspara assentamentos huma-nos, além de dar aulas naUSP e na Unicamp. Ermíniafala nesta entrevista sobre acrise nas cidades e as pers-pectivas abertas com as ma-nifestações de junho 2013.

Brasil de Fato - O movimen-to das ruas de 2013 trouxeuma série de reivindica-ções, entre elas, a questãoda ocupação do espaço ur-bano. Que conquistas essemovimento trouxe?Ermínia Maricato - Sabequantas cidades brasileirascancelaram o aumento nostransportes com as mobili-zações de junho de 2013?Mais de 100! E não foi só isso.Coisas que estavam engave-tadas, muitas obras faraônicasinúteis e obras para automó-vel andar - que é o que mais

se faz - foram canceladas. Foimuita mudança a partir dejunho de 2013. A vida na ci-dade está insuportável e éimpressionante como a po-lítica urbana é invisível noBrasil. Eu diria que depoisdas últimas três décadas, es-tamos, desde junho de 2013,começando a encarar a po-lítica de mobilidade urbana.Nossas cidades são um gran-de negócio na mão de pou-cos. Sem dúvida nenhuma,as três forças que comandamhoje o crescimento das ci-dades são a indústria auto-mobilística, que é contráriaaos beneficios para o trans-porte coletivo; o capital imo-biliário e o capital de cons-trução. E tudo em conciliaçãocom o financiamento dascampanhas eleitorais. Pensoque estamos num momentoem que vivemos uma verda-deira tragédia das cidadesbrasileiras, em que a funçãosocial das cidades e da pro-priedade estão em plano ab-solutamente secundário.

Brasil de Fato - O que é a fun-ção social da propriedade?Nós conquistamos na Cons-tituição de 1988 dois capí-tulos sobre as cidades. E den-tro desses capítulos está a

proposta da função social dapropriedade. É exatamente aideia de que o direito de pro-priedade privada é limitado.Pelo quê? Pelo interesse co-letivo. Todos nós pagamospra construir a estrutura dascidades - asfalto, drenagem,esgoto, iluminação pública,transporte - tudo isso foi pagopor todo mundo. E vai umsujeito e deixa um lote vazio.Esse lote está cumprindo afunção social que tem queter numa cidade? Não! A pro-priedade privada não é ab-soluta na Constituição, é su-bordinada à função social. Odireito à moradia é absoluto.No entanto, o judiciário bra-sileiro trata o direito à moradiacomo relativo e o direito àpropriedade como absoluto.

Brasil de Fato - Qual suaavaliação do programa Mi-nha Casa, Minha Vida?Estamos vivendo no Brasilum boom imobiliário. Du-rante três anos, houve umaumento de 154% no preçodo metro quadrado de ter-renos e imóveis em São Pau-lo, e 181% no Rio de Janeiro.Os aluguéis cresceram namesma medida. Passamosduas décadas perdidas, seminvestimento público nascidades. Quando o investi-mento vem, por meio dosPAC e Minha Casa, MinhaVida, aparecem também oscapitais. Com o apoio, é cla-ro, de muitos do executivoe legislativo. Isso acarretouem um boom imobiliário, averticalização e a produção

de moradia, ao invés deabaixarem o preço dos imó-veis, elevaram-no. Na me-dida em que não fizemos areforma fundiária, não im-plementamos a função so-cial da propriedade urbana,todo o subsídio que estásendo colocado pelo gover-no federal está indo para opreço da propriedade, paraos imóveis e para os terre-nos. Isso está afastando apopulação mais pobre, quenão consegue o financia-mento do Minha Casa, Mi-nha Vida e que não estáconseguindo mais pagar oaluguel. O boom imobiliárionão é progresso, ele empo-brece toda a cidade. Elepega uma parte da riquezaproduzida por toda a po-pulação e a coloca no bolsode alguns, os proprietáriosimobiliários e principal-mente os incorporadoresimobiliários. Acho que a po-lítica urbana no Brasil nãoé prioridade para os parti-dos, nem para os de esquer-da. O espaço urbano não éapenas palco para a luta declasse, é objeto e agente. Agente precisa conhecermais. Mais do que nunca, ainformação, o conhecimen-to é a libertação.

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Joana Tavaresde Belo Horizonte (MG)

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“Nossas cidades são um grande negócio nas mãos de poucos”PLANEJAMENTO Arquiteta Ermínia Maricato fala sobre o boom imobiliário e a mobilidade urbana

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Ermínia: “Boom imobiliário não é progresso, ele empobrece toda a cidade”

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Professores voltam a se reunir em assembleia nesta quinta-feira (15)

Pablo Vergara

A Secretaria Estadual de Edu-cação (Seeduc) e a Secretaria Mu-nicipal de Educação (SME) doRio de Janeiro informaram, nestaquarta-feira (14), que as faltasnão justificadas dos professoresserão descontadas nos salários.A categoria entrou em greve naúltima segunda-feira (12).

A decisão das secretarias sedeu após o Supremo TribunalFederal (STF) ter suspendido, naterça-feira (13), o acordo queencerrou a greve dos trabalha-dores da educação no Rio de Ja-neiro, no ano passado. Em de-corrência daquele acordo, o go-verno do estado e a prefeituracarioca se comprometeram anão cortar o ponto nem a pena-

lizar os professores grevistas,desde que eles voltassem à ati-vidade e repusessem as aulas.

O Sindicato Estadual dos Pro-fissionais da Educação (Sepe)afirma que o acordo não estavasendo cumprido e acrescenta quea greve atual apresenta novas de-mandas. “Queremos um aumentosalarial de 20% para todos os tra-balhadores da educação das redesmunicipal e estadual, a discussãodo nosso plano de carreira unifi-cado e diversas outras questõesrelacionadas às condições de tra-balho”, disse diretora do sindicato,Wiria Alcântara. Nesta quinta-feira (15), os professores votarão,em assembleia, se a greve conti-nuará ou não. (ABr)

Cerca de 80 pessoasfizeram na manhã destaquarta-feira (14) um pro-testo contra o fechamentotemporário do ParqueAquático Julio de Lamare,no Complexo do Maraca-nã, zona norte do Rio. Oparque será fechado du-rante a Copa do Mundopor causa das montagensdas instalações provisó-rias da Federação Inter-nacional de Futebol. O

parque atende, além desuas atividades normais,a idosos e dezenas decrianças com necessida-des especiais.

