Bento XVI - agencia.ecclesia.pt · e em risco de perderem a casa”. O texto sublinha que Portugal...

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04 - Editorial:Sandra Costa Saldanha06 - Foto da semana07 - Citações08-11 -Nacional12 - Opinião: D. José Cordeiro14 - A semana de: Octávio Carmo16-27 - Pontificado em imagens28-33: Entrevista:Adriano Moreira34-41 - Reações à renúncia deBento XVI40 - Espaço Ecclesia: Programação religiosa na TVI

44 - Cinema46 - Multimédia48 - Estante50 - 50 Anos do Vaticano II52 - Agenda54 - Liturgia56- Ecclesia nos Media57 - Por estes dias58 - Fundação AIS60 - Opinião: Varico Pereira

Foto da capa: LusaFoto da contra-capa: João Aguiar

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Semana CáritasFé comprometida,

cidadania ativa[ver+]

Bento XVIImagens e mensagens [ver+]

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Elogiar, com muito gosto

Sandra Costa Saldanha

Apologias, louvores e panegíricos, já não seusam. Opúsculos de outros tempos, triviais atéfinais do Antigo Regime, a eloquência dessesregistos depressa se converteu em censura,sarcasmo e até caricatura.Num tempo que já não é o das Luzes, o lugar dedestaque na abordagem ao outro mais depressaredunda na crítica displicente. Nos dias quecorrem, parece francamente mais fácil assinalarimperfeições, que verbalizar um elogio. Adiam-seafetos, sorrisos, agradecimentos, palavrasamigas.Tema que urge entre pares, amigos e atéfamiliares, não é uma novidade a importância deexpressar o reconhecimento nas sociedadesatuais. No meio

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profissional, sobretudo, são váriosos estudos que o revelam. O elogio,genuíno e merecido, não apenasfortalece a autoconfiança, comoaumenta a motivação, convertendoos visados em pessoas maisresistentes, comprometidas eempenhadas.Mas o “poder” do elogio é bastantemais abrangente, para lá dosestratagemas de incentivo pessoalou de autoestima. O gosto de fazerum elogio, salientar ações positivas,em detrimento da indiferença, étambém um passo crucial paraquem o pratica, uma atitude dedesprendimento e de confiança,muito gratificante.

Neste jogo complexo, que é o dasrelações humanas, faz pois tantafalta semear alegrias e colhersorrisos, enfim, tirar partido daspequenas coisas da vida.

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[Bento XVI]'Vamos sentir a tua falta'Praça de São Pedro, Angelus, 17.02.2013© Le Figaro Magazine

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“Viver a Quaresma numa comunhãoeclesial mais intensa e evidente,superando individualismos erivalidades, é um sinal humilde eprecioso. Muitos estão prontos para‘rasgar as vestes’, peranteescândalos e injustiças, mas poucosparecem disponíveis para agir sobreo seu próprio ‘coração’, a própriaconsciência e as suas intenções,deixando que o Senhor transforme,renove e converta”.Bento XVI, 13/02/13, Vaticano “Com surpresa recebemos a notíciada decisão do Papa Bento XVI derenunciar ao ministério que recebeucomo bispo de Roma, sucessor dePedro e pastor da Igreja universal.Mas esta surpresa depressa setornou em admiração agradecidapela sua corajosa lucidez emreconhecer as limitações de saúdee forças para exerceradequadamente o ministério aoserviço da Igreja e para bem detoda a humanidade”.Conselho Permanente da CEP,18/02/13, Fátima

“Creio que o elemento maissignificativo (do pontificado de BentoXVI) seja o Pátio dos Gentios,porque representa uma realidadeque teve início justamente a partirde suas palavras, que foiacompanhada por ele sempre comgrande interesse e porquerepresenta talvez o modelonecessário de comparação entre osvalores, num momento em quetodos os valores se tornaramopacos ou simplesmente foramcolocados de lado”.Cardeal Gianfranco Ravasi,presidente do Conselho Pontifícioda Cultura, 18/02/13, Vaticano “Após o anúncio da renúncia doPapa Bento XVI, a CaritasInternationalis gostaria deagradecer-lhe pelo seu apoio aolongo dos últimos sete anos. O Paparecordou-nos a necessidadeurgente de justiça social em todo omundo e que quando nósatendemos às necessidades daspessoas, estamos a dar-lhes o queé delas, não nosso”.Cardeal Oscar RodríguezMaradiaga, presidente da CaritasInternationalis, 19/02/13

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Semana Nacional da Cáritas

‘Fécomprometida.Cidadaniaativa’ é otema dereflexão desteano, queengloba açõeslocais e umpeditóriopúblico, de 28de fevereiro a3 de março

A Cáritas Portuguesa alertou para o “exponencialaumento” do número de casos de exclusão social nopaís por causa do “flagelo da crise económica”. Aorganização católica revela em comunicado enviado àAgência ECCLESIA que mais de 56 mil famíliassolicitaram apoio à instituição em 2012 e a nívelindividual, foram declarados mais de 158 mil pedidosde ajuda em território nacional.“Ao longo do ano 2012, a Cáritas Portuguesa registouum aumento das situações de emergência social naordem dos 60% em relação ao ano anterior”, refere anota de imprensa, que antecipa a Semana Nacional doorganismo de solidariedade e ação humanitária, quevai decorrer a partir de domingo.“Num período extremo como o que vivemosatualmente, com o aumento exponencial dos casos depobreza e de exclusão social e suas consequentesproblemáticas, a temática chave que, este ano, serviráde suporte à nossa reflexão prende-se com os valoresde Fé e Solidariedade, refere o presidente da Cáritas,Eugénio Fonseca.Segundo este responsável, os temas “despertamtambém para a importante discussão sobre o papel eresponsabilidade de cada indivíduo na própriasociedade perante esta situação de alerta máximo eque visam o empenho de todos na construção de umasociedade mais equitativa”.A organização manifesta a intenção de “ alimentar aesperança dos portugueses e proporcionar-lhescondições de dignidade que permitam a todos

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acreditarem que serão capazes deultrapassar estes tempos difíceis”.D. Jorge Ortiga, arcebispo de Bragae presidente da Comissão Episcopalresponsável pelo setor da PastoralSocial, refere na sua mensagempara o Dia Nacional da Cáritas quea IgrejaCatólica “tem marcado a diferença”,neste campo, convidando a “umapresença interventiva na sociedade”e à redescoberta da caridade como“estilo de vida”.O responsável alertou para a

necessidade de os católicosportugueses terem uma presença“interventiva” perante enfrentar aatual crise económica, propondo um“novo modelo de sociedade”. “Ossinais que os tempos nos ofereceminterpelam-nos, pedem a nossaresponsabilidade, exigem o nossocompromisso. Como cidadãos ecristãos nunca poderemos alhear-nos das condições de vida daspessoas e dos problemas dasociedade”, escreve D. Jorge Ortiga.

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Igreja preocupada com quem ficasem casaA Igreja Católica alerta para apossibilidade de ocorrer “umproblema social de vastasproporções” se os bancos nãoajudarem os agregados familiaresque estão na iminência de ficarsem habitação por incumprimentodos pagamentos. Na “Reflexãopara a Quaresma”, enviada àAgência ECCLESIA, a ComissãoNacional Justiça e Paz pede aoGoverno e à Assembleia daRepública para procurarem “juntodos bancos soluções para asfamílias que, sem culpa própria,estejam com dificuldades parapagarem as prestaçõesdecorrentes do crédito à habitaçãoe em risco de perderem a casa”.O texto sublinha que Portugal é “opaís mais desigual da UniãoEuropeia” e observa que aevolução recente das condições devida da população é acompanhada“persistentemente por taxasnegativas de crescimento do PIB,que permitem falar numa ‘espiralrecessiva’”.“O flagrante insucesso do modelo

de política seguido em 2012, ainsistência de idêntico modelo,nalguns aspetos agravado, em 2013,pode ser eticamente inaceitável”,aponta a reflexão, frisando que “opovo, as pessoas e as famílias nãopodem servir de objeto deexperiências de política económica”.O documento, intitulado “Ética nasFinanças – Uma questão de Justiça ePaz”, acentua que “a situação decrise pode justificar que semodifiquem algumas formasconcretas de assistência, mas nãopode prejudicar os direitosindissociáveis” da “dignidade humanado beneficiário, a que estãoassociados direitos indeclináveis”.

