AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA Colegiado de Pós-Graduação em Zootecnia AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS- 610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE. WILSON GONÇALVES DE FARIA JÚNIOR BELO HORIZONTE ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG 2008

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Dissertação silagem sorgo qualidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

Colegiado de Pós-Graduação em Zootecnia

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-

610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE

CORTE.

WILSON GONÇALVES DE FARIA JÚNIOR

BELO HORIZONTE

ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG

2008

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WILSON GONÇALVES DE FARIA JÚNIOR

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-

610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE

CORTE.

Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da

Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito

parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia.

Área de Concentração: Nutrição e Alimentação Animal

Orientador: Prof. Dr. Lúcio Carlos Gonçalves

BELO HORIZONTE

ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG

2008

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F224a

2008

Faria Júnior, Wilson Gonçalves, 1983-

Avaliação agronômica e nutricional do hibrído de sorgo BRS-610 [Sorghum

bicolor (l.) Moench] e de suas silagens em oito idades de corte./ Wilson Gonçalves

de Faria Júnior. - 2008.

102p. : il.

Orientador: Lúcio Carlos Gonçalves

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de

Veterinária

Inclui bibliografia

1. Ruminante - Alimentação e rações - Teses. 2. Sorgo - Silagem - Teses 3.

Nutrição animal - Teses 4. Valor nutricional – Teses. 5. Digestibilidade - Teses I.

Gonçalves, Lúcio Carlos. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de

Veterinária. III. Título.

CDD – 636.208 5

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Dissertação defendida e aprovada em 25 de Janeiro de 2008, pela Comissão Examinadora constituída

por:

_______________________________

Prof. Dr. Lúcio Carlos Gonçalves

Orientador

_______________________________

Profa. Dra. Eloísa Oliveira Simões Saliba

_______________________________

Dr. Luiz Gustavo Ribeiro Pereira

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe, Maria Dalva Moraes de Faria, “in memória”, que tanto sonhou e

lutou para que isto fosse possível.

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AGRADECIMENTOS

À minha querida família que sempre me apoiou e vibrou com as minhas conquistas. Aos meus pais,

exemplo de força e determinação, a minha irmã, pelo apoio e compreensão. Obrigado pelo amor de

todos vocês.

Agradeço ao Professor e amigo Lúcio Carlos Gonçalves pela orientação, pela oportunidade concedida,

pela confiança, amizade, pelos conselhos e ensinamentos e pelo companheirismo.

Ao professor Iran Borges pelos ensinamentos, amizade e disponibilidade para esclarecer minhas

dúvidas.

Ao Dr. José Avelino da Embrapa Milho e Sorgo, pela amizade e contribuição para a realização de

trabalhos como este, sempre com profissionalismo, competência e muita disponibilidade em ajudar.

Ao professor Norberto Mario Rodriguez, Rogério Martins Maurício e a Professora Eloísa de Oliveira

Simões Saliba pelos ensinamentos.

Ao Dr. Luiz Gustavo Ribeiro Pereira da Embrapa Semi-árido, pela amizade, colaboração e pela

disponibilidade em ajudar.

Á Juliana Colodo pelo amor, companheirismo e compreensão.

Aos amigos Cleber Santos, Davi Leite, Eduardo Oliveira e Josué pela amizade.

Aos amigos irmãos Alex, Cristiano, Daniel, Diogo, Frederico, Gabriel, Guilherme, Gustavo, Luciano,

Robertinho, Roberto Antunes e Wellington pela amizade, companheirismo e ajuda durante todo o

trabalho.

As amigas de mestrado Juliana Cordeiro, Mariana Magalhães, Yuri Benevides, pela amizade e

companheirismo.

Aos amigos Toninho e Carlos pela amizade, presteza e colaboração imprescindíveis dentro do

laboratório de Nutrição.

Ao Departamento de Zootecnia da EV-UFMG, pela oportunidade de crescimento profissional.

Ao Colegiado de pós-graduação em Zootecnia pela presteza

Aos funcionários do laboratório de Nutrição.

A Embrapa Milho e Sorgo e ao CNPq pelos recursos financeiros concedidos para realização deste

trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................................................... 11

ABSTRACT ...................................................................................................................................... 12

CAPÍTULO I: REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13

1. INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................................... 13

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................. 14

2.1 A CULTURA DE SORGO ................................................................................................ 14

2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SILAGEM ........................................................... 20

2.3 DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE FORRAGEIRAS ..................................................... 25

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 32

CAPÍTULO II: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO HÍBRIDO DE SORGO BRS-610 EM

OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO. ........................................................................................... 42

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 43

2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 44

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 45

4. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 54

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 54

CAPÍTULO III: VALOR NUTRITIVO DA PLANTA INTEIRA, COLMO, FOLHA E PANÍCULA

DO SORGO BRS-610 EM OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO ................................................ 57

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 58

2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 58

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 59

4. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 69

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 69

CAPÍTULO IV: QUALIDADE DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE ESTÁDIOS DE

MATURAÇÃO .................................................................................................................................. 73

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 74

2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 75

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 76

4. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 84

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 84

CAPÍTULO V: AVALIAÇÃO DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE ESTÁDIOS DE

MATURAÇÃO PELA TÉCNICA IN VITRO SEMI-AUTOMÁTICA DE PRODUÇÃO DE GASES.

........................................................................................................................................................... 88

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 89

2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 89

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 91

4. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 95

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 96

CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO FINAL .......................................................................................... 98

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: Qualificação da fermentação da silagem com relação ao valore de pH, associado ao

conteúdo de matéria seca (MS) ......................................................................................................... 24

Tabela 1.2: Proposta para qualificação da fermentação das silagens ............................................... 25

Tabela 2.1: Estádios de maturação avaliados ................................................................................... 44

Tabela 2.2. Stand (mil plantas por hectare) e alturas (cm) do sorgo BRS-610 colhido em oito

estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) .......................................................... 45

Tabela 2.3. Porcentagens (%) de colmo, folha e panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de

maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) ............................................................................. 46

Tabela 2.4. Produções de matéria verde (PMV t.ha-1

), de matéria seca (PMS t.ha-1

) e de matéria

seca digestível (PMSD t.ha-1

) da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação

(E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) .............................................................................................. 49

Tabela 2.5. Produções de matéria verde (t.ha-1

) das frações de colmo, folha e panícula das plantas

do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) 51

Tabela 2.6. Produções de matéria seca (t.ha-1

) das frações de colmo, folha e panícula das plantas do

sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) ..... 52

Tabela 2.7. Produções de matéria seca digestível (PMSD t.ha-1

) das frações de colmo, folha e

panícula da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4,

E5, E6, E7 e E8) ................................................................................................................................ 53

Tabela 3.1 ......................................................................................................................................... 59

Tabela 3.2: Teores de proteína bruta (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do

sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) ......................... 61

Tabela 3.3.1: Teores médios de fibra insolúvel em detergente neutro (% na MS) da planta, do

colmo, das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,

E5, E6, E7 e E8) ................................................................................................................................ 63

Tabela 3.3.2: Teores médios de fibra insolúvel em detergente ácido (% na MS) da planta, do colmo,

das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6,

E7 e E8) ............................................................................................................................................. 64

Tabela 3.3.3: Teores de celulose (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo

BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) .................................... 65

Tabela 3.3.4: Teores de hemiceluloses (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do

sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) .......................... 66

Tabela 3.3.5: Teores de lignina (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo

BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) .................................... 67

Tabela 3.3.6: Teores de digestibilidade in vitro da matéria seca (% na MS) da planta, do colmo, das

folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e

E8) ..................................................................................................................................................... 68

Tabela 3.4: Teores de matéria seca (%), proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em detergente

neutro (%FDN na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS), hemiceluloses

(%HEM na MS), celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade in vitro da

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matéria seca (%DIVMS) do sorgo BRS-610 produzidas em oito estádios de maturação da planta

(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) ..................................................................................................... 69

Tabela 4.1: Valores de matéria seca (%), pH, nitrogênio amoniacal em porcentagem do nitrogênio

total (N-NH3/NT) e ácidos orgânicos (lático, acético, propiônico e butírico) em% da MS das

silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

........................................................................................................................................................... 77

Tabela 4.2: Pontuação e classificação das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios

de maturação da planta (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) ..................................................................... 80

Tabela 4.3: Teores de proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em detergente neutro (%FDN

na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS), hemiceluloses (%HEM na MS),

celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade in vitro da matéria seca

(%DIVMS) das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4,

E5, E6, E7 e E8) ................................................................................................................................ 81

Tabela 5.1: Produções cumulativas de gases (em ml/g de MS) após os tempos de incubação de 6,

12, 24, 48, 72 e 96 horas das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação (E2, E3, E4,

E5, E6, E7 e E8) ................................................................................................................................ 91

Tabela 5.2: Potencial máximo de produção de gases (A) em ml/g de MS, tempo de colonização

(TC) em horas, taxa de produção de gases (µ) em ml/g de MS/h, degradabilidade efetiva da MS

(DEMS) para as taxas de passagem 2,0%, 5,0% e 8,0% e degradação da MS (DMS) em 96 horas de

incubação das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação da planta ....................... 94

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Representação gráfica das linhas de tendências para porcentagens das frações de colmo,

folha e panículas em função das idades de corte das plantas. ........................................................... 47

Figura 2.2: Representação gráfica das linhas de tendências para as produções de matéria seca

(PMS) das frações de colmo, folha e panículas em função das idades de corte das plantas. ............ 52

Figura 5.1: Produção acumulativa de gases das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de

maturação. ......................................................................................................................................... 92

Figura 5.2: Produção de gases por hora das silagens do híbrido de sorgo BRS-610 em sete estádios

de maturação. .................................................................................................................................... 94

ANEXOS

Anexo I: Correlações entre os parâmetros agronômicos (Capítulo II) ............................................. 99

Anexo II: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III)

......................................................................................................................................................... 100

Anexo III: Correlações entre parâmetros avaliados na silagem (Capítulo IV) ............................... 102

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LISTA DE ABREVIATURAS

A: Potencial máximo de produções de gases

CEL: Celulose

CH4: Gás metano

CHO’S: Carboidratos solúveis

CO2: Gás carbônico

DEMS: Degradabilidade efetiva da matéria

seca

DIVMO: Digestibilidade in vitro da matéria

orgânica

DIVMS: Digestibilidade in vitro da matéria

seca

DMS: Degradação da matéria seca

E1: Estádio de enchimento dos grãos

E2: Estádio de grãos leitosos

E3: Estádio de grãos leitosos/pastoso

E4: Estádio de grãos pastosos

E5: Estádio de grãos pastosos/farináceo

E6: Estádio de grãos farináceo

E7: Estádio de grãos duros

E8: Estádio de grãos secos

ED: Energia digestível

EM: Energia metabolizável

FDA: Fibra insolúvel em detergente ácido

FDN: Fibra insolúvel em detergente neutro

H2: Gás hidrogênio

HBD: Hidroxibenzaldeído

HEM: Hemiceluloses

Kg0,75

: Peso metabólico

LIG: Lignina

MS: Matéria seca

N: Nitrogênio

N-NH3/NT: Nitrogênio amoniacal

O2: Oxigênio

PB: Proteína bruta

PEG: Polietilenoglicol

pH: potencial de hidrogênio

PMS: Produções de matéria seca

PMSD: Produções de matéria seca digestível

PMV: Produções de matéria verde

PT: Poder tampão

PV: Peso vivo

PVC: poli (cloreto de vinila)

PVP: polivinilpolipirrolidona

SGD: Siringaldeído

t.ha-1

: Toneladas por hectare

TC: Tempo de colonização

UFMG: Universidade Federal de Minas

Gerais

UTM: unidade de tamanho metabólico

VAN: Vanilina

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo determinar o momento de ensilagem do híbrido de sorgo BRS-

610 (Sorghum bicolor), por meio do estudo das características agronômicas, composição

bromatológica, digestibilidade in vitro e cinética de fermentação ruminal pela técnica in vitro

semi-automática de produção de gases. Para a planta e suas frações (colmo, folha e panicula)

foram avaliados oito estádios de maturação dos grãos (enchimento-E1, leitoso-E2, leitoso/pastoso-

E3, pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7, seco-E8), já para as silagens foram

avaliados os últimos sete estádios. A altura e o stand das plantas apresentaram médias de 2,43 m e

155,2 mil plantas/ha. As menores porcentagens colmo (46,1%) ocorreram entre E4 e E5. As

porcentagens de folhas reduziram com a maturidade da planta, já a panícula mostrou acréscimos

até E5, sem diferença nos próximos estádios. As produções de matéria seca e matéria seca

digestível da planta reduziram a partir de E5. Os teores de matéria seca da planta e do colmo

mostraram aumentos significativos a partir de E5, já para as folhas e as panículas isso ocorreu a

partir de E4. As plantas e folhas mostraram reduções nos valores de proteína bruta com o avanço

da idade, enquanto as panículas aumentaram e os colmos apresentaram pouca variação. Os

menores teores de fibra insolúvel em detergente neutro e detergente ácido da planta ocorreram

entre E4 e E6. O aumento nos componentes da parede celular das folhas e colmos foi compensado

pela redução desses na panícula com o aumento da idade da planta. Os teores de lignina da planta e

folhas não diferiram com a idade da planta. Os teores de lignina do colmo aumentaram enquanto

os resultados para a panícula reduziram. A digestibilidade in vitro da matéria seca da planta não foi

alterada pelo estádio de maturação da planta. Já para a folha reduziu linearmente entre o período

avaliado. Por outro lado à panícula mostrou aumentos até E3, não diferindo nos cortes sucessivos.

A planta apresentou melhor valor nutritivo entre E4 e E6. Já as partes da planta comportaram de

forma diferente quanto às mudanças nos valores nutricionais entre os estádios de maturação da

planta, sendo as folhas e as panículas as mais variáveis. As silagens mostraram teores de matéria

seca de 19,8% a 47,3%, com valores entre 25% e 35% sendo observados entre E4 e E7. Os

valores de pH (3,7 a 4,2), para as silagens produzidas até E7, associado ao baixo teor de nitrogênio

amoniacal (1,2% a 6,0%) sugerem adequada conservação do material. Os teores de ácido lático e

acético reduziram com o avanço do estádio de maturação da planta no momento da ensilagem. Os

teores de proteína bruta das silagens, não diferiram do material original. Os teores de fibra

insolúvel em detergente neutro e das hemiceluloses alteraram com a ensilagem mostrando

reduções, pelo consumo das hemiceluloses durante a fermentação. Os menores teores dos

componentes da parede celular foram verificados entre E3 e E5, enquanto que a lignina não variou

até E6. As digestibilidades das silagens reduziram com a maturidade. Já as produções cumulativas

e o potencial máximo de produção de gases não diferiram entre as silagens, mostrando médias de

170 e 170,5 ml/g de MS. Entre E3 e E4 ocorreram os menores tempos de colonização, mas entre

E5 e E8 observaram-se as maiores taxas de fermentações. As degradabilidades efetivas foram

semelhantes entres as silagens, com média de 46,2%. Com base nesses resultados recomenda-se a

ensilagem do híbrido de sorgo BRS-610 no estádio de grãos pastoso/farináceo.

Palavras chaves: Digestibilidade, estádio de maturação, qualidade, ruminantes, sorgo.

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ABSTRACT

The objectives of this work were evaluate the moment of ensilage of the hybrid of sorghum BRS-

610 (Sorghum bicolor), by the study of the agronomics characteristics, chemical composition, in

vitro digestibility and ruminal fermentation kinetic by semi-automated in vitro gas production

technique. For the plant and their fractions (stem, leaf and panicle) on eight stage of maturation

(early grain fill -E1, milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-

E6, hard dough-E7, dry-E8 ) the had been evaluated, already for the silage the seven finish stage

had been evaluated. The height and stand of the plants had presented 2.43 m and 155.2 thousand

plants/ha average. The minors percentage steam (46.1%) had occurred between E4 and E5. The

percentage leaf had reduced with the maturity of the plant, already the participation of panicle

showed additions until the E5, from there, did not have alterations in the successive stage. The

productions of dry matter and dry matter digestible of the plant had reduced from E5. The contents

of dry matter of the plant and steam had presented significant increases from E5, already for the

leaf and panicles had increased from E4. The plants and leaf had shown reductions in the values of

crude protein with the advance of the age, while panicles had increased and the steam had

presented little variation. The minors neutral detergent insoluble fiber and acid detergent insoluble

fiber contents of the plant occurred between E4 and E6. The increase in the components of the

cellular wall of leaf and steam was compensated by the reduction of these in panicle with the

increase of the age of the plant. The lignin contents of the plant and leaf had not differed with the

age of the plant. The lignin contents of steam had increased, while the results for panicle had

reduced. The in vitro dry matter digestibility of the plant was not modified by the stage of

maturation of the plant. Already for the leaf reduced linearly between the evaluated periods. On

the other hand panicle showed increases up to E3, not differing in the successive cuts. The plant

better presented nutritional value between E4 and E6. Already the parts of the plant had held of

different form how much to the changes in the nutrition values between the maturation stage of the

plant, being most changeable leaf and panicles. The silages had shown contents the dry matter the

19.8% a 47.3%, with values between 25% and 35% being observed between E4 and E7. The

values of pH (3.7 to 4.2), for the silages produced until E7, associated to the low ammonia

nitrogen contents (1.2% to 6.0%) suggest adequate conservation of the material. The acid acetic

and latic contents had reduced with the advance of the stage de maturation of the plant on the

ensilage moment. The silages crude protein contents not differing from the fresh material. The

neutral detergent fiber and hemicelluloses contents had modified with the ensilage showing

reductions, by the hemiceluloses consumption during the fermentation. The lower contents of the

cellular wall had been verified between E3 and E5, while the lignin did not vary until E6. The

silages digestibilities had reduced whit maturidad. Already the cumulative productions and the

maximum potential gas production had not differed between the silages, showing means of 170

and 170.5 ml/g of DM. Between E3 and E4 had occurred to minor lag phase, but between E5 and

E8 had been observed the biggest rate of gas production. The effective degradabilities had been

similar among the silages, with 46.2% means. These results recommend ensiling of the hybrid of

sorghum BRS-610 to the solf dough/hard dough stage of grains.

Key words: sorghum, maturation stadium, quality, ruminants, digestibility.

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CAPÍTULO I: REVISÃO DE LITERATURA

1. INTRODUÇÃO GERAL

O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é o

quinto cereal em importância no mundo e

mais significante que esta posição, é a grande

variação na distribuição mundial,

destacando-se as regiões semi-áridas dos

trópicos e subtrópicos. O Brasil encontra-se

entre os dez maiores produtores de sorgo do

mundo (FAO, 2007). Nos países da África o

sorgo é uma das principais fontes de amido

para a alimentação humana, porém no Brasil

é utilizado principalmente na alimentação

animal.

Na alimentação animal o sorgo pode ser

utilizado de várias formas: os grãos, nas

formulações de concentrados para

monogástricos e ruminantes; e a planta

inteira, cortada verde, silagem, e/ou ainda, na

forma de pastejo da rebrota, que pode atingir

até 60% da produção do primeiro corte. A

menor exigência em pluviosidade têm

estimulado o plantio e expansão da cultura

para produção animal.

Para produção de silagem o sorgo tem se

destacado por sua facilidade de cultivo, altos

rendimentos, menor exigência em umidade e

especialmente pela qualidade da silagem

produzida, sem necessidade de aditivos para

estimular a fermentação (Zago, 1991) e valor

nutritivo próximo à silagem de milho. Em

regiões áridas e semi-áridas o sorgo tem sido

cultivado como primeira cultura, já em

regiões de melhor distribuição de chuvas tem

apresentado boa adaptação ao cultivo de

safrinha (Demarchi et al., 1995, Pedreira et

al. 2003). Assim o sorgo na forma de silagem

mostra-se como alternativa de grande

impacto na alimentação suplementar para os

períodos de escassez de alimentos, causados

pelos longos períodos de estiagem que

ocorrem nos países de clima tropical (Cabral

et. al., 2002).

O grande número de híbridos e variedades de

sorgo colocados em ensaios de avaliação e

no mercado nacional demonstra a grande

variabilidade genética desta espécie.

Característica explorada pela Embrapa, em

seu Programa de Melhoramento Genético de

Milho e Sorgo, com o objetivo de selecionar

híbridos com melhores características

agronômicas (maior produtividade, melhor

relação colmo/folha:panícula e resistência a

doenças), e melhor valor nutritivo

(digestibilidade da fibra e grãos de textura

macia). Por isso, os novos materiais

genéticos, antes de serem lançados no

mercado, precisam ser avaliados pelas

instituições de pesquisa para que os

produtores e técnicos possam ser orientados

na escolha do material para ensilagem, do

ponto ótimo de colheita e resposta animal.

Para um melhor aproveitamento desses

novos materiais na forma de silagem é

importante determinar o ponto ideal de

ensilagem baseado no potencial agronômico,

na composição química e digestibilidade da

planta como um todo e suas frações, que

sabidamente influenciam na qualidade final

da silagem, tanto nos aspectos nutricionais

quanto nos fermentativos. O estádio de

maturação em que são colhidas as forrageiras

e submetidas ao processo de ensilagem, tem

sido um dos fatores que mais alteram a

qualidade e o valor nutritivo da silagem, bem

como os teores de digestibilidade.

Este trabalho teve como objetivo determinar

o momento de ensilagem do híbrido de sorgo

BRS-610 (Sorghum bicolor) que associe

melhor produção, qualidade e valor

nutricional da silagem, por meio do estudo

das características agronômicas, composição

bromatológica, digestibilidade in vitro e

cinética de fermentação ruminal pela técnica

in vitro semi-autómatica de produção de

gases.

Page 15: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

14

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A CULTURA DE SORGO

2.1.1 Sistemática e caracterização da

planta de sorgo

O sorgo cultivado é uma espécie anual,

pertencente à família das Poaceae, sendo

inicialmente descrito por Linneus (1753), no

livro Species Plantarium. Em 1794, Moench

separou o gênero Sorghum do gênero

Holcus, e em 1961, Clayton adotou Sorghum

bicolor (L.) Moench como nome específico

para sorgos cultivados (Compton, 1990).

A região central do continente africano é o

provável centro de origem do sorgo

(Sorghum bicolor (L.) Moench), em função

da grande diversidade de formas selvagens

encontradas naquela localidade. Após a sua

descoberta na África, a cultura se expandiu

para a Arábia, Índia e China (Fancelli, 1986;

Silva 1986; Compton, 1990). Apesar de ser

uma cultura muito antiga (5000 a 7000

A.C.), somente a partir do fim do século

passado passou a ter um grande

desenvolvimento em muitas regiões agrícolas

do mundo (Bastos, 1982; Fancelli, 1986;

Veiga, 1986; Compton, 1990). Esta cultura

teve significativa expansão no Brasil a partir

de 1970, difundindo-se nas regiões Sul,

Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País

(Fancelli, 1986).

Em função da região de origem e seleção

natural, o sorgo suporta bem altas

temperaturas e apresenta boa resistência à

desidratação, devido ao sistema radicular

extenso e fibroso, que permitem explorar

camadas mais profundas do solo; ao ritmo de

transpiração eficaz (retardamento do

crescimento) e às características foliares que

minimizam as perdas de água por

transpiração (ausência de pilosidades, menor

superfície foliar e células que fecham os

estômatos sob condições adversas), assim,

conferindo ao sorgo melhor resistência e

adaptabilidade a condições adversas (Zago,

1991).

2.1.2 Características agronômicas da

planta de sorgo

O sorgo é uma planta C4, de dias curtos, com

altas taxas fotossintéticas e a grande maioria

dos materiais genéticos de sorgo requerem

temperaturas superiores à 21oC para um bom

desenvolvimento e alguns híbridos são

sensíveis ao fotoperíodo, o que pode

comprometer o crescimento e a produção de

matéria seca em plantios mais tardios (Pinho

et al., 2007).

O ciclo da planta varia de 90 a 190 dias. No

entanto híbridos de maturação precoce

podem completar o ciclo com 80 dias

(Demarchi et al., 1995). Em função de suas

características agronômicas, mostra-se pouco

exigente em água, completando o ciclo com

pluviosidade em torno de 450 mm, mas pode

vegetar com até 300 a 380 mm, desde que

bem distribuídos nos períodos críticos de

dependência hídrica, que ocorrem em torno

de 20-25 dias iniciais da cultura

(germinação) e aos 50-60 dias, na fase de

polinização e enchimento dos grãos, segundo

Santos (2003).

As plantas de sorgo crescem em uma ampla

faixa de solos, tolerando variações de

fertilidade e de equilíbrio de nutrientes, no

entanto, apresentam melhores rendimentos à

medida que as condições de fertilidade sejam

elevadas e equilibradas. Segundo Baruqui

(1979) solos profundos, friáveis, bem

estruturados e que ocorrem em áreas mais

planas a suavemente onduladas prestam-se

melhor à cultura do sorgo, devendo ser

evitados solos rasos, mal drenados e

arenosos.

A época de plantio depende das

características climáticas de cada região. A

recomendação de Sans et al. (2003) para o

plantio de sorgo em Minas Gerais varia de 15

de Outubro a 30 de Novembro, a partir do

qual haveria um decréscimo gradativo na

produção de grãos pelas deficiências

climáticas que aumentariam a incidência de

panículas vazias, enquanto que Zago (1999)

mencionou que o sorgo poderia ser plantado

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15

no Centro-Sul do Brasil de agosto até

meados de abril. Devido ao tamanho

reduzido de suas sementes, o preparo de solo

e os cuidados na semeadura devem ser mais

intensivos que o milho, necessitando de uma

profundidade de semeadura de 3 cm,

devendo o adubo estar ao lado da semente

em 3 cm e 2 cm abaixo da mesma, estando o

solo com a mínima presença de torrões, esses

cuidados serão decisivos na garantia de um

adequado stand de plantas (Alvarenga et al.,

2003).

A densidade ideal varia com o tipo de sorgo

e seu propósito: para o sorgo granífero

próximo de 200 a 220 mil plantas/ha; para o

forrageiro, cerca de 100 a 150 mil plantas/ha,

a fim de diminuir o acamamento que

normalmente pode ocorrer em populações

maiores; para os de duplo propósito, de 130 a

170 mil plantas/ha e, para o sorgo sacarino,

100 mil plantas/ha. Os espaçamentos variam

de 50 a 80 centímetros, com preferência para

este último, por proporcionar maiores

facilidades na execução de trabalhos

culturais (Zago, 1991).

Segundo Viana et al. (2001), estão

disponíveis no mercado três tipos de sorgo

como recurso forrageiro: os sorgos

graníferos, os forrageiros e os de duplo

propósito, classificados segundo o porte, o

qual determina a proporção dos componentes

(folha, colmo e panícula) da planta. Estes

híbridos variam na altura, produção de

matéria seca e composição bromatológica,

produzindo silagens com valores nutritivos

diferentes. Os híbridos graníferos variam de

1,00-1,60 metros, com panículas bem

desenvolvidas e grãos maiores. Os sorgos do

tipo forrageiro são adaptados a produção de

silagem e ao corte verde, com altura entre 2 e

3 metros, já que possuem elevada

produtividade de matéria seca e boa

adequação à mecanização. Contudo os

híbridos de porte alto produzem silagens com

valores nutritivos normalmente inferiores aos

de uma boa silagem de milho devido a uma

menor proporção de grãos na massa ensilada

(Zago, 1997). Existem, ainda, os híbridos de

duplo propósito (forragem e grão), com

altura média entre 2,0 e 2,5 metros, os quais

apresentam boa produtividade de matéria

seca aliada à boa produção de grãos,

destacando-se como opção para produção de

silagem de elevado valor nutricional. As

plantas ainda diferem dentro do próprio

grupo de acordo com a suculência do colmo

(colmo seco ou suculento), presença ou

ausência de taninos, tolerância à seca e

outras características.

O sorgo após o corte mantém vivo seu

sistema radicular, o que possibilita, sob

condições adequadas de umidade,

temperatura e fertilidade do solo, uma

rebrota que pode produzir até 60% da

produção de matéria seca do primeiro corte

(Zago, 1991).

2.1.3. Uso do sorgo para produção de

silagem

A considerável resistência ao estresse hídrico

e a possibilidade de utilização de cultivares

de ciclo precoce tornam o sorgo uma opção

para o cultivo em sucessão a culturas

principais (plantio de safrinha) nas regiões

em que as condições climáticas não sejam

limitantes. Nos locais de baixos índices

pluviométricos e/ou sujeitas a veranicos o

cultivo ocorre como cultura principal. Isso

reduz os riscos de perdas da cultura e auxilia

no planejamento de volumosos para

suplementação durante o período seco na

forma de silagem (Valente, 1992). Diante do

exposto, seguindo a tendência da produção

de grãos de sorgo, a utilização do sorgo para

produção de silagem também vem crescendo

a cada ano, principalmente nas regiões áridas

e semi-áridas, onde esta cultura se sobressai

(Souza et al., 2003).

Para produção de silagens, as culturas de

milho e de sorgo seriam aquelas mais

adaptadas ao processo de ensilagem, por sua

facilidade de cultivo, facilidades de

mecanização, altos rendimentos e

especialmente pela qualidade da silagem

produzida sem o uso de aditivos ou pré-

murchamento para estimular a fermentação,

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16

proporcionando a obtenção de excelentes

desempenhos dos animais alimentados com

as mesmas (Valente et al., 1984b; Zago,

1991; Tjandraatmadja et al., 1993; Demarchi

et al., 1995; Bernardino et al.,1997; Borges

et al., 1997a, Zago, 1999).

Critérios de seleção de cultivares

A seleção de híbridos de sorgo para silagem

têm sido principalmente a altura da planta, a

produtividade de matéria seca, a produção de

grãos, o melhor equilíbrio entre as partes da

planta (relação colmo:folha/panícula), a

resistência ao acamamento, melhor

digestibilidade das partes vegetativas,

tolerância a seca e resistência a pragas e

doenças (Cummins, 1971, Brito et al., 2000a,

Pesce et al., 2000b, Neumann et al. 2004),

bem como melhor qualidade fermetativa das

silagens.

Produtividade da cultura do sorgo

A produtividade de matéria seca por hectare

é um dos principais fatores que compõem os

custos de produção da silagem. Segundo

Valente et al. (1984a) produções de matéria

verde inferiores a 40 toneladas tornariam a

atividade inviável economicamente. Devido

aos mais variados tipos de sorgos, aliada a

enorme diversidade de cultivares, condições

de manejo, condições climáticas e de

fertilidade do solo a literatura apresenta uma

ampla variação nos dados de produção de

matéria seca. Pereira et al. (1993) obtiveram

produções de matéria seca de 18,0; 16,6 e

14,6 toneladas de matéria seca para

cultivares de sorgo de porte alto, médio e

baixo, respectivamente. Já Brito et al.

(2000a) e Rocha Júnior et al. (2000a)

encontraram produtividades de matéria seca

variando de 3,3 a 5,5 toneladas por hectare

para híbridos de porte baixo, e de 9,3 a 12,2

para híbridos de porte médio e alto. O baixo

rendimento de matéria seca encontrado por

esses autores foi atribuído à época de corte a

que foram submetidos os híbridos, em

estádio de grãos leitosos/pastosos. De acordo

com Corrêa (1996) a produção de matéria

seca de híbridos de duplo propósito e de um

híbrido forrageiro aumentou com o avanço

do estádio de maturação, com os maiores

valores observados nos estádios de grão

pastoso e farináceo. Algumas variedades de

sorgo apresentam maiores produções de

matéria verde (MV) e matéria seca (MS) que

o milho. Além disso, o sorgo tem sido

apontado como uma boa alternativa de

plantio próximo a centros urbanos, onde as

culturas de milho, estão sujeitas à retirada

das espigas, acarretando grandes prejuízos à

qualidade das silagens (Carvalho et al.,

1992).

Relação entre colmo:folha e panícula

A proporção de grãos é um importante fator

determinante da qualidade das silagens para

Vilela (1985), pois neles encontram-se a

maior fração energética disponível da planta,

sendo responsáveis pela maior elevação no

teor de matéria seca do sorgo. Gontijo Neto

et al. (2004) encontraram grandes variações

nas proporções das partes da planta entre os

híbridos de sorgo avaliados, com valores de

29,01% a 53,38% para colmos, de 29,91% a

52,43% para panícula e de 16,70% a 22,64%

para folhas. Já Araújo (2006) cita

porcentagens de 50,38% a 72,32% para

colmo, de 19,97% a 34,85% para panículas e

de 4,7% a 16,44%, para as folhas. Os

resultados de Molina et al. (2000) foram

intermediários e variaram de 40,5% a 67,0%

para colmo, de 24,2 a 36,6% para panículas e

de 12,1% a 21,6% para folhas. De acordo

com Neumann et al. (2002) a massa foliar

não está relacionada com a altura da planta

de sorgo, mas as frações de colmo e

panículas tendem, respectivamente, a

aumentar e diminuir com o aumento do porte

da planta.

