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AutoraDagma Ferreira AlvesProfessora de Psicologia Aplicada à Saúde, Ética na Saúde e Relações Humanas em cursos de Saúde no CEP/Itesp, psicóloga e pedagoga, professora há 22 anos na rede pública de Educação, nos mais diversos segmentos da educação, multiplicadora nas abordagens de temáticas humanizadoras da saúde e educação. Pós-graduada em Psicossomática, com temáticas de saúde e consciência corporal.

Copyright © 2014 por NT Editora.Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por

qualquer modo ou meio, seja eletrônico, fotográfico, mecânico ou outros, sem autorização prévia e escrita da NT Editora.

Alves, Dagma Ferreira.

A Sociedade em que Vivemos / Dagma Ferreira Alves – 1. ed. – Brasília: NT Editora, 2014.

100 p. il. ; 21,0 X 29,7 cm.

ISBN 978-85-68004-99-9

1. Sociedade. 2. Saúde.

I. Título

Design InstrucionalNT Editora

RevisãoFernanda Souza

Editoração EletrônicaNT Editora

Projeto GráficoNT Editora

CapaNT Editora

IlustraçãoMarcio Rocha

NT Editora, uma empresa do Grupo NT SCS Quadra 2 – Bl. C – 4º andar – Ed. Cedro IICEP 70.302-914 – Brasília – DFFone: (61) [email protected] e www.grupont.com.br

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LEGENDA

ÍCONES

Prezado(a) aluno(a),Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do mate-rial didático. A presença desses ícones o(a) ajudará a compreender melhor o conteúdo abordado e a fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:

Saiba maisEsse ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.

ImportanteO conteúdo indicado com esse ícone tem bastante importância para seus es-tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.

DicasEsse ícone apresenta dicas de estudo.

Exercícios Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.

Exercícios Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.

Bons estudos!

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Sumário

1. O QUE É SOCIEDADE? ..................................................................................... 71.1 Conceito de sociedade ...........................................................................................................71.2 Formas de organização social ........................................................................................... 131.3 A Formação da sociedade brasileira ............................................................................... 151.4 A diversidade do povo brasileiro ..................................................................................... 19

2. LIDERANÇA .................................................................................................... 282.1 Conceitos de liderança e a representatividade do líder no grupo ...................... 282.2 Tipos de liderança ................................................................................................................. 342.3 Diferença entre líder e chefe ............................................................................................. 36

3. A REPRESENTATIVIDADE DA FAMÍLIA ........................................................ 453.1 Estruturas familiares ............................................................................................................. 473.2 Funções das famílias ............................................................................................................ 513.3 Conceito histórico de família ............................................................................................ 59

4. ESTRATÉGIAS DE ABORDAGEM A GRUPOS SOCIAIS E DIREITOS HUMANOS ......................................................................................................... 644.1 Abordagem microssocial e macrossocial .................................................................... 644.2 Feedback ou retroalimentação na estratégia de abordagem e integração de grupos sociais ................................................................................................................................ 684.3 Direitos Humanos .................................................................................................................. 71

5. PRÁTICAS POPULARES NO CUIDADO À SAÚDE E O SUS E O PROFISSIONAL DE SAÚDE COMUNITÁRIA NO CONTEXTO ATUAL .............. 815.1 Conceito e principais formas de práticas populares................................................. 815.2 A assimilação social das práticas populares e sua representatividade na promoção de saúde..................................................................................................................... 865.3 Lei Federal nº 10.507/2002 (Lei que regulariza a profissão de agente comunitário) ................................................................................................................................... 885.4 Portaria MS 1.886/1997 (Aprova diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família) ...................................................................... 905.5 Decreto Federal nº 3.189/1999 (Fixa diretrizes para o exercício da prática de agente comunitário de saúde) ................................................................................................ 905.6 Manual de atenção Básica/MS – Normas do SUS ..................................................... 92

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 100

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Seja bem-vindo(a) ao curso “A Sociedade em que Vivemos”

É muito importante que você leia os textos, reflita sobre os temas e realize as atividades de fixação.

Neste curso você terá a oportunidade de ampliar seus horizontes, seus conhecimentos, sua visão de mundo e refletir sobre a forma como nossa sociedade estabeleceu a maioria de suas concep-ções e adquiriu formas de interação.

Esperamos que você aproveite ao máximo o estudo dos temas desta disciplina.

Bom estudo!

Olá, tudo bem?Eu sou o Rafael, vou acompanhar vocês no decorrer deste curso. Às

vezes faço algumas perguntas. Sou bem curioso...

Tenho certeza de que o nosso encontro será muito bom!

Olá!Eu sou a Ana. Sou a tutora deste

curso e ajudarei a professora Dagma nas atividades, tirando

algumas dúvidas, emitindo a minha opinião. Espero que aproveite

bastante o curso!

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Você, eu, e todo mundo que está ao nosso redor fazemos parte da sociedade, e todos nós, de alguma forma, temos necessidade de interagir.

