DESEMPENHO AGRONÔMICO E QUALIDADE...

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DESEMPENHO AGRONÔMICO E QUALIDADE NUTRICIONAL DE SILAGENS DE SORGO BIOMASSA, SACARINO E FORRAGEIRO EM REGIÃO SEMIÁRIDA ANDRÉ MENDES CAXITO 2017

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DESEMPENHO AGRONÔMICO E

QUALIDADE NUTRICIONAL DE SILAGENS

DE SORGO BIOMASSA, SACARINO E

FORRAGEIRO EM REGIÃO SEMIÁRIDA

ANDRÉ MENDES CAXITO

2017

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ANDRÉ MENDES CAXITO

DESEMPENHO AGRONÔMICO E QUALIDADE NUTRICIONAL

DE SILAGENS DE SORGO BIOMASSA, SACARINO E

FORRAGEIRO EM REGIÃO SEMIÁRIDA

Dissertação apresentada à Universidade Estadual

de Montes Claros como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Produção

Vegetal no Semiárido, área de concentração em

Produção Vegetal, para obtenção do título de

Mestre.

Orientador

Dr. Ignacio Aspiazú

Coorientadores

Dr. Rafael Augusto da Costa Parrela

Dr. Abner José de Carvalho

Dr. Vicente Ribeiro Rocha Júnior

JANAÚBA/MG

2017

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Caxito, André Mendes

C684d Desempenho agronômico e qualidade nutricional de silagens de

sorgo biomassa, sacarino e forrageiro em região semiárida

[manuscrito] / André Mendes Caxito. – 2017.

85 p.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Produção Vegetal no Semiárido, Universidade Estadual de Montes

Claros – Janaúba, 2017.

Orientador: Prof. D. Sc. Ignácio Aspiazú.

1. Sorgo Pesquisa. 2. Sorgo biomassa. 3. Sorgo forrageiro. 4.

Sorgo sacarino. 5. Sorgo Silagem. I. Aspiazú, Ignácio. II.

Universidade Estadual de Montes Claros. III. Título.

CDD. 633.62

Catalogação: Joyce Aparecida Rodrigues de Castro - Bibliotecária CRB6/2245

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ANDRÉ MENDES CAXITO

DESEMPENHO AGRONÔMICO E QUALIDADE NUTRICIONAL

DE SILAGENS DE SORGO BIOMASSA, SACARINO E

FORRAGEIRO EM REGIÃO SEMIÁRIDA

Dissertação apresentada à Universidade Estadual

de Montes Claros como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Produção

Vegetal no Semiárido, área de concentração em

Produção Vegetal, para obtenção do título de

Mestre.

APROVADA em 08 de agosto de 2017.

_____________________________

Dr. Ignácio Aspiazu

UNIMONTES

_______________________________ _______________________________

Dr. Abner José de Carvalho Dr. Rafael Augusto da Costa Parrella

UNIMONTES EMBRAPA MILHO E SORGO

_______________________________ _______________________________

Dr. Vicente Ribeiro Rocha Júnior Dr. Arley Figueiredo Portugal

UNIMONTES EMBRAPA MILHO E SORGO

Janaúba/MG

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DEDICATÓRIA

Àquele que envereda o campo na brisa matinal, clemente à natureza que provém

seu sustento;

Àquele que labuta semeando e descansa seu pensamento em oração para uma

colheita farta;

Àquele que se entristece na safra perdida e se alimenta com fé e esperança o

futuro incerto;

Àquele que se alegra na colheita e eleva seu agradecimento;

Àquele que ampara a fome da humanidade;

O produtor rural.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu núcleo familiar, meu pai, Jorge Caxito, minha mãe, Eunice, e meus

irmãos, Maurício e Leandro;

Aos meus familiares paternos e maternos;

À minha esposa, Deliana, e aos meus filhos, Iago e Ian;

À família Ribas Fonseca;

Aos amigos e agricultores, ao Sr. Lindolfo, à Sra. Azeli e ao Amaral de Castro

Oliveira.

Aos amigos da Emater-MG;

À pesquisadora da Epamig, Ariane Castricini;

À Joyce Aparecida Rodrigues de Castro, bibliotecária da Unimontes;

Aos professores da Unimontes, em especial ao Ignacio, Abner, Vicente, Eleuza e

João Paulo. Aos estudantes, em especial a Marielly, Natanael e Wagner;

Ao pesquisador Rafael Parrela e à equipe da Embrapa de Nova Porteirinha;

A Deus, por tudo isso.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................. i

LISTA DE TABELAS ............................................................................ ii

RESUMO .................................................................................................. v

ABSTRACT ............................................................................................. vii

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 1

2 REFERENCIAL TEÓRICO 4

2.1 A origem e a importância do sorgo ..................................................... 4

2.2 Características do sorgo biomassa ....................................................... 6

2.3 Características do sorgo sacarino ........................................................ 7

2.4 Características do sorgo forrageiro ...................................................... 8

2.5 Influências ambientais no desenvolvimento de sorgo.......................... 9

2.6 Composição químico-bromatológica de silagens de sorgo ................. 14

2.7 Características climáticas da região semiárida de Minas Gerais ......... 19

3 MATERIAL E MÉTODOS 27

3.1 Caracterização dos locais de instalação do experimento ..................... 27

3.2 Instalação e condução do experimento ................................................ 30

3.3 Características avaliadas ...................................................................... 32

3.4 Análises estatísticas ............................................................................. 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 37

4.1 Desempenho agronômico de genótipos de sorgo biomassa, sacarino

e forrageiro ................................................................................................

37

4.2 Qualidade nutricional de silagens de sorgo biomassa, sacarino e

forrageiro ...................................................................................................

47

5 CONCLUSÕES ..................................................................................... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 63

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i

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Mapa representativo da origem e dispersão do sorgo no

continente africano.....................................................................................

05

FIGURA 2: Fisionomia florística do Estado de Minas Gerais...................

22

FIGURA 3: Mapa representativo das mesorregiões do estado de Minas

Gerais..........................................................................................................

23

FIGURA 4: Precipitação média registrada no período hidrológico de

1999/2000 a 2015/2016, em Janaúba/MG..................................................

24

FIGURA 5: Relação entre a Evapotranspiração Potencial de Referência

(ETo) e a precipitação pluvial no período do ciclo hidrológico de

2003/2004 a 2015/2016 .............................................................................

25

FIGURA 6: Precipitação diária (mm) no período de 28/11/2014 a

18/05/2015 em Nova Porteirinha/MG..............................................

27

FIGURA 7: Precipitação diária (mm) no período de 23/11/2015 a

23/03/2016 em Nova Porteirinha/MG..............................................

28

FIGURA 8: Precipitação diária (mm) no período de 15/12/2014 a

25/05/2015 em Mamonas/MG .........................................................

28

FIGURA 9: Precipitação diária (mm) no período de 06/01/2016 a

13/04/2016 em Mamonas/MG .........................................................

29

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ii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Valores de pH, saturação de bases e composição física

dos solos da área experimental de Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG .......................................................................................

TABELA 2 – Especificação de grupo, tipo e empresa com o registro

de genótipos de sorgo ...........................................................................

29

30

TABELA 3 – Volume precipitado (mm) registrado durante o ciclo de

genótipos de sorgo, cultivados nos municípios de Nova Porteirinha e

Mamonas, nas safras 2014/2015 e 2015/2016 ......................................

TABELA 4 – Resumo da Análise de Variância da avaliação de

genótipos de sorgo cultivados nos municípios de Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016,

das variáveis: duração do ciclo (C), altura (H), diâmetro do colmo

(D), estande de plantas (P), produção de massa verde (PMV),

produção de massa seca (PMS) e eficiência no uso da água (EUA) ....

33

38

TABELA 5 – Valores médios da altura (m) de genótipos de sorgo

avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras

2014/2015 e 2015/2016 ........................................................................

40

TABELA 6 – Valores médios do diâmetro do colmo (cm) e do

estande de plantas (plantas ha-1) de genótipos de sorgo avaliados em

Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e

2015/2016, em interação dupla de safras e locais ................................

41

TABELA 7 – Valores médios do diâmetro do colmo (cm) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação

dupla de genótipos e locais ...................................................................

42

TABELA 8 – Valores médios do estande de plantas (plantas ha-1) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação

dupla de safras e genótipos ...................................................................

42

TABELA 9 – Valores médios da produção de matéria verde (t ha-1)

de genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

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iii

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016 .............................. 44

TABELA 10 – Valores médios da produção de matéria seca (t ha-1)

de genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016 ..............................

45

TABELA 11 – Valores médios da eficiência no uso da água (kg MS

ha-1 mm-1) de genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG

e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016 ...........................

46

TABELA 12 – Resumo da Análise de Variância da avaliação de

genótipos de sorgo cultivados nos municípios de Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016,

das variáveis: matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína

bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF), pH, fibra detergente

neutro (FDN), fibra detergente neutro corrigida para cinza e proteína

(FDNcp), fibra detergente ácido (FDA), celulose (CEL),

hemicelulose (HEM), lignina (LIG), fibra detergente neutro

indigestível (FDNi), nutrientes digestíveis totais (NDT),

digestibilidade da matéria seca (DMS) e produção de matéria seca

digestível (PMSD). ...............................................................................

49

TABELA 13 – Valores médios do teor de matéria seca (%) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016...............................

50

TABELA 14 – Valores médios da proteína bruta de genótipos de

sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação dupla de genótipos e

locais .....................................................................................................

52

TABELA 15 – Valores médios do pH de genótipos de sorgo

avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras

2014/2015 e 2015/2016 ........................................................................

53

TABELA 16 – Valores médios da fibra em detergente neutro

corrigida para cinza e proteína e da proteína bruta de genótipos de

sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação de safras e locais ...........

55

TABELA 17 – Valores médios da celulose e da hemicelulose de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

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iv

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação de

safras e locais ........................................................................................

55

TABELA 18 – Valores médios da celulose e da hemicelulose de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação

dupla de genótipos e locais ...................................................................

56

TABELA 19 – Valores médios da celulose de genótipos de sorgo

avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras

2014/2015 e 2015/2016, em interação dupla de safras e genótipos .....

56

TABELA 20 – Valores médios da lignina de genótipos de sorgo

avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras

2014/2015 e 2015/2016 ........................................................................

57

TABELA 21 – Valores médios da fibra detergente neutro

indigestível (%) de genótipos de sorgo avaliados em Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016 .

58

TABELA 22 – Valores médios da digestibilidade da matéria seca

(%) de genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação de

safras e locais ........................................................................................

59

TABELA 23 – Valores médios da produção de matéria seca

digestível (t ha-1) de genótipos de sorgo avaliados em Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016 .

61

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v

RESUMO

CAXITO, ANDRÉ MENDES. Desempenho agronômico e qualidade

nutricional de silagens de sorgo biomassa, sacarino e forrageiro em região

semiárida. 2017. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal no Semiárido) –

Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba – MG, Brasil.1

Objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho agronômico e a qualidade

nutricional de silagens de sorgos biomassa, sacarino e forrageiro, cultivados em

regime de sequeiro na região semiárida de Minas Gerais. A pesquisa foi

desenvolvida nas safras 2014/2015 e 2015/2016 nos municípios de Nova

Porteirinha e Mamonas, na qual foram avaliados os sorgos biomassa BRS 716 e

CMSXS 7016, os sorgos sacarinos BRS 506 e BRS 511 e os sorgos forrageiros

BRS 655 e Volumax. O delineamento experimental foi em blocos casualizados

com três repetições. A ocorrência de estiagens e a irregularidade temporal e

espacial da precipitação influenciaram a produtividade de todos os genótipos de

sorgo. Os genótipos BRS 716 e CMSXS 7016 apresentaram as maiores

produções de matéria verde (PMV) e de matéria seca (PMS) em ambos os locais

e safras. Na safra agrícola 2014/2015, a PMV foi de 81,74 t ha-1 (BRS 716) e

73,02 t ha-1 (CMSXS 7016) em Nova Porteirinha; e de 44,73 t ha-1 (BRS 716) e

45,50 t ha-1 (CMSXS 7016) em Mamonas. Na safra agrícola 2015/2016, a PMS

foi de 40,97 t ha-1 (BRS 716) e 46,55 t ha-1 (CMSXS 7016) em Nova Porteirinha

e de 39,74 t ha-1 (BRS 716) e 36,91 t ha-1 (CMSXS 7016) em Mamonas. Os

genótipos do grupo biomassa apresentaram maior eficiência no uso da água

(EUA) na safra 2014/2015 em ambos os locais. Em Nova Porteirinha, o

genótipo BRS 716 apresentou valor médio de 82,51 kg MS ha-1 mm-1 e em

Mamonas, o genótipo CMSXS 7016 apresentou valor médio de 43,91 kg MS ha-

1 mm-1. Na safra 2015/2016, os genótipos BRS 716 e CMSXS 7016

apresentaram maior EUA em Nova Porteirinha, com valores médios de 17,18 e

21,84 kg MS ha-1 mm-1, respectivamente. Em Mamonas, não houve diferença

significativa na EUA entre os genótipos analisados na safra 2015/2016. Não

houve diferença significativa da interação safras, locais e genótipos, das

variáveis químico-bromatológica: MM (10,85%), PB (7,91%), CNF (24,50%),

FDN (56,91%), FDNcp (55,15%), FDA (32,72%), celulose (33,93%),

hemicelulose (23,95%) e digestibilidade da matéria seca (79,13%). Os genótipos

BRS 716 e CMSXS 7016 obtiveram maior produção de matéria seca digestível

1 Comitê de Orientação: Prof. D.Sc. Ignácio Aspiazu (Orientador); Prof. D.Sc Abner José de

Carvalho; Prof. D.Sc.Vicente Ribeiro Rocha Júnior. – Departamento de Ciências

Agrárias/UNIMONTES; D.Sc. Rafael Augusto da Costa Parrela – EMBRAPA Milho e Sorgo

(Coorientadores).

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vi

(PMSD) em ambos os locais e safras. Na safra agrícola 2014/2015, a PMSD foi

de 20,60 t ha-1 (BRS 716) e 18,07 t ha-1 (CMSXS 7016) em Nova Porteirinha e

de 13,45 t ha-1 (BRS 716) e 13,59 t ha-1 (CMSXS 7016) em Mamonas. Na safra

agrícola 2015/2016, a PMSD foi de 5,82 t ha-1 (BRS 716) e 7,17 t ha-1 (CMSXS

7016) em Nova Porteirinha e de 9,17 t ha-1 (BRS 716) e 7,99 t ha-1 (CMSXS

7016) em Mamonas.

