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DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE FREIO PARA UM VEÍCULO OFF-ROAD DO TIPO BAJA Clediliano André Miranda ([email protected] ) Eduardo Junges ([email protected] ) Gustavo Adolfo Velazquez Castillo ([email protected] ) Universidade Estadual do Oeste do Paraná INTRODUÇÃO O Baja SAE é uma competição entre instituições de nível superior em engenharia que tem por objetivo trazer à prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula a fim de projetar e construir um veículo off-road que seja ao mesmo tempo eficiente, barato e atrativo ao público consumidor. A equipe Baja Cataratas representa a Unioeste desde 2010 na competição a nível regional e nacional. Dentre todos os subsistemas do veículo, um dos mais importantes é o sistema de freio devido a sua função de garantir a segurança do piloto. Os freios são mecanismos que propiciam a transformação da energia cinética em energia térmica, através do atrito induzido, a fim de proporcionar a desaceleração do veículo. Os sistemas mais comuns na atualidade são os freios a disco e a tambor. OBJETIVOS Realizar o dimensionamento do sistema de freios de um veículo Baja SAE de forma leve, barata e que atenda o regulamente da competição; Quantificar os parâmetros característicos do veículo; Determinar a distribuição ideal de frenagem em função das condições da pista; Dimensionar o pedal de acionamento dos freios. DESENVOLVIMENTO Neste projeto, foi optado por utilizar freios a disco devido a sua maior linearidade da relação torque de frenagem por força aplicada, se comparado com os freios a tambor (NORTON, 2004). Para o dimensionamento do sistema de freios, foi realizado o equilíbrio de forças dinâmicas do diagrama de corpo livre do veículo, como representado na Figura 1. Fig. 1 Diagrama de corpo livre do veículo quando sujeito a desaceleração. Assim, são determinadas as equações de transferência de peso durante a frenagem, sendo a Equação 1 para o eixo dianteiro e a Equação 2 para o eixo traseiro: = + ( − ℎ) (1) = + ( − ℎ) (2) A partir de um modelo 3D do protótipo em software CAD, extraiu-se as dimensões essenciais do veículo para o dimensionamento do seu sistema de freios. Os dados estão disponíveis na Tabela 1, onde h é a altura do Centro de Massa (CM), a éa distancia do eixo dianteiro até o CM, b é a distância do eixo traseiro ao CM, J FF e J RF são os momentos polares de inércia dos componentes rotativos nos eixos dianteiro e traseiro, respectivamente, W é o peso do veículo com o piloto e R é o raio do pneu. Dados característicos do veículo Com as Equações 3 e 4, determinaram-se os torques de frenagem para o eixo dianteiro e traseiro, respectivamente, onde, a primeira componente de cada equação representa a parcela originada devido a força de atrito e a segunda devido a inércia rotacional dos componentes girantes. A partir disso, plotou-se a proporção ideal de torque em cada eixo e o resultado pode ser observado na Figura 2. = + (3) = + (4) Segundo Gillespie (1992), é indesejável o travamento apenas do eixo traseiro, devido ao surgimento de um comportamento instável, gerando a perda de controle do veículo. Por isso, selecionou-se discos e cálipers de freio que garantissem o travamento do eixo dianteiro antes do traseiro. Para o dimensionamento do pedal, é imprescindível que todo o sistema hidráulico tenha sido selecionado, devido à necessidade do conhecimento dos diâmetros dos êmbolos do cilindro mestre e dos cálipers. Com isso, é determinada a força que deve ser aplicada no cilindro mestre para ocorrer o travamento das rodas, como pode ser visto na Figura 3. Como essa força para o terreno encontrado na competição é elevada, determina- se uma relação de comprimentos do pedal adequada, a fim de maximizar a força aplicada pelo piloto. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com os componentes selecionados, chegou-se a uma distribuição de frenagem de 67% no eixo dianteiro e 33% no eixo traseiro, o que garante um grande campo de estabilidade direcional durante a frenagem, incluindo o solo que é encontrado na competição ( ≤ 0,75). Os discos foram cortados em aço 1045 com espessura de 4 mm. O material para confecção do pedal foi o alumínio 6063-T6 que, devido à sua alta resistência, possibilitou utilizar uma chapa de 3 mm de espessura.. . Fig. 4 Arranjo front-to-rear. CONCLUSÕES A distribuição de frenagem garante um grande campo de estabilidade; Com as dimensões selecionadas para pedal dos freios, alcançou-se uma redução de cerca de 80% do esforço necessário; O desempenho do sistema de freios cumpriu os requisitos que as normas da competição Baja SAE impõem aos participantes; A utilização de componentes prontamente encontrados no mercado e com um custo inferior ao de produção em pequena escala facilita a manutenção. REFERÊNCIAS GILLESPIE, T. D. Fundamentals of Vehicle Dynamics. Warrendale: Society of Automotive Engineers, 1992. NORTON, R. L. Projeto de Máquinas: Uma abordagem integrada. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. 0 20 40 60 80 100 0 0,25 0,5 0,75 1 Torque (%) Coeficiente de atrito Dianteiro Traseiro Parâmetro Valor h (m) 0,55 a (m) 0,80 b (m) 0,56 J FF (Kg.m²) 0,378 J RF (Kg.m²) 1,411 W (Kg) 240 R (m) 0,26 0 500 1000 1500 2000 2500 0 0,25 0,5 0,75 1 Força (N) Coeficiente de atrito Fig. 2 Torque ideal por eixo. Fig. 3 Força de frenagem. Parâmetro Valor Diâmetro Cáliper (mm) 30 Diâmetro Cilindro Mestre (mm) 23 Relação alavanca do pedal 5,1:1 Força de acionamento pedal (N) 400 Diâmetro disco dianteiro (mm) 170 Diâmetro disco traseiro (mm) 170 Tabela 2 Informações técnicas gerais do sistema de freio.