De acordo com Zago (1997) a maior

participação de colmo no sorgo pode

comprometer o valor nutritivo por ser a

fração que apresenta menores índices de

digestibilidade. Já Neumann et al. (2002)

analisando o teor de proteína bruta (PB) no

componente colmo de híbridos de porte alto

e médio encontraram menor valor para o

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colmo (1,96%) em relação à panícula e

folhas que apresentaram 7,62% e 5,45%,

respectivamente. Esses autores, ainda,

observaram menor digestibilidade in vitro da

matéria seca (DIVMS) para a fração colmo

de híbridos de dupla aptidão (54,77% e

53,91%) quando comparado ao híbrido

forrageiro (62,47%). Silva et al. (1999b)

avaliando silagens de sorgo de porte alto,

médio e baixo, com diferentes combinações

de colmo:folha x panícula, concluíram que o

aumento da participação da panícula na

planta inteira reduziu os teores de

constituintes da fibra e elevou os valores de

DIVMS e a digestibilidade in vitro da

matéria orgânica (DIVMO), em todos os

híbridos estudados, demonstrando uma

necessidade de participação mínima de 40%

de panícula na planta de sorgo, para obtenção

de silagens de boa qualidade. A participação

de panícula, ainda, facilitou a compactação.

Entretanto Bruno et al. (1992), trabalhando

com híbridos de sorgo forrageiro de baixa

produção de grãos para silagem, concluíram

que os maiores valores de PB, de fibra e

lignina se encontram na porção de folhas e as

menores nos colmos, nesta fração foram

relatadas, ainda, as maiores porcentagens de

carboidratos solúveis, resultando em

melhores DIVMS, seguida das frações de

folhas e panículas. Esses resultados

contradizem a literatura mais recente e

indicam a evolução obtida com a seleção de

cultivares com melhor equilíbrio e qualidade

das partes da planta de sorgo.

Teor de matéria seca

O teor de matéria seca da planta é um

importante fator determinante do tipo de

fermentação no processo de ensilagem. Nos

sorgos este teor varia com a idade de corte,

com a natureza do colmo, com a proporção

de panícula da planta e interação

genótipo/ambiente (Carvalho et al., 1992,

Silva et al, 1999a). Segundo Gontijo Neto et

al. (2004) o teor de matéria seca (MS) da

planta é a relação entre as proporções e os

teores de MS dos componentes da planta.

Das frações da planta de sorgo, o colmo é a

porção que menos contribui para a elevação

do teor de matéria seca, seguido pelas folhas,

já as panículas, permitem grandes ganhos de

matéria seca num curto período (Carvalho et

al., 1992, Gontijo Neto et al., 2004). Brito et

al. (2000b) avaliando sorgos de porte alto,

médio e baixo conseguiram produzir silagens

de boa qualidade a partir de materiais com

teores de matéria seca variando de 25,5% a

31,5%, colhidos nos estádios de grão

leitoso/pastoso. A fim de garantir um teor

ideal de MS no momento da ensilagem

(variando entre 27% a 37% de MS no

material verde), Demarchi et al. (1995)

recomendam que os sorgos com altas

porcentagens de grãos sejam colhidos entre

os estádios de grão leitoso e pastoso; sorgos

com percentagens médias, entre os estádios

pastoso e farináceo; e sorgos com baixa

percentagem de grãos, nos estádios de grão

duro. Mas sobre o aspecto nutricional a

ensilagem do sorgo deveria ser realizada

quando os grãos da planta estivessem no

estádio leitoso a pastoso, pois com o avanço

da maturidade há redução na digestibilidade

da matéria seca das frações fibrosas (Tonani,

1995), no entanto Zago (1991) cita que a

elevação da porcentagem de panícula e,

conseqüentemente, de amido altamente

digestível que ocorre com o amadurecimento

compensa a diminuição da digestibilidade da

fração fibrosa, mantendo inalterada a

digestibilidade da matéria seca.

Momento de colheita e qualidade da

silagem

A obtenção de uma silagem de alta qualidade

depende principalmente da colheita da

forrageira num momento ótimo do seu

estádio de desenvolvimento (Araújo et al.

2007). A maturação das forrageiras

eventualmente envolve declínio do valor

nutritivo devido principalmente ao acúmulo

de constituintes da parede celular. A

acumulação de nutrientes é peculiar de cada

espécie, mas sofre influência de fatores como

temperatura, luminosidade, disponibilidade

de água, adubação, tipo de solo e variação

quanto ao genótipo (variedade e/ou híbrido).

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18

Isso reforça a necessidade do conhecimento a

respeito do comportamento de cada opção

forrageira nas diversas condições de manejo

e estádio de maturação. Pires et al. (2006)

avaliaram a qualidade e o valor nutricional

das silagens de dois híbridos de sorgo de

duplo propósito (AG 2006 e BR700) e um

forrageiro (BR601) com a colheita das

plantas em oito estádios de maturação dos

grãos. Esses autores relataram aumentos nos

teores de MS (de 20,78% para 41,89%) e

lignina (de 3,74% para 4,53%), e reduções

nas frações fibrosas (FDN- de 64,98% para

50,52% e FDA- de 37,38% para 29,25%) e

proteína (de 8,52% para 6,38%) com o

avanço do estádio de maturação. Já a

DIVMS mostrou comportamento variável,

com redução nos teores (de 57,31% para

52,53%) para o híbrido forrageiro. Tanto às

perdas de matéria seca (1,21% a 1,74%)

quanto os valores de pH (3,54 a 3,85) e de

nitrogênio amoniacal (5,96% a 7,79%)

caracterizaram as silagens produzidas como

de boa qualidade. De modo semelhante,

Araújo et al. (2007) avaliaram três híbridos

de sorgo de porte médio (BR700, BR701 e

Massa-3) em cinco épocas de corte da planta,

com os grãos variando entre os estádios de

grãos leitosos a grãos duros. Esses autores

observaram aumentos (p<0,05) nos teores

médios de MS (29,86% para 47,13%), mas

não nos teores de PB (6,44% a 6,97%), FDN

(59,11% a 61,48%), FDA (34,48% a

38,67%), Lignina (4,78% a 6,02%) e DIVMS

(47,24% a 52,19%) com a maturidade da

planta. Os valores de pH (3,75 a 3,89),

nitrogênio amoniacal (5,44% a 7,12% N

total), e os ácidos orgânicos, acético (1,06%

a 1,38% na MS), butírico (0,15% a 0,6% na

MS) não alteraram com o aumento da idade

de corte da planta, contudo os teores de ácido

lático reduziram com a maturidade da planta

(de 13,44% para 7,11%). De modo geral, os

resultados sugerem que houve adequada

fermentação em todas as épocas de corte.

Molina et al. (2002) avaliaram as silagens de

seis híbridos de sorgo, graníferos (AG2006 e

BR601), de duplo propósito (BR700 e

BR701) e forrageiros (BR303 e BR304), em

três estádios de maturação dos grãos (leitoso,

pastoso e farináceo). Os valores de MS

variaram tanto quanto ao tipo de sorgo,

variando de 25,1% a 42,1%MS, com os

maiores valores para os híbridos forrageiros,

quanto à idade de corte, com os valores

aumentando com a maturidade da planta,

mostrando valores médios de 27,3% a

39,7%. Já os valores de PB (6,5%), FDN

(47,03%), FDA (28,5%), Lignina (4,4%) e

pH (3,8), nitrogênio amoniacal (10,1% N

total), ácidos orgânicos, lático (8,1%),

acético (1,4%) e butírico (0,1%) não

variaram quanto à idade de corte ou tipo de

híbrido de sorgo. Assim, as silagens obtidas

em todos os tratamentos foram consideradas

de boa qualidade. Os dados da literatura

sugerem a possibilidade de produção de

silagens de bom padrão de fermentação e boa

qualidade nutricional com sorgos de porte

baixo, médio e alto, devido à ampla

variedade de híbridos disponíveis desde que

respeite as peculiaridades de cada material

quanto ao momento ideal de corte.

Produção animal

Restle et al. (2002) avaliaram a manipulação

da altura de corte (14 ou 45 cm) do sorgo

AG-2006 sobre o valor nutricional das

silagens e o consumo e desempenho de

novilhos superprecoces. A elevação da

altura de corte reduziu os teores de MS

(38,47% x 34,38%), FDN (52,24% x

42,57%) e FDA (28,44% x 25,48%), porém e

elevou os teores de DIVMO (53,59% x

63,67%), energia digestível (ED) (2,32 x

2,78 Mcal/kg de MS) e energia

metabolizável (EM) (1,90 x 2,28 Mcal/kg de

MS). Segundo os autores a elevação na

proporção de panícula (33,1% x 41,0%) e

folhas (23,5% x 28,2%), seguida da redução

de colmo (43,4% x 30,8%) na silagem com o

corte mais alto justificam as alterações no

valor nutricional das silagens. Contudo, os

consumos de MS por unidade de tamanho

metabólico (UTM) (109,8 e 108,3 g

MS/kg0,75

) não foram alterados pelas alturas

de corte da planta, isso porque o maior teor

de MS da silagem produzida com menor

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19

altura de corte compensou o maior teor de

FDN, que poderia resultar em menor

consumo de MS (Mertens, 1994). O

consumo de energia digestível por UTM, o

ganho de peso e a eficiência energética não

variaram com a altura de corte, com médias

de 0,323 g/kg0,75

, 1,304 kg/dia e 17,42

Mcal/kg de ganho de peso diário,

respectivamente. Porém o corte mais alto

melhorou a conversão alimentar.

Lusk et al. (1984) avaliando silagens de

milho e sorgo não observaram diferenças na

produção de leite (24,4 x 24,7 l/dia) e

encontraram valores de digestibilidade

aparente da matéria seca variando de 59,8%

a 61,4% e 58,3% a 58,8%, para milho e

sorgo respectivamente. No entanto Lusk et

al. (1984) e Gomide et al. (1987)

encontraram maiores ingestões de matéria

seca para silagens de sorgo que para silagens

de milho (1,83% x 2,64% do peso vivo (PV)

e 1,68% x 2,00% PV, respectivamente).

Nichols et al. (1998) compararam o efeito da

silagem de sorgo e silagem de milho na dieta

de vacas holandesas de alta produção. Não

foi observado por estes autores diferença no

consumo de matéria seca (25,69 kg/dia), na

produção (36,71 kg/dia) e composição do

leite (gordura, 3,2%; proteína, 3,1%; e

lactose, 4,9%) referente ao fornecimento das

respectivas silagens. Já Aydin et al. (1999)

avaliaram o desempenho de vacas

holandesas de alta produção alimentadas

com diferentes volumosos (silagem de sorgo,

silagem de sorgo BMR, silagem de alfafa e

silagem de milho) em uma dieta com relação

volumoso:concentrado 65:35. Neste trabalho

a dieta com silagem de sorgo apresentou os

menores valores para consumo de matéria

seca (3,5% do peso vivo) e produção de leite

corrigida para 4% de gordura (20,7 kg/dia).

A silagem de sorgo apresentou 84,9% do

consumo de matéria seca e 71,4% da

produção de leite em relação à silagem de

milho.

Segundo Van Soest (1994), o limite de

digestibilidade para que os fatores físicos

atuem no controle do consumo é de 66,7%.

Os fatores fisiológicos têm maior

importância no controle do consumo em

forragens com digestibilidade superior a esta.

A ingestão de MS por carneiros consumindo

gramíneas frescas varia normalmente entre

40 e 100 g MS/UTM e para silagens de 20 a

75 g MS/UTM (McDonald et al., 1991).

Pereira et al. (1993) encontraram valores de

consumo de MS, em ovinos, de 63,3; 81,7; e

74,6 g MS/UTM, respectivamente, para os

híbridos de porte alto (AG2002), médio

(AG2004E) e baixo (AG2005E). Souza et al.

(2003) avaliaram o valor nutritivo das

silagens de cinco sorgos forrageiros e

encontraram consumos de MS de 53,6 (AGX

202) a 66,7 g MS/kg0,75

(AG 2006). Valores

inferiores foram obtidos por Tonani (1995)

para sorgo forrageiro, 547-F (50,6 g

MS/kg0,75

), de duplo propósito, Conti-Silo,

(62,4 g MS/kg0,75

) e granífero, Conti-silo-03,

(59,2 g MS/kg0,75

). Martins et al. (2003)

avaliaram o consumo e digestibilidade dos

sorgos forrageiros (BR601 e AG2002) e de

duplo propósito (BR700 e BR701) colhidos

no estádio de grão leitoso-pastoso. Segundo

esses autores todas as silagens foram de boa

qualidade, com teores de MS de 29,74%,

24,86%, 35,76% e 35,02% para os sorgos

BR601, AG2002, BR700 e BR70,

respectivamente. Os consumos de MS foram

semelhantes (p>0,05), com média de 62,94 g

MS/kg0,75

, porém o BR601 apresentou maior

consumo de MS digestível em relação aos

outros que foram semelhantes entre si (42,25

x 31,43 g MS/kg0,75

/dia), isso devido a maior

digestibilidade aparente da MS em relação

aos outros (61,75% x 50,83%).

O sorgo BRS-610

O sorgo BRS-610 obtido pela embrapa pelo

cruzamento dos materiais CMSXS 232A x

CMSXS 234R destaca-se pela resistência

moderada a doenças como Antracnose e

ferrugem e boa resistência a

Helmintosporiose. O BRS-610 é um sorgo de

colmo seco, com panícula semi-aberta, de

grãos vermelhos, endosperma semiduro e

sem tanino. Observa-se ainda, boa resistência

Page 21: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

20

ao acamamento o que favorece a colheita

mecanizada, com mínimas perdas a campo e

resistência à acidez do solo (Rodrigues et al.,

2004).

2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE

SILAGEM

2.2.1 Processo de ensilagem

O processo de ensilagem consiste na

conservação anaeróbica da forrageira por

meio de fermentação ácida. As bactérias

epifíticas ácido láticas convertem os

carboidratos solúveis em ácidos orgânicos

principalmente o ácido lático e acético. A

produção desses ácidos causa à diminuição

do pH e a inibição de crescimento de

microrganismos indesejáveis, preservando

desta forma a forragem ensilada. A

fermentação consiste na conversão de

carboidratos solúveis em ácidos orgânicos,

por meio de microrganismos inerentes ao

próprio meio, que tendo encontrado

condições adequadas prevalecem. De acordo

com Van Soest (1994), o tempo de

fermentação ocorre normalmente entre 10 e

14 dias, dependendo, principalmente do teor

de carboidratos solúveis (CHO’S), do poder

tampão (PT) e do conteúdo de umidade da

forragem.

2.2.2 Microflora da silagem

A microflora da silagem é determinante

sobre a qualidade dos processos

conservativos que ocorrem com as forragens

ensiladas. De modo geral ela se divide em

dois grupos: microrganismos desejáveis

(bactérias láticas) e indesejáveis (Clostridium

sp., enterobactérias, leveduras e fungos

aeróbios) que levam a perdas de MS e

comprometem o consumo de silagem pelos

animais. As bactérias ácido láticas,

inicialmente, estão presentes em menor

número, porém com a acidificação do meio

tornam desfavorável a proliferação de seus

competidores. Considera-se o número de

aproximadamente 108 bactérias láticas por

grama de material ensilado como suficiente

para garantir uma fermentação apropriada à

conservação da silagem (Muck, 1988). As

bactérias láticas podem ser

homofermentativas, que produzem apenas

ácido lático, e heterofermentativas que

produzem além do ácido lático, etanol ou

ácido acético e dióxido de carbono

(McDonald et al., 1991). Os principais

gêneros de bactérias láticas são

Lactobacillus, Pediococcus, Leuconostoc,

Enterococcus e Streptococcus.

2.2.3 Alterações bioquímicas

Quatro processos biológicos podem

influenciar negativamente a ensilagem de

uma forrageira: a respiração da planta, a

atividade enzimática da planta, a atividade

clostrídica, e finalmente a atividade de

microrganismos aeróbicos. As alterações

bioquímicas que ocorrem na forrageira

iniciam-se antes mesmo da ensilagem,

imediatamente após o corte da planta, pela

ação de enzimas oxidativas da planta e

respiração de microrganismos aeróbios. A

extensão desse processo consome parte dos

carboidratos solúveis e pode comprometer a

velocidade de queda no pH das silagens por

deficiência de material prontamente

fermentável. Isso prolonga a ação de enzimas

e microrganismos indesejáveis, resultando

em perdas de MS e qualidade da silagem

(Van Soest, 1994). O material a ser ensilado

passa por um processo fermentativo

seqüencial: o primeiro estádio envolve a

rápida eliminação do O2 pela respiração das

plantas e pelas bactérias aeróbicas

facultativas. Em uma boa silagem, o O2

deveria ser eliminado em 24h. Em um

segundo estádio, as bactérias anaeróbicas

predominantes continuam o processo

fermentativo, na ausência de O2, pela

utilização de carboidratos solúveis como

substrato para produzir ácido lático em

quantidades suficientes para superar o poder

tampão da forragem e estabilizar a silagem a

um pH inferior a 4,2. Desta forma, previne-

seo, desta forma, a ação de outros

microrganismos, a proteólise e a deaminação

dos aminoácidos pelas enzimas da planta e

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21

de outros microrganismos indesejáveis

(Borges et al., 1999) que levam a perdas de

MS e comprometem o consumo de silagem

pelos animais.

2.2.4 Conteúdo de matéria seca

Segundo Knabe e Weise (1974), os fatores

que controlam as fermentações secundárias

são a atividades da água, proveniente da

própria umidade da planta, e a acidez. O teor

de matéria seca é um bom indicativo da

atividade de água e exerce maior efeito sobre

o desenvolvimento das bactérias do gênero

Clostridium sp que a acidez, pois esses

microrganismos são mais sensíveis ao teor de

umidade que as bactérias produtoras de ácido

láctico (McDonald et al., 1991). O conteúdo

de MS é considerado como o fator de maior

importância no processo de fermentação,

uma vez que a ensilagem de materiais com

excessiva umidade, não é desejável, pois

requerem níveis excessivamente altos de

carboidratos solúveis para garantir rápida

queda nos valores de pH (3,6 a 4,2) a fim de

inibir a atividade clostridiana e a degradação

protéica. Além disso, silagens com alta

umidade podem limitar o consumo

voluntário de MS e conseqüentemente, o

desempenho animal (Forbes, 1986). Segundo

McDonald et al. (1991) os valores de matéria

seca devem ser superiores a 25% para evitar

maiores perdas por efluentes e fermentações

indesejáveis. Contudo silagens de sorgo de

boa qualidade podem ser obtidas com teores

de matéria seca variando de 20% a 35%

(Meeske et al., 1993, Borges et al., 1997a,

Bernardino et al., 1997, Brito et al., 2000b,

Rocha Jr. et al, 2000a, Pires et al., 2006).

Para Van Soest (1994) os valores de matéria

seca das silagens deveriam estar em torno de

30%, pois assim, é garantido maior consumo

animal. Por outro lado, teores de matéria

seca acima de 45% podem comprometer a

qualidade da silagem por dificultar a

compactação e expulsão do oxigênio na

massa ensilada. Isso leva ao aumento da fase

aeróbica do processo de ensilagem, com

perdas de matéria seca, produção de calor

(reações de Maillard) e perda na qualidade

da silagem pela deterioração ocasionada pela

ação de microrganismos aeróbicos (fungos,

leveduras e enterobactérias). Além disso, a

fase aquosa da fermentação perde

mobilidade. Assim, produtos da fermentação

se difundem mais lentamente entre as

colônias de bactérias, não ocorrendo uma

redução eficaz do pH para inibir a ação das

enzimas da planta, enquanto que, próximo às

colônias, torna-se tão ácido que a

fermentação é inibida (Moisio e Heikonen,

1994). Pereira et al. (1993) e Silva et al.

(1999a) encontraram teores de MS de 25,0%,

28,3%, 35,4% e de 24,7%, 31,9%, 37,8%, ao

ensilar sorgos de porte alto, médio e baixo,

respectivamente. Já Pesce et al. (2000b)

obtiveram para 20 genótipos de sorgo um

teor médio de 25,7% MS (20,2% a 29,7%)

no momento da ensilagem.

2.2.5 Carboidratos fermentáveis

Teores mínimos de 8% a 10% de

carboidratos solúveis na MS são requeridos

para uma adequada fermentação. Os

principais carboidratos solúveis prontamente

fermentáveis são a sacarose, a frutose, a

glicose e as frutosanas. O amido é

geralmente estável na ensilagem, já que

maior parte das bactérias ácido láticas não

tem a habilidade de fermentar diretamente o

amido (McDonald et al., 1991). Em

condições de baixo conteúdo de carboidratos

solúveis partes dos carboidratos estruturais,

como hemiceluloses, podem fornecer

substrato energético adicional para

fermentação, podendo ocorrer consumo de

até 40% dessa fração durante o processo de

ensilagem. Segundo Henderson (1993) e Van

Soest (1994) os teores de celulose

permanecem praticamente inalterados,

exceto quando há extenso desenvolvimento

de fungos. Dados da literatura citam

concentrações de carboidratos solúveis na

MS de sorgo variando de 4% a 20%, com

redução significativa (p<0,05) nas

concentrações de carboidratos solúveis à

medida que o tempo de fermentação

progredia.

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22

2.2.6 Alterações na fração protéica

A composição da fração protéica é um fator

importante no valor nutricional da silagem.

Nas forragens frescas a maior parte do

nitrogênio esta na forma de proteína

verdadeira (75% a 90%) e pequena parte na

forma de aminoácidos livres, peptídeos,

aminas, nucleotídeos e nitratos (McDonald et

al., 1991). A concentração de nitrogênio

amoniacal em forragens é usualmente

inferior a 1%, (Oshima e McDonald, 1978),

mas com a ensilagem a degradação protéica

por enzimas das plantas e a ação de bactérias

láticas, entéricas e clostrídios alteram a

composição da fração nitrogenada na

silagem (Van Soest, 1994, Rodriguez et al.,

1998, Gonçalves et al., 1999) com a

produção de nitrogênio solúvel e nitrogênio

amoniacal (Henderson, 1993).

A proteólise inicia-se logo após o corte da

forrageira, sendo mais extensa nas primeiras

12 a 24 horas do processo fermentativo, fase

na qual cerca de 40% da proteína pode ser

solubilizada na forma de nitrogênio não

protéico. A atividade das proteases em pH 4

cai para cerca de 15% a 35% da atividade

demonstrada em pH 6 e 7. A ação das

bactérias sobre a proteína geralmente é

associada a fermentações secundárias, que

alteram o curso da fermentação dificultando

a queda do pH. Nas silagens consideradas

com bom padrão de fermentação os valores

de nitrogênio amoniacal são inferiores a 10%

do nitrogênio total, sendo a amônia derivada

principalmente da deaminação de

aminoácidos específicos, amidas, e da

redução de nitratos pelas bactérias lácticas

(Fairbairn et al., 1992). No entanto, em

silagens mal conservadas e com evidências

de fermentações indesejáveis (Clostridia e

Pseudomonas) apresentam teores de

nitrogênio amoniacal acima de 15%, o que

indica quebra excessiva da fração protéica.

Nessas silagens a degradação proteolítica

envolve consumo de ácido lático e acético

para produção de ácido butírico, resultando

em aumento do pH da silagem. Ainda,

envolve a deaminação de aminoácidos com a

formação de isóacidos e diaminas como

histamina, cadaverina e putrescina. Em suma

ocorre perda de MS, energia e valor

nutritivo, que irão limitar o consumo e

predispor a riscos na saúde do animal (Van

Soest, 1994). Os teores de nitrogênio

amoniacal em silagens de sorgo variam de

0,5% a 7,8% do nitrogênio total.

2.2.7 Valores de pH das silagens

A velocidade com que ocorre a queda do pH

é tão importante quanto o valor de pH final

para a preservação da qualidade da silagem,

pois reduz a proteólise e inibe o crescimento

de microrganismos indesejáveis. A

velocidade com que os valores de pH

decrescem são resultantes da disponibilidade

de um ambiente anaeróbico e da relação

entre substratos fermentáveis e capacidade

tamponante da forragem. Esse é exercido por

bases inorgânicas de potássio e cálcio,

proteínas, aminoácidos livres e pela

capacidade de produção de amônia (Van

Soest, 1994). De modo geral, as silagens de

sorgo já nas primeiras 24 horas de

fermentação apresentam valores de pH

capazes de minimizar a atividade proteolítica

das enzimas e bactérias e tendem a

estabilizar antes de 10 dias, transcorridos da

ensilagem (McDonald et al., 1991, Borges et

al., 1997a, Brito et al., 2000b e Rocha Jr. et

al., 2000b), com valores entre 3,6 a 4,3.

Existe uma estreita relação entre as taxas e as

extensões de queda do pH e o teor de MS da

forragem para que ocorra inibição do

crescimento de microrganismos indesejáveis

(Muck, 1988). Em condições de maior

umidade da silagem (<25% MS) há

necessidade de menores valores de pH, já em

silagens com MS acima de 45% os valores

de pH têm menor importância. Sendo assim,

valores de pH igual ou superior a 4,5

indicam deterioração nas silagens com alta

umidade e não necessariamente nas silagens

com baixa umidade (Meyer et al., 1989;

McDonald et. al., 1991; Van Soest, 1994).

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23

2.2.6 Ácidos Orgânicos das silagens

Os ácidos orgânicos mais importantes

envolvidos na determinação da qualidade das

silagens são o ácido lático, acético e butírico.

Apesar de todos os ácidos formados na

fermentação contribuírem para redução do

pH da silagem, o ácido lático é o principal

por apresentar maior constante de

dissociação (Kd), sendo responsável pela

redução do pH a valores inferiores a 4,2 e

conseqüentemente inibição de

microrganismos indesejáveis (Moisio e

Heikonen, 1994). O ácido lático é produzido

por bactérias láticas homo e

heterofermentativas e têm sua produção

máxima quando a fermentação é dominada

pelas primeiras. Segundo Muck (1988), a

conversão homofermentativa de glicose a

lactato resulta em zero e 0,7% de perdas de

MS e energia, respectivamente, enquanto a

fermentação heterolática converte glicose a

lactato, etanol, e dióxido de carbono, com

24% e 1,7% de perdas de MS e energia,

respectivamente.

Já o ácido acético é produzido por

enterobactérias, bactérias láticas

heterofermentativas e, em menor porção, por

clostridios. Os conteúdos de ácido acético

estão relacionados às menores taxas de

decréscimos e maiores valores finais de pH

nas silagens, como resultado da ação

prolongada dessas bactérias. Além de afetar

negativamente a queda do pH, as

fermentações promovidas por esses

microrganismos acarretam maiores perdas de

matéria seca e energia do material ensilado

(Muck e Bolsen, 1991). Geralmente silagens

com elevados teores de ácido lático e baixos

de ácido acético apresentam maior

instabilidade aeróbica, pois fungos e

leveduras são capazes de consumir o lactato

e reduzir a qualidade das silagens com a

exposição ao ar em silos abertos. O ácido

acético apresenta maior efeito inibitório

sobre leveduras e fungos. Assim, Driehuis et

al. (1999) e Kung Jr. (2000), em sua revisão,

destacam a sugestão de outros autores, de

utilizar inoculantes que associem bactérias

homo e heterofermentativas para elevar o

teor de ácido acético e propiciar maior

estabilidade aeróbia. Silagens bem

conservadas apresentam valores inferiores a

2,5% na MS de ácido acético (Tomich et al.,

2003).

O conteúdo de ácido butírico reflete a

extensão da atividade clostridiana sobre a

forragem ensilada e está relacionado a

menores taxas de decréscimo, maior valor

final de pH e de nitrogênio amoniacal nas

silagens, indicando processos fermentativos

ineficientes (Fisher e Burns, 1987). O

conteúdo desse ácido pode ser considerado

um dos principais indicadores negativos da

qualidade do processo fermentativo.

Também corresponde àquelas silagens que

apresentaram perdas acentuadas de matéria

seca e energia da forragem original durante a

fermentação e, freqüentemente, esse

conteúdo de ácido butírico é positivamente

correlacionado à redução da palatabilidade e

do consumo da forragem (Mcdonald et al.,

1991, Tomich et al., 2003). Em silagens bem

conservadas os teores desse ácido são

inferiores a 0,3% da MS.

2.2.6 Classificação das silagens

Os parâmetros comumente utilizados para

predizer a qualidade do processo

fermentativo e a conservação da forragem

abrangem os valores de pH, teores de matéria

seca, nitrogênio amoniacal em relação ao

nitrogênio total e os ácidos orgânicos. A

classificação por pontos de Tomich et al.

(2003) abrange esses fatores e associa o

valor de pH ao teor de matéria seca da

silagem, levando em conta os teores de

nitrogênio amoniacal em relação ao teor de

nitrogênio total e os ácidos orgânicos:

acético e butírico, como indicadores de

fermentações indesejáveis, como consta na

tabela 1.1.

Os teores de MS aumentam com a

maturidade da planta e logo estão associados

com o valor nutritivo (Andrade e Carvalho,

1992). Silagens com teores de MS inferiores

a 20% podem ter perdas de MS na forma de

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24

efluentes, já nas silagens com teores acima

de 45% MS as principais perdas ocorrem por

produção de gases (McDonald et al., 1991).

Os valores de pH obtidos, associados ao teor

de matéria seca da silagem fornecem uma

indicação da eficiência de neutralização da

atividade das enzimas proteolíticas e do

desenvolvimento de fermentações

indesejáveis.

Tabela 1.1: Qualificação da fermentação da silagem com relação ao valore de pH, associado ao

conteúdo de matéria seca (MS)

Valor de pH associado ao conteúdo de MS

Conteúdo de MS (%)

< 20 20-30 30-40 > 40 Pontos

Val

or

de

pH

< 4,0 < 4,2 < 4,4 <4,6 25

> 4,0 - 4,2 >4,2 - 4,4 > 4,4 - 4,6 > 4,6 - 4,8 20

> 4,2 - 4,4 > 4,4 - 4,6 > 4,6 - 4,8 > 4,8 - 5,0 15

> 4,4 - 4,6 > 4,6 - 4,8 > 4,8 - 5,0 > 5,0 - 5,2 10

> 4,6 - 4,8 > 4,8 - 5,0 > 5,0 - 5,2 > 5,2 - 5,4 5

> 4,8 > 5,0 > 5,2 > 5,4 0

Compilado de Tomich et al. (2003)

.

O teor de nitrogênio amoniacal fornece uma

indicação do grau de proteólise bacteriana e

a degradação de aminoácidos no silo e

juntamente com os valores de produção de

ácido butírico indica o desenvolvimento de

bactérias do gênero clostridium (Oshima e

McDonald, 1978). A semelhança do ácido

butírico, os altos teores de ácido acético

sugerem fermentações indesejáveis e perda

de MS, energia e qualidade da silagem. Esses

parâmetros em associação aos valores de

digestibilidade e teores de constituintes da

parede celular fornecem uma idéia da

qualidade da silagem e se relacionam ao

consumo e desempenho dos animais (Van

Soest, 1994). Embora o ácido lático seja

freqüentemente utilizado para a avaliação da

qualidade da fermentação, a quantidade

desse ácido necessária para reduzir

rapidamente o pH e inibir os processos que

promovem a deterioração do material

ensilado, altera-se com a capacidade de

tamponamento da forrageira e com o

conteúdo de umidade da silagem. Essa

condição além de determinar que não existe

um único conteúdo de ácido lático em

silagens que permita a eficiente conservação

da forragem, impede o estabelecimento de

níveis deste ácido como parâmetro para a

avaliação do processo fermentativo (Tomich

et al., 2003).

