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Brasil PRESBITERIANO Julho de 2005 Ano 48 / Nº 610 - R$ 1,80 Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil Páginas 18, 19 e 20 Jovens presbiterianos falam francamente sobre sexualidade Página 12 Igreja em Gana agradece à IPB pela Bíblia na língua nativa Página 8 IP de Porto Velho realiza progra- ma de inclusão digital Eduardo Knapp/Folha Imagem Ronaldo Lidório Página 7 Letícia Ferreira Av. Paulista, em São Paulo, recebe maior manifestação no país Rede Presbiteriana de Comunicação Cristãos marcham para Jesus

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IPde Porto Velho realiza progra- ma de inclusão digital Jovens presbiterianos falam francamente sobre sexualidade Páginas 18,19 e 20 Igreja em Gana agradece à IPB pela Bíblia na língua nativa Página 12 Página 8 Página 7 Av. Paulista, em São Paulo, recebe maior manifestação no país Rede Presbiteriana de Comunicação Eduardo Knapp/Folha Imagem Ronaldo Lidório Letícia Ferreira

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B r a s i lPRESBITERIANO

Julho de 2005 Ano 48 / Nº 610 - R$ 1,80Órgão Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil

Páginas 18, 19 e 20

Jovens presbiterianos falamfrancamente sobre sexualidade

Página 12

Igreja em Gana agradece à IPBpela Bíblia na língua nativa

Página 8

IP de Porto Velho realiza progra-ma de inclusão digital

Eduardo Knapp/Folha Imagem

Ronaldo Lidório

Página 7

Letícia Ferreira

Av. Paulista, em São Paulo, recebe maior manifestação no país

RedePresbiteriana

de Comunicação

Cristãos marcham para Jesus

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Brasil PRESBITERIANO2 Julho de 2005

AssinaturasPara qualquer assunto

relacionado a assinaturas do BP,entre em contato com:

Luz para o Caminho0(XX)19 3741 3000

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Rua Antônio Zingra nº 151,Jardim IV Centenário

CEP 13070-192 - Campinas - SP

Muito bom o artigo Identidade Visual da IPB,publicado no BP de março. Amo o jornal BrasilPresbiteriano, pois ele nos deixa bem informadosnos diversos assuntos da nossa amada IPB.

Ecilda Camargo Ribas, de Curitiba (PR)

Agradecemos a excelente matéria que publica-ram no último número do Brasil Presbiterianosobre o Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos.Para os entrevistados, todos profissionais presbite-rianos, foi muito agradável receber o reconheci-mento do órgão oficial da nossa IPB pelo trabalhoque desenvolvemos em nome da nossa fé.Outrossim, para os demais associados do CPPC,foi uma oportunidade para se deterem e apreciaremo nosso jornal. Além de tudo, as informações vei-culadas servirão aos leitores para o melhor enten-dimento deste campo do saber, sem desconhecer ovalor dos recursos espirituais na promoção dasaúde. Que Deus os abençoe sempre.

Uriel Heckert, presidente do CPPC

Gostaria de fazer alguns esclarecimentos a res-peito da reportagem da edição de maio deste con-ceituado jornal, intitulada IP de Higienópolisalcança jovens estudantes (página 8).

Quando o pastor Arifranklin comenta sobre o tra-balho não ter correspondido às expectativas, não ofaz com conhecimento de causa, pois ele não este-ve no trabalho entre 1999 e 2003, só começou a

participar após março de 2004. Quanto ao local dotrabalho ter sido inadequado e que estávamos nacontra-mão do crescimento, deve ficar claro que oobjetivo era a plantação de uma igreja presbiteria-na num bairro de classe média alta e que o local foiaquele que Deus mostrou que deveríamos ocupar.

O trabalho que o citado pastor está desenvolven-do, além de ter como base aquele anterior, pois amaioria de seus membros é oriundo daquele, temoutros objetivos que o inicialmente plantado naRua Tupi.

O trabalho do Espaço Higienópolis (conformecitado no BP) não tem qualquer identificação como pioneiro (a não ser os membros do primeiro tra-balho que para lá foram transferidos), pois os obje-tivos são completamente diferentes, inclusivevisando um público completamente diferente, vaibem, glória a Deus por isso, pois a obra é dEle.

Rev. Marcelo Serra de Sousa, pastor auxiliarda IP do Calvário, em São Paulo, do PresbitérioPiratininga

Parabenizo o rev. Waterson José Ferreira peloexcelente artigo A Igreja e a Política Eclesiástica,publicado no BP de maio, pg. B 2. É retratadoneste artigo uma realidade presente em nossas igre-jas.

Noé Quintino Lopes, da IP de Boituva, emTatuí (SP)

Erramos

No Caderno das Resoluções, publicado em maio, uma legenda está errada, a da página 36. A primeirapessoa à esquerda não é Maxuell Barros Soares, mas o rev. Dorival Carvalho da Silva, de Itapeva (SP).

A nota do falecimento do rev. Célio Siqueira, publicada na página B7 da edição de maio, foi enviadapelo rev. Nilson Santos, pastor da IP de Paraguaçu Paulista (SP).

Na quarta nota publicada na coluna Notícias da edição de maio, Congregação Presbiteriana em SergipeComemora Aniversário, na verdade, a congregação não estava comemorando seu aniversário e sim ainauguração do templo, que já foi concluído e inaugurado nos dias 12 e 13 de fevereiro.

Seu recado

Nosso recado

É fato que os valores da Palavra de Deus, principalmente no que dizrespeito aos relacionamentos entre os sexos, estão sendo deixados delado mesmo dentro da igreja. Não é necessário fazer uma pesquisaformal sobre o assunto, o que até seria interessante, basta ser um bomobservador e freqüentar o "mundo evangélico". Se você é jovem outem bastante contato com essa faixa etária, já chegou à conclusão deque algo precisa ser feito para deter a invasão dos conceitos domundo dentro da igreja.

Sobre a sexualidade do jovem cristão solteiro, principalmente omembro da IPB, trata a reportagem das páginas 18, 19 e 20. É umassunto tão extenso que precisou de três páginas e precisaria de maisespaço se todos os jovens que contatamos não tivessem ficado cons-trangidos em responder nossas perguntas. Os dois que deram seudepoimento só o fizeram na condição de que seus nomes não fossemrevelados. Líderes e psicólogos também foram consultados para darsuas opiniões sobre os motivos desse fenômeno que não é atual, masvem aumentando rapidamente nos dias de hoje, e sobre as maneirascom que se deve buscar detê-lo.

Ainda dentro deste contexto, esta edição traz uma matéria que, noinício, compara a Marcha para Jesus à Parada Gay, que acontecetodos os anos no país, com maior destaque em São Paulo. Neste ano,a Marcha para Jesus, a exemplo da parada, ocupou a AvenidaPaulista, e aconteceu poucos dias antes do movimento homossexual,o que provocou comparações em toda a imprensa. Em São Paulo, amarcha é monopolizada, apesar de ter a participação de muitas outrasdenominações, pela igreja Renascer em Cristo, mas em outros locaisdo Brasil, a IPB teve bastante envolvimento na manifestação.Acompanhe na página 7.

Pensar e refletir é importante, mas o que seria do pensamentohumano sem a escrita e a leitura? Quem saber ler e escrever tem aces-so ao aprendizado e à auto-expressão. E, num projeto do Conselho deAção Social da IPB, tem acesso também ao evangelho. Veja naspáginas 10 e 11 como o projeto Alfabetização que Transforma buscaincluir na sociedade e no evangelho analfabetos que fazem parte deum contingente de 20 milhões de pessoas no Brasil.

Também para inclusão social com cunho evangelizador é o projetoestação Digital Koynonia, que oferece aulas gratuitas de informáticanas dependências da IP Central de Porto Velho (RO), confira a maté-ria na página 8.

Um agradecimento comovente à IPB é feito pela igreja cristã emGana, na África, por meio do missionário Ronaldo Lidório. Elesestão gratos à contribuição da denominação na feitura do NovoTestamento na língua nativa e é inspirador saber do amor e apego queaquelas pessoas têm à Palavra de Deus, a ponto de considerá-la o pre-sente mais precioso que receberam na vida. Veja no relato do missio-nário na página 12.

Acompanhe estas e outras notícias nesta edição de julho do jornalBrasil Presbiteriano. Tenha uma leitura abençoada!

Palavra da Redação

Presb. Gunnar Bedicks Jr. – PresidentePresb. Gilson Alberto Novaes - SecretárioPresb. Alcides Martins Jr. – TitularPresb. José Augusto Pereira Brito – TitularRev. Carlos Veiga Feitosa – TitularPresb. Sílvio Ferreira Jr. – TitularPresb. Clineu Aparecido Francisco – Diretor Administrativo-financeiroRev. André Mello – Diretor de Produção e Programação

Edição e Chefia de Reportagem: Letícia FerreiraDRT/PR: 4225/17/65E-maill: [email protected]: Letícia Ferreira ([email protected]) eMartha de Augustinis (e-mail: [email protected])Diagramação: Aristides NetoRevisão: Douglas Moura Ferreira

EXPEDIENTE

Rede Presbiterianade Comunicação

Conselho Editorial:Rev. Augustus Nicodemus LopesRev. Celsino GamaRev. Evaldo BerangerPresb. Gilson Alberto NovaesRev. Hernandes Dias LopesRev. Vivaldo da Silva Melo

Brasil PRESBITERIANOAno 48, nº 610 – Julho de 2005

Rua Maria Antônia, 249, 1º andar, CEP 01222-020, São Paulo – SPTelefone: 0(XX)11 3255 7269

E-mail: [email protected]

Órgão Oficial da

Secretaria de Atendimento ao Assinante: (19) 3741 3000 / 0800 119 105 Impressão: Folhagráfica

www.ipb.org.br

Uma publicação da

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Brasil PRESBITERIANO 3Julho de 2005

ossa Excelência é umgrande mentiroso!"

Tristes palavras, senãonefastas, que ouvimos, recentemen-te, numa discussão entre deputados,na Comissão de Ética do Congresso.Os ataques foram pesados e as acu-sações, se comprovadas, revelamum nível de corrupção descabidoentre os deputados federais, maseram sempre precedidos de um tra-tamento solene: "Vossa Excelência","Sua Excelência".

Pode um sujeito mentiroso, cor-rupto, ser chamado de "VossaExcelência"? Excelência não impli-ca em qualidade? Superioridade?

Títulos são relativos, especialmen-te os títulos honoríficos. Os títulosnão fazem as pessoas, as pessoas,quem sabe, fazem os títulos.

Alguém cursa uma faculdade de

direito, recebe um diploma debacharel, não passa no exame daOAB, mas é chamado de "doutor".O aluno mal saiu do seminário, lem-bra com dificuldade os cinco pontosdo calvinismo, é ordenado, assenta-se para presidir um conselho ondealguns presbíteros estão há 20 ou 30anos, e estes lhe chamam "reveren-do"! Os presbíteros continuamsendo "seu" Sebastião, "seu"Geraldo etc.

Tal pastor escreve uma mensagempara o boletim da igreja e assina"Reverendo"; cria uma conta de e-mail e coloca rev...@...; manda umacarta e assina "Reverendo"; e esperaque os membros da igreja lhe cha-mem "Reverendo"! Ainda naquelareunião do conselho, ele abre asEscrituras e, na maior tranqüilidade,chama o corajoso apóstolo Paulo de

Paulo, o amado João de João, ointrépido Pedro de Pedro, e o SenhorJesus Cristo de Jesus.

Se partirmos para o entendimentode que reverências só devemos aDeus, seria incorreto tratar um reli-gioso por reverendo. Porém, o senti-do do verbo reverenciar em nossalíngua não pressupõe uma atitudedessas apenas para com Deus. ODicionário de Aurélio, da LínguaPortuguesa, dá os seguintes sentidospara reverenciar: (a) Tratar comreverência, venerar, honrar, adorar;(b) saudar ou cumprimentar respei-tosamente; (c) obedecer, acatar, res-peitar. Assim, o uso de "reverendo"para os pastores está ligado ao res-peito que os crentes têm por seu pas-tor.

Por outro lado, o título "reveren-do" não deve jamais ser usado no

sentido de reverência a alguém ou aum grupo que é hierarquicamentesuperior na Igreja de Cristo. Poisnão há no Novo Testamento, na EraCristã, diferença entre clero e leigos;todos somos sacerdotes, e por meiode Cristo temos livre acesso ao tronoda graça. Assim, o uso de "reve-rendo" passa a ser sinônimo do títu-lo "pastor"; o mesmo acontece comoutros títulos, como "doutor", aosmédicos; "presbíteros" (que querdizer anciãos) aos que assumem aposição de liderança de governo naigreja.

Há inúmeros "reverendos" que sãode fato pastores. São humildes, dedi-cados, e dão sua vida pelo rebanho.Há alguns "pastores" muito formaisque se mantêm longe do rebanho efalam uma linguagem acima doscrentes; estes querem ser reverendos

no sentido exato da palavra. E Jesusdisse que há pastores que não sãopastores, mas mercenários: vivempara matar e destruir. Um verdadei-ro servo de Cristo sabe honrar o títu-lo que tem, e título, por si só, não fazo verdadeiro servo de Cristo.

Alguns ministros presbiterianosinsistem em serem chamados de"pastores" como os batistas, achammuito faustoso o título "reverendo".O excelente pastor presbiterianoJúlio Andrade Ferreira assinou, pormuitos anos, as mensagens do bole-tim da Igreja Presbiteriana doJardim Guanabara apenas com"J.A.F." Se chamamos Jesus, o BomPastor, pelo primeiro nome, nãohaveria problema em chamar osoutros pastores também pelo primei-ro nome e as normas da igreja nadatêm contra isto.

ergunta: "Quando Abraãoofereceu Isaque, não havia acrença na ressurreição dosmortos. Era o alvorecer da

fé. Só no período do NT esta crençase tornou real pelas palavras e açõesde Cristo e por Sua própria ressurrei-ção. Como se explica Hebreus 11.17a 19?"

