AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE – SUPORTE E O MELHORAMENTO ...

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AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE – SUPORTE E O MELHORAMENTO AMBIENTAL NA INSTALAÇÃO DO PROJETO TANQUE REDE NO RIBEIRÃO COROA DO FRADE – PARANAVAÍ / TERRA RICA – PR Marcio Gomes de Abreu (PIBIC/ FUNDAÇÃO ARAUCARIA -FAFIPA), Vanda Maria Silva Kramer (Orientadora), e-mail: [email protected].. ECOLOGIA Número 2.05.00.00-9 Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí/Departamento de Geografia/Paranavaí, PR. Palavras-chave: aquicultura, tanque-rede, qualidade da água, sustentabilidade. A produção de peixes, na modalidade em taques/rede vem aumentando a cada ano. Esta atividade caracteriza-se por ser um sistema de confinamento de alta densidade. Como resultado disso tem-se uma elevada taxa de liberação de dejetos (restos de ração, fezes e urina dos peixes) que por sua vez possuem uma alta concentração de amônia, substância prejudicial ao desenvolvimento dos peixes. Com excesso desses dejetos, poderá comprometer a viabilidade do projeto. A determinação do número de tanques rede que será necessário para obter uma boa produção. Contudo, o controle de implantação determinará o número de tanques necessário para o bom andamento da atividade. Entretanto, para saber a capacidade de suporte do ribeirão foi realizado uma pesquisa de avaliação dos agentes e dos riscos de impactos socioambientais. Introdução A capacidade de suporte de um tanque-rede diminui com o aumento de seu tamanho e volume, dado a melhor troca de água que ocorre nos tanques-rede menores (Coche, 1982; Schmittou, 1969; 1993). As maiores densidades de estocagem garantem uma maior biomassa, mas com menores pesos individuais. Por outro lado, a variação de tamanho dos peixes em tanques-rede diminui com o aumento da densidade de estocagem, fator primordial para a analise de capacidade-suporte do ribeirão (Wetzel, 1983) Instalado há três anos no Ribeirão Coroa do Frade no município de Terra Rica - PR, o projeto de tanques – rede tem em sua primeira fase, grande complexidade em determinar a capacidade de suporte, pois existem vários fatores que influenciam e modificam as características da água. O clima, a ação antrópica, a alimentação dos peixes, a profundidade e a velocidade da água, a utilização de fertilizantes químicos e agrotóxicos que acabam poluindo a água e reduzindo a sua qualidade produzindo profundas alterações no metabolismo de todo o ecossistema eutrofizando o reservatório (ESTEVES 1982). Para evitar a mortalidade dos peixes, os cuidados sanitários, bem como o manejo alimentar deverá ser procedido regularmente até o fim do período. As biometrias deverão ser feitas a cada 14 dias e as correções na quantidade de alimento, semanais. Após a fase 1, os alevinos com peso de 20 a 30g, serão transferidos para tanques-rede com malha 19 mm na qual permanecem em média seis meses, até atingirem o tamanho de abate. Para que este empreendimento não seja inviabilizado, existem algumas decisões a serem tomadas nas diferentes fases do projeto, objeto deste estudo. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

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AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE – SUPORTE E O MELHORAMENTO AMBIENTAL NA INSTALAÇÃO DO PROJETO TANQUE REDE NO RIBEIRÃO COROA DO FRADE – PARANAVAÍ / TERRA RICA – PR

Marcio Gomes de Abreu (PIBIC/ FUNDAÇÃO ARAUCARIA -FAFIPA),

Vanda Maria Silva Kramer (Orientadora), e-mail: [email protected] Número 2.05.00.00-9

Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí/Departamento de Geografia/Paranavaí, PR.

Palavras-chave: aquicultura, tanque-rede, qualidade da água, sustentabilidade.