Palavras-chave: Sorghum, eficiência no uso da água, digestibilidade matéria

seca

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vii

ABSTRACT

CAXITO, ANDRÉ MENDES. Agronomic performance and nutritional

quality of biomass, saccharin and forage sorghum silage in the semi-arid

region. 2017. Dissertation (Master’s degree in Plant Production in the Semi-

Arid) – Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba - MG, Brazil.2

This work was carried out in order to evaluate the agronomic performance and

nutritional silages quality of biomass, saccharin and forage sorghum grown

under rainfed agriculture in the semi-arid region of Minas Gerais. The research

was developed in the 2014/2015 and 2015/2016 crops in Nova Porteirinha and

Mamonas county, in which BRS 716 and CMSXS 7016 biomass sorghums, BRS

506 and BRS 511 saccharin sorghums and BRS 655 and Volumax forage

sorghums were evaluated. The experimental design was in a randomized block

with three replicates. The occurrence of droughts and the temporal and spatial

irregularity of the precipitation influenced the productivity of all sorghum

genotypes. The BRS 716 and CMSXS 7016 genotypes presented the highest

yields of green matter (GM) and dry matter (DM) in both places and crops. In

2014/2015 crop, the GM yield was 81.74 t ha-1 (BRS 716) and 73.02 t ha-1

(CMSXS 7016) in Nova Porteirinha; and 44.73 t ha-1 (BRS 716) and 45.50 t ha-1

(CMSXS 7016) in Mamonas. In the 2015/2016 crop, the DM yield was 40.97 t

ha-1 (BRS 716) and 46.55 t ha-1 (CMSXS 7016) in Nova Porteirinha, and 39.74 t

ha-1 (BRS 716) and 36.91 t ha-1 (CMSXS 7016) in Mamonas. The biomass

genotypes showed greater water use eficience (WUE) in the 2014/2015 crop in

both places. In Nova Porteirinha, the BRS 716 genotype presented an average

value of 82.51 kg DM ha-1 mm-1, whereas, in Mamonas, the CMSXS 7016

genotype had an average value of 43.91 kg DM ha-1 mm-1. In the 2015/2016

crop, BRS 716 and CMSXS 7016 genotypes showed higher WUE in Nova

Porteirinha, with mean values of 17.18 and 21.84 kg DM ha-1 mm-1,

respectively. In Mamonas, there was no significant difference in the WUE

between the genotypes analyzed in the 2015/2016 crop. There was no significant

difference in the interaction crops, places and genotypes, of the chemical-

bromatological variables: MM (10.85%), CP (7.91%), NFC (24.50%), NDF

(56.91%), NDFap (55.15%), AFD (32.72%), cellulose (33.93%), hemicellulose

2 Guidance Committee: Prof. DSc. Ignácio Aspiazu (Adviser); Prof. DSc. Abner José de

Carvalho; Prof. DSc.Vicente Ribeiro Rocha Júnior – Departamento de Ciências

Agrárias/UNIMONTES; D. Sc. Rafael Augusto da Costa Parrela – EMBRAPA Milho e Sorgo

(Co-advisers)

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viii

(23.95%) and dry matter digestibility (79.13%). The BRS 716 and CMSXS 7016

genotypes obtained the highest digestible dry matter (DDM) production in both

locations and crops. In the 2014/2015 crop, the DDM production was 20.60 t ha-

1 (BRS 716) and 18,07 t ha-1 (CMSXS 7016) in Nova Porteirinha; and 13.45 t ha-

1 (BRS 716) and 13.59 t ha-1 (CMSXS 7016) in Mamonas. In 2015/2016 crop,

DDM production was 5.82 t ha-1 (BRS 716) and 7.17 t ha-1 (CMSXS 7016) in

Nova Porteirinha and 9.17 t ha-1 (BRS 716) and 7.99 t ha-1 (CMSXS 7016) in

Mamonas.

Key words: Sorghum, water use efficiency, dry matter digestibility

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1

1 INTRODUÇÃO

O sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) é uma planta de ciclo anual,

pertencente ao grupo das gramíneas (C4), com características foliares

xerofíticas, mecanismos morfológicos e fisiológicos eficientes de escape e de

tolerância, cultivada em diversas regiões do mundo, principalmente em áreas

quentes e secas. Além disso, ele é versátil e de enorme utilidade, sendo

classificado de acordo com o seu uso ou propósito, ou, ainda, quanto às

características agronômicas em: granífero, forrageiro, sacarino, biomassa,

pastejo e vassoura.

Apesar da disseminação global, as estatísticas de produção de grãos de

sorgo e, principalmente, de forragem são imprecisas. De acordo com dados da

FAO, publicados em 2013, foram plantados cerca de 42,22 milhões de hectares

de sorgo e produzidas 62,29 milhões de toneladas de grãos no mundo.

Atualmente, os EUA, México, China e Argentina detêm as melhores

produtividades médias, entre 3,5 e 5,0 t ha-1; portanto, a baixa produtividade

média mundial, em torno de 1,48 t ha-1, reflete as condições de cultivo às quais o

sorgo é submetido, como a deficiência hídrica, períodos estivais, alta insolação e

elevadas temperaturas. A produção média brasileira foi de 2,12 milhões de

toneladas de grãos de sorgo, em uma área total de 792,8 mil hectares, o que

corresponde a uma produtividade média nacional de 2,68 t ha-1.

A cultura do sorgo predomina em sistemas de produção de safrinha em

áreas do cerrado, ou como cultura principal no semiárido brasileiro onde,

aproximadamente 35% do ambiente possui aptidão para o cultivo (TABOSA,

2012). As condições climáticas são fatores intervenientes e determinantes no

sistema de produção da cultura do sorgo.

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A estrutura morfológica entre os genótipos de sorgo possui

características similares; no entanto, ocorrem diferentes respostas sob as

influências de fatores bióticos e abióticos ambientais. De forma geral, o sistema

radicular do sorgo constitui uma extensa massa fibrosa com profundidades de

1,30 a 1,50 m e ramificações laterais com até 2,0 m, dotadas de pelos

absorventes, sílica na endoderme e lignificação no periciclo, conferindo

tolerância ao deficit hídrico (DOGGET, 1970). As folhas do sorgo possuem uma

substância cerosa na junção da bainha com o limbo, evitando a perda de água

por transpiração (EASTIN, 1972; BUROW et al., 2009) e células buliformes na

epiderme superior, constituindo um sistema de defesa em condições de estresse

hídrico (LINO, 2011).

O sorgo é um dos elementos biológicos essenciais em regiões semiáridas

devido ao seu potencial de reserva de forragem para complementação animal no

período da seca.

A composição estrutural da planta de sorgo é um ponto importante tanto

para a produção quanto para a qualidade da silagem. As panículas e as folhas são

os componentes da planta que apresentam maiores coeficientes de

digestibilidade e, teoricamente, uma maior digestibilidade total. As porcentagens

de folha, colmo e panícula têm estreita ligação com a altura da planta. Os

genótipos mais altos atingirão maiores produtividades, porém, a percentagem de

colmo será alta em relação às folhas e panículas, comprometendo o valor

nutritivo da planta e a digestibilidade in vitro da matéria seca (ZAGO, 1991).

O uso de silagem pode contribuir para elevar a produtividade animal e,

consequentemente, a rentabilidade dos sistemas produtivos (LOURENÇO

JÚNIOR et al., 2004). A ensilagem é um processo de conservação da matéria

orgânica picada em meio anaeróbio, que sofre alterações físico-químicas e

organolépticas devido à fermentação microbiana presente.

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Objetivou-se por meio deste trabalho, avaliar o desempenho agronômico

e a qualidade nutricional de silagens de sorgo biomassa, sacarino e forrageiro,

cultivado em condições de sequeiro na região semiárida de Minas Gerais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A origem e a importância do sorgo

Prevalece a tese de que os sorgos tiveram origem na Abissínia, atual

Etiópia, país localizado no Nordeste Africano ou Península Somali, e evidências

arqueológicas indicam que o início do seu cultivo foi cerca de 5000 a 7000 anos

atrás (WALL; ROSS, 1970). Em relação ao momento e a forma de dispersão do

sorgo, Snowden (1936) relata que as extensas rotas terrestres e marítimas

utilizadas pelas correntes migratórias o disseminaram para a Índia no século I

d.C. e para a China, no século III da Era Cristã. Através das sementes

provenientes da China, a cultura do sorgo foi introduzida na Itália,

aproximadamente entre 60 e 70 d.C. (HOUSE, 1970). No Brasil, foram

provavelmente duas vias de introdução do sorgo, sendo uma pela região

nordeste, através dos escravos africanos, onde o sorgo foi batizado pelos

sertanejos como “Milho d’ Angola” (LIRA, 1981) ou “Milho da Guiné”. A outra

via pode ter sido pelas regiões de colonização italiana do sul do país, através dos

vales dos Rios Uruguai e Pelotas, onde era cultivada a “caninha de semente”, um

tipo de sorgo de colmo adocicado. Registros de 1853 confirmam a introdução de

materiais provenientes da França para a produção de forragem e melaço nos

Estados Unidos. Em 1857, o inglês Leonard Wray importou 15 variedades do

sorgo da África do Sul, que deram origem aos primeiros cultivares comerciais.

Entre 1753 e 1794, o sorgo foi classificado como do gênero Holcus,

descritas por Linneu as espécies Holcus sorghum, Holcus saccaratuse e Holcus

bicolor. A partir daquela data, Moench classificou o sorgo no gênero Sorghum,

nomenclatura mais utilizada atualmente (PAUL, 1990). Em 1972, os professores

Harlan e de Wet publicaram uma classificação simplificada baseada nas

características botânicas das plantas, dividindo o sorgo em cinco raças básicas:

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caudatum, guinea, bicolor, kafir e durra, e 10 raças intermediárias. O Sorghum

bicolor L. Moench pertence à família Poaceae, é uma espécie monoica e

autógama, com taxa de fecundação cruzada entre 2 e 10%.

FIGURA 1: Mapa representativo da origem e dispersão do sorgo no continente

africano (HARLAN e WET, 1972)

Os cultivares de sorgo eram de porte alto e de ciclo longo, tendo limitada

a produção de grãos devido, principalmente ao processo de colheita. A partir da

década de 1940, surgiram os chamados combine types, cultivares com ciclo

precoce e porte mais baixo. No início dos anos 60, a nova tecnologia do sorgo

híbrido rompeu as fronteiras e foi difundida para os diversos países como

Argentina, México, Brasil, Colômbia, Venezuela, China, Austrália, Nigéria,

Sudão e Etiópia (QUINB,1974).

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O sorgo é a terceira mais importante cultura de grãos cultivada na África

do Sul, depois do milho e do trigo (Sorghum Section 7 Committee, 2007). É o

quinto mais importante cereal mundial da colheita de grãos, com 62 milhões de

toneladas produzidas durante 2013 (Wani et al., 2012; FAO, 2015).

O sorgo é uma planta versátil e de enorme utilidade, sendo classificado

em granífero, forrageiro, sacarino, biomassa, pastejo e vassouras. De acordo

com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2017),

existem atualmente 466 materiais registrados para a espécie Sorghum bicolor

(L.) Moench.

2.2 Características do sorgo biomassa

O sorgo biomassa ou lignocelulósico é caracterizado pelo alto potencial

produtivo e qualidade de fibras, sendo desenvolvido através do programa de

melhoramento genético da Embrapa Milho e Sorgo, com o objetivo de contribuir

para o suprimento da demanda nacional de energia, tanto por meio da produção

de etanol de segunda geração, como da cogeração de eletricidade (NAIK et al.,

2010).

Os genótipos de sorgo biomassa são sensíveis ao fotoperíodo, podendo

crescer até 5-6 metros de altura, com rápido estabelecimento, crescimento,

estabilidade, e não exigem grandes quantidades de fertilizantes, pesticidas e

irrigação, apresentando alta eficiência fotossintética e hídrica. A sensibilidade ao

fotoperiodismo e à maturação está associada ao efeito dos dois alelos loci Ma5 e

Ma6 e loci Ma1 a Ma4, respectivamente (ROONEY; AYDIN, 1999). Esses

materiais apresentam ciclos de 6 meses, com potencial produtivo de 50 t ha-1 de

matéria seca e teores de lignina variando de 1 a 10% (SKONIESKI et al., 2010;

OLIVEIRA et al., 2009; ZHAO et al., 2009). Borges et al. (2014), avaliando a

composição químico-bromatológica de híbridos de sorgo biomassa cultivados

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sob sistema irrigação, encontraram teores médios de matéria mineral de 3,96%;

de proteína bruta de 5,07%, e de fibra em detergente neutro de 66,94%.

2.3 Características do sorgo sacarino

Os genótipos de sorgo sacarino são fenotipicamente semelhantes ao

sorgo para silagem; no entanto, possuem colmo suculento e caldo rico em

açúcares com concentrações mínimas de 8 °Brix, conforme Nan et al. (1994), e

qualidade para produção comercial de etanol. Cultivados em diversos países,

têm larga adaptabilidade, tolerância à seca, e podem produzir de 40 a 70 t ha-1 de

biomassa fresca, com o Brix variando de 16 até 23% (ALMODARES & HADI,

2009). O potencial de produção de etanol do sorgo sacarino foi verificado por

Durães (2011), com resultados que variaram de 50 a 77 litros por tonelada de

massa verde da planta.

Outra característica do sorgo sacarino é o aproveitamento de coprodutos

provenientes da extração do caldo, como o bagaço e os grãos, que podem ser

utilizados na alimentação animal ou na cogeração de energia provenientes da

biomassa excedente (PARRELLA, 2011).

O sorgo sacarino está associado às características agroindustriais para

produção de etanol, com produtividade em torno de 3.000 l ha-1 (MAY et al.,

2012). Essa produtividade pode ser obtida pela produção de 50 t ha-1 de massa

verde com rendimento de 60 l de etanol por tonelada de massa verde. Nas

cultivares de sorgo sacarino, a massa verde oriunda dos colmos representa 70 a

80% de sua massa total; já as folhas representam entre 15 e 20%, e as panículas

representam 10 a 15% da massa total das plantas (EMBRAPA, 2013). Estudos

de desempenho forrageiro realizados por Lara et al. (2016), em Sete

Lagoas/MG, apresentaram os seguintes resultados médios com o sorgo sacarino

BRS 511: teor de matéria seca de 12,18 t ha-1, teor de FDN de 45,62%, FDA de

32,92%, proteína bruta de 5,36% e teor de lignina de 4,75%.

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2.4 Características do sorgo forrageiro

O sorgo forrageiro é uma planta destinada para a produção de silagem.

No Brasil, começou com a introdução de variedades de porte alto e de ciclo

tardio, com alta produtividade de massa, porém com baixa produção de grãos, e

com elevados teores de açúcar no colmo (RESENDE et al., 2016). Com a

aplicação de técnicas de macho-esterilidade, houve o desenvolvimento de

híbridos comerciais com altura variando entre 1,80 e 3 metros, alto potencial de

produção de matéria seca, baixa relação folhas/colmo e panícula/planta inteira e

com alto valor nutritivo para produção de silagens.