Segundo os manifes-tantes, desde a reaberturado Julio de Lamare, emnovembro de 2013, nãohá profissionais suficien-tes para ministrarem aulaspara os 10 mil alunos. “Nasegunda-feira [12] chega-mos aqui às 7h e o portão

estava fechado. O que es-tamos pedindo não é grá-tis. A gente paga com onosso imposto. Muitagente acha que o de La-mare voltou a funcionarnormalmente. Não voltou.Voltou com 12 professorespara atender 10 mil alu-nos em várias modalida-des”, disse Rosângela Ma-ciel, integrante da Comis-são pelo Parque AquáticoJulio de lamare. (ABr)

Secretarias de Educaçãoameaçam descontar faltanos salários

Usuários protestam contra fechamento do Julio de Lamare

COMPLEXO DO MARACANÃGREVE DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Manifestação contraCopa está marcada paraesta quinta-feira

No Dia Internacional de Lutascontra a Copa, esta quinta-feira(15), vai ocorrer uma manifestaçãopara denunciar violações de direitoshumanos que estão acontecendopor conta do megaevento. Convo-cado pela Articulação Nacional dosComitês Populares da Copa (An-cop), o ato que terá o lema “Copa

sem povo: tô na rua de novo”, vaicomeçar às 16h, na Central do Bra-sil. Os organizadores vão aproveitaro momento para criticar o aumentoda repressão contra os manifestan-tes no país, as 9 mortes de operáriosde estádios, as 250 mil remoçõesforçadas, e a fraqueza do legado daCopa, entre outras.

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Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 brasil | 7

JORNADA DE LUTAS

A tradicional Jornada deLutas de Abril realizada peloMST durou até maio, nesteano. Mais de 60 ocupaçõesde terras e de prédios pú-blicos ocorreram por todoo país lembrando o Massa-cre de Eldorado dos Carajás,quando 21 Sem Terra foramassassinados no Pará, em 17de abril de 1996.

A reação dos latifundiá-rios foi violenta e mostrouo tamanho do problemaagrário no Brasil: ValdairRoque foi assassinado nodia 4, no Paraná, e FranciscoLaci Gurgel Fernandes eFrancisco Alcivan Nunes dePaiva, no dia 6, na Chapadado Apodi (RN). Todos erammilitantes do MST e luta-vam pela reforma agrária.

No Rio de Janeiro, as mo-bilizações ocorreram nestaquarta-feira (14). Assentados

e acampados vieram de todasas regiões do estado parapressionar o Incra, respon-sável pela divisão das terras,e a Caixa Econômica Fede-ral, que cuida do Plano Na-cional de Habitação Rural.Militantes do Levante Po-pular da Juventude tambémparticiparam da jornada.

Andreia Matheus, umasdas coordenadoras do MST,não vê muitos avanços:“Todo ano trazemos as mes-mas demandas. São ques-tões básicas, com água, luze estradas nos assentamen-tos. Além disso, há questõesrelativas à habitação, ao cré-dito rural e aos programasde compra de alimentos pelogoverno. O que existe im-plementado hoje não atendea todas as famílias assenta-das. É preciso dar condiçõespara as famílias sobrevive-ram na terra”.

Militantes lotaram a salada superintendência do Incrano Rio de Janeiro para a reu-nião, que contou com a pre-

sença do Ministério do De-senvolvimento Agrário. Apauta extensa incluiu tam-bém a assistência técnica,necessária para que os as-sentamentos possam produ-zir mais alimentos sem usode agrotóxicos. Gustavo No-ronha, superintendente doIncra, afirmou que este pontoé prioritário e prometeu: “No

próximo ano iremos garantira assistência em todos os as-sentamentos do estado”.

Na Caixa Econômica Fe-deral, a pauta foi a libera-ção de recursos do PlanoNacional de Habitação Ru-ral. Em diversos assenta-mentos, casas ainda nãoforam construídas ou estãopela metade por conta de

cortes na verba.Elisângela Carvalho, da di-

reção nacional do MST, re-forçou a importância da jor-nada de lutas: “Ela dialogacom a sociedade sobre a Re-forma Agrária Popular, por-que a gente já entendeu quesó o campo não dá conta defazer sozinho a reforma agrá-ria dentro do capitalismo.”

Alan Tygel e Vanessa Ramos

do Rio de Janeiro (RJ)

Mobilizações ocorreram em 20 estados, e 3 Sem Terra foram assassinados por latifundiários

No Brasil inteiro, MST denuncia paralisia da Reforma Agrária

}Jornada de Lutas do MST

O MST QUER:1. Assentamento para 100 mil famílias;2. Novo crédito para agricultura orgânica;3. Ampliação do programa que compra

alimentos dos assentamentos;4. Mais casas e escolas para reforma agrária

AÇÕESEM 20ESTAdOS

60 OCUPAÇÕES dE TERRASiMPROdUTivAS

ATOS dE SOLidARiEdAdE AO MST NO EXTERiOR

itália Estados Unidos

inglaterra Espanha

No Rio, assentados e acampados vieram de todas as regiões do estado para pressionar o Incra

Pablo Vergara

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Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 8 | 1 ano de Brasil de Fato-RJ

BRASiL dE FATO RJJoão Antônio de Moraes,

coordenador geral daFederação Única dosPetroleiros (FUP)A vergonhosa campanhamidiática que vem tentando

desmoralizar a Petrobrásmostra o quanto as informa-

ções são manipuladas e distorci-das pelos meios de comunicação controladospelas elites. Por isso, é tão importante termosum jornal verdadeiramente democrático e plural, como é o Brasil de Fato RJ.

Patricia de Oliveira, da Rede de Comunidades e Movimentos contra violênciaO que me agrada no jornal Brasil de Fato RJ é que nele sempre é colocada ainformação completa, o jornal nunca altera o que foi falado. Ele é muitoimportante porque as pessoas que ganham um salário mínimo não têmcondição de comprar jornal todo dia, então ficam sem informação. Por ser

um jornal distribuído de graça, o Brasil de Fato RJ traz informação completapara os moradores de comunidade e garante o acesso a informações.

NAS RUAS,1 ANO COM

Felipe Malhão, presidente UEE (União Estadual dosEstudantes do Rio de Janeiro)

Num contexto em que se mostra cada vez mais necessária a democratiza-ção dos meios de comunicação, o Brasil de Fato RJ faz um importantecontraponto às opiniões dos jornais hegemônicos. Com isso, contribui diretamente para a construção de uma plena democracia, que garanta a

participação popular. Afinal, o direito pleno à informação e o acesso auma pluralidade de opiniões é essencial para que se dê verdadeiro protago-

nismo ao povo brasileiro na construção de seu presente e de seu futuro.