Resposta: O citado texto diz:"Pela fé, Abraão, quando posto àprova, ofereceu Isaque; estavamesmo para sacrificar o seu unigêni-to, aquele que acolheu alegrementeas promessas, a quem se tinha dito:Em Isaque será chamada a tua des-cendência; porque considerou queDeus era poderoso até para ressusci-tá-lo dentre os mortos, de onde tam-bém figuradamente, o recobrou".

Desculpe-me o irmão consulente,mas sua fonte de informação é, oude ultrapassados mestres modernis-tas, que aplicavam a hipótese daevolução à doutrina da inspiração daBíblia, ou de seguidores deles. Paratais pessoas, o conceito de revelação

progressiva é exagerado. Conceitocerto: em geral, as verdades foramficando mais claras no transcorrer doprocesso de inspiração da Bíblia.Conceito errôneo: Verdades como"monoteísmo", "vida futura" eoutras não podem ter sido reveladasnos estágios primitivos do povo deDeus.

Os modernistas diziam, por exem-plo, que as verdades evangélicas doLivro de Isaías não podem ter sidoescritas antes da primeira vinda deCristo – são claras demais! Para taispessoas, estas "profecias" são descri-ções de fatos já ocorridos!

Esses modernistas calaram a bocadepois que, entre os "rolos do MarMorto", foi descoberto, em 1949,um rolo completo de Isaías. E oscientistas do Museu Britânico (nãoreligiosos, mas cientistas) declara-ram que aquele rolo de Isaías nãopode ter sido escrito depois dosegundo século antes de Cristo!

Dizer que no tempo da oferta deIsaque "não havia a crença na ressur-

reição dos mortos" é, no mínimo,um equívoco. Em resposta, primei-ramente tomo a liberdade de esclare-cer que Jesus Cristo contraria o errodos que crêem na ressurreição, não,porém, na imortalidade da alma. Ossaduceus, racionalistas, diziam "nãohaver ressurreição". Jesus argumen-ta com eles desta forma: "Quanto àressurreição dos mortos, não tendeslido o que Deus vos declarou: Eusou o Deus de Abraão, o Deus deIsaque e o Deus de Jacó? Ele não éDeus de mortos, e sim de vivos" (Mt22.23,31,32). Os patriarcas, quetinham sofrido a morte física muitosséculos antes, estavam vivos quandoJesus disse as palavras acima trans-critas. A afirmação de Jesus Cristosustenta a fé na ressurreição comotambém na imortalidade da alma.

Bem compreendido, o contextogeral do Antigo Testamento pressu-põe a crença na vida futura, nasobrevivência do espírito e na res-surreição do corpo.

Limitando-me ao período mais

antigo do Antigo Testamento, citoestes dois fatos:

(1) A expressão "foi reunido a seupovo", tem uma vívida significaçãoque transcende a idéia de sepulta-mento e se distingue deste. MorreuAbraão, "e foi reunido ao seu povo",e, depois disso, "sepultaram-no" (Gn25.8,9). A Bíblia diz a mesma coisasobre Isaque e Jacó (Gn 35.29;49.33; 50.13).

(2) Jó viveu numa época muitoantiga. Alguns estudiosos o situamna época dos patriarcas. No entanto,que declaração maravilhosa fez elesobre a vinda do Redentor e sobre aressurreição! Eis o seu hino de fé:"Quem me dera fossem agora escri-tas as minhas palavras! Quem medera fossem gravadas em livro! Que,com pena de ferro e com chumbo,para sempre fossem esculpidas narocha! Porque eu sei que o meuRedentor vive e por fim se levantarásobre a terra. Depois, revestido estemeu corpo da minha pele, em minhacarne verei a Deus. Vê-lo-ei por

mim mesmo, os meus olhos o verão,e não outros; de saudade me desfale-ce o coração dentro em mim".

Como duvidar da declaração regis-trada na epístola aos Hebreus, inspi-rada pelo Espírito Santo? "Pela féAbraão ofereceu Isaque, porqueconsiderou que Deus era poderosoaté para ressuscitá-lo dentre os mor-tos."

Encerro lembrando a seguintedeclaração, feita por Jesus Cristo:"Abraão... alegrou-se por ver omeu dia, viu-o e regozijou-se" (Jo8.56).

“V

Opinião

Consultório Bíblico

P

O rev. Odayr Olivetti éministro jubilado da IPB, foi

pastor de várias igrejas eprofessor de Teologia

Sistemática no SeminárioPresbiteriano de Campinas.

É autor de alguns livros etradutor de inúmeras obras

cristãs.

Odayr Olivetti

Reverendo ou pastor?

Abraão e a ressurreição

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Brasil PRESBITERIANO4 Julho de 2005

História do Movimento Reformado

O Presbiterianismo Norte-Americano (I)principal grupo formadorda igreja presbiteriana nosEstados Unidos foram os

escoceses-irlandeses, ou seja, osdescendentes de escoceses quehaviam se fixado no norte da Irlandae posteriormente emigraram para aAmérica. Durante o século 18, pelomenos 300 mil cruzaram oAtlântico, se radicando principal-mente nas colônias centrais: NovaYork, Nova Jersey, Pensilvânia,Maryland, Virgínia, Carolina doNorte e Carolina do Sul. No oeste daPensilvânia, fundaram a cidade dePittsburgh, por muitos anos conside-rada a cidade mais presbiteriana dosEstados Unidos.

Já no século 17, haviam surgidodiversas igrejas locais presbiteria-

nas, que viviam isoladas umas dasoutras. No início do século seguinte,elas começaram a se unir em concí-lios, uma das principais característi-cas do presbiterianismo. O principallíder dessa iniciativa foi o rev.Francis Makemie (1658-1708), o"pai do presbiterianismo america-no". Ordenado na Irlanda em 1683,ele foi logo em seguida para aAmérica do Norte. Fundou diversasigrejas em Maryland e outrasregiões, e viajou extensamenteincentivando os presbiterianos.Como a Igreja Anglicana era a igre-ja oficial em várias colônias, elesofreu perseguições e chegoumesmo a ser preso em Nova York,em 1706.

Sob a liderança de Makemie, foiorganizado, em 1706, o Presbitériode Filadélfia, o primeiro do país,

com a presença de sete pastores ealguns presbíteros. Em 1717, a exis-tência de três presbitérios permitiu acriação do Sínodo de Filadélfia.Nessa época, a denominação tinhaapenas 19 pastores, 40 igrejas ecerca de três mil membros. Em1729, foi aprovado o Ato deAdoção, que aprovou a Confissãode Fé e os Catecismos deWestminster como os padrões dou-trinários do sínodo. Outro líder des-tacado dessa época foi o rev. GilbertTennent (1703-1764), um dos pre-cursores do Primeiro GrandeDespertamento, que estudou no LogCollege (Colégio de Toras), a pri-meira escola de preparação de pas-tores.

Entre 1741 e 1758, devido a dife-renças acerca do avivamento e daeducação teológica, os presbiteria-

nos se dividiram em dois grupos:Ala Velha (Sínodo de Filadélfia) eAla Nova (Sínodo de Nova York).Nesse período de divisão, váriosevangelistas notáveis como SamuelDavies, Alexander Craighead eHugh McAden trabalharam comgrande êxito no sul do país, espe-cialmente na Virgínia e nasCarolinas. Durante a RevoluçãoAmericana, os presbiterianos tive-ram uma atuação destacada, muitosdeles tendo lutado na guerra daindependência. O rev. JohnWitherspoon (1723-1794), escocêsque foi presidente do Colégio deNova Jersey (a futura Universidadede Princeton), fundado em 1746, foio único pastor que assinou aDeclaração de Independência dosEstados Unidos, em 1776.

Em 1788, o Sínodo de Nova York

e Filadélfia se dividiu em quatro(Nova York e Nova Jersey,Filadélfia, Virgínia e Carolinas) e,no dia 21 de maio de 1789, reuniu-se pela primeira vez a AssembléiaGeral da Igreja Presbiteriana dosEstados Unidos da América. Naépoca, a Igreja Presbiteriana era adenominação mais influente danova nação. Em 1800, contava comcerca de 180 pastores, 430 igrejas e20 mil membros. Ao longo do sécu-lo 18, surgiram outros dois grupospresbiterianos nos Estados Unidos:a Igreja Presbiteriana Reformada e aIgreja Presbiteriana Associada, quese uniram em 1781.

OAlderi Souza de Matos

O rev. Alderi Souza deMatos é o historiador

oficial da [email protected]

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Brasil PRESBITERIANO 5Julho de 2005

Liderança

Refletindo sobre o chamado ministerialuma época em que sevaloriza mais a profis-são do que o chamado

ministerial, o título deste ensaioparece ultrapassado. Todavia, opregador britânico C. H.Spurgeon costumava dizer que:"Ser pastor sem vocação écomo ser membro professo ebatizado sem conversão. Nosdois casos, há um nome e nadamais" (O chamado para oministério. PES). Semelhante-mente, John H. Jowett defendiaque: "Se perdermos o senso datranscendência da nossa comis-são, nós nos tornaremos seme-lhantes a comerciantes comuns,num mercado comum, parolan-do acerca de mercadoriacomum" (O pregador: Sua vidae obra. CEP, 1969). A perspec-tiva contemporânea populariza-da através de grande parte daliteratura evangélica, porém,valoriza mais a profissão do queo senso vocacional, a prepara-ção acadêmica mais do que apiedade e a capacidade decomunicação mais do que o

caráter pessoal.A Bíblia ensina que aquele que

almeja ao episcopado, "excelen-te obra almeja" (1Tm 3.1). Talexcelência é revelada na próprianatureza do ministério pastoral,pois esse serviço implica o pas-toreio do rebanho do Senhor (Jo21.15-17 e 1Pe 5.2). Portanto,equivocar-se quanto ao chama-do para o ministério pode resul-tar em desastres tanto para oobreiro quanto para a igreja.Deve-se ainda considerar que aexcelência do ministério pasto-ral se revela no fato dele se ocu-par com o anúncio da palavra dareconciliação (2 Co 5.18-6.3 e1Tm 4.6-10). Spurgeon certavez confidenciou: "Gosto de irpara o púlpito pensando e sen-tindo isto: ‘Esta é a Palavra deDeus que vou transmitir em Seunome. Ela não poderá voltarvazia para Ele . . . Seus propósi-tos se cumprirão, quer a minhamensagem tenha sabor de vidapara vida, ou sabor de mortepara morte, para aqueles que aouvem" (O conquistador de

almas PES, 1986). Deve-seainda lembrar que o chamadoao ministério é excelente por-que implica ser modelo do reba-nho e viver de forma exemplar(1Pe 5.3 e 1Tm 4.14-16). Destaforma, o discipulado ocorre nãoapenas por palavras, mas tam-bém através do exemplo cristão.Mesmo que não sejam exausti-vas, essas características sãoeficazes para nos levar a consi-derar a excelência do ministériopastoral.

Para alguns, no entanto, amaior dificuldade consiste emsaber se foram ou não chama-dos para o ministério. Há que seobservar, primeiramente, queexiste um chamado interno,mediante o qual o EspíritoSanto convoca para o ministérioaqueles que foram ordenadospara tal. Assim como no sacer-dócio dos filhos de Arão, nin-guém deveria tomar "essa honrapara si mesmo, senão quandochamado por Deus" (Hb 5.4).Spurgeon descreve esse chama-do como "um desejo intenso e

absorvente de realizar a obra"(O chamado para o ministério).O fato é que aquele que é voca-cionado certamente o sabe emseu íntimo, pois a certeza de serenviado é o elemento vital dessacomissão. Em segundo lugar, háum chamado externo, medianteo qual a própria igreja é levadaa reconhecer a vocação daque-les que foram designados para oministério. Deus usa o seu povopara confirmar o chamado doministro, a fim de que o mesmonão seja apenas uma experiên-cia mística e subjetiva. Além domais, deve-se notar que ascaracterísticas de um fiel minis-tro são descritas na Bíblia, paraque a igreja se oriente por elasno reconhecimento daquele quefoi verdadeiramente chamado.O testemunho da família da fé,nesse sentido, é um instrumentodivino e não deveria ser despre-zado.

Finalmente, Deus usa tambéma experiência como um instru-mento diário de confirmação dochamado ministerial. Certa-

mente, podem existir momentosde insegurança e até mesmodúvidas quanto à vocação pes-soal. Além do mais, há tambémperíodos de seca e estiagem, emque a ausência dos frutosaumenta a incerteza. Mais umavez, Spurgeon oferece ajudaàqueles nessa condição, aconse-lhando que "se Deus nos susten-ta ano após ano e nos dá suabênção, não precisamos subme-ter a nossa vocação a nenhumaoutra prova" (novamente Ochamado para o ministério).

Antes de alguém escolher oministério cristão, deveria tercerteza de que foi divinamentechamado para `exercitá-lo.Ninguém deveria abraçar oministério se pudesse viver semele.

sta é uma excelente obrasobre a teologia da pre-gação. Como o próprio

título indica, o autor, Paulo R. B.Anglada, se dispõe a realizaruma investigação histórico-teo-lógica da pregação na tradiçãoreformada. No prefácio, o leitoré informado de que o livro éuma adaptação de uma obramaior, a dissertação deDoutorado em Ministério doautor no WestminsterTheological Seminary, na

Califórnia, Estados Unidos.O livro do dr. Anglada é bem

dividido, mas alguns capítulospoderiam ser melhor agrupados.A obra está organizada em oitocapítulos e contém uma exce-lente bibliografia, além de valio-sos comentários nas notas derodapé. Após um capítulo intro-dutório em que o autor chama aatenção para o declínio contem-porâneo da pregação reformada,o livro apresenta uma investiga-ção sobre os antecedentes bíbli-

cos e históricos da pregaçãoreformada. Neste ponto (cap. 2),o leitor é grandemente benefi-ciado com a habilidade do autorno uso da língua grega ao apre-sentar o conceito de pregação noNovo Testamento.