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Os movimentos operários católicos de Portugal eEspanha consideram que a “fome, as depressões” e“os suicídios” nos dois países se devem ao “sistemaeconómico e social capitalista neoliberal selvagem”,que é “injusto” e se afasta do “plano de Deus”. ALiga Operária Católica/Movimento de TrabalhadoresCristãos (LOC/MTC) e a Hermandad Obrera deAcción Católica reuniram-se entre domingo e terça-feira na cidade espanhola de Burgos. A Cáritas Europa divulgou um estudo sobre oimpacto da crise em Portugal, Espanha, Itália,Grécia e Irlanda em que denuncia as consequênciasnegativas da austeridade na população maiscarenciada e aponta alternativas. “Todos os paísesprecisam de reconhecer que o desenvolvimento nãoé apenas económico e que existe uma inegávelinter-relação com a dimensão social”. O projeto “Passo-a-rezar” celebrou este domingotrês anos de existência com uma semana especial,nova voz e imagem gráfica. A adesão a este modode rezar foi grande e cresce continuamente nos 10mil downloads diários, nos mais de 15 mil seguidoresna página do facebook, em mais de 2000subscritores da newsletter semanal e mais de 5milhões de downloads desde o lançamento. “Fome de Mudança” é o tema da campanha deQuaresma da Fundação Fé e Cooperação (FEC),organização de Igreja Católica dependente daConferência Episcopal Portuguesa [ver +]

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Da flor ao grão de amendoeira

D. José Manuel CordeiroBispo de Bragança-Miranda

Este é o tempo do florescimento da amendoeirano Nordeste Transmontano. Algumas maisatrevidas até floresceram antes, correndo, comosempre, o risco de serem ressequidas pelasgeadas. Já no dia 25 de janeiro, recebi um ramoflorido trazido por uma família de Mogadouro. Defacto, a amendoeira é a primeira árvore a florirainda em pleno Inverno, e as suas pétalasbrancas dão a ilusão da neve. A condição frágilda sua flor aumenta-lhe beleza. A amendoeira éum sinal da vigilância, mal vem o sol floresce,não espera pela Primavera. Ao mesmo tempo ésinal do tempo sempre novo – o tempo de Deus.A seguir ao desabrochamento a amendoeiradesenvolve as folhas e um casulo de cascaverde e dentro deste, um outro casulo de corcastanha mais duro, em cujo interior surgirá ogrão. Só quando descascada e partida aamêndoa se descobre o grão, qual coração damesma amêndoa. A amêndoa é tambémrepresentada na iconografia cristã como oenquadramento ogival que recolhe a figura deCristo na Ascensão e ainda tida como um dossímbolos eloquentes da Páscoa, o núcleo domistério cristão. O Espírito ressurge namagnificência da própria natureza. A cruz e aPáscoa são inseparáveis.O desejo de chegar ao fim, chegar à plenitude égrande. Cada um de nós busca uma resposta

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satisfatória a este afã de realizaçãoplena: os pequenos esperam sergrandes, os jovens sonham nãoenvelhecer, os velhos queremperpetuar-se. Quem empreende acarreira do poder, da fama e dariqueza nunca tem o bastante.A dinâmica do ministério na Igreja ébem outra. Bento XVI, na humildegrandeza do seu surpreendentegesto, proclama com fé o evangelhoda vida e apresenta-o como ogrande e nunca atingido desafio daIgreja para os tempos atuais. Oministério vive do mistério. Enquantorezamos pelo Santo Padre, o atual eo futuro, Bento XVI convida-nos comconvicção:«A Igreja, que é mãee mestra, chama todosos seus membrosa renovar-se no espírito,a reorientar-sedecididamentepara Deus, renegandoo orgulho e o egoísmopara viver no amor».

É urgente e necessário pôr ainteligência, o saber, a arte, a fé, ainformática, a competência, acapacidade empreendedora aoserviço da cultura da vida.Numa poesia anónima lê-se: «oestudioso disse à amendoeira: fala-me de Deus. E a amendoeirafloriu». Da flor ao grão é o caminhoda Quaresma à Páscoa. Por isso, aamendoeira é um símbolo dodinamismo da Igreja crente e orante,que vive do único e mesmo mistériode Cristo. Cristo não é só ofundador da Igreja, Ele é o seuperene fundamento.

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Tempos de incerteza

Octávio CarmoAgência ECCLESIA

A renúncia de Bento XVI ao pontificado gerou umnatural frenesim, que tem levado a um aumentoda atenção pública e mediática sobre osassuntos ligados ao papado e ao Vaticano. Aresponsabilidade aqui na redação é grande,porque não há margem para erro e existe aconsciência de que o trabalho da ECCLESIA éuma referência, mesmo que não explícita, paraquem tem a missão de explicar esta situação aosseus leitores, ouvintes ou espetadores. O maior número de notícias não tem,necessariamente, um objetivo pedagógico: areligião vende. Não se veja nesta afirmação umaofensa ao credo de ninguém, mas aComunicação Social cada vez mais empresarialprocura o lucro, a audiência, e as questõesligadas à renúncia de Bento XVI e eleição do seusucessor têm, indiscutivelmente, um enormepotencial mediático. A escolha de alguns“especialistas” para comentar o atual pontificadomostra, aliás, a intenção de polemizar osassuntos e não tanto de os esclarecer.

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A verdade, no entanto, é quealgumas das questões levantadaspela renúncia do Papa não são defácil resolução e mesmo o Vaticanotem tido posições diferentes, aolongo das últimas semanas, sobredeterminadas matérias. Pareceagora claro que o próprio Bento XVIvai ter de intervir sobre apossibilidade de antecipação doinício do Conclave, mas ficam poresclarecer as questões relativas aoestatuto do bispo emérito de Romae à influência que vai ou nãoexercer no tempo de vida que lherestar sobre a Igreja Católica.Sem listas de “papáveis”, nãodeixamos de referir as opiniões dequem se pronuncia, legitimamente,manifestando as suas expectativasrelativamente ao sucessor de BentoXVI. A minha intuição aponta paraum nome em particular: cardealPeter Erdo, arcebispo de Budapestee

presidente do Conselho dasConferências Episcopais da Europa.Aos 61 anos, depois de ter sido ocardeal mais novo da Igreja Católicaentre outubro de 2003 e novembrode 2010, tem experiência na área danova evangelização e o respeito dosseus pares. Algumas das minhas fotospreferidas do atual pontificado,como o fundo destas páginas, foramtiradas na visita de Bento XVI àantiga República Democrática daAlemanha, em setembro de 2011. Arepetição da peregrinação a locaisescondidos, agora de forma livre, foimuito marcante e as mensagensdeixadas pelo Papa germânicoganham agora uma nova força:“«Onde há Deus, há futuro». Comefeito, onde deixarmos que o amorde Deus atue plenamente sobre anossa vida e na nossa vida, aí seabre o céu”.