De acordo com Resende et al. (2016), os híbridos forrageiros são

especializados para produção de elevada quantidade de forragem, em torno de

50 t ha-1 em condições ideais, e 40% no segundo corte, e alta qualidade nutritiva,

conferindo silagem de elevada digestibilidade (acima de 60%) e teor proteico

(média de 8% de proteína bruta). Adaptados para utilização em diversos

sistemas de produção, os sorgos forrageiros apresentam porte alto,

aproximadamente 2,6 m de altura, resistência ao acamamento e ciclo de 90 a 120

dias para a ensilagem.

Na década de 1960 foi muito plantado no Sudeste e Centro-Oeste do

Brasil, um tipo de sorgo forrageiro de porte muito alto, com plantas que

atingiam mais que 4 m de altura. Tais variedades eram muito tardias, sendo

plantadas no fim de setembro ou início de outubro para serem colhidas a partir

de abril/maio do ano seguinte. Apresentavam características de elevada

produção de massa verde com pouca presença de grãos, resultando na produção

de silagem de baixa qualidade nutritiva e digestibilidade, além de elevado teor

de fibras. As forragens dessas variedades de sorgo apresentavam padrão de

fermentação butírica muito alta na massa ensilada, provocando reduções na

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aceitabilidade e no consumo da silagem produzida. Esses materiais

possivelmente eram colhidos antes do florescimento, com alto teor de umidade,

o que contribuía para fermentações inadequadas no silo. A estrutura da planta

composta pelos colmos, folhas e panículas tem marcada influência sobre a

digestibilidade, sendo as panículas e as folhas os componentes da planta que

apresentam maiores coeficientes de digestibilidade. Assim, híbridos que

possuem maiores porcentagens destas frações apresentarão, provavelmente,

maior digestibilidade total da forragem.

2.5 Influências ambientais no desenvolvimento de sorgo

O sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) é uma planta de ciclo anual,

pertencente ao grupo das gramíneas (C4), com características foliares

xerofíticas, sensível ao fotoperiodismo e com mecanismos morfológicos e

fisiológicos eficientes de escape e de tolerância, sendo cultivada em diversas

regiões do mundo, principalmente em áreas quentes e secas (BORÉM et al.,

2014).

A estrutura morfológica entre os genótipos de sorgo possui

características similares; no entanto, ocorrem diferentes respostas sob as

influências de fatores bióticos e abióticos ambientais. De forma geral, o sistema

radicular do sorgo constitui uma extensa massa fibrosa com profundidades de

1,30 a 1,50 m e ramificações laterais com até 2,0 m, dotadas de pelos

absorventes, sílica na endoderme e lignificação no periciclo, conferindo

tolerância ao deficit hídrico (DOGGET, 1970). As folhas do sorgo possuem uma

substância cerosa na junção da bainha com o limbo, evitando a perda de água

por transpiração (EASTIN, 1972; BUROW et al., 2009) e células buliformes na

epiderme superior, constituindo um sistema de defesa em condições de estresse

hídrico (LINO, 2011).

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As condições climáticas e nutricionais são fatores intervenientes e

determinantes no sistema de produção da cultura do sorgo. A temperatura, a

insolação, o deficit de água e as deficiências de nutrientes afetam as taxas de

expansão das folhas, a duração da área foliar e a altura das plantas, sobretudo

nos genótipos sensíveis ao fotoperíodo (DALE, 1982). A temperatura ótima para

o crescimento e desenvolvimento vegetativo do sorgo apresenta intervalo entre

26 °C e 34 °C (DOWNS, 1972) e, segundo Maiti (1996), na fase reprodutiva a

faixa de temperatura ideal é de 25 °C a 28 °C. Durante o florescimento, a

temperatura média diária deve ser superior a 18 °C (AVELAR, 1982); no

entanto, o desenvolvimento floral e a fertilização podem ocorrer com

temperaturas de até 43 °C e umidade relativa entre 15 e 30%, desde que haja

umidade disponível no solo. Na fase reprodutiva, Prasad et al. (2006) relataram

temperatura ótima de 31 °C.

Em condições naturais, a frequente falta de água ocorre durante as

diferentes fases de desenvolvimento da planta, de forma sazonal, por curtos

períodos e permite que espécies tolerantes à seca sobrevivam e completem seu

ciclo de vida (HARB et al., 2010). Assim, a severidade da seca interfere em

mecanismos que levam à aclimatação, e posterior adaptação da planta ao

estresse hídrico (KUDOYAROVA et al., 2013). Todavia, o conjunto de

respostas à seca não depende somente da capacidade de aclimatação, mas

também da capacidade de recuperação após o período de reidratação, sendo o

estádio de florescimento o mais crítico.

O consumo de água de uma cultura anual é quantitativamente

determinado pela evapotranspiração ou pelo uso consultivo da planta em seus

diferentes estágios fenológicos. Conforme Aldrich et al. (1982), o sorgo

necessita de 330 kg de água para converter 1 kg de matéria seca. Para Sans et al.

(2003), o consumo de água pela cultura do sorgo varia entre 380 e 600 mm

durante o seu ciclo, sendo o estádio de florescimento o mais crítico.

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A deficiência hídrica resulta na diminuição da turgescência celular e nos

processos de crescimento devido aos efeitos na limitação do metabolismo das

proteínas e dos aminoácidos (LARCHER, 2000). Consoante Hisao (1973), um

breve período de balanço hídrico negativo diminui a síntese da enzima nitrato

redutase em 20%, e em longos períodos de deficiência hídrica este valor pode

chegar a 50%, interrompendo a divisão celular e, consequentemente, o

crescimento da planta. No curso temporal das respostas metabólicas, quando a

turgescência começa a diminuir, inicia-se o ajustamento osmótico nas raízes e

nas folhas por meio da conversão de amidos em carboidratos solúveis de baixo

peso molecular, promovendo o influxo de água. Essas medidas retardam a perda

da turgescência nas raízes e folhas mantendo por um tempo maior a abertura

estomática (TURNER, 1986).

O estresse hídrico moderado desencadeia a síntese do ácido abscísico

(ABA) a partir dos carotenoides na raiz (KHOLODOVA et al., 2006) e

posteriormente transportados via xilema para os outros órgãos das plantas

(KUDOYAROVA et al., 2013). Nas folhas, o ABA induz o fechamento

estomático determinando a diminuição da taxa de transpiração como um dos

mecanismos de controle da restrição hídrica. Os estômatos possuem papel

importante nas trocas gasosas, interferindo no balanço entre água perdida e

carbono assimilado (CHAVES et al., 2003). Dessa forma, o fechamento

estomático é o principal fator que diminui a captação de CO2, restringindo sua

difusão e, consequentemente, prejudicando a fotossíntese (CORNIC, 2000;

CHAVES et al., 2003; GALMÉS et al., 2007a). Segundo Tietz & Tietz (1982),

a regulação pela síntese do ABA promove também o aumento no conteúdo de

prolina nas plantas. Este aminoácido livre tem a função de proteger os tecidos

vegetais contra esse estresse por servirem como reserva de nitrogênio, osmo-

soluto e protetor hidrofóbico de enzimas e estruturas celulares (MADAN et al.,

1995). Essas respostas modulativas dependem da severidade e da duração do

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estresse, do genótipo, do estádio de desenvolvimento e da natureza do estresse

(KRAMER, 1983).

O ciclo do sorgo se divide em três etapas de crescimento, sendo: a EC1

caracterizada pela germinação, crescimento das folhas e estabelecimento do

sistema radicular fasciculado; a EC2 inicia-se quando o meristema apical se

diferencia em um meristema floral e vai até à antese; na EC3 ocorre a maturação

dos grãos e a senescência das folhas. Quando o deficit hídrico acontece no

estádio EC1, provoca menos danos à planta do que em EC2. No estádio EC2 a

escassez de água reduz as taxas de crescimento da panícula e das folhas e o

número de sementes por panícula. Esses efeitos são devidos, provavelmente, a

uma redução na área foliar, resistência estomática aumentada, fotossíntese

diminuída e a uma desorganização do estado hormonal da panícula em

diferenciação. Quando a falta de água acontece no EC3, o resultado é a

senescência rápida das folhas inferiores, com consequente redução no

rendimento de grãos. O coeficiente da cultura do sorgo, avaliado por Assis e

Verona (1991) através dos métodos de Penman-Monteith, Tanque Classe A e de

Radiação, representou valores de 0,25 a 0,29 na EC1; 1,04 a 1,11 na EC2; 0,68 a

0,76 na EC3 e evapotranspiração máxima de 461 mm. Esses resultados estão em

concordância com os coeficientes da FAO, estabelecidos por Doorenbos e

Kassam (1979).

A recuperação da espécie vegetal está intimamente relacionada com a

recuperação das taxas fotossintéticas. Desse modo, respostas estomáticas após a

reidratação devem possibilitar a abertura estomática, permitindo que as trocas

gasosas e taxas fotossintéticas ocorram de forma semelhante àquelas observadas

antes do estresse. Essa recuperação fotossintética parece depender do grau e da

velocidade do declínio da fotossíntese durante o período de estresse hídrico

(FLEXAS et al., 2006a).

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As mudanças fisiológicas durante o estresse hídrico e o processo de

recuperação podem estar associadas com a alteração da expressão de diversos

genes que são responsáveis pela codificação de proteínas envolvidas com a

tolerância das plantas (SILVA et al., 2013). De acordo com os mesmo autores,

dentre essas proteínas estão as aquaporinas (AQPs), que têm como função

facilitar e regular a passagem de água passivamente entre as membranas (LIAN

et al., 2004), sendo responsáveis por até 85% do transporte de água nos vegetais,

regulando o componente radial deste transporte em raízes e folhas (MAUREL et

al., 2008).

O papel das aquaporinas em processos fisiológicos da planta tem sido

analisado através de estudos com estresse hídrico (VANDELEUR et al., 2009;

SILVA et al., 2013; OCHELTREE et al., 2014). No entanto, esses estudos

encontram resultados diversos, apresentando aumento, diminuição ou nenhuma

alteração na expressão das AQPs (TYERMAN et al., 2002). Para alguns

pesquisadores, o aumento na expressão das AQPs melhora a capacidade das

plantas em sobreviver com o estresse hídrico; outros acreditam que a inativação

dessas proteínas esteja associada com a diminuição de perdas excessivas de água

(GASPAR, 2011). Outra explicação para a ocorrência desses resultados diversos

é a diferença no tempo e na intensidade do estresse hídrico, que pode afetar a

expressão (GALMÉS et al., 2007a), bem como se há ou não adaptação à seca

(LIAN et al., 2004).

Apesar da disseminação global, as estatísticas de produção de grãos de

sorgo e, principalmente, de forragem são imprecisas. Conforme dados da FAO,

publicados em 2013, foram plantados cerca de 42,22 milhões de hectares de

sorgo e produzidas 62,29 milhões de toneladas de grãos no mundo. Atualmente,

os EUA, México, China e Argentina detêm as melhores produtividades médias,

entre 3,5 e 5,0 t ha-1; portanto, a baixa produtividade média mundial, em torno

de 1,48 t ha-1, reflete as condições de cultivo às quais o sorgo é submetido, como

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a deficiência hídrica, períodos estivais, alta insolação e elevadas temperaturas. A

produção média brasileira foi de 2,12 milhões de toneladas de grãos de sorgo,

em uma área total de 792,8 mil hectares, o que corresponde a uma produtividade

média nacional de 2,68 t ha-1.

No semiárido do norte de Minas Gerais, a viabilidade da cultura do

sorgo vem sendo demonstrada desde os anos 70 pelas avaliações de cultivares

(MEIRA et al., 1977a, BORGONOVI et al., 1979), de tratos culturais (MEIRA

et al., 1977b) e da nutrição de plantas (AZEREDO et al., 1977), registrando

produtividades acima de 8 mil Kg ha-1 (COELHO, 1983). O plantio de sorgo

forrageiro como reserva para alimentação animal no período das secas é uma

estratégia comumente utilizada pelos pecuaristas no semiárido. A pecuária

extensiva foi uma atividade intimamente associada ao processo de ocupação e

expansão do colonialismo do Norte de Minas Gerais, (SANTOS, et al., 2010) e a

expansão do sorgo forrageiro nesta região semiárida advém da relação com a

atividade pecuária extensiva.

2.6 Composição químico-bromatológica de silagens de sorgo

A avaliação de alimentos no setor de nutrição animal tem buscado

relacionar o conteúdo dos nutrientes com seu aproveitamento digestivo e

metabólico. A qualidade do volumoso é dada pelo seu valor nutritivo,

representado pela composição química do alimento, pela digestibilidade de seus

constituintes, consumo voluntário e desempenho do animal (MAGALHÃES et

al., 2005). O objetivo prático da avaliação dos alimentos é manter ou otimizar a

produção animal e buscar retorno financeiro ao produtor rural. Nesse contexto, é

importante conhecer o potencial nutritivo de plantas forrageiras cultivadas em

regime de sequeiro nas condições semiáridas de Minas Gerais.

O valor nutritivo das plantas é afetado por fatores fisiológicos,

morfológicos e ambientais, sendo que, no caso das plantas forrageiras, o declínio

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do valor nutritivo associado ao aumento da idade, normalmente, é explicado

como o resultado da maturidade da planta e, consequentemente, aumento da

lignificação, afetando a digestibilidade (VILELA et al., 2005).

A composição estrutural da planta de sorgo é um ponto importante tanto

para a produção quanto para a qualidade da silagem. As panículas e as folhas são

os componentes da planta que apresentam maiores coeficientes de

digestibilidade e, teoricamente, uma maior digestibilidade total. As porcentagens

de folha, colmo e panícula têm estreita ligação com a altura da planta. Genótipos

mais altos atingirão maiores produtividades, porém, a percentagem de colmo

será alta em relação às folhas e panículas, comprometendo o valor nutritivo da

planta e a digestibilidade in vitro da matéria seca (ZAGO, 1991).