Ronaldo Leite, presidente da CTB RJ Para nós da CTB esse debate sobre a comunicação é fundamentalporque existe uma ofensiva conservadora que detém controledos meios de comunicação no país. Uma publicação como oBrasil de Fato RJ se coloca como uma contraofensiva nesse cená-rio. É um importante instrumento para que os trabalhadores e

povo do Rio tenham acesso às informações fora dessa ofensivaconservadora. Parabéns ao Brasil de Fato RJ, esperamos que essa ini-

ciativa perdure e floresça cada vez mais.

Leila Tavares, da MarchaMundial das Mulheres

O fortalecimentode um instrumento,

como o Brasil de FatoRJ, que dá voz as lutas do

campo e da cidade, aos movimentos sociais,movimentos das mulheres, da juventude,enfim de todos os setores que lutam por ummundo mais justo é fundamental. Ter essejornal e com a cara do Rio de Janeiro então éImprescindível. Parabéns pelo primeiro ani-versário do Brasil de Fato do Rio de Janeiro.

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Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 1 ano de Brasil de Fato-RJ | 9

Heron Barroso, do Jornal A verdadeNum sistema em que os grandes meios de comu-nicação são propriedade de um punhado de famí-lias ricas, o Brasil de Fato RJ está de parabéns por

manter, ao longo de sua existência, o compromissode defender os direitos das massas trabalhadoras.

Viva a imprensa popular e democrática!

darby igayara, presidente da CUT-RJO Brasil de Fato RJ é um precioso instrumento naluta pela democratização das comunicações nopaís. Estão de parabéns todos que contribuempara colocar nas ruas toda semana um veículoque dá voz e vez aos trabalhadores e aos movi-

mentos sociais. Vida longa ao Brasil de Fato RJ.

Fernanda Ferreira Pradal, advogada e pesquisadorado Núcleo de direitos Humanos do dpt. Puc-Rio.O jornal Brasil de Fato RJ podeser considerado uma iniciativa

potente para o grande desafioque é furar a barreira das corpo-

rações de mídia no Brasil. Parabénspelo primeiro ano! Que sejam muitos!

Juninho Pernambucano, ex-jogadorNeste primeiro ano de jornal,gostaria de parabenizar toda aequipe do Brasil de Fato RJ.Desejo muitos anos pela frente!

Brasil de Fato no Rio, um ano de jornalismo popular comprometido com a luta dos trabalhadores.

Mais de 2 milhões de jornais nas ruas.

distribuição na Central do Brasil, Pavuna, Coelho Neto, Saens Peña e Niterói.

Queremos dialogar com o trabalhador emdeslocamento de casa para o trabalho Horário de distribuição: das 6h às 9h. VOCÊ!

Wadih damous, presidente da Comissão Estadual da verdadeNum país em que a maioria dagrande imprensa age quase como

um partido político de direita, a exis-tência de um jornal como o Brasil de

Fato RJ se reveste de grande importânciapara a luta pelo aprofundamento da demo-

cracia e a defesa dos interesses dos trabalhadores. Queeste aniversário se repita por muitos e muitos anos.

Claudia Santiago, jornalista coordenadorado Núcleo Piratininga de Comunicação

O Brasil de Fato RJ é uma alegria que precisa serespalhada e aumentada. É uma informação detrabalhadores para trabalhadores, do seumundo, da sua vida, dos seus sonhos de um Bra-

sil muito melhor. Que se firme e chegue a ser maispresente, se possível diário.

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O novo Código da Mine-ração, que está em discussãono Congresso Nacional desdeo ano passado, deve provocardanos ambientais e sociaisem centenas de cidades bra-sileiras, ao longo dos próxi-mos anos. A meta do governofederal é aumentar das atuais3,4 mil para cerca de 14 milminas abertas em todo o país.

O avanço da mineraçãodeve afetar comunidades jámarginalizadas, como áreasindígenas e quilombolas, as-sentamentos de trabalhado-res rurais e zonas urbanas.O mineroduto Minas-Rio,por exemplo, que tem 525km de extensão, foi cons-truído pela empresa AgloFerrous Brazil para escoaruma produção anual de 26,5milhões de toneladas de mi-nério de ferro, provenientes

da mina de Conceição doMato Dentro (MG), na regiãometropolitana de Belo Ho-rizonte. Para chegar ao des-tino, o Porto de Açu, no Riode Janeiro, o minerodutocorta 32 municípios mineiros

e fluminenses e já desalojoudezenas de famílias de suascasas sem reassentá-las.

Além de perderem suas ca-sas, os atingidos pela mine-ração e a população que vivenas cidades afetadas sofremimpactos ambientais. Os mi-

nerodutos funcionam pormeio da pressão da água. Emmédia, são necessários 8 mi-lhões de metros cúbicos deágua, o equivalente 3.200 pis-cinas olímpicas, para trans-portar os minérios. É quase ametade do consumo mensalde água em Belo Horizonte.

“A mineração é uma ativi-dade que não convive bemcom outras. Onde você tem ascavas, não tem como ter mo-radia, tem as explosões, polui-ção do ar, muita circulação decarros, contaminação de riose prejuízo da produção agrí-cola”, explica o advogado RaulValle, coordenador de Políticae Direito do Instituo Socioam-biental (ISA).

Também em Minas Gerais,outro projeto mineral ameaçao meio ambiente. Na Serrada Gandarela, onde a Vale SA,a maior mineradora do pla-neta, pretende retirar minériode ferro, o processo de extra-ção vai usufruir da água de

29 nascentes da região, quetambém corre o risco de sercontaminada com o descartedos rejeitos (resíduos sem pos-sibilidade de reciclagem) daexploração.

No Pará, a demanda éenergética. A produção dealumínio, cuja matéria-primaé a bauxita, exige muita ele-

tricidade. A empresa Alumí-nio Brasileiro SA (Albras)consome 1,5% de toda a ener-gia gerada no Brasil, tudoisso para produzir 432 miltoneladas do metal. O gastoé equivalente ao consumoanual das duas maiores me-trópoles da região Norte, Be-lém (PA) e Manaus (AM).

Na próxima semana,movimentos sociais, sin-dicatos e organizações dasociedade civil vão se reu-nir em Brasília para dis-cutir a tramitação do pro-jeto de lei do novo Códigoda Mineração. O objetivoé aumentar a pressão paraque a Câmara dos Depu-tados instaure investigaçãopor quebra de decoro par-lamentar do deputado Leo-nardo Quintão (PMDB-

MG), relator do projeto naComissão Especial que cui-da do assunto.