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Bento XVI

Depois do grande Papa João PauloII, os senhores cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhadorna vinha do Senhor.Consola-me saber que o Senhorsabe trabalhar e agir também cominstrumentos insuficientes. E,sobretudo, recomendo-me àsvossas orações.(Primeira saudação de Bento XVI,19.04.2005)

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As encíclicas

“Nós cremos no amor de Deus —deste modo pode o cristão exprimira opção fundamental da sua vida.Ao início do ser cristão, não há umadecisão ética ou uma grande ideia,mas o encontro com umacontecimento, com uma Pessoaque dá à vida um novo horizonte e,desta forma, o rumo decisivo”(Deus caritas est)

“A verdadeira e grande esperançado homem, que resiste apesar detodas as desilusões, só pode serDeus – o Deus que nos amou, eama ainda agora”(Spe Salvi) “Sem formas internas desolidariedade e de confiançarecíproca, o mercado não podecumprir plenamente a própriafunção económica”(Caritas in veritate)

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ONU e Ground Zero“As Nações Unidas permanecem um lugar privilegiado no qual a Igreja estácomprometida a levar a própria experiência ‘em humanidade’, desenvolvidaao longo dos séculos entre povos de todas as raças e culturas, e a pô-la àdisposição de todos os membros da comunidade internacional”Assembleia Geral da ONU, Nova Iorque, 18.04.2008Visita de Bento XVI aos EUA

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Jornadas Mundiais da Juventude

Colónia 2005 | Sidney 2008 | Madrid 2011 (especial ecclesia)

“Com Cristo podereis sempre enfrentar as provas da vida.Não o esqueçais! Obrigado a todos!”

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Bento XVI em Portugal – LisboaA viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, nadistinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja,que as duas Concordatas de 1940 e 2004 formalizariam, em contextosculturais e perspetivas eclesiais bem demarcados por rápida mudançaAeroporto da Portela, 11.05.2010 [ver+]

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Bento XVI em Portugal – 13 de maio

“Com a família humana pronta asacrificar os seus laços maissagrados no altar de mesquinhosegoísmos de nação, raça, ideologia,grupo, indivíduo, veio do Céu anossa bendita Mãe”Santuário de Fátima, 13.05.2010 [ver+]

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Bento XVI em Portugal – Encontros deFátima“As iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários davida, desde a sua conceção, e da família, fundada sobre o matrimónioindissolúvel de um homem com uma mulher, ajudam a responder aalguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que hoje secolocam ao bem comum”Encontro com as organizações da Pastoral Social, Basílica da SantíssimaTrindade, 13.05.2010

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Bento XVI em Portugal– Porto

“Continue esta gloriosa Nação amanifestar a grandeza de alma,profundo sentido de Deus,abertura solidária, pautada porprincípios e valores bebidos nohumanismo cristão”Aeroporto Francisco Sá Carneiro,14.05.2010

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No coração da EuropaAlemanha (22-25 de setembro de2011)Croácia (4-5 de junho de 2011)Santiago de Compostela eBarcelona (6-7 de novembro de2010)Reino Unido (16-19 de setembro de2010)Malta (17-18 de abril de 2010)República Checa (26-28 desetembro de 2009)França – 150.° aniversário dasAparições de Lourdes (12-15 desetembro de 2008)Áustria - 850° aniversário dafundação do Santuário de Mariazell(7-9 de setembro de 2007)Munique, Altötting e Ratisbona -Alemanha (9-14 de setembro de2006)Valência – Espanha - V EncontroMundial das Famílias (8-9 de julhode 2006)Polónia (25-28 de maio de 2006)

“O mundo da razão e o mundo dafé — o mundo da secularidaderacional e o mundo do credoreligioso — precisam um dooutro, e não deveriam ter medode entrar num diálogo profundoe contínuo, para o bem da nossacivilização”Parlamento de Londres, 17.09.2010

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África e América Latina“Cuba e o mundo precisam demudanças, mas estas só terãolugar se cada um estiver emcondições de se interrogaracerca da verdade e se decidir aenveredar pelo caminho doamor, semeando reconciliação efraternidade”Havana, Praça da Revolução JoséMartí, 28.03.2012 > México e República de Cuba (23-29 de março de 2012)> Benim (18-20 de novembro de2011)Camarões e Angola (17-23 demarço de 2009)> Brasil - V Conferência Geral doEpiscopado da América Latina e doCaribe (9-14 de maio de 2007)

“Meus amigos, armados de umcoração íntegro, magnânimo ecompassivo, podereistransformar este continente,libertando o vosso povo doflagelo da avidez, da violência eda desordem e guiando-o pelasenda daqueles princípios quesão indispensáveis em qualquerdemocracia civil moderna: orespeito e promoção dosdireitos humanos, um governotransparente, uma magistraturaindependente, uma comunicaçãosocial livre, uma administraçãopública honesta, uma rede deescolas e de hospitais quefuncionem de modo adequado, ea firme determinação, radicadana conversão dos corações, deacabar de uma vez por todascom a corrupção”Salão de Honra do PalácioPresidencial de Luanda, 20.03.2009

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Fronteiras do Islão e JudaísmoDeus de todos os tempos, na minhavisita a Jerusalém, "Cidade da Paz",pátria espiritual comum de judeus,cristãos e muçulmanos, apresento-vos as alegrias, as esperanças e asaspirações, as provações, ossofrimentos e a dor de todo o vossopovo no mundo inteiro.Deus de Abraão, Isaac e Jacob,ouvi o clamor dos aflitos, dosamedrontados e dos desesperados;enviai a vossa paz sobre esta TerraSanta, sobre o Médio Oriente esobre toda a família humana;estimulai os corações de todosaqueles que invocam o vosso nome,a percorrer humildemente ocaminho da justiça e da compaixão.Oração do Papa Bento XVI diantedo muro ocidental de Jerusalém12.05.2009>Líbano (14-16 de setembro de2012)>Chipre (4-6 de junho de 2010)>Terra Santa (8-15 de maio de2009)>Turquia (28 de novembro-1 dedezembro de 2006)

“Tomar a palavra neste lugar dehorror, de acúmulo de crimes contraDeus e contra o homem sem igualna história, é quase impossível e éparticularmente difícil e oprimentepara um cristão, para um Papa queprovém da Alemanha”.Visita ao campo de concentração deAuschwitz-Birkenau, Polónia28.05.2006

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Resignação “Depois de ter examinadorepetidamente a minha consciênciadiante de Deus, cheguei à certezade que as minhas forças, devido àidade avançada, já não são idóneaspara exercer adequadamente oministério petrino”Vaticano, 11.02.2013 [ver +] “O caminho da consciência não éfechamento no próprio «eu», masabertura, conversão e obediênciaàquele que é Caminho, Verdade eVida”Vaticano, 22.09.2010 [ver +]

“São Celestino V soube agirsegundo a consciência emobediência a Deus, portanto semreceio e com grande coragem,também nos momentos difíceis,como aqueles ligados ao seu brevepontificado, não temendo perder aprópria dignidade, mas conscientede que ela consiste em estar naverdade”Sulmona, Itália, 04.07.2010 [ver +]

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Novo Papa deve ter«poder suficiente»para acabar com pecadosque atingem a Igreja

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A poucos dias da renúncia oficial deBento XVI e do início do Conclaveem Roma para a escolha de umsucessor, o professor, político esociólogo Adriano Moreira destaca a“humildade e coragemextraordinária” de Joseph Ratzingerem “reconhecer que o seu limitechegou”. Agência ECCLESIA – O que pensasobre a renúncia de Bento XVI,quais as consequências para a vidada Igreja, a curto e médio prazo?Adriano Moreira (AM) – A primeiraconsequência é termos de elegerum novo Papa, que é o sucessor dePedro mas, apesar disso, passa-secom ele o mesmo que se passa comcada ser humano, é um fenómenoque não se repete.Naturalmente que não se podeesperar o mesmo comportamentoou herança de cada sucessor. Euna minha longa vida conheci muitosPapas: aqueles de que maisrecordo a influência foram JoãoXXIII, que se guiava mais pelainspiração do que pela erudição, eJoão Paulo II, exemplo de sacrifício,com aquela frase extraordinária“Cristo também não desceu daCruz”.