O uso de silagem pode contribuir para elevar a produtividade animal e,

consequentemente, a rentabilidade dos sistemas produtivos (LOURENÇO

JÚNIOR et al., 2004). A ensilagem é um processo de conservação da matéria

orgânica picada em meio anaeróbio, que sofre alterações físico-químicas e

organolépticas devido à fermentação microbiana presente. Um dos pontos

importantes são os valores de pH das silagens bem conservadas que devem ter

variação entre 3,6 e 4,2. Estas apresentam altas proporções de ácido lático em

relação aos outros ácidos, desde que não se usem aditivos para restringir a

fermentação (FAIRBAIRN et al., 1992). O processo fermentativo promove

redução nos teores de carboidratos solúveis e de proteína verdadeira, elevação na

concentração de ácidos orgânicos e nitrogênio não proteico, com consequente

redução do valor nutritivo. Um importante fator determinante do tipo de

fermentação no processo de ensilagem é o teor de matéria seca da planta, o qual,

nos sorgos, varia com a idade de corte e com a natureza do colmo da planta

(CARVALHO et al., 1992). Segundo Paiva (1976), a matéria seca das silagens

deve variar de 30 a 35% para ser considerada como de boa qualidade. De acordo

com Zago (1991), híbridos de sorgo com colmo seco, geralmente elevam o teor

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de matéria seca mais precocemente com a maturação. Pires et al. (2006)

observaram que a produção de matéria seca e a qualidade de silagem variam

com a época de corte, por volta de 28 dias após o florescimento, a partir de

quando se estabilizam até a maturidade fisiológica, ou seja, crescem a partir do

florescimento até um ponto ótimo.

Os componentes dos constituintes da parede celular, fibra em detergente

neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) são referências fundamentais

para os sistemas modernos de predição de ganhos (NRC, 1996), visto que os

carboidratos compreendem entre 70 e 80% da ração de ruminantes, para

atendimento das exigências de energia e síntese de proteína microbiana. O teor

de fibra em detergente ácido (FDA) e o de fibra em detergente neutro (FDN) são

negativamente correlacionados com a digestibilidade e com o seu consumo,

respectivamente (VAN SOEST, 1994). Em relação à FDA, um bom nível na

silagem ocorre quando se tem valores inferiores a 30% e, em relação à FDN,

valores inferiores a 50% são mais desejáveis (CRUZ e PEREIRA FILHO,

2001).

Quanto aos componentes da parede celular, aumentos na porcentagem de

hemicelulose, celulose e lignina, à medida que a planta envelhece são, em geral,

inversamente correlacionados com a digestibilidade, reduzindo o valor nutritivo

(VAN SOEST, 1994). É importante salientar que a parede celular é composta de

pectina, celulose, hemicelulose, lignina, complexos fenólicos e proteína

(MERTENS, 1996). Em termos nutricionais, a classificação baseia-se em

carboidratos não fibrosos (CNF) que incluem a pectina, amido e açúcares

localizados no conteúdo celular de sementes, folhas e hastes e, em carboidratos

fibrosos (CF) que incluem a celulose e hemicelulose. A lignina é um composto

fenólico derivado do ácido chiquímico que pode atuar negativamente na digestão

dos carboidratos fibrosos da parede celular. Essa limitação está associada à sua

natureza química e suas ligações fenólicas aos polissacarídeos (HATFIELD,

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1989). A baixa digestibilidade aparente da lignina e o maior conteúdo associado

ao avanço da maturação constituem a suposição de que a lignificação é um dos

principais fatores responsáveis pelo valor nutritivo das plantas forrageiras. Como

referência, citam-se os resultados de silagem de sorgo forrageiro colhido no

estádio leitoso/pastoso, descritos por Vieira et al. (2004), que verificaram teores

de hemicelulose de 22,63%, de celulose de 19,53% e de lignina de 3,60%.

O valor proteico mínimo necessário para um bom desenvolvimento da

microbiota ruminal é 7%, garantindo uma boa degradação do alimento ingerido

(VAN SOEST, 1994). Conforme Keplin e Santos (1996), uma silagem de boa

qualidade apresenta em torno de 7,1 a 8,0% de proteína bruta. Contudo, segundo

Gontijo Neto et al. (2002), os teores de proteína bruta (PB) das plantas de sorgo

podem variar de acordo com a cultivar, estádio de maturação, adubação, entre

outros, atingindo valores de 2,5 a 13,6% (GAGGIOTTI et al., 1992). Em

conformidade com Rodrigues (2000), o valor nutritivo dos híbridos de sorgo tem

pouca variação entre as diferentes cultivares existentes no mercado, entretanto, a

época da colheita afeta diretamente a qualidade nutricional. O teor de proteína

da forragem e a sua digestibilidade diminuem drasticamente à medida que a

planta se desenvolve, em função do aumento significativo de fibras. Analisando

a qualidade nutritiva do sorgo, têm-se encontrado valores de 9 a 12% de proteína

bruta no colmo, 15 a 18% nas folhas e 12 a 16% de proteína bruta na planta

inteira.

A digestibilidade pode ser definida basicamente pela capacidade que um

animal tem de utilizar os nutrientes do alimento em maior ou menor escala e está

relacionada com seu valor energético. Por intermédio de técnicas de digestão

usando sacos de náilon, Akin (1982) mostrou evidências microscópicas que as

gramíneas com paredes celulares altamente lignificadas podem ser

intensivamente digeridas no fluido ruminal. Estudos realizados por Wilson et al.

(1991;1993) mensuraram perdas de digestibilidade de 54 a 85% da espessura de

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colmos de gramíneas tropicais que continham entre 3 e 6,8% de lignina em

detergente ácido, e constataram a digestão de 60 a 70% de colmo de sorgo

maduro, incubados em partículas de 1 mm durante 96 horas em líquido ruminal.

Os valores de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) são

altamente correlacionados com os valores de digestibilidade in vivo e estes se

relacionam diretamente com o consumo de alimentos (TILLEY & TERRY,

1963). Gontijo Neto et al. (2002), avaliando quatro genótipos forrageiros,

observaram resultados de DIVMS variando de 52,97 a 54,61%. Por outro lado,

Araújo et al. (2007), determinando a qualidade das silagens de três genótipos de

sorgo ensilados em cinco diferentes estádios de maturação, obtiveram valores de

DIVMS variando entre 44,63 e 51,38 %. A técnica in situ propicia uma

estimativa rápida e simples da degradação dos nutrientes do rúmen, permitindo

também o acompanhamento da degradação ao longo do tempo (MEHREZ &

ORSKOV, 1977). Segundo Vanzant et al. (1998), essa técnica tem sido utilizada

intensivamente por mais de duas décadas para comparar características de

degradação entre os alimentos e melhorar o conhecimento da digestão ruminal.

Diante da perspectiva da metodologia de avaliação da digestibilidade in

situ, Casali et al. (2009) analisaram a integridade física pós-incubação e pós-

extração com detergente e avaliaram as perdas de partículas e as estimativas dos

teores de fibra em detergente neutro indigestível. A determinação do número de

horários depende do tipo de alimento a ser avaliado. De acordo com Orskov et

al. (1998), o tempo de incubação de alimentos fibrosos totalizam 144 horas e

Casali et al. (2008) sugeriram 240 horas para a obtenção de estimativas mais

exatas das frações indigestíveis.

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2.7 Características climáticas da região semiárida de Minas Gerais

A região nordeste do Brasil se limita ao norte e ao leste com o Oceano

Atlântico; ao sul, com os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, e a oeste

com os Estados do Pará, Tocantins e Goiás (SILVA et al., 2006) e é dividida em

quatro zonas geográficas:

(i) Meio-Norte ou Mata dos Cocais - é uma faixa de transição entre

a Amazônia e o sertão que abrange os Estados do Maranhão e

do Piauí, com precipitações litorâneas de 2000 mm e

variações de 700 mm a 1500 mm nos interiores das regiões

sul e leste do Piauí.

(ii) Sertão: fica localizado no interior do nordeste brasileiro e na

região norte de Minas Gerais, caracterizado pelo clima

semiárido, com chuvas irregulares, períodos de estiagem,

altas temperaturas e altas taxas de evapotranspiração.

(iii) Agreste Nordestino: é uma zona de transição entre a Zona da

Mata e o Sertão, localizado no alto do planalto da Borborema,

que é um obstáculo natural para a chegada das chuvas até o

sertão, pois ela se estende do sul da Bahia até o Rio Grande

do Norte. O principal acidente geográfico da região é o

planalto da Borborema.

(iv) Zona da Mata: localizada no leste, entre o planalto da

Borborema e a costa litorânea, e se estende desde o Rio

Grande do Norte até o sul da Bahia, onde as chuvas são mais

abundantes.

Em relação ao sertão, a principal manifestação da variabilidade climática

no semiárido brasileiro é a seca, característica natural que está associada às

variabilidades dos Oceanos Pacífico e Atlântico Tropical (MARENGO e SILVA

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DIAS, 2007; NOBRE et al., 2006). Essa condição global incorre na combinação

de precipitações anuais variáveis no espaço e no tempo e em evapotranspirações

permanentemente altas, tornando-se, caso não haja a compreensão funcional

deste ecossistema, fatores de risco às atividades antrópicas e ao bioma. Dentre as

variáveis climáticas, a precipitação pluvial tem sido bastante estudada em

diferentes regiões do mundo, em face de sua importância no ciclo hidrológico e

na manutenção dos seres vivos no planeta. As secas constituem sério problema

para a sociedade humana e para os ecossistemas naturais (DINPASHOH et al.,

2004).

Como a variação sazonal da precipitação pluvial exerce forte influência

sobre as condições ambientais, muitos pesquisadores vêm desenvolvendo

estudos com base no Número de Dias Chuvosos (NDC) (BRUNETTIA et al.,

2001; SELESHI & ZANKE, 2004; ZANETTI et al., 2006; MODARRES &

SILVA, 2007). Com esta variável é possível se obter uma ideia da intensidade

da precipitação pluvial, haja vista a análise do total de chuva em intervalos de

tempo distintos revelar sua intensidade e a variabilidade quantitativa e

qualitativa (BARNSTON & SMITH, 1996). Avaliações realizadas por Hess et

al. (1995) na zona árida da Nigéria registraram que o decréscimo da precipitação

nesta região resultou na diminuição do número de dias chuvosos. Uma análise

importante realizada por Brunettia et al. (2001), em que foi observado que o

decréscimo no número de dias chuvosos na Itália é mais significante no estudo

da intensidade de precipitação do que os totais anuais. Fischer et al. (2008)

corroboram as afirmações, nas quais com o registro histórico do NDC é possível

ter uma ideia da intensidade e da variabilidade da precipitação pluvial.

A delimitação geopolítica do semiárido brasileiro foi definida como

competência da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE,

pela Lei 7.827, de 27 de setembro de 1989, que levava em conta somente a

precipitação anual média dessa região. O avanço científico sobre o clima e a

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correlação entre suas variáveis permitiram uma reavaliação técnica desse espaço

geográfico. Essa atualização espacial teve como base as conclusões dos estudos

realizados pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para compor a nova

delimitação do semiárido brasileiro, que foi instituído pela Portaria

Interministerial n° 6, de 29 de março de 2004. As condições climáticas para a

caracterização de regiões semiáridas brasileiras foram estabelecidas pelos

seguintes critérios técnicos:

1. Índice de Aridez de Thorntwaite – compreende a relação entre a

evapotranspiração potencial e a precipitação, em que a variação

deverá estar entre 0,21 a 0,50 no período de 1961 e 1990;

2. Isoieta de 800 mm – ocorrência de precipitação média inferior a 800

mm;

3. Risco de Ocorrência de Seca – indica deficit hídrico em pelo menos

60% do tempo, no período de 1970-1990.

O Estado de Minas Gerais possui diversificadas formações vegetais,

resultantes, provavelmente, da sua ampla variação nas condições geológicas,

topográficas e climáticas (MELLO-BARRETO, 1942). Especificamente, a

região norte do Estado se caracteriza por apresentar vegetação que expressa uma

condição de sobrevivência ligada à deficiência hídrica, adaptada a um clima

severo e com baixa precipitação anual distribuída em um curto período do ano

(FERNANDES, 2002). Essa região pertence ao sertão brasileiro e está sob o

domínio da Caatinga em sua parte norte e nordeste, com transição para o

Cerrado, ao sul e a oeste (BRANDÃO, 1994). Conforme ilustrado na figura 2,

duas fisionomias florísticas bem distintas e características têm seus limites na

região norte do Estado de Minas Gerais, sendo uma representada pela área seca

da Caatinga e a outra pelo Cerrado (MARTIUS, 1958).

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FIGURA 2: Fisionomia florística do Estado de Minas Gerais

A mesorregião do Norte de Minas Gerais (figura 3), localizada entre as

coordenadas geográficas 46°40’W, 14°00’N e 41°20’E, 18°00’S, é

caracterizada, segundo a classificação de Köppen (1948), como clima Aw

tropical de savana com inverno seco e verão chuvoso. O clima apresenta

variação de subúmido a semiárido, com chuvas irregulares, períodos estivais e

insolação média de 2870 horas anuais.

Segundo Carvalho et al. (1973), a região tem de 0% a 20% de incidência

de seca em seu território. No período de 2009 a 2013, Moreira et al. (2013)

realizaram um trabalho de monitoramento dos eventos da seca no norte de Minas

Gerais, através do Índice de Condição de Vegetação (VCI), proposto por Kogan

(1995). Os autores concluíram que existe uma relação entre a variação do VCI e

a precipitação, salientando que há ocorrência de chuvas concentradas e mal

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distribuídas podem favorecer uma situação de seca. Naquele período, o VCI

indicou áreas classificadas em seca extrema e em seca severa, ratificando o

estudo realizado pelo INAES (2016), no qual foi relatado que 48,5% das

pastagens do norte de Minas Gerais estão fortemente degradadas; 36,7% foram

classificadas como moderadamente degradadas; 12,2% como levemente

degradadas, e somente 2,6% não apresentaram grau de degradação.

FIGURA 3: Mapa representativo das mesorregiões do estado de Minas Gerais

O conhecimento histórico das variáveis climáticas é importante para

avaliar a probabilidade de ocorrência de similaridade entre os ciclos

hidrológicos, colaborando com o planejamento anual de desenvolvimento dos

projetos e das atividades agropecuárias. O sucesso das culturas implantadas

depende da regularidade e quantidade das chuvas. As variabilidades espacial e

temporal da precipitação pluvial nas regiões áridas e no semiárido são fatores

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limitantes para a agricultura de sequeiro (GRAEF & HAIGIS, 2001). A

precipitação pluvial pode variar consideravelmente até mesmo dentro de alguns

quilômetros de distância e em escalas de tempo diferentes, tornando

imprevisível o processo de plantio e de colheita das culturas.

Os longos períodos de veranico ocorridos nas últimas 4 safras agrícolas

(2012/2013 a 2015/2016), na microrregião de Janaúba, impactaram

negativamente as atividades agropecuárias da região. Esta região, localizada no

extremo norte do estado de Minas Gerais, abrange uma área de 20.581 km² e

compreende os municípios de Manga, Matias Cardoso, Jaíba, Verdelândia,

Janaúba, Nova Porteirinha, Porteirinha, Riacho dos Machados, Serranópolis de

Minas, Pai Pedro, Catuti, Mato Verde, Gameleiras, Mamonas, Monte Azul e

Espinosa.