No capítulo três, são discutidasa natureza, relevância e eficáciada pregação reformada, matériaanteriormente publicada narevista Fides Reformata. Estecapítulo pode ser imediatamenterelacionado ao quinto, em que é

abordado o conteúdo reformadoda pregação: bíblico, cristocên-trico, teológico e evangélico.

Os capítulos quatro e seis pare-cem estar mais próximos um dooutro, pois neles o autor tratados requisitos básicos para opregador reformado, bem comoo método, forma e estilo destemodelo de pregação. Por último,o capítulo oito discorre sobre opropósito da pregação reforma-da em relação ao texto bíblico,aos ouvintes e a Deus.

Esta obra tem o potencial parase tornar uma das principaisreferências nos cursos de homi-lética e pregação dos semináriosprotestantes. Uma vez que a fécalvinista tem uma concepçãoquase sacramental da pregação,o líder reformado será grande-mente beneficiado com a leitura.Certamente pastores, estudantesde teologia e líderes nas igrejasse beneficiarão grandementecom esta obra escrita por um denossos pastores.

O rev. Valdeci S. Santos écoordenador de Teologia

Prática do CentroPresbiteriano de Pós-gra-

duação Andrew [email protected]

Valdeci da Silva Santos

Resenha

Introdução à Pregação Reformada: Uma investigação histórica sobreo modelo bíblico-reformado da pregação (Knox Publicações, 2005)

N

E

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IPBs de Bragantina promovemencontro de famíliasAs igrejas presbiterianas da Região

Bragantina (SP) promovem, de 28 a30 de outubro, um encontro para famí-lias para o qual convidam todos osmembros das IPBs de São Paulo eregião. É o Acampamento da FamíliaPresbiteriana, com o tema Experi-mentando a Graça de Deus numaSociedade Fragmentada, no ÁguaDoce Praia Hotel, em Ubatuba (SP).Segundo o rev. Marcos Nápole, umdos organizadores do evento, no anopassado, o encontro superou asexpectativas e foi marcado pelo louvore pela profundidade, além da comu-nhão, lazer e descanso, num ambien-te cristão e presbiteriano.O encontro é voltado para famílias,

mas qualquer pessoa pode participar.O preletor será o rev. Roberto LúcioFerreira, pastor da IP ComunidadeCristã, bacharel pelo SeminárioPresbiteriano José Manoel daConceição. O louvor ficará por contade André Marçal e do grupo Ágape.Informações e inscrições:(11) 4033 5887 ee-mail [email protected].

IP Ebenézer realiza gincana paraintegração socialRodrigo LeitãoA Igreja Presbiteriana Ebenézer de

Campinas (SP) realiza, no dia 16 dejulho, uma gincana com o tema PãoPara Quem Tem Fome. De acordocom o rev. Luiz André Coelho (pastorauxiliar da IPE), os principais objetivossão proporcionar aos membros daigreja e outras pessoas momentos decultura, esporte e lazer, bem como deengajamento, e a integração com acomunidade na qual a igreja está inse-rida.Do primeiro ao terceiro lugar, as equi-

pes receberão troféus. Quem alcançaro primeiro lugar, receberá ainda um

jantar de gala e, o segundo lugar, brin-des.Informações pelos telefones 3272-

4255 3242-0506 ou pelo [email protected], com rev.André.

Festa de Missões na IP de SenadorCamaráA IP de Senador Câmara, no Rio de

Janeiro, promove, no dia 13 de agos-to, um evento para arrecadação defundos para missões. É a Festa deMissões que começará com umadevocional, às 18h, e prosseguirá comprogramações evangelizadoras e delazer e confraternização, como brinca-deiras, vídeo-game, canto de oração,bazar, barracas de comida etc. Tudocom preço simbólico. O total arrecada-do será enviado a agências missioná-rias da IPB. Informações pelo telefone(21) 3309-4009 ou no site da igreja:http://www.ipbsenadorcamara.cjb.net.

Igreja inaugura temporada deretiros para crianças e adolescen-tesA IP Unida de São Paulo inaugura a

Temporada de Inverno de retiros paraadolescentes e crianças da igreja. Osretiros acontecem em Caucaia doAlto, Cotia (SP), neste mês. A tempo-rada dos adolescentes vai de 10 a 16de julho e, a das crianças, de 20 a 24de julho. Informações pelo [email protected] ou pelo telefone(11) 4611.0811.

Presbitérios do Rio de Janeirose reúnemO Sínodo Oeste do Rio de Janeiro

convoca, na pessoa de seu presiden-te, rev. Alcyon Vicente Pinto da CostaJunior, todos os representantes depresbitérios a ele filiados para a reu-nião ordinária que acontece de 14 a16 de julho, com início às 18h, na IPdo Realengo.

Coral completa cem anosEm agosto, a IP de Jaú, em São

Paulo, pastoreada pelo rev. CélioTeixeira Júnior, comemora os cemanos do Coral Constancio HomeroOmegna (CHO). Segundo a vice-presidente do coral, Sueli Justo, ocentenário será comemorado comuma cantata a ser realizada no diaseis do próximo mês, no TeatroMunicipal Elza Munerato. "Durante omês também faremos uma exposi-ção sobre a história do coral para osmembros da igreja". Informações econtato no site da igreja,[email protected], ou pelotelefone (14) 3622-3057.

Oficina sobre louvor apresentaJoão AlexandreA IP de Coelho Neto, no Rio de

Janeiro, realiza no dia 23 de julho,das 14h às 21h, uma oficina sobremúsica cristã com o conhecido can-tor evangélico João Alexandre. Entreoutros assuntos, ele falará sobre téc-nica vocal, arranjo instrumental emúsica cristã como profissão. No dia24 de setembro, será a vez da igrejareceber, para o mesmo fim, integran-tes do grupo Vencedores por Cristo.Informações com o diác. AlexsandroR. da Cunha, pelos telefones (21)2475-3532 e 2471-3515 ou com opresb. André de Oliveira, pelo telefo-ne (21) 3014 3231 ou e-mail:[email protected].

Brasil PRESBITERIANO6 Julho de 2005

Notícias

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jornalista MônicaWaldvogel, duranteo programa Saia

Justa, que passa às quartas-feiras no canal pago GNT,da Rede Globo deTelevisão, no dia 29 dejunho, promoveu um debatecomparando a Marcha paraJesus, que aconteceu emvárias partes do Brasil, commaior destaque em SãoPaulo, no dia 26 de maio(feriado católico de CorpusChristi), à Parada Gay, quetambém aconteceu em todoo Brasil, com mais destaquena capital paulistana, no dia28 de maio. Participamtambém do programa a filó-sofa Márcia Tiburi e as atri-zes Betty Lago e LuanaPiovani, que foram unâni-mes em preferir a ParadaGay à Marcha para Jesus.A jornalista fez uma defi-

nição sobre as duas mani-festações, chamando aparada de reunião de umamultidão e a marcha de reu-nião de uma massa. MônicaWaldvogel afirmou que amultidão reunia milhares depessoas diferentes, que nãojulgavam a forma de ser,agir e pensar umas dasoutras, unidas para celebrara diversidade. Já a marcha,ela classificou de umamassa de pessoas reunidasnum único pensamentoexclusivista, certas de queapenas seu modo de pensaré o certo. Ela disse que essetipo de manifestação é atéperigosa, quando massas seunem para ditar o que écerto ou errado e excluem

pensamentos contrários aosseus. E destacou a lingua-gem militar da marcha: sol-dados que marcham por umgeneral e que vencerão abatalha.O tema do evento foi

Marcha para Jesus 2005,marchando pela conquistadas nações. Camelôs ven-diam camisetas camufladascom dizeres como Exércitode Deus ou Aliste-se nasTropas de Jesus.MONOPOLIZAÇÃOA imprensa em geral não

noticia com simpatia aMarcha para Jesus em SãoPaulo. A Folha de SãoPaulo, por exemplo, aoanunciar o evento, disseque a caminhada rivalizoucom a comemoração católi-ca de Corpus Christi e que otom de combate dominou oevento. E ainda ironizou aoafirmar que a bispa e líder,ao lado do marido, o bispoEstevan Hernandes, daIgreja Renascer em Cristo,Sônia Hernandes, "chacoa-lhava em um jeans justo, ao

som das bandas gospel quese alternaram no palco".A Marcha para Jesus foi

criada em 1993, seguindo oexemplo de um movimentoiniciado na Inglaterra seisanos antes. Em São Paulo,ela começou como a mani-festação de várias igrejasevangélicas, mas acaboumonopolizada pela IgrejaRenascer em Cristo, o queacaba fazendo com que pes-soas não-cristãs em geral eaté mesmo outras denomi-nações evangélicas torçamo nariz para o evento. Aindaassim, segundo dados daPolícia Militar da capitalpaulistana, a marcha do dia26 de junho reuniu cerca dedois milhões de pessoas e850 denominações evangé-licas se fizeram representar.

PARTICIPAÇÃO DA IPBEm outras partes do

Brasil, não existe estamonopolização. Em CaboFrio (RJ), por exemplo, umpastor da IPB, rev. LuizCarlos Corrêa, liderou aMarcha para Jesus no ano

passado e neste ano. Ele é opresidente do conselho depastores que organizou amarcha naquela cidade ediz que a manifestação éprincipalmente de oração,clamor e busca de Deus emfavor da cidade. "Oramos eministramos a Palavra deDeus, uma palavra bíblica,reformada e calvinista",declara. Ele afirma aindaque o movimento é umafesta do povo de Deus paraa cidade que vai às ruas vero que está acontecendo. Éuma festa organizada com aPolicia Militar e a GuardaMunicipal, pois o objetivoé abençoar e não causartranstorno.O rev. Luiz explica que a

Marcha para Jesus emCabo Frio é um movimentoque procura celebrar a uni-dade e a comunhão entreirmãos e igrejas. "O queenfatizamos é o senhoriode Jesus sobre as nossasigrejas e que lutamos nãouns contra os outros, masque temos apenas um ini-

migo: o diabo. A marchaaqui não promove ninguéme nenhuma igreja", enfati-za.O pastor conta também

que, durante a manifesta-ção, os cristãos não apenasmarcham, mas promovemações beneficentes. No anopassado e neste ano, foidesenvolvido o projetoUma Ação de Amor, um diaem que a igreja procurasuprir as necessidades daspessoas carentes com assis-tência médica, odontológi-ca, jurídica etc. "Tentamos,de todas as formas possí-veis e lícitas, tornar a igrejarelevante em nossa cidade,com marchas e açõessociais responsáveis afavor do povo carente".Em outras cidades tam-

bém aconteceram manifes-tações legítimas do povo deDeus, como em CampoGrande (MS) e no Rio deJaneiro. Nesta, aconteceuaté um ato simbólico contraa violência com a destrui-ção de uma arma de fogo.

Brasil PRESBITERIANO 7Julho de 2005

Presbiterianos também participam de Marcha para Jesus

Letícia Ferreira

Manifestação

Marcha em Cabo Frio reúne várias denomina-ções para adorar a Deus e impactar a cidade

Rev. Luiz Carlos Corrêa (com o microfone) faladurante a Marcha para Jesus em Cabo Frio

A

O nosso general é Cristo

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Brasil PRESBITERIANO8 Julho de 2005

Projeto visa à inclusão digital em Rondôniatilizando o Linux,um sistema opera-cional (gerenciador

de todos os programas econteúdos presentes em umcomputador) livre e gratui-to, a IP Central de PortoVelho (RO) realiza um pro-jeto de inclusão digitalnuma região onde o acessoa tal tecnologia atinge ape-nas 3% da população.Coordenado pelo diác.Daniel Nogueira, o progra-ma é chamado de EstaçãoDigital Koynonia.Daniel afirma que a impor-

tância da inclusão digital ouo contato com a mesma nãose resume necessariamentea um curso de computação,mas vai muito além."Incluir digitalmente umapessoa é possibilitar que elautilize, por exemplo, aInternet como uma forma dese comunicar com amigos eparentes. È possibilitar aocidadão criar grupos de dis-cussão de determinadoassunto do qual participempessoas de diversos locais,com as mais variadas expe-riências, mesmo sem conhe-cê-las. É levar o cidadão ater acesso a informaçõesdos mais variados assuntosnos sites oficiais".Segundo o coordenador, o

objetivo inicial da EstaçãoKoynonia é incluir digital-mente aqueles que procu-ram por maiores informa-ções e contato com a tecno-logia digital. Aliado a esse

objetivo, o exemplo de igre-ja descrito em Atos dosApóstolos é, para ele, umaafirmativa muito desafiado-ra e estimulante. "Nossasigrejas precisam se aproxi-mar do próximo e vencer ogrande obstáculo que é o dese mostrar útil e acessível.Vindo à igreja para partici-par de um curso que lhe éoferecido gratuitamente, aspessoas vão quebrando abarreira que têm em relaçãoà igreja e, com certeza, ficamais fácil a apresentação doevangelho"Para o diácono, esse pro-

grama tem ainda um fatorde elevada importância: odespertar do sentimento decidadania no público-alvo,tornando-o consciente deseus direitos e deverescomo cidadão brasileiro."Além deste aspecto, soma-se o de prepará-lo paraencarar, em pé de igualdade,a concorrência neste mundoglobalizado. Quando olha-mos o mapa da exclusãosocial, não temos dúvidaalguma sobre a real necessi-dade do projeto. Somentequem lida com um projetodeste pode ver no olhar daspessoas beneficiadas a ale-gria de ter acesso a uma tec-nologia que, sem a existên-cia do projeto, talvez nuncativessem".Funcionando em um pré-

dio anexo à igreja, a sala deaula da estação conta comdez computadores, um ser-vidor, uma impressora eacesso 24h à Internet. O

projeto foi iniciado no dia25 de abril e, com menos deum mês de duração, o cursode capacitação digital jápossuía oito turmas com dezalunos cada, o que, de acor-do com o coordenador, sig-nifica 100% de sua capaci-dade. "Como está sendouma experiência nova paraigreja administrar um servi-ço de atendimento direto àcomunidade, estamos aten-dendo a todos independen-temente da idade.Entretanto, estudamos apossibilidade de montaruma turma para a terceiraidade e outra para criançasde até 14 anos".Com dois orientadores

voluntários, os alunos daestação recebem, primeira-mente, informações sobre oobjetivo da estação digital,para, em seguida, começa-rem as aulas de digitação eutilização de programasessenciais para o manuseiode um computador.PARCERIA COM A