Temos de olhar para cada Papa e oexemplo que fica não deve seridentificável em cada um, o que temde ser é justificado em cada um, queseja verdadeiramente umenriquecimento para o legado.A decisão deste Papa é umadecisão corajosa, naturalmente deacordo com a sua personalidade,enquanto ser humano que é umfenómeno que não se repete nahistória da humanidade.E na longa lista de Papas destequase século que já vivi, Bento XVIera sobretudo guiado pela razão,porque é um intelectual, umuniversitário.Podemos achar que é um legado aatitude de João Paulo II,extraordinária, que se percebeperfeitamente vinda de um Papaque é polaco, que sofreu durante osseus anos de juventude, formação evida.Bento XVI nasce num país que éresponsável por uma das maiorescalamidades do mundo, que custoupelo menos 50 milhões de mortos.Ele próprio, por força daorganização do seu país, serviucomo criança nas forças armadasalemãs, e um dos atos importantesque praticou durante o seupontificado foi a visita a Auschwitz, acondenação do mal absoluto.

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AE – A atitude de reconciliaçãomarca também o pontificado deBento XVI, mesmo a nível interno daIgreja?AM – Marca. Numa das suas obras,o Papa fala sobre a necessidade deprestar atenção à verdade dosoutros e isso é muito importanteporque, por muito que nestemomento o desapego a Igrejasinstitucionalizadas seja crescente naEuropa e no Ocidente, eu nãoesqueço que no edifício das NaçõesUnidas, por iniciativa do grandesecretário-geral Dag Hammarskjöld,assassinado no exercício do cargo,há uma sala despida com umapedra translúcida, como se fosseum altar, sobre o qual cai um raio deluz que vem do céu, e que se chamaSala de Meditação para todas asreligiões.Portanto, o apelo à transcendência,ao contrário do desapego areligiões institucionalizadas, está acrescer no mundo inteiro, commuitas divisões, o que naturalmenteexige um esforço enorme para oencontro das religiões. E os escritosque o Papa deixou vão contribuirpara isso, e não será diminuídoesse legado por algumasintervenções mal interpretadas,designadamente o comentário quefoi

feito a respeito dos muçulmanos eque ele próprio se justificou,procurando dar sentido correto àexpressão dele mas, como é tãofrequente, a comunicação socialinsistiu muito na interpretação maisdesadequada das palavras.As palavras eram de uma excelenteintenção, que nós precisamos, cadavez cresce mais a ideia de que umconvívio pacífico entre as religiões éfundamental. AE – Bento XVI deu passosfundamentais nesse sentido?AM - Sim, a frase que ele disse éuma atitude de compreensão, não étolerância, é respeito, são coisascompletamente diferentes. É maisnecessário o respeito do que atolerância, ele contribuiuefetivamente para isso.Naturalmente Bento XVI foi afetadodurante o seu exercício poracontecimentos externos, e aimpressão que tenho, seguindoensinamentos que não chegam daminha meditação, é que há umadiferença constante entre o Cristoda fé, o Cristo da história e o Cristoda Igreja. De vez em quando há umconflito entre estas perceções.

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AE – E este Papa quis contribuirpara esse debate…AM – Quis contribuir para issoporque justamente neste momento,sem podermos esquecer adecadência da adesão às Igrejasinstitucionalizadas no Ocidente, é oterceiro elemento desta trilogia, oCristo da Igreja, que está mais emcrise e ele enfrentou dificuldadestremendas, designadamente apedofilia. Eu separo issonaturalmente da fé e do Cristo dahistória, mas ele teve de enfrentarisso e naturalmente para um homemcom a sua formação intelectual,universitária, deve ter sido umatensão tremenda, ele que condenouo mal absoluto, ter de enfrentar esteataque devastador em relação àIgreja em muitos países,designadamente na América doNorte e na Europa.

AE – Foi um dos problemas quemarcaram este pontificado de BentoXVI, a par de outros, de ordemeconómica, disciplinar até, naprópria estrutura do Vaticano.AM – Eu guardaria para o fim aparte disciplinar. Agora há umproblema que deve ter pesado noseu espírito, não apenas agora masquando exercia funções, comoverdadeiramente o braço direito deJoão Paulo II, e que é a relação daEuropa com os valores cristãos.A Europa não tem limitesgeográficos, não há montanhas,rios, que sejam limite da Europa.Mas ela está numa crise de valoresextraordinária - na crise económicatremenda que estamos a atravessar,o traço fundamental é: onde estavao valor das coisas foi colocado opreço das coisas, as pessoaspassaram a ser números.

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AE – Terá Bento XVI surpreendidoao escrever sobretudo sobrequestões sociais? As suasencíclicas são sobre a esperança, acaridade, o amor…AM – Julgo que não, porque opoder da palavra é extraordinário. Aencíclica do Papa “Caritas inVeritate” é uma excelente crítica dasituação económica europeia e umagrande defesa do Estado Social.Nós temos um paradigma que é adignidade humana, e ele é um dosparadigmas sustentados peloEstado Social e também da DoutrinaSocial da Igreja, que Bento XVIsustentou com oportunidade, comlucidez, dirigindo-se sobretudo aintelectuais, é sobretudo esse olegado que nos deixa. AE – Faltam lideranças na Igreja?AM – Na Igreja, eu imagino que oPapa deve ter, justamente porque éum intelectual, porque teve papéisde conselheiro – agora falar aoouvido do príncipe, que é umaatividade tranquila, exige meditaçãoe sabedoria mas não exige estar nocombate diário. Ele teve de entrar,deu um passo

em frente, deixou de ser a pessoaque fala ao ouvido do príncipe, foiele o príncipe, e naturalmente aíchegamos ao terceiro termo daquiloque ainda há pouco apontámos, oCristo da Igreja. São públicasconstantes conspirações eambições internas, desastresfinanceiros, desastres decomunicação, falta de confiançaentre o pessoal, como foi esta criseda comunicação dos documentos.Acho que, para um intelectual comoele, deve ter sido um sacrifício nãoconseguir um governo pontifício,porque é um governo único nomundo.Eu julgo que para esse governo, elenão conseguiu impor o carisma, edeve ter tido um sofrimento enormecom as questões que dizem respeitojá não à fé, ao Cristo da história queele estudou tão profundamente, masao governo da instituição, o Cristoda Igreja.

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Adriano Moreira © LFS/AE

AE – Em que estado deixa estePapa a Igreja Católica?AM – Espero que ele a deixe emmeditação e que a Igreja sejainspirada realmente pelo EspíritoSanto, num momento em que vãoter de escolher um Papa que nãotenha de dar um exemplo que é umaespécie de repreensão, também,para que a Igreja tome

consciência da situação nestemomento. Que se medite sobre amudança no mundo – nós osuniversitários fomos ensinados porKarl Popper que estamos por vezesconvencidos sobre a sabedoria dascoisas, do mundo e das pessoas eaparece um cisne negro e já nãopodemos dizer que todos os cisnessão brancos.