A análise da precipitação nos últimos 16 ciclos hidrológicos, ou seja, do

período de 1999/2000 a 2015/2016, conforme dados da Estação Meteorológica

Convencional de Janaúba (INMET, 2016), apresentou um volume médio de 793

mm e um comportamento pluvial irregular entre os ciclos, características

naturais do clima semiárido, conforme representado na figura 4.

FIGURA 4: Precipitação média registrada no período hidrológico de 1999/2000

a 2015/2016, em Janaúba/MG. (Fonte: INMET, 2016)

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Em relação à evapotranspiração potencial de referência, conforme dados

da Estação Meteorológica Convencional de Janaúba (INMET, 2016)

representados na figura 5, observa-se um comportamento regular e com pouca

variação entre os anos agrícolas de 2003/2004 a 2015/2016, apresentando uma

média de 1640,14 mm anuais. Nesse período, o Índice de Aridez média

apresentou um fator de 0,44, ou seja, dentro dos limites preconizados para

enquadramento em região semiárida.

FIGURA 5: Relação entre a Evapotranspiração Potencial de Referência (ETo) e

a precipitação pluvial no período do ciclo hidrológico de 2003/2004 a

2015/2016. (Fonte: INMET, 2016)

As temperaturas máximas e mínimas médias, conforme dados da

Estação Meteorológica Convencional de Janaúba (INMET, 2016) foram de 32

°C e 19 °C, respectivamente.

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A ocorrência dos períodos estivais na região de Janaúba, baseada nos

dados de precipitação diária da Estação Meteorológica Convencional de Janaúba

(INMET, 2016), no período de 1999/2000 a 2015/2016, apresentam uma

variação mínima de 6 e máxima de 27 dias sem registro de precipitação. Nesse

período, observou-se que 68,75% da ocorrência das estiagens iniciaram entre a

terceira semana dos meses de dezembro e a primeira semana dos meses de

janeiro.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Caracterização dos locais de instalação dos experimentos

Os grupos de experimentos para análise de genótipos de sorgo foram

instalados nas safras agrícolas 2014/2015 e 2015/2016, na Fazenda Experimental

da Embrapa Milho e Sorgo em Nova Porteirinha (15°48’15”S e 43°18’0’’W) e

em uma fazenda comercial em Mamonas (15°6’47”S e 42°58’7”W), ambos

inseridos na microrregião de Janaúba.

Em cada área experimental foi instalado um pluviômetro para monitorar

a precipitação ocorrida durante o ciclo de cada genótipo de sorgo, conforme

apresentado nas figuras 6, 7, 8 e 9.

FIGURA 6: Precipitação diária (mm) no período de 28/11/2014 a 18/05/2015

em Nova Porteirinha/MG.

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FIGURA 7: Precipitação diária (mm) no período de 23/11/2015 a 23/03/2016

em Nova Porteirinha/MG.

FIGURA 8: Precipitação diária (mm) no período de 15/12/2014 a 25/05/2015

em Mamonas/MG.

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FIGURA 9: Precipitação diária (mm) no período de 06/01/2016 a 13/04/2016

em Mamonas/MG.

Em Nova Porteirinha, o solo da área experimental é classificado como

Latossolo Vermelho-Amarelo, e em Mamonas o solo é classificado como

Latossolo Vermelho, ambos de textura média. A caracterização física, o pH e a

saturação de bases na camada de 0 a 20 cm estão apresentadas na tabela 1.

TABELA 1: Valores de pH, saturação de bases e composição física dos solos da

área experimental de Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG

Município

Composição Química Composição Física

pH¹ V Areia Silte Argila

.......... % .......... ............... dag kg-1 ...............

Nova

Porteirinha 6,0 77 52 25 23

Mamonas 5,7 54 44 22 34

¹ pH em água

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3.2 – Instalação e condução do experimento

As sementes de genótipos de sorgo utilizados em ambas as safras e locais

foram fornecidas pela Embrapa Milho e Sorgo, sendo dois materiais forrageiros

comumente cultivados na região semiárida mineira, o BRS 655 e o Volumax,

dois sorgos sacarinos, o BRS 506 e o BRS 511 e dois sorgos biomassa, o BRS

716 e o CMSXS 7016, conforme especificação indicada na tabela 2.

TABELA 2: Especificação de grupo, tipo e empresa com o registro de genótipos

de sorgo.

Genótipo Grupo Tipo Empresa

BRS 506 Sacarino Variedade Embrapa

BRS 511 Sacarino Variedade Embrapa

BRS 655 Forrageiro Híbrido Embrapa

Volumax Forrageiro Híbrido Agroceres

BRS 716 Biomassa Híbrido Embrapa

CMSXS 7016 Biomassa Híbrido Embrapa

Os ensaios foram implantados sob o sistema de cultivo convencional e em

condições de sequeiro, ou seja, não foram realizadas irrigações suplementares na

cultura. A disposição dos tratamentos foi padronizada entre os locais e entre as

safras agrícolas, e as parcelas foram constituídas de quatro fileiras de 5 m com

espaçamento de 0,70 m entre linha, onde, a área útil de coleta dos dados e do

material para ensilar foram as duas melhores linhas de plantio.

Nas parcelas experimentais de Nova Porteirinha, o semeio manual do

sorgo na safra agrícola 2014/2015 foi no dia 28/11/2014, e na safra agrícola

2015/2016 foi no dia 23/11/2015. Em Mamonas, o semeio manual do sorgo na

safra agrícola 2014/2015 foi no dia 15/12/2014, e na safra agrícola 2015/2016

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foi no dia 06/01/2016. Após o aparecimento da quinta folha, realizaram-se uma

contagem e o raleio da quantidade de plântulas com o objetivo de fixar um

estande de doze plantas por metro, isto é, 170 mil plantas ha-1.

A adubação de plantio foi realizada com o adubo formulado 08-28-16 na

dosagem de 300 kg ha-1 e, a adubação de cobertura foi realizada com 130 kg ha-1

de ureia no estágio vegetativo correspondente entre a sexta e a oitava folha

expandida.

O processo da colheita foi realizado de acordo com a fase de enchimento

da panícula, quando o grão apresentava o aspecto pastoso para farináceo. As

condições de plantio em regime de sequeiro foram decisivas na colheita da safra

2015/2016, uma vez que alguns tratamentos dos grupos sacarino e forrageiro

apresentaram grãos com aspecto leitoso para pastoso e os materiais biomassa

não emitiram a inflorescência.

Os materiais foram triturados em desintegrador de forragens, e uma

amostra por parcela foi acondicionada em silos experimentais feitos de tubos de

PVC 100 mm com 50 cm de altura e fechados com tampão final de linha PVC

100, dotados de válvulas tipo Bunsen em uma das extremidades. No fundo dos

silos experimentais colocou-se uma camada de 501 a 512 g de areia grossa e

uma espuma de 10 mm de espessura. Os materiais desintegrados foram

compactados com o uso de um pilão de madeira, preenchendo todo o

compartimento do silo experimental e, posteriormente, foram fechados, pesados

e armazenados durante 200 dias no Laboratório de Bromatologia da

UNIMONTES.

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3.3 – Características avaliadas

As características agronômicas avaliadas na área útil das parcelas foram

duração do ciclo, altura das plantas, diâmetro do colmo, estande de plantas,

produção da matéria verde, produção da matéria seca e eficiência no uso da

água.

A altura das plantas foi mensurada com uma trena no momento da

colheita, medindo-se do solo à extremidade superior da panícula das plantas que

emitiram a inflorescência ou até a inserção do limbo foliar da última folha das

plantas que não haviam entrado na fase reprodutiva.

O diâmetro do colmo das plantas da área útil foi medido no momento da

colheita com o uso de um paquímetro a 05 centímetros do solo.

O estande de plantas foi medido pela contagem das plantas da área útil, as

quais foram calculadas e convertidas em plantas ha-1.

A produção de matéria verde foi obtida na colheita, realizando-se o corte

manual das plantas da área útil de cada parcela. Posteriormente, as plantas foram

pesadas em uma balança digital com carga máxima de 50 kg e o peso obtido foi

calculado e convertido em t ha-1. Para obter a produção de matéria seca das

plantas, os materiais foram triturados em desintegrador de forragens, e uma

amostra por parcela foi seca em estufa de circulação forçada de ar por 72 horas a

uma temperatura de 60 °C, conforme o Método INCT-CA G-001/1.

A eficiência no uso da água (EUA) foi calculada com base na produção de

matéria seca, de acordo com a fórmula: EUA (kg MS ha-1 mm-1) = (PMS x

1000) / Volume precipitado. A tabela 3 apresenta os valores da precipitação

registrada nos municípios de Nova Porteirinha e Mamonas nas safras 2014/2015

e 2015/2016, durante o ciclo de cada genótipo de sorgo.

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TABELA 3 – Volume precipitado (mm) registrado durante o ciclo de genótipos

de sorgo, cultivados nos municípios de Nova Porteirinha e Mamonas, nas safras

2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 342,9 412,9 415,5 588,0

CMSXS 7016 342,9 412,9 415,5 588,0

Volumax 266,1 389,5 415,5 588,0

BRS 506 266,1 389,5 415,5 588,0

BRS 511 236,8 389,5 415,5 588,0

BRS 655 236,8 389,5 415,5 588,0

As variáveis da composição químico-bromatológica analisadas foram:

teor de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta, carboidratos não fibrosos,

pH, fibra em detergente neutro, fibra em detergente neutro corrigida para cinza e

proteína, fibra em detergente ácido, celulose, hemicelulose, lignina, fibra em

detergente neutro indigestível, nutrientes digestíveis totais, digestibilidade da

matéria seca e produção de matéria seca digestível.

Após a abertura de cada silo, o conteúdo foi retirado e homogeneizado

em uma bandeja de plástico. Uma amostra do material foi utilizada para

proceder à secagem parcial através da redução do teor de umidade em estufa

com circulação forçada de ar e, posteriormente, a redução do tamanho de

partículas, conforme o Método INCT-CA G-001/1.

O teor da matéria seca (%MS) foi avaliado por meio da secagem

definitiva utilizando-se estufa sem circulação forçada de ar, conforme o Método

INCT-CA G-003/1.

A avaliação da matéria mineral (%MM) foi feita pelo Método INCT-CA

M-001/1, que consiste na incineração do alimento em forno mufla, por 4 horas a

600 °C (SILVA & QUEIROZ, 2002; CECCHI, 2003).

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A análise da proteína bruta (%PB) foi realizada pelo Método INCT-CA

N-001/1, conforme metodologia idealizada por Kjeldahl (1883). A análise do

extrato etéreo (%EE) foi realizada pelo Método de Goldfisch, conforme descrito

no Método INCT-CA G-004/1.

A avaliação dos carboidratos não fibrosos (%CNF) foi feita de acordo

com Weiss (1999), conforme equação: CNF (%): 100 – (MM + EE + FDNcp +

PB).

O método utilizado para medir o pH do material ensilado foi a extração

do suco em prensa hidráulica e a medição da acidez diretamente com o

potenciômetro (Wilson & Wilkins, 1972).

A análise da fibra insolúvel em detergente neutro (%FDN) foi realizada

em determinador de fibras, conforme descrito no método INCT-CA F-001/1. A

avaliação da disponibilidade potencial dos compostos nitrogenados ligada às

porções insolúveis em detergente neutro (%FDNp) da parede celular foi feita

pelo método INCT-CA N-004/1. A contaminação mineral sobre os resíduos

insolúveis em detergente neutro (%FDNc) foi mensurada pelo método INCT-CA

M-002/1.

A análise da fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA) foi realizada

em determinador de fibras, conforme descrito no método INCT-CA F-003/1.

As avaliações da celulose e da hemicelulose foram realizadas no

laboratório da Embrapa Milho e Sorgo e calculadas pelas equações: Celulose

(%) = 100 – FDN e Hemicelulose (%) = FDN – FDA.

A avaliação da lignina foi feita pelo Método da Hidrólise Ácida, descrita

no Método INCT-CA F-005/1.

A avaliação da fibra em detergente neutro indigestível (%FDNi) foi

realizada pelo Método INCT-CA F-008/1.

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A avaliação dos nutrientes digestíveis totais (%NDT) foi realizada pelo

Esquema de Weende, representado pela seguinte equação: NDT (%) = 87,84 –

(0,7 x %FDA).

A digestibilidade da matéria seca (%DIVMS) foi realizada pela técnica

In Situ para a medição da degradabilidade dos constituintes fibrosos e da matéria

seca das silagens dos sorgos (MEHREZ & ORSKOV, 1977; ORSKOV &

MCDONALD, 1979; ORSKOV, 2000).

A produção de matéria seca digestível foi calculada (PMSD) com base

na produção e na digestibilidade da matéria seca das silagens, conforme

equação: PMSD (t ha-1) = (%PMS x %DIVMS), em que %PMS: produção de

matéria seca das silagens a 105° C.

3.4 – Análises estatísticas

O experimento foi conduzido sob o delineamento em blocos

casualizados, com três repetições.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conjunta,

considerando a interação dos componentes safras, locais e genótipos. No caso de

significância, as médias foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) para

os genótipos. Para a análise estatística utilizou-se o programa SISVAR 5.6

(FERREIRA, 2014). O modelo matemático do experimento é representado pela

equação: Yijks = µ + as + lj + aljs + bk(js) + gi + gais + glij + galijs + εijks em que:

Yijks representa o valor observado do genótipo i em cada safra s e local j;

µ é a média geral das observações;

as é o efeito aleatório da safra s (s = 1 e 2);

lj é o efeito do local j (j = 1 e 2);

aljs é o efeito da interação safra s e local j;

bk(js) é o efeito aleatório do bloco k dentro de cada safra s e local j;

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gi é o efeito fixo do genótipo i (i = 1,2,...,6);

gais é o efeito da interação genótipos i com safras s;

glij é o efeito da interação genótipos i com locais j;

galijs é o efeito da interação tripla entre genótipos i, safras s e locais j;

εijks é o erro aleatório associado ao i-ésimo genótipo em cada s-ésima

safra agrícola e j-ésimo local.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Desempenho agronômico de genótipos de sorgo biomassa, sacarino e

forrageiro

A tabela 3 apresenta o resumo da análise de variância da avaliação de

genótipos de sorgo cultivados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras agrícolas 2014/2015 e 2015/2016.

A análise dos experimentos demonstrou que os efeitos dos tratamentos

diferem a 5% de probabilidade pelo teste F, sendo significativos os componentes

safra (S), genótipo (G) e local (L), para as variáveis duração do ciclo, altura da

planta, produção de matéria verde, produção de matéria seca e eficiência no uso

da água. Em relação ao diâmetro do colmo, observou-se diferença significativa

(p<0,05) entre as safras e locais e entre os genótipos e locais. Em relação ao

estande de plantas, verificou-se diferença significativa (p<0,05) entre as safras e

locais e safras e genótipos.