FUNDAÇÃO BANCODO BRASILCom sua idéia inicial con-

cebida há quatro anos portrês membros da IP Centralde Porto Velho, José Arruda,Antonimar FernandesQueiroz e Daniel Nogueira,o projeto de inclusão digitalfoi tomando corpo até serapresentado ao conselho daigreja, que o aprovou. Nesteano ele começou a ser colo-cado em prática. "A demoraem concretizar a EstaçãoDigital decorreu da indispo-

nibilidade de recursosfinanceiros. Em 2004, atra-vés de Jorge Streit, diretorde Área na Fundação Bancodo Brasil, conseguimos ternosso nome selecionadopara receber recursos desti-nados ao fim proposto",relata.Por meio da SAF da igreja,

que realiza trabalhos perió-dicos com a FundaçãoHospital do Câncer deRondônia, a igreja conse-guiu também o apoio neces-sário para estabelecer umaparceria com a FundaçãoBanco do Brasil. "O funcio-namento da parceria se dáda seguinte forma: aFundação Banco do Brasilfirmou um convênio com aFundação Hospital doCâncer em que fez a doaçãode todos os equipamentosnecessários, desde a pinturada sala e a instalação elétri-

ca adequada até os equipa-mentos. Por sua vez, aFundação Hospital doCâncer colocou toda aestrutura recebida nasdependências da igreja, quepassa a administrar o dia-a-dia da estação, prestandocontas à Fundação Hospitaldo Câncer", explica Daniel.

A palavra grega koynonia,escolhida como nome doprograma, significa comu-nhão profunda, unidade,que é exatamente o que aEstação Digital Koynoniaprocura, segundo Daniel."A escolha do nome decorredo espírito da EstaçãoDigital de transformar oespaço da igreja, até entãoocioso durante toda a sema-na, em um espaço comum àcomunidade que a circunda,de uma forma responsável,visando a alcançá-la para oreino de Deus".

UMartha de Augustinis

Tecnologia Estação Digital Koynonia trabalha para alcançar Porto Velho

Alunos de uma das turmas da EstaçãoDigital Koynonia: inclusão digital paralevar desenvolvimento às pessoas ealcançá-las para o evangelho

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Brasil PRESBITERIANO 9Julho de 2005

Dia do Diácono

BP: Qual a importância e osignificado de ser um diáco-no da IPB?

Diác. Samuel: O oficialatoda Igreja Presbiteriana doBrasil, seja na qualidade dediácono ou na de presbítero,outorga a seus membros aconsciência e responsabili-dade de estarem engajadosdiretamente na obra doSenhor da seara. Esta funçãoexige renúncia de si mesmoe gratidão a Deus, que emSua Palavra prescreve asqualificações para esteministério e concede umamui grande promessa àque-les que o exercerem consa-gradamente: "Pois os quedesempenharem bem o dia-conato alcançam para simesmos justa preeminênciae muita intrepidez na fé emCristo Jesus" (I Tm. 3.13).

BP: Há quanto tempo o

senhor é diácono da IP doTucuruvi? Durante essetempo, a função sofreu algu-ma modificação?

Diác. Samuel: Sou diáconodesde 23 de novembro de1997 e não posso dizer que,neste período, tenha havidomodificação da função, massim nas ênfases de atuação.Como o diaconato visa aatender à igreja e seusmembros, necessitados ounão, com o passar do tempohá uma variação de proble-mas a enfrentar. Portanto, aatuação também vai sediversificando um pouco.

BP: Quais influências queo exercício do diaconatotrouxe para sua vida pes-soal e espiritual, na suavisão de mundo e na convi-vência na comunidade cris-tã e com pessoas de fora daigreja?

Diác. Samuel: Dou graças aDeus porque, desde o nasci-mento, faço parte da igreja efui consagrado a Deus pelobatismo logo nos primeirosdias. Aprendi a me envolverno trabalho cristão e, emminha mocidade, pude colo-car minha confiança emJesus, como meu Salvador eSenhor. Também dou graçasa Deus porque a igreja viuem minha pessoa alguémque poderia servi-la comodiácono, o que faço com aplena convicção de queestou servindo a Deus atra-vés desse honroso ofício.Destaco que, quando nasci,meu pai, Uzier Beloti, orou aDeus me consagrando pes-soalmente ao Senhor.O diaconato demonstrou,para mim, a necessidade devivermos exatamente comoestá descrito no texto dapalavra do nosso Deus:"Mas, seguindo a verdade

em amor, cresçamos em tudonaquele que é a cabeça,Cristo, de quem todo ocorpo, bem ajustado e conso-lidado pelo auxílio de todajunta, segundo a justa coope-ração de cada parte, efetua oseu próprio aumento para aedificação de si mesmo emamor." (Ef 4.15-16). Se aJunta Diaconal trabalhar emcooperação com as irmãs daSAF, com os jovens da UMPe da UPA, e ainda com oshomens da UPH, sua atua-ção será mais eficaz. Osmembros dessas sociedadesinternas, muitas vezes,conhecem pessoas que estãonecessitando de algum auxí-lio, de uma cesta básica,remédios, locomoção, visitase outras ações próprias da

Junta.

BP: O senhor teria algo adizer a todos os diáconos naIPB, neste mês em que, nodia 8, estes oficiais sãohomenageados?

Diác. Samuel: Gostaria decompartilhar um propósito:"Finalmente, sede todos deigual ânimo, compadecidos,fraternalmente amigos,misericordiosos, humil-des,..." (I Pedro 2.8).Sobretudo, adotemos nolabor de todos os dias daJunta Diaconal, o princípioinstituído para a igreja, con-tido em Filipenses 2.1-4:"...considerando cada um osoutros superiores a simesmo."

Martha de Augustinis

Entrevista IPB comemora o dia dedicado a homenagear um de seus oficiais

Diác. Samuel M. Beloti: há quase noveanos exercendo esta função, afirma queagradece a Deus porque a igreja o vêcomo uma pessoa que pode servi-la destaforma

diaconato foi estabelecido na igrejaprimitiva para suprir a necessidadede pessoas que cuidassem do sus-

tento das igrejas e do cuidado com ospobres, viúvas e órfãos. De acordo com olivro de Atos, deveriam ser "homens deboa reputação, cheios do Espírito e desabedoria" (At 6.3). Estevão e Filipe foramdois dos primeiros diáconos da história daigreja cristã que mais se destacaram.A palavra "diácono" vem de um termo

grego que está ligado à idéia de serviço,geralmente no sentido de atendente ou ser-vente. João Calvino disse que a função dodiácono na igreja primitiva era desempe-nhar o serviço de auxílio social. Para ele,estes oficiais tinham que não somente sevoltar para a assistência, mas ter plenoconhecimento da Bíblia, pois, no exercício

de suas funções, muitas vezes teriam quedar consolo espiritual.Para o reformador, existiam dois tipos de

diácono: os administradores e os que cui-davam dos necessitados, como as viúvas.Aqueles deveriam arrecadar e administrarrecursos financeiros em favor da igreja edos pobres e, os segundos, deveriam ocu-par-se da assistência direta desses necessi-tados.Na IPB, cabe ao diácono zelar pelo bom

funcionamento da igreja e pelas tarefas deassistência social. O mandato, de cincoanos, pode ser renovado por nova eleição.Samuel M. Beloti é diácono da IP do

Tucuruvi, em São Paulo, há quase noveanos, e crê que esta função exige umarenúncia de si mesmo, conforme fala aojornal Brasil Presbiteriano:

O

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er e escrever é um ato tão auto-mático para a maioria das pes-soas, que quem lê e escreve não

consegue imaginar a vida de uma pes-soa que não sabe fazer isso. Comotomar um medicamento sem ler a bulaou a receita do médico? Como pegar oônibus certo? Como encontrar uma ruapelo nome? Como anotar um recadoimportante? E, para os cristãos, comofazer sua devocional sem ler a Bíblia?

Por todos estes dramas e muitosoutros passam, diariamente, as cerca de20 milhões de pessoas analfabetas,acima de 15 anos, que vivem no Brasil.Se o mercado de trabalho é cruel atépara pessoas com curso superior, o queé das pessoas que nem ao menossabem ler?

"A pessoa que aprende a ler ganha

condições de melhorar a vida pessoal,a auto-estima e a capacidade de atuarna sociedade e transformar o mundo aoredor dela", avalia a psicóloga escolar emembro da IPB Sandra Sueli deOliveira, coordenadora Nacional daMissão AEI (Alfabetização eEvangelização Internacional) e umadas coordenadoras do ProjetoAlfabetização que Transforma:Construindo Cidadania através daAlfabetização e Integração Social, ela-borado principalmente pelo Conselhode Ação Social da IPB na pessoa de seupresidente, rev. Marcos Antônio Serjoda Costa.

Para Sandra, quem aprende a ler tema oportunidade de se expressar melhor,conseguir emprego, melhores saláriose, conseqüentemente, melhores condi-ções de vida, além de poder interferirna comunidade, auxiliar os filhos naescola, tirar carteira de motorista, con-correr a cargos públicos etc. São possi-bilidades infinitas. Além disso, segun-do ela, estatísticas mostram que amaioria das pessoas dependentes dedrogas ou outros vícios ou que estão naprostituição e nas prisões é analfabeta.

ALFABETIZAREVANGELIZANDO É UMA

FORMA DE PLANTARIGREJAS FORTES, COM

AMADURECIMENTONO CONHECIMENTO

DA PALAVRA DE DEUS

Como foi dito tantas vezes, a igrejapresbiteriana do Brasil, desde seu iní-cio, tem atuado ativamente na educa-ção. Este é mais um projeto que buscalevar a educação – e, conseqüente, odesenvolvimento humano – a pessoasque dificilmente teriam acesso a ela.Os locais alvos do ProjetoAlfabetizando para Transformar, ou

pólos, como são chamados, são osemi-árido nordestino, com ênfase nooeste baiano, e o Vale doJequitinhonha (MG). Sandra deOliveira acredita que a alfabetizaçãoevangelizadora é um dos papéis daigreja, pois alfabetizar evangelizando éuma forma de buscar a solução dascarências espirituais e sociais."Crentes analfabetos não podemdesempenhar várias funções nas igre-jas, pois estão limitados. A igreja refor-mada almeja que cada crente leia a

Bíblia por si mesmo", diz.Ela cita as vantagens da alfabetização

evangelizadora para a igreja:- Facilita a plantação de igrejas: pes-

soas que nunca pisariam em uma igre-ja evangélica passam a freqüentá-laporque serão alfabetizadas sem pagarnada. Assim, conhecem a Palavra deDeus.

- Ajuda a desenvolver igreja saudá-veis: não é possível haver uma igrejafortemente comprometida com aPalavra de Deus sem que seus mem-bros leiam a Bíblia.

- Ajuda na entrada do evangelho emlocai hostis ao cristianismo: atémesmo países que proíbem a evangeli-zação permitem a entrada de alfabeti-zadores.

Segundo a psicóloga, há muita gentealfabetizando, mesmo sem método,porque Deus as tem chamado. A AEIrecebe ligações de pessoas dizendoque o projeto do CAS ou o método damissão são respostas de oração. Elaafirma que o método de alfabetizaçãode adultos desenvolvido pela AEI érápido, fácil, barato e eficiente, pois foifeito levando em consideração ascaracterísticas de aprendizagem doadulto e mesmo de pessoas com difi-culdades de aprendizagem. Alémdisso, exige pouca preparação dematerial, do aluno e até do professor(que é formado por coordenadores dométodo) e as aulas podem ser realiza-das em igrejas, casas etc. Por fim,Sandra explica que é um método quetem como principal objetivo ensinar apessoa a ler para ler a Bíblia e conhe-cer a Jesus, crescendo neste conheci-mento.

ANDAMENTOSandra conta que já foram ministra-

dos alguns cursos para formar profes-sores e estão marcados alguns cursospara formar coordenadores. Os profes-sores formados até agora o foram porcoordenadores da AEI, de fora do pro-jeto, elaborado em 1º de agosto de2004.

Além da parceria com a AEI, o proje-to também conta com o auxílio daMissão Servi, em João Dourado (BA),

com o rev. Gilmar Oliveira deCerqueira; do Ceibel (Curso Bíblicopor Extensão), do Ibel (InstitutoBíblico Eduardo Lane), em Patrocínio(MG), com o rev. Gilson Altino daFonseca; da professora de PortuguêsMônia Gonçalves da Silva, na revisãoe distribuição do material; e daPrimeira IP de Belo Horizonte (MG),onde fica a sede nacional da AEI. Aentidade financiadora é o InstitutoPresbiteriano Mackenzie, de SãoPaulo.