Na tabela 1.2 encontra-se a proposta de

qualificação da fermantação das silagens,

segundo a pontuação obtida. A fermentação

com qualificação excelente corresponde

àquela que ocorreu com perdas

N-NH3/NT (%)

Ác. Butirico Ác. Acético

(% da MS) (% da MS)

Valor Pontos Valor Pontos Valor Pontos

< 10,0 25 0,0 - 0,1 50 < 2,5 0

10,0 - 13,0 20 > 0,1 - 0,3 40 > 2,5 - 4,0 -5

> 13,0 - 17,0 15 > 0,3 - 0,5 30 > 4,0 - 5,5 -10

> 17,0 - 21,0 10 > 0,5 - 0,7 20 > 5,5 - 7,0 -15

> 21,0 - 25,0 5 > 0,7 - 0,9 10 > 7,0 - 8,5 -20

> 25,0 0 > 0,9 0 > 8,5 -25

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25

insignificantes de matéria seca e de energia e

manteve a qualidade da fração protéica da

forragem original durante a armazenagem. A

qualificação de boa fermentação indica

perdas mínimas de matéria seca e/ou de

energia e/ou pequena alteração na qualidade

da fração protéica, sem prejuízo significativo

no valor nutritivo da forragem, na sua forma

conservada. A qualificação de fermentação

regular designa silagens que apresentam

alguma perda de matéria seca e/ou de energia

e/ou alteração no valor da fração protéica, de

forma a comprometer o valor nutritivo da

silagem em relação à forragem original. A

qualificação de fermentação ruim é

apresentada por silagens que tiveram

considerável alteração no valor nutritivo da

forrageira original, representada por perdas

significativas de matéria seca e/ou energia e

redução no valor nutritivo da fração protéica,

podendo ter o seu consumo comprometido.

A qualificação de fermentação péssima

corresponde às silagens que apresentaram

processo fermentativo totalmente inadequado

à conservação da forragem, além de baixo

valor nutritivo, provavelmente, uma silagem

que não será consumida pelos animais

(Tomich et al., 2003).

Tabela 1.2: Proposta para qualificação da

fermentação das silagens

Pontuação Classificação

90 - 100 Excelente

70 - 89 Boa

50 - 69 Regular

30 - 49 Ruim

< 30 Péssima

Compilado de Tomich et al. (2003).

2.3 DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE

FORRAGEIRAS

A digestibilidade das forrageiras é um

importante parâmetro na formulação de

dietas para ruminantes. Os ensaios in vivo

envolvendo a produção animal e a

digestibilidade são os métodos mais precisos

para determinar o valor nutricional dos

alimentos. Entretanto, o custo financeiro para

que os mesmos possam ser realizados é alto,

pois requerem o uso de animais, alimentos,

mão-de-obra e tempo. Com o intuito de

reduzir estes problemas as metodologias in

vitro de avaliação de alimentos foram

desenvolvidas no sentido de viabilizar o

estudo nutricional destes.

As técnicas in vitro que utilizam

microrganismos e/ou enzimas que

reproduzam as condições do trato digestivo

dos ruminantes, pela simplicidade de

execução, baixo custo, acurácia e alta

correlação com dados obtidos in vivo têm se

tornado cada vez mais populares (Williams,

2000). O método de digestibilidade de duplo

estágio proposto por Tilley e Terry (1963) é

um dos mais utilizados para avaliação da

digestibilidade de forragens, sendo

considerado preciso em predizer o valor

energético do alimento (Minson, 1990). A

avaliação da digestibilidade de uma

forrageira torna-se importante, baseando-se

na necessidade de comparar diferentes

materiais considerando-se que os mais

digestíveis podem apresentar melhor retorno

econômico e produtivo.

2.3.1. TÉCNICA IN VITRO DE DOIS

ESTÁGIOS

A técnica in vitro para determinação da

digestibilidade da matéria seca sofreu muitas

modificações ao longo do tempo, e em 1963

Tilley e Terry desenvolveram a técnica dos

dois estágios que até hoje é amplamente

utilizada. A técnica in vitro de dois estágios

consiste da incubação de uma pequena

quantidade de amostra (0,5 g) em 10 ml de

líquido ruminal e 40 ml de solução

tamponante, em frascos mantidos em

condições de anaerobiose por um período de

48 horas. Após 48 horas de incubação a

fermentação é então paralisada pela adição

de ácido clorídrico. Em seguida o resíduo é

digerido em pepsina ácida. Após 48 horas de

digestão, a amostra é finalmente centrifugada

e seca para determinação da digestibilidade

in vitro da matéria seca. Já em 1963 a técnica

Page 27: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

26

de Tilley e Terry era capaz de estimar a

digestibilidade in vitro da MS com boa

precisão, no entanto com uma referência

mínima à dinâmica da fermentação ruminal.

Devido à necessidade de uma técnica mais

rápida para análise de rotina de forrageira a

técnica de Tilley e Terry (1963) sofreu

algumas modificações, sem sacrifícios a

acurácia ou precisão. Holden (1999) adaptou

a técnica proposta por Tilley e Terry (1963)

para a utilização do simulador de rúmen

DaisyII Ankom®, que permite a avaliação

simultânea de grande número de amostras.

Segundo Holden (1999) e Mabjeesh et al.,

(2000) o simulador de rúmen DaisyII

Ankom®, estimou com acurácia os valores

de digestibilidade in vitro em comparação ao

método tradicional e de referência proposto

por Tilley e Terry (1963), mostrando, ainda,

menos laboriosa e com menor demanda de

tempo. O DaisyII Ankom® é composto de

quatro frascos de incubação e controles de

temperatura e rotação constante. Amostras de

0,5 g dos materiais são pesados, colocados

em recipientes específicos “Bag F-57

Ankom®” (ANKOM Technology Corp.,

Fairport, NY) com porosidade de 57

mícrons, e selados em seladoras elétricas. A

obtenção da digestibilidade da MS é obtida

por diferença de pesos antes e depois da

incubação.

2.3.1.1. Fontes de variação da técnica

Fatores como o preparo das amostras e do

líquido ruminal, a porosidade dos saquinhos,

a manutenção da anaerobiose, a mistura de

tampões, o pH e a temperatura podem afetar

os estudos de fermentação in vitro (Holden,

1999, Mabjeesh et al., 2000).

Preparo das amostras

Durante o preparo da amostra a secagem

desta pode influenciar a degradabilidade da

matéria seca. A secagem em temperaturas

acima de 60°C pode reduzir em até 17% a

degradabilidade, devido alteração na

composição química do alimento,

principalmente nos constituintes

nitrogenados de forrageiras (Weiss, 1994). O

tamanho da partícula e a homogeneização da

amostra influência de forma marcante nos

resultados obtidos principalmente em

forrageiras como o sorgo pela diferença na

densidade e no valor nutritivo das partes da

planta (colmo, folhas e panículas).

Recomenda-se a moagem a 1 milimetro a

fim de minimizar essas variações.

Porosidade dos saquinhos

Na porosidade do saquinho (57 mícrons), a

perda de partículas não é um fator importante

e o impacto sobre a degradabilidade do

nitrogênio do alimento é baixo, no entanto, a

seleção de microrganismos ruminais capazes

de infiltrar nos saquinhos é ainda um

problema para o uso da técnica, tornando o

micro-ambiente dentro dos sacos diferente

daquele do conteúdo ruminal.

Líquido ruminal

A variação na qualidade do líqüido ruminal é

a principal fonte de variação nos ensaios em

in vitro que simulam o ambiente ruminal

(Rymer et al., 1999). As amostras dos

líqüidos ruminais sofrem ampla variação

pela dificuldade de amostragem

representativa da parte sólida e líquida nos

diferentes compartimentos, bem como na

preparação do inoculo (Jessop e Herrero,

1996, Bueno et al., 2005). As bactérias

celulolíticas tendem a permanecer aderidas

na fase sólida, sendo fundamental na

degradação de materiais fibrosos. Isso resulta

em variações na atividade microbiana, na

quantidade e nos espécimes da população de

microrganismos do rúmen (bactérias e

protozoários) (Pell e Schofiel, 1993). Fatores

como a dieta do animal, o momento da coleta

do líquido, a espécie do animal doador e a

diluição podem interferir nos resultados dos

ensaios (Cone et al., 1996, 2002).

Manutenção da Anaerobiose, Tampões, pH

e Temperatura

Segundo Hungate (1966), Leedle e Hespell

(1983) a manutenção da anaerobiose é

essencial na manutenção da atividade dos

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27

microrganismos celulolíticos e aminolíticos.

Nos ambientes em que anaerobiose não é

mantida há redução no número de bactérias e

protozoários ciliados ativos no liquido

ruminal (Coleman, 1985). A maioria dos

meios usa o CO2 como agente redutor e o

bicarbonato e o fosfato para neutralizar os

ácidos da fermentação, mantendo o pH entre

6,8 e 7,0. Sendo fundamental o fluxo

contínuo de CO2 durante a preparação do

meio e do inoculo para manter a viabilidade

dos microrganismos. Variações na

temperatura levam a decréscimos na

atividade e no número de microrganismos

viáveis no líqüido ruminal, esta deve ser

mantida entre 39ºC +/- 0,5ºC.

2.3.2 TÉCNICA IN VITRO SEMI-

AUTOMÁTICA DE PRODUÇÃO DE

GASES (RPT)

As técnicas in vitro de mensuração dos gases

produzidos com a fermentação de alimentos

no rúmen começaram a se desenvolver com a

identificação da íntima relação entre

produções de gases e fermentação dos

alimentos (Quin, 1943). As técnicas de

mensuração da produção cumulativa de

gases foram desenvolvidas para predizer a

fermentação dos alimentos para ruminantes

(Rymer et al., 2005). No entanto, a técnica de

produção de gases foi introduzida como

método de rotina na avaliação de alimentos

apenas após o trabalho de Menke et al.

(1979) no qual foi descrita a elevada

correlação entre a produção de gases in vitro

e a digestibilidade aparente in vivo.

Atualmente as principais metodologias

usadas são o teste das seringas de vidro

graduadas (Menke e Ehrensvard, 1974);

técnica do transdutor manual (Theodorou et

al., 1994); sistemas automáticos (Pell e

Schofield, 1993), e semi–automáticos

(Maurício et al., 1999).

2.3.2.1 Metodologias

Na metodologia de seringas de vidro

graduadas o volume de gases produzidos era

correspondente ao deslocamento do êmbolo

das seringas (Menke e Ehrensvard,, 1974). A

produção de gases após 24 horas de

incubação era associada aos valores da

análise bromatológica dos alimentos

(proteína bruta, fibra bruta, extrato etéreo e

cinzas) para estimar a energia metabolizável.

Blümmel e Ørskov (1993) adaptaram a

técnica e passaram a fazer leituras periódicas

de produção cumulativa de gases, iniciando

os estudos sobre a cinética de fermentação

dos alimentos pela produção de gases.

Já Pell e Schofield (1993) propuseram um

sistema automático e computadorizado para

leitura da produção de gases das amostras

utilizando sensores de pressão. O método,

embora eficiente, apresentava elevado custo,

baixa capacidade numérica para avaliação de

alimentos e os gases produzidos não eram

liberados. Outros sistemas automáticos

foram propostos por Davies et al. (1995) e

Cone et al. (1996) que criaram sistemas

automáticos, que permitia o escape dos gases

após as leituras de pressão.

No entanto, Theodorou et al., (1994)

propuseram um sistema em que a pressão é

medida diretamente pelo transdutor manual

(psi) e o volume de gás (ml) por seringas

plásticas acopladas ao transdutor e ao frasco

de fermentação através de uma válvula de

três saídas. O método permite leituras em

intervalos regulares e os gases são removidos

após cada leitura, permitindo a construção

gráfica do volume de gases acumulado e o

tempo de fermentação. Desta forma o perfil

de produção cumulativa de gases representa

a cinética do processo fermentativo. A curva

de produção de gases foi matematicamente

descrita por France et al. (1993). As

principais vantagens desta técnica

(Theodorou et al., 1994) em relação ao

método de Menke et al. (1979) foram o

aumento do número de substratos a serem

testados e a rapidez das leituras. Esta técnica

foi adotada no Departamento de Agricultura

da University of Reading (UK) para

avaliação de forrageiras tropicais,

temperadas bem como de outros alimentos.

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28

A evolução da técnica de Theodorou et al.,

(1994) resultou no sistema semi-automático,

proposto por Maurício et al. (1999). Esses

autores eliminaram as leituras através das

seringas e passaram a estimar o volume de

gases através dos dados de pressão pela

função quadrática derivada de leituras

simultâneas de pressão e volume de gases

produzidos. Estes mesmos autores

desenvolveram um "software" que permitiu o

envio direto de dados do transdutor de

pressão para um micro-computador e semi-

automatizaram a técnica, possibilitando um

incremento na acurácia das leituras e no

número de leituras, melhora na descrição da

lag time e na capacidade de avaliar um

grande número de alimentos por

experimento]. Além disso, o sistema é

relativamente barato, de fácil manutenção, de

fácil adaptabilidade e com redução

considerável no tempo de mensuração.

2.3.2.2 Produtos da fermentação

Os gases gerados de forma direta na

fermentação dos carboidratos e de forma

indireta na neutralização dos ácidos graxos

voláteis pelo tampão bicarbonato presente no

líquido ruminal ou saliva artificial são os

gases medidos nas técnicas in vitro de

produção de gases (Getachew et al., 1998).

Os principais produtos finais oriundos do

consórcio ruminal de bactérias, fungos e

protozoários são os ácidos: acético,

propiônico e butírico, além do gás carbônico

(CO2), metano (CH4) e hidrogênio (H2) e a

produção destes gases pode ser utilizada para

o estudo da taxa e extensão da degradação

ruminal (Hobson e Stewart, 1997, Stern et

al., 1997; Williams, 2003).

Os gases são produzidos principalmente

quando o substrato é fermentado a acetato e

butirato. Já o substrato fermentado a

propionato produz gases apenas do

tamponamento do ácido, com relativamente

pequena quantidade de gás sendo produzido

a partir do propionato. A proporção molar

dos ácidos graxos de cadeia curta (acético,

butírico e propiônico) produzida tem estreita

relação com o tipo de substrato fermentado.

Carboidratos rapidamente fermentáveis

produzem relativamente maiores proporções

de propionato do que de acetato, e

conseqüentemente menos gases diretos.

Desta maneira a comparação de substratos

diferentes deve levar em conta relação

acetato: propionato no final da fermentação

(Williams, 2000).

Hungate (1966) descreveu a estequiometria

das reações da fermentação das hexoses no

rúmen:

1 mol de hexose + 2 H2O 2 Acetato +

2 CO2 + 4 H2

1 mol de hexose + 2 H2 2 Propionato

+ 2 H2O

1 mol de hexose 2 Butirato +

2 CO2 + H2

CO2 + 4 H2 CH4 + 2H2

2.3.2.3 Aplicações da técnica in vitro de

produção de gases

Avaliação de alimentos

Segundo Menke e Steingass (1988) a

predição da energia metabolizável dos

alimentos é mais acurada quando baseada em

dados de composição química e de produção

de gases, do que apenas em dados de

composição química. Ainda neste trabalho,

os autores relatam os efeitos associativos de

diferentes alimentos, assumindo que as

mesmas interações que ocorrem in vivo,

também devem ocorrer in vitro.

Esta técnica permite a avaliação de várias

espécies, híbridos e genótipos de forrageiras

(Pell e Schofield, 1993; Campos et al., 2000;

Leite et al., 2002; e Tomich et al., 2002)

sobre diferentes condições de produção

(Doane et al., 1997, Maurício et al., 2001b e

Noguera et al, 2005) e/ou tratamentos físicos

(Oliveira et al., 2002) e químicos (Faria et

al., 2002) quanto a fermentabilidade de seus

substratos. Esta técnica permite, ainda, a

incubação de mais de um alimento em um

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29

mesmo frasco de fermentação, podendo ser

útil para determinar o nível ótimo de

inclusão de um determinado alimento na

dieta (Campos et al, 2000).

Vários trabalhos têm investigado a técnica in

vitro de produção de gases para avaliar a

ação de fatores antinutricionais (taninos,

saponinas e alcalóides) sobre o valor

nutritivo de alimentos (Khazaal e Ørskov,

1994; Khazaal et al., 1996) e sobre a

microbiota ruminal. Esta técnica, ainda, tem

sido sugerida na predição da eficiência de

agentes ligantes como polietilenoglicol

(PEG) e polivinilpolipirrolidona (PVP)

(Makkar et al., 1995, Khazaal et al., 1996,

Mlambo et al., 2000, Schofield, 2000).

A estimativa das taxas de digestão das

frações solúveis e insolúveis dos

carboidratos pela técnica de produção de

gases foi proposta por Pell e Schofield

(1993), a fim de fornecer dados para serem

usados em modelos nutricionais (Schofield,

2000). Através da subtração das curvas de

produção de gases do alimento intacto e da

curva obtida pelo resíduo de FDN deste

mesmo alimento, podem ser estimados a

curva de produção de gases para a fração

solúvel em detergente neutro e seus

respectivos parâmetros de degradação

(Schofield e Pell, 1995, Noguera et al.,

2005).

Predição de consumo

De acordo com Minson (1990) a principal

barreira para utilização de uma forrageira é a

capacidade de consumo voluntário desta.

Segundo Getachew et al. (1998) as

avaliações de produção in vitro de gases têm

sido extensivamente utilizadas para

caracterização da cinética de fermentação e

para predição do consumo voluntário, com

significante correlação entre a produção de

gases e o consumo de matéria seca (Blümmel

et al.,1997). Contudo a produção de gases

não considera a produção microbiana. Diante

disso, deve-se associar a degradação dos

substratos após 24 horas de incubação.

Assim a determinação conjunta da produção

de gases com a degradabilidade do substrato

no período de 24 horas permitem o cálculo

da taxa do fator de partição do substrato

degradado a um volume de gases produzidos,

o qual reflete a variação na proporção de

substrato degradado incorporado como

massa microbiana.

Blümmel e Ørskov (1993) além de

encontrarem altas correlações (r= 0,88) entre

os parâmetros de produção de gases e o

consumo de MS, observaram também altas

correlações destes parâmetros com a ingestão

de MS digestível (r= 0,93) e taxa de

crescimento dos animais (r= 0,95).

Rodrigues et al. (2002) também conseguiram

predizer a ingestão de MS em ovelhas

adultas através de correlações com os dados

obtidos pela técnica de produção de gases.

Estimativa de produção de biomassa

microbiana

Alguns substratos apresentam diferenças na

eficiência na síntese microbiana, com altos

volumes de gases, porém, apresentando

comparativamente baixa produção de

biomassa. Sendo assim, parâmetros

complementares como os ácidos graxos

voláteis, amônia e dosagem de produção de

proteína microbiana são importantes na

avaliação de alimentos pelas técnicas de

digestibilidade in vitro. Segundo Williams

(2000), a metodologia de produção de gases

pode ser adaptada para avaliar a produção de

biomassa microbiana. Por meio da diferença

obtida entre os valores de digestibilidade in

vitro verdadeira e aparente em conjunto com

a utilização de cálculos estequiométricos é

possível estimar a produção de massa

microbiana (Blümmel et al., 1997, Getachew

et al., 1998). Rymer et al (1999) usaram

metodologia semelhante a citada

anteriormente e descrevem equações que

estimam a produção de massa microbiana

para diversos alimentos.

2.3.2.4 Fontes de variação da técnica in

vitro de produção de gases

Preparação da Amostra

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30

A secagem de amostras a baixa temperatura

por períodos mais prolongados são mais

recomendadas para se evitar alterações no

valor nutritivo causadas pelo calor (Van

Soest, 1994). Segundo Vik-Mo (1989) a

utilização de microondas, liofilização e

secagem a frio de amostras de silagens

podem reduzir as alterações indesejáveis,

com melhor conservação dos ácidos graxos

voláteis e da fração nitrogenada. As técnicas

in vitro de produção de gases requerem

moagens finas para garantir a

homogeneidade, já que utilizam pequena

quantidade de substrato (0,2 a 1 grama).

Contudo o tamanho da partícula altera a taxa

de degradação pela variação da área

superficial disponível para a colonização da

microflora ruminal (Mould et al., 2000).

Diante disso é importante a padronização do

tamanho das partículas, assim a maioria das

técnicas utilizam amostras moídas a 1

milimetro. (Menke et al., 1979; Pell e

Schofield, 1993; Theodorou et al., 1994;

Mauricio et al., 1999a).

Fluido ruminal

Em relação ao líquido ruminal é importante

descrever as condições em que este foi

obtido, uma vez que este pode variar em

qualidade e homogeneidade de acordo com a

espécie, raça, dieta, condição fisiológica,

sexo e hora de coleta em relação ao horário

de alimentação (Pereira, 2003) e estes fatores

podem afetar o perfil de degradação dos

substratos incubados (Schofield, 2000).

Mauricio et al. (1999a) afirmaram que o

líquido ruminal coletado de duas a quatro

horas após a refeição apresenta aumento da

população microbiana, com tendência a

domínio de espécies sacarolíticas e

aminolíticas. Williams (2000) afirmaram que

o líquido ruminal coletado pela manhã antes

do fornecimento da dieta é menos ativo que

aquele coletado duas horas após a refeição,

porém, apresenta melhor homogeneidade na

sua composição e atividade. Menke et al.

(1979), Theodorou et al. (1994), Cone et al.

(1996) e Maurício et al. (1999) recomendam

a coleta do líquido ruminal antes da refeição

do animal, já Pell e Schofield (1993)

recomendam a coleta 2 horas após a refeição.

Segundo Mauricio et al. (1999a) o líquido

ruminal deve ser coletado de várias partes

distintas do rúmen, e o transporte realizado

em garrafas térmicas completamente cheias,

para total eliminação do oxigênio. Vários

métodos são utilizados para coleta do fluido

ruminal. Para estudos de digestibilidade in

vitro a filtragem direta é a metodologia mais

utilizada, recuperando muitos

microrganismos, especialmente os

celulolíticos. Após a coleta a manutenção das

condições de anaerobiose é conseguida

gaseando-se a superfície continuamente com

CO2.

A quantidade de líqüido ruminal varia entre

as diferentes metodologias, mas não existem

diferenças na produção total de gases quando

se compara concentração alta ou baixa de

líqüido ruminal, ocorre apenas um aumento

na taxa de produção de gases nas primeiras

24 horas com maior quantidade de líqüido

ruminal (Hidayat et al., 1993, Pell e

Schofield, 1993). Segundo estes autores a

maior quantidade de bactérias aumenta a

taxa, mas não a extensão da digestão,

podendo-se afirmar assim que a taxa de

digestão no rúmen é afetada pelo ambiente

ruminal, mas a extensão é controlada pela

composição da forrageira. Menke et al.

(1979) e Cone et al. (1996) usam 33% de

líqüido ruminal, contra 25% de Pell e

Schofield (1993) e 10% de Theodorou et al.

(1994) e Maurício et al. (1999).

Tamponamento

O rúmen é um sistema onde há um constante

influxo de água e ingesta, e produção de

ácidos oriundos da fermentação. O pH

ruminal, entretanto, permanece constante (6-

7) uma vez que os ácidos da fermentação são

removidos do meio por absorção através da

parede ruminal, fluxo para os

compartimentos seguintes e/ou neutralizados

pelo sistema tampão. Existe alguma

variação na composição das salivas artificiais

utilizadas por diferentes laboratórios, mas de

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31

uma maneira geral, seguem as proporções do

estudo de McDougall (1948). Recomenda-se

um tampão bicarbonato e fosfato, uma fonte

de nitrogênio, solução mineral e resazurina

como indicador do potencial redox. Durante

a preparação do meio recomenda-se a

contínua utilização de CO2 para manutenção

do baixo potencial redox para que não haja

prejuízo aos microrganismos estritamente

anaeróbicos, como os celulolíticos e

aminolíticos.

Para garantir um ambiente propício a

fermentação e ao desenvolvimento dos

microrganismos ruminais, os valores de pH

do líquido ruminal não devem ser inferiores

a 6,0, tendo como valores ótimos 6,2 a 6,8

(Russel e Dobrowski, 1980, Schofield,

2000). Se estes valores abaixarem muito (pH

< 6,0), as bactérias celulolíticas podem

tornar-se menos ativas (Russel e Dobrowski,

1980) e, além disto, ocorrer uma redução na

produção de dióxido de carbono por mol de

ácido graxo produzido (Beuvink e Spoelstra,

1992).

Temperatura e Pressão

O controle de temperatura a 39ºC deve ser

feito de forma criteriosa, pois a atividade

microbiana, o volume de gases produzidos e

a pressão são influenciados diretamente pela

temperatura (Schofield, 2000). A altitude

local de cada laboratório onde se realiza a

técnica in vitro semi-automática de

produções de gases influência na relação

pressão e volume, como demonstrado por

Mauricio et al. (1999b). Segundo esse autor

em Piracicaba-SP, no Centro de Energia

Nuclear na Agricultura (CENA, altitude 780

m), a relação indica 1 psi = 4,35 ml de gás, já

na Inglaterra (altitude 66 m), 1 psi = 3,95 ml,

e no Laboratório de Nutrição Animal da

Escola de Veterinária da UFMG- Belo

Horizonte/MG (altitude 836 m) 1 psi = 4,38

ml. Isso demonstra que a instalação da

técnica semi-automática requer a obtenção

de equações específicas para cada local e

respectiva altitude.

2.3.2.5 Modelagem da cinética de

produção de gases

Para descrever a correta interpretação dos

resultados da cinética de fermentação

ruminal é importante ajustar os dados ao

modelo utilizado (Fondevilla e Barrios,

2001). A princípio as equações propostas

para experimentos in situ foram empregadas

na técnica in vitro de produção de gases, e

continuamente vários outros modelos têm

sido propostos com este propósito (Ørskov e

McDonald, 1979; McDonald, 1981; France

et al. 1993; Schoefield et al., 1994; France et

al. 2000; France et al., 2005).

Inicialmente, o modelo de Ørskov e

McDonald (1979) foi adaptado para a

produção in vitro de gases. Este modelo

assume uma taxa fracional constante de

produção de gases in vitro durante todo o

processo e que todos os componentes

solúveis e produtos da hidrólise são

fermentados, além de considerar que o

substrato tem composição homogênea, fatos

que não são realidade. Já France et al.

(1993) assumiram que a taxa fracional de

degradação pode variar ao longo do processo

de degradação e propuseram um modelo

aplicável às condições in vitro. Schofield e

Pell (1994) e Groot et al. (1996)

demonstraram que a produção de gases do

alimento é resultante da fermentação de uma

fração rapidamente disponível, outra

lentamente fermentável e finalmente uma

contribuição oriunda da reciclagem de massa

microbiana e propuserem equações com

ajustes multifatorais, com equações

bicompartimental e com ajuste

tricompartimental, respectivamente

(Fondevilla e Barros, 2001).

Os modelos multicompartimentais são mais

adequados quando se usa um número muito

grande de leituras, como ocorre nos sistemas

completamente automatizados, porém isto

não ocorre quando o número de leituras é

limitado (Fondevilla e Barros, 2001). A

equação de France et al. (1993), apesar de

apresentar interpretação fisiológica

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32

questionável, pode ser a mais apropriada

nestas condições. Uma comparação

matemática de ajustes de modelos de curvas

de produção de gases (Dhanoa et al, 2000)

mostrou que a equação de France et al.

(1993) é melhor adaptada em descrever a

cinética de produção dos gases devido a sua

flexibilidade em ajustar dados que

apresentem ou não forma sigmoidal.

France et al. (1993) propõem um modelo

para descrever à cinética de produção in vitro

de gases, assumindo que a taxa de

degradação pode variar durante o processo

de degradação, conforme mostra a equação:

Y = A * [1-exp(-b(t-lag)-c(√t-√lag))]

Em que,

Y é a produção acumulada de gases (ml);

A é o potencial máximo de produção in vitro

de gases (ml)

b e c são as taxas fracionais constantes

(horas-1

e horas-0,5

respectivamente);

lag é o tempo de colonização (horas);

t é o tempo de incubação (horas).

2.3.2.6 Avaliação de silagens de sorgo

Mauricio et al. (2003) avaliaram as silagens

dos sorgos BR700, BR701, BR601 e

AG2002 pela técnica in vitro semi-

automática de produções de gases. Esses

autores relataram potencial máximo de

produção de gases (A) de 166 a 194 ml,

tempo de colonização (Lag time) de 2,1 a 2,4

horas e taxa de fermentação (µ ) de 0,044 a

0,056 ml/g de MS/h. A degradabilidade da

MS com 96 horas obtidas por essa técnica

(59% a 65%) foram próximas aos valores de

digestibilidade obtidos pela técnica in vitro

(Tilley e Terry, 1963) e degradação da MS in

vivo. Cabral et al. (2002) e Souza et al.

(2003) avaliaram a digestibilidade in situ e in

vitro das silagens de diferentes cultivares de

sorgo (alto e baixo tanino) e encontraram

valores de degradabilidade da MS em 96h

próximos de 60%. Pires (2007) avaliou

silagens de quatro híbridos de sorgo

(CMSXS165, BR601, BR700 e CMSXS114)

e relatou valores de A de 173 a 212 ml, de

Lag time de 1,35 a 1,88 horas e µ de 0,019 a

0,034 ml/g de MS/h. Os valores de

degradabilidade da MS variaram de 53,8% a

69,0%. Já Araújo (2006) avaliando seis

híbridos de sorgo encontrou valores de A de

177,3 a 185,0, de Lag time de 1,12 a 1,75

horas e de µ de 0,026 ml/g de MS/h.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NOVOTNY, E.H., Manejo do solo para

cultivo de sorgo. (Comunicado técnico 89/

EMBRAPA MILHO E SORGO), 2003.

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http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/p

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dezembro de 2007.

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Estádio de maturação na produção e

qualidade da silagem de sorgo. II -

Digestibilidade e consumo da silagem.

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ARAÚJO, V.L., Características

agronômicas e avaliação de silagens de 25

híbridos de sorgo. 2006, 80p. Tese

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42

CAPÍTULO II: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO HÍBRIDO DE

SORGO BRS-610 EM OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO.

RESUMO: Avaliou-se o stand, a altura, a porcentagem de colmo, folhas e panículas, as produções

de matéria verde (PMV), de matéria seca (PMS) e matéria seca digestível (PMSD), em toneladas

por hectare, da planta, do colmo, da folha e da panícula do sorgo BRS-610 com as plantas colhidas

em oito estádios de maturação de grãos (enchimento-E1, leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-

E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7, seco-E8). O delineamento utilizado foi

inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento, e as médias foram comparadas

pelo teste Scott-knott (p<0,05) e realizou-se o estudo de regressão pelo pacote estatístico SAEG

9.1(2007). A altura e o stand das plantas apresentaram médias de 2,43 m e 155,2 mil plantas/ha. As

menores porcentagens de colmo (46,1%) foram observadas entre E4 e E7. Houve redução nas

porcentagens de folhas (27,2% para 8,6%), já as panículas aumentaram (37,9% para 42,87%) até o

E5, não diferindo nos cortes sucessivos. As PMS e PMSD da planta reduziram a partir de E5. As

PMS e PMSD (t.ha-1

) das frações de colmo e folha reduziram com o avanço da idade da planta e as

principais alterações ocorreram entre E4 e E6. Já a panícula apresentou comportamento quadrático

para as PMV, PMS e PMSD (t.ha-1

), com os maiores valores entre E4 e E6 para as duas últimas.

Para os parâmetros avaliados o sorgo BRS-610 deve ser colhido no estádio de grãos

pastoso/farináceo.

Palavras chaves: colmo, estádios de maturação, folha, panícula, produção, sorgo.

AGRONOMICS CHARACTERISTICS OF THE HYBRID OF SORGHUM BRS-610 IN

EIGHT STAGES OF MATURATION

ABSTRACT: The stand, the height, the percentage of steam, leaves and panicles, the productions

of green matter (PGM), dry matter (PDM) and digestible dry matter (PDDM), in tons for hectare,

of the plant, steam, leaf and panicle of sorghum BRS-610 with the plants harvested to the eight

stages the grain maturation (early grain fill -E1, milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4,

soft dough/Floury-E5, Floury-E6, hard dough-E7, dry-E8 ) was evaluated. It was used a complete

randomized design, with four repetitions for treatment, and the means had been compared by the

test Scott-knott (p<0.05) and had were accomplished the regression study by program statistician

SAEG 9.1 (2007). The height and stand of the plants had presented 2.43 m and 155.2 a thousand

plants/ha means. The minors percentage of steam (46,1%) had been observed among E4 and E7. It

had reduction in percentage of leaves (27.2% to 8.6%), already panicles had increased (37.9% to

42.87%) until the E5, not differing in the successive cuts. The PDM and PDDM, of the plant had

reduced from E5. The PDM and PDMD (t.ha-1

) of the fractions of steam and leaf had reduced with

the advance of the age of the plant and the main alterations had occurred between E4 and E6.

Already panicle presented quadratic behavior for the PGM, PDM and PDMD (t.ha-1

), with the

biggest values among E4 and E6 for the two last ones. For the evaluated parameters the sorghum

BRS-610 must be harvested to the on soft dough/dough grain stage

Key words: leaf, maturation stage, panicle, production, sorghum, steam..