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Renúncia De Bento XVI

Reações

“Queremos agradecer a Deus o precioso dom do pontificado deBento XVI, que nos revelou uma fé forte e constante; o zelo apostólicode quem se fez tudo para todos, não excluindo ninguémindependentemente da sua ideologia ou religião"

Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa

“Deve haver uma síntese entrealguém com abertura ao mundo dehoje e não apenas ao mundoocidental, ao norte do planeta, aocontinente europeu, mas aberto aoscinco continentes, às suas culturas,maneiras de sentir e de pensar, masevidentemente também tem de terqualidades administrativas”Padre Manuel Morujão, secretárioda CEP

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“O Papa apresentou-se como um humilde servidor da Igreja e creio que essanota de humildade foi patente, era sempre isso que transparecia, no fundo asimplicidade dos homens sábios e inteligentes”

D. Manuel Clemente, bispo do Porto, vice-presidente da CEP

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O bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, que quando dirigiu o PontifícioColégio Português, em Roma, de 1982 a 2001, conheceu pessoalmente oatual Papa, considera que Bento XVI “é um santo”. Em declarações àAgência ECCLESIA o prelado descreve Joseph Ratzinger como “homemgeneroso e de bondade” que se destaca pela “doçura, ternura eacessibilidade encantadoras”.

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“O Papa, com o seu modo de ser – aparentemente é uma pessoa muitodistante, mas é provavelmente alguma timidez – consegue estar muitopróximo das pessoas e, por isso mesmo, consegue fazer a leitura do mundoatual”D. Pio Alves, presidente da Comissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e Comunicações Sociais

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Bento XVI“Hoje em dia é muito mais claro compreender que a forma como, em muitaslatitudes, e nomeadamente na Europa, estava a ser entendido o pluralismo,no sentido de tudo se equivale, numa hierarquia de valores, é uma forma dedecadência que compete à Igreja e às outras religiões combaterem”Henrique Monteiro, jornalista, ex-diretor do Semanário ‘Expresso’

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Renúncia de Bento XVI“Onde está o seu Deus?”» (v. 17).Esta oração faz-nos refletir sobre aimportância que tem o testemunhode fé e de vida cristã de cada um denós e das nossas comunidadespara manifestar o rosto da Igreja;rosto este que, às vezes, ficadeturpado. Penso de modoparticular nas culpas contra aunidade da Igreja, nas divisões nocorpo eclesial. Viver a Quaresmanuma comunhão eclesial maisintensa e palpável, superandoindividualismos e rivalidades, é umsinal humilde e precioso paraaqueles que estão longe da fé ousão indiferentes”Bento XVI, homilia da Quarta-feirade Cinzas, 13.02.2013

“A Igreja, que é mãe e mestra,chama todos os seus membros arenovar-se no espírito, a reorientar-se decididamente para Deus,renegando o orgulho e o egoísmopara viver no amor”Bento XVI, Angelus, 17.02.2013 “Embora agora me retire, na oraçãocontinuo sempre unido a todos vóse tenho a certeza de que tambémvós estareis unidos a mim, apesarde permanecer oculto para o mundo”Bento XVI, encontro com o clero deRoma, 14.02.2013

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400 mil cartazesdizem «obrigado» a Bento XVIUm grupo de leigos católicos do Patriarcado de Lisboa financiou adistribuição gratuita de 400 mil cartazes de agradecimento ao Papa BentoXVI, que termina o pontificado a 28 de fevereiro, após ter apresentado a suarenúncia.Cada cartaz tem a frase “obrigado Bento XVI” e, no fundo, a sugestão de ocolocar “na janela de sua casa, com vista para a rua num gesto de união ereconhecimento”.Os exemplares estão a ser distribuídos nas paróquias de São João de Deuse Nossa Senhora do Amparo de Benfica, ambas na cidade de Lisboa, emOeiras, Cascais e Caldas da Rainha, revela a página do Patriarcado noFacebook (http://www.facebook.com/patriarcadolisboa).

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Programação religiosa mobilizaaudiências e comunidades católicasna TVI

A programação religiosa atravessa a história da TVI,televisão privada que completou 20 anos, esta quarta-feira, e continua a mobilizar comunidades católicas emPortugal, considera o cónego António Rego, desdesempre ligado à estação.O sacerdote foi o primeiro diretor de informação daTVI, projeto que no início recorreu a meios efinanciamentos de personalidades e instituições daIgreja Católica, vínculo que cessou com a entrada denovos acionistas. “A eucaristia dominical mantém aoriginalidade de percorrer Portugal todo, tendo aconsciência de que uma celebração eucarística não éapenas um ato do sacerdote que preside ou do coroque canta, mas da assembleia”, frisou à AgênciaECCLESIA.Após a missa, que começa às 11h00, o programa‘Oitavo Dia’ é frequentemente transmitido em direto decomunidades eclesiais portuguesas, onde, de maneira“simples”, as pessoas “falam de si, dos grupos a quepertencem e das atividades que têm”. “Soutestemunha da importância que cada comunidade dá àvisita feita pela TVI para a transmissão da eucaristia edo ‘Oitavo Dia’. É um acontecimento: as pessoasmobilizam-se e, por vezes, até se pinta o interior e oexterior das igrejas”, sublinhou o responsável aoreferir-se ao impacto de dois dos espaços maisantigos da estação.

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O anterior diretor do SecretariadoNacional das Comunicações Sociais,ligado ao episcopado, observou queproduzir semanalmente umaemissão televisiva “é uma alegria”mas implica trabalho “muito intenso”,quer se trate de transmissões aovivo ou previamente gravadas.“[O ‘Oitavo Dia’] insere-se no meusacerdócio e na área pastoral emque trabalho, e por isso também mesinto contente com o programa,apesar de compreender que hámuitas coisas a melhorar”,assinalou.

De acordo com as tabelas deaudiências televisivas publicadas noblogue ‘A minha TV’, a missa e o‘Oitavo Dia’ foram o quinto e sextoprogramas mais vistos este domingona TVI.O cónego António Rego, membro doConselho Pontifício dasComunicações Sociais, do Vaticano,recordou ainda que se deve a ele acriação de uma editoria religiosa nodepartamento de informação da TVI,setor que “fez alguma escola e quepassou para o terreno daECCLESIA”.

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Notas de amor

Em 2006, a atriz Sarah Polley notabilizou-se no circuitointernacional de festivais e prémios pelo seu sextotrabalho atrás das câmaras: Longe Dela. Um filme quechegou a Portugal já em formato DVD e com grandesensibilidade percorre os intrincados caminhos dadoença de Alzheimer, através da história de Grant eFiona. Casados há cinquenta anos, a solidez da suarelação, a cumplicidade e intimidade cuidadosamenteconstruída é ameaçada desde que Fiona evidencia osprimeiros sinais da doença. Um gigantesco desafiopara Grant, que de íntimo a quase estranho, éobrigado a reconfigurar o amor entre ambos. Seis anos passados, chega-nos agora às salas decinema ‘Notas de Amor’, um olhar visivelmentefeminino e geracional, de novo, sobre as relaçõesconjugais.Numa pequena cidade do Canadá, Margot e Lou são aimagem de um jovem casal perfeito: vivendo o dia adia numa evidente cumplicidade, comungam de umcódigo verbal e afetivo muito próprio, visivelmenteconstruído ao longo de anos e que é parte da rotinadiária. Lou é um cozinheiro criativo, autor de livros deculinária; Margot não trabalha.A aparente tranquilidade em que vivem é posta emcausa quando Margot conhece um novo vizinho,Daniel, cuja arte e poesia a atraem progressivamentepara um mundo próximo de sonhos e anseios quedesconhecia em si...

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Num registo combinado de drama efantasia, ‘Notas de Amor’ énovamente uma prova dasensibilidade de Sarah Polley comorealizadora, sobretudo naexploração de ambientes quetransforma em quase atores destahistória de interrogação, descobertae inquietude. Muito justamenteassumido pela atriz MichelleWilliams, com um dom natural paraa representação tão versatilmentecomprovado (de ‘O Segredo deBrokeback Mountain’ a ‘A MinhaSemana com Marilyn’,

passando por ‘O Atalho’ e ‘BlueValentine- Só Tu e Eu’), é nosdiversos ambientes da casa, da rua,do café ou da praia que atransformação da sua personagemjoga.Um olhar peculiar que não sepropõe oferecer respostas ousoluções, que não assume umapostura sobre a relação conjugal ouafetiva, mas se ‘limita’ a percorrerum caminho desconhecido, de que asupresa, a dúvida, o sonho e aangústia são parte.