Todo indivíduo necessita estabelecer convívio social. Ao nascer, ele passa a interagir em seu pri-meiro grupo de convívio e a receber as primeiras impressões das regras em sociedade. Uma sociedade possui normas que servem para facilitar a sobrevivência e a adaptação ao meio coletivo.

Em uma mesma sociedade, coexistem diversos grupos étnicos, políticos, religiosos, sociais ou econômicos.

Todo e qualquer trabalho com empenho social deve ser fruto da reflexão sobre a forma que essa sociedade funciona. É muito importante compreender fatores antropológicos e culturais deter-minantes nessa estrutura, ou seja, estabelecer parâmetros de observação em que seja possível vis-lumbrar as ações, tradições, religiosidade, rituais, valores e concepções atuantes e importantes para os indivíduos que nela estão inseridos.

O indivíduo possui suas características específicas e, por assim ser, ele possui metas, interesses, planejamentos e ações próprias com um determinado fim ou objetivo, porém, ao convivermos social-mente, estabelecemos atitudes e ações que deverão ser aceitas e significativas num contexto coletivo. Todos nós queremos ser aceitos pelo grupo ao qual pertencemos, e melhor que isso: queremos ser úteis socialmente.

A sociedade em que vivemos é a ilustração dessas interações, marcada pelo interesse comum de convivência e integração. Quanto mais se mostram isolados os interesses de determinado grupo, será mais perceptível a dificuldade de esse grupo interagir socialmente e representar força de ação nessa sociedade. O grupo que não tiver como objeto a ação social estará fadado à exclusão e aos pro-cessos de marginalização.

Os interesses comuns na sociedade em que vivemos repercutem os anseios coletivos. Eles são os construtos relativos à educação, aos meios de produção de saúde, reabilitação e qualidade de vida, assim como as formas de integração, reintegração e justiça.

A sociedade em que vivemos deve refletir os interesses adequados a todas essas premissas e estar preparada para gerir esses interesses de forma justa, democrática, isenta de preconceitos e orga-nizada para evitar a marginalização e a exclusão social, assim como transmitir, no convívio de todos os indivíduos, a prática dos direitos fundamentais e humanitários.

Para que possamos alcançar uma sociedade organizada de tal forma que o povo tenha cons-ciência de atitudes positivas que possam promover saúde e bem-estar social e coletivo, temos que oferecer conhecimentos favoráveis acerca dessas atitudes, práticas e convívio social, assim como o discernimento, na lei, de direitos e deveres que norteiam esse conhecimento. Saúde, educação, re-presentatividade, reconhecimento social e necessidade de favorecer interesses coletivos para asse-gurar condições dignas de vida e sobrevivência são conteúdos imprescindíveis para a implantação desse objetivo.

Étnicos: gru-po biológico e culturalmente homogêneo.

Antropoló-gicos: fatores ligados ao estudo do ser humano.

Construtos: definição mental dada por um ou mais autores a termos / expressões / fenômenos / constata-ções que são difíceis de ser compreendi-dos ou que são novidades científicas.

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1. O QUE É SOCIEDADE?

Você é um ser social?

Ao finalizar esta lição, você deverá ser capaz de:

• Compreender o conceito de sociedade, por meio da percepção de alguns filósofos renomados.

• Reconhecer as diferentes formas de organização social.

• Entender o processo de formação da sociedade brasileira como marco de formação da diversi-dade deste povo.

1.1 Conceito de sociedadeOlá! Que tal trocarmos algumas ideias e assim criarmos juntos este espaço de construção?

Para iniciar nosso módulo, vamos parar um pouquinho para refletir:

Você pode ter tido várias reações, como: “– Claro que sou um ser social!”

Pois bem: E o que é um ser social? Será que o fato de viver em sociedade me torna um ser social?

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Bem amigo, se você vive em grupo e é capaz de interagir nesse grupo para garantir sua sobrevivência, você é um ser social. Se você é um ser social, então é sinal de que você vive em sociedade, certo?

– Certo

O conceito de sociedade é muito complexo, pois existem inúmeros pensadores e eles divergem bastante sobre esse tema. Por isso, vou apresentar a vocês três pensadores que estudaram bastante sobre a sociedade e suas relações e os conceitos que formaram.

E olha, eles não foram nada unânimes em suas concepções. Fique atento para que você também possa ter sua própria noção sobre sociedade a partir desses conceitos. Bom mesmo é a gente falar sobre algo, ter argumento, não é mesmo?

Na imagem a seguir está um grande estudioso do fenômeno social...

Durkheim é considerado um dos fundadores da Sociologia, a ciência que estuda os fenômenos sociais e, portanto, a sociedade. Durkheim considerava que, para que uma sociedade tivesse um bom desenvolvimento e grande evolução, seria necessário que o foco dessa sociedade fosse a “educação”, ou seja, seria necessário investir bastante em educação, pois, somente por meio dela poderia existir real desenvolvimento e as pessoas poderiam estabelecer para si uma vida melhor, com mais qualidade.