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43

1. INTRODUÇÃO

O sorgo é uma cultura rústica que tolera

elevadas temperaturas, vegeta em ampla

faixa de solos e apresenta boa resistência ao

estresse hídrico. No entanto, a exigência em

umidade torna-se crítica nos períodos logo

após a germinação, nas fases de polinização

e enchimento dos grãos (Antunes, 1979). O

sorgo BRS-610 é um híbrido que se destaca

quanto à resistência a pragas e doenças e

apresenta boa adaptabilidade às condições de

cerrado pela tolerância à acidez do solo.

Os critérios para a seleção de híbridos de

sorgo para silagem têm sido, principalmente,

a altura da planta, a produtividade, a

produção de grãos, a resistência a doenças e

pragas e a tolerância à seca (Zago, 1991).

Atualmente os programas de melhoramento

genético do sorgo vêm buscando materiais

que associem boa produção de matéria seca e

bom equilíbrio entre proporção de colmo,

panículas e folhas, a fim de se obter

materiais de maior valor nutritivo e melhor

rendimento.

De acordo com Pesce et al. (2000) a

produtividade de matéria seca aumenta

segundo a altura da planta ou seu

amadurecimento. Lusk et al (1984) e Pereira

et al (1993) relatam que a produtividade do

sorgo para produção de silagem pode ser

mais elevada que a do milho, principalmente

em condições marginais de cultivo.

A produção de matéria seca por hectare de

uma forrageira destinada à produção de

silagem é uma característica importante a ser

considerada na avaliação econômica do

sistema de produção de volumosos. Segundo

Valente (1992) produções de matéria verde

inferiores a 40 toneladas tornariam a

atividade inviável economicamente. As

produções de matéria seca são muito

variáveis, em função da ampla variedade de

materiais, condições de manejo, condições

edafoclimáticas, época de cultivo e idade da

planta, e variam de 5,1 a 27,8 t.ha-1

para

sorgos de porte médio a alto (Rocha Júnior et

al., 2000, Molina et al., 2002, Pedreira et al.,

2003, Gontijo Neto et al., 2004). De acordo

com Pires et al (2006) as produções de

matéria seca de dois híbridos de sorgo de

duplo propósito e de um híbrido forrageiro

aumentaram com o avanço do estádio de

maturação, sendo os maiores valores

observados nos estádios de grão pastoso e

farináceo.

A proporção de grãos na planta de sorgo, no

momento de ensilagem, está relacionada à

qualidade das silagens, porque neles

encontram-se a maior fração energética

disponível da planta. Além disso, são os

principais responsáveis pela elevação do teor

de matéria seca com o avançar do estádio de

maturação da planta. Segundo Silva et al.

(1999), 40 a 50% da MS deveria ser

composta de grãos no momento da

ensilagem, com o objetivo de garantir

qualidade e consumo da silagem. Relatos da

literatura indicam porcentagens de colmo na

planta de sorgo de 20,3% a 83,9% na MS,

proporções de folhas de 8,5% a 35,0% e de

panículas de 8,9% a 59,2%.

A altura da planta pode estar correlacionada

positivamente com a produção de matéria

natural e matéria seca. Entretanto,

geralmente se correlacionam também

positivamente com porcentagem de colmo e

com a porcentagem de acamamento,

características pouco desejáveis para a

produção eficiente de forragem (Corrêa ,

1996).

O objetivo deste experimento foi avaliar as

características agronômicas do híbrido de

sorgo BRS-610 (Sorghum bicolor (L.)

Moench) em oito estádios de maturação .

Foram avaliadas as produções de matéria

verde, de matéria seca e de matéria seca

digestível da planta inteira e suas partes

(colmo, folha e panícula,) convertidas em

toneladas por hectare, o número de plantas

por área, convertida em mil plantas/hectare, a

altura e a proporção das partes em relação à

planta inteira.

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44

2. MATERIAL E MÉTODOS

O híbrido de sorgo BRS-610, de colmo seco,

sem tanino, obtido do cruzamento dos sorgos

CMSXS 232A X CMSXS 234R, pertencente

ao programa de melhoramento genético de

sorgo da Embrapa Milho e Sorgo foi

cultivado, colhido e ensilado na EMBRAPA

Milho e Sorgo, localizada no km 65 da MG

424, no município de Sete Lagoas, em Minas

Gerais, entre 19º28’ de latitude Sul e 44º15’

de longitude Oeste de Greenwich, com

altitude média de 732 metros, no ano

agrícola de 2004/2005.

O material foi semeado em canteiros de 7 m

de comprimento e 3,5 m de largura, com

espaçamento entre linhas de 0,70 m e o corte

foi realizado rente ao solo em duas linhas

centrais, descartando-se um metro nas

extremidades dos canteiros. O sorgo foi

plantado em 26 de novembro de 2004, com o

florescimento ocorrendo em 16/02/2005 aos

82 dias de idade da planta e os cortes foram

realizados em intervalos de sete dias, nas

datas a seguir: 23/02/2005, 02/03/2005,

09/03/2005, 16/03/2005, 23/03/2005,

30/03/2005, 06/04/2005, 13/04/2005. Os

cortes correspondem as oito estádios de

maturação dos grãos da planta (E1, E2, E3,

E4, E5, E6, E7 e E8), conforme descrito na

tabela 2.1.

Tabela 2.1: Estádios de maturação avaliados

Dias pós-plantio Dias pós- florescimento Estádios de maturação Estádios dos grãos

89 7 E1 Enchimento

96 14 E2 Leitoso

103 21 E3 Leitoso/Pastoso

110 28 E4 Pastoso

117 35 E5 Pastoso/farináceo

124 42 E6 Farináceo

131 49 E7 Duro

138 56 E8 Seco

Ao corte foram avaliados a altura das plantas

(cm) e o número de plantas da área colhida

(número de plantas colhidas convertido em

mil plantas por hectare foi obtido por

multiplicação pelo fator de conversão: 10/(2

linhas * 5metros * 0,7 m de espaçamento

entre linhas) = 1,43). O material amostrado

de cada canteiro foi pesado, para avaliação

da produção de matéria verde e seca por

hectare. Para estimativa da produção por

hectare multiplicou-se a produção do

canteiro pelo fator de conversão 1,43. Desse

material, dez (10) plantas foram fracionadas

e suas partes pesadas para determinação da

proporção de colmo, folha e panícula.

Amostras da planta e suas frações foram

imediatamente picadas em picadeira

estacionária, amostradas de forma

homogênea e identificadas. Posteriormente

foram levados ao Laboratório de Nutrição

Animal da Escola de Veterinária da UFMG,

onde os materiais foram submetidos à

pesagem e pré-secagem em estufa de

ventilação forçada a 55°C durante 72 horas.

Após este período o material foi deixado à

temperatura ambiente por duas horas, para

estabilização e obtenção de peso constante, e

imediatamente pesado para determinação da

matéria pré-seca. As amostras pré-secas

foram então moídas em moinho tipo Willey

utilizando peneira de um milímetro,

amostrados e armazenados em recipientes de

polietileno com tampa. As amostras foram

submetidas à determinação de matéria seca

em estufa a 105°C (AOAC, 2000) e

digestibilidade “in vitro” da matéria seca,

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45

segundo procedimento descrito por Tilley e

Terry (1963), adaptado por Holden (1999)

para utilização do simulador de rumem

DaisyII ANKOM

®

O delineamento estatístico foi inteiramente

casualizado com quatro repetições

(canteiros) por corte. Descrito pelo modelo

estatístico:

Yij= µ+ Τi + €ij

em que,

Yij =observação da variável resposta no

estádio de maturação “i”

µ = média geral

Τi = efeito do estádio de maturação da

planta; i = E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8

€ij = erro aleatório no estádio de maturação

“i”; €ij N (0, 1)

Os dados obtidos foram submetidos á análise

de variância e determinou-se as correlações

de Pearson entre as variáveis. As

comparações das médias foram realizadas

pelo teste de agrupamentos Scott-Knott, em

nível de 5% de probabilidade e determinou-

se as equações de regressão para as variáveis

analisadas em função das idades de corte

pelo pacote estatístico SAEG 9.1 2007.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Stand

Na tabela 2.2 encontram-se os números de

plantas colhidas, convertido em mil plantas

por hectare em oito estádios de maturação da

planrta, E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8. O

número de plantas (stand) sofreu variação

(p<0,05) entre os cortes, variando de 115 a

207 mil plantas por hectare, com média de

155 mil plantas/ha, valor próximo as 161 mil

plantas/ha encontradas por Ferreira (2005)

para o híbrido BRS-610. Segundo Corrêa

(1996) a utilização de canteiros pequenos

podem ser responsáveis pela variação no

stand de plantas, o que justifica em parte a

variação encontrada entre os cortes. Esse

autor cita ainda a possibilidade de ataque de

pragas às plantas ainda jovens.

Tabela 2.2. Stand (mil plantas por hectare) e alturas (cm) do sorgo BRS-610 colhido em oito

estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)

Idade da planta ao corte em dias

Variável E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Stand1

163,6 b 207,5 a 160,7 b 140,7 c 161,4 b 115,0 d 147,5 c 145,0 c 155,2

Altura2

(cm) 248 a 255 a 259 a 250 a 263 a 234 b 220 b 213 b 243

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação: 1:

8,58% e 2: 5,29%; Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5-

pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco. Stand (mil plantas por hectare).

Altura

Como pode ser observada na tabela 2.2, a

altura das plantas variaram de 213 a 263 cm,

com média de 243 cm, que o classifica como

sorgo forrageiro (Zago, 1991; Rodrigues et

al., 2004). Houve redução (p<0,05) na altura

da planta entre o sexto e sétimo corte. Essa

redução não era esperada e provavelmente

ocorreu por variação das plantas, como

sugerido por Corrêa (1996) que também

observou variação na altura de três híbridos

de sorgo colhidos em oito estádios de

maturação. Já Araújo (2002) não observou

variação da altura dos híbridos de sorgo

(BR700, BR701 e Massa-3) com o avanço da

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46

maturidade do estádio de grãos leitoso ao

duro. Apesar da variação ocorrida nesse

experimento a altura média (243 cm) foi

semelhante ao descrito por Oliveira et al.

(2005) para o híbrido de sorgo BRS-610.

Porcentagens de caule, folhas e panícula

Na tabela 2.3 estão as médias obtidas para

caules, folhas e panículas, como

porcentagem da matéria seca da planta

inteira em oito estádios (E1, E2, E3, E4, E4,

E5, E6, E7 e E8) de maturação dos grãos.

As porcentagens das partes da planta (colmo,

folha e panícula), entre E1 e E8 variaram

com o avançar do estádio de maturação da

planta e apresentaram correlações

significativas (p<0,001) e elevadas com o

estádio de maturação da planta; folhas (r= -

0,91); panícula (r= 0,82) e colmo (r= -0,42).

O colmo apresentou a maior porcentagem na

planta em comparação a folha e a panícula

por todo o período experimental. Essas duas

últimas inverteram suas participações entre

E3 e E4 permanecendo assim nos cortes

subseqüentes.

Tabela 2.3. Porcentagens (%) de colmo, folha e panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de

maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média4

Colmo1

58,74 a 59,39 a 54,11 a 45,75 b 45,70 b 44,50 b 48,92 b 53,45 a 51,32

Folha2

27,20 a 22,23 b 16,83 d 19,26 c 14,96 d 12,63 e 11,89 e 8,65 f 16,71

Panícula3

14,06 a 18,38 d 29,07 c 34,99 b 39,34 a 42,87 a 39,19 a 37,89 a 31,97

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott. Coeficiente de variação: 1:

7,82%; 2: 11,68%; 3: 12,27%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4-

pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Colmo

De modo geral houve diluição na

participação da fração de colmo pelo

aumento da panícula com o avançar da

maturidade da planta, semelhante ao

observado por Zago e Pozar (1991), Corrêa

(1996) e Araújo (2002). As porcentagens de

colmo foram inferiores (p<0,05) e

semelhantes entre si nos cortes realizados

entre E4 (pastoso) e E7 (duro). A equação de

regressão quadrática;%Colmo= 289,72 -

4,0774x + 0,0171x2, R

2 = 0,81, em que x

corresponde a idade de corte da planta,

indica efeito quadrático dessa fração em

relação a idade de corte, que pode ser melhor

visualizado graficamente na Figura 2.1. A

tendência de aumento na porcentagem de

colmo observada a partir de E6 está

associada à redução (p<0,05) das frações de

folhas e da panícula, mesmo que esta não

tenha sido significativa. Como observado na

tabela 1.3 a porcentagem de colmo variou de

45,50% a 59,39%. As porcentagens de colmo

obtidos neste experimento para as plantas

colhidas no estádio de grão pastoso (E4) a

farináceo (E6) estão de acordo com aos

resultados médios descritos por Neumann et

al. (2002) (50,95%) e Gontijo Neto et al.

(2004) (44,0%) para híbridos de porte alto.

De acordo com Hart (1990) as porcentagens

de colmo na planta de sorgo forrageiro são

muito variáveis em função da amplitude de

cultivares, condições de manejo, adubação e

épocas de plantio dentre outras variáveis.

Segundo Cummins (1971) o potencial de

melhoramento dos híbridos de sorgo

produzidos para silagem está relacionado à

obtenção de linhagens que mantenham

valores próximos a 50% da parte colmo em

relação às folhas e panículas.

Folha

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47

Observa-se na tabela 2.3 e na figura 1.1

redução progressiva e significativa (p<0,05)

da fração de folhas, variando de 27,2% (E1-

enchimento) a 8,65% (E8-seco) com a

maturidade da planta. A equação de

regressão linear, %Folha= 55,006 - 0,3374x

R2 = 0,92, em que x corresponde a idade de

corte da planta, indica reduções a taxa de

0,34% ao dia com o avanço da maturidade da

planta. Esse comportamento era esperado em

virtude do aumento da panícula, que exerce

efeito diluidor sobre as porcentagens de folha

e colmo na MS da planta com o avançar da

idade de corte, indicada pelas correlações

negativas e significativas (p<0,001) entre a

panícula e folhas (r= -82) e colmos (r= -

0,86). Corrêa (1996) relatou reduções

médias de 25,8% para 14,7% na

porcentagem de folhas na matéria seca da

planta de três híbridos de sorgo com o

avanço da maturidade. Os resultados deste

ensaio foram inferiores aos obtidos por

Oliveira et al. (2005) para o mesmo hibrido

no estádio de grãos pastoso (19,26% x

27,34%). As perdas de folhas mortas com a

maturidade, apesar de não quantificada

foram observadas visualmente ao corte e

pode ter colaborado com a redução na

porcentagem de folhas com o avanço da

maturidade da planta. Segundo Corrêa

(1996) há aumento na participação de folhas

mortas na ordem de 2,2% a 77,7% com o

avanço da maturidade, sendo que esse autor

encontrou valores médios de 27%, 28% e

45% de folhas mortas para três híbridos de

sorgo avaliados.

% Colmo = 0,0171x2 - 4,0774x + 289,72

R2 = 0,8119

% Panícula= -0,0202x2 + 5,1216x - 284,04

R2

= 0,9718

% Folha = -0,3374x + 55,006

R2 = 0,9194

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

82 89 96 103 110 117 124 131 138 145

Idade de corte da planta (Dias)

Po

rcen

tag

em n

a M

S d

a p

lan

ta

% Colmo % Panícula % Folha

Figura 2.1: Representação gráfica das linhas de tendências para porcentagens das frações de

colmo, folha e panículas em função das idades de corte das plantas.

Panícula

As porcentagens de panícula na matéria seca

da planta aumentaram de forma significativa

(p<0,05) até E5 (pastoso/farináceo), não

diferindo (p>0,05) nos cortes sucessivos.

Contudo em números absolutos verificou-se

redução na porcentagem de panícula nos

cortes realizados em E7 (grãos duros) e E8

(grãos secos), como pode ser observado na

tabela 2.3 e figura 2.1. O comportamento

dessa fração resultou na equação de

regressão quadrática,% Panícula = - 284,04 +

5,1216x - 0,0202x2 R

2 = 0,97, em que x

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48

corresponde a idade de corte da planta. O

maior valor numérico foi observado em E6

(42,9%) resultando no ponto de inflexão da

curva de tendência da porcentagem de

panícula na planta com a idade de corte.

Aumentos na participação da panícula são

desejáveis, pois representam a fração de

melhor valor nutritivo e uns dos principais

fatores que influenciam na velocidade de

elevação da matéria seca na planta (Carvalho

et al., 1992; Zago, 1992), apresentam, ainda,

melhorias na ambiência ruminal por fornecer

carboidratos prontamente disponíveis na

forma de amido para o crescimento

microbiano (Van Soest, 1994). Araújo

(2002) não observou aumento significativo

da participação da panícula com a

maturidade, sendo relatado apenas uma

tendência de aumento. Por outro lado

Andrade e Carvalho (1992), Zago (1992) e

Corrêa (1996) observaram aumentos

gradativos dessa fração com a maturidade

com tendência de estabilização dos

resultados entre os estádios de grão pastoso a

farináceo. Esses resultados respaldam o

comportamento da panícula descrito neste

ensaio. Silva et al. (1999) sugere a

participação mínima de 40% de panícula na

MS da planta no momento do corte para

obtenção de silagens com elevado valor

nutricional. Essa concentração foi observada

nos cortes entre E5 (grãos Pastoso/farináceo)

e E7 (grãos duros). Em estádios mais

avançados de maturidade podem ocorrer

aumentos nas perdas dessa fração nas fezes

dos ruminantes pela dificuldade de quebra

durante o consumo e ruminação dos grãos de

sorgo por seu tamanho reduzido e resistência

do pericarpo. Isso reduz a degradação no

rumem, havendo perda de fração de alto

valor nutricional nas fezes. Assim Demarchi

et al. (1995) recomendam que os sorgos com

altas percentagens de grãos sejam colhidos

entre os estádios de grão leitoso e pastoso;

sorgos com percentagens médias, entre os

estádios pastoso e farináceo; e sorgos com

baixa percentagem de grãos, nos estádios de

grão duro. Brito et al. (2000) e Rocha Jr. et

al. (2000), avaliaram sorgos de porte médio a

alto nos estádios de grãos leitoso a pastoso e

relataram proporções de panículas (8,5% a

28% na MS) inferiores aos obtidos neste

trabalho.

O sorgo BRS-610 foi avaliado por Ferreira

(2005) e Oliveira et al. (2005) no estádio de

grão leitoso a pastoso e observa-se

comportamento distinto entre as proporções

das frações da planta nos dois ensaios. Os

resultados obtidos por Oliveira et al. (2005)

para porcentagem de panícula (35,2%) e

colmo (42,3%) foram próximos aos descritos

nesse experimento. Já àqueles relatados por

Ferreira (2005) foram superiores quanto à

proporção de panículas (50,6% na MS) e

folhas (23,5% na MS) e inferiores quanto ao

colmo (25,9%). As diferenças obtidas quanto

às frações das plantas para um mesmo

híbrido nos diferentes experimentos podem

ser resultado do efeito conjunto de variáveis

como as condições edafoclimáticas presentes

em cada região durante a época de plantio e

o ano de cultivo, o nível de adubação, a

ocorrência de pragas e a intensidade

luminosa a que a planta foi submetida.

Planta inteira

Produção de matéria verde (PMV)

Com pode ser observado na tabela 2.4, a

produção de matéria verde (PMV) foi

semelhante e superior até E4 (pastoso), com

redução (p<0,05) nos cortes sucessivos, fato

justificado pelas alterações nos conteúdos de

matéria seca da planta inteira nos cortes

realizados em estádios mais avançados de

maturidade (Tab.3.1 cap. III). Contudo a

equação de regressão linear para produção de

matéria verde da planta (PMV da planta =

134,85 - 0,8426x R2= 0,93, em que x

corresponde à idade da planta ao corte)

revela reduções à taxa de 0,84% ao dia com

o avanço da maturidade da planta, o que

corresponde a 5,9 t.ha-1

a cada semana de

avanço na idade de corte. As PMV da planta

reduziram em números absolutos de 54,6

t.ha-1

(E1) para 16,1 t.ha-1

(E8), mostrando

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49

correlação alta e negativa com o estádio de

maturação da planta (r= -0,93 p<0,0001). As

PMV encontradas nesse ensaio estão de

acordo com as descritas pela literatura (Brito

et al., 2000, Molina et al., 2000, Rocha Jr et

al., 2000), para os sorgos de porte médio a

alto, variando de 24,0 a 51,0 t.ha-1

.

Tabela 2.4. Produções de matéria verde (PMV t.ha-1

), de matéria seca (PMS t.ha-1

) e de matéria

seca digestível (PMSD t.ha-1

) da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação

(E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)

Estádio de maturação da planta ao corte

Variável E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

PMV 54,57 a

53,79 a 49,57 a 49,57 a 38,43 b 27,86 c 23,86 c 16,07 d 39,21

PMS 10,54 a 9,84 a 10,36 a 10,96 a 9,69 a 8,32 b 7,76 b 7,26 b 9,34

PMSD 6,52 a 5,87 a 6,10 a 6,23 a 5,65 a 4,85 b 4,65 b 4,34 b 5,53

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos

grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-

seco. Coeficiente de variação (CV).= (PMV= 12,1%; PMS= 2,46%; PMSD= 17,5%)

Produção de matéria seca (PMS)

As produções de matéria seca (PMS) foram

superiores e não diferiram entre si até E5,

estádio de grãos pastoso/farináceo. Contudo

entre E5 (9,69 t.ha-1

) e E6 (8,32 t.ha-1

) houve

redução (p<0,05) na PMS, não diferindo nos

cortes sucessivos. Os aumentos nos teores de

matéria seca da planta de 19,39% em E1 para

45,86% em E8 (capítulo III, Tab.3.1) não

foram suficientes para aumentar a PMS da

planta com a maturidade, observando o

efeito da PMV sobre a PMS (r= 0,77

p<0,001). As PMS encontradas neste ensaio

estão de acordo com a variação de 7,3 a

10,98 t.ha-1

descrita por vários autores para

híbridos de porte médio a alto (Brito et al.,

2000, Neumann et al., 2002, Rodrigues Filho

et al., 2006, Silva et al., 2007). Oliveira et al.

(2005) avaliaram quatro híbridos de sorgo

forrageiro de porte médio a alto, (BRS-610,

CMSXS 762, BR 506 e BR700), com o corte

realizado entre o estádio de grão pastoso a

farináceo. O híbrido BRS-610 apresentou

PMV e PMS superior ao deste ensaio, com

valores de 63,90 t.ha-1

e de 14,22 t.ha-1

,

respectivamente. Essas diferenças podem

estar associadas a condições edafoclimáticas

associadas às regiões e ano que foram

conduzidos os experimentos, bem como a

maior população de plantas observada por

esses autores (186,6 x 155,2 mil plantas/ha).

Os resultados da literatura mostram a ampla

variabilidade nas PMS dos genótipos e

híbridos de sorgo pela influência de muitas

variáveis, como fertilidade de solo,

variabilidade genética, número de plantas/ha,

estádio de maturação dos grãos, condições

climáticas e de manejo, proporção de colmo,

folhas e panículas, altura das plantas dentre

outras. (Pereira et al., 1993, Costa et

al.,1995, Dermarchi et al., 1995, Valente,

1997, Silva et al., 1999, Brito et al., 2000).

As PMV e PMS de híbridos de sorgo tendem

a aumentar com o avançar da maturidade,

segundo Zago (1991), Corrêa (1996) e

Romero et al. (2000). Já Carvalho e Andrade

(1992) e Araújo (2002) não relataram

variações significativas na PMS com o

avançar da maturidade da planta. Os

resultados obtidos neste experimento para as

PMV e PMS discordam dos resultados

encontrados na literatura, ao indicar redução

desses parâmetros a partir de E5 (grãos

pastoso/farináceo). Isso, porém, pode estar

associado ao longo período experimental

deste ensaio. A extensão do período

experimental pode ter favorecido as reduções

nas PMV e PMS do híbrido por ocasião da

maior susceptibilidade ao acamamento, a

perdas de folhas, ao ataque de pássaros, a

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50

quebra de panículas e as perdas de grãos com

o avançar do estádio de maturação da planta.

Produção de matéria seca digestível

(PMSD)

A produção de matéria seca digestível

(PMSD) é um parâmetro na avaliação do

potencial forrageiro de uma cultura e/ou

genótipos, já que agrega e inter-relaciona

produtividade e valor nutritivo. Porém,

apesar de existirem muitos trabalhos que

avaliaram a produtividade e os valores de

digestibilidade da planta de sorgo, poucos

são os pesquisadores que exploram este

parâmetro.

As PMSD (t.ha-1

) e as PMS (t.ha-1

) da planta

demonstraram comportamento semelhante

entre si, com correlação de 0,98 (p<0,0001).

A PMSD foi superior e semelhante entre si

nos cortes realizados entre E1 e E5 e

inferiores e semelhantes entre si entre E6 e

E8. Contudo a PMSD apresentou tendência

de redução a taxa de 0,04% ao dia com o

avanço da maturidade, o que representa

reduções de 0,3 t.ha-1

a cada semana de

intervalo entre cortes, indicada pela equação

de regressão linear (PMSD da planta=

10,474 – 0,0436x R2= 0,86, em que x

corresponde a idade da planta). Fato

associado à redução da PMS, já que a

digestibilidade in vitro da MS não sofreu

alteração com a maturidade e não houve

correlação significativa entre esse parâmetro

(capítulo III, tab.3.3.4).

Ferreira (2005) avaliou seis híbridos de

sorgo, dentre eles o BRS-610, com o corte da

planta com o grão no estádio leitoso a

pastoso. Esse autor encontrou PMV, PMS e

PMSD que variaram de 38,67 a 56,48 t.ha-1

,

10,30 a 18,14 t.ha-1

e 5,83 a 10,76 t.ha-1

,

respectivamente. As PMV do BRS-610

descritas por esse autor (54,76 t.ha-1

) estão de

acordo com as encontradas no presente

estudo (53,79 a 49,57 t.ha-1

). Por outro lado a

PMS (14,22 t.ha-1

) e a PMSD (8,48 t.ha-1

)

foram superiores, resultado que pode estar

associado ao maior teor de matéria seca

(25,83% x 20,33%-21,26% MS) encontrado

por esse autor, uma vez que os teores de

digestibilidade “in vitro” da MS foram

superiores neste ensaio (55,32% x 58,76%).

Observou-se correlação negativa (p< 0,001)

entre os estádio de maturação da planta e as

PMV(r= -0,93), as PMS (r= -0,59) e as

PMSD ( r= -0,62). Por outro lado, houve

correlação positiva (p< 0,001) entre as PMV

e o Stand (r= 0,50), a altura das plantas (r=

0,69) e a PMS (r= 0,77). Comportamento

semelhante foi descrito por Ferreira (2005)

que encontrou correlação (p< 0,05) de r=

0,45, r= 0,53 e r= 0,90 entre as PMS e o

stand, a altura das plantas e a PMV,

respectivamente. Esses resultados estão de

acordo com os de Zago (1991) e Corrêa

(1996), que afirmam que a produtividade de

matéria seca geralmente está correlacionada

com a altura da planta e essa a produção de

matéria verde.

Frações da planta (Colmo, folha e

panícula)

Produção de matéria verde (PMV) de

colmo, folha e panícula

As PMV da fração de colmo não diferiram

(p>0,05) até E4, mas ocorreu redução nos

cortes sucessivos. Porém, como pode ser

observado na tabela 2.5 as PMS do colmo

reduziram de 39,87 t.ha-1

(E1) para 13,16

t.ha-1

(E8), com reduções à taxa de 0,57% ao

dia com o avanço da maturidade. As PMV

das folhas sofreram alteração com o estádio

de maturação da planta, indicando reduções

significativas (9,76 t.ha-1

para 0,56 t.ha-1

) à

taxa de 0,19% ao dia com o avanço da idade

da planta. Já as PMV da fração

correspondente à panícula, como esperado,

apresentaram comportamento quadrático

com valores superiores e semelhantes entre si

nos cortes realizados com as plantas entre E3

e E4, sendo verificada redução (p<0,05) nos

cortes sucessivos até E7.

Gontijo Neto et al. (2004) avaliaram as PMV

de colmo, folha e panícula de quatro híbridos

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51

de sorgo forrageiro colhidos no estádio de

grãos farináceo e constataram valores médios

de 44,0 t.ha-1

, 20,29 t.ha-1

e 35,65 t.ha-1

,

respectivamente. Os valores encontrados por

esses autores foram superiores ao verificados

nesse experimento. Já Oliveira et al. (2005)

avaliaram as PMV de colmo, folha e

panícula da planta do sorgo BRS-610

colhidas com o grão no estádio pastoso.

Esses autores encontram PMV de colmo e de

folhas superiores (47,61 x 36,37 t.ha-1

e 8,12

x 4,79 t.ha-1

) e de panícula semelhantes (8,12

x 8,41 t.ha-1

) as observadas neste

experimento. Os híbridos de sorgo

apresentam ampla variação nas

produtividades e composição das partes em

função das condições que são conduzidos os

ensaios, como fertilidade de solo, nível de

adubação, condições climáticas e de ano,

densidade de plantio, altura e estádio de

maturação. As PMV das frações de colmo,

folha e panícula ocorreram conforme as

seguintes equações de regressão:

PMV (t.ha-1

) do colmo = 94,367 - 0,5716x

(R2 = 0,93)

PMV (t.ha-1

) das folhas= 25,401 - 0,1878x

(R2 = 0,93)

PMV (t.ha-1

) da panícula = -62,234 +

1,3069x - 0,0061x2 (R

2 = 0,86)

Em que x = idade da planta.

Tabela 2.5. Produções de matéria verde (t.ha-1

) das frações de colmo, folha e panícula das plantas

do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Colmo1

39,87 a 39,21 a 36,32 a 36,37 a 29,79 b 21,82 c 19,40 c 13,16 d 29,49

Folha2

9,76 a 7,70 b 4,91 c 4,79 c 2,49 d 1,41 e 1,05 e 0,56 f 4,08

Panícula3

4,94 c 6,88 b 8,35 a 8,41 a 6,15 b 4,63 c 3,41 d 2,35 d 5,64

Médias seguidas de letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos

grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-

seco. Coeficiente de variação: 1=12,27%; 2= 22,6%; 3= 18,23%.

Produção de matéria seca (PMS) de colmo,

folha e panícula

As médias para PMS (t.ha-1

) de colmo, folha

e panículas em oito estádios (E1, E2, E3, E4,

E4, E5, E6, E7 e E8) de maturação dos grãos

da planta estão na tabela 2.6. As PMS do

colmo foram superiores e semelhantes entre

si, nos cortes compreendidos entre E1 e E4, e

inferiores nos cortes posteriores.

As PMS das folhas reduziram de 2,84 t.ha-1

para 0,44 t.ha-1

no período compreendido

entre E1 e E8, o que corresponde a uma

redução de 85% na PMS com a maturidade

da planta. Fato provavelmente relacionado à

perda de folhas devido à queda espontânea

de folhas mortas e/ou perda de massa seca

com o avançar da maturidade da planta

(Pereira et al., 2003).

As panículas mostraram aumentos

significativos na PMS entre E2 e E4, com os

maiores valores obtidos entre E4 e E6,

período com valores semelhantes entre si.

Contudo, a partir daí, houve redução

(p<0,05) nos valores de PMS nos cortes

subseqüentes. Segundo Zago (1991) a

redução da PMS da panícula pode ser

resultado do ataque de pássaros e quebras de

panículas com a colheita.

Oliveira et al. (2005) e Ferreira (2005)

avaliaram o sorgo BRS-610 colhidos com a

planta no estádio de grãos leitoso a pastoso e

pastoso, respectivamente. As PMS de colmos

(6,69 t.ha-1

) e de folhas (1,09 t.ha-1

) citadas

pelos primeiros foram próximas às obtidas

neste experimento (5,34 t.ha-1

e 1,65 t.ha-1

).

Já Ferreira (2005) encontrou valores

inferiores para PMS de colmos (3,63 t.ha-1

) e

Page 53: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

52

superiores para PMS de folhas (3,34 t.ha-1

).

No tocante as PMS das panículas esses

autores citaram valores de 7,19 t.ha-1

e 5,08

t.ha-1

, respectivamente, que são superiores as

2,92 t.ha-1

e 3,98 t.ha-1

encontradas nesse

experimento nos cortes das plantas com os

grãos no estádio leitoso/pastoso e pastoso,

respectivamente.

Tabela 2.6. Produções de matéria seca (t.ha-1

) das frações de colmo, folha e panícula das plantas

do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Colmo1

6,16 a 5,63 a 5,34 a 5,20 a 4,45 b 3,50 c 3,33 c 2,66 c 4,53

Folha2

2,84 a 2,14 b 1,65 c 2,20 b 1,45 d 1,01 e 0,82 e 0,44 f 1,57

Panícula3

1,47 c 1,79 c 2,92 b 3,98 a 3,82 a 3,42 a 2,70 b 1,88 c 2,75

Médias seguidas de letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos

grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-

seco. Coeficiente de variação, 1=13,96%; 2= 18,65%; 3= 23,64%.