A primeira fase do projeto foi a cor-reção, atualização e reedição de todo omaterial da Missão AEI e o estabeleci-mento de quatro pólos de coordenaçãoque são em Feira de Santana e JoãoDourado (BA), Mossoró (RN) eSalinas (MG).

O treinamento de professores estásendo feito e classes de alfabetizaçãoestão em funcionamento. Ainda estãopara começar os cursos de coordena-dores, que são os responsáveis pelaformação dos professores, do projeto.Recentemente, foi obtida a impressãode apostilas e diplomas mais barata, oque diminui o custo dos cursos de pro-fessor e coordenador e abre portas paramais igrejas e pessoas participarem. Ocurso de professor dura apenas umfinal de semana, mas o de coordenadordura dez dias, o que o torna mais caroe difícil de ser realizado.

PROJETOSegundo o texto do Projeto

Alfabetização que Transforma, suaproposta é libertadora, permitindo queo indivíduo alfabetizado passe a ser o

protagonista de sua história. "Eledeixa de ser um mero espectador ou,pelo menos, passa a perceber seupotencial de forma efetiva, integran-do-se e rompendo com a lógica exclu-dente da marginalização, criminosa ounão, da sociedade brasileira".

O projeto se ocupa, ainda, em ofere-

cer ferramentas que ajudem os alfabe-tizados a compreenderem melhor oconceito de cidadania."Aprofundando a aliança entre arte,cultura, educação com uso de novasabordagens pedagógicas, são explora-das diferentes linguagens, procedi-mentos e atitudes que privilegiem

uma comunicação que resulte naampliação do conhecimento e no cres-cimento pessoal, social e espiritual.Como conseqüência direta, formar-se-ão indivíduos empreendedores comuma visão de mundo mais ampla e,portanto, mais conscientes de seupapel na sociedade. Isto é construircidadãos".

A idéia é também buscar semprenovas parcerias para a ampliação doprojeto para outras regiões do Brasil ecriar uma rede de troca de informa-ções entre os parceiros e um banco dedados na Missão AEI e no Ceibel a sercolocado à disposição de todos os par-ceiros.

"O projeto favorece a transformaçãopela alfabetização (educação) e inte-gração social de milhares de pessoas,que, com raras exceções, pelo contex-to de miséria e exclusão em que vivemnão são nem cidadãs. Proporcionará odesenvolvimento da criatividade, dasensibilidade da expressão livre deemoções, sentimentos, crescimento daauto-estima, socialização e habilida-des motoras, concretizando em for-mas, o mundo dinâmico do ‘sentir’humano. É necessário construir umapolítica que reconheça a democraciacomo valor universal, meio e fim,reconhecendo também o caráter liber-tador do fazer cultural. Um indivíduoque passa a ler e escrever e a com-preender o que lê não mais aceitará,passivamente, o aleijamento social enem demais formas de exclusão. Mas,certamente, assumirá e desenvolverá asua cidadania".

Brasil PRESBITERIANO10 11Julho de 2005 Ju lho de 2005Brasil PRESBITERIANO

Educação

LLetícia Ferreira

Aprender a ler transforma vidas

Conselho de Ação Social da IPB desenvolve projetode alfabetização

Arquivo AEI

Lindaura de Oliveira Ramos, coordenadora regionalda Bahia da Missão AEI e da Missão Servi, ministracurso para formação de coordenadores e professoresem Feira de Santana

Tânia Maria Carneiro Fernandes, uma das coordena-doras locais na Bahia, ministrando curso para forma-ção de professores

Magali Fonseca de Holanda, coordenadora local naBahia, ministrando o Curso para Formar Professoresna IP de Santa Maria da Vitória

Arquivo AEIArquivo AEI

Arquivo BP

Rev. Marcos Serjo: presidentedo CAS, foi o principal res-ponsável pela elaboração doprojeto

Sandra (D) psicóloga e umadas coordenadoras do proje-to e Gislaine Dias AndradeMartins, secretária da AEI noescritório da missão daPrimeira IP de Belo Horizonte

Arquivo AEI

Ações

• Quinto Fórum Nordestino de Ação Social,

de 19 a 22 de outubro, em Senhor do Bonfim (BA)

• Cursos confirmados para formação de coordenadores:

fevereiro de 2006, na IP de Barreiras (BA)

• Cursos não-confirmados para formação de coordenadores:

Uberaba e Salinas (MG) e Jequié (BA)

• Cursos realizados para formação de professores: quatro

• Professores formados: 57

• Próximos cursos confirmados para formação de professores:

julho, em Feira de Santana (BA);

agosto, na IP de São Félix do Coribe (BA) e na

Congregação Presbiteriana de Barreiras (BA);

fevereiro de 2006, na Quarta IP de Barreiras (BA)

• Próximos cursos não-confirmados para formação

de professores: nas igrejas presbiterianas de Várzea Nova,

Saúde, Serrolândia, Várzea do Poço, Seabra, Itaberana e

Redenção, todas na Bahia.

• Classes de alfabetização concluídas: duas

• Alunos: 38

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Brasil PRESBITERIANO12 Julho de 2005

Escrituras

Gana agradece à Igreja Presbiteriana do Brasilm outubro de 2004,foi entregue à Igrejaem Gana, na África, o

Novo Testamento na línguaKonkomba-Limonkpeln,conclusão de um processoque levou quase oito anosde trabalho. O que me vemà mente neste momento é oinício, quando Labuer e eusentávamos embaixo deuma árvore próxima àminha casa e durante três ouquatro horas por dia traba-lhávamos na ortografia dalíngua Limonkpeln, visan-do, na época, a apenas fazeruma cartilha e alfabetizar opovo em sua própria língua.Foram sete anos e meio de

um trabalho silencioso esem resultados empolgantesdurante o seu processo. Aospoucos, a igreja nasceu ealguns rascunhos eram usa-dos. O povo aprendeu aamar a Palavra e inúmerasperguntas surgiam a cadadia. Os resumidos capítulosse tornaram insuficientes.Publicamos então Mateus,Atos e Romanos, que foramrecebidos com expectativa.Memorizavam textos intei-ros, discutiam as aplicaçõesem reuniões sem fim. Aigreja, vendo nosso esforço,assumiu o desafio de coope-rar. Começou a orar e tam-bém a jejuar, para que tives-se a Palavra na própria lín-gua, o Novo Testamentocompleto.Em 1997, os líderes da

igreja Konkomba-Limon-kpeln resolveram se envol-

ver diretamente no proces-so. Sabiam que eu tinha umajudante lingüístico,Labuer, em tempo parcial.Decidi-ram separar outrostrês em tempo integral.Cuidariam de suas roçasdaquele tempo em diante,para que se dedicassem àscorreções do texto. Estesquatro amigos abençoados,Labuer, Bala-bon, Tiagri eNaason, tomaram paixãopelo trabalho dia e noite.Creio que, nestes últimossete anos e meio, não houveum dia sem que se traba-lhasse no texto do NovoTestamento.Rossana e as crianças sem-

pre foram benevolentes commeu tempo usado na tradu-ção. Até hoje RonaldoJunior, quando indagadoonde estou, prontamenteresponde: "papai está nocomputador fazendo umaBíblia", não importa o queeu de fato esteja fazendo.Eu procurava sempre con-centrar o trabalho à noite,depois que todos dormiam.Era mais fresco e havia aquietude necessária.O período de tradução foi

edificante, mas tambémhouve oposição. Algumahumana, outra de fundo es-piritual, entretanto, maisfreqüentemente, física.Hoje, percebo que as cons-tantes malárias me forçarama permanecer mais emnossa aldeia, a minimizar asviagens. Talvez a prioridadedo Senhor fosse a traduçãonaqueles quatro anos, quan-do desejava evangelizar

mais o Togo distante, mas aperseverante febre me faziapermanecer na aldeia.Sempre houve pressa.

Quem não a teria com umaigreja orando e jejuandopelo trabalho e que a cadadia repetia, incansável, atorturante pergunta: "Quan-do acha que finalmente ter-minará o trabalho e teremos

a Palavra de Deus?"A força da igreja mostrou-

se na última correção, quan-do eu precisava que a equi-pe de correção fizesse umaúltima leitura do texto,minuciosa, separando umacasa e a preparando o cená-rio de quietude necessáriopara o trabalho. Pediramque, durante um mês, nin-guém se aproximasse.Leva-ram os quatro ajudan-tes lingüísticos que ali per-maneceriam durante trêssemanas e meia. Pratica-mente isolaram o grupo atécompletar a tarefa, cobrin-do-os de oração.

Dentre tantos colaborado-res, um primeiro precisa sermencionado: rev. FranciscoLeonardo Schalkwijk eradiretor do Seminário Pres-biteriano do Norte quando,logo no início do curso, meabordou com a pergunta:"Você quer ser missionárioentre povos sem o evange-lho?" Após ouvir uma teme-

rosa resposta positiva, pas-sou a me dar preciosos con-selhos: "Estude bem o gregoe assim você economizaráanos de trabalho na tradu-ção". Outro colaboradorsilencioso foi Mebá, primei-ro convertido entre os Kon-komba-Limonkpeln. A cadatexto lido, durante as corre-ções, ele sempre interrom-pia dizendo, benevolente:"Está muito bom e todosvão entender, mas se utili-zasse esta ou aquela expres-são ficaria parecendo quefoi escrito por um Kon-komba...".O sentimento ao entregar o

texto é surreal. Pensava queseria algo entre a alegria e oalívio, mas foi, sobretudo,de temor quanto a possíveiserros cometidos.Um recente encontro com

o pastor Ghunter que, juntocom dona Wanda, trabalhahá 46 anos entre os Xerenteno Brasil, foi um encoraja-mento. Ensinaram uma ver-dade conhecida, mas poucolembrada: a experiência donativo ao ler a Palavra emsua língua é equivalente avocê estar em um paísestrangeiro, solitário e per-dido e alguém lhe chamarpelo nome em seu próprioidioma.Transmito nosso agradeci-

mento, também em nome daIgreja Konkomba, à igrejabrasileira e em particular àIPB por caminhar conoscoao longo destes oito anos.Nas palavras de Labuer, nodia da entrega do NovoTestamento: "Não há pre-sente mais precioso quepoderíamos receber em todanossa vida. A Palavra deDeus, de forma que nós emuitos outros a lerão, enten-derão e se converterão.Deus fala nossa língua".

ERonaldo Lidório

Novo Testamento em língua nativa africana é grande conquista missionária

Ronaldo Lidório é pas-tor presbiteriano e mis-

sionário da APMT, tendoservido em Gana, naÁfrica, desde 1993. É

casado com Rossana epai de dois filhos.

Atualmente é missioná-rio entre grupos indíge-

nas não-alcançados, naAmazônia brasileira.

Dambá, um dos líderes da Igreja Konkomba,lendo o Novo Testamento

Ronaldo Lidório

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Brasil PRESBITERIANO 13Julho de 2005

Associação Nacional de Escolas Presbiterianas promove encontro nacionalEducação

Escolas presbiterianas se reúnem em Recifee 15 a 18 de agosto, aAnep (AssociaçãoNacional de Escolas

Presbiterianas) promove o 6ºEncontro Nacional deEscolas Presbiterianas, noRecife Praia Hotel, em Recife(PE). O tema é O papel daliderança na escola confes-sional e, o público-alvo, dire-tores, gerentes, administrado-res, reitores, coordenadores,supervisores, orientadores,capelães, conselheiros e pro-fessores de escolas e pastores.O presidente do SupremoConcílio da IPB, rev. RobertoBrasileiro, pregará no dia 15,na abertura do evento.

Segundo o secretário-execu-tivo da associação, rev.Dídimo de Freitas, o tema foiescolhido por se entender queo sucesso do trabalho emescolas confessionais depen-de muito do desempenho daliderança da denominação àqual as escolas estão ligadas.

Durante o encontro, aconte-cerá também a AssembléiaGeral da Anep, para a qualtodos os associados estãoconvocados, além do lança-mento do Currículo deEnsino Religioso e Ética paraEducação Infantil, EnsinoFundamental e EnsinoMédio. "Participar desteencontro é prioritário para aslideranças das escolas presbi-terianas", declara o rev.Dídimo, instando a que todosfaçam suas inscrições o maisrápido possível.

ENCONTROSANTERIORES

O primeiro encontro aconte-ceu antes da criação da Anep,em 1998, quando a Fenep(Federação Nacional deEscolas Presbiterianas) defi-niu novos parâmetros. No

ano seguinte, em CaldasNovas (MG), o encontro foirealizado com o tema EnsinoReligioso. Foi no terceiroencontro, em Serra Negra(SP), em 2000, que a Anepfoi criada. No ano, seguinte, oquarto encontro aconteceucom a presença das duas enti-dades, em Luziânia (GO),

com o objetivo de integrar aseducações secular, eclesiásti-ca e teológica da IPB.

O educador francês PhilippePerrenoud esteve presente noencontro realizado em 2003,no Embu (SP), voltado paraas novas tendências pedagó-gicas para educadores.

SEMINÁRIOS, CUR-SOS, PALESTRAS E PAI-NÉIS

Serão oferecidos quatroseminários, dos quais os par-ticipantes podem optar pordois, e quatro cursos, entre osquais um pode ser optadopelos participantes. Os semi-nários serão: PlanejamentoEstratégico, ministrado pelorev. Jefferson Luís Dimbarre,Ensino Religioso e Ética na

Escola, pelo rev. Dídimo deFreitas, Gestão Escolar, pelopresb. Wilson de Souza, eInadimplência: Prevenção eIntervenção, pelo rev.Eduardo Magalhães.