Margarida Ataíde

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Passo a rezar na net

www.passo-a-rezar.netNo passado dia 17 de fevereiro, primeiro domingo daquaresma, o projeto passo-a-rezar comemorou o seuterceiro aniversário. Torna-se assim inevitável que,mais uma vez, façamos a sugestão de visita atenta ecuidada ao sítio deste extraordinário projeto católiconacional sustentado na internet.Este projeto inspirado no sítio pray-as-you-go(originalmente concebido pelos Jesuítas Ingleses) daresponsabilidade do Apostolado da Oração, pretende“chegar à cultura da vida daqueles que rezam todosos dias e que, no encontro com Jesus Cristo, ganhamforça para transformar o mundo”.O conceito subjacente a este espaço virtual, passapela disponibilização de um ficheiro gratuito emformato de áudio, que pode ser guardado nocomputador e distribuído pelas diferentes plataformase dispositivos(email, leitor de música digital,pen drive, smartphone,tablet, etc.). Este arquivo áudio é compostopor “uma prece diária de 10 a 12 minutos,com música de fundo, introdução,

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uma leitura – normalmente oEvangelho do dia – e pontos deoração inspirados na espiritualidadede Santo Inácio de Loyola”.Logo na página inicial temos aodispor os registos áudio dasorações distribuídas pelos dias dasemana de segunda a sexta, sendoainda permitido a possibilidade dedescarregarmos um ficheiro únicoque é composto por todas asorações dessa semana. No item“quem somos”, ficamos a conhecera equipa que compõe este projectoda iniciativa do SecretariadoNacional do Apostolado da Oração,uma obra da Companhia de Jesus(jesuítas) que se dedica àpromoção da oração pessoal.

Em “Inácio de Loyola”, conhecemosum pouco da história da conversãodeste Santo da Igreja. Na opção“músicas da semana”, descobrimosquais são as composições musicaisque fazem parte da cada oraçãodiária, para isso, encontramos todasas informações relativas a cadamúsica. Caso pretenda automatizara descarga regular das oraçõesdiárias, basta efectuar a subscriçãodo podcast, que “em vez de irmos aosítio buscar um ficheiro diária ousemanalmente, pode-se deixar odispositivo de podcast (software)fazê-lo automaticamente”.Fica lançado o repto para que acedadiariamente, durante estaQuaresma, a este espaço virtual,realizando assim a sua oração deuma forma diferente e bastanteenriquecedora.

Fernando Cassola Marques

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O ministério pontifício em livro Nas encíclicas e na trilogia “Jesus

de Nazaré” Bento XVI expõe adensidade do seu magistério. Nolivro, “Mostrar Cristo ao mundo”descobre-se o “ministériopontifício” do Papa. “O livro mostra o ministériopontifício de Bento XVI, a fineza dotratamento das questões e asensibilidade e atenção que dá aosassuntos atuais e à cultura”, refereo presidente do Conselho Pontifícioda Cultura a propósito destaedição, apresentada em Portugalpor ocasião da realização do “Átriodos Gentios”. O cardeal Gianfranco Ravasi, queconsidera o Papa como o seu“mestre”, afirmou nessa ocasiãoque a figura de Joseph Ratzinger éapresentada neste livro como “umapessoa simpática, de grandehumildade e atenção aos outros”.

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“A Editorial AO pretende, com estapublicação, divulgar alguns textosparticularmente decisivos no iníciodo Pontificado de Bento XVI e quedefiniram, de alguma forma, aslinhas gerais do seu pensamento eda sua missão como Papa. Domesmo modo, a organização dostextos e os seus índices possibilitauma pesquisa mais facilitada,assumindo-se como um preciosoinstrumento de trabalho pastoral ede investigação teológica eespiritual”.

“Esta é uma obra única. Abrangendoos cinco primeiros anos dopontificado de Bento XVI, recolheparte significativa daquilo que estepontificado tem apresentado demais inovador: a profundidadeteológica, espiritual e cultural de umPapa traduzida em homilias ediscursos que ficarão, certamente,para a História, como um dos frutosmais amadurecidos do seupontificado”.

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Bento XVI: De perito pessoala perito oficial do concílio

No encontro de Bento XVI com o clero de Roma, a 14deste mês, o Papa recorda alguns episódios dosprimórdios do II Concílio do Vaticano. Na sua«conversa» com o presbitério romano, Bento XVIcomeça por uma “curiosidade” sobre a grandeassembleia magna da Igreja, convocada pelo PapaJoão XXII, e que teve o seu início em outubro de 1962.Em 1959, foi nomeado professor da Universidade deBonn, onde faziam os seus estudos os seminaristasda diocese de Colónia (Alemanha) e de outrasdioceses vizinhas.Foi assim que entrou em contacto com o cardeal deColónia: o cardeal Frings. “O cardeal Siri, de Génova,– no ano 1961, acho eu – organizou uma série deconferências sobre o Concílio feitas por várioscardeais europeus, e convidara também o arcebispode Colónia para realizar uma das conferências quetinha por título: «O Concílio e o mundo dopensamento moderno»”, disse Bento XVI.“O Cardeal convidou-me – o mais novo dosprofessores – para lhe redigir um projeto; ele gostoudo projeto, e propôs ao povo de Génova o texto comoeu o escrevera”, acrescentou o Papa que pediu aresignação a 11 deste mês.Pouco tempo depois, o Papa João XXIII convida-o parair ter com ele, e o “cardeal estava cheio de medo por

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ter talvez dito algo de não correto,algo de falso, e consequentementeser chamado para umaadmoestação, talvez mesmo paralhe tirar o cardinalato”, recorda oatual Papa“Na verdade, quando o seusecretário o viu vestido para aaudiência, o cardeal disse: «Talvezuse agora pela última vez estasvestes». Depois entrou; o PapaJoão XXIII vem ao seu encontro,abraça-o e diz: «Obrigado,Eminência! O senhor disse ascoisas que queria dizer eu, mas nãotinha encontrado as palavras»”,sublinhou“Assim, o Cardeal sabia que estavano caminho certo, e convidou-mepara ir com ele ao Concílio,inicialmente como seu peritopessoal; depois, no decurso doprimeiro período – em novembro de1962, creio eu – fui nomeadotambém perito oficial do Concílio”.Perante estes acontecimentos,Bento XVI recorda que partiram“para o Concílio não apenas comalegria, mas também comentusiasmo” e “havia umaexpectativa incrível”. “Esperávamosque tudo se renovasse, que viesseverdadeiramente um novoPentecostes, uma nova era

da Igreja, pois esta apresentava-seainda bastante robusta naqueletempo, a prática dominical aindaboa, as vocações ao sacerdócio e àvida religiosa, apesar de já umpouco reduzidas no número, aindaeram suficientes”, disse.Contudo – frisou Bento XVI ao clerode Roma - tinha-se “a sensação deque a Igreja não caminhava, iadiminuindo, parecia mais umarealidade do passado que aportadora do futuro”. E, naquelemomento, “esperávamos que estasituação se alterasse, mudasse; quea Igreja fosse de novo força dofuturo e força do presente”, lê-se notexto.A relação entre a Igreja e o períodomoderno “tinha sido, desde oprincípio, um pouco contrastante, acomeçar do erro da Igreja no casode Galileu Galilei; pensava-se emcorrigir este início errado eencontrar de novo a união entre aIgreja e as forças melhores domundo, para abrir o futuro dahumanidade, para abrir o verdadeiroprogresso”. E conclui: “Por isso,estávamos cheios de esperança, deentusiasmo e também de vontadede contribuir com a nossa partepara isso”.