A figura 2.2 mostra a representação gráfica

das linhas de tendência e as equações de

regressão para as PMS de colmo, folhas e

panícula em função das idades da planta. Foi

observado relações lineares negativas entre

as PMS para as frações de colmo e de folhas

com o avanço da idade da planta, as reduções

ocorreram à taxa de 0,07 e 0,04% ao dia,

respectivamente. Já para a fração

correspondente à panícula observou-se

relação quadrática, com acréscimos nas PMS

até E4 e E6, momento em que se observou o

maior valor para PMS; a partir daí, com o

avanço da idade da planta ocorreram

reduções nas PMS da panícula.

PMS da planta (t.ha-1

) = -0,0021x2 + 0,4025x - 9,0354

R2 = 0,87

PMS do colmo (t.ha-1

) = -0,0718x + 12,688

R2 = 0,97

PMS da panícula (t.ha-1

) = -0,0037x2 + 0,8443x - 45,077

R2 = 0,90

PMS da folha (t.ha-1

) = -0,0444x + 6,6039

R2 = 0,90

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

89 96 103 110 117 124 131 138

PMS da planta PMS do colmo PMS da panícula PMS da folha

PM

S (

t.h

a-1

)

Idade de corte das plantas em dias

Figura 2.2: Representação gráfica das linhas de tendências para as produções de matéria seca

(PMS) das frações de colmo, folha e panículas em função das idades de corte das plantas.

Page 54: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

53

Segundo Zago (1992) as frações de folha e

panícula são as que apresentam melhor valor

nutritivo e digestibilidade total, de modo que

a redução da produção dessas frações por

área pode comprometer o rendimento de

materiais de melhor valor nutricional. Assim

a colheita do sorgo deve privilegiar os

estádios de maturação que demonstrem

maior PMS e PMSD por hectare.

Produção de matéria seca digestível

(PMSD)

De modo geral, as PMSD (t.ha-1

) das frações

de colmo, folha e panícula foram reflexos de

suas respectivas PMS, pelas elevadas

correlações (r = 0,97, r = 0,99 e r = 0,98,

p<0,001 respectivamente) obtidas entre esses

paramêtros, mas as digestibilidades também

influenciaram nas frações de folha e panícula

(r = 0,91 e r= 0,69 p<0,001). Na tabela 2.7

estão as PMSD do colmo, folha e panícula

das plantas do sorgo BRS-610 colhidas em

oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,

E4, E5, E6, E7 e E8). As PMSD do colmo

podem ser agrupadas em três grupos; com a

maior PMSD ocorrendo em E1, valores

intermediários e semelhantes entre si entre

E2 e E5 e os valores inferiores nos cortes

sucessivos. Contudo a equação linear de

regressão para PMSD de colmo (PMSD do

colmo= 7,7582 – 0,0444x R2= 0,94, em que

x corresponde a idade da planta), indica

decréscimos de 0,04% ao dia com o avanço

da maturidade da planta.

Quanto as PMSD das folhas houve redução

de 1,82 para 0,17 t.ha-1

com o avanço da

maturidade da planta. Contudo reduções

significativas ocorreram até E4, não

diferindo nos cortes sucessivos. Os

decréscimos ocorreram linearmente, à taxa

de 0,03%, com a idade da planta (PMSD de

folhas = 4,4044- 0,0312x R2= 0,90, em que

x= idade da planta) As reduções nas PMSD

da folha foram resultados da redução tanto

na PMS quanto na digestibilidade das folhas

com a maturidade, mostrando, ainda, com

elevada correlação (r = - 0,88 p<0,001) com

o estádio de maturação. A menor

digestibilidade das folhas está associada a

processos de lignificação e formação de

ligações entre a lignina e as hemiceluloses

das folhas com a maturidade (Araújo, 2006).

Tabela 2.7. Produções de matéria seca digestível (PMSD t.ha-1

) das frações de colmo, folha e

panícula da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4,

E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Colmo1 4,01 a 3,31 b 2,87 b 3,14 b 2,71 b 2,14 c 1,95 c 1,63 c 2,72

Folha2 1,82 a 1,32 b 0,88 c 1,22 b 0,75 c 0,47 d 0,31 d 0,17 d 0,87

Panícula3 0,71 c 1,09 c 2,11 b 2,92 a 2,76 a 2,54 a 1,99 b 1,34 c 1,93

Médias seguidas de letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos

grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-

seco. Coeficiente de variação, 1=13,97%; 2= 18,57%; 3= 25,00%.

As PMSD da panícula variaram de 0,71 a

2,76 t.ha-1

, mostrando comportamento

quadrático em função da maturidade da

planta (PMSD da panicula= -38,206 +

0,7039x – 0,003x2 R

2= 0,93, em que x=

idade de corte da planta). Assim, no primeiro

momento o avanço da idade da planta

proporcionou acréscimos nas PMSD da

panícula, com os valores superiores obtidos

entre E4 e E6 e num segundo momento o

avanço na idade de corte da planta resultou

em reduções (p<0,05) nos cortes sucessivos.

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Fato que podem estar associadas a perdas de

grãos por ataque de pássaros ou quebra de

panículas (Zago, 1991), pois a

digestibilidade da fração não variou nesse

período.

O ponto de ensilagem poderia ser

determinado com a definição dos estádios de

maturação que associassem máxima

porcentagem de panícula, máxima produção

de matéria seca (PMS) por área e um teor de

MS do material adequado ao processo de

ensilagem (Corrêa, 1996; Araújo, 2002). O

híbrido de sorgo BRS-610 apresentou

aumentos na proporção de panícula até E5

não diferindo nos cortes sucessivos e as

maiores PMS e PMSD foram observadas até

E5. Já os teores de MS elevaram com a

maturidade, atingindo com valores de 25 a

35% MS entre os estádios E5 e E7.

4. CONCLUSÃO

O sorgo BRS-610 mostra-se como boa opção

de volumoso para ensilagem pela boa

produtividade e bom equilíbrio entre as

frações da planta. O corte deve ocorrer em

E5, estádio de grão pastoso/ farináceo.

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ZOOTECNIA, 28., 1991, João Pessoa.

Anais... João Pessoa: SBZ, 1991. p.61.

ZAGO, C.P. Utilização do sorgo na

alimentação de ruminantes. In: MANEJO

CULTURAL DO SORGO PARA

FORRAGEM. Circular técnica,

EMBRAPA/CNPMS, n.17, 1992. p.9-26.

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CAPÍTULO III: VALOR NUTRITIVO DA PLANTA INTEIRA, COLMO, FOLHA

E PANÍCULA DO SORGO BRS-610 EM OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO.

RESUMO: Avaliou-se o valor nutricional das plantas, colmos, folhas e panículas do sorgo BRS-

610 colhido em oito estádios de maturação (enchimento-E1, leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3,

pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7, seco-E8). O delineamento utilizado foi

inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento, e as médias foram comparadas

pelo teste Scott-knott (p<0,05) e realizou-se o estudo de regressão pelo pacote estatístico SAEG

9.1(2007). O estádio de maturação alterou a composição química da planta e suas frações. Houve

comportamento distinto das frações da planta com a maturidade. Os teores de matéria seca

aumentaram com a maturidade da planta, já os teores de proteína bruta frações fibrosas e

digestibilidade mostraram comportamentos variáveis com relação às frações da planta. As folhas e

panículas foram às frações com maiores alterações na composição química com a maturidade de

corte da planta. A planta apresentou melhor valor nutritivo entre E4 e E6. Já as partes da planta

comportaram de forma diferente quanto às mudanças nos valores nutricionais entre os estádios de

maturação da planta, sendo as folhas e as panículas as mais variáveis.

Palavras chaves: digestibilidade, estádios de maturação, frações fibrosas, qualidade.

NUTRITIONAL VALUE OF THE WHOLE PLANT, STEAM, LEAF AND PANICLE OF

SORGHUM BRS-610 IN EIGHT STAGES OF MATURATION

ABSTRACT: The nutritional value of the plant, steam, leaf and panicle of sorghum BRS-610

harvested to the eight stages the maturation (early grain fill-E1, milky-E2, milky/soft dough-E3,

soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-E6, hard dough-E7, dry-E8 ) was evaluated. It was

used a complete randomized design, with four repetitions for treatment, and the means had been

compared by the test Scott-knott (p<0.05) and had were accomplished the regression study by

program statistician SAEG 9.1 (2007). The stage de maturation modified the chemical composition

of the plant and their fractions. It had distinct behavior the fractions of the plant with the maturity.

The contents of dry matter had increased with the maturity of the plant, already the crude protein

contents, fibrous fractions and digestibility had shown changeable behaviors with regard to

fraction of the plant. The leaves and panicles had been to the fractions with bigger alterations in

the chemical composition with the maturity of cut of the plant. The plant better presented

nutritional value between E4 and E6. Already the parts of the plant had behaviored of different

form as much as to the changes in the nutritional values between the stages maturation of the plant,

being most changeable leaves and panicles.

Key words: digestibility, fibrous fractios, maturity stadium, quality.

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1. INTRODUÇÃO

O Sorgo é uma das opções para produção de

forragem suplementar de alta qualidade para

suplementação na forma de silagem durante

o período seco do ano. No Brasil o sorgo se

destaca principalmente em condições

marginais de cultivo pela alta produtividade

e valor nutricional (Zago, 1991, Alvarenga,

1994, Resende, 2001). Dentre os cultivares

de sorgo o híbrido BRS-610 destaca-se pela

resistência a doenças como Antracnose,

ferrugem e Helmintosporiose. Observa-se

ainda, boa resistência ao acamamento o que

favorece a colheita mecanizada, com

mínimas perdas a campo e resistência à

acidez do solo (Rodrigues et al., 2004).

A proporção e composição química do

colmo, folhas e panícula variam

consideravelmente de acordo com o estádio

de maturação (Goto et al, 1991, Corrêa,

1996, Snyman e Joubert, 1996, Molina,

2000). Os teores de matéria seca (MS),

proteína bruta (PB) e constituintes da parede

celular da planta são fatores importantes na

qualidade nutricional, digestibilidades e

consumo das silagens (Carvalho et al., 1992,

Borges et al. 1997, Rodriguez et al. 1999).

Os teores de matéria seca da planta de sorgo

são influenciados pelo estádio de maturação

da planta, principalmente pela elevação dos

teores de matéria seca das folhas e panículas

(Zago, 1991, Araújo, 2002). A panícula

apresenta os melhores coeficientes de

digestibilidade total (Zago, 1991, Neumann

et al.2002) e o aumento de sua participação

na planta eleva a digestibilidade da planta e

conseqüentemente da silagem produzida

(Hart, 1990, Silva et al., 1999b, Restle et al.,

2002, Cabral et al., 2003).

Os componentes da parede celular da planta

(fibra insolúvel em detergente neutro (FDN),

fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e

Lignina) influenciam no consumo e nos

coeficientes de digestibilidade da matéria

seca (Van Soest, 1994). Na planta de sorgo

pode ocorrer redução dos componentes da

parede celular com a maturidade, devido a

maior participação da panícula, local de

acúmulo de reservas, na forma de amido

(Meeske et al., 1993). Molina et al. (2000) e

Araújo (2002) sugerem que os aumentos da

participação da panícula e diluição das

frações de colmo e folhas foram

determinantes para manutenção dos teores de

FDN da planta de sorgo com o avanço da

maturidade.

O objetivo deste experimento foi avaliar o

valor nutricional do sorgo BRS-610 e suas

frações de colmo, folha e panícula em oito

estádios de maturação, por meio da

composição química (MS, PB, FDN, FDA,

lignina) e digestibilidade in vitro da MS.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As amostras foram obtidas como descrito no

material e métodos do capítulo II.

Determinou-se os teores de matéria seca em

estufa a 105°C e proteína bruta, método

kjeldhal, segundo AOAC (2000). As frações

fibrosas foram determinadas pelo método

seqüencial de Van Soest et al. (1991), com 2

mililitro de amilase termo-resistente no

aparelho Fiber analyzer ANKOM220

,

utilizando o saquinho F-57 ANKOM®

e a

digestibilidade in vitro da matéria seca

(DIVMS), foi realizada segundo

procedimento de dois estágios descrito por

Tilley e Terry (1963), adaptado por Holden

(1999) para utilização do simulador de

rumem DaisyII

ANKOM®. Na determinação

da DIVMS o inoculo foi obtido de um

bovino adulto, castrado, de raça européia,

fistulado, mantido em dieta composta de

feno de Tyfton 85, ad libitum e 3 kg de

concentrado comercial 20% de PB ao dia,

dividida em duas suplementações às 8:00 e

17:00 horas. A coleta do liquido ruminal foi

realizada antes da alimentação e armazenado

em garrafas térmicas por curto período de

tempo. No laboratório de Nutrição Animal

da Escola de Veterinária da UFMG o líqüido

ruminal foi filtrado e mantido em banho-

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maria a 39ºC, sob injeção contínua de CO2,

na superfície.

O delineamento estatístico foi inteiramente

casualizado com quatro repetições

(canteiros) por corte.

Descrito pelo modelo estatístico:

Yij= µ+ Τi + €ij

em que,

Yij = observação da variável resposta no

estádio de maturação “i”

µ = média geral

Τi = efeito do estádio de maturação da planta

ao corte; i = E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8

€ij = erro aleatório no estádio de maturação

“i”; €ij N (0, 1)

Os dados obtidos foram submetidos á análise

de variância e determinou-se as correlações

de Pearson para as variáveis analisadas. As

comparações das médias foram realizadas

pelo teste de agrupamentos de Scott-Knott,

em nível de 5% de probabilidade e

determinou-se as equações de regressão para

as variáveis analisadas em função das idades

de corte pelo pacote estatístico SAEG 9.1

2007.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Teores de matéria seca (MS)

Planta inteira

Os teores de matéria seca (MS) das plantas

inteiras, dos colmos, das folhas e das

panículas em oito estádios de maturação (E1,

E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) estão na tabela

3.1. Os teores de MS da planta variaram de

19,39% a 45,86% entre E1 e E8. Os valores

de MS da planta foram semelhantes (p>0,05)

até E5. Porém nos cortes sucessivos

observou-se acréscimos à taxa de 0,92% ao

dia nos teores de MS da planta, com o

avançar da idade da planta no período entre

E5 e E8 (%MS da planta = 0,9224x - 84,218,

R2 = 0,89, em que x= idade de corte, entre

E5 e E8). Neste ensaio, os cortes das plantas

entre E5 e E8 apresentaram teores de MS

(25,26 a 32,60% de MS) próximos (25-35%)

aos recomendados na literatura (Van Soest,

1994; Borges et al., 1997; Pesce et al., 2000)

para garantir uma boa conservação da

silagem.

Tabela 3.1: Teores de matéria seca (%) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo

BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 19,39 c 18,36 c 20,33 c 21,26 c 25,26 c 29,84 b 32,6 b 45,86 a 26,61

Colmo2 15,44 c 14,4 c 14,73 c 14,29 c 14,97 c 15,96 b 17,24 b 20,44 a 15,93

Folha3 29,23 e 27,9 e 34,76 e 46,55 d 58,53 c 71,36 b 78,68 a 79,12 a 53,27

Panícula4 29,88 d 26,00 d 34,66 d 47,81 c 62,31 b 73,7 a 79,2 a 79,84 a 54,17

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1=14,5%, 2= 7,8%, 3= 8,1% e 4= 10,3%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

De modo semelhante, Araújo (2002) avaliou

o comportamento de três híbridos de sorgo

entre o estádio de grão leitoso a duro Os

teores de MS encontrados variaram de

28,83% a 53,36%, com médias de 39,16%,

36,71% e 41,73% para o BR700, BR701 e

Massa-3, respectivamente. Os maiores

valores obtidos por esse autor estão

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relacionados a maior proporção da fração de

panícula (38,6% a 43,66%) e menor

percentagem de colmo (33,53% a 39,84%),

que também justifica em parte a elevação

mais precoce dos teores de MS da planta

quando comparado ao comportamento do

BRS-610 neste ensaio. Segundo Zago (1991)

e Pereira et al (1993), o teor de MS eleva-se

mais rapidamente em híbridos de sorgo de

portes médios ou baixo, pela elevação

precoce da participação da panícula na

planta. Já Rodrigues Filho et al. (2006) e

Ibrahim (2007) avaliaram o sorgo BRS-610

colhido no estádio de grãos pastoso. Esses

autores citam valores de MS superiores

(27,71% e 25,83%) aos 20,33% encontrados

neste experimento. Esses resultados mostram

os efeitos das variações de ano, condições

climáticas, área e época de plantio sobre os

teores de MS das plantas de sorgo.

Frações da planta (Colmo, Folha e

Panícula)

No tocante as frações de colmos, folhas e

panículas observou-se variações nos teores

de matéria seca entre elas, contudo todas

aumentaram os teores de MS com o avanço

do estádio de maturação da planta (tabela

3.1). Os teores de MS do colmo foram

semelhantes e inferiores até E5, porém nos

cortes sucessivos houve aumentos

significativos no teor de MS do colmo de

14,97% para 20,44%, mostrando acréscimos

de 0,26% ao dia no período entre E5 e E8 (%

MS do colmo = 0,2528x - 15,074 R2 = 0,92,

em que x= idade da planta, entre E5 e E8).

Já os valores de MS das folhas foram

semelhantes até E3 e os aumentos

significativos ocorreram entre E3 e E7, com

tendência de estabilização para o corte em

E8. Os teores de MS das folhas variaram de

29,33% a 79,12% entre E1 e E8, com

acréscimos à taxa de 1,23% ao dia, segundo

a equação linear de regressão,%MS das

folhas = 1,2328x – 86,654 R2 = 0,95, em que

x= idade da planta entre E1 e E8).

De modo semelhante às folhas, as frações de

panículas também mostraram aumentos mais

precocemente que a fração de colmo com o

avançar do estádio de maturação da planta.

Os teores de MS da panícula variaram de

26,88 a 79,84%, em E1 e E8. Observaram-se

acréscimos de 1,27% ao dia à medida que

aumentou a idade de corte da planta. (% MS

da panícula = 1,2709x - 90,078 R2 = 0,94,

em que x= idade da planta, entre E1 e E8).

Contudo os aumentos significativos

concentraram entre E4 e E6, de modo que os

valores de MS da panícula até E3 foram

semelhantes entre si e inferiores em relação

aos cortes posteriores. Os teores de MS da

panícula tenderam a estabilizar a partir de

E6, não diferindo nos cortes sucessivos.

Os teores de MS da planta apresentaram

correlações positivas (p<0,001) com a

porcentagem e os teores de MS das panículas

(r=0,55 e r=0,77) e com os teores de MS das

folhas (r=0,82). Fato que associado as

maiores taxas de acumulo de matéria seca

das folhas (1,23%) e panículas (1,27%) em

relação aos colmos (0,26%) indicam a

importância das frações de panícula e folhas

na elevação da MS da planta com o avanço

da maturidade da planta. De modo geral, o

teor médio de MS do colmo (15,93%)

correspondeu a 29,41% do teor médio de MS

da panícula. Das frações da planta o colmo é

a que menos contribui para elevação do teor

de MS da planta e ainda, exerce resistência à

elevação da MS da planta, proporcionada

pela panícula e em menor grau pelas folhas.

Isso ocorre devido ao menor teor de MS e

pela maior participação do colmo na planta

em todos os estádios de maturação. Vários

trabalhos ressaltam a importância da

panícula na elevação dos teores de MS da

planta (Zago,1992; Nogueira, 1995; Corrêa,

1996; Araújo, 2002).

Os teores médios de MS obtidos para as

frações de panícula (68,00%) e folha

(64,95%), entre E5 e E6, foram superiores as

médias descritas por Neumann et al. (2002),

Pedreira et al. (2003) e Gontijo Neto et al.

(2004), de 49,99%, 56,67% e 52,86% para

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panícula e de 30,01%, 42,31% e 29,71% para

folhas, respectivamente, em estádios

semelhantes de maturação dos grãos

(pastoso/farináceo a farináceo). Por outro

lado, os teores de MS do colmo (15,0% a

16,0%) foram inferiores aos obtidos por

esses autores (28,46%, 27,46% e 20,66%,

respectivamente). Silva et al. (1999a)

afirmam que os teores de MS dos

componentes da planta são variáveis

conforme a interação genótipo/ambiente,

atuando sobre o acúmulo de MS da planta.

3.2 Teores de proteína bruta (PB)

Planta inteira

Os valores de proteína bruta nas plantas de

sorgo mostram ampla variação em função

das diferenças quanto às proporções de

panícula e folhas na planta, níveis de

adubação, idade da planta ao corte dentre

outros. Na tabela 3.2 são observados os

valores de proteína bruta (PB) da planta, do

colmo, da folha e da panícula do sorgo BRS-

610 em oito estádios de maturação (E1, E2,

E3, E4, E5, E6, E7 e E8).

Os teores de PB da planta mostraram

decréscimos lineares de 0,05% para cada dia

de avanço na idade da planta (%PB da

planta= -0,0499x + 12,714 R2= 0,95, em que

x= idade da planta), reduzindo de 8,25% em

E1 para 5,69% em E8, o que representa um

decréscimo de 31% no teor de PB com o

avanço do estádio de maturação da planta.

Contudo entre E4 e E6 os teores de PB

mostraram-se semelhantes (p>0,05).

Tabela 3.2: Teores de proteína bruta (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do

sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 8,25 a 8,16 a 7,37 b 7,10 c 6,74 c 6,84 c 6,27 d 5,69 e 7,05

Colmo2 4,87 a 4,44 a 3,28 b 3,63 b 3,41 b 3,11 b 3,52 b 2,88 b 3,64

Folha3 14,65 a 12,76 b 11,76 b 12,13 b 10,35 c 9,54 c 8,79 d 8,80 d 11,10

Panícula4 9,33 b 9,61 b 8,78 b 10,14 a 10,95 a 10,31 a 10,28 a 9,70 a 9,89

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1=4,92%, 2= 11,83%, 3= 6,90% e 4= 6,70%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Esse comportamento foi observado por

Corrêa (1996) que aponta reduções, na

ordem de 43%, nos teores de PB com a

maturidade da planta, reduzindo de 10,1%

para 5,8%. Por outro lado Araújo (2002)

indica poucas variações nos teores de PB

com a maturidade da planta de sorgo. Os

valores médios de PB encontrados neste

estudo foram inferiores aos valores citados

por Gonçalves et al. (1999), mas superiores

aos descritos por Brito et al. (2000),

Neumann et al. (2004) e Noguera et al.

(2005). Segundo Church (1988) as dietas

para ruminantes devem apresentar pelo

menos de 7% de PB para fornecer nitrogênio

suficiente para o desenvolvimento normal

das bactérias ruminais, permitindo uma

fermentação eficiente. Valores superiores ao

recomendado por esse autor foram obtidos

até E4, entretanto para os cortes realizados

em estádios mais avançados seria necessário

suplementação protéica para suprir as

necessidades de nitrogênio no rumem.

Frações da planta

Os teores de proteína bruta (PB) das frações

de colmo, folhas e panícula variaram entre os

estádios de maturação da planta (tabela 3.2.).

O colmo foi à fração com menores alterações

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nos valores de PB com o avanço do estádio

de maturação da planta. Esses variaram de

2,88% a 4,87%, e os valores superiores

foram encontrados na planta mais jovem,

mostrado redução (p<0,05) entre E2 e E3, e

sem alteração (p<0,05) nos cortes sucessivos.

O colmo foi a fração com menor teor de PB,

o que pode justificar em parte a menor

variação nos conteúdos desse parâmetro com

a maturidade da planta.

As folhas apresentaram os maiores valores

de PB em comparação com as outras partes

da planta, variando de 8,8% a 14,6% entre os

cortes. Reduções (p<0,05) foram observadas

desde o primeiro corte, entre E1 e E2. Já

entre E2 e E4 os valores mostraram-se

semelhantes entre si, porém nova redução

ocorreu entre E4 e E5 com tendência de

estabilização para os dois últimos estádios

(E7 e E8). Apesar de ocorrer intervalos de

estádios de maturação com valores de PB

semelhantes estatisticamente, a equação de

regressão mostra reduções lineares nos teores

de PB da folha com o avanço da idade da

planta, indicando decréscimos de 0,05% a

cada dia de avanço na idade da planta (%PB

da folha = -0,0499x + 12,714 R2 = 0,95, em

que x= idade da planta entre E1 e E8).

A panícula como esperado aumentou os

teores de PB com a maturidade da planta,

variando de 8,78% a 10,95%, porém isso

ocorreu tardiamente quando os grãos já se

encontravam no estádio pastoso. O

acréscimo no teor de PB da panícula apesar

de significativo foi pequeno, (10%), quando

comparado à redução de 40% nos teores de

PB das folhas.

Os maiores teores de PB foram observados

para as folhas, seguidas pela panícula e por

último o colmo, resultados que se encontram

de acordo com os resultados obtidos por

Bruno et al. (1992). Já Neumann et al. (2002)

encontraram maiores porcentagens de PB

para as frações de panícula (7,62%), seguida

pelas folhas (5,45%) e colmo (1,96%). No

entanto esses resultados foram inferiores aos

obtidos nesse experimento, entre E5 e E7,

que corresponde aos mesmos estádios de

maturação avaliados por esse autor. Nesse

estudo os decréscimos nos teores de PB das

folhas e do colmo (r= 0,86 e r= 69 p<0,001)

resultaram na redução da porcentagem de PB

da planta com a maturidade. Carvalho et al

(1992) encontraram reduções nos teores de

PB do colmo de 1,62%, no estádio de grão

leitoso, para 0,64% e 0,85% nos estádios de

grãos farináceos e duros respectivamente. Já

para as folhas esses autores encontraram

reduções nos conteúdos de PB de 9,97% para

5,83% e 4,96% para os mesmos estádios

mencionados acima, respectivamente.

3.3 Frações fibrosas

A determinação das frações fibrosas é

importante na caracterização do valor

nutritivo da forragem, pois os conteúdos de

fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)

relacionam-se às reduções de consumo,

enquanto as frações de fibra insolúvel em

detergente ácido (FDA) e lignina são

associadas às reduções na digestibilidade das

forrageiras.

3.3.1 Fibra insolúvel em detergente neutro

Na planta, os teores de fibra insolúvel em

detergente neutro (FDN) variaram de 59,49%

a 68,24% como pode ser observado na tabela

3.3.1. Esses foram superiores até E3 e

inferiores entre E4 e E7, não diferindo dentro

desses intervalos. Contudo em E8 houve

aumento nos valores de FDN. A equação de

regressão mostra comportamento quadrático

para os valores de FDN da planta com

valores inferiores ocorrendo em E6 (%FDN

da planta= 0,0077x2 – 1,8595x + 173,83 R

2=

0,79, em que x= idade da planta, entre E1 e

E8) . O aumento nos teores de FDN em E8

está relacionado à redução da proporção de

panícula na planta (tabela 2.2 capitulo II)

nesse estádio, além disso, acrescenta-se o

aumento nos teores de FDN na panícula para

esse estádio. Isso pode ser resultado da

redução de grãos na panícula, seja por ataque

de pássaros, seja por perda durante a

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colheita. Snyman e Juoubert (1996), Tonani

et al. (2001) e Noguera et al. (2005) não

observaram alterações nos teores de FDN

com o avanço do estádio de maturação de

grãos leitosos a farináceo em vários híbridos

de sorgo avaliados, mostrando valores

médios de 66,2%, 60,6% e 75,7%,

respectivamente. Com exceção do ultimo

autor, os valores obtidos por eles estão de

acordo com os resultados deste experimento.

As variações nas porcentagens das partes

constituintes da planta são os principais

responsáveis pela variação nos teores das

frações fibrosas entre os genótipos e híbridos

de sorgo. Ibrahim (2007) e Rodrigues Filho

et al. (2006) encontraram teores de FDN de

56,22% (leitoso/pastoso) e 50,28% (grão

pastoso/farináceo), respectivamente para o

híbrido BRS-610, sendo esses inferiores aos

correspondentes neste ensaio, 65,85% (E3) e

59,49% (E5). Esses resultados confirmam a

redução nos teores de FDN para esse híbrido

com o avanço da maturidade da planta e as

diferenças entre os resultados desses autores

e do presente estudo, podem ser atribuídos às

diferenças nas condições edafoclimáticas

entre locais e ano de cultivo.

Tabela 3.3.1: Teores médios de fibra insolúvel em detergente neutro (% na MS) da planta, do

colmo, das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,

E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 68,24 a 67,38 a 65,85 a 62,86 b 61,93 b 59,49 b 63,43 b 65,01 a 64,27

Colmo2 67,39 d 71,05 c 80,47 b 80,92 b 83,2 a 83,88 a 84,38 a 82,35 a 79,2

Folha3 63,14 c 66,99 b 66,96 b 68,77 b 72,09 a 69,57 b 73,23 a 73,23 a 69,25

Panícula4 74,81 a 54,91 b 39,21 c 31,93 d 28,27 d 28,57 d 33,24 d 35,26 c 40,77

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1=3,66%, 2= 1,83%, 3= 4,04% e 4= 10,63%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

O comportamento da FDN diferiu entre as

partes da planta, com o colmo apresentando

os maiores percentuais, seguidos pela folha e

como esperado a panícula com os menores

valores, como pode ser observado na tabela

3.3.1 acima. Os teores de FDN do colmo

foram inferiores e semelhantes entre si até

E4, porém a partir de E5 houve um aumento

nesses valores com tendência de

estabilização para os cortes sucessivos. Os

valores variaram de 67,39% a 84,38% e

mostraram um comportamento quadrático,

segundo a equação de regressão: %FDN do

colmo= - 0,0134x2 + 3,3478x – 125,09 R

2=

0,96, em que x= idade da planta entre E1 e

E8. As folhas mostraram valores de FDN de

63,14% a 73,23% e a equação de regressão

(%FDN da folha= 0,1922x + 47,435 R2=

0,87, em que x= idade da planta entre E1 e

E8) indicou acréscimos lineares de 0,19% a

cada dia de avanço na idade da planta,

mesmo com a tendência de estabilização dos

valores a partir de E5. Já as panículas

apresentaram valores de FDN de 28,27%

(E5) a 74,81% (E1), com reduções até E5.

Valores inferiores e semelhantes entre si

foram observados entre E5 e E7. No entanto

em E8 houve aumento desse parâmetro para

a panícula, cuja explicação já foi comentada

anteriormente para a planta. Diante desses

resultados a panícula também mostrou

comportamento quadrático para os teores de

FDN ditados pela equação: %FDN da

panícula = 0,043x2 – 10,484x + 665,3 R

2=

0,98, em que x= idade da planta entre E1 e

E8. Pedreira et al. (2003) avaliando oito

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64

híbridos de sorgo forrageiros colhidos no

estádio de grãos farináceo encontraram

teores de FDN de 59,06% para o colmo, de

71,72% para as folhas e de 52,51% para as

panículas. Os valores citados por esse autor

para o colmo foram inferiores aos 83,88%

(E6) encontrados neste ensaio, já para as

folhas e panículas os valores foram

superiores aos 69,57% e 28,57%,

respectivamente. Contudo a interação das

partes resultou em valores de FDN na planta

proximos entre os dois ensaios (60,82% x

63,43%).

3.3.2 Fibra insolúvel em detergente ácido

(FDA)

Na tabela 3.3.2 são observados os valores de

fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) da

planta, colmo, folha e panícula do sorgo

BRS-610 em oito estádios de maturação (E1,

E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8). Os teores de

FDA para a planta mostraram

comportamento quadrático com o avanço do

estádio de maturação da planta, apresentando

valores inferiores entre E4 e E6. Os valores

variaram de 34,26% (E6) a 39,01% (E8). Já

o colmo e as folhas apresentaram aumentos

na FDA até E5, com tendência de

estabilização nos estádios de maturação

posteriores, variando de 39,65% (E1) a

53,10% (E6) para o colmo e de 31,75% (E1)

a 39,65% (E8) para as folhas. A panícula, de

modo contrário e esperado, reduziu seus

teores de FDA com o aumento da maturidade

até E4, sem alteração nos valores para os

cortes subseqüentes.