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TABELA 4: Resumo da Análise de Variância da avaliação de genótipos de sorgo cultivados nos municípios de Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, das variáveis: duração do ciclo (C), altura (H),

diâmetro do colmo (D), estande de plantas (P), produção de massa verde (PMV), produção de massa seca (PMS) e

eficiência no uso da água (EUA).

FV GL QM

C H D P PMV PMS EUA

Blocos

(L x S)

8 0,22* 0,03* 0,04ns 1,34* 110,93* 13,02* 83,72*

Safras 1 13149,01* 6,89* 6,67* 355502224,22ns 2308,37* 824,45* 13983,77*

Genótipos 5 2113,28* 0,98* 0,37* 4,03* 2376,49* 213,57* 1071,42*

Locais 1 1292,01* 0,94* 2,69* 1,86* 1947,08* 36,63* 3545,52*

S x G 5 2006,88* 0,92* 0,04ns 3,38* 227,21* 73,54* 445,18*

S x L 1 3029,01* 0,79* 1,06* 1,47* 1050,95* 227,41* 3201,20*

G x L 5 128,08* 0,052* 0,15* 200707424,45ns 160,29* 8,45ns 88,62*

S x G x L 5 111,28* 0,03* 0,05ns 756235448,31ns 111,71* 18,14* 93,57*

Erro 40 0,08 0,01 0,03 556266258,78 36,29 3,48 21,92

CV (%) 0,25 7,02 9,24 21,13 17,99 17,68 16,54

Média geral 121,23 1,72 1,95 111621,13 33,48 10,56 28,31 S: Safras, G: Genótipos, L: Locais. ns Não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste F, * Significativo a 5% de probabilidade.

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Na safra 2015/2016, todos os genótipos de sorgo tiveram a mesma

duração do ciclo; entretanto, somente os materiais pertencentes aos grupos

forrageiro e sacarino completaram o ciclo biológico. Em Nova Porteirinha, os

genótipos de sorgo tiveram ciclo de 118 dias, e em Mamonas de 97 dias. Esta

diferença entre os municípios está relacionada com a data de plantio, visto que

em Nova Porteirinha ocorreu no dia 23/11/2015 e em Mamonas no dia

06/01/2016, devido às condições climáticas desfavoráveis à semeadura. A

ocorrência de precipitações concentradas no mês de janeiro de 2016 com

volumes acumulados de 343 mm (82%) em Nova Porteirinha e 557 mm (94%)

em Mamonas, somada aos períodos estivais totais de 81 e de 72 dias,

respectivamente, comprometeram o desenvolvimento até à maturidade

fisiológica dos genótipos de sorgo biomassa. Conforme Von Pinho (2014), os

tipos de sorgo sensíveis ao fotoperíodo atingem a maturação fisiológica de 135 a

180 dias e chegam ao ponto de colheita entre 140 e 210 dias após a semeadura.

Em estudos realizados no município de Nova Porteirinha/MG, por Parrella et al.

(2010), sobre a avaliação de 40 híbridos sensíveis ao fotoperíodo, verificou-se

que o florescimento do sorgo biomassa semeado no mês de dezembro aconteceu

aos 125 dias após a semeadura e a altura média das plantas foi de 4,46 metros.

Em Sete Lagoas/MG, esses mesmos autores encontraram valores de 150 dias até

o florescimento e uma altura média de 4,76 m dos sorgos semeados no mês de

novembro.

Em relação aos resultados da variável altura da planta, os sorgos BRS

716 e CMSXS 7016 apresentaram porte superior em relação aos materiais

forrageiros e sacarinos, na safra 2014/2015, em ambos os locais cultivados. Na

safra 2015/2016, em Nova Porteirinha, não houve diferença significativa

(p<0,05) entre os genótipos dos grupos biomassa e sacarino, ambos

apresentando alturas superiores em relação aos materiais forrageiros BRS 655 e

Volumax. Em Mamonas, os materiais que obtiveram maior altura foram os

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sorgos BRS 506 e BRS 511, não sendo observada diferença significativa em

relação aos genótipos dos sorgos biomassa e forrageiro (Tabela 5).

TABELA 5: Valores médios da altura (m) de genótipos de sorgo avaliados em

Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 2,83 a 2,57 a 1,66 a 1,11 b

CMSXS 7016 2,80 a 2,64 a 1,68 a 1,10 b

Volumax 1,75 b 1,61 c 1,41 b 1,11 b

BRS 506 1,75 b 1,93 b 1,76 a 1,29 a

BRS 511 1,63 b 1,92 b 1,82 a 1,39 a

BRS 655 1,46 c 1,42 c 1,44 b 1,13 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Na safra 2014/2015, a situação é explicada pela expressão gênica

relacionada à sensibilidade ao fotoperiodismo, estando associado ao efeito dos

alelos Ma5 e Ma6 (ROONEY; AYDIN, 1999). Devido à ocorrência de estiagens

durante as Etapas de Crescimento 1, 2 e 3, de todos os genótipos de sorgo, a

estrutura caulinar teve o crescimento comprometido.

Em ambos os locais, todos os materiais tiveram crescimento inferior ao

seu potencial devido às condições de estresse hídrico das plantas. Em condições

climáticas adequadas e semeadura entre outubro e dezembro, os genótipos de

sorgo biomassa apresentam porte superior a 5 metros, devido ao comprimento

do dia ser maior que 12 horas e 20 minutos (PARRELLA et al., 2010 e

CASTRO et al., 2015). Portanto, a deficiência hídrica resulta na diminuição da

turgescência celular e nos processos de crescimento em decorrência dos efeitos

na limitação do metabolismo das proteínas e dos aminoácidos (LARCHER,

2000). De acordo com Hisao (1973), um breve período de balanço hídrico

negativo diminui a síntese da enzima nitrato redutase em 20%, e em longos

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períodos de deficiência hídrica este valor pode chegar a 50%, interrompendo a

divisão celular e, consequentemente, o crescimento da planta.

Em relação ao diâmetro do colmo e o estande de plantas, houve

diferença significativa (p<0,05) entre a interação safras e locais, conforme

representado na tabela 6.

TABELA 6: Valores médios do diâmetro do colmo (cm) e do estande de plantas

(plantas ha-1) de genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação dupla de safras

e locais

Locais Diâmetro Estande

Nova Porteirinha Mamonas Nova Porteirinha Mamonas

2014/2015 2,18 a 2,33 a 139.834 a 78.964 b

2015/2016 1,33 b 1,96 b 115.628 b 112.057 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

O diâmetro médio dos colmos de genótipos de sorgo foi superior na safra

2014/2015 em relação à safra 2015/2016, em ambos os locais de cultivo, em

virtude da distribuição temporal da precipitação. De acordo com resultados de

avaliação de diferentes arranjos de plantas do sorgo sacarino CMSXS 647, May

et al. (2012b) afirmaram a correlação entre o aumento da população de plantas

há-1 e a redução do diâmetro das plantas. Resultado similar foi obtido por

Fernandes et al. (2014), com sorgo sacarino BRS 506, em que se constatou

relação linear negativa entre o diâmetro do colmo e a população de plantas.

Realizando uma avaliação paralela entre os valores obtidos nas variáveis

diâmetro do colmo e estande de plantas, nota-se que as respostas anatômicas das

plantas de sorgo tiveram relação direta com os efeitos climáticos de cada safra

agrícola.

Observou-se também que houve diferença significativa (p<0,05) no

diâmetro do colmo entre as interações genótipos e locais (Tabela 7).

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TABELA 7: Valores médios do diâmetro do colmo (cm) de genótipos de sorgo

avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e

2015/2016, em interação dupla de genótipos e locais.

Genótipos Diâmetro

Nova Porteirinha Mamonas

BRS 716 1,68 b 2,33 b

CMSXS 7016 1,89 a 2,58 a

Volumax 1,88 a 2,13 c

BRS 506 1,59 b 1,93 c

BRS 511 1,78 a 1,96 c

BRS 655 1,70 b 1,91 c Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

No município de Nova Porteirinha não se constatou diferença entre os

grupos de sorgo. Os materiais CMSXS 7016, Volumax e BRS 511 tiveram

valores de diâmetro do colmo superiores aos demais materiais. De outro modo,

em Mamonas, os genótipos pertencentes ao grupo biomassa obtiveram maior

espessura do colmo em relação aos sorgos forrageiros e sacarinos.

Quanto ao estande de plantas, verificou-se que houve diferença

significativa (p≤0,05) entre a interação safras e genótipos, conforme

representado na tabela 8.

TABELA 8: Valores médios do estande de plantas (plantas ha-1) de genótipos de

sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015

e 2015/2016, em interação dupla de safras e genótipos.

Genótipos Estande

2014/2015 2015/2016

BRS 716 123.088 a 156.182 a

CMSXS 7016 94.995 b 139.516 a

Volumax 121.660 a 93.566 b

BRS 506 84.995 b 107.613 b

BRS 511 106.423 b 70.472 c

BRS 655 125.231 a 115.708 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

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Na safra 2014/2015, observou-se que o sorgo CMSXS 7016 e os

genótipos pertencentes ao grupo sacarino, BRS 506 e BRS 511, obtiveram

menor estande de plantas ha-1 em relação aos sorgos forrageiros e ao sorgo

biomassa BRS 716. Por outro lado, na safra 2015/2016, observou-se que os

genótipos pertencentes ao grupo biomassa obtiveram maior estande de plantas

ha-1 em relação aos sorgos sacarino e forrageiro. Esses resultados podem estar

correlacionados com a plasticidade fenotípica de genótipos de sorgo como

estratégia de produção em diferentes condições ambientais (VALLADARES et

al., 2000) e com o perfilhamento basal.

Em relação à produção de genótipos de sorgo, é importante ressaltar que

os sistemas de cultivo em ambas as safras e locais foram em regime de sequeiro,

ou seja, não se utilizaram irrigações suplementares para repor as necessidades

hídricas das plantas.

Os genótipos biomassa BRS 716 e CMSXS 7016 apresentaram

produtividades de matéria verde superiores aos sorgos forrageiros e sacarinos,

em ambas as safras agrícolas e locais cultivados, conforme representado na

tabela 9.

A altura das plantas é um dos fatores que se correlaciona positivamente

com os parâmetros produtivos (GUIMARÃES JR. et al., 2009; ROCHA JR. et

al., 2000), o que confirma os resultados obtidos na safra agrícola 2014/2015 em

Nova Porteirinha e Mamonas, em que os híbridos BRS 716 e CMSXS 7016

obtiveram maiores alturas de planta em relação aos genótipos de sorgo

forrageiro e sacarino.

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TABELA 9: Valores médios da produção de matéria verde (t ha-1) de genótipos

de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras

2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 81,74 a 44,73 a 40,97 a 39,74 a

CMSXS 7016 73,02 a 45,50 a 46,55 a 36,91 a

Volumax 46,78 b 29,17 b 23,79 b 20,27 b

BRS 506 28,44 c 17,65 b 21,65 b 25,58 b

BRS 511 25,69 c 24,13 b 20,58 b 16,61 b

BRS 655 33,34 c 19,59 b 20,68 b 19,54 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

O estande de plantas é também um fator que se correlaciona com a

produtividade, sendo a densidade de semeadura uma prática cultural importante

para a produção de cereais (ALMEIDA et al., 2000). Na safra 2015/2016,

observou-se, independente do local de cultivo, que os genótipos de sorgo do

grupo biomassa tiveram maior estande de plantas ha-1 (Tabela 8) do que os

sorgos sacarino e forrageiro, influenciando positivamente na produção de

matéria verde.

A produtividade do sorgo está relacionada com a expressão do material

genético em determinada condição ambiental. A falta de disponibilidade de água

é um dos fatores abióticos que mais interfere na produtividade dos cultivares

agrícolas (Gleick 2003), pois, na maioria das situações de estresse hídrico,

diminui-se a difusão de CO2 nos sítios de carboxilação, altera o balanço de

carbono da planta e reduz a fotossíntese (GALMÉS et al., 2007a). Loomis e

Willians (1963), ao estimarem o nível teórico possível de uma produção,

afirmaram que cerca de 90% do peso seco das plantas consistem de produtos da

fotossíntese.

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Quanto à produção de matéria seca, os genótipos pertencentes ao grupo

biomassa apresentaram produtividades superiores aos materiais forrageiros e

sacarinos, em ambas as safras agrícolas e locais cultivados, conforme

representado na tabela 10.

TABELA 10: Valores médios da produção de matéria seca (t ha-1) de genótipos

de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras

2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos

Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 28,29 a 17,22 a 7,13 a 11,64 a

CMSXS 7016 24,71 b 18,13 a 9,07 a 10,19 a

Volumax 16,50 c 10,85 b 5,65 b 7,16 b

BRS 506 8,59 e 6,04 c 4,52 b 8,05 b

BRS 511 8,70 e 9,29 b 4,58 b 5,50 b

BRS 655 11,82 d 7,19 c 5,72 b 6,91 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Na safra agrícola 2014/2015, as diferenças nas produtividades de matéria

seca entre os materiais biomassa e o segundo material mais produtivo foi de

33% a 41%; entretanto, na safra 2015/2016, esta variação foi de 19% a 37%.

Silva et al. (2011), analisando a produção de matéria seca de 25 híbridos de

sorgo forrageiro no Agreste Paraibano, obtiveram produtividades variando entre

7.679,87 e 20.948,70 kg ha-1 com um acumulado de chuvas pouco acima de 400

mm. Esses resultados apresentaram valores superiores a alguns materiais

avaliados no presente trabalho, e valores inferiores aos sorgos biomassa BRS

716 e CMSXS 7016, cultivados em Nova Porteirinha na safra agrícola

2014/2015 em precipitação acumulada de 342,9 mm.

Estudos realizados em Oklahoma por Yimam et al. (2015) evidenciaram

rendimentos de matéria seca de 4,4 t ha-1 sob severa seca em 2011 e de 12,9 t ha-

1 sob seca moderada em 2012 de sorgo biomassa. No entanto, com boas

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46

condições de crescimento em 2013, o rendimento do sorgo biomassa foi de 32,5

t ha-1. O rendimento máximo do sorgo biomassa relatado por Hao et al. (2014)

foi de 24 t ha-1 em plena irrigação no Texas ocidental, onde a temporada de

chuvas registrou 78 e 227 mm. Garofalo and Rinaldi (2013) reportaram faixas de

produtividade de 18-41 t ha-1 em regimes de irrigação para diferentes ambientes

mediterrânico. No presente trabalho obtiveram-se rendimentos que variaram de

7,13 a 28,29 t ha-1 do sorgo biomassa, cultivado em condições de sequeiro na

região semiárida de Minas Gerais. Esse diferencial produtivo está associado à

plasticidade fenotípica de genótipos de sorgo do grupo biomassa em resposta às

estiagens e ao volume total precipitado, alterando o seu ciclo de crescimento e

desenvolvimento para utilizar, de forma eficiente, a água disponível. É durante a

fase vegetativa de crescimento que se manifestam as características da

plasticidade fenotípica e, sobretudo, as adaptações modificativas em relação às

condições do habitat.