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fevereiro 2013

Dia 23* Aveiro - Assembleia diocesana dediáconos permanentes* Porto - Matosinhos (Exponor emLeça da Palmeira) - IIIª ConferênciaInterDistrital dos RotáriosPortugueses com intervenção de D.Manuel Clemente. * Coimbra - Assembleia geral daConfraria da Rainha Santa Isabel. * Faro - Centro Pastoral e Social deFerragudo - XII Jornadas de AçãoSóciocaritativa sob o tema «Fé semobras? Do pensamento à ação». * Évora - Redondo - Dia diocesanodo adolescente.* Lamego - Centro Paroquial deAlmacave - Dia diocesano docatequista.

* Porto - Casa de Vilar - Encontro dereflexão do «Apostolado da Oração»sobre «O apostolado dos leigos àluz do concílio» pelo padre DárioPedroso.* Santarém - Encontro diocesano deLiturgia.* Funchal - Paróquia da Nazaré(18h15m) - Conferência Quaresmalsobre «Fé e Ciência» por Rita MariaVasconcelos. * Braga - Famalicão (Igreja de SantaMaria de Landim) - ConcertoCappella Musical Cupertino deMiranda.* Lisboa - Portela de Sacavém(15h30m) - Conferência sobre a«Dei Verbum» por D. Nuno Brás* Lisboa - Parede (Paróquia) - Iníciodo ciclo de conferências sobre«Introdução Teológica a uma félibertadora. É possível uma Teologiada Libertação hoje, em Portugal?»pelo dominicano Rui Grácio dasNeves.* Porto - Santa Maria da Feira - Retiro de Quaresma para jovensdos 19 aos 25 promovido pelosMissionários Passionistas.

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* Castelo Branco - Escola SuperiorAgrária - 4ª Assembleia Diocesanada Pastoral Social sobre «Caridade– A dimensão operativa da Fé». *O Corpo Nacional de Escutistaspromove dois dias de voluntariadono âmbito da comemoração dosseus 90 anos de existência e parahonrar a memória do seu fundador,Robert Baden-Powell. (23 e 24)* Porto - Gondomar - Jornadas daFé. (23 e 24) Dia 24* Setúbal - Paço episcopal -Assembleia diocesana da Pastoralda Saúde.* Leiria - Pousos - Escuteiros doCNE da Região de Leiria-Fátimacelebram Dia de Baden-Powell como lema «Com BP, Sim ao Reino» * Leiria - Aula magna do seminário - Encontro da família CáritasDiocesana de Leiria. * Lisboa - Teatro da Cornucópia - Último dia da exibição da peça deteatro «O Estado do Bosque» dopadre José Tolentino Mendonça. * Braga - Celorico de Basto -Conferência Quaresmal por D.Manuel Linda

* Braga - Igreja de Santo Adrião(18h30m) - Conferência Quaresmalpor D. António Moiteiro * Braga - Barcelos - Procissão dosPassos presidida por D. JorgeOrtiga* Lisboa - Sé - Segunda catequesequaresmal por D. José Policarpo.* Lisboa - Capela das IrmãsVicentinas do Campo Grande - Diadiocesano das Oficinas de Oração eVida presidido por D. JoaquimMendes.* Lisboa - Procissão do SenhorJesus dos Passos que sairá daIgreja de São Roque e percorrerá asruas da Baixa de Lisboa até à Igrejado Convento da Graça, promovidapela Irmandade da Misericórdia e deSão Roque de Lisboa. * Semana Cáritas subordinada aolema «Fé comprometida, cidadaniaativa» (24 a 03 de março) Dia 25* Coimbra - Reunião dos bispos docentro* Funchal - Conferência sobre o IIConcílio do Vaticano por D. Teodorode Faria e promovida peloarciprestado do Funchal.

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Ano C – 2º Domingo da Quaresma

Como é bomestar aqui!Aqui? Só podeser em Deus!

O Evangelho deste segundo domingo da Quaresmacoloca-nos no monte da Transfiguração, onde a vozvinda da nuvem pede-nos para escutar Jesus: “Este éo meu Filho, o meu Eleito; escutai-O”.Prestar atenção ao que o outro diz nem sempre é fácil.É necessário estar interiormente disponível, fazer umtempo de paragem interior e de silêncio para poderdar ao outro espaço para que se possa exprimir. Semquaisquer preconceitos ou filtros… Todo o diálogoverdadeiro implica tal escuta, exige uma lenta epaciente aprendizagem do silêncio exterior, massobretudo, o que é ainda mais exigente, do silênciointerior.

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Hoje, trata-se de escutar o Filho queDeus escolheu. Jesus nada diz aostrês discípulos. Entretém-se comMoisés e Elias, que simbolizam a Leie os Profetas, toda a Escritura, todaa Palavra que Deus dirigiu ao seuPovo. Eles manifestam que toda aRevelação tem pleno cumprimentoem Jesus.É preciso, pois, “escutar o Filho”,porque n’Ele encontramos tudo oque nos quer dizer, hoje. Nãoprecisamos de procurar novas luzesem visões ou revelações maldiscernidas… Tudo nos é dado emJesus, basta-nos Jesus.É essencial colocarmo-nos naescuta da Palavra que é Jesus, sequeremos ser verdadeiramenteseus discípulos. Uma das grandesgraças do Concílio Vaticano II foi terdado todo o relevo à Palavra deDeus, na liturgia e na vida doscristãos, uma Palavra a receberpessoalmente e a escutar em Igreja.Estamos em Quaresma, tempofavorável para nos colocarmos cadavez mais nessa escuta da Palavra.Oxalá possamos aproveitar paraaprofundar o nosso silêncio interior,tornando-nos mais atentos ao que

Jesus nos quer dizer, a cada uma ea cada um de nós, e à nossacomunidade.Em ambiente de profundo encontroorante com Deus, Pedro, João eTiago, testemunhas datransfiguração no monte Tabor,dizem o que sentem: como é bomestarmos aqui! E parece que nãotêm muita vontade de “descer àterra” e enfrentar o mundoe os problemas dos homens. Mas aexperiência do Tabor transfigura-os,obrigando-os a continuar a obra queJesus começou e a “regressar aomundo” para fazer da vida um dom euma entrega aos irmãos.Como é bom estarmos aqui! Deveser esse o mesmo sentir nosandamentos da nossa vida decristãos. Como é bom estarmos emDeus ao mesmo tempo que estamoscom os próximos que exigem onosso testemunho de fé e caridade.É também este o convite que o Papanos faz na bela mensagem que nosofereceu para este tempoquaresmal.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 - Transmissãoda missa da dominical da paróquiade Glória do Ribatejo(Salvaterra de Magos)12h15 - 8º Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 24 - OPontificado de Bento XVI:história e análises. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 25 -Entrevista. Aura Miguelanalisa o pontificado de BentoXVI;Terça-feira, dia 26 -Informação e entrevistaa Manuel Vilas-Boas sobre opontificado de Bento XVI.Quarta-feira, dia 27 - Informação e entrevista aAntónio Marujo sobre o pontificado de Bento XVI.Quinta-feira, dia 28 - Imagens e mensagens doPontificado de Bento XVI e rubrica "O Passado doPresente", com D. Manuel ClementeSexta-feira, dia 01 - Apresentação da liturgia pela irmãLuísa Almendra e o cónego António Rego Antena 1Domingo, dia 24, 06h00 - Análise ao pontificado deBento XVISegunda a sexta-feira, de 25 de fevereiro a 01 demarço 22h45 | - Opiniões de quem acompanhou osoito anos do pontificado do Papa Bento XVI