Tabela 3.3.2: Teores médios de fibra insolúvel em detergente ácido (% na MS) da planta, do

colmo, das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,

E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 37,41 a 37,3 a 36,6 a 35,51 b 35,25 b 34,26 b 36,95 a 39,01 a 36,54

Colmo2 39,95 d 42,57 c 50,57 b 49,69 b 52,87 a 53,10 a 52,74 a 51,51 a 49,12

Folha3 31,75 c 35,48 b 34,98 b 35,82 b 37,78 a 38,78 a 39,51 a 39,65 a 36,72

Panícula4 35,90 a 25,01 b 18,52 c 13,59 d 11,69 d 10,96 d 12,98 d 14,49 d 17,89

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1=4,62%, 2= 2,36%, 3= 4,68% e 4= 13,35%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Segundo Snyman e Joubert (1996), Tonani et

al. (2001) e Noguera et al. (2005) os teores

de FDA na planta não foram influenciados

pelo avanço do estádio de maturação da

planta. Esses autores encontraram teores

médios de 39,3%, 37,44% e 39,18%,

respectivamente, estando próximos aos

resultados encontrados neste estudo. Nesses

trabalhos as frações de colmo, folha e

panícula interagiram de maneira a manter

constantes os valores dos constituintes da

parede celular da planta. Contudo no

presente estudo a redução nos teores de FDA

da panícula conseguiu até certo ponto

superar os aumentos ocorridos no colmo e na

folha. O aumento na proporção de panícula

na planta com o avanço da maturidade foi

determinante nesse efeito, pois os teores de

FDA dessa fração passaram a ter maior

influência na planta. O sorgo BRS-610

avaliado por Ibrahim (2007) no estádio de

grãos leitoso apresentou valor inferior ao

encontrado neste estudo (28,80% x 36,60%),

já Rodrigues Filho et al. (2006) citam valor

superior (41,48% x 35,25%), avaliando o

híbrido no estádio de grãos

pastoso/farináceo. Isso ocorreu pelas mesmas

razões comentadas para a FDN. Pedreira et

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65

al. (2003) relataram valores de FDA da

planta próximos aos encontrados neste

experimento (34,26% em E6), apesar de

citarem valores inferiores para o colmo e

superiores para a panícula. Isso confirma o

fato de que a composição química da planta é

resultado da interação entre composição

química das frações e suas respectivas

participações na planta (Neumann et al.,

2002). Os teores de FDA da planta, colmo,

folha e panícula neste experimento

mostraram comportamento quadrático

ditados pelas equações de regressão abaixo:

%FDA da planta = 0,0052x2 - 1,1787x +

101,87 R2= 0,71

%FDA do colmo = - 0,0107x2 + 2,6762x -

113,75 R2= 0,94

%FDA das folhas = - 0,0018x2 + 0,5506x -

2,6491 R2= 0,93

%FDA da panícula = 0,0214x2 - 5,2485x +

332,89 R2= 0,99

em que x= idade da planta entre E1 e E8.

3.3.3 Celulose (CEL)

Na tabela 3.3.3 são observados os valores de

celulose da planta, colmo, folha e panícula

do sorgo BRS-610 em oito estádios de

maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).

Os valores de celulose foram obtidos pela

diferença entre as frações de FDA e lignina e

cinzas insolúveis. O teor de celulose da

planta não alterou com o avanço do estádio

de maturação da planta e variou de 28,08% a

34,32%. Esse comportamento foi resultante

do efeito diluidor da panícula sobre a fração

de colmo, pois a redução nos teores de

celulose na fração de panícula com o avanço

da maturidade da planta compensou o

aumento desse componente na fração de

colmo no mesmo período. Já as folhas

apresentaram teores de celulose constantes

entre E1 e E8. Os teores de celulose do

colmo variaram de 35,41% a 46,42% e

mostraram aumentos significativos até E5

com estabilização a partir desse estádio de

maturação. Já as folhas mostraram reduções

(p<0,05) nos teores de celulose até E4, não

alterando nos estádios sucessivos. Araújo

(2002) avaliou três híbridos de sorgo de

duplo propósito (BR700, BR701 e Massa-3)

em cinco estádios de maturação da planta

(grãos leitoso a duro). Esse pesquisador não

encontrou alteração nos teores de celulose

com o avanço do estádio de maturação da

planta.

Tabela 3.3.3: Teores de celulose (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo

BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 32,44 29,15 31,55 28,08 30,32 29,23 31,63 34,32 30,84

Colmo2 35,41 c 36,76 c 44,00 b 43,18 b 46,42 a 45,75 a 45,56 a 44,23 a 42,68

Folha3 26,84 30,13 29,39 29,20 31,78 29,91 27,70 31,35 29,54

Panícula4 28,54 a 20,40 b 14,62 c 10,87 d 9,13 d 8,43 d 9,61 d 10,11 d 13,96

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1= 9,90%; 2= 3,58%; 3= 14,,45%; 4= 15,83%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Os teores de celulose colmo e panícula neste

experimento mostraram comportamento

quadrático ditados pelas equações de

regressão abaixo:

% celulose do colmo = -0,0093x2 + 2,3122x -

97,236 R2 = 0,91

% celulose da folha = 29, 54

% celulose da panícula = 0,016x2 - 3,9711x +

254,83 R2 = 0,99

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66

em que x= idade da planta entre E1 e E8.

3.3.4 Hemiceluloses (HEM)

Na tabela 3.3.4 são observados os valores de

hemiceluloses da planta, colmo, folha e

panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios

de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e

E8). Os valores de hemiceluloses foram

obtidos pela diferença entre as frações FDN

e FDA. Na planta houve redução nos valores

de hemiceluloses entre E4 e E5 não alterando

nos cortes posteriores. Esses valores

variaram de 25,23% a 30,82%. Os teores de

hemiceluloses das folhas não alteram ao

longo do estádio de maturação e mostraram

média de 32,22%. Já a redução desse

componente nas panículas de 40,64% para

20,77% entre E1 e E8, superou o aumento de

27,44% para 30,42% no colmo no mesmo

período, o que justifica a redução das

hemiceluloses na planta com o avanço da

maturidade. Araújo (2002) encontrou valores

inferiores para hemiceluloses em relação aos

resultados deste experimento e não se

observou alteração ao longo do estádio de

maturação.

Tabela 3.3.4: Teores de hemiceluloses (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do

sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 30,82 a 30,41 a 29,25 a 27,30 a 26,68 b 25,23 b 26,48 b 26,61 b 27,85

Colmo2 27,44 b 28,48 b 29,91 a 31,23 a 30,33 a 30,78 a 31,75 a 30,42 a 30,04

Folha3 31,47 31,67 30,49 32,95 33,00 32,08 32,54 33,58 32,22

Panícula4 40,64 a 29,90 b 20,69 c 18,34 d 16,58 d 17,60 d 20,26 c 20,77 c 23,10

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1= 3,84%; 2= 4,5%; 3= 4,33%; 4= 10,12%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Os teores de hemiceluloses da planta, colmo

e panícula neste experimento mostraram

comportamento quadrático ditados pelas

equações de regressão abaixo:

% celulose da planta = -0,1051x + 39,779 R2

= 0,78

% celulose do colmo = -0,003x2 + 0,745x -

15,228 R2 = 0,88

% celulose da panícula = 0,0231x2 - 5,5916x

+ 353,61 R2 = 0,96

em que x= idade da planta entre E1 e E8.

3.3.5 Lignina

Na tabela 3.3.5. podem ser observados os

teores de lignina da planta, do colmo, da

folha e da panícula. Os teores de lignina da

planta foram constantes, entretanto nas

frações de colmo e folhas aumentaram e na

panícula reduziram ao longo do estádio de

maturidade. Isso resultou na semelhança dos

valores de lignina na planta com o avanço da

idade. Esses resultados estão de acordo com

os obtidos por Araújo et al. (2007), mas

discordam dos resultados de Hanna et al.

(1981) e Goto et al. (1991) que observaram

aumentos nos teores de lignina ao longo da

maturidade. Danley e Vetter (1973) sugerem

diferentes efeitos da maturidade com relação

à lignificação dos materiais. Por outro lado à

elevação da participação da panícula no

conteúdo de MS da planta associado aos

valores inferiores de lignina nesta fração

podem ter suprido a lignificação das folhas e

colmo. O valor de lignina (3,91%)

encontrado por Ibrahim (2007) para o BRS-

610 foi próximo ao descrito neste ensaio

(4,97%). O colmo e as folhas mostraram

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67

aumentos nos teores de lignina até E5 não

diferindo nos cortes sucessivos. Já a panícula

comportou de modo contrário com valores

inferiores e semelhantes entre si entre E4 e

E7. Os valores médios de lignina das frações

de colmo, folha e panícula foram 6,41%,

6,70% e 3,75%, respectivamente. Já

Neumann et al. (2002) encontraram maiores

valores de lignina no colmo (3,68%), folha

(2,81%) e panícula (1,42%) nessa ordem.

Tabela 3.3.5: Teores de lignina (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo

BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 4,97 5,15 5,04 4,64 4,93 5,04 5,32 4,70 4,97

Colmo2 5,54 c 5,81 b 6,57 a 5,85 b 6,44 a 7,35 a 7,13 a 7,59 a 6,41

Folha3 4,91 c 5,36 c 6,27 b 6,62 a 7,32 a 7,46 a 7,37 a 8,31 a 6,70

Panícula4 5,63 a 4,72 a 4,10 a 2,73 b 2,57 b 2,53 b 3,37 b 4,38 a 3,75

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1=14,27%, 2= 12,40%, 3= 10,50% e 4= 24,56%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Os níveis de lignina nos materiais são

inversamente correlacionados com a

digestibilidade da forrageira (Hanna et

al.,1981; Nogueira, 1995). Segundo Noguera

(2002) o avanço do estádio de maturação de

híbridos de sorgo foi acompanhado por

aumento na concentração de

hidroxibenzaldeído, vanilina e siringaldeído.

Noguera (2002) considera a vanilina o

principal derivado do ácido ferúlico

responsável por ligações fortes entre a

lignina e as hemiceluloses. Esses autores

observaram menores digestibilidades para os

materiais que apresentaram maior relação

vanilina/siringaldeído.

Os teores de lignina do colmo, folha e

panícula neste experimento foram ditados

pelas equações de regressão abaixo:

% Lignina do colmo = 0,0525x + 0,4498 R2

= 0,81

% Lignina das folhas = 0,0236x - 0,2805 R2

= 0,83

% Lignina da panícula = 0,0039x2 - 0,9101x

+ 56,372 R2 = 0,94

em que x= idade da planta entre E1 e E8.

3.3.6 Digestibilidade in vitro da matéria

seca (DIVMS)

Segundo Minson (1990) existe correlação

positiva entre o consumo e a digestibilidade

da forragem. Além disso, a digestibilidade é

uma medida do valor energético, pois existe

alta correlação com a energia digestível e a

energia metabolizável. De acordo com Tilley

e Terry (1963) os resultados de

digestibilidade obtidos pela técnica in vitro

apresentam alta correlação com a

digestibilidade in vivo, o que permite usá-la

para estimar o comportamento das

forrageiras nos animais. Segundo Corrêa

(1996) o efeito da maturidade sobre o sorgo é

variável para os diferentes híbridos. Na

tabela 3.3.6 são apresentados os valores de

digestibilidade in vitro da matéria seca da

planta, do colmo, das folhas e da panícula do

sorgo BRS-610 em oito estádios de

maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).

A digestibilidade in vitro da matéria seca

(DIVMS) da planta mostrou valores

semelhantes entre as idades da planta, o que

está de acordo com os resultados obtidos por

Araújo (2002) e Corrêa (1996) que avaliaram

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68

o comportamento de híbridos de sorgo de

duplo propósito e forrageiros com o avançar

do estádio de maturação da planta. O

aumento da participação dos grãos na planta

com a maturidade pode ter compensado as

alterações na composição e nos teores dos

constituintes da parede celular (Silva et al.,

1999b), que geralmente correlacionam

negativamente com a digestibilidade da

planta (Hart, 1990). O valor médio de

DIVMS (59,11%) encontrado neste

experimento foi semelhante aos valores

médios obtidos por Corrêa (1996) para os

híbridos AG2006, de duplo propósito,

(58,92%) e BR601, de caráter forrageiro,

(58,82%). Por outro lado Araújo (2002)

encontrou valores inferiores para híbridos de

duplo propósito, BR700 (52,26%) e BR701

(54,32%) e próximos para o Massa-3

(58,09%). Os resultados mostram que a

maior proporção de panícula nos híbridos de

duplo propósito não foram suficiente para

proporcionar maior digestibilidade da planta,

sugerindo que a qualidade da fibra das

frações de colmo e folhas podem ser

determinantes na digestibilidade da planta

(Gontijo Neto et al., 2002). Ibrahim (2007)

encontrou valor de DIVMS inferior para o

BRS-610 colhido no estádio de grãos leitosos

em comparação ao obtido neste ensaio

(55,32% x 59,59%). Essa variação pode ser

associada às diferenças nas condições de

execução entre os ensaios, como clima,

adubação e as diferenças nas proporções das

partes da planta.

Tabela 3.3.6: Teores de digestibilidade in vitro da matéria seca (% na MS) da planta, do colmo,

das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6,

E7 e E8)

Fração da Estádio de maturação da planta ao corte

Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

Planta1 61,83 59,59 58,76 56,97 58,20 58,51 59,93 59,13 59,11

Colmo2 64,99 a 58,90 c 54,01 d 60,24 b 61,16 b 61,20 b 58,31 c 61,31 b 60,01

Folha3 64,15 a 62,17 52,94 b 55,55 b 51,95 b 46,30 c 38,00 d 37,87 d 51,12

Panícula4 48,14 c 61,50 b 75,14 a 73,48 a 72,08 a 73,79 a 73,17 a 71,39 a 68,59

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1=3,36%, 2= 4,00%, 3= 5,19% e 4= 4,74%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Os valores de DIVMS do colmo reduziram

de 64,99% (E1) para 54,01% (E3), contudo

em E4 houve aumento nos teores de DIVMS

para 60,24% com tendência de manutenção

desse valor nos cortes sucessivos. A redução

na DIVMS justifica-se pela transmudação de

carboidratos solúveis do colmo para a

panícula para a formação de amido, já o

aumento da DIVMS a partir de E4 pode estar

associada ao restabelecimento dos teores de

carboidratos solúveis no colmo depois de

completada a maturação fisiológica dos

grãos. No entanto, as folhas apresentaram

reduções nos valores de DIVMS de 64,15%

(E1) para 37,87% (E8), mostrando

decréscimos lineares na ordem de 0,55% a

cada dia de avanço na maturidade da planta

(%DIVMS da folha= - 0,5584x + 114,5 R2=

0,93, em que x= idade da planta entre E1 e

E8). Por outro lado, a panícula sofreu

aumentos significativos nos valores de

DIVMS até E3, a partir daí, os valores foram

superiores e semelhantes entre si até E8.

Neumann et al. (2002) avaliaram as DIVMS

das frações de colmo, folha e panícula de

dois híbridos de duplo propósito e dois

forrageiros, com as plantas colhidas no

estádio de grãos pastoso/farináceos e

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69

farináceo/duro, respectivamente. Os

resultados mostraram superioridade para os

colmos dos sorgos forrageiros quanto a esse

parâmetro (60,1% x 54,3%). Já as frações de

folhas e panículas apresentaram valores

semelhantes entre os híbridos avaliados por

esses autores, com médias de 54,85% e

68,20%, respectivamente. No entanto os

valores médios obtidos por esses autores para

as panículas (68,20%) e para os colmos

(57,22%) foram inferiores aos obtidos neste

experimento entre E5 e E7, já as folhas

foram mais digestivas (54,85%).

Com o intuito de melhor visualização da

composição bromatológica da planta do

sorgo BRS-610 nos diferentes estádios de

maturação foi elaborada a tabela 3.4.

A variabilidade no valor nutricional de cada

componente da planta e entre os estádios de

maturação sugerem a possibilidade de

melhorias na qualidade nutricional do sorgo,

por intermédio de programas de

melhoramento genético e determinação do

momento de colheita para cada variedade,

visando a obtenção de materiais de melhor

valor nutritivo para as diferentes partes da

planta e fornecendo informações das

melhores épocas de corte para cada material

lançado no mercado.

Tabela 3.4: Teores de matéria seca (%), proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em

detergente neutro (%FDN na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS),

hemiceluloses (%HEM na MS), celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade

in vitro da matéria seca (%DIVMS) do sorgo BRS-610 produzidas em oito estádios de maturação

da planta (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Estádio de maturação da planta ao corte

Variável E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

MS* 19,39 c 18,36 c 20,33 c 21,26 c 25,26 c 29,84 b 32,6 b 45,86 a 26,61

PB1 8,25 a 8,16 a 7,37 b 7,1 c 6,74 c 6,84 c 6,27 d 5,69 e 7,05

FDN2 68,24 a 67,38 a 65,85 a 62,86 b 61,93 b 59,49 b 63,43 b 65,01 a 64,27

FDA3 37,41 a 37,3 a 36,6 a 35,51 b 35,25 b 34,26 b 36,95 a 39,01 a 36,54

HEM4 30,82 a 30,41 a 29,25 a 27,30 a 26,68 b 25,23 b 26,48 b 26,61 b 27,85

CEL5 32,44 29,15 31,55 28,08 30,32 29,23 31,63 34,32 30,84

LIG6 4,97 5,15 5,04 4,64 4,93 5,04 5,32 4,70 4,97

DIVMS7 61,83 59,59 58,76 56,97 58,20 58,51 59,93 59,13 59,11

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação: *

14,5%, 1= 4,92%, 2=3,66%, 3=4,62%, 4=3,84%, 5=9,90%, 6=14,27%, 7=3,36%. Estádios de maturação dos grãos: E1-

enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

4. CONCLUSÃO

O sorgo BRS-610 mostra-se de boa

qualidade e apresentou melhor valor

nutritivo entre E4 e E6. Já as partes da planta

comportaram de forma diferente quanto às

mudanças nos valores nutricionais entre os

estádios de maturação da planta, sendo as

folhas e as panículas as mais variáveis.

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73

CAPÍTULO IV: QUALIDADE DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE

ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

RESUMO: Avaliou-se a qualidade das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de

maturação da planta (grãos leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5,

farináceo-E6, duro-E7, seco-E8). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com

quatro repetições por tratamento, e as médias foram comparadas pelo teste Scott-knott (p<0,05) e

realizou-se o estudo de regressão pelo pacote estatístico SAEG 9.1(2007). Valores de matéria seca

variaram de 19,8 a 47,3%, com valores entre 25 e 35% sendo observados entre E4 e E7. Com base

nos valores de pH, nitrogênio amoniacal e nos ácidos orgânicos as silagens podem ser classificadas

como de excelente a boa qualidade. Os teores de fibra insolúvel em detergente neutro e de

hemiceluloses sofreram reduções com a ensilagem, pelo consumo da hemiceluloses durante a

fermentação. Os menores teores dos componentes da parede celular foram verificados entre E3 e

E5, enquanto a lignina não variou até E7. As digestibilidades das silagens variaram com a

maturidade da planta, reduzindo de 60,5% para 49,7% entre E2 e E8. Os resultados deste

experimento indicam a ensilagem do híbrido de sorgo entre E3 e E5, estádio de grãos leitoso a

pastoso, pois associam boa fermentação e bom valor nutritivo.

Palavras chaves: digestibilidade, estádio de maturação, pH, qualidade, valor nutritivo.

QUALITY OF THE SILAGES OF SORGHUM BRS-610 IN SEVEN STAGES OF

MATURATION

ABSTRACT: The quality of the silages of sorghum BRS-610 harvested to the seven stages the

grain maturation (milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-

E6, hard dough-E7, dry-E8) was evaluated. It was used a complete randomized design, with four

repetitions for treatment, and the means had been compared by the test Scott-knott (p<0.05) and

had were accomplished the regression study by program statistician SAEG 9.1 (2007). Values of

dry matter had varied of 19.8 to 47.3%, with values among 25 and 35% being observed between

E4 and E5. On the basis of the values of pH, ammoniac nitrogen and acid organic the silages can

be classified as excellent to the good quality. The neutral detergent insoluble fiber and

hemicelluloses contents had suffered reductions with the ensilage, by the consumption of

hemicelluloses during the fermentation. The lower contents of the cellular wall had been verified

among E3 and E5, while the lignin did not vary until E7. The digestibilities of the silages had

varied with the maturity of the plant, reducing of 60.5% to 49.7% among E3 and E8. The results of

this experiment indicate the ensilage of the hybrid of sorghum between E3 and E5, milky the soft-

dough stage of grains, therefore they associate good fermentation and good nutritional value.

Key words: digestibility, maturation stage, nutritional value, pH, quality.

Page 75: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

74

1. INTRODUÇÃO

A ensilagem é uma das principais formas de

conservação de forrageiras utilizada no

Brasil, garantindo a alimentação dos

ruminantes durante o período de estiagem. O

sorgo é uma gramínea amplamente utilizada

para produção de silagem por apresentar

características agronômicas desejáveis,

possibilidade de mecanização de todo

processo, possuir características propícias a

uma adequada fermentação anaeróbica,

produzir silagem de qualidade compatível à

silagem de milho e com menores custos de

produção, seja pela elevada produtividade ou

maior resitência a pragas e doenças como o

híbrido BRS-610.

O processo de ensilagem é a conservação da

forrageira por fermentação anaeróbica pela

ação de bactérias ácido láticas que convertem

os açúcares a ácidos orgânicos,

principalmente ácido lático e acético.

Segundo McDonald et al. (1991) e Van Soest

(1994) a preservação adequada da forrageira

pelo processo de ensilagem depende da

produção de ácido lático a fim de estabilizar

o pH da silagem produzida. A rápida

estabilização do pH é então dependente do

conteúdo de açúcares disponíveis para a

fermentação e do poder de tamponamento da

forrageira.

Uma silagem de boa qualidade apresenta

baixos teores de amônia, na qual a fração

nitrogenada não protéica é principalmente

representada por aminoácidos. As silagens de

baixa qualidade variam entre dois extremos:

silagens com baixos teores de matéria seca

(MS), inferiores a 20%, e silagens com

elevado teor de MS, acima de 45%. As

silagens com baixa %MS favorecem a

produção de efluentes e o desenvolvimento

de bactérias do gênero clostridium. Essas

silagens geralmente apresentam alto pH (>5),

altos níveis de amônia, presença de ácido

butírico e odor característico (McDonald et.

al., 1991). Já as silagens com %MS acima de

45% favorecem a ocorrências de

fermentações secundárias, principalmente

por coliformes, e leveduras. O elevado teor

de MS dificulta a compactação, impedindo a

eliminação completa do oxigênio. Isso

propicia o desenvolvimento de fungos e a

ocorrência de fermentações aerobicas com

degradação e perdas de MS por gases,

produção de calor e reações de Maillard

(Van Soest, 1994). Ademais, Demarchi et al.

(1995) acrescentaram que silagens de sorgo

produzidas com elevado teor de MS

poderiam ocasionar um aumento das perdas a

campo, através da perda de folhas

senescentes e de grãos em função da

fragilidade da ligação dos mesmos na

panícula.

O teor de MS é um dos principais fatores que

afetam a fermentação durante o processo de

ensilagem, e a qualidade da silagem

produzida, além de estar positivamente

correlacionado com o consumo (McDonald

et al., 1991; Van Soest, 1994). A estimativa

da qualidade do processo de conservação de

uma forrageira na forma de silagem baseia-se

em parâmetros como: teor de matéria seca,

pH, nitrogênio amoniacal em relação ao

nitrogênio total, digestibilidade in vitro da

matéria seca e concentração de ácidos

orgânicos (acético, butírico, propiônico e

lático) (Borges et al., 1997; Araújo, 2002,

Tomich et al 2003). Já o valor nutricional é a

relação entre a digestibilidade e o consumo

da silagem por ruminantes. Os constituintes

da parede celular da planta, representados

pelo teor de fibra insolúvel em detergente

neutro (FDN), de fibra insolúvel em

detergente ácido (FDA) e lignina apresentam

correlações negativas com a digestibilidade,

e conseqüentemente com o teor de nutrientes

digestíveis totais. (Pesce et al., 2000).

Com o avançar da maturidade, verificam-se

aumentos nos teores de carboidratos

estruturais (FDN, de FDA e lignina) da

planta, o que depende, em grande parte, das

proporções de caules, folhas e panículas,

podendo alterar a qualidade das silagens.

(Goto et al., 1991). No entanto, para o sorgo

a redução da qualidade da fibra pode ser

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75

compensada por uma maior participação da

panícula, principalmente em cultivares de

elevada produção de grãos, resultando em

manutenção ou elevação nos teores de

digestibilidade in vitro da MS (DIVMS)

(Zago, 1991). Entretanto, existem vários

trabalhos contraditórios na literatura acerca

do efeito do estádio de maturação do sorgo

sobre o valor nutritivo das silagens. Araújo et

al. (2007) não observaram diferenças nos

teores FDN, FDA, lignina e DIVMS para

híbridos de dupla aptidão colhidos em

estádios de grãos leitoso, leitoso/pastoso,

pastoso, farináceo e duro. Já Pires et al.

(2006) avaliando oito estádios de maturação

(do florescimento até grãos secos) de

híbridos de sorgo de dupla aptidão,

observaram um comportamento diferente

entre os híbridos para as características de

acumulação das frações fibrosas e DIVMS.

O objetivo deste experimento foi avaliar a

qualidade da silagem do sorgo BRS-610 em

sete estádios de maturação da planta ao corte

pela determinação dos teores de MS, pH,

nitrogênio anomiacal em relação ao

nitrogênio total, ácidos orgânicos (lático,

acético, propiônico e butírico), teores de

proteína bruta, frações fibrosas (FDN, FDA,

hemiceluloses, celulose e lignina) e DIVMS

das silagens produzidas nos estágios de grãos

leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-E4,

pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7

e seco-E8.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O híbrido de sorgo BRS-610 foi cultivado e

colhido conforme descrito no capitulo II. Em

cada idade de corte as plantas foram cortadas

manualmente rente ao solo e imediatamente

picadas em picadeira estacionária. O material

foi amostrado de forma homogênea, ensilado

em silos de laboratórios (PVC) com 10 cm

de diâmetro e 40 de comprimento. A

compactação foi realizada com soquete de

madeira. Os silos foram fechados com

tampas de PVC dotadas de válvula do tipo

Bunsen, lacrados com fita adesiva e

identificados. Os silos foram pesados antes e

após a ensilagem, e posteriormente levados

ao Laboratório de Nutrição Animal da Escola

de Veterinária da UFMG.

A abertura dos silos foi realizada aos 56 dias

de fermentação. Durante a abertura foi

realizada avaliação visual, para observação

do aspecto físico, cheiro e presença ou não

de mofo. As silagens foram retiradas dos

silos e homogeneizadas. Parte do material foi

submetida à prensagem em prensa hidráulica

Carver, para extração do suco, no qual foram

imediatamente avaliados o pH em

potenciômetro Beckman, e nitrogênio

amoniacal em relação ao nitrogênio total, por

destilação com cloreto de cálcio e óxido de

magnésio, utilizando solução de ácido bórico

como solução receptora e titulação com

ácido clorídrico (AOAC, 2000). Parte do

suco da silagem (10 ml) foi congelada com

ácido metafosfórico na diluição de 5:1, para

posterior determinação dos ácidos orgânicos

em cromatografia gasosa (cromatógrafo

Shimadzu GC-17ª) usando-se coluna capilar

Nukol empacotada (10 m de comprimento x 1/4 de polegada de diâmetro) com Cromosorb

101 (80-100 mesh) como fase estacionária.

A outra parte foi submetida à pesagem e pré-

secagem em estufa de ventilação forçada a

55°C durante 72 horas. Após este período o

material foi deixado à temperatura ambiente

por duas horas, para estabilização e obtenção

de peso constante, e imediatamente pesado

para determinação da matéria pré-seca. As

amostras pré-secas foram processadas e

analisadas conforme descrito no material e

métodos do capitulo III.

Para as variáveis analisadas tanto no material

original quanto nas silagens adotou-se um

delineamento estatístico inteiramente

casualizado, num arranjo fatorial 7 (

estádios) x 2 (materiais), com quatro

repetições (canteiros) por corte. Descrito

pelo modelo estatístico:

Yijl= µ+ Τi + Ml + (T*M)il + €ijl

em que,

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76

Yijl =observação da variável resposta no

estádio de maturação “i”

µ = média geral

Τi = efeito do estádio de maturação da planta

ao corte; i = E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8

Ml = efeito do material; l = original e silagem

(T*M)il = efeito da interação estádio de

maturação x material

€ij = erro aleatório no estádio de maturação

“i”; €ij N (0, 1)

Para as variáveis avaliadas somente na

silagem (pH, nitrogênio amoniacal e ácidos

orgânicos) adotou-se um delineamento

inteiramente casualizado. Descrito pelo

modelo estatístico:

Yij= µ+ Τi + €ij

em que,

Yij =observação da variável resposta no

estádio de maturação “i”

µ = média geral

Τi = efeito do estádio de maturação da planta

ao corte; i = E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8

€ij = erro aleatório no estádio de maturação

“i”; €ij N (0, 1)

Os dados obtidos foram submetidos á análise

de variância e as comparações das médias

das variáveis quanto ao estádio de maturação

da planta foram realizadas pelo teste de

agrupamentos Scott-Knott, em nível de 5%

de probabilidade. Já as comparações das

médias entre os materiais originais e as

silagens foram realizadas pelo test t de

Student, em nível de 5% de probabilidade,

pelo pacote estatístico SAEG 9.1 2007.

Determinou-se, ainda, as correlações de

Pearson para as variáveis analisadas. Foi

estimado o modelo de equação de regressão

para as variáveis analisadas em função das

idades de corte pelo pacote estatístico SAEG

9.1 2007.

A qualidade da fermentação da silagem foi

determinada segundo critério de pontos

proposto por Tomich et al. (2003) e descrito

no capitulo I, presentes nas tabelas 1.1 e 1.2.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de matéria seca (MS), proteína

bruta (PB), pH, nitrogênio amoniacal (N-

NH3/NT), digestibilidade in vitro (DIVMS)

e ácidos orgânicos das silagens do sorgo

BRS-610 em sete estádios de maturação

(grãos leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3,

pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-

E6, duro-E7, seco-E8) são apresentados na

Tabela 4.1.

Matéria seca (MS)

Os valores de matéria seca (MS) das silagens

nos diferentes estádios de maturação podem

ser agrupados em três grupos; o primeiro até

E4, com valores inferiores e semelhantes

entre si, variando 19,86% a 24,48% MS; o

segundo entre E5 e E7, com valores

intermediários e semelhantes, variando de

27,59% a 32,37% MS; e o terceiro em E8,

valor de 47,31% MS. A equação linear de

regressão indica acréscimos à taxa de 0,53%

nos teores de MS da silagem a cada dia de

avanço na maturidade da planta (%MS da

silagem= 0,5348x - 33,099 R2 = 0,82%, em

que x= idade da planta entre E2 e E8).

Araújo et al. (2007) avaliaram as taxas de

acúmulo de MS nas silagens de sorgos de

duplo-propósito com o avanço do estádio de

maturação da planta. Esses autores relataram

taxas de acréscimos na matéria seca de

0,57% (BR700), 0,59% (BR701) e 0,77%

(Massa-3), que estão de acordo com os

resultados obtidos neste experimento. Os

valores de MS das silagens elevaram-se com

a maturidade como observado por Molina et

al. (2002), Pires et al. (2006) e Araújo et al.

(2007).

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77

Tabela 4.1: Valores de matéria seca (%), pH, nitrogênio amoniacal em porcentagem do nitrogênio

total (N-NH3/NT) e ácidos orgânicos (lático, acético, propiônico e butírico) em% da MS das

silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e

E8)

Estádio de maturação da planta ao corte

Variável E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

MS1 19,86 c 24,15 c 24,48 c 27,59 b 30,52 b 32,37 b 47,31 a 29,47

pH2 3,70 d 3,80 d 3,90 c 4,00 c 4,10 b 4,20 b 4,50 a 4,00

N-NH3/NT3 1,25 d 1,44 d 2,26 c 2,54 c 4,26 b 4,42 b 5,99 a 3,16

ác. lático4 10,48 a 8,66 a 7,64 a 7,92 a 7,56 a 5,16 b 3,8 b 7,32

ác. acético5 2,72 a 1,9 a 2,39 a 2,72 a 2,65 a 1,95 a 0,89 b 2,17

ác. propiônico6 0,02 b 0,02 b 0,02 b 0,03 b 0,11 a 0,09 a 0,05 b 0,05

ác butírico7 0,03 c 0,03 c 0,03 c 0,02 c 0,07 c 0,04 b 0,12 a 0,05

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação

(CV)1= 11,98%, 2= 2,9%, 3= 22,3%, 4= 21,26%; 5=26,97%; 6= 50,81%; 7= 38,16%. Estádios de maturação dos grãos:

E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Valores de MS próximos aos observados

neste experimento foram descritos por Pires

et al. (2006), variando de 20,78% a 41,89%;

e superiores foram descritos por Molina et al.