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cálculo de sistema de frenagem de um veículo off-road

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  • DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE FREIO PARA UM VECULO OFF-ROAD DO TIPO BAJA

    Clediliano Andr Miranda ([email protected])

    Eduardo Junges ([email protected])

    Gustavo Adolfo Velazquez Castillo ([email protected])

    Universidade Estadual do Oeste do Paran

    INTRODUO

    O Baja SAE uma competio entre instituies de nvel superior em engenharia

    que tem por objetivo trazer prtica os conhecimentos adquiridos em sala de aula a

    fim de projetar e construir um veculo off-road que seja ao mesmo tempo eficiente,

    barato e atrativo ao pblico consumidor. A equipe Baja Cataratas representa a

    Unioeste desde 2010 na competio a nvel regional e nacional.

    Dentre todos os subsistemas do veculo, um dos mais importantes o sistema de

    freio devido a sua funo de garantir a segurana do piloto. Os freios so

    mecanismos que propiciam a transformao da energia cintica em energia trmica,

    atravs do atrito induzido, a fim de proporcionar a desacelerao do veculo. Os

    sistemas mais comuns na atualidade so os freios a disco e a tambor.

    OBJETIVOS

    Realizar o dimensionamento do sistema de freios de um veculo Baja SAE de formaleve, barata e que atenda o regulamente da competio;

    Quantificar os parmetros caractersticos do veculo; Determinar a distribuio ideal de frenagem em funo das condies da pista; Dimensionar o pedal de acionamento dos freios.

    DESENVOLVIMENTO

    Neste projeto, foi optado por utilizar freios a disco devido a sua maior linearidade

    da relao torque de frenagem por fora aplicada, se comparado com os freios a

    tambor (NORTON, 2004).

    Para o dimensionamento do sistema de freios, foi realizado o equilbrio de foras

    dinmicas do diagrama de corpo livre do veculo, como representado na Figura 1.

    Fig. 1 Diagrama de corpo livre do veculo quando sujeito a desacelerao.