De acordo com a relação entre o volume total precipitado e o ciclo de

vida de cada genótipo, foi possível estimar a eficiência no uso da água (EUA)

com o propósito de avaliar a capacidade de absorção e conversão da água

disponível em biomassa seca da parte aérea, conforme representado na tabela 11.

TABELA 11: Valores médios da eficiência no uso da água (kg MS ha-1 mm-1) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras 2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos

Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 82,51 a 41,70 a 17,18 a 19,80 a

CMSXS 7016 72,07 b 43,91 a 21,84 a 17,34 a

Volumax 62,02 c 27,86 b 13,61 b 12,18 a

BRS 506 32,30 d 15,52 c 10,88 b 13,70 a

BRS 511 36,74 e 23,87 b 11,03 b 9,35 a

BRS 655 49,92 e 18,47 c 13,77 b 11,75 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

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47

Os resultados demonstram que os genótipos de sorgo biomassa

apresentaram, quantitativamente, maior EUA do que os sorgos forrageiros e

sacarinos, em ambas as safras agrícolas e locais. A maioria dos estudos sobre a

EUA de cultivares de sorgo tem enfatizado o rendimento e a resposta a

diferentes frequências de irrigação. Saeed e El-Nadi (1998), em estudo realizado

no Sudão, relataram valores de EUA entre 65 e 86 kg ha-1 de matéria seca de

forragem por mm de evapotranspiração. Aishah et al. (2011), analisando

rendimento em solos salinos na Malásia, obtiveram valores de EUA variando

entre 59 e 69 kg ha-1 de matéria seca de forragem por mm de água aplicado

através de irrigação. Garofalo e Rinaldi (2013), em ambiente mediterrânico,

registraram valores de EUA do sorgo biomassa entre 40 e 85 kg ha-1 de

biomassa seca acima do solo por mm de evapotranspiração, em diferentes

regimes de irrigação. No Texas, Hao et al. (2014) relataram valores de EUA

variando de 30 a 47 kg ha-1 mm-1 de biomassa seca aérea em sorgos sensíveis ao

fotoperíodo, submetidos a diferentes níveis de irrigação. Trabalho realizado por

Perazzo et al. (2013), no agreste paraibano da microrregião de Curimataú,

reportaram valores médios de 105,1 kg ha-1 mm-1 em eficiência de uso da chuva

de cultivares de sorgos granífero e forrageiro. Os resultados de produção de

matéria seca observados por Perazzo et al. (2013) oscilaram de 10,88 t ha-1 a

12,07 t ha-1 com um acumulado de chuvas de 115 mm durante o ciclo dos

genótipos de sorgo Ponta Negra, SF 15, IPA46742, IPA 2502 e IPA 1011.

4.2 Qualidade nutricional de silagens de sorgos biomassa, sacarino e

forrageiro

A tabela 12 apresenta o resumo da análise de variância da avaliação das

silagens de genótipos de sorgo cultivados em Nova Porteirinha/MG e

Mamonas/MG, nas safras agrícolas 2014/2015 e 2015/2016.

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48

A análise dos experimentos demonstrou que os efeitos dos tratamentos

diferem a 5% de probabilidade pelo teste F, apresentando efeito significativo dos

componentes S, G e L para os parâmetros: matéria seca, pH, lignina, fibra em

detergente neutro indigestível, nutrientes digestíveis totais e produção de matéria

seca digestível. No que concerne a matéria mineral, carboidratos não fibrosos,

fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, a análise estatística

demonstrou que não houve efeito dos tratamentos entre as fontes de variação S,

G e L. Observou-se diferença significativa (p<0,05) entre as safras e locais para

os parâmetros: proteína bruta, fibra em detergente neutro corrigido para cinza e

proteína, celulose, hemicelulose e digestibilidade da matéria seca. Em relação à

interação safras e genótipos, constatou-se diferença significativa (p<0,05)

somente no parâmetro celulose. Já na interação locais e genótipos, verificou-se

diferença significativa (p<0,05) nos valores de proteína bruta, celulose e

hemicelulose.

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49

TABELA 12: Resumo da Análise de Variância da avaliação de genótipos de sorgo cultivados nos municípios de Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, das variáveis: matéria seca (MS), matéria mineral

(MM), proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF), pH, fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente neutro

corrigida para cinza e proteína (FDNcp), fibra detergente ácido (FDA), celulose (CEL), hemicelulose (HEM), lignina

(LIG), fibra detergente neutro indigestível (FDNi), nutrientes digestíveis totais (NDT), digestibilidade da matéria seca

(DMS) e produção de matéria seca digestível (PMSD).

FV GL QM

MS MM PB CNF pH FDN FDNcp FDA CEL HEM LIG FDNi NDT DMS PMSD

B (L x S) 8 3,13ns 21,34* 0,68ns 84,73* 0,02ns 61,45ns 29,14ns 11,57ns 0,84ns 1,04ns 0,78ns 14,64ns 3,71ns 20,63* 7,01*

S 1 223,59* 11,34ns 7,69* 26,21ns 1,49* 85,00ns 39,64ns 97,77* 9,67* 19,02* 0,00ns 115,82* 9,37ns 268,81* 410,89* L 1 167,81* 15,53ns 46,84* 36,52ns 0,00ns 248,91* 304,35* 33,35ns 34,14* 2,80ns 4,14* 116,33* 66,82* 4,38ns 13,99*

G 5 63,77* 6,04ns 2,66ns 250,98* 0,36* 181,89* 239,63* 75,72* 63,16* 29,29* 3,81* 131,56* 44,62* 111,21* 113,56*

S x L 1 30,08* 0,74ns 83,92* 29,88ns 0,09ns 53,48ns 289,40* 1,01ns 14,33* 4,59* 0,11ns 19,10ns 9,10ns 68,72* 114,21* S x G 5 22,20* 2,98ns 2,64ns 33,50ns 0,49* 56,70ns 13,69ns 24,06ns 12,54* 0,66ns 1,56* 13,06ns 5,92ns 7,82ns 38,70*

L x G 5 5,43ns 3,27ns 5,87* 18,67ns 0,18* 21,90ns 15,42ns 19,38ns 9,00* 3,51* 0,78ns 65,31* 7,18ns 7,43ns 3,57ns

S x L x G 5 9,03* 2,72ns 0,93ns 33,71ns 0,21* 7,37ns 9,44ns 14,15ns 4,95ns 1,39ns 1,62* 48,63* 15,53* 15,00ns 8,38* Erro 40 2,54 6,42 1,16 35,54 0,03 38,93 16,82 15,17 2,13 0,96 0,48 8,93 4,46 8,87 2,23

CV (%) 5,62 23,36 13,97 24,33 4,27 10,96 7,44 11,90 4,31 4,10 17,47 10,82 3,26 3,76 18,27

Média geral

28,33 10,85 7,71 24,50 4,14 56,91 55,15 32,72 33,93 23,95 3,97 27,61 64,70 79,13 8,17

B: bloco; S: safra; L: local; G: genótipo. ns Não significativo a 5% de probabilidade pelo Teste F, * Significativo a 5% de probabilidade.

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50

Quanto ao teor de matéria seca, nota-se que houve diferença significativa

(p<0,05) entre os genótipos de sorgo cultivados em ambos os locais na safra

2015/2016 e em Nova Porteirinha na safra 2014/2015, conforme representado na

tabela 13.

TABELA 13: Valores médios do teor de matéria seca (%) de genótipos de sorgo

avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e

2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 29,66 b 29,73 a 21,47 c 26,45 c

CMSXS 7016 26,68 c 29,40 a 19,31 c 25,13 c

Volumax 30,28 b 31,47 a 26,05 b 31,40 a

BRS 506 25,81 c 30,73 a 23,96 b 28,59 b

BRS 511 33,66 a 31,54 a 24,45 b 28,77 b

BRS 655 29,20 b 32,97 a 31,14 a 32,11 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Ressalta-se que na safra 2015/2016, os genótipos do grupo biomassa

tiveram menores teores de matéria seca em relação aos sorgos forrageiro e

sacarino. Este fato está correlacionado com o ciclo biológico das plantas, visto

que, nesta safra, a ocorrência de precipitações concentradas no mês de janeiro de

2016, com volumes acumulados de 343 mm (82%) em Nova Porteirinha e 557

mm (94%) em Mamonas, somada aos períodos estivais totais de 81 e de 72 dias,

respectivamente, comprometeram desde o desenvolvimento até a maturidade

fisiológica de genótipos de sorgo biomassa. Nesta safra não houve diferença na

duração do ciclo entre os genótipos; entretanto, somente os materiais

pertencentes aos grupos forrageiro e sacarino completaram seus ciclos biológico.

Conforme Von Pinho (2014), os tipos de sorgo sensíveis ao fotoperíodo atingem

a maturação fisiológica entre 135 e 180 dias e chegam ao ponto de colheita entre

140 e 210 dias após a semeadura. Estudos realizados por Zago (1991) afirmam

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51

que as estruturas colmo, folhas e panícula interferem no teor de matéria seca da

planta de sorgo. O colmo é a porção que menos contribui para a elevação do teor

da matéria seca, seguido pelas folhas e panícula. Considerando que os genótipos

de sorgo pertencentes ao grupo biomassa não completaram o ciclo biológico

devido às condições climáticas da safra 2015/2016, ou seja, não emitiram a

inflorescência, supõe-se que a falta desta estrutura tenha influenciado

diretamente na redução do teor de matéria seca dos híbridos BRS 716 e CMSXS

7016.

Paiva (1976) constatou que a porcentagem de MS do sorgo varia de

acordo com a idade de corte, natureza do colmo (suculência) e com a proporção

dos diferentes constituintes dessa forrageira (colmo, folha e panícula) e

recomendou valores de MS entre 30 e 35% para silagem de boa qualidade.

Pizarro (1978) citou valores entre 28 e 38%, porém McDonald et al. (1991)

afirmaram que um teor de matéria seca igual ou superior a 20% associado a um

adequado teor de carboidratos solúveis seria suficiente para se produzir uma

silagem de boa qualidade.

Em estudo realizado com 15 genótipos de sorgo cultivados em Sete

Lagoas, Silveira (2013) reportou valor médio do teor de matéria seca de 33,60%,

tendo o sorgo volumax obtido valor de 26,37%. Tolentino (2014) relatou valores

de matéria seca variando entre 36,31% e 50,25%, com 24 genótipos de sorgo

cultivados em Sete Lagoas, com destaque para as testemunhas utilizadas,

Volumax e BRS 655, que obtiveram valores de 37,12% e 38,89%,

respectivamente. Ribeiro et al. (2007) registraram valores de 31,91%; Von

Pinho et al. (2007), de 21% MS, e Avelino (2008) observou valores de 24,77%

para o sorgo Volumax. Skonieski et al. (2010), mensurando a produção e o valor

nutritivo de silagens de sorgo forrageiro, encontraram valor de 33,01% de MS.

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52

Quanto aos teores de proteína bruta, observou-se diferença significativa

(p<0,05) da interação genótipos e locais e safras e locais, conforme apresentado

nas tabelas 14 e 16, respectivamente.

TABELA 14: Valores médios da proteína bruta de genótipos de sorgo avaliados

em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016,

em interação dupla de genótipos e locais.

Genótipos PB

Nova Porteirinha Mamonas

BRS 716 6,80 b 6,98 a

CMSXS 7016 7,65 b 7,68 a

Volumax 9,30 a 7,25 a

BRS 506 9,22 a 5,97 a

BRS 511 8,97 a 6,73 a

BRS 655 9,18 a 6,81 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Um alimento e/ou dieta deve conter, pelo menos, 7% de PB para

fornecer nitrogênio suficiente para uma efetiva fermentação microbiana no

rúmen. Neste trabalho, notou-se que os genótipos apresentaram valores

adequados requeridos na fermentação ruminal; contudo, os genótipos do grupo

biomassa tiveram menores teores de proteína bruta em Nova Porteirinha. No

município de Mamonas, não houve diferença estatística entre os genótipos de

sorgo.

Von Pinho et al. (2006), avaliando as características nutricionais das

silagens dos genótipos de sorgo Volumax, obtiveram valores médios de 8,0% de

proteína bruta. Em estudo realizado com 24 genótipos de sorgo cultivados em

Sete Lagoas, Tolentino (2014) constatou valor médio do teor de matéria seca de

8,14%, em que o sorgo Volumax apresentou valor de 7,62%, e o sorgo BRS 655

de 9,83%.

A medida do valor de pH é utilizada como critério indicativo da

qualidade de fermentação de silagens, um dos processos fundamentais para a

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53

conservação de forragens. Consoante Paiva (1976), uma silagem satisfatória

apresenta valores de pH entre 3,6 e 4,2; uma silagem mediana está entre 4,2 e

4,6, e uma silagem ruim tem valores superiores a 4,6. A estabilidade do pH na

silagem deve-se a interações entre concentração da matéria seca, da capacidade

tamponante da forrageira (FISHER e BURNS, 1987), das concentrações de

carboidratos solúveis e do lactato e das condições de anaerobiose do meio

(HAIGH, 1990; HERDERSON, 1993; MOISIO e HEIKONEN, 1994).

O desdobramento da interação S x G x L revelou que as silagens de

sorgo apresentaram diferenças significativas (p<0,05) em relação aos valores de

pH somente na safra 2014/2015, conforme apresentado na tabela 15.

TABELA 15: Valores médios do pH de genótipos de sorgo avaliados em Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 4,11 b 4,27 b 4,29 a 4,19 a

CMSXS 7016 4,21 b 5,14 c 4,32 a 4,18 a

Volumax 3,88 a 3,72 a 4,32 a 4,29 a

BRS 506 3,87 a 3,63 a 4,31 a 4,20 a

BRS 511 4,12 b 3,59 a 4,30 a 4,23 a

BRS 655 3,62 a 3,81 a 4,41 a 4,37 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Os resultados obtidos neste trabalho demonstram valores que

correspondem com o padrão de fermentação considerado satisfatório, exceto o

genótipo CMSXS 7016 cultivado em Mamonas na safra 2014/2015, que

apresentou valor igual a 5,14 e diferenciou-se estatisticamente dos demais

materiais.