(2002) (27,30 a 39,70%) e Araújo et al.

(2007) (29,86 a 47,13%) que apresentaram

média de 34,46 e 38,57% MS,

respectivamente, para o mesmo estádio de

maturação do grão, de diferentes híbridos de

sorgo de duplo proposito e forrageiros,.

Nesse estudo os teores de MS tidos como

ideais por Van Soest (1994) foram obtidos

entre E5 e E7. As variações de MS das

silagens do sorgo BRS-610 colhidos entre E2

e E6 (24,15% a 30,52%) foram inferiores aos

descritos por Ibrahim (2007)(26,77% a

39,49% MS) e Ribeiro (2005)(28,27% a

39,49% MS), que avaliaram sorgos de porte

alto e colmo seco. Já o trabalho de Silva et

al. (1999) mostrou valores de MS inferiores

para os hibridos forrageiros (25,27%)

comparado aos de duplo-propósito (30,13%)

e graniferos (31,02%) indicando a

importância da panicula no aumento da MS

das silagens. Ferreira (2005) relatou valor

médio de 28,42% de MS para o hibrido

BRS-610 colhido no estádio de grãos

leitosos, sendo superior ao encontrado neste

ensaio. As variações nos teores de MS

relatados na literatura são resultado das

diferenças tanto entre os genotipos quanto as

condições de execução dos experimentos,

resultado em diferentes relações nas partes

das plantas mesmo quando se compara

hibridos iguais em diferentes locais e anos de

cultivo (Silva et al., 2007; Pinho et al.,

2007). Não se observou diferença nos teores

de MS da planta e sua respectiva silagem nos

diferentes estádios de maturação, o que

corrobora com outros trabalhos que

avaliaram silagens de sorgo (Nogueira, 1995;

Borges et al., 1997; Rocha Jr et al.,2000;

Molina et al., 2002; Ferreira, 2005; Ribeiro,

2005; Ibrahim, 2007).

Potencial de hidrogênio (pH)

Os valores de potencial de hidrogênio (pH)

das silagens aumentaram de 3,7 para 4,5, à

medida que avançou o estádio de maturação

da planta (Tabela 4.1). Aumentos nos valores

de pH com a maturidade foram observados

por Pires et al (2006) e Araújo et al (2007).

Segundo esses autores a elevação nos teores

de MS são os responsáveis pela elevação nos

teores de pH, com altas correlações entre MS

e pH, r=0,82 a r=0,86, p<0,01. Pires et al

Page 79: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

78

(2006) concluíram que o híbrido de sorgo

(BR 601) apresentou menor acréscimo nos

valores de pH em função do menor aumento

nos teores de MS com a maturidade.

A acidificação é inibida pela falta de água e

pressão osmótica, que dificulta a

fermentação e distribuição dos ácidos

orgânicos na massa ensilada, sendo o pH

inversamente correlacionado com a umidade.

Assim em silagens com teores de MS

superior a 35%, o valor pH é menos

importante na avaliação e, portanto, mesmo

com pH alto estas silagens podem ser

consideradas de boa qualidade (McDonald et

al., 1991; Van Soest, 1994). Contudo em

silagens com elevada umidade o pH acima

de 4,2 indica fermentação proteolítica,

produção de aminas e ácido butírico. A

preservação da qualidade da forragem requer

que a respiração da planta, a atividade

proteolítica e clostridiana, assim como o

crescimento de microorganismos aeróbios

sejam limitados. Em geral, para que tais

atividades sejam inibidas é necessário que o

pH reduza a faixa de 3,6 a 4,2, rapidamente.

Esses valores foram mantidos pelas silagens

produzidas até E7 (estádio de grãos secos),

podendo ser consideradas de excelente

qualidade quanto aos valores de pH.

Está bem definido que os sorgos utilizados

no Brasil, geralmente têm um nível de

carboidratos solúveis suficientes para uma

boa fermentação, com conseqüente queda no

pH capazes de inibir alterações indesejáveis

(Borges et al., 1997; Silva et al., 1999; Brito

et al., 2000; Araújo, 2002). Apesar de não se

ter dosado os níveis de carboidratos solúveis

neste experimento pode-se inferir que houve

substrato fermentável (carboidratos solúveis

e hemiceluloses) suficiente durante o

processo de ensilagem, resultando em

adequados valores de pH. O elevado teor de

MS (47% de MS) no último corte pode ter

dificultado a compactação, a fermentação, a

distribuição dos ácidos e conseqüentemente a

redução do pH. As variações encontradas nos

valores de pH entre as silagens são

decorrentes das diferenças intrínsecas aos

híbridos com respeito aos conteúdos de MS,

carboidratos e relações das partes da planta, e

as diferenças quanto aos processos de

ensilagem (estádio de maturação da planta,

velocidade de ensilagem, uso de aditivos).

Nitrogênio amoniacal (N-NH3/NT)

Sabe-se que a fermentação provoca

alterações na composição das frações

nitrogenadas, reduzindo os níveis de proteína

verdadeira e aumentando os níveis de

aminoácidos livres ou produtos da quebra

desses aminoácidos, incluindo amônia, CO2

e animas (Oshima e McDonald, 1978). O

nível em que essa proteólise ocorre depende

de diversos fatores relacionados ao processo

de fermentação (Fairbairn et al., 1992) e a

avaliação de silagens quanto aos compostos

nitrogenados deve incluir métodos que

possam indicar os níveis em que essa

proteólise ocorreu.

Neste estudo, dosou-se o nível de nitrogênio

amoniacal (N-NH3/NT) no suco das silagens

como indicativo do grau de proteólise. Os

valores de N-NH3/NT foram baixos e

variaram de 1,25% a 5,99%, com aumento

progressivo a medidda que avançou o estádio

de maturação da planta (Tabela 4.1). A

elevação dos teores de MS, pH e redução nos

níveis de ácido lático podem ser responsáveis

pela elevação dos níveis de N-NH3/NT, em

decorrência de algum grau de proteólise

pelas enzimas da planta e/ou fermentação

clostridiana, revelada pelo aumento nos

níveis de ác. butírico nos estádios mais

avançadas de corte. Contudo Pires et al.

(2006) observaram valores de N-NH3/NT

superiores (6,03% a 7,79%) e que reduziram,

do florescimento ao estádio de grão seco, em

função da elevação dos teores de MS com a

maturidade. Por outro lado Araújo et al.

(2007) não observaram alterações nos níveis

de N-NH3/NT com a maturidade. Esses

autores observaram teores médios de N-

NH3/NT de 5,53%; 5,44% e 7,12% para os

híbridos de sorgo BR700, BR701 e Massa-3,

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79

respectivamente, em silos experimentais de

PVC.

As variações nesse parâmetro são reflexos da

velocidade de queda no pH, que inibi a

atividade das enzimas proteolíticas da planta

e dos microrganismos proteolíticos presentes

na silagem. Silagens de muito boa qualidade

apresentam níveis de N-NH3/NT entre 0-

10%. Sendo assim, as silagens do híbrido

BRS-610 podem ser consideradas como de

muito boa qualidade em todos os estádios de

maturação, o que demonstra que a proteólise

ocorrida durante o processo fermentativo

dentro do silo foi reduzida, conservando-se a

qualidade da forrageira ensilada.

Ácidos orgânicos da silagem

Ácido lático

Os ácidos orgânicos mais comumente

determinados nas silagens são os ácidos

lático, acético, butírico, e propiônico.

Segundo McDonald et al. (1991) o ácido

lático é o principal regulador da acidez da

forrageira dentro do silo. Os valores de ácido

lático variaram de 3,80% a 10,48%. (tabela

4.1), sendo superiores e semelhantes entre si

até E6, contudo nos dois últimos cortes (E7 e

E8) houve reduções desses valores, o que

pode ter ocorrido pelo teor de MS mais

elevado (> 30%). Esse comportamento está

de acordo com os resultados de Moisio e

Heikonen (1994) e Araújo et al. (2007) que

relataram reduções no conteúdo de ácido

lático à medida que o teor de MS da silagem

aumentou. Araújo et al. (2007) citam

correlações negativas (p<0,001) entre ácido

lático e MS (r= -0,75), e entre ácido lático e

pH (r= -0,54). Contudo os valores descritos

por esses autores (6,30% a 15,42% na MS)

foram superiores aos encontrados neste

ensaio. Por outro lado valores inferiores

foram observados por Rocha Jr. et al.

(2000)(3,2% a 8,5%), Ferreira (2005)(3,37%

a 5,57%) e Ibrahim (2007)(4,15% a 6,31%).

As silagens produzidas até E7 podem ser

consideradas de muito boa qualidade (teores

de ácido lático acima de 5,0%), segundo

Borges et al. (1997). O ácido lático é um

produto resultante de fermentação e sofre

influência de fatores como: teor de MS,

concentração de carboidratos solúveis,

condições de anaerobiose, microflora

presente, capacidade tamponante da

forrageira e os produtos originais da

fermentação. Segundo Moisio e Heikomen

(1994), 1grama de nitrogênio de aminoácido

e peptídeos/ kg de MS requer 2,3 gramas de

ácido lático/ kg de MS para manter um pH

de 3,87.

Ácido acético

A presença de ácido acético em grandes

proporções está relacionada à ação

prolongada de enterobactérias e bactérias

heterofermentativas, cujas fermentações

acarretam maiores perdas de matéria seca e

energia (Muck e Bolsen, 1991), e possuem

menor eficiência para um adequado

abaixamento de pH da silagem. Os valores

de ácido acético oscilaram entre 0,89% a

2,72%, mas não diferiram até E7, reduzindo,

porém, em E8 (tabela 4.1). Rocha Jr. et al.

(2000), Molina et al. (2002) e Araújo et al.

(2007) citam valores entre 1,2 a 1,9% para

híbridos de duplo-propósito, o que pode

justificar os menores valores observados por

esses autores, já que a maior proporção de

grãos pode ter propiciado melhores

condições de fermentação. No entanto

produções de ácido acético podem estar

relacionadas com altas concentrações de

lactato. Borges et al. (1997) e Araújo et al.

(2007) encontraram correlações de r= 0,79 e

r = 0,63 (p<0,001), respectivamente, entre

esses dois ácidos. Esses autores sugerem que

nessas condições grande parte do acetato é

proveniente de fermentações heteroláticas e

não necessariamente indica má conservação

da silagem (Van Soest, 1994). Neste estudo

observou-se correlação (p<0,001) alta e

positiva entre ácido lático e ácido acético

(r=0,74) e diante dos baixos valores de

nitrogênio amoniacal e ácido butírico

acredita-se que tenha ocorrido situação

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semelhante à descrita por esses autores.

Segundo Moisio e Heikonen (1994) a

elevação do teor de ácido acético inibe a

fermentação lática e acréscimos de 0,5% a

1% de ácido acético tende a aumentar o pH

de 3,87 para 4,10.

Ácido propiônico

Baixos teores de ácido propiônico são

esperados em silagens de boa qualidade, bem

preservadas, pois este ácido é produto de

fermentações secundárias, de bactérias

ácido-propiônicas e secundariamente pela

ação de clostrídios. Os valores de ácido

propiônico foram baixos e variaram de

0,02% a 0,11% (tabela 4.1). Esses resultados

foram próximos aos obtidos por Borges et al.

(1997), Rocha Jr. et al. (2000) e Araújo

(2006). A contribuição desse ácido para o

abaixamento do pH é muito baixa, contudo a

presença em pequena quantidade na forma

não ionizada auxilia na manutenção da

estabilidade aeróbica da silagem, pois, possui

ação antimicótica.

Ácido butírico

Segundo Knabe e Weise (1974), os fatores

que controlam as fermentações secundárias

são a atividade da água, proveniente da

própria umidade da planta, e a acidez, sendo

que o teor da matéria seca da planta antes da

ensilagem pode ser tomado como medida

dessa atividade. Os valores de ácido butírico

variaram de 0,03% a 0,12% (tabela 4.1). Os

valores de ácido butírico foram constantes e

inferiores até E6, no entanto, para os cortes

sucessivos foi observado acréscimos

significativos. Apesar das variações nos

conteúdos desse ácido os valores foram

baixos e sugerem uma boa conservação da

forragem, sem desenvolvimento significativo

de microrganismos do gênero Clostridium

sp. Borges et al. (1997), Rocha Jr. et al.

(2000) e Araújo et al. (2007) produziram

silagens de boa qualidade com teores de

ácido butírico variando de 0 a 0,3%,

enquanto outros autores não observaram a

presença desse ácido orgânico nas silagens

de sorgo (Nogueira, 1995; Ibrahim, 2007;

Ribeiro, 2005; Araújo, 2006).

A pontuação e classificação final das

silagens em função do estádio de maturação

da planta encontra-se na Tabela 4.2. Quanto

à qualidade de fermentação as silagens

podem ser classificadas como de excelente a

boa qualidade para todas os estádios de

maturação, refletindo a aptidão do híbrido

para ser conservado na forma de silagem.

Tabela 4.2: Pontuação e classificação das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios

de maturação da planta (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)

Pontuação das silagens

Estádio de maturação da planta ao corte

Variável E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

PH 25 25 25 25 25 25 25

N-NH3/NT 25 25 25 25 25 25 25

Ac. Acético (% da MS) -5 0 0 -5 -5 0 0

Ac. Butírico (% da MS 50 50 50 50 50 50 40

Pontuação final 95 100 100 95 95 100 90

Classificação Excelente Excelente Excelente Excelente Excelente Excelente Boa

Segundo classificação proposta por Tomich et al. (2003)

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81

Proteína Bruta (PB)

Na Tabela 4.3 são apresentados os teores de

proteína bruta (PB), fibra insolúvel em

detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em

detergente ácido (FDA), hemiceluloses,

celulose, lignina e digestibilidade in vitro da

MS (DIVMS) das silagens do sorgo BRS-

610 produzidas com a planta em sete

estádios de maturação (E2, E3, E4, E5, E6,

E7 e E8). Os valores percentuais de PB

variaram de 5,99% a 7,27%. Houve redução

(p<0,05) nos teores de PB entre E4 e E5,

porém sem explicação, pois os valores

voltaram aos níveis anteriores nos estádios

posteriores. Além disso, os principais

componentes da planta (colmo e folha)

mostraram estabilização nos teores de PB

desde E3. As concentrações de PB nas

silagens devem ser interpretadas com

critério, pois não levam em conta as

alterações na fração nitrogenada, que ao final

do processo fermentativo podem ser

significativas (McDonald et al., 1991).

Durante o processo de pré-secagem pode

ocorrer volatilização de substâncias como a

amônia. Valores de PB obtidos neste ensaio

foram semelhantes aos observados por outros

pesquisadores (Molina et al., 2002; Pires et

al., 2006; Araújo et al., 2007), superiores aos

observados por Brito et al. (2000) e Rocha Jr.

et al. (2000) para os híbridos forrageiros (4,8

e 5,35%) e inferiores aos descritos para

híbridos de duplo propósito (8,7 e 7,4%). Os

teores de PB da planta (tabela 3.2 capitulo

III) e suas respectivas silagens não diferiram,

resultado que era esperado, pois a

fermentação geralmente não altera os níveis

de nitrogênio total, embora altere as

proporções das frações nitrogenadas (Van

Soest, 1994).

Tabela 4.3: Teores de proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em detergente neutro (%FDN

na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS), hemiceluloses (%HEM na MS),

celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade in vitro da matéria seca

(%DIVMS) das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4,

E5, E6, E7 e E8)

Variável (%MS)

Estádio de maturação da planta ao corte

E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média

PB1 7,27 a 6,93 a 6,86 a 6,24 b 5,99 b 6,77 a 6,27 a 6,62

FDN2 58,85 a 53,88 b 54,66 b 53,14 b 58,2 a 61,19 a 58,43 a 56,91

FDA3 33,56 a 30,57 b 31,13 b 30,4 b 33,22 a 35,89 a 35,05 b 32,83

HEM4 25,29 a 23,31 b 23,54 b 22,74 b 24,97 a 25,31 a 23,7 a 24,12

CEL5 28,35 25,15 25,95 24,16 27,22 29,75 27,01 26,80

LIG6 5,21 b 5,42 b 5,18 b 6,24 b 6,00 b 6,14 b 7,72 a 5,99

DIVMS7 60,52 a 60,13 a 59,77 a 53,05 b 50,57 b 45,05 c 49,75 b 54,12

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:

1= 5,84%, 2=6,59%, 3=7,21%, 4=5,40%, 5=8,38%, 6=13,00%, 7=4,85%. Estádios de maturação dos grãos: E2- leitoso;

E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

Frações fibrosas

A avaliação das frações fibrosas é muito

importante na determinação do valor

nutritivo e energético dos alimentos.

Segundo Minson (1990) existem correlações

negativas entre digestibilidade e valor

energético com os teores de FDN, FDA e

lignina das forrageiras. Segundo Van Soest

(1994) os teores de FDN correlacionam

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82

negativamente com o consumo das forragens

frescas e conservadas. Assim, as

mensurações das frações fibrosas fornecem

um indicativo da digestibilidade e consumo

das forragens.

Os valores de FDN oscilaram de 53,14% a

61,19% e de FDA de 30,40% a 35,89%, já as

frações de hemiceluloses mostraram valores

de 22,74% a 25,31% e de celulose de

30,38% a 35,86%. Essas frações mostraram

comportamentos semelhantes e sofreram

reduções entre E2 e E3. Os resultados

mostram valores inferiores e semelhantes

entre si no intervalo de E3 a E5. As reduções

nos teores desses componentes estão

associadas ao aumento da participação da

panícula de 18,4% para 39,3% na MS da

planta (fração essa com menores teores de

constituintes da parede celular), e pela

redução do colmo (59,4% para 45,7% na

MS), que apresenta os maiores valores.

Segundo Bruno et al. (1992), Silva et al.

(1999) e Pires et al. (2006) a redução da

fração FDN e FDA das silagens são

acompanhadas por aumento na participação

da fração panícula na planta de sorgo.

Contudo os aumentos na porcentagem das

frações fibrosas nos cortes subseqüentes

ocorreram por aumento dos constituintes da

parede celular das frações de colmo e folha.

Isso indica que o aumento da participação da

panícula não foi suficiente para sustentar as

elevações dessas frações no colmo e folha

em estádios mais avançados de maturação do

sorgo (tabela 1.3 capitulo I). Danley e Vetter

(1973) registraram aumento do nível de FDN

e FDA das silagens com o avanço do estádio

de maturação de um sorgo forrageiro com

pouca participação da fração de panícula.

As silagens produzidas até E5 mostraram

reduções nos valores de FDN e

hemiceluloses comparado ao material

original, não havendo diferença nos cortes

sucessivos. Esse resultado concorda com os

resultados obtidos por vários autores (Muck,

1988, Silva et al. 1999 e Brito et al. 2000).

Neste trabalho, a diminuição nas

concentrações de FDN podem ter ocorrido

por hidrolise dos componentes estruturais

como hemiceluloses, o que vem a confirmar

que as hemiceluloses podem ser a principal

fonte adicional de substrato, para o processo

fermentativo no silo. Por outro lado, os

teores de FDA não sofreram alteração com a

ensilagem. Segundo Van Soest (1994), a

celulose praticamente não se modifica

durante a ensilagem, a não ser quando há

extensa degradação fungica.

Os resultados da literatura para silagens de

sorgo, ensiladas nos estádios de grãos leitoso

a pastoso, indicam valores de FDN e FDA

oscilando de 44,56% a 63,55% e 20,15% a

31,30%, respectivamente. Já Ferreira (2005)

encontrou para o híbrido BRS-610 valores de

FDN de 50,50% e de FDA de 24,75%.

Segundo Pesce et al. (2000) as silagens com

menores teores de FDN poderiam ter maior

consumo voluntário, devido à alta correlação

negativa entre FDN e consumo de MS por

ruminantes (Van Soest, 1994). Diante dos

resultados obtidos para o BRS-610 neste

ensaio e na literatura pode-se inferir que ele

apresenta uma fibra de boa qualidade,

mostrando teores de fibra próximos aos

relatados para sorgos de graníferos e de

duplo-propósito.

Os valores de hemiceluloses foram próximos

aos valores médios encontrados por Araújo

(2006) (24,62%) e Pires et al. (2006)

(23,73%), e inferiores ao observados por

Ibrahim (2007) (31,74%) e Ribeiro (2005)

(30,35%). Já os valores de celulose

encontrados neste experimento (24,2% a

29,7%) foram inferiores aos relatados por

Araújo (2002, 2006) de 28,0% a 36,3%.

Sabe-se que as enzimas das plantas e

bacterianas podem desdobrar hemiceluloses

em pentoses, que servem de fonte extra para

as bactérias ácido láticas (Muck, 1988;

McDonald et al., 1991). Como já discutido,

neste experimento há indícios de que as

frações de hemiceluloses sofreram

degradação durante o processo de ensilagem

para as plantas colhidas até E5. Segundo

Silva et al. (1999) a utilização das

hemiceluloses durante a fermentação é

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83

controlada principalmente pelos teores de

carboidratos solúveis disponíveis para a

fermentação. Por outro lando os teores de

celuloses não sofreram alteração com a

ensilagem nos diferentes estádios de

maturação.

Os teores de lignina foram inferiores e

semelhantes entre si até E7, contudo no

último corte (E8) observou-se aumento nesse

valor. Os valores de lignina variaram de

5,21% a 7,72% com a maturidade. Houve

aumento nos teores de lignina com a

ensilagem o que não era esperado e pode ser

decorrente de erros de amostragem ou de

execução da técnica. Valores próximos

foram descritos por Ribeiro (2005)(3,31% a

9,49%) e Araújo et al. (2007)(4,72% a

6,48%). A lignina constitui um polímero

fenólico que se associa aos carboidratos

estruturais, celulose e hemiceluloses,

alterando significativamente a digestibilidade

destes carboidratos das forrageiras (Norton,

1982). Contudo mais importante que a

concentração da lignina é a sua composição e

a relação dos compostos hidroxibenzaldeído

(HBD), vanilina (VAN) e siringaldeído

(SGD). De acordo com Noguera (2002) o

avanço do estádio de maturação e o

conseqüente aumento do grau de lignificação

das frações fibrosas em híbridos de sorgo

forrageiros levam ao aumento da

concentração de HBD, VAN e SGD.

Segundo Saliba et al. (1999), a vanilina, que

é derivada o ácido ferúlico, é a maior

responsável pelas ligações da lignina com as

hemiceluloses e pela redução da

digestibilidade das forrageiras.

Digestibilidade in vitro da MS (DIVMS)

A qualidade de uma silagem é função de sua

composição química e de seu consumo pelos

animais, além da digestibilidade de seus

nutrientes (Dias et al., 2001). Segundo Silva

et al. (1999) os valores de DIVMS e DIVMO

são aumentados com o aumento da

participação de panícula na planta do sorgo,

sendo necessário pelo menos 40% desta

fração para obtenção de silagens de sorgo de

boa qualidade. Os valores de DIVMS

variaram de 45,05% a 60,52%. A equação de

regressão linear (%DIVMS da silagem= -

0,3657x + 96,911 R2 = 0,82, em que x=

idade da planta entre E2 e E8) indica

reduções à taxa de 0,37% nos valores de

DIVMS a cada dia de avanço da maturidade,

contudo reduções significativas ocorreram a

partir de E4. Pires et al. (2006) e Araújo et

al. (2007) não encontraram efeito do estádio

de maturação sobre a DIVMS das silagens de

sorgo avaliadas, com médias que variaram de

54,93% a 57,79% e 47,24% a 52,19%,

respectivamente. No entanto, Zago (1992)

encontrou aumentos na digestibilidade das

silagens de sorgo com a maturidade pelo

aumento da proporção de panícula, por ser a

fração de maior digestibilidade da planta. De

modo semelhante Silva et al. (1999) também

encontrou maior teor de DIVMS pelo

aumento na proporção de panícula na massa

ensilada. Entretanto Hart (1990) e Andrade e

Carvalho (1992) não encontraram diferenças

na digestibilidade mesmo quando a

proporção de grãos era aumentada, seja pelo

aumento da altura de corte ou por avanço da

maturidade. O efeito do estádio de maturação

sobre a digestibilidade é variável em

diferentes materiais em decorrência da

variação na proporção das partes de colmo,

folha e panícula na planta e pelas diferenças

entre os valores nutricionais dessas frações, o

que interfere na qualidade final das silagens

de sorgo.

Cummins (1971) estudou silagens de grãos,

colmos e folhas de sorgos com e sem taninos

e observou que a ensilagem melhorou os

coeficientes de digestibilidade dos grãos,

mas não alterou os resultados para as frações

de folha e colmo. A melhoria na

digestibilidade dos grãos (50,0% x 66,0%

grãos com tanino e 65,0% x 75,0% grãos

sem tanino) pode estar associada à redução

dos teores de taninos e/ou gelatinização do

amido pela associação de calor e umidade,

condições presentes com a ensilagem.

Neumann et al. (2004) relataram valores

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84

médios de 54,02% e 59,76% DIVMO para

híbridos forrageiros e de duplo-propósito

colhidos nos estádios de grãos farináceo a

duro e pastoso a farináceo, respectivamente.

Silva (1996), Brito et al. (2000) e Rocha Jr.

et al (2000) avaliaram sorgos forrageiros e de

duplo-propósito colhidos nos estádios de

grãos leitoso a pastoso. Os valores de

DIVMS foram semelhantes entre os ensaios

e de modo geral, variaram de 50 a 58%, o

que condiz com os resultados desse ensaio

para os mesmos estádios de maturação dos

grãos. Ferreira (2005) e Ibrahim (2007)

encontraram coeficientes de digestibilidade

para o sorgo BRS-610 (59,64%) próximo ao

obtido neste ensaio para o mesmo estádio de

maturidade (E3-leitoso/Pastoso).

Ao comparar a digestibilidade da planta e

sua respectiva silagem em diferentes estádios

de maturação da planta constatou-se redução

numérica a partir de E5 (58,2% x 53,0%) e

significativa nos últimos três estádios de

maturação, E6-farináceo (58,5% x 50,6%),

E7-duro (59,9% x 45,0%) e E8-seco (59,1%

x 49,8%). Os relatos na literatura são

conflitantes sobre esse aspecto. Alguns

autores observaram reduções (Borges et al.,

1999; Bernardino, 1996, Silva et al., 1999,

Ribeiro, 2005) com a ensilagem, devido ao

consumo da fração de carboidratos solúveis.

Contudo Nogueira (1995), Silva (1996),

Pesce et al., (2000), Ferreira (2005) e

Ibrahim (2007) não encontraram diferenças

entre o material original e suas silagens para

os teores de DIVMS. Por outro lado, alguns

pesquisadores relataram comportamento

distinto entre híbridos avaliados no mesmo

ensaio (Brito et al., 2000; Rocha Jr. et al.,

2000). Pelos valores de DIVMS as silagens

podem ser classificadas de boa a média

qualidade, segundo Borges et al., 1997. Nos

estádios de grãos leitosos (E2) a pastosos

(E4) observam-se bons valores nutricionais,

indicados pelos menores teores das frações

fibrosas, bons teores de digestibilidade e

teores de matéria seca que de modo geral não

limitariam o consumo de MS pelos

ruminantes.

4. CONCLUSÃO

O estádio de maturação dos grãos

influenciou tanto na qualidade da

fermentação quanto no valor nutritivo das

silagens do híbrido de sorgo BRS-610. Os

resultados deste experimento indicam que a

ensilagem do híbrido de sorgo BRS-610

entre E3 e E5, estádio de grãos leitoso a

pastoso, garante uma excelente fermentação

e bom valor nutritivo da silagem.

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87

bicolor (L.) Moench) de portes baixo, médio

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88

CAPÍTULO V: AVALIAÇÃO DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE

ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO PELA TÉCNICA IN VITRO SEMI-AUTOMÁTICA

DE PRODUÇÃO DE GASES.

RESUMO: Avaliou-se a qualidade das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de

maturação de grãos (leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-

E6, duro-E7, seco-E8), pela técnica in vitro semi-automática de produção de gases. O

delineamento foi inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento e as médias

foram compardas pelo teste Scott-knott (p<0,05). Os parâmetros potencial máximo de produção de

gases (A), tempo de colonização (L), taxa de produção de gases (μ) e degradabilidade efetiva da

matéria seca (MS) para as taxas de passagem de 2; 5 e 8%/h foram obtidos pelo modelo de France

et al. (1993). O potencial máximo de produção de gases não diferiu entre as silagens e indicou

média de 170,5 ml/g de MS. Os estádios de maturação entre E3 e E4 apresentaram menor tempo

de colonização. As maiores taxas de fermentações foram observadas nas silagens produzidas entre

E5 e E8. As degradabilidades efetivas foram semelhantes entres as silagens, com média de 46,2%.

O sorgo BRS-610 produziu silagens de qualidade satisfatória com destaque para as silagens

produzidas em E5 por associar melhor taxa de fermentação e menor tempo de colonização.

Palavras chaves: produção de gases, qualidade, ruminantes, valor nutritivo,

EVALUATION OF THE SILAGES OF SORGHUM BRS-610 IN SEVEN STAGES OF

MATURATION FOR SEMI-AUTOMATED IN VITRO GAS PRODUCTION TECHNIQUE

ABSTRACT: The quality of the silages of sorghum BRS-610 produced to the seven stages the

grain maturation ( milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-

E6, hard dough-E7, dry-E8 ) for the semi-automatic gas production technique (Reading pressure

technique) was evaluated. It was used a complete randomized design, with four repetitions for

treatment, and the means had been compared by the test Scott-knott (p<0.05). The parameters

potential of production of gases (A), lag phase (L), rate of gas production (μ) and effective dry

matter (DM) degradability for 2; 5 and 8%/h rate of passage had been gotten by the model of

France et al. (1993). The potential of gas production had not differed between the silages, showing

mean of 170.5 ml/g of DM. The stages among E3 and E4 had shown minor lag phase. The biggest

rate of gas production had been observed in the silages produced among stage of E5 and E8. The

effective degradabilities had been similar among the silages, with 46.2% mean. The sorghum BRS-

610 produced silage de satisfactory quality whit prominence for the silage produced to the E5 for

associating better rate of gas production and minor lag phase.

Key words: gas production, nutritional value, quality, ruminant.

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89

1. INTRODUÇÃO

O sorgo BRS-610 obtido pela embrapa pelo

cruzamento dos materiais CMSXS 232A x

CMSXS 234R destaca-se pela resistência

moderada a doenças como antracnose e

ferrugem e boa resistência a

Helmintosporiose. O BRS-610 é um sorgo de

colmo seco, de grãos com endosperma semi-

duro e sem tanino. Observa-se ainda, boa

resistência ao acamamento o que favorece a

colheita mecanizada, com mínimas perdas a

campo e resistência à acidez do solo

(Rodrigues et al., 2004). Contudo necessita-

se avaliar o valor nutricional de suas silagens

e o melhor momento de colheita.

A qualidade nutricional de uma forrageira é

medida por sua digestibilidade e pelo

consumo voluntário. No entanto, as

avaliações destes parâmetros in vivo, são

técnicas laboriosas, caras e demoradas,

dificultando a avaliação de alimentos. Desta

forma, a utilização de técnicas laboratoriais

para predição de consumo e digestibilidade

tem sido uma opção para avaliação do valor

nutricional de alimentos de uma maneira

mais prática e rápida (Getachew et al., 1998).

A técnica de produção de gases in vitro

apresenta algumas vantagens quando

comparada com a técnica in vitro de Tilley e

Terry (1963). Os métodos in vitro são

baseados em medidas gravimétricas do

desaparecimento de componentes que nem

sempre contribuem para fermentação e

produção de gases. Além disso, na

metodologia de produção de gases a cinética

de fermentação pode ser avaliada em uma

única amostra utilizando uma pequena

quantidade de material. A técnica in vitro

semi-automática de produção de gases

(Mauricio et al., 1999) ou Reading Pressure

Technique (RPT) tem a capacidade de

avaliar grande número de substratos e

descrever a cinética de fermentação ruminal.

A técnica apresenta potencial de descrição da

cinética de fermentação, da taxa e extensão

da degradação de forrageiras. A técnica

constitui também uma ferramenta promissora

em avaliações das taxas de digestão das

frações solúveis e insolúveis dos alimentos,

utilizadas pelos sistemas modernos de

predição de consumo (NRC, 1996; NRC,

2001). A técnica in vitro semi-automática de

produção de gases apresenta a vantagem de

permitir a avaliação de um grande número de

amostras por experimento, com boa acurácia,

facilidade de manuseio e baixo custo por

amostra analisada.