A produção de peixes, na modalidade em taques/rede vem aumentando a cada ano. Esta atividade caracteriza-se por ser um sistema de confinamento de alta densidade. Como resultado disso tem-se uma elevada taxa de liberação de dejetos (restos de ração, fezes e urina dos peixes) que por sua vez possuem uma alta concentração de amônia, substância prejudicial ao desenvolvimento dos peixes. Com excesso desses dejetos, poderá comprometer a viabilidade do projeto. A determinação do número de tanques rede que será necessário para obter uma boa produção. Contudo, o controle de implantação determinará o número de tanques necessário para o bom andamento da atividade. Entretanto, para saber a capacidade de suporte do ribeirão foi realizado uma pesquisa de avaliação dos agentes e dos riscos de impactos socioambientais.

Introdução A capacidade de suporte de um tanque-rede diminui com o aumento de seu tamanho e volume, dado a melhor troca de água que ocorre nos tanques-rede menores (Coche, 1982; Schmittou, 1969; 1993). As maiores densidades de estocagem garantem uma maior biomassa, mas com menores pesos individuais. Por outro lado, a variação de tamanho dos peixes em tanques-rede diminui com o aumento da densidade de estocagem, fator primordial para a analise de capacidade-suporte do ribeirão (Wetzel, 1983)

Instalado há três anos no Ribeirão Coroa do Frade no município de Terra Rica - PR, o projeto de tanques – rede tem em sua primeira fase, grande complexidade em determinar a capacidade de suporte, pois existem vários fatores que influenciam e modificam as características da água.

O clima, a ação antrópica, a alimentação dos peixes, a profundidade e a velocidade da água, a utilização de fertilizantes químicos e agrotóxicos que acabam poluindo a água e reduzindo a sua qualidade produzindo profundas alterações no metabolismo de todo o ecossistema eutrofizando o reservatório (ESTEVES 1982).

Para evitar a mortalidade dos peixes, os cuidados sanitários, bem como o manejo alimentar deverá ser procedido regularmente até o fim do período.

As biometrias deverão ser feitas a cada 14 dias e as correções na quantidade de alimento, semanais. Após a fase 1, os alevinos com peso de 20 a 30g, serão transferidos para tanques-rede com malha 19 mm na qual permanecem em média seis meses, até atingirem o tamanho de abate.

Para que este empreendimento não seja inviabilizado, existem algumas decisões a serem tomadas nas diferentes fases do projeto, objeto deste estudo.

Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.

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Este trabalho tem o objetivo de avaliar a capacidade suporte do ribeirão e autosustentabilidade diante da atividade economica através de monitoramento de todo ecosistema aquático envolvido. Materiais e Métodos Para cumprir os objetivos foi realizada uma revisão de literatura e definição dos procedimentos adotados para o monitoramento da área. As definições do cronograma de coletas foram em conformidade com as mudanças climáticas mais acentuadas na região, de 1 de março a 1 de junho de 2010.

As análises granulométricas foram de material coletado em 5 pontos diferentes na área de estudo, com metodologia de WENTWORTH descrito por SUGUIO (1973)

Monitoramento da água através do disco de Secchi, que tem como função avaliar a transparência da água de um determinado local. Assim, para se registrar os valores de profundidade, o disco é mergulhado e registra-se a profundidade em que este deixa de ser visível a olho nú (valor 1), depois se sobe até este voltar a ser novamente visível (valor 2), o valor final da profundidade é dado pela média dos valores 1 e 2.

O controle de dados físicos químicos de temperatura, PH, oxigênio e turbidez foram realizados a cada campanha.

A base cartográfica foi obtida através das cartas topográficas (IBGE) folha de Paranavaí e Terra Rica, na escala de 1: 50.000 e um aparelho GPS da marca Garmim- EMAP 60. Resultados e Discussão O projeto da APROPEIXE - Associação dos Produtores de Peixe de Terra Rica – PR, situa-se à esquerda do leito original do rio Paranapanema, próximo a jusante do ribeirão Coroa do Frade, divisa dos municípios de Terra Rica e Paranavaí, Estado do Paraná (Figura 1).

Figura 1 – Bacia do Ribeirão Coroa do Frade. Fonte: Google, 2010 Neste local o ribeirão possui características semi lentico, devido ao represamento do reservatório da UHE de Rosana. A largura média é de 200 m, e profundidade de 5m (Figura 2).

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Figura 2. Ribeirão Coroa do Frade, local de instalação do projeto de piscicultura em tanque/rede (Abreu et al, 2008).