O Código de Ética da Câ-mara dos Deputados regulaque é atitude contrária aodecoro parlamentar relatarmatéria de “interesse es-pecífico de pessoa física oujurídica que tenha contri-buído para o financiamentode sua campanha eleitoral”.Com base nisso, as orga-nizações protocolaramuma representação contrao parlamentar. O documen-to informa que Leonardo

Quintão recebeu R$ 379 milde mineradoras para a suacampanha de 2010. As em-presas doadoras da verba

foram Arcelormittal, Ecos-teel, Gerdau, LGA Minera-ção e Siderurgia e Usiminas.

AdiamentoAlém disso, as organiza-

ções articuladas em tornodo Comitê Nacional em De-fesa dos Territórios frenteà Mineração querem adiara votação do projeto para2015. A reivindicação é quea matéria seja precedida darealização da Primeira Con-ferencia Nacional da Mine-ração Brasileira.

“São mais de duas mil

cidades com mineração for-malizada no país e as prin-cipais dificuldades foramgeradas pela falta de par-ticipação da sociedade naelaboração desse marcoregulatório”, aponta Lou-rival Andrade, presidentedo Instituto Brasileiro deEducação, Integração eDesenvolvimento Social(Ibeids), que atua juntoaos sindicatos de traba-lhadores da mineração emovimentos sociais das ci-dades mineradas. (Colabo-rou Rafaella Dotta)

Movimentos querem afastar relatore adiar projeto de lei

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 10 | brasil

Pedro Rafael Vilelade Brasília (DF)

Cidades afetadas sofrem com contaminação de rios; movimentos denunciam expulsão de comunidades pobres

de Brasília (DF)

Na semana passada, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) foi denunciado por receber doação de mineradoras

Projeto de Lei da mineração não leva em conta impactos socioambientais

Governo federal quer abrir 14 mil minas em todo país

Divulgação

“Deputado LeonardoQuintão (PMDB)recebeu R$ 379 milde mineradoras para a sua campanhade 2010_______________

“Em média, são necessários 8 milhõesde metros cúbicos de água, o equiva-lente 3.200 piscinasolímpicas_______________

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"Se a direita voltar ao po-der, não é que vamos per-der as terras e os direitosque conquistamos comChávez. Não. Vamos perderé a vida mesmo". Essa é avisão de Angel Prado, tra-balhador rural da comunaEl Maizal, no estado de Bar-quisimeto, a 400 quilôme-tros da capital Caracas.

Assim como a maioria dapopulação que vive longedos grandes centros urba-nos, Prado sofre de maneiramais intensa problemascomo a escassez de alimen-tos de primeira necessidadee o impacto da inflação de56% na hora de pagar ascontas. Mas a seu ver, nãosão esses problemas que le-

varam a ala radical da opo-sição antichavista a convo-car a população às ruas coma intenção de provocar a saí-da de Maduro da presidência.

"A direita venezuelanaquer destruir o que Chávezconstruiu e aproveitam aausência física do coman-dante para impedir a conti-nuidade do projeto e queMaduro, que teve um anodifícil, governe como deve

ser", afirma Prado. Com a morte do líder

Hugo Chávez, em março doano passado, e com um re-sultado nas urnas apertadoa favor de Maduro, compouco menos de 1,5% dos

votos, na disputa presiden-cial, a oposição venezuelanaapostou no desgate paratentar tornar ingovernávela gestão do novo presidente.No entanto, a ampla vitóriado chavismo nas eleições

municipais de dezembro doano passado, que garantiuaos bolivarianos a hegemo-nia na maioria dos municí-pios, obrigou a coalizãoopositora a repensar sua tá-tica. E houve um racha.

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 mundo | 11

A ala moderada optoupor manter a pressão socialpara apontar as falhas dochavismo e contribuir comseu desgaste. A ala radical,no entanto, optou por nãoesperar e convocou, há trêsmeses, o plano chamado"A saída" que previa mobi-lizações, em sua maioriacom finais violentos, paraobrigar Maduro a renunciar.Desde o início dos protes-tos, 42 pessoas foram mor-tas, entre chavistas, oposi-tores, transeuntes apartidá-rios e efetivos militares.

Munidos de máscaras de

gás lacrimogêneo sofistica-das, câmeras de alta defini-ção para gravar a mobiliza-ção, walkie-talkies virtuaispara transmissão de açõese coordenadas, os jovensque se mobilizam, maioriade classe média e alta, nadase parecem com a juventudeque vai às ruas na AméricaLatina reivindicar direitoscomo a educação e melho-res condições de vida. "Elessão os que menos sofremas consequências da crise.Aqui a maioria dos pobrestem acesso aos direitos bá-sicos e os ricos, que têm detudo, são os que protes-tam?", comentou o campo-nês Angel Prado. (LT)

disputa na venezuela coloca a revoluçãobolivariana numa encruzilhadaAmpla vitória do chavismo nas eleições municipais obrigou a coalizão opositora a repensar sua tática

Luciana Taddeode Caracas (Venezuela)

de Caracas (Venezuela)

Presidente Nicolás Maduro tenta superar desgastes e dar continuidade as propostas do líder Hugo Chávez

Divulgação

Ala radical da oposição é responsável por violênciaMaioria dos manifestantes é classe média e alta

Para o analista político Nic-mer Evans, um dos caminhospara garantir a continuidadeda revolução bolivariana éMaduro assumir os erros po-líticos e econômicos de seuprimeiro ano de governo. Umadas tarefas pendentes, de acor-do com este analista, é a rea-proximação de Maduro coma base chavista. Outro ele-mento é corrigir o rumo daeconomia, reduzir o desabas-tecimento e combater a in-flação crescente.

Neste aspecto, Evans as-sinala duas vertentes: a pri-meira é facilitar a produção

aos poucos empresários ve-nezuelanos que produzem,de olho em diminuir as im-portações, equivalente amais de 70% de todo o con-sumo venezuelano. Por ou-tro lado, o governo devefortalecer a economia co-munal para criar paralela-mente uma nova estruturaeconômica "para ir abrircaminho para a superaçãodo modelo rentista petro-leiro (economia dependen-te da renda do petróleo) ",afirmou Evans.

Na comuna El Maizal, apopulação vê com descon-fiança o diálogo entre o go-verno e a ala moderada daoposição, que busca dar fim

à crise política e econômica.Para o camponês Angel Prado,o que está em jogo são con-cepções opostas de modelode país, "irreconciliáveis".