Em experimento conduzido com sete híbridos de sorgo de diferentes

portes e suculência do colmo, cortados aos 102 dias de crescimento vegetativo,

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54

Rocha Júnior et al. (2000) determinaram pH com variação de 3,5 a 4,3. Em

estudo realizado com 15 genótipos de sorgo cultivados em Sete Lagoas, Silveira

(2013) verificou valor médio de pH de 3,84, tendo o sorgo volumax obtido valor

de 3,67. Tolentino (2014) constatou valores de pH variando entre 3,8 e 4,25 com

24 genótipos de sorgo cultivados em Sete Lagoas, com destaque para as

testemunhas utilizadas, o sorgo Volumax e BRS 655, que obtiveram valores de

3,8 e 4,11, respectivamente.

O teor de matéria seca influencia diretamente o padrão de fermentação

da silagem. Conforme Van Soest (1994), em silagens com teor de matéria seca

superior a 35%, o pH não é um parâmetro importante na avaliação da sua

qualidade, pois, nesse caso, o desenvolvimento da acidez é inibido pela

deficiência hídrica e pela alta pressão osmótica do meio. No entanto, forrageiras

com teor de matéria seca menor que 30%, precisam de uma queda de pH abaixo

de 4,0 para a completa inibição da atividade clostrídica (ARAÚJO, 2006). O

componente colmo nas plantas conserva a maior parte dos carboidratos solúveis,

que são os principais substratos para a fermentação lática, responsável pela

adequada conservação da massa ensilada (ZANINE et al., 2007).

No que se refere aos valores médios de FDN e de FDA, representados,

respectivamente, por 56,91% e 32,72%, dos genótipos de sorgo cultivados em

ambas as safras e locais, observa-se que os níveis ficaram acima dos valores

preconizados por Cruz e Pereira Filho (2001), visto que relatam que o nível

desejável na silagem ocorre quando se tem valores inferiores a 50% de FDN e

30% de FDA.

Em relação aos teores de FDNcp, observou-se diferença significativa

(p<0,05) da interação safras e locais somente no município de Mamonas,

conforme tabela 16.

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TABELA 16: Valores médios da fibra em detergente neutro corrigida para cinza

e proteína e da proteína bruta de genótipos de sorgo avaliados em Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em

interação de safras e locais.

Safras FDNcp PB

Nova Porteirinha Mamonas Nova Porteirinha Mamonas

2014/2015 54,36 a 54,46 a 7,11 b 7,66 a

2015/2016 51,83 a 59,96 b 9,92 a 6,15 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

No que concerne aos teores de celulose e hemicelulose, constatou-se

diferença significativa (p<0,05) para interação de safras x locais (tabela 17) e

genótipos x locais (tabela 18).

TABELA 17: Valores médios da celulose e da hemicelulose de genótipos de

sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015

e 2015/2016, em interação de safras e locais.

Safras

Celulose Hemicelulose

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

2014/2015 34,05 b 34,54 a 23,89 a 22,99 a

2015/2016 32,43 a 34,70 a 24,41 a 24,52 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Em ambos os locais cultivados, o destaque nos teores de celulose e

hemicelulose foram dos genótipos de sorgo pertencentes aos grupos biomassa e

forrageiro, com valores que variaram de 34,54% a 37,80% e de 24,93% a

25,64%, respectivamente, conforme apresentado na tabela 18. Resultados

obtidos na avaliação de cultivares de sorgo biomassa demonstraram variação de

35 a 45% no teor de celulose e de 15 a 25% no teor de hemicelulose.

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56

TABELA 18: Valores médios da celulose e da hemicelulose de genótipos de

sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015

e 2015/2016, em interação dupla de genótipos e locais.

Genótipos Celulose Hemicelulose

Nova Porteirinha Mamonas Nova Porteirinha Mamonas

BRS 716 34,86 c 35,88 c 25,64 b 25,03 b

CMSXS 7016 35,29 c 35,90 c 25,11 b 25,63 b

Volumax 32,84 b 35,74 c 24,77 b 24,46 b

BRS 506 31,75 b 30,28 a 22,45 a 21,34 a

BRS 511 30,15 a 32,11 b 23,07 a 21,14 a

BRS 655 34,54 c 37,80 d 23,87 a 24,93 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

No que se refere aos teores de celulose, verificou-se diferença

significativa (p<0,05) para interação safras e genótipos, conforme apresentado

na tabela 19. Os materiais pertencentes ao grupo sacarino, BRS 506 e BRS 511,

obtiveram os menores teores de celulose em relação aos genótipos forrageiros e

biomassa.

Tabela 19: Valores médios da celulose de genótipos de sorgo avaliados em Nova

Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016, em

interação dupla de safras e genótipos.

Genótipos Celulose

2014/2015 2015/2016

BRS 716 36,31 b 34,42 b

CMSXS 7016 35,18 b 36,00 c

Volumax 34,40 b 34,18 b

BRS 506 30,77 a 31,26 a

BRS 511 30,75 a 31,51 a

BRS 655 38,35 c 33,99 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

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Em relação ao teor de lignina, observou-se que houve diferença

significativa (p<0,05) entre os genótipos de sorgo cultivados em ambos os locais

na safra 2014/2015, e em Nova Porteirinha na safra 2015/2016, conforme

representado na tabela 20.

TABELA 20: Valores médios da lignina de genótipos de sorgo avaliados em

Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas safras 2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 5,01 b 4,63 b 3,32 a 4,45 a

CMSXS 7016 3,73 b 4,07 a 3,12 a 4,29 a

Volumax 4,02 b 4,26 a 2,62 a 4,77 a

BRS 506 2,78 a 3,45 a 4,48 b 3,50 a

BRS 511 2,79 a 3,05 a 3,89 b 3,62 a

BRS 655 4,32 b 5,61 b 4,74 b 4,87 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Na safra 2015/2016, em Mamonas, não houve diferença estatística

(p<0,05) nos teores de lignina. Em Nova Porteirinha, constatou-se que ambos os

materiais pertencentes ao grupo biomassa e o sorgo Volumax tiveram menores

teores de lignina em relação aos sorgos sacarinos e ao sorgo BRS 655. Uma

correlação a essa evidência pode estar associada à altura das plantas,

demonstrando que não houve diferença significativa (p<0,05) entre os genótipos

dos grupos biomassa e sacarino, ambos apresentando alturas superiores em

relação aos materiais forrageiros BRS 655 e Volumax.

Em análises morfoagronômica e bioquímica realizadas em sorgo

biomassa, Damasceno et al. (2013) constataram valores de lignina variando de

1,69 a 9,22%, mostrando a variabilidade fenotípica entre os genótipos. Trabalho

realizado por Tolentino et al. (2016), sobre a avaliação da qualidade de silagens

de diferentes genótipos de sorgo cultivados em Sete Lagoas, demonstrou valores

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nos teores de lignina de 5,74% e 6,78% nos híbridos BRS 655 e Volumax,

respectivamente. Em estudo para caracterização de silagem de sorgo no

município de Restinga Seca/RS, realizado por Skonieski et al. (2010), não foi

observado diferença estatística nos teores de lignina entre o sorgo sacarino BRS

506 e o Volumax, que apresentaram valores de 5,22% e 4,83%, respectivamente.

Quanto aos valores da fibra em detergente neutro indigestível (FDNi),

observou-se que houve diferença significativa (p<0,05) entre os genótipos de

sorgo cultivados em ambos os locais na safra 2014/2015 e em Nova Porteirinha

na safra 2015/2016, conforme representado na tabela 21.

TABELA 21: Valores médios da fibra em detergente neutro indigestível (%) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras 2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 35,72 c 25,78 a 29,66 b 25,89 a

CMSXS 7016 36,78 c 31,41 b 31,85 b 25,57 a

Volumax 32,19 b 26,82 a 27,77 b 23,38 a

BRS 506 19,57 a 30,40 b 24,34 a 21,86 a

BRS 511 30,61 b 31,41 b 34,05 b 24,49 a

BRS 655 22,96 a 22,94 a 21,13 a 26,17 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Realizando uma análise paralela entre os valores de FDNi com os teores

de lignina, conforme apresentado na tabela 20, constatou-se que os materiais

pertencentes ao grupo sacarino tiveram menores valores de lignina na safra

2014/2015 em Nova Porteirinha em relação aos sorgos forrageiro e biomassa.

Na safra 2015/2016, em Mamonas, não houve diferença estatística (p<0,05) nos

teores de lignina e na FDNi entre os genótipos de sorgo.

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A fibra, sob o aspecto nutricional, compreende a fração do alimento de

lenta digestão e que ocupa espaço no trato intestinal do animal. Sob o ponto de

vista analítico, os componentes químicos fibrosos da parede celular vegetal são a

lignina, a celulose e a hemicelulose. Observou-se que os genótipos pertencentes

ao grupo biomassa tiveram maiores valores de fibra em detergente neutro

indigestível na safra 2014/2015 em Nova Porteirinha. No entanto, em Mamonas,

não houve diferença estatística entre o sorgo biomassa BRS 716 e os híbridos

forrageiros e nem entre o sorgo biomassa CMSXS 7016 e as variedades de sorgo

sacarino. Na safra 2015/2016, em Nova Porteirinha, o sorgo sacarino BRS 506 e

o sorgo forrageiro BRS 655 tiveram o melhor percentual de fibra indigestível em

relação aos demais genótipos.

Com relação à DMS, observou-se diferença significativa (p<0,05) para

interação safras e locais somente no município de Nova Porteirinha, conforme

tabela 22.

TABELA 22: Valores médios da digestibilidade da matéria seca (%) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras 2014/2015 e 2015/2016, em interação de safras e locais.

Locais DMS

Nova Porteirinha Mamonas

2014/2015 75,98 b 78,42 a

2015/2016 81,80 a 80,34 a Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

A digestibilidade é uma estimativa da capacidade do alimento em

permitir que o animal utilize seus nutrientes em menor ou maior escala. A

maturidade exerce influência direta na digestibilidade de plantas forrageiras,

principalmente, em função do teor de proteína e da lignificação da parede celular

(OLIVEIRA et al., 1991).

Conforme Paiva (1976), silagens com DIVMS entre 40 e 55% podem ser

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60

classificadas como sendo de qualidade satisfatória, e silagens de 55 a 65% são

classificadas como de boa qualidade.

Quando o alimento se encontra com baixo valor nutritivo, verifica-se

menor taxa de passagem de partículas no rúmen, o que pode acarretar redução

no consumo de matéria seca (VAN SOEST, 1994).

Em estudo realizado com 15 genótipos de sorgo cultivados em Sete

Lagoas, Silveira et al. (2013) relataram valor médio de 42,12% de

digestibilidade da matéria seca, dos quais o sorgo volumax obteve valor de

37,28%. Estudos realizados por Tolentino et al. (2016) revelaram valores de

digestibilidade variando entre 50,46% e 74,14% com 24 genótipos de sorgo

cultivados em Sete Lagoas, com destaque para as testemunhas utilizadas,

Volumax e BRS 655, que obtiveram valores de 50,46% e 67,86%,

respectivamente. Com o propósito de identificar melhores genótipos de sorgo

para produção de silagem, Veriato (2014) avaliou a digestibilidade de 17

materiais e verificou valores que variaram de 56,37% a 72,68%.

Em estudo realizado por Thomas et al. (2013), sobre o valor nutritivo de

silagem de sorgo tratada com inoculante na região do Texas, sugere o uso de

variedades sensíveis ao fotoperíodo com rendimentos elevados e alta eficiência

no uso da água. A composição química da testemunha da silagem de sorgo da

cultivar PS 747, sensível ao fotoperíodo, apresentou valor de 58,29% de

digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca. O aumento da concentração

de fibras e a redução da digestibilidade de silagem de sorgo sensíveis ao

fotoperíodo podem influenciar negativamente na qualidade de sua matéria-prima

e valor nutricional. Todavia, Murray et al. (2008) sugerem que o produto

selecionado para plantio deve maximizar o rendimento energético da biomassa

de sorgo.

Em relação à produção de matéria seca digestível (PMSD), constatou-se

diferença significativa (p<0,05) para interação safras, locais e genótipos. Os

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61

materiais pertencentes ao grupo biomassa apresentaram produtividades

superiores em relação aos sorgos forrageiros e sacarinos, em ambas as safras

agrícolas e locais cultivados, conforme representado na tabela 23.

TABELA 23: Valores médios da produção de matéria seca digestível (t ha-1) de

genótipos de sorgo avaliados em Nova Porteirinha/MG e Mamonas/MG, nas

safras 2014/2015 e 2015/2016.

Genótipos Safra 2014/2015 Safra 2015/2016

Nova

Porteirinha

Mamonas Nova

Porteirinha

Mamonas

BRS 716 20,60 a 13,45 a 5,82 a 9,17 a

CMSXS 7016 18,07 b 13,59 a 7,17 a 7,99 a

Volumax 12,64 c 8,64 b 4,53 b 5,80 b

BRS 506 7,33 d 4,89 c 3,91 b 6,83 b

BRS 511 6,88 d 7,49 b 3,75 b 4,51 b

BRS 655 8,04 d 5,10 c 4,61 b 5,31 b Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste Scott e Knott (1974) a

5% de significância.

Como não ocorreu diferença significativa (p<0,05) na DMS entre os

genótipos de sorgo, a PMSD teve correlação direta somente com a produtividade

da matéria seca. Conforme foi observado na tabela 10, sobre a produtividade de

matéria seca dos genótipos de sorgo, as diferenças produtivas entre os materiais

biomassa e o segundo material mais produtivo foi de 33% a 41% na safra

2014/2015 e de 19% a 37% na safra 2015/2016. Com relação à PMSD, as

diferenças produtivas entre os materiais biomassa e o segundo material mais

produtivo foi de 36% a 38% na safra 2014/2015 e de 25% a 35% na safra

2015/2016.

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62

5 CONCLUSÕES

A ocorrência de estiagens e a irregularidade temporal e espacial da

precipitação foram os principais motivos que influenciaram o desenvolvimento e

a produtividade de genótipos de sorgo conduzidos em regime de sequeiro.

Os sorgos BRS 716 e CMSXS 7016, pertencentes ao grupo biomassa,

obtiveram os maiores desempenhos produtivos de matéria verde e de matéria

seca em relação aos sorgos dos grupos forrageiro e sacarino, em ambos os locais

e safras agrícolas.

Os sorgos BRS 716 e CMSXS 7016 apresentaram maior eficiência no

uso da água quando cultivados até o mês de dezembro.

Os sorgos BRS 716 e CMSXS 7016 têm aptidão forrageira em condições

de cultivo de sequeiro na região semiárida de Minas Gerais, pois não

apresentaram diferenças na digestibilidade da matéria seca e, sobretudo,

obtiveram maior produção de matéria seca digestível em relação aos genótipos

de sorgos sacarinos e forrageiros avaliados.

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