Os cursos serão: O Desafioda Relação Escola versusAluno na Adolescência,ministrado por Luiz

Schettini, Captação deRecursos, pelo presb. dr.Custódio Pereira, A Gestãodo Projeto Pedagógico: aMola Mestra do Sucesso, porVasco Moretto, e A Gestão daImagem da Escola, por PauloErlich.

No dia 16, serão dadas aspalestras Ética na Educação,pelo rev. Mauro Meister,Família, Escola e Aluno:Parceiros na Educação, porPedro Terrer. No dia 17, seráa vez das palestrasTendências Pedagógicaspara a Escola do Século 21,por Vasco Moretto, e UmaVisão de Marketing para aEscola, por Paulo Erlich.

No dia 18, acontece o painelO Papel da Liderança na

Escola Confessional, com opresb. Solano Portela, de SãoPaulo e representantes da

Fenep e da Anep, pelo rev.Cilas Menezes, de Pernambu-co, como moderador.D

Rev. Dídimo de Freitas, secretário-executivo da Anep:"Participar deste encontro é prioritário para as lideran-ças das escolas presbiterianas"

Presb. dr. Custódio de Jesus Pereira: doutor pela USP(Universidade de São Paulo), mestre em Administraçãopela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), espe-cialista em Gestão Universitária pela Universidade SãoMarcos. Em novembro de 2003, recebeu a Medalha doMérito Empresarial, na área de Educação, no grau deComendador pela Academia Brasileira de Arte, Cultura eHistória. É diretor-presidente da UPM.Luiz Schettini: Psicólogo, teólogo, professor dePsicologia da Infância e Adolescência e Psicologia daAprendizagem da Universidade Federal Rural dePernambuco. Durante os últimos 30 anos tem se dedica-do à clínica, assessoria a escolas e palestras por todo oBrasil. È autor de diversos livros, entre eles, Treinamentoda Dispersão da Atenção, Carão com Carinho e Amor,Perdido Amor.Rev. Mauro Meister: Doutor em Línguas Semíticas pelaUniversidade de Stellenbosch, na África do Sul e mestreem Teologia Exegética do Antigo Testamento peloCovenant Theological Seminary, Estados Unidos.Atualmente é professor da Escola Superior de Teologia daUPM e do Centro Presbiteriano de Pós-graduaçãoAndrew Jumper, membro do Conselho de EducaçãoCristã e Publicações da IPB e do Conselho Editorial daCultura Cristã (Casa Editora Presbiteriana), além desecretário da Associação Internacional de EscolasCristãs. É autor do livro Lei e Graça (Cultura Cristã, 2003)e de artigos na revista Fides Reformata, da qual é co-edi-tor.Paulo Erlich: licenciado em Letras e formado emAdministração Financeira pela Universidade Católica dePernambuco, com extensão em promoção da Saúde eQualidade de Vida pela American University. Foi diretor dogrupo Educacional Contato, diretor geral da Líber Gráficae Editora e diretor de Planejamento da AporteComunicação, em Recife (PE).Pedro Terrer: Espanhol naturalizado brasileiro é formadoem Humanismo e Letras Clássicas pela Universidade deSalamanca, Espanha, Psicologia pela Universidade deBrasília (DF), Filosofia pela Faculdade Anchieta de SãoPaulo e Economia pela Universidade Católica dePernambuco. Hoje, é diretor da Terrer Consultoria eTreinamento Ltda.Vasco Moretto: Mestre em Didática das Ciências pelaUniversidade de Laval, no Canadá, especialista emAvaliação Institucional pela Universidade Católica deBrasília (DF) e licenciado em Física pela Universidade deBrasília. Autor de vários livros, entre eles, Construtivismo,a Produção do Conhecimento em Aula e Prova, umMomento Privilegiado do Estudo, Não um Acerto deContas.

Professores:

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Brasil PRESBITERIANO14 Julho de 2005

> Senhoras contam como foram suas vidas ao lado de ministros da IPBHomenagem

Data comemorativa valoriza viúvas de pastorm privilégio: assimdescrevem a vida deuma esposa de pas-

tor as três viúvas de pastoresda IPB que foram entrevis-tadas pelo BP para comporesta reportagem em lem-brança ao Dia das Esposasde Pastor, dia 2 de julho.São elas, dona Aydée, viúvado rev. Carlos Siqueira,dona Carmen, viúva do rev.Geraldo Nunes de Azevedo,e dona Cary, viúva do rev.Wilson de Souza. As trêsforam unânimes em ressal-tar a alegria de compartilhardo ministério do marido e dedesenvolver seu próprioministério ao lado deles,dentro da igreja.Carmen Nívea Belo de

Azevedo acha muito bonitoa igreja ter criado uma datapara homenagear essasmulheres que batalharam aolado de obreiros fiéis e ser-vos dedicados. "Para amulher que ama a obra doSenhor e reconhece seu bemmaior para a humanidade,conviver com um homemque tem essa obra comocentro de sua vida e seumaior objetivo é uma ale-gria", diz. Para ela, a maiorsatisfação é estar no meio dopovo de Deus, com a igrejae a obra de fazer o evange-lho conhecido como centroda vida do casal. "É maravi-lhoso quando o casal seidentifica nestes mesmosempreendimentos. A vidaassim não é um fardo e atéfalta tempo para se fazertudo de que se gosta, se vocêama a causa do evangelho".

D. Carmen e o rev. Geraldotiveram desde cedo, comocasal, uma vida agitada. Elaconta que, quando ele estavapara se formar, a igreja, IPde Botafogo, já velha e como pastor para se jubilar,pediu que ele ficasse. "Foipreciso por a mão no aradoliteralmente, porque a igrejaprecisava de muitas refor-

mas e os recursos eram pou-cos. Mas com muita oraçãoe dedicação do pastor e dosmembros, ela se tornou umajoiazinha". O rev. Geraldopesquisou com afinco docu-mentos da igreja para queela fosse preservada em suaoriginalidade. Nos finais desemana e feriados, os mem-bros eram chamados paraajudar os pedreiros e iamcom as famílias. As mulhe-res cozinhavam, as crianças

brincavam, os homens aju-davam. O teto chegou a cair,muita oração foi feita e mui-tas "mãos generosas", comoeram chamadas as doaçõesanônimas, contribuíram.Em seguida, o casal foi

chamado a pastorear a IP deCopacabana, e d. Carmenconta que chorava muitoporque não queria largar a

IP de Botafogo, mas tam-bém queria ficar na IP deCopacabana. Nesta, perma-neceram até o rev. Geraldoser chamado pelo Senhor.Ele tinha um problema car-díaco, mas não diminuía oritmo de trabalho. Ia se jubi-lar em 2003, mas, em 2000,foi diagnosticado com umcâncer que, em apenas ummês, o levou, aos 68 anos.D. Carmen continua ativa

na igreja, trabalhando com a

classe de juvenis e comcrianças. "Deus nos abreportas, nos empurra, nosencaminha".Ela lembra com muitas

saudades do marido, que,mesmo pouco antes do fale-cimento, ainda era "moço,bonito, charmoso, alegre eengraçado", um homem demuita personalidade que se

dedicava muito ao que fazia.Ela disse que quando ele,moço, chegou à igreja, antesde se casarem, todas asmoças se interessaram,inclusive ela. Mas ele nãolhe dava muito crédito porela ser bem mais nova,achava que era coisa que iapassar, tipo admiração dealuna por professor. "Masnunca passou", afirma emo-cionada.Quando a igreja fez um

culto especial para ele, jábem doente e precisando decadeira de rodas para selocomover, ele fez questãode comparecer ainda quepor apenas alguns minutos,para ouvir um solo que umacantora faria em sua home-nagem. E apareceu semcadeira de rodas, pois nãoqueria entristecer o povo daigreja ao ver seu pastornaquelas condições.A viúva ressalta o interes-

se e o conhecimento que eletinha sobre culto em litur-gia, matérias em que foiprofessor e sobre as quaisera sempre chamado parafalar. "Para ele, o culto era ocentro da igreja, ummomento de crescimento,conhecimento e participa-ção". Ele sempre organiza-va cultos especiais, emdatas comemorativas, e dei-xou muito material sobre oassunto. "Foi uma pena nãotermos documentado tudo",lamenta d. Camen.Ela lembra, com emoção,

que, quando ainda estavamnoivos, ele lhe dizia quepensasse bem se queriamesmo ser esposa de pas-tor, pois esta não era umavida fácil. "E se eu for parao Xingu?", perguntava."Vou para o Xingu comvocê", respondia convicta.E o marido era daquelespastores que, até no dia dasua folga, ficava esperandoque alguém da igreja lhetelefonasse e estranhava ese incomodava quando issonão acontecia. Em setem-bro de 2000, o casal com-pletaria 30 anos de casa-mento.

U

D. Carmen, ao lado do rev. Geraldo: "Para a mulher que ama a obra do Senhor ereconhece seu bem maior para a humanidade, conviver com um homem que temessa obra como centro de sua vida e seu maior objetivo, é uma alegria"

Arquivo Familiar

Letícia Ferreira

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PORTO SEGURO"Foi um privilégio ser

esposa de pastor", declaracom alegria d. CaryEmerick de Souza, viúva doconhecido rev. Wilson deSouza. "Deus separa as pes-soas para certas condições eeu fui separada para seresposa de pastor". Ela disseque se sentiu chamada nãoapenas a acompanhar eapoiar o ministério do mari-do, mas também desenvol-ver um ministério paralelojunto às senhoras da igreja eoutras atividades. Conta queparticipava diretamente dotrabalho do pastor em váriossetores da igreja, lado alado, de forma muito inten-sa. Foi presidente da SAFna igreja local, federação,confederação sinodal e,hoje, é a secretária deEspiritualidade daFederação de SAFs doPresbitério de Vitória (ES) eprofessora de escola domi-nical da igreja da qual émembro, a Primeira IP deVitória, o que considerauma grande alegria.D. Cary fala com muito

carinho e admiração domarido, dizendo que ele fezum trabalho muito dinâmi-co em todas as igrejas poronde passaram. "Deixamosum rastro de grandes amiza-des, e até hoje essas pessoasentram em contato comi-go".Para ela, a esposa de pastor

precisa também ter um cha-mado ao ministério paraacompanhar o marido, comalegria e satisfação, comtrabalho, apoio emocional,oração e aconselhamento.Além disso, a casa de umafamília de pastor deve estarsempre aberta para acolheras pessoas. Ela nunca sesentiu ressentida por ter suaprivacidade invadida, aocontrário, sempre conside-rou uma bênção poderdemonstrar carinho às pes-soas dentro do seu lar eajudá-las no que fosse pos-sível. "Nossa casa semprefoi porto seguro aos amigose a quem necessitasse".D. Cary se casou antes dos

18 anos. O rev. Wilson che-gou, bem jovem, para pasto-rear a igreja que ela fre-

qüentava. "Eu era uma ove-lhinha de 16 anos e meencantei por ele. Não mearrependo de nada, fariatudo de novo. Foi uma his-tória bonita no ministério eno amor".Segundo ela, o rev.

Wilson, além de fazer parteda mesa do SupremoConcílio, pastoreou quatroigrejas grandes e cuidoutambém de outras, menores."Ele era muito ativo noministério e eu até sentiafalta dele às vezes, masDeus supria de outras for-mas e eu sabia que o minis-tério era muito importante,era uma missão". Ela contaque, em Ribeirão Preto(SP), ele desenvolveu deznovas igrejas no presbitérioe fundou um lar para órfãose um lar para idosos. O rev.Wilson e d. Cary foramcasados por 47 anos.NADA DE

CO-PASTORA!D. Aydée Chaves Siqueira,

viúva há seis meses do rev.Célio Siqueira, confessaque ainda está muito sofridae se sentindo sozinha. Ela

acha que a igreja deve real-mente valorizar as viúvas depastor e não deixar quecaiam no esquecimento.Seu marido era pastor da IPde Paraguaçu Paulista, ondeela permanece como mem-bro há 60 anos. Hoje, por jáestar com 84 anos e nãousufruir de muita saúde, elafaz questão de ir à igrejapelo menos em dois domin-gos do mês: o da ministra-ção da Santa Ceia e o daentrega dos dízimos.Para d. Aydée, ser esposa

de pastor não é uma posiçãoque significa um ministérioem si mesma. "Não achoque a esposa de pastor temque ser co-pastora, masapoiar o ministério do mari-do e desenvolver suas pró-prias atividades dentro daigreja". Como ela, que foipresidente de federação de

SAFs por três ou quatrovezes, presidente de SAF 15vezes, e professora de esco-la dominical por 55 anos,além de colaborar no coral.Ela cita com admiração a

dedicação do marido à igre-ja e à obra ministerial econta como ele dirigiu, aolado dela, o ColégioEvangélico em AltoJequitibá (MG), fundadopelo pai de seu marido, rev.Cícero Siqueira.D. Aydée ficou casada

quase 63 anos com o rev.Célio. Ela conta que eracatólica ativa quando amboscomeçaram a namorar, masque os pais dele não fizeramobjeção, antes, a acolherame a mãe dele lhe ensinavacoisas sobre a Bíblia. Ela seconverteu e fez sua profis-são e fé e ambos se casaramaos 21 anos.

Brasil PRESBITERIANO 15Julho de 2005

D. Cary, ao lado do rev. Wilson de Souza: "Eu era uma ovelhinha de 16 anos e meencantei por ele. Não me arrependo de nada, faria tudo de novo. Foi uma históriabonita no ministério e no amor".

D. Aydée, ao lado do rev. Célio, quando jovens: "Nãoacho que a esposa de pastor tem que ser co-pastora,mas apoiar o ministério do marido e desenvolver suaspróprias atividades dentro da igreja".