"Nos preocupa que o go-verno ceda aos desejos dadireita sem que isso traga be-nefícios ao país, sabendo queconta com o apoio do povo",afirmou. "Ainda temos espe-rança que Maduro encontreo caminho e aplique o projetoque Chávez nos deixou." (LT)

de Caracas (Venezuela)

Economia precisa se diversificar, diz analista políticoGoverno Maduro precisa corrigir desabastecimento e inflação

Ato em apoio à venezuela no RioSexta (16), às 17h, em frente ao consulado do EUA,(Av. Presidente Wilson, 147)

“Oposição venezuelana apostou no desgatepara tentar tornaringovernável a gestãode Maduro_______________

Page 12: Brasil de Fato RJ - 050

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 12 | variedades

A empregada gestante está protegida da dispensasem justa causa durante a gravidez, até cinco mesesapós dar à luz. Essa proteção temporária que possibilitaà trabalhadora permanecer no emprego, também cha-mada de “estabilidade provisória”, é garantida peloTST (Tribunal Superior do Trabalho).

O Tribunal, após o julgamento de diversos casossemelhantes sobre essa questão, estabeleceu uma in-terpretação padrão das leis trabalhistas em relação aesse assunto. Segundo essa interpretação da Justiça

do Trabalho, o desconhecimento da gravidez pelopatrão não afasta o direito da empregada gestante àindenização decorrente da estabilidade.

Com relação à possibilidade de reintegração, quesignifica o retorno da empregada gestante ao trabalho,a garantia de emprego só autoriza o retorno ao trabalhose este ocorrer durante o período da estabilidade, ouseja, durante a gravidez até cinco meses após o parto.Do contrário, a garantia de emprego limita-se apenasao recebimento dos salários e demais direitos.

Por último, até mesmo as empregadas em contratode experiência tem direito à estabilidade provisória,no caso de concepção durante o prazo desse contrato.

E, embora não esteja expresso, o Tribunal Superiordo Trabalho vem aplicando a garantia provisória noemprego nos casos em que a gravidez ocorra durante oprazo do aviso prévio, ainda que indenizado, represen-tando um avanço aos direitos das empregadas gestantes.

Renata Alves Castelhano advogada trabalhista

Esta semana a receita épara receber o frio que jáchegou. Essa canja é feitasó com peito de frango,porque eu gosto assim.

Mas também é possívelusar outros pedaços. Sim-ples e saborosa combinacom a queda da tempera-tura do outono.

Murchar a cebola no azeite.Juntar o alho, o sal, a pi-menta e refogar o frango.Jogar o vinho e deixar eva-porar. Cobrir com água e

aumentar o fogo até ferver.Colocar o salsão, a cenourae o arroz. Misturar e deixarferver em fogo baixo até ficarmacio. Misturar o tomate,

deixar ele quase desman-char. Colocar a salsinha,acertar o sal, desligar o fogoe servir!

Canja da Patinha

Acabamos de comemo-rar mais um dia do traba-lhador, data que relembraas grandes lutas dos traba-lhadores. Dessas lutas vie-ram direitos, que muitasvezes acabam esquecidosou não recebem a devidadivulgação. Então, vamosesclarecer e relembrar al-guns relacionados à saúde.

O atestado médico fazparte do ato médico deconsultar. O que isso sig-nifica? Quer dizer que todomédico que consulta qual-quer paciente tem o deverde emitir atestado médicocaso o paciente solicite.Porém, isso não significa

que o médico afastará dotrabalho todo pacienteatendido. A decisão sobreo período de afastamentodo trabalho cabe sempreao profissional da saúde.

É importante lembrarque a presença do CID(Código Internacional deDoenças) não é obrigatóriano atestado e que nenhumente empregador poderáinvalidá-lo pela ausênciadesse código. Cabe ao tra-balhador solicitar ao mé-dico que escreva o CID noatestado, caso seja de seuinteresse. Lembre-se aindade que, se você precisar seafastar do trabalho, temdireito ao auxílio-doença(consulte um advogado ousindicato sobre isso).

Se o seu caso for de apo-sentadoria por invalidez,também tem direito à be-nefícios. Nesse caso, sem-pre será necessária a con-sulta com um médico pe-rito da Previdência. Por-tanto, atenção: o médicoque define a situação daaposentadoria não é o mé-dico particular, o médicoda UBS nem o da UPA, massim esse especialista daPrevidência Social.

Incapacitam definitiva-mente para o trabalhodoenças como: de Parkin-son, de Paget, renal crônicagrave, paralisias incapaci-tantes e irreversíveis, es-clerose múltipla, câncer,sequelas de acidentes, en-tre outras.

* Thiago Henrique Silva é médico

1 kg de peito de frango cortado em cubos2 cebolas 1 dente de alho3 talos de salsão2 cenouras cortadasem rodelas2 tomates picadosSal Pimenta do reinoAzeiteMeio copo de vinhobranco1 xícara de arroz cru1 punhado de salsi-nha picada

Modo de preparo

Trabalhador tem que ter saúde

NOSSOS DIREITOSBOA E BARATAPor Patrícia Ditolvo / cozinhadapatinha.blogspot.com.br

Renata Alves Castelhano

Estabilidade provisóriada empregada gestante

NOSSA SAÚDE

Dúvidas sobre direitos? Encaminhe e-mail para [email protected]

Thiago Henrique Silva*

ingredientes

Reprodução

Page 13: Brasil de Fato RJ - 050

No dia que em se co-memora a libertação dosescravos, 13 de maio, per-cebemos que motoristasde ônibus são escravos damodernidade. Os patrõesagem como “baratas” ton-tas, só pensam em aumen-tar seus lucros, enquantoa sociedade se omite.

Os motoristas seguemguiando os ônibus comozumbis, conduzindo opovo rumo à murada deum viaduto ou batendode frente num poste, comoresultado do estresse per-manente a que são sub-metidos pelas empresas.

A placa “Não Fale aoMotorista” sumiu e oscondutores agora acumu-lam a função de trocado-res. Se já é uma tarefa ár-dua dirigir um coletivopor jornadas quase sem-pre acima de oito horas,imagine o que significaacumular outras funçõescomo cobrar as passa-gens. Como se não bas-tasse, os donos das em-presas ainda têm a cora-gem de cobrar dos moto-ristas o ressarcimento devalores fruto de assaltos.

Lutando contra essa si-tuação, os motoristas co-bram das empresas me-lhores salários e condiçõesde trabalho. A mídia,como sempre, se colocaao lado dos patrões jo-gando a sociedade contra.Consegue transmitir re-portagens, durante maisde uma hora seguida, semse dar ao trabalho de ouviro Comando de Greve.