O objetivo deste experimento foi determinar

o valor nutricional das silagens do sorgo

BRS-610 em sete estádios de maturação

através da avaliação da produção de gases e

da degradabilidade da matéria seca,

utilizando a técnica in vitro semi-automática

de produção de gases.

2. MATERIAL E MÉTODOS

As silagens avaliadas no presente trabalho

foram obtidas de acordo com a metodologia

descrita no capítulo IV. As silagens foram

moídas em partículas de aproximadamente 1

milimetro e armazenadas em recipientes de

polietileno para posterior avaliação pela

técnica in vitro semi-automática de produção

de gases (Maurício et al., 1999).

Na avaliação da qualidade nutricional das

silagens pela técnica in vitro semi-

automática de produção de gases um grama

de amostra foi adicionado aos frascos de

fermentação (160 ml) previamente injetados

com CO2. Foram utilizados três frascos por

repetição. Frascos contendo somente líquido

ruminal e meio de cultura (tampão) foram

usados como controle. Para cada frasco,

foram adicionados manualmente, utilizando

uma proveta, 90 mililitro de meio de cultura

conforme Theodorou et al. (1994). Os

frascos foram vedados com rolhas de

borracha (14 mm).

Para evitar que qualquer tipo de fermentação

ocorresse, os frascos foram mantidos a 4 ºC

durante a noite. Cinco horas antes da

inoculação os frascos foram removidos da

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90

geladeira para estufa a 39 ºC até o momento

da inoculação. A inoculação foi feita usando

liquido ruminal obtido de um bovino macho

castrado da raça européia, fistulado, mantido

em dieta a base de volumoso (Feno de

Tyfton 85) à vontade e 3 kg de concentrado

comercial por dia (20% de PB). O líquido

ruminal foi retirado pela manhã antes da

alimentação do animal e armazenado em

garrafas térmicas previamente aquecidas. No

laboratório, o líquido ruminal foi filtrado sob

injeção contínua de CO2 e mantido em

banho-maria a 39 ºC. A inoculação foi

realizada sob injeção de 10 ml do liquído

ruminal por frasco através de seringa plástica

conectada a uma agulha (0,6 milimetro). A

pressão originada pelos gases acumulados na

parte superior dos frascos foi medida através

de um transdutor de pressão (tipo T443A,

Bailey e Mackey, Inglaterra) conectado em

sua extremidade a uma agulha (0,6

milimetro). As leituras de pressão foram

tomadas em maior freqüência durante o

período inicial de fermentação e reduzidas

posteriormente (2, 4, 6, 8, 10, 12, 15, 19, 24,

30, 36, 48, 72, e 96 h). A partir da inserção

da agulha na tampa de borracha a pressão

produzida no interior dos frascos foi lida no

leitor digital. Os dados de pressão foram

utilizados para o cálculo do volume de gases

produzidos através de equação matemática

desenvolvida por Mauricio et al. (2003a):

VG (ml) = 0,051 P2 + 4,43 P - 0,004 (r

2=

0,99)

em que,

VG = volume de gases produzido;

P = pressão em psi (pressão por polegada

quadrada).

Os resíduos de fermentação foram obtidos

através de filtragem em cadinhos de

porosidade 1 (Pirex - Vidrotec) previamente

pesados. Após filtragem, os cadinhos

contendo o resíduo de degradação foram

secados por 48 horas a 100ºC e pesados para

que fossem calculados os valores de

degradabilidade da matéria seca após 96

horas de fermentação (DMS).

Procedimentos estatísticos

Os dados de produção cumulativa de gases

oriundos da fermentação de cada tratamento

foram ajustados através do software

"Maximum Likelihood Program" (Ross,

1980) ao modelo de France et al. (1993):

Y = A 1 – exp – b(t – L) – c x ( t – L) (1)

em que,

Y = produção cumulativa de gases (mL);

A = assíntota ou potencial máximo de

produção de gases;

L = tempo de colonização (lag time);

t = tempo de incubação em horas;

b (h-1

) e c (h-0,5

) = taxas fracionais

constantes.

Uma taxa fracional (h-1

) combinada a

produção de gases (μ) foi calculada como:

μ = b + c

2t (2)

em que,

μ = taxa de produção de gases (h-1

),

calculada na metade do tempo para atingir a

assíntota;

b e c = parâmetros semelhantes ao da

equação (1);

t = tempo de incubação em horas.

As degradabilidades efetivas da matéria seca

(DEMS) empregando as taxas de passagem

de 2%, 5% e 8%/h para baixo, médio e alto

consumo, respectivamente, conforme

recomendações do Report.... (1984), foram

calculadas pela equação (3) proposta por

France et al. (1993), utilizando o software

MLP (Ross, 1980).

DEMS = S0 e -kT

(1 - kI)/ (S0 + U0)

(3)

em que,

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91

k = taxa de passagem;

S0 e U0 = frações inicialmente fermentáveis e

frações não fermentáveis.

I = ∫∞

T exp -[(b + k) (t - T) + c(t - T)]dt

O delineamento utilizado foi inteiramente

casualizado. Para os dados de produção

cumulativa de gases após 6, 12, 24, 48, 72 e

96 horas de fermentação utilizou-se esquema

fatorial 7 x 6 (Época de corte x horários de

produção cumulativa de gases) com quatro

repetições. As épocas de ensilagem foram

submetidas ao estudo de regressão para os

parâmetros avaliados, porém não foram

observadas significâncias estatísticas.

Descrito pelo modelo estatístico:

Yijk= µ+ Τi + Ak + (T*A)ik +ij

em que,

Yijk = observação da variável resposta para o

estádio de maturação “i” no tempo “k” no

bloco “j”

µ = média geral

Τi = efeito do estádio de maturação da planta

ao corte; i = E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8

Ak = efeito do tempo de incubação; k = 6, 12,

24, 48, 72 e 96 horas de incubação

(T*A)ik = efeito da interação estádio de

maturação x tempo de incubação

ij = erro aleatório atribuído ao estádio de

maturação “i” no tempo de incubação “K”;

ik N (0, 1)

A comparação das médias foi feita utilizando

o teste de agrupamentos de Scott-Knott, em

nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o

pacote estatístico SAEG 9.1 2007.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A composição química das silagens

avaliadas podem ser verificadas nas tabelas 5

e 7 do capítulo III. Na tabela 5.1 encontram-

se as produções cumulativas de gases das

silagens do híbrido de sorgo BRS-610 em

sete estádios de maturação da planta ao corte

(E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8), após 6, 12, 24,

48, 72 e 96 horas de fermentação.

Tabela 5.1: Produções cumulativas de gases (em ml/g de MS) após os tempos de incubação de 6,

12, 24, 48, 72 e 96 horas das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação (E2, E3,

E4, E5, E6, E7 e E8)

Estádio

de

maturação

Tempos de Incubação (horas)

6 12 24 48 72 96

E2 26,797 57,990 100,938 139,407 160,574 171,009 A

E3 31,399 70,737 108,304 142,433 162,303 172,176 A

E4 24,666 67,357 105,972 141,442 162,616 172,655 A

E5 18,808 60,749 108,033 144,910 165,005 174,752 A

E6 22,002 64,907 110,679 149,631 169,889 181,706 A

E7 18,349 55,758 102,524 140,029 160,042 171,499 A

E8 16,054 48,038 89,524 121,139 139,685 150,842 A

médias 22,582 60,791 103,711 139,856 160,016 170,663

Médias seguidas de letras distintas maiusculas na coluna, diferem entre si (p<0,5) pelo teste Scott-knott (p<0,05);

Coeficiente de variação= 7,52%. Estádios de maturação dos grãos: E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5-

pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

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92

De acordo com a Tabela 5.1, não foi

observada nenhuma variação significativa na

produção de gases entre os estádios de

maturação para um mesmo período de

incubação. A comparação entre períodos de

incubação para um mesmo estádio de

maturação mostrou-se com produções

acumuladas de gases crescentes (p<0,05) até

96 horas de incubação, com as médias de

22,58; 60,79; 103,71; 139,85; 160,01 e

170,66 ml/g de MS, para os tempos de

incubação 6, 12, 24, 48, 72 e 96 horas,

respectivamente. As semelhanças (p>0,05)

para as comparações entre os estádios de

maturação impossibilitam destacar as que

sofreram maior fermentação nos distintos

tempos de incubação. Contudo, apesar da

semelhança estatística (p>0,05), observa-se

uma tendência numérica de menor produção

de gases em E8 para os tempos de incubação

de 24 a 96 horas. Isso pode ser indicativo da

menor fermentação da fração fibrosa

lentamente degradável presente nesse

material em E8, representada principalmente

pelas folhas e colmos.

Na figura 5.1 se encontram as curvas de

produção cumulativa de gases da MS do

híbrido BRS-610 nos diferentes estádios de

maturação. Destaca-se a inferioridade

numérica da curva de produção cumulativa

de gases em E8 para os tempos de incubação

de 24 a 96 horas.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 16 32 48 64 80 96

Tempo (horas)

Pro

du

çã

o c

um

ula

tiv

a d

e g

as

es

(m

L/g

de

MS

)

E2 E3

E4 E5

E6 E7

E8

Figura 5.1: Produção acumulativa de gases das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de

maturação.

O processo de lignificação dessas partes da

planta de sorgo pode ser o responsável pela

menor produção de gases nos estádios mais

avançados de maturação. Araújo (2006) e

Pires (2007) avaliaram a produção de gases

de seis híbridos (ATF54*9929036,

CMSXS217*9929012, MSXS206*9930002,

BR 601, BR 700 e VOLUMAX) e quatro

(CMSXS165, CMSXS114, BR601 e BR700)

genótipos de sorgo colhidos no estádio de

grãos leitoso/pastoso e farináceo/duro,

respectivamente. Esses autores encontraram

médias de produção cumulativa de gases por

tempo diferentes entre si, apresentando

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valores de 19,04; 43,30; 89,99; 137,73 e

175,54 ml/g de MS e 19,485; 47,82; 86,63;

142,34 e 176,74 ml/g de MS, para os tempos

de incubação de 6, 12, 24, 48, 96 horas.

Esses valores, em comparação ao presente

estudo, foram inferiores para as primeiras 24

horas de incubação, o que mostra um menor

tempo de colonização e maior taxa de

fermentação para o BRS-610, possivelmente

pela disponibilidade de carboidratos solúveis

e melhor qualidade da fibra, favorecendo a

rápida colonização e início da degradação da

fibra.

A Figura 5.2 mostra a produção de gases por

hora da matéria seca das silagens do híbrido

de sorgo BRS-610 em sete estádios de

maturação. Neste gráfico pode-se observar

que para todas as silagens houve um

primeiro ponto de elevação de produção de

gases que ocorreu entre seis e doze horas,

possivelmente devido à fermentação de

carboidratos prontamente disponíveis, no

caso os carboidratos solúveis e o amido

presente na panícula da planta do sorgo. O

segundo ponto de elevação de produção de

gases observado também para todas as

silagens, ocorrido entre 30 e 48 horas,

corresponde à fermentação dos carboidratos

fibrosos (hemiceluloses e celulose),

pertencentes à parede celular.

Percebe-se que as silagens produzidas em E2

e E3 foram as primeiras a alcançar o ponto

de elevação de fermentação de carboidratos

prontamente fermentáveis, o que ocorreu nas

primeiras seis horas de incubação. Observa-

se que com o avanço da maturidade houve

um retardo na degradação desses

carboidratos. Isso pode ser justificado em

parte pelo menor acesso das bactérias

aminolíticas aos grânulos de amido presente

no grão de sorgo, devido ao menor teor de

umidade do grão, maior resistência da matriz

protéica que recobre os grânulos de amido no

endosperma e maior resistência do pericarpo

dificultando a degradação microbiana e

conseqüentemente a sua digestão.

Para que o amido da região vítrea dos grãos

de sorgo torne-se disponível para a digestão

é necessária à digestão preliminar da parede

celular e do arcabouço formado pela matriz

protéica e pelos corpos protéicos que

recobrem os grânulos de amido. Por isso, é

necessária a formação de “consórcios” de

microrganismos ruminais para que a digestão

dos grãos se processe. Portanto são

necessários a presença de microrganismos

celulolíticos e proteolíticos para a digestão

daquelas estruturas para que o amido se torne

disponível (Orskov, 1986; Antunes, 2005).

O menor ponto de elevação de fermentação

para os carboidratos da parede celular foi

observado para a silagem produzida em E8.

Contudo para os outros estádios de

maturação os pontos de elevações foram

muito próximos. Porém ao final de 72 horas

de incubação todas as silagens parecem ter

atingido o máximo da fermentação da fração

fibrosa, revelado pelas menores produções de

gases nesse momento. As produções de gases

observados a partir desse momento indicam

fermentações de substrato bacteriano.

Os parâmetros da cinética de produção de

gases e degradabilidades efetivas,

determinados pelo modelo de France et al.

(1993), referentes à matéria seca das silagens

em diferentes estádios de maturação do

sorgo, encontram-se na Tabela 5.2.

Os potenciais máximos de produção de gases

variaram de 147,00 a 179,00 ml/g de MS

para E8 e E6, respectivamente. Não foi

observado diferença numérica para as

silagens até E6 com tendência de redução em

E7 e E8. Contudo as degradações da MS

(DMS) após 96 horas foram semelhantes

(p>0,05) para as silagens nos diferentes

estádios de maturação da planta.

O tempo de colonização (TC) representa o

tempo compreendido entre o início da

incubação até a ação microbiana sobre a

amostra testada.

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94

3

5

7

9

11

13

15

17

0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72

E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

Tempo de incubação (horas)

Pro

du

ção

de

ga

ses

(mL

/h)

Figura 5.2: Produção de gases por hora das silagens do híbrido de sorgo BRS-610 em sete

estádios de maturação .

Tabela 5.2: Potencial máximo de produção de gases (A) em ml/g de MS, tempo de colonização

(TC) em horas, taxa de produção de gases (µ) em ml/g de MS/h, degradabilidade efetiva da MS

(DEMS) para as taxas de passagem 2,0%, 5,0% e 8,0% e degradação da MS (DMS) em 96 horas

de incubação das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação da planta

Estádios de maturação

Paramêtros E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

A (ml/g de MS) 175 178 176 171 179 168 147

TC (h:min) 01:28 01:54 01:03 01:06 01:59 02:00 01:42

µ (ml/g de MS/h) 0,03 0,02 0,03 0,05 0,04 0,05 0,051

DEMS 2,0%/h (%) 33,83 25,85 27,35 29,69 30,36 30,81 30,61

DEMS 5,0%/h (%) 24,57 13,73 14,78 18,56 17,98 15,67 17,03

DEMS 8,0%/h (%) 18,59 6,52 7,33 12,83 11,57 6,77 9,25

DMS 96 h (%)1 45,03 a 43,035 a 44,33 a 45,29 a 48,53 a 50,35 a 48,34 a

1Teste Scott-Knott (p>0,05); DEMS: Degradação efetiva da matéria seca; DMS 96- Degradabilidade "in vitro" da

matéria seca após 96 h, coeficiente de variação (CV) 1 =7,52 Estádios de maturação dos grãos: E2- leitoso; E3-

leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.

As reduções no tempo de colonização são

favorecidas pela presença de substratos

prontamente fermentáveis, ausência de

fatores antinutricionais e por características

físicas e químicas (como maior ou menor

teor de lignina) da parede celular da amostra.

Os TC variaram de 1:03 a 2:00 horas, com os

menores tempos de colonização (TC)

verificados para as silagens produzidas em

E4 (1:03 h) e E5 (1:06 h), momento em que

se observa aumento da fração de panícula e

boa qualidade da fibra das frações das folhas.

Contudo com o avanço da maturidade a

redução na qualidade da fibra (elevações nos

Page 96: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

95

teores de FDN e FDA) das folhas volta a

elevar os tempos de colonização.

As taxas de produção de gases variaram de

0,03 a 0,05 ml/g de MS/h. Houve uma

tendência de maior taxa de produção de

gases entre E5 e E8, o que concorda com o

aumento da fração de panículas, cujo amido

apresenta maior taxa de fermentação que as

frações fibrosas presentes nas folhas e

colmos. A menor taxa de fermentação em

estádios mais imaturos, antes de E5,

justifica-se em parte pela maior participação

das frações de folhas e colmo na MS da

planta.

A degradabilidade efetiva da matéria seca

(DEMS) foi calculada para taxas de

passagem de 2%, 5% e 8% por hora

conforme recomendações do Report...

(1984). Segundo o Agricultural Research

Council (1984) trabalha-se com taxas de

passagem de 2,0%/h para bovinos e ovinos

alimentados em nível de mantença, de

5,0%/h para vacas de baixa produção (15 kg

de leite/dia) e para bovinos de corte e ovinos

alimentados com dietas mistas e de 8,0%/h

para vacas com médias e altas produções de

leite acima de 25 kg de leite/dia. Os valores

de DEMS deste trabalho encontram-se na

Tabela 2.

As alterações nas DEMS das silagens, em

função dos estádios de maturação, são mais

intensas em condições de maior taxa de

passagem (5% e 8%/h). As DEMS na taxa de

passagem de 2%/h sofreram pouca variação

com o estádio de maturação, variando de

25,9% a 33,9%. Contudo em situações de

taxa de passagem de 5%/h e 8%/h as DEMS

reduziram de 24,6% para 13,7% e de 18,6%

para 6,52%. Ressalta-se a redução

considerável da DEMS entre E2 e E3 para

todas as taxas de passagem mencionadas,

bem como as reduções observadas em E7 e

E8 a uma taxa de passagem de 8%/h.

Maurício et al. (2003b) ao avaliarem a

produção de gases das silagens de quatro

cultivares de sorgo obtiveram valores de

potencial máximo de produção de gases de

179, 179, 194 e 166 ml/g de MS, para os

híbridos BR700, BR701, BR601 e AG2002,

respectivamente. O valor encontrado por

estes autores para os híbridos BR700 e

BR701 foram semelhantes ao observado

neste estudo e o valor do BR601 superior ao

do presente trabalho. Pires (2007) avaliou a

qualidade da silagem de quatro híbridos de

sorgo com e sem tanino pela técnica semi-

automática de produções de gases. Esse autor

avaliando o sorgo BR700 encontrou valores

de A (173 ml/g de MS), TC (01:53 h: min), µ

(0,019ml/g de MS/h) e DEMS (29,7%,

17,8% e 13,6%, para 2%, 5% e 8% por hora)

semelhantes ao deste trabalho para o mesmo

estádio de maturação (Farináceo). Por outro

lado, Maurício et al. (2003b) avaliando

silagens de sorgo encontraram valores de

DEMS acima dos valores no presente

experimento, de 42,5%; 30,0% e 23,4% para

o híbrido BR700 e de 47,8%; 34,3% e 26,7%

para o híbrido BR601, respectivamente para

as taxas de passagens de 2%, 5% e 8% por

hora.

De acordo com Tomich (2003), partindo-se

do princípio que os gases produzidos

refletem a degradação da amostra testada, a

taxa e o potencial máximo de produção de

gases são, provavelmente, os principais

parâmetros para avaliar a qualidade de

forrageiras testadas pela técnica de produção

de gases. Sendo assim, forrageiras mais

fermentáveis ou digestíveis seriam aquelas

que apresentam maiores valores de potencial

máximo associado à alta taxa de produção de

gases, resultando numa maior fermentação

do material em menor tempo de incubação.

Seguindo esses parâmetros a silagem

produzida em E5 sobressai por associar

melhor taxa de fermentação e menor tempo

de colonização, uma vez que os valores de

potencial máximo de produções de gases

foram semelhantes.

4. CONCLUSÃO

O sorgo BRS-610 produziu silagens de

qualidade satisfatória com destaque para as

Page 97: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

96

silagens produzidas em E5 por associar

melhor taxa de fermentação e menor tempo

de colonização, uma vez que os valores de

produção cumulativa e potencial máximo de

produções de gases foram semelhantes entre

os estádios de maturação avaliados.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 99: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

98

CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO FINAL

Os resultados deste experimento demonstram que o sorgo BRS-610, além das características já

conhecidas de resistência a pragas e doenças, possui características agronômicas e nutricionais que

o destacam para produção de silagem de excelente qualidade. Quanto ao momento de ensilagem

recomenda-se o estádio de grãos pastoso/farináceo.

Page 100: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

99

Anexo I: Correlações entre os parâmetros agronômicos (Capítulo II)

Anexo I : Correlações entre os parâmetros agronômicos (Capítulo II)

Stand Altura PLA FOL COL PAN PLA COL FOL PAN PLA COL FOL PAN FOL COL PAN

1 -0,54 -0,64 -0,93 -0,92 -0,94 -0,59 -0,59 -0,89 -0,90 ns* -0,62 -0,88 -0,92 0,31 -0,49 -0,91 0,82

1 0,39 0,81 0,5 0,55 ns* ns* 0,52 0,37 -0,38 ns* 0,46 0,43 -0,42 0,62 0,40 -0,61

1 0,67 0,69 0,45 0,74 0,54 0,64 0,54 ns* 0,53 0,59 0,51 ns* ns* 0,48 0,51

Estádio de

Stand

Altura

Parâmetros

PMV

Estádio

(E)

PMV PMS PMSD PROPORÇÃO (%)

PLA 1 0,99 0,89 0,77 0,76 0,95 0,93 ns* 0,75 0,93 0,92 ns* 0,34 0,86 -0,70

FOL 1 0,87 0,76 0,79 0,96 0,93 ns* 0,78 0,93 0,91 ns* 0,32 0,86 -0,68

COL 1 0,45 0,54 0,86 0,92 -0,35 0,58 0,89 0,95 -0,45 0,55 0,95 -0,88

PAN 1 0,72 0,7 0,59 0,48 0,66 0,6 0,52 0,43 ns* 0,44 ns*

PMS

PMV

PLA 1 0,48 0,7 ns* 0,98 0,77 0,66 ns* ns* 0,58 -0,39

COL 1 0,91 ns* 0,78 0,97 0,9 ns* 0,43 0,82 -0,73

FOL 1 ns* 0,71 0,94 0,99 ns* ns* 0,95 -0,71

PAN 1 ns* ns* ns* 0,98 -0,85 ns* 0,68

PMS

PMSD

PLA 1 0,78 0,68 ns* ns* 0,6 -0,46

COL 1 0,94 ns* 0,41 0,87 -0,75

FOL 1 ns* 0,38 0,96 -0,78

PAN 1 -0,85 -0,37 0,74

%

PMSD

FOL 1 0,42 -0,82

COL 1 -0,82

PAN 1%

PLA= Planta; FOL=Folha; COL= Colmo; PAN= Panícula; PMV= Produção de Matéria Verde; PMS= Produção de Matéria Seca; PMSD= Produção de Matéria Seca Digestível. Significativo

(p<0,05); ns*= não significativo (p>0,05).

Page 101: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

100

Anexo II: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III)

Anexo II : Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III) continua....

Estádio PLA COL FOL PAN PLA COL FOL PAN FOL COL PAN PLA FOL COL PAN PLA FOL COL PAN PLA

1 0,85 0,66 0,96 0,94 -0,91 -0,71 -0,92 0,36 0,75 0,82 -0,74 -0,50 0,82 0,81 -0,77 ns* 0,43 0,6 -0,68 -0,79

Parâmetros

Estádio de

maturação

(E)

MS

MS PB FDN FDA HEM

PLA 1 0,77 0,82 0,77 -0,79 -0,58 -0,72 ns* 0,59 0,53 -0,44 -0,32 0,64 0,52 -0,48 ns* 0,34 0,32 -0,39 -0,62

COL 1 0,64 0,80 -0,68 -0,46 -0,6 ns* 0,49 0,3 ns* ns* 0,52 ns* ns* 0,4 ns* 0,32 ns* -0,33

FOL 1 0,97 -0,87 -0,66 -0,89 0,41 0,72 0,78 -0,69 -0,53 0,79 0,76 -0,72 ns* 0,41 0,57 -0,62 -0,81

PAN 1 -0,87 -0,66 -0,88 0,44 0,70 0,79 -0,69 -0,55 0,78 0,78 -0,73 ns* 0,37 0,57 -0,63 -0,81

MS

PB

PLA 1 0,69 0,86 -0,37 -0,76 -0,79 0,68 0,44 -0,77 -0,76 0,7 ns* ns* -0,63 0,64 0,73

COL 1 0,76 ns* -0,61 -0,81 0,79 0,51 -0,68 -0,80 0,79 ns* ns* -0,57 0,80 0,65

FOL 1 ns* -0,81 -0,84 0,77 0,54 -0,9 -0,83 0,8 ns* -0,33 -0,6 0,74 0,79

PAN 1 ns* 0,39 -0,38 -0,4 0,33 0,36 -0,41 ns* ns* 0,35 -0,35 -0,45

FD

N

PB

FOL 1 0,69 -0,64 -0,46 0,88 0,64 -0,65 ns* 0,34 0,62 -0,6 -0,66

COL 1 -0,93 -0,67 0,78 0,97 -0,93 ns* ns* 0,78 -0,91 -0,8

PAN 1 0,71 -0,68 -0,92 0,99 0,37 ns* -0,68 0,99 0,81

PLA 1 -0,52 -0,64 0,71 0,81 ns* -0,53 0,67 0,87

FD

NF

DA

FOL 1 0,73 -0,71 ns* ns* 0,62 -0,64 -0,7

COL 1 -0,92 ns* ns* 0,62 -0,92 -0,78

PAN 1 0,34 -0,30 -0,38 -0,68 0,97

PLA 1 ns* ns* 0,35 0,45

FD

AH

EM

FOL 1 ns* ns* -0,37

COL 1 ns* ns*

PAN 1 0,76

PLA 1

HE

M

PLA= Planta; FOL= Folha; COL= Colmo; PAN= Panícula; PMV= Produção de Matéria Verde; PMS= Produção de Matéria Seca; PMSD= Produção de Matéria Seca Digestível. MS= Matéria

Seca; PB= Proteína Bruta; FDN= Fibra Insolúvel em Detergente Neutro; FDA= Fibra Insolúvel em Detergente Ácido; HEM= Hemicelulose; Significativo (p<0,05); ns*= não significativo

(p>0,05).

Page 102: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

101

Anexo II: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III).

FOL COL PAN PLA PLA COL FOL PAN PLA COL FOL PAN

ns* 0,75 -0,8 ns* 0,85 0,72 -0,42 ns* ns* ns* -0,94 0,68

LIG DIVMS

Parâmetros

Estádio de

maturação (E)

CEL

MS

PLA ns* 0,48 -0,54 ns* 0,71 0,55 ns* ns* ns* ns* -0,8 0,38COL ns* ns* ns* 0,36 0,47 0,44 ns* ns* ns* ns* -0,68 ns*FOL ns* 0,71 -0,75 ns* 0,79 0,67 -0,42 ns* ns* ns* -0,89 0,59PAN ns* 0,74 -0,76 ns* 0,83 0,68 -0,44 ns* ns* ns* -0,88 0,58

MS

PB

PLA ns* -0,72 0,72 ns* -0,76 -0,65 0,38 ns* ns* ns* 0,89 -0,66COL -0,32 -0,76 0,78 ns* -0,70 -0,63 0,47 ns* 0,39 0,39 0,69 -0,74FOL -0,3 -0,77 0,8 ns* -0,75 -0,78 0,51 ns* ns* ns* 0,9 -0,74PAN ns* 0,38 -0,41 ns* 0,42 ns* -0,3 ns* ns* ns* ns* ns*

PB

FD

N

FOL 0,56 0,58 -0,66 ns* 0,69 0,59 -0,46 ns* ns* ns* -0,72 0,56COL ns* 0,95 -0,94 ns* 0,78 0,62 -0,66 ns* -0,43 -0,32 -0,77 0,88PAN ns* -0,88 0,98 ns* -0,71 -0,65 0,76 ns* 0,46 0,34 0,66 -0,92PLA -0,34 -0,65 0,71 0,36 -0,52 -0,32 0,64 ns* ns* ns* 0,43 -0,61

FD

AF

DN

FOL 0,51 0,66 -0,72 ns* 0,77 0,67 -0,41 ns* ns* ns* -0,77 0,61COL ns* 0,97 -0,92 ns* 0,76 0,68 -0,65 ns* -0,39 ns* -0,77 0,86PAN 0,82 ns* -0,87 0,98 -0,73 -0,65 0,75 ns* 0,46 0,30 0,68 -0,91PLA -0,3 -0,34 0,34 0,49 ns* ns* 0,44 0,35 ns* ns* ns* -0,25

FD

AH

EM

FOL ns* ns* -0,32 ns* 0,4 ns* -0,32 ns* ns* ns* ns* ns*COL -0,37 ns* ns* -0,32 ns* 0,4 ns* -0,32 ns* ns* ns* ns*PAN ns* -0,87 0,94 ns* -0,67 -0,64 0,74 ns* 0,47 0,39 0,61 -0,92PLA ns* -0,74 0,83 ns* -0,72 -0,61 0,65 ns* ns* ns* 0,72 -0,74

HE

MC

EL

FOL 1 ns* ns* ns* 0,3 ns* ns* -0,3 ns* ns* ns* ns*COL 1 -0,88 ns* 0,73 0,52 -0,6 ns* -0,35 ns* -0,70 0,82PAN 1 ns* -0,77 -0,65 -0,68 ns* 0,43 ns* 0,71 -0,89PLA 1 ns* ns* ns* ns* ns* ns* ns* ns*

CE

LL

IG

FOL 1 0,63 -0,39 ns* -0,3 ns* -0,73 0,62COL 1 -0,41 ns* ns* -0,31 -0,77 0,60PAN 1 ns* 0,36 ns* 0,34 -0,70PLA 1 -0,31 ns* ns* ns*

DIV

MS

LIG

PLA 1 0,30 ns* -0,50COL 1 ns* -0,47FOL 1 -0,64PAN 1D

IVM

S

PLA= Planta; FOL= folha; COL= Colmo; PAN= Panícula; PMV= Produção de Matéria Verde; PMS= Produção de Matéria Seca; PMSD= Produção de Matéria Seca Digestível. MS= Matéria Seca;

PB= Proteína Bruta; FDN= Fibra Insolúvel em Detergente Neutro; FDA= Fibra Insolúvel em Detergente Ácido; HEM= Hemicelulose; CEL= Celulose; LIG= Lignina; DIVMS= digestibilidade in

vitro da MS; Significativo (p<0,05); ns*= não significativo (p>0,05).

Page 103: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE CORTE.

102

Anexo III: Correlações entre parâmetros avaliados na silagem (Capítulo IV)

Anexo III: Correlações entre parâmetros avaliados na silagem (Capítulo IV)

ParâmetrosEstádio %MS

N-NH3

/NT pH

ác.

ácetico

ác.

propiônico

ác.

butírico

ác. lático

PB FDN FDA CEL HEM LIG DIVMS

Estádio de

maturação (E) 1 0,85 0,90 0,91 -0,45 0,55 0,64 -0,78 -0,55 ns* 0,42 ns* ns* 0,66 -0,84

%MS 1 0,93 0,78 -0,60 ns* 0,66 -0,68 -0,41 ns* ns* ns* ns* 0,70 -0,56

N-NH3 /NT 1 0,83 -0,52 0,56 0,62 0,70 0,49 ns* 0,36 ns* ns* 0,68 -0,74

pH 1 -0,63 0,59 0,73 -0,85 -0,40 0,44 0,56 ns* ns* 0,73 0,74

ác. ácetico 1 ns* -0,50 0,75 ns* ns* -0,32 ns* ns* -0,43 ns*

ác. propionico 1 0,34 -0,42 -0,33 0,55 0,52 0,42 0,58 0,39 -0,64

ác. butírico 1 -0,57 -0,36 0,41 0,52 ns* ns* 0,59 -0,46

ác. lático 1 ns* -0,32 -0,44 ns* ns* -0,49 0,60

PB 1 ns* ns* ns* ns* -0,36 0,50

FDN 1 0,97 0,95 0,92 0,40 -0,51

FDA 1 0,93 0,80 0,50 -0,60

CEL 1 0,86 ns* -0,41

HEM 1 ns* -0,29

LIG 1 -0,63

DIVMS 1 MS= Matéria Seca; N-NH3/NT= Nitrogênio amoniacal; pH= Potencial de hidrogênio; PB= Proteína Bruta; FDN= Fibra Insolúvel em Detergente Neutro; FDA= Fibra Insolúvel em Detergente

Ácido; HEM= Hemicelulose; CEL= Celulose; LIG= Lignina; DIVMS= digestibilidade in vitro da MS; Significativo (p<0,05); ns*= não significativo (p>0,05).