Os estudos concentrados em 90 dias na área de piscicultura permitiram identificar que durante todo o processo de criação e engorda dos peixes a alimentação é feita com rações extrusadas, com teor de proteína bruta de 50% para a fase I, 32% a 28% para a fase de engorda. Portanto, esse alimento gera resíduo e sobras de ração que precisam ser avaliados se eles provocam algum tipo de alteração na qualidade da água.

Outra questão que se avaliou foi o aporte de sedimentos provenientes de áreas vizinhas.

As análises granulométricas feitas com os sedimentos retirados tanto do fundo como da margem do ribeirão nos permitiram considerar que a entrada dos sedimentos no mesmo não são da mesma área de atuação do projeto e sim oriundos de outras regiões. Os Resultados das avaliações com o disco de Secchi nos meses de Março a Junho de 2010, permitiram visualizar que a profundidade oscilou em 0,80 e 1,00 metro o que nos orienta a pesquisar que estão ocorrendo aportes de material. Ao compararmos com dados de 2006, na fase de implantação do projeto a visibilidade era superior a 1,30m (Figura 4).

Figura 3. Gráfico de avaliação da profundidade através de análises do disco de Secchi.

Outro parâmetro que evidencia alterações na bacia são os índices pluviométricos. A Figura 5 aponta para um período bastante irregular com chuvas distribuídas, constatamos que nos meses mais chuvosos a água muda totalmente sua transparência na qual ela é afetada basicamente por dois fatores: algas e materiais em suspensão.

Figura 4. Resultado da precipitação pluviométrica na bacia do ribeirão Coroa do Frade de março a Junho de 2010. (Fonte: Pluviômetro instalado no local (Abreu et al, 2010)).

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Figura 5. Resultado da coleta de dados, temperatura, oxigênio, turbidez e PH da água bacia do ribeirão Coroa do Frade (Fonte: Abreu et al, 2010).

Coletadas amostras de 4 diferentes pontos, sendo P1 antes de chegar nos tanques, o P2 onde ficam os tanques instalados a 6 anos, no P3, os taques estão instalados à 3 anos e o P4 fica depois do projeto, ou seja em direção a foz do Ribeirão.

Figura 6. A área de estudo desde janeiro de 2010, ilustrando a entrada de material que provoca a turbidez da água. (Fonte: Abreu et al, 2010)

Considerações Finais

Podemos considerar que os sedimentos coletados não são oriundos da região em que esta instalada a APROPEIXE. No ponto 2 onde a instalação dos tanques já tem um maior tempo, percebemos que à um déficit de oxigênio, e a água esta mais ácida, prejudicando assim o desenvolvimento dos peixes. Sendo que a sua turbidez se modifica conforme o volume de precipitação, nos revelando que nessa bacia à o uso indevido do solo agricultável. Portanto a capacidade de suporte do ribeirão Coroa do Frade na implantação dos tanques rede, dependerá diretamente de um manejo adequado, tanto na área em estudo, como em toda bacia. Enfim, seria um conjunto de boas ações praticadas por toda sociedade implantada na bacia do Rio Coroa do Frade.

Referências

ARAGÃO,H.;PENIDO,J.C.N.;SANTOS,M.;OLIVEIRA,L.H.- 1939 Relatório sobre a situação biológica da Lagoa Rodrigues de Freitas Mem. Inst. Osvaldo Cru:., 34:457-463.

ARAÚJO O. M.E. - 1983 - Lagoa dos Karros: aspectos da sua poluição e tipologia limnológica. Porto Alegre UFRGS. 98p. (Dissertação).

BARBOSA. F.A.R. - 1979 - Produção primária e fatores ambientais na Lagoa/ Carioca - Parque Florestal do Rio Doce, MG. São Carlos, DCB/ UFSCar.205 p.(Dissertação).

DUKE ENERGY (2003): “Peixes do rio Paranapanema”. Edições Horizonte Geográfico, 2003

ESTEVES F.A, 1950- Fundamentos de Limnologia – 2 ed – Rio de Janeiro: Interciência, 1998. CESP (1985).

WETZEL, R. 1983. Limnologia . 2ª Edição Barcelona.

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