Ora, mas foi a sociedadeque escolheu os ônibuscomo matriz do transporte

coletivo? Mentira! Os do-nos das empresas am-pliam os transportes sobpneus através do finan-ciamento de campanhasde vereadores, deputadosestaduais, senadores, pre-feitos, governadores e atédos presidenciáveis.

Imagine se as emprei-teiras que recapeiam asestradas todo ano vão fi-car sem os ônibus? E osfabricantes de pneus? Eos donos de pedágios? Eos fabricantes de ônibus?Dessa forma as tarifas se-riam muito mais baratas!Sem contar o ganho emnossa saúde e no meioambiente!

O transporte público,de vital importância paraa sociedade, não deveriaficar na mão de empresá-rios gananciosos que mas-sacram os trabalhadorese prestam serviços carís-simos e de péssima qua-lidade à população.

Esses serviços deveriamser municipalizados! Noano passado, uma CPI naCâmara para investigar alicitação das empresas deônibus esbarrou numamaioria de vereadores li-gados à Fetranspor que,não satisfeita em eleger amaioria de vereadores naCPI ainda impôs um aliadopara presidir a comissão.Com a raposa tomandoconta do galinheiro ficadifícil colocar o transportecoletivo nos trilhos!

Emanuel Cancella é coordenador do Sindipetro-RJ e da

Federação Nacional dosPetroleiros (FNP)

Especializada em mar-xismo, comunicação e lutasdos trabalhadores, a LivrariaAntonio Gramsci tem atraídocada vez mais militantes, es-tudantes e professores doRio de Janeiro e do Brasil. Apequena e aconchegante li-vraria foi inaugurada em2011 e pertence ao NúcleoPiratininga de Comunicação(NPC), um grupo de comu-nicadores que há vinte anostrabalha com formação emcomunicação para movi-mentos populares e sindi-catos. A livraria fica na Ci-nelândia e no ano passadoestreou também uma lojana internet (http://livraria-gramsci.com.br/). Os livrosdo acervo e publicações pró-prias do NPC são entreguesem todo o país.

Além das obras clássicasdo pensamento marxista eda esquerda mundial, a Li-vraria Antonio Gramsci tam-bém privilegia temas comohistória, educação, sociolo-gia, cidade, cultura, movi-mentos sociais, sindicalismoe mulheres. O local tambémé um ponto de vendas daeditora Expressão Popular e

conta com um sebo ondepodem ser encontrados clás-sicos da literatura nacionale estrangeira.

A coordenadora do NPCe da livraria, Claudia San-tiago, explica que a loja sur-giu da paixão pela leitura epela divulgação de ideias.“Esse espaço é consequênciados 20 anos de NPC. Sãoduas décadas reafirmandoa necessidade de se construirum mundo com igualdadede direitos e justiça social.É uma pecinha do grandemosaico de instrumentos daesquerda para a construçãode um mundo para todos”,explica a jornalista. Segundoela, o objetivo também é di-vulgar trabalhos pouco co-nhecidos. “Estamos sempreatentos a dicas recebidas deamigos e clientes de todo opaís. Quanta coisa boa é pro-duzida e ninguém fica sa-bendo?”, aponta.

Lançamentos e entrevistasMesmo localizada em um

ponto discreto do hall doprédio onde funciona o Tea-tro Dulcina, na Cinelândia,a livraria já é conhecida pormuitos estudantes de licen-ciatura e professores, querecebem desconto de 10%nas compras.

Outro projeto realizadona livraria Antonio Gramscifoi o “Quintas Resistentes”,que aconteceu entre julhoe setembro do ano passado.Dez militantes falaram sobreas diversas formas de luta eresistência que viveram noperíodo da ditadura civil-militar brasileira, entre elesCid Benjamin, Cecília Coim-bra e Victoria Grabois. Asentrevistas foram feitas poruma equipe de jornalistas,militantes e professores quea cada semana comandaramo bate-papo, sempre trans-mitido ao vivo pela internetno site do NPC. Os vídeosestão disponíveis na íntegrano Youtube [http://nucleo-piratininga.org.br/quintas-resistentes/]

SERVIÇOLivraria Antonio GramsciEndereço: Rua AlcindoGuanabara, 17, térreo, Cinelândia, (rua do bar Amarelinho).Funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.Contatos: (21) 2220-4623www.livrariagramsci.com.brFacebook:www.facebook.com/livraria.a.gramsci

Eric Fenelondo Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 cultura | 13

Um lugar do Rio: LivrariaAntonio Gramsci

Pablo Vergara

Opinião

Motorista de Ônibus: oescravo da modernidade

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Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 14 | variedades

Todo cuidado é pouco. Está com ener-gias abundantes e pode utilizá-las in-sensata ou impetuosamente. Éimportante que leve seus projetos atéo fim e não caia em distrações ou lon-gas pausas, pois pode entrar na inércia.

Talvez viva conforme tradições anti-quadas e devido a tais concepções devida, não consiga se aproximar daspessoas. Tente apreciar as experiências- principalmente as desagradáveis -para aproveitá-las em ações futuras.

Pode haver problemas emocionais,particularmente, na relação íntima,pois tende a colocar seus desejos se-xuais acima de tudo. Além disso, pa-rece não estar bem certo do que quer,agravando os conflitos.

Está se dedicando de corpo e alma enão lhe falta coragem para corrigir cer-tas coisas em sua vida, se for preciso.Com certeza, notam-se as suas ações,que podem desempenhar um papelativo nos acontecimentos.

Neste momento, o campo mental estáfavorecido e você deve dominar bemtanto a língua escrita quanto a falada -e faz questão disso. Atividades ligadasà criatividade e artes em geral estãofavorecidas.

Está trabalhando de maneira constru-tiva e sabendo aproveitar as suas fa-culdades intelectuais. Sabe dominarquaisquer ataques de nervosismo oudesequilíbrio emocional, afim de ga-rantir sucesso profissional.

Evite usar o charme e magnetismo pes-soal para realizar seus planos de modoexcessivamente egoísta e manipuladorcom as pessoas de seu meio - particu-larmente as do sexo oposto. Exerça ajustiça que tanto prega.

Está demasiadamente reservado esério, o que não facilita suas relaçõespessoais. O que mais impede seu su-cesso é a incapacidade de gostar umpouco de si mesmo, rir de si mesmo erelaxar ao cometer equívocos.

Você tenta viver intensamente, como"8 ou 80", o que pode chocar as pes-soas. Examine os motivos nos quais sebaseia essa atitude, pois é possível quese deva a uma vaidade egoísta quetenda para atos insensatos e fúteis.

Está temperamental. Pode, às vezes,ficar irritado ou mostrar aversão aqualquer tipo de rotina e disciplina.Evite tornar-se exageradamente volú-vel e prepare-se para mudançasabruptas e radicais.