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A Cáritas algarvia promove, este sábado, no Centro

Pastoral e Social de Ferragudo um encontro sobre«Fé sem obras? Do pensamento à ação». A iniciativaconta este ano com a participação da psiquiatraMargarida Neto que falará sobre o tema central. Opadre Carlos de Aquino abordará a Carta Apostólica«Intima Ecclesiae Natura» [A natureza íntima da Igreja]de Bento XVI, que apresenta orientações sobre oserviço da caridade, e Carlos Oliveira, presidente daCáritas do Algarve, falará sobre como “operacionalizara ação sóciocaritativa nas comunidades paroquiais nacontinuidade da crise”. O economista António Borges vai ser um dosconferencistas na IV Assembleia da Pastoral Social dadiocese de Portalegre-Castelo Branco e falará sobre«Gestor e Católico, um duplo desafio deResponsabilidade Social». Esta iniciativa, a realizareste sábado, na Escola Superior Agrária da cidade deCastelo Branco terá também como oradores D.António Marcelino, bispo emérito de Aveiro, e dosindicalista João José Fortes Neves. A família da Cáritas de Leiria vai reunir-se, estedomingo, no seminário diocesano da cidade ondeestará presente Jorge Matias, da Cáritas Portuguesa,que falará sobre o projeto «+ Próximo». O bispo dadiocese, D. António Marto, fará também umaintervenção que reúne os membros desta organizaçãocatólica. Ao longo da Semana Cáritas (24 de fevereiro a 03 demarço), a instituição da diocese de Setúbal tem umconjunto de atividades que passam por umaexposição, colóquios, peddy paper e uma recolhabenévola de sangue.

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Cazaquistão: a história de fidelidade do Padre Waclaw

O “espião” do Vaticano

A vida do Padre Waclaw Poplawski éum hino à resistência, uma fonte deinspiração. Nasceu no Cazaquistão,mas, na verdade, é polaco. Os paisforam deportados para ali em 1936,quando Estaline governava a UniãoSoviética e sonhava tornar-se donodo mundo.

O Cazaquistão era uma espécie dearrecadação do império soviético.Todos os suspeitos, os queousavam ter uma fé que não fosseno partido comunista, eram levadospara campos de concentração ondeteriam de renunciar a si próprios.Foi assim com os pais de WaclawPoplawski. Foi assim que estehomem de sangue polaco acaboupor nascer no Cazaquistão.Prisioneiro. Cresceu num paísimenso, pobre, privado de liberdade,acostumado à ausência de conforto.Os raros padres que por aliapareciam eram vigiados. O regimesabia tudo, via tudo, escutava tudo.Mas foi assim que Waclaw começoua imaginar-se sacerdote. Naresistência. Deus era património defamília. Estaline julgava que prendiaa consciência do povo masnenhuma polícia poderia, algumavez, escutar os murmúrios doscorações daqueles prisioneiros. E afé cresceu ainda mais forte masinvisível aos olhos humanos.

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Espiões do VaticanoPara ser padre, na União Soviética,era preciso uma autorizaçãosuperior. Não de Deus, claro, masdo partido comunista. A resposta jáera esperada: “Não!” Moscovoolhava para os padres como“espiões do Vaticano”, como “oinimigo”. Mas Waclaw Poplawski nãodesistiu. Quando o império soviéticosucumbiu, abriram-se as portas demuitos seminários. Waclaw tinha 53anos

quando foi acolhido como o maisnovo seminarista sendo o maisvelho estudante de todos. Em 1998celebrou a sua primeira Missa. Deuslevou-o até ali, ao Cazaquistão, paraser testemunha de uma Igreja quesofre mas que é sinal de esperança.“Celebrei a minha primeira SantaMissa com o meu povo. Foi emAbril. Foi absolutamenteincrível!” www.fundacao-ais.pt

Padre Waclaw © FAIS

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O Turismo Religioso em Portugal:factos, constrangimentos eperspetivas

Varico Pereira – ObraNacional da Pastoraldo Turismo

As viagens em busca de espaços próprios para asmanifestações da fé envolvem pessoas de váriasculturas e diferentes nacionalidades em todo omundo.O turismo religioso é um fenómeno da sociedade emque a amplitude ultrapassa de uma forma clara aligação que os crentes têm à sua própria religião.Veja-se, como exemplo, o vasto patrimónioarquitetónico de cariz religioso, em Portugal, quepassou a ser considerado património dahumanidade. Caso dos mosteiros da Batalha, deAlcobaça, dos Jerónimos e o Convento de Cristo emTomar, e a recente candidatura do Santuário do BomJesus, em Braga.Para termos consciência de quão importante é opatrimónio religioso, em Portugal, constitui o setormais extenso do universo patrimonial português,admite-se que esse conjunto venha a correspondera cerca de 75% de todo o património conhecido.O turismo religioso apresenta hoje um reconhecidodinamismo, absorvendo quotas de mercado muitosignificativas e um potencial de crescimento quesupera a média calculada para o setor globalmenteconsiderado. O número de operadores quecomercializam este produto tem vindo a aumentarem Portugal e no mundo.A OMT estima que entre 300 a 330 milhões deperegrinos visitem anualmente os locais religiososmais importantes do mundo. No Ano Santo de 2010Santiago de Compostela recebeu 11 milhõesvisitantes.

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Em Portugal existem dois polosimportantes para o turismo religioso.Um local incontornável de fé e dedestino para milhões de crentes éFátima. Dados relativos ao ano de2007 mostram que as 7.121 missas(oficiais e particulares) celebradascontaram com um total de 4,9milhões de participantes. Refira-se,a título de curiosidade, que osantuário de Fátima recebeanualmente gentes de cerca de 140nacionalidades, sendo de destacar,além dos portugueses, espanhóis,italianos, irlandeses, americanos epolacos, os sul-coreanos e osfilipinos. A Igreja da SantíssimaTrindade, inaugurada em outubrode 2007, e a comemoração dos 90anos das Aparições e a visita deBento XVI em 2010, levaram aoaumento de peregrinos noSantuário, atingindo-se a cifra de5,5 milhões. Mas o fenómeno daperegrinação está em permanentemutação e, em 2012, o Santuário deFátima registou 3.328.833peregrinos, nas missas oficiais, onúmero mais baixo de peregrinosque vão à missa nos últimos cincoanos. Por outro lado, nota-se umaumento do número de programasorganizados a Fátima, cerca de 600mil, o que revela que a visita é cadavez mais célere.O Norte de Portugal, pelaquantidade

de monumentos, pela fé das suasgentes é, sem dúvida, um polo compotencial enorme pelo que aoturismo religioso diz respeito. Nestaregião destaca-se a cidade deBraga, uma das cidades cristãs maisantigas do mundo, ondesobressaem o Bom Jesus, oSameiro, e a Sé, cerca de 1 milhãode visitantes ao ano, em cada umdos três locais. Acrescente-se ascelebrações da Semana Santa, queatraem milhares de visitantesportugueses e espanhóis.Os Caminhos de Santiago são outrofenómeno importante para o turismoreligioso. O Caminho Português surgeconsolidado na segunda posição dositinerários mais percorridos, em toda aEuropa, com mais de 30 milperegrinos. Mas a afirmação doturismo religioso não passa apenaspela apresentação, caracterização eintenção. A Igreja Católica Portuguesadeu um passo decisivo, relativamenteao turismo e ao turismo religioso, emparticular, ao apresentar, em maio de2012, a Obra Nacional da Pastoral doTurismo.O turismo religioso está aí erecomenda-se. Portugal tem ummanancial enorme, em termospatrimoniais, devendo retirarpotenciais benefícios e maximiza-los.

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