Arquivo Familiar

Arquivo Familiar

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Brasil PRESBITERIANO16 Julho de 2005

Dia Nacional dos Adolescentes Presbiterianos

BP: Como você vê a IPB,sua doutrina, sua relaçãocom a Palavra de Deus e suaforma de atuação com osadolescentes?Douglas: Com relação à

doutrina, a IPB segue àBíblia. Vivemos numa épocaem que, infelizmente, muitasigrejas não estão preocupa-das em fazer com que as pes-soas tomem a forma da igre-ja e estão deixando a igrejatomar a forma do mundo.Assim, prejudicam o traba-lho da UPA e de outras socie-dades.O trabalho feito com os

adolescentes na IPB é muitobom; o secretário geral, rev.Haveraldo Ferreira VagasJúnior, está conseguindo unirmuitas UPAs com o DNA(Dia Nacional doAdolescente).

BP: Qual o significado quea UPA tem em sua vida?Douglas: A adolescência é

uma fase difícil da vida,quando precisamos decidir oque fazer de nossas vidas.Por isso, precisamos demuita ajuda de amigos eprincipalmente da liderançaespiritual.Eu "nasci" na igreja; isso

foi muito bom para partici-par dos trabalhos da UCP eda UPA. Sempre fui muitoativo na UCP e gostava deajudar as "tias". Quandoentrei na UPA, meus paissempre apoiaram me deixan-do ir a qualquer lugar com aunião, participando de cam-peonatos e programações deoutras igrejas. Com isso,comecei a ajudar o pessoalda diretoria não somente naminha igreja, mas na federa-ção e no sínodo. É muitogostoso ficar à frente dessetrabalho, quando você vêadolescentes participandodas programações e todosunidos em um só corpo.Aprendi muito como lidar

com adolescentes e pessoasde outras idades, como paisde adolescentes que às vezesvêm falar comigo por saberque eu sou o responsávelpelo seu filho. Isso é muitogratificante, pois mostra oquanto confiam em mim.Graças a Deus, nunca tiveproblemas por isso.

BP: O que ser um líder sig-nifica para você?Douglas: Sempre gostei de

participar das lideranças degrupos e conhecer pessoasnovas. Atualmente, no finaldo meu mandato, vejo quefoi uma das minhas melhoresexperiências. Conseguir lidarcom adolescentes é muitodifícil, ainda mais sendo um.Adolescente tem uma cabeçaagitada, dinâmica, confusa edivertida. Sempre o inespe-rado acontece. É muito gos-toso ver o sorriso da "galera"e imaginar o futuro dessesadolescentes, sabendo que

fiz parte da vida deles.A liderança pode causar

mudanças drásticas em umapessoa. Eu sempre fui umapessoa extrovertida, brinca-lhona, sempre nas maioresbagunças, mas responsabili-dade zero. No papel de líder,você cresce mais rápido, temresponsabilidades que omodificam. Esse crescimen-to me ajudou a conseguirmeu trabalho e a colocar acabeça no lugar, sabendoque, independentemente daidade, cada um tem respon-sabilidades. Hoje sei queposso dar mais valor a minhavida, buscando cada dia omelhor para mim e para aspessoas que estão à minhavolta.

BP: O que você gostaria dedizer a todos os adolescentesda IPB?

Douglas: Aos adolescentesque estão na liderança de suaorganização ou pretendemchegar lá, eu digo que nãodesistam. Por experiênciaprópria, digo isso. E só tenho19 anos, uma criança pertode muitos, engatinhandoperante a vida. Nunca desis-ta; quando tudo parecer aca-bado, tenha fé, confiança emDeus Pai, pois Ele é o Todo-poderoso. Esteja em comu-nhão com Ele em tudo o quehá de fazer. Quando fortomar uma atitude, pare,pense e faça uma oração. Umversículo que uso para meapoiar perante a vida é:"Portanto meus amadosirmãos, sede firmes, inabalá-veis, e sempre abundantes naobra do Senhor, sabendoque, no Senhor, o nosso tra-balho não é em vão" (1 Co15.58).

Martha de Augustinis

Entrevista Presidente da Confederação Sinodal de Adolescentes do NortePaulistano fala sobre ser um membro e líder da UPA

o quarto domingo de julho, secomemora o Dia da UPA, ou DiaNacional dos Adolescentes

Presbiterianos. Segundo o secretáriogeral do Trabalho com Adolescentes daIPB, rev. Haveraldo Ferreira VargasJúnior, em todo o Brasil estão sendoorganizadas as comemorações chamadasde DNA, que neste ano acontecem nãoapenas em julho, mas em agosto e setem-bro.Ser adolescente é uma "viagem", comoeles mesmos costumam falar, mas comoé ser um adolescente cristão e membro daUPA, na IPB? Douglas M. Rentes, de 19anos, presidente da Confederação Sinodal

de Adolescentes do Norte Paulistano,conta que a UPA, principalmente depoisdele assumir um cargo de liderança den-tro da união, mudou sua vida e seu modode pensar. Ele diz que ela o ajuda a cres-cer não apenas espiritualmente, mascomo pessoa, a ponto de mudar atitudesem sua rotina diária. Douglas confessaque não tinha idéia de que participar daUPA lhe daria tanto repertório paraenfrentar a vida ou que a união fosse tãogrande e repleta de pessoas como ele,que gostam de trabalhar para Deus eestão dispostas a ajudar os adolescentes ater mais comunhão uns com os outros e aviver no corpo de Cristo.

N

Douglas aconselha os adolescentesque estão na liderança da UPA:"Nunca desista; quando tudo pareceracabado, tenha fé, confiança em DeusPai, pois Ele é o Todo-poderoso"

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Brasil PRESBITERIANO 17Julho de 2005

> Saebs está entre as 50 melhores entidades beneficentes do BrasilAuxílio social

Associação da IPB recebe Prêmio Bem Eficienteo Brasil, a presençade empresas priva-das sem fins lucrati-

vos representa cerca de 5%de um total de 5,3 milhõesde organizações públicas eprivadas, que visam ou nãolucro, segundo dados forne-cidos pelo IBGE (Pesquisasobre o Perfil das FundaçõesPrivadas e Associações semfins lucrativos de 2002).Dentro desse percentual, hámuitas associações e socie-dades cristãs que contri-buem para o crescimento daqualidade de vida dos brasi-leiros, e para a propagaçãodo evangelho, como aAssociação AssistencialPresbiteriana BomSamaritano (Saebs), deFranca (SP), criada em 1956pela IPB. Ela foi uma dascontempladas com o PrêmioBem Eficiente concedidopela Kanitz Associados,com auditoria da PriceWater-House Coopers, às 50entidades beneficentes quemelhor se saíram no ano, nopropósito de ajudar ao pró-ximo. O prêmio visa a reco-nhecer publicamente entida-des que demonstram traba-lho e desempenho em suaárea de atuação, recebendorecursos e executando efi-cientemente atividades. São44 métodos e critérios deavaliação para a escolha dasvencedoras; fatores simples,porém rígidos, entre os quaiso repasse de recursos, atransparência com que sãoadministradas e a existênciade profissionalismo na enti-dade.

As instituições recebem oregulamento e os requisitospara participarem do prê-mio, mas a liberdade deescolher se devem concorrerou não é da própria associa-ção. Foi assim que a BomSamaritano competiu pelaprimeira vez em 2000,ficando em 291º lugar. Nosanos seguintes, a associação

continuou sua luta, até que,em 2005, conseguiu suavaga entre as 50. A diretorado Centro Educacional BomSamaritano, Suely Santiagode Souza, aponta algunsbenefícios que esse prêmiotrará para a entidade. "Alémde divulgar o trabalho dainstituição, ficaremos duran-te o ano todo no site dasmelhores instituições dopaís, que é visitado porvários financiadores, tendo achance de receber doações".Com relação à ajuda recebi-

da pela Prefeitura de Franca,a diretora afirma que esseprêmio veio para confirmaro trabalho sério que a entida-de realiza, podendo colabo-rar para uma maior contri-buição financeira da admi-nistração da cidade.Suely conta que a solenida-

de de entrega do prêmioaconteceu, fazendo jus ao

nome, de forma bem efi-ciente. "O preletor foi oidealizador do prêmio, pro-fessor Stephen Kanitz",conta. Representando aSaebs, recebeu o prêmio opresidente da associação,Antônio José de Souza.Além dele, compareceramao evento outros diretores, oConselho Fiscal e algunsfuncionários representandoos demais, num total de 18pessoas. No evento tambémse encontravam presentes aprimeira-dama do governo

paulista, Lú Alckmin, e dire-tores presidentes das empre-sas patrocinadoras: Accor,Firmenich & Cia Ltda,Grupo Solvay e IntermédicaSaúde.ATUAÇÃOA Saebs atua em quatro

frentes de trabalho que faci-litam as atividades da enti-dade e auxiliam de forma

mais eficiente a comunida-de. O Centro EducacionalBom Samaritano atende 200crianças em regime de inter-nato e de apoio sócio-educa-tivo, que recebem quatrorefeições diárias, além deeducação por profissionaisda área e atendimento comfonoaudióloga, psicóloga emédica.O Instituto Samaritano de

Ensino é uma escola particu-lar que atende, atualmente,830 alunos, sendo 136 bol-sistas do Centro

Educacional. Outro projetodesenvolvido pela entidadeé o Programa AdolescenteTrabalhador Banco doBrasil, em que menores de16 a 17 anos e 11 meses, sãoregistrados e acompanhadosem suas funções de aprendizno Banco do Brasil. Alémdisso, 60 menores em liber-dade assistida e prestação deserviço à comunidade sãoatendidos pelo ProjetoMozaico com parceria daPrefeitura Municipal deFranca e Febem (Fundaçãodo Bem-Estar do Menor)."Nas quatro frentes de tra-

balho, a instituição atende,hoje, aproximadamente miljovens, adolescentes e crian-ças, além de suas famílias",relata Suely, afirmandoainda que a associação contacom cerca de 92 profissio-nais. Segundo ela, as famí-lias recebem auxilio pormeio de encontros com pro-fissionais como assistentesocial, psicóloga e palestran-tes, que trabalham a auto-estima, motivação pessoal eprofissional, empreendedo-rismo, planejamento fami-liar e outros temas de inte-resse dos pais.A associação já passou por

diversos outros projetos,tendo seu enfoque atual noensino infantil e fundamen-tal, promovendo o desenvol-vimento da criança em todosos seus aspectos. O objetivoprincipal é tornar tais crian-ças aptas a compreender omundo em que vivem e aconquistar a sua autonomia,inserindo-se profissional,político e socialmente comocidadãos.

N

Presidente da Saebs (olhando para a câmera), Antônio José de Souza, recebe oPrêmio Bem Eficiente em nome da associação

Martha de Augustinis

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Brasil PRESBITERIANO18 Julho de 2005

ma cena de sexoentre um jovem declasse média, consi-

derado normal dentro dospadrões morais, e umaprostituta de luxo. Não, nãoé uma cena em um filme,novela ou livro atual, masestá descrita num romancedo final do século 19,Lucíola, cujo autor, José deAlencar, é um dos maiscelebrados da literatura bra-sileira, recomendado emescolas de ensino funda-mental e médio.Portanto, não é recente a

prática – e a descrição delaem meios de comunicaçãode massa - do sexo longedos valores cristãos. Noentanto, é óbvio que, com oavanço das comunicações eo passar do tempo, essa dis-tância está se tornando cadavez maior e, o mais preocu-pante, invadindo as igrejas.Para a psicóloga e profes-

sora na Faculdade dePsicologia da UniversidadePresbiteriana Mackenzie,em São Paulo, InezAugusto Borges, apesar dafalta de pesquisas formais arespeito, não dá para negarque muitos adolescentes ejovens cristãos estãoenfrentando dificuldadesem levar uma vida sexualde acordo com os padrõesda Palavra. João (nome fic-tício), por exemplo, doEspírito Santo, que fre-qüenta a IPB desde que se

conhece por gente e hojeestá com 24 anos, confessaque perdeu a virgindade aos20, namorou moças não-cristãs, "ficou" tantas vezesque perdeu a conta e traiuuma namorada. Hoje, arre-pendido e restaurado detudo isso, diz que, apesar denão poder se considerar umexemplo nesta área, querdar um conselho aos jovensque estiverem lendo estamatéria: "é muito difícilparar depois que se começa

a ter relações sexuais,somente com muita renún-cia e muita oração. Não épossível conciliar um peca-do com a vida com Deus e aigreja. Agradeço a Deus porter me constrangido a pontode eu não agüentar estarnum culto e cantar louvorescom a vida que estavalevando. Foi difícil, compli-cado, pedi forças a Deuspara agüentar a pressão quesofri quando decidi parar.Hoje, graças a Ele, posso

dormir em paz e ter a cons-ciência limpa de que mearrependi e que posso levarum namoro a sério, dentrodos padrões que Deus esta-belece. Não dêem brecha,pois, por minúscula queseja, pode resultar em situa-ções muito indesejáveis".

AUTOCONHECIMENTOJoão não é uma exceção.