Você pode conseguir organizar negó-cios financeiros eficientemente. Porém,está sujeito a caprichos extremos e em-penhar toda sua energia em um pontoque pouco depois não lhe parece maisnem um pouco importante.

É possível que não veja sua situaçãoatual com o devido realismo. Tenhacuidado para não relaxar demais, issolevaria a um caos emocional. Evite oconsumo de álcool/drogas e iniciarnegócios financeiros duvidosos.

HORÓSCOPO

15 a 21 de maio de 2014Keka Campos, astróloga [email protected]

“O mundo de hoje andamuito moderno” disse a mi-nha tia-avó quando Luiza eLaerte, personagens da no-vela das 21h, assumiram ro-mance. Depois dessa decla-ração, caí na reflexão e com-partilho minhas hipóteses.

Pensei que a modernidadedo romance poderia estar re-lacionada à diferença de ida-de dos dois. Mas isso não éobra apenas no “mundo dehoje”. Pensei também que omoderno está no fato de se-rem primos se pegando. Mascomo os dois são primos quesó se conheceram adultos,descartei as duas hipóteses.

Cheguei então a uma ter-ceira. Moderno, para mi-nha tia-avó, é uma filha seenvolver com o ex-noivoda mãe, que também équase assassino do pai eacusado da morte do avôpor infarto. Para boa parte

dos “em família”, o sen-timento de ódio de He-lena por Laerte é amorao avesso.

Não me interessadiscutir se os dois de-vem ou não estar jun-tos. Vale a pena, nessecaso, é pensar como anovela mexe com as re-ferências de valor do

seu público. Para minha tia-avó, o romance em questãoprovoca uma comparaçãoentre o passado e o presen-te, entre tradição e moder-nidade, como se hoje sepermitissem coisas não per-mitidas ontem.

É moderno ou amoral?

NOVELA | por Joaquim Vela | [email protected]

• Divulgação

Luiza e Laerte: romance entre primos

Page 15: Brasil de Fato RJ - 050

Figurõesda Copa

Goiás 2 x 0 Botafogo Quarta-feira 14/05 | Juiz de Fora | 22h

Cruzeiro x Coritiba Sábado 17/05|Mineirão|18h30

Flamengo x São Paulo Domingo 18/05 | Maracanã | 16h

Sport x Bahia Domingo 18/05 | Ilha do Retiro | 16h

Corinthians x Figueirense Domingo 18/05 | Arena Corinthians | 16h

Atlético-PR x Chapecoense Domingo 18/05 | Willie Davids | 16h

Grêmio x Fluminense Domingo 18/05 | Arena Pantanal | 18h30

Santos x Atlético-MG Domingo 18/05| Couto Pereira |18h30

vitória x Palmeiras Domingo 18/05 | Pituaçu | 18h30

Criciúma x internacional Domingo 18/05 | Heriberto Hulse | 18h30

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014 esporte | 15

opinião | Bruno Porpetta

#vaiTerHenrique?Muita gente se diz sur-

presa com a convocação dozagueiro Henrique, do Ná-poli, para a seleção brasi-leira. Mas não chega a serexatamente uma surpresaum nome que já era cogi-tado há cerca de três sema-nas atrás, duas antes daconvocação.

Henrique se destacou noPalmeiras e sua primeiranegociação para o exteriorfoi com o Barcelona. Lá ojogador não se encon-trou, passou um temposendo emprestado na Eu-ropa e voltou ao Palmeiras.Agora, na equipe italiana,parece conseguir seu pri-meiro êxito internacional.

Henrique está na Copa,mas não pelo seu currí-culo. A razão está emduas palavras que Felipãousou muito na coletivadada após a convocação:“grupo” e “confiança”. Feli-

pão já treinou Henrique noPalmeiras e, na última pas-sagem de ambos por lá, ozagueiro foi o capitão daequipe. Por si só, este fatorevela que o treinador temconfiança no sujeito.

A repetição do conceitode “família Scolari”, vito-rioso em outro momento,não significa que o raiocaia duas vezes no mesmolugar. Ou seja, o Brasil teráque jogar bola para sercampeão. Neste sentido,há uma perda técnicacom Henrique em vez deMiranda. A nós, resta sa-ber se este prejuízo noscustará a Copa.

Não parece a hipótesemais provável, mas nin-guém sabe em que condi-ções nossos zagueiros titu-lares estarão. Todos elesestão em final de tempo-rada, quando os músculospedem férias.

Tabela Brasileirão | 5ª rodada

Nascido em Be -dum, o meia-atacante de 30anos se transferiu do RealMadrid para o Bayern deMunique em 2009. Reve-lado pelo Groningen, compassagens no PSV e Chel-sea, Robben teve uma car-reira marcada por lesões.Somente no Bayern o ho-

landês conseguiu uma se-quência maior na carreira.

Assim, Robben foi deci-sivo na conquista da UEFAChampions League da tem-porada passada, marcandoo gol do título do Bayern,depois de algumas decisõesna carreira sem conseguirapresentar seu melhor fute-bol. Dentre estas decisões, ada última Copa do Mundo,quando a Holanda foi derro-tada pela Espanha.

Quis o destino que Ho-landa e Espanha estivessemno mesmo grupo nesta Copa,e, após Robben ter afastado afama de “amarelão”, o resul-tado pode ser outro.

Arjen Robben(Holanda)

Com 30 anos re -cém-completos,

Inies ta nasceu em Fuenteal-billa, na província de Albacete,e se tornou um dos maioresjogadores da história do fute-bol espanhol e mundial.

Um elemento fundamental

no histórico time do Barcelona,treinado por PepGuardiola,que marcou época e se elevouà galeria dos maio res de todosos tempos. Seus índices deacerto nos passes são estron-dosos e o gol mais importanteda história da Espanha foidele: o gol do título na Copado Mundo na África do Sul.

Mesmo que o time espa-nhol chegue questionado, aomesmo tempo em que é colo-cado como um dos favoritosao título, o perigo que Iniestarepresenta aos adversáriosainda é o mesmo.

Andrés iniesta(Espanha)

Aos 28 anos,este conterrâneo

dos Beatles disputará suaterceira Copa do Mundo.

Embora ainda não tenhadeslanchado em um mun-dial, mesmo com seu talen-toso futebol. O atacante doManchester United foi reve-lado pelo Everton, de sua ci-dade, onde foi ídolo e hoje éhostilizado sempre que re-torna ao Goodinson Park.