    Assim, so determinadas as equaes de transferncia de peso durante a

    frenagem, sendo a Equao 1 para o eixo dianteiro e a Equao 2 para o eixo

    traseiro:

    =

    +( ) (1)

    =

    +( ) (2)

    A partir de um modelo 3D do prottipo em software CAD, extraiu-se as dimenses

    essenciais do veculo para o dimensionamento do seu sistema de freios. Os dados

    esto disponveis na Tabela 1, onde h a altura do Centro de Massa (CM), a a

    distancia do eixo dianteiro at o CM, b a distncia do eixo traseiro ao CM, JFF e JRFso os momentos polares de inrcia dos componentes rotativos nos eixos dianteiro e

    traseiro, respectivamente, W o peso do veculo com o piloto e R o raio do pneu.

    Tabela 1 Dados caractersticos do veculo

    Com as Equaes 3 e 4, determinaram-se os torques de frenagem para o eixo

    dianteiro e traseiro, respectivamente, onde, a primeira componente de cada equao

    representa a parcela originada devido a fora de atrito e a segunda devido a inrcia

    rotacional dos componentes girantes. A partir disso, plotou-se a proporo ideal de

    torque em cada eixo e o resultado pode ser observado na Figura 2.

    = +

    (3)

    = +

    (4)

    Segundo Gillespie (1992), indesejvel o travamento apenas do eixo traseiro,

    devido ao surgimento de um comportamento instvel, gerando a perda de controle do

    veculo. Por isso, selecionou-se discos e clipers de freio que garantissem o

    travamento do eixo dianteiro antes do traseiro.

    Para o dimensionamento do pedal, imprescindvel que todo o sistema hidrulico

    tenha sido selecionado, devido necessidade do conhecimento dos dimetros dos

    mbolos do cilindro mestre e dos clipers. Com isso, determinada a fora que deve

    ser aplicada no cilindro mestre para ocorrer o travamento das rodas, como pode ser

    visto na Figura 3.

    Como essa fora para o terreno encontrado na competio elevada, determina-

    se uma relao de comprimentos do pedal adequada, a fim de maximizar a fora

    aplicada pelo piloto.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Com os componentes selecionados, chegou-se a uma distribuio de frenagem de

    67% no eixo dianteiro e 33% no eixo traseiro, o que garante um grande campo de

    estabilidade direcional durante a frenagem, incluindo o solo que encontrado na

    competio ( 0,75).Os discos foram cortados em ao 1045 com espessura de 4 mm. O material para

    confeco do pedal foi o alumnio 6063-T6 que, devido sua alta resistncia,

    possibilitou utilizar uma chapa de 3 mm de espessura..

    .

    Fig. 4 Arranjo front-to-rear.

    CONCLUSES

    A distribuio de frenagem garante um grande campo de estabilidade; Com as dimenses selecionadas para pedal dos freios, alcanou-se uma reduo

    de cerca de 80% do esforo necessrio;

    O desempenho do sistema de freios cumpriu os requisitos que as normas dacompetio Baja SAE impem aos participantes;

    A utilizao de componentes prontamente encontrados no mercado e com umcusto inferior ao de produo em pequena escala facilita a manuteno.

    REFERNCIAS

    GILLESPIE, T. D. Fundamentals of Vehicle Dynamics. Warrendale: Society of

    Automotive Engineers, 1992.

    NORTON, R. L. Projeto de Mquinas: Uma abordagem integrada. 2. ed. Porto

    Alegre: Bookman, 2004.

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    Coeficiente de atrito

    Dianteiro

    Traseiro

    Parmetro Valor

    h (m) 0,55

    a (m) 0,80

    b (m) 0,56

    JFF (Kg.m) 0,378

    JRF (Kg.m) 1,411

    W (Kg) 240

    R (m) 0,26

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    N)

    Coeficiente de atrito

    Fig. 2 Torque ideal por eixo. Fig. 3 Fora de frenagem.

    Parmetro Valor

    Dimetro Cliper (mm) 30

    Dimetro Cilindro Mestre (mm) 23

    Relao alavanca do pedal 5,1:1

    Fora de acionamento pedal (N) 400

    Dimetro disco dianteiro (mm) 170

    Dimetro disco traseiro (mm) 170

    Tabela 2 Informaes tcnicas gerais do sistema de freio.