Principalmente, afirmaInez, autora do livroEducação e Personalidadea dimensão sócio-histórica

da educação cristã(Cultura Cristã e EditoraMackenzie/2002), porcausa da liberdade que osjovens têm hoje e dos valo-res expressos na mídia, emnovelas, pelos amigos etc.Para ela, a melhor maneirade tratar desse problema éensinar os valores cristãosdesde cedo, ou seja, àscrianças, em casa e na igre-ja. Ela cita Rm 12, expli-cando que a conformaçãocom o mundo é algo queacontece de fora para den-tro, mas a transformação damente acontece de dentropara fora. "Quando a pes-soa aprende desde cedo aser transformado pela inti-midade com Deus, seusvalores extrapolam o quevem de fora. Isso é dar aojovem maturidade de esco-lha".Quanto aos que já estão

na adolescência ou juven-tude, ela diz que o ensino éo mesmo e cita JoãoCalvino: "a verdadeirasabedoria vem do conheci-mento de Deus e do conhe-cimento de si mesmo".Estes jovens precisamconhecer a Deus, Sua pes-soa, vontade, caráter e atri-butos, e, assim, conhecen-do a si mesmos, o propósi-to de suas existências. "Issonão anula suas necessida-des físicas e emocionais eas pressões de fora, maslhes dá recursos internospara decisões responsá-veis".

Sexualidade do jovem cristão na IPB

Comportamento

ULetícia Ferreira

Por que cada vez mais jovens cristãos se amoldam aocomportamento "mundano" em relação ao sexo?

Casais de namorados cristãos que se relacionam à luz da Palavra aindasão a maioria, mas o crescimento do número dos que não agem assim épreocupante

Letícia Ferreira

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Além disso, devem serincentivados a conhecer asmotivações que os levam apecar. Muitas vezes, podeser a baixa auto-estima,uma necessidade neuróticade afeição que os leva aapaixonar-se facilmente ese entregar a essas paixõesou uma necessidade depoder e de conquista que osleva a ter vários relaciona-mentos, dos quais se desin-teressam quando a conquis-ta está feita.AMIZADE E

TRANSPARÊNCIAO rev. Walcyr Gonçalves,

secretário geral daMocidade da IPB, além depresidente do PresbitérioNorte Caxiense e pastor daIP Monte Horebe daFigueira, em Duque deCaxias (RJ), conta que suaexperiência pastoral naBaixada Fluminense não émuito diferente das outrasregiões do país e que onúmero de jovens na igrejaé grande, mas o compro-misso com uma vida cristãautêntica não acompanha omesmo crescimento. "Éuma geração universitáriaque busca ter um espaçosocial definitivo. Nessabusca, alguns jovens cren-tes presbiterianos aceitam ojogo dos postulados destemundo e fazem sexo antesdo casamento, mantêmrelacionamento com maisde uma pessoa ao mesmotempo e por aí vai", consta-ta.Ele compartilha também

que, sempre quando estãoem acampamento ouencontro para a juventude,mesmo não sendo a sexuali-dade tema desses eventos, oassunto surge como quemnão quer nada e vai toman-do vulto. Para o pastor, a

rapidez com que os jovensprocessam certos conceitosda sexualidade, hoje, éimpressionante, e isso tal-vez cause muito embaraçoentre as gerações mais adul-tas. "Diante do ainda tímidoconhecimento oferecido àjuventude presbiterianadentro das nossas igrejas,que contribua para umasexualidade sadia, alguns seperdem perante a avalanchede conceitos libertinosdiluídos num estilo de vidamoderno e aparentementebem resolvido, sem contarcom a pressão dos veículosde comunicação, da mídia eda Internet", avalia.No entanto, ele aponta que

não é tanto de informaçãosadia sobre o assunto de queos jovens e adolescentespresbiterianos precisam,mas de acolhimento paratratar disso. "Carecem doombro amigo, de afeto, demodo que possam vivenciarcom tranqüilidade o dia-a-dia dos conflitos, das desco-bertas e do aprendizado deuma sexualidade sadia".Ele declara que o enche de

alegria ver que em meio aeste cenário tem percebidoem alguns concílios um ofi-cialato que se preocupacom as questões relaciona-das à sexualidade. Em taisconcílios, os púlpitos tra-vam um diálogo aberto etentam encontrar respostaseficazes e os pastores enten-dem ser os principais res-ponsáveis por tratar destassituações à luz da Palavrade Deus. "Mas são oásis emmeio a um deserto de desin-formação dos problemasque rondam a juventude",lamenta.O secretário geral do

Trabalho com Adolescentesda IPB, rev. Haveraldo

Ferreira Vargas Júnior, tam-bém acredita que conquistarcom sinceridade a amizadee a confiança dos jovens é amelhor maneira de tratar daquestão da sexualidade den-tro da igreja. Ele concordaainda que a superexposiçãoà sexualidade e à sensuali-dade é uma das razões quemais causam desvios deconduta dentro da igreja."Nunca se falou, se mos-trou, se escreveu tantosobre sexo quanto atual-mente. As bancas de revis-tas deixaram de ser ‘o lugarda promiscuidade’. AInternet e os canais de TV acabo levaram estas imagens

e mensagens para dentro decasa, especialmente doquarto", declara. Para ele,levar aos adolescentes oentendimento das questõesà luz da Palavra traz maisresultados positivos do queo "policiamento", pois avigilância, por melhor queseja, ainda será limitada."Quando se entende umaquestão, por maior que sejaa pressão, a maior defesa jáfoi iniciada. Talvez por issoSalomão falasse tanto aosfilhos sobre ouvir e praticaros ensinamentos. Há o diá-logo com o problema e a

razão. Surge o equilíbrio, aponderação, que são funda-mentais no ato de escolha.A proibição, sem entendi-mento, pode não gerar umresultado satisfatório".O rev. Haveraldo Júnior

aconselha que em cada IPBse disponham pessoassadias espiritualmente,abençoadas por Deus e dis-postas a ouvir os jovens emsuas crises e pressões naárea do sexo. "É certo deque se eles não falarem comalguém da igreja falarãocom alguém de fora. Dos defora dos arraiais da igrejanada se pode esperar. Umjovem somente se abrirácaso tenha uma amizade",afirma. Ele recomenda queos homens ouçam oshomens e as mulheresouçam as mulheres, poisesta prática ajuda a evitarruídos de comunicação. E,ainda, que grupos específi-cos sejam criados, com reu-niões para conversas fran-cas que costumam criar umambiente propício paradebates e aplicações dasSagradas Escrituras.FAMÍLIAS E IGREJAS

COMPROMETIDAS ESADIAS SÃOA SOLUÇÃOPara outra psicóloga mem-

bro da IPB, Gláucia Roxode Pádua Ribeiro, também éfato que parte dos jovens eadolescentes presbiterianosnamoram fora dos padrõesde Deus. "Tenho observadoque cada vez mais os jovensestão tomando a 'forma domundo' ao invés de sereminconformados com o pre-sente século. Pensam comoas grandes massas. Nada decompromisso sério, oimportante é ‘matar a carên-cia ficando’, como elesmesmos dizem. ‘Ficam’

dentro e fora da igreja eparecem não se incomodarem desonrar o santuário deDeus, que é o nosso corpo evida. Estão petrificadoscom os valores do mundoque dizem que o maisimportante é o momento, oaqui e agora, o prazer e afelicidade passageira".Gláucia diz que não tem

dados estatísticos precisos,mas acredita que boa partedos jovens presbiterianosque namoram experimen-tam algum tipo de intimida-de e outros tantos mantêmrelações sexuais com seusnamorados. Ela tem aimpressão de que, para eles,a única conseqüência destepecado é a gravidez, e, casoisso não ocorra, não há como que se preocupar.A psicóloga acredita que

parte deste problema vemda sociedade sem valores,materialista, consumista,hedonista, imediatista eeudemonista que cerca aigreja, os adolescentes e osjovens. As escolas, sabedo-ras de que a adolescência éo período da vida em queafloram os desejos sexuais etentando cumprir seu papelde agências formadoras,elaboraram programas deeducação sexual, mas prati-camente resumiram aabrangência destes projetosem informações relativasaos métodos anticoncepcio-nais e anti-DSTs (DoençasSexualmente Transmis-síveis).Mas, acredita Gláucia,

outra parte do problemavem das famílias evangéli-cas, que estão permitindoque os valores do mundoentrem pelas suas portas.

A psicóloga InezAugusto Borges citaCalvino: "a verdadeirasabedoria vem doconhecimento de Deuse do conhecimento desi mesmo".

Comportamento

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Comportamento

Brasil PRESBITERIANO20 Julho de 2005

"Observo que a grandepreocupação de uma parce-la dos pais evangélicos écom o futuro profissionalde seus filhos. Para ofere-cer-lhes um bom estudo,empenham tempo, esforçoe dinheiro. Mas, esquecemde instrui-los no ‘caminhoem que devem andar’.Esquecem de falar das ver-dades bíblicas a tempo efora de tempo. Afinal, averdadeira instrução requertempo e dedicação. Requerjoelhos dobrados. Requerque os pais sejam modelosespirituais a serem segui-dos".Ela observa pais ausentes,

que delegam a missão depastorear o coração dosfilhos às escolas evangéli-cas e às igrejas. Pais quenão são um exemplo no quese refere ao seu relaciona-mento conjugal ou que nãoconversam com seus filhossobre sexo, namoro e casa-mento. Pais secularizadosque levam seus filhos às"baladas", que não sabemdizer não, pois, para seimpor limites é necessárioconvicção e condição inter-na para arcar com suas con-seqüências.No entanto, a psicóloga

não exime as igrejas deuma parte da culpa. "Vejoque há poucas comunida-des preocupadas em discu-tir sobre sexo, namoro ecasamento, de maneiraaberta e que alcance ojovem".DEVE-SE LUTAR

CONTRA A INVASÃODOS VALORES DASOCIEDADEUma pesquisa publicada

pela Bemfam (SociedadeCivil Bem-Estar Familiar)em 2004, Pesquisa deConhecimentos, Atitudes ePráticas da População

Brasileira de 15 a 54 Anosde Idade, entrevistou seismil pessoas em todo o paíse concluiu que, entre jovensde 15 a 24 anos, 36,1%tinham começado a manterrelações sexuais a partir dos15 anos. Destes, 16,2%confessavam ter tido maisde dez parceiros. A diferen-ça entre os sexos é grande:entre os primeiros, 36,3%eram homens, enquanto14,4% eram mulheres. Nosegundo caso, 34,2% eram

homens, enquanto apenas4,2% eram mulheres. Issopode evidenciar que asociedade e, dentro dela, aigreja, ainda cobra mais damulher do que do homemum comportamento sexual

dentro dos padrões moraisou espirituais.Ana (nome fictício), tem

32 anos e é solteira. É cris-tã desde a infância e mem-bro da IPB há sete anos.Para ela, a forma como osjovens estão sendo orienta-dos sobre sexualidade den-tro da igreja não é eficientediante do bombardeiointenso e incessante dosvalores do mundo em rela-ção ao sexo, ao namoro e aocasamento. "Este assunto

está tão banalizado quemuitos líderes de igrejachegam a fazer vistas gros-sas com relação ao compor-tamento de muitos, e nãofalam, mas aceitam. Aapostasia e a flexibilização

estão ocupando um espaçoextremamente perigoso. Oque era pecado hoje já não étão pecado assim". Ela afir-ma que é virgem e assimpretende se manter até o diaque vier a se casar, com umhomem cristão. "Deusespera que eu continueresistindo e me desvie domal, mas isso só tem ocorri-do porque Ele tem me pre-servado e me ajudado pelasua infinita graça".CONTEXTO

HISTÓRICO E LIMI-TES EQUILIBRADOSÉrica Pardini Marino,

membro da IPB, é psicólo-ga e trabalha com jovens daFebem (Fundação do BemEstar do Menor). Para ela, adiscussão vai bem além docomportamento sexual,pois a igreja, dentro dasociedade, está no meio deuma mudança de paradig-ma no que diz respeito aoconceito masculinidade efeminilidade, o que se refle-te no comportamento coti-diano das pessoas, em espe-cial dos jovens e dos ado-lescentes. "Hoje, por exem-plo, as mulheres conquista-ram um espaço no mercadode trabalho que influencia,conseqüentemente, a dinâ-mica de relacionamento docasal. Isto vale tambémpara os jovens e adolescen-tes cristãos, uma vez que seencontram contextualiza-dos em seu período históri-co".Assim como Inez, Érica

acredita que a soluçãocomeça na educação rece-bida desde a infância. Ela émais otimista e observa queos jovens e adolescentescristãos, mesmo inseridosna sociedade, tendem aapresentar um comporta-mento diferente dosdemais. E acha que a chave

está no equilíbrio nos limi-tes que se deve estabelecer."Crianças, adolescentes ejovens, em especial os ado-lescentes, mesmo os cris-tãos, buscam limites a todotempo como forma de tes-tar até onde podem chegar,apresentando, às vezes,comportamentos seme-lhantes aos que não temconhecimento da Bíblia".Para Érica, limites na

medida certa mostram paraos adolescentes que elessão amados e que os pais elíderes se importam comeles. Na ausência dosnecessários limites, nãoadianta levar os filhos àigreja, pois acabarão sedesviando da vida cristã.Por outro lado, limites emexcesso podem levar o ado-lescente a se sentir sufoca-do e agir de forma exata-mente oposta à impostapelos pais e líderes, comouma forma de protesto ebusca de "liberdade"."Alguns jovens sabem

qual é o seu limite e, quan-do chegam em determinadoponto, recuam. Outros nãoconseguem parar e caem natentação; isso não significaque não irão se levantar,como está na Bíblia emSalmo 119.71: ‘Foi-mebom ter eu passado pelaaflição, para que aprendes-se os teus decretos’. Aindano Salmo 119.9-11: ‘Deque maneira poderá ojovem guardar puro o seucaminho? Observando-osegundo a tua Palavra. Detodo o coração te busquei;não me deixes fugir aosteus mandamentos. Guardono coração as tuas palavraspara não pecar contra ti’".

O secretário geral do Trabalho com osAdolescentes, rev. Haveraldo Ferreira VargasJúnior, assim como o secretário geral daMocidade, acredita na amizade e na confiançapara orientar os adolescentes e os jovens