Veloz, com chute precisoe temperamento explosivo,Rooney pode ser decisivo

para o English Team, para obem ou para o mal. Suasbelas jogadas são tão fáceisquanto a capacidade de ar-rumar uma expulsão boba.

A Inglaterra está no grupoda morte. E para levá-lalonge no mundial, Rooneyterá que colocar todo seu ta-lento em campo, driblandoa desconfiança dos críticos eos seus próprios nervos.

Wayne Rooney (inglaterra)

Este francês deBoulogne-sur-

Mer, hoje com 31 anos, é re-manescente da seleção azulque disputou a final da Copade 2006 contra a Itália. O jogoem que Zidane – que consi-dera Ribéry uma “joia do fu-tebol francês” – acertou umacabeçada em Materazzi.

Depois de algumas an-danças por clubes menoresda França, foi no futebolturco – mais precisamenteno Galatasaray – que Ribérycomeçou a se destacar. Daíem diante, passando peloretorno ao futebol francês(Olym pique de Marseille),Ribéry chegou ao Bayernde Munique com status decraque.

Na temporada passada,disputou o prêmio de me-lhor jogador do mundo e,apesar de ganhar tudo pelotime bávaro, acabou per-dendo o título para Cris-tiano Ronaldo.

Franck Ribéry(França)

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O site pasionlibertadores.compublicou um ranking com os 30maiores clubes do futebol sul-americano. O Flamengo ficou como terceiro lugar na lista, perdendoapenas para o Boca Juniors (ARG)e o São Paulo.

No Rio, apenas o Vasco tam-bém foi relacionado, em 18º lugar.Também aparecem na lista o Co-rinthians (5º), Santos (9º), Inter-nacional (10º), Cruzeiro (12º),Grêmio (13º), Palmeiras (15º) eAtlético-MG (27º).

Foram atribuídos dois pontospara cada título da Libertadorese um para o vice, dois para oMundial, um para outros tor-neios continentais, um paracada milhão de torcedores, trêspara quem possui estádio gran-de, dois para médio e um parapequeno e meio ponto para es-tádio emprestado.

Existem fatores que levam aperda de pontos, como a au-sência de títulos da Libertado-res e do Mundial e o rebaixa-mento no campeonato nacio-nal, que custam três pontos aosclubes. (BP)

da Redação

Flamengo é o terceiro maior clubeda América do Sul,segundo siteRANKING Em lista divulgada no site da Libertadores, Boca lidera

Botafogo volta a jogarmal e perde

Após a goleada apli-cada sobre o Criciúmano último sábado (10),o Botafogo buscava em-balar no campeonatocontra o Goiás, mas vol-tou a jogar mal e saiude campo derrotado.

O Goiás tinha o man-do de campo e jogou emJuiz de Fora (MG) porqueainda cumpre punição edeve mandar seus jogosa, pelo menos, 150km dedistância de Goiânia.

Os gols saíram ape-nas no segundo tempo,

aos 8 minutos com Ra-mon e aos 24, com Da-nilo. O Botafogo agoravai a Caxias do Sul en-frentar o Grêmio, napróxima quarta (21).

Time do Papa tira Cruzeiro

O San Lorenzo arran-cou um empate com oCruzeiro, no Mineirão,por 1 a 1 e se classificoupara as semifinais daLibertadores. Na ida, osargentinos vencerampor 1 a 0. (BP)

BRASILEIRÃO Alvinegro perde para o Goiáspor 2 a 0, em Juiz de Fora

• O FLUMINENSEacertou a contrataçãodo zagueiro canhotoFabrício, ex-Flamengoe Vasco. O jogador eratido como uma daspromessas da base ru-bro-negra, mas passoupor muitas lesões nacarreira. Já trabalhoucom Cristóvão Borgesno Vasco e teve suacontratação aprovadapelo treinador.

• OUTRO reforço paraa zaga do Flu deve serHenrique, do Bordeaux(FRA). O clube já pre-para um pré-contratopara contar com o jo-gador, que só poderáatuar após a Copa doMundo, na abertura dajanela de transferên-cias internacionais. Ozagueiro foi escolhidopela torcida do clubefrancês como o melhorjogador do time natemporada.

• O JOGO entre Vasco eSampaio Corrêa, pelasérie B do Brasileirão,está prestes a ter umadefinição de local.Após ter sido negado ojogo em Manaus, naArena da Amazônia,por conta de reparosque serão feitos no diatendo em vista a Copado Mundo, a CBF pro-pôs mudar para Teresi-na, no Piauí. O únicoproblema é que o está-dio não foi liberadopelo Ministério Públicoem 2014 e depende desua aprovação para po-der abrigar a partida.

• MAIS UMA figurinhade fora da Copa. Destavez é o francês Nasri,autor do gol do títuloinglês do ManchesterCity, que foi deixado defora pelo técnico DidierDeschamps.

TOQUES CURTOS

Rio de Janeiro, 15 a 21 de maio de 2014

Em circunstâncias nadatransparentes, o Flamengoapresentou seu novo treinadorpara a continuidade do Bra-sileirão. Trata-se de Ney Fran-co, que chega ao clube pelasegunda vez, com um currí-culo mais vasto e vitorioso,mas sob especulações que tra-tam de interferências de ex-dirigentes rubro-negros que,para a torcida, estavam des-cartados do comando.

O vazamento da informa-ção sobre a demissão de Jaymede Almeida entra em conflitocom o que a atual direção doFlamengo pregou no início de

sua gestão, com relação aotratamento que as questõesinternas tinham no clube, tor-nadas públicas com facilidadepor diretores e conselheiros.

Na segunda-feira (12), ementrevista ao programa Linhade Passe, da ESPN Brasil, eraperceptível o abatimento deJayme ao tratar do assunto,

chegando a embargar a vozao falar. No entanto, a notaoficial do clube foi diplomá-tica, limitando-se a agrade-cê-lo pelos serviços prestadosao Flamengo.

Ney comandou, na própriaquarta (14), o primeiro trei-namento com o time, além daprimeira conversa com o time.Na coletiva, afirmou que oFlamengo tem condições debrigar pelo título brasileiro.Também disse que o gruponão está fechado, admitindoa possibilidade de reforçospara o período pós-Copa.

Sua estreia será no domin-go (18), contra o São Paulo –clube que já dirigiu, conquis-tando uma Copa Sulamerica-na – no Maracanã.

Após trapalhada da direção,Ney Franco assume o FlamengoSACANAGEM Ney é apresentado para segunda passagem no Fla

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

Gilvan de Souza/Flamengo

Ney Franco ganhará o mesmo que Mano recebia, até o final de 2015