E o que é sociedade?

Émile Durkheim (1858-1917)

Unânimes: que é do mesmo parecer, que tem o mesmo sentimento.

Concepções: faculdade de conceber, de compreender, de idear.

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Sociedade é um conjunto de regras e normas, padrões de conduta, pensamentos e sentimentos que não existem na consciência individual. Os sentimentos não estão no coração, mas sim na existência social: nas instituições que são encarregadas de constituir nos indivíduos tais valores e referências.

www2.ifrn.edu.br/ppi/lib/exe/fetch.php?media=textos:cap02:01...pdf

Para Durkheim, o desenvolvimento da sociedade está intimamente ligado à educação ofere-cida às pessoas que nessa sociedade estão inseridas. Esse conceito ainda é bastante atualizado você não acha? E para você, educação é tão importante assim? Você considera que nossa sociedade recebe uma boa educação?

( ) Sim ( ) Não

Jusitifique: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Exercitando o conhecimento...

Com base no conhecimento adquirido até o momento, julgue os itens a seguir:

a) Durkheim considerava que, para que uma sociedade tivesse um bom desenvolvi-mento e grande evolução, seria necessário que o foco dessa sociedade fosse o trabalho.

b) Sociedade é um conjunto de regras e normas, padrões de conduta, pensamentos e sentimentos que não existem na consciência individual, mas sim na existência social, nas instituições que são encarregadas de constituir nos indivíduos tais valores e referências.

c) O conceito de grupo e sociedade é a mesma coisa.

d) As regras são imposições sociais, e por isso não são importantes para a definição e organização da sociedade.

e) O indivíduo necessita ter interação para integrar a sociedade. Um indivíduo isolado não está integrado à sociedade.

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Vamos falar agora sobre outro pensador que também esteve bem preocupado sobre questões sociais e sociedade...

Max Weber, sociólogo, acreditava que a Sociologia é fundamentada nas ações sociais, ou seja, todas aquelas atitudes que, investidas com sentido e objetivo, incorrem em mudanças no ambiente de convivência. Para Weber, as situações do cotidiano em que as pessoas simplesmente interagem ou convivem e reagem de forma imitativa ou automatizada não são importantes para alterarem a estrutura social vigente, mas se as pessoas tiverem consciência do que querem e, determinadas, seguirem a orientação de sua conduta para garantir e atribuir sentido a essa atitude, tudo pode ser modificado. Para Weber, essa ação não pode apenas acontecer de forma rarefeita, ela tem que ser uma ação contínua.

Para Weber, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Es-tas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros.

Esse conceito faz sentido para você? Imagine pessoas com um mesmo objetivo, perseverando em função de algo continuamente e de forma consciente. Será que isso muda a realidade social? En-tão, o que você pensa sobre isso?

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Max Weber (1864-1920)

Rarefeita: de forma espa-çada.

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Comentários

As pessoas, quando concentram esforços em um mesmo ideal, normalmente conseguem bons resultados. As grandes ações que sempre aconteceram no mundo e em contextos menores sempre foram frutos de ações perseveradas, de processos que, mesmo longos, foram contínuos, muitas vezes envolvendo pessoas que dedicaram toda sua vida nesse propósito e que, muitas vezes, deixaram o legado como herança a outros para que o pro-pósito não se desfizesse. Enfim, perseverar, acreditar em algo como um ideal é muito im-portante para que grandes conquistas se efetivem. Exemplo disso, no Brasil, é o sonho de Educação com qualidade para todos. Muitos pensadores e ativistas que se foram, como Paulo Freire, deixaram seu legado e suas ideologias a outros idealistas.

E, por último, é certamente um dos pensadores mais conhecidos na Sociologia...

O que Karl Marx nos diz sobre sociedade ainda é bastante atual. Ele acreditava que nem sempre a harmonia entre as classes sociais possibilita justiça social e que, normalmente, as lutas de classes é que favorecem o funcionamento do todo, ou seja, para Karl Marx, o conflito social, por vezes, é indis-pensável para favorecer mudanças e os indivíduos, em sua grande maioria, não têm consciência do que eles mesmos produzem em seu trabalho. O indivíduo é alienado, e essa alienação é que mantém poucos no poder, os quais detêm qualidade de vida e usufruem de forma bastante intensa de muitos privilégios enquanto a maioria trabalha muito e pouco desfruta do que produz.

Ele acreditava também que o homem alienado em relação ao seu trabalho torna-se triste e pouco motivado, o que faz com que sua força produtiva se torne bastante enfraquecida. O materia-lismo transforma o homem em um ser triste e o faz lidar com o mundo ao redor de forma apática e sem paixão.

Karl Marx (1818-1883)

Alienado: no sentido de estar fora da realidade.

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Para Karl Marx, a sociedade sendo heterogênea é constituída por classes sociais que se mantêm por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios de produção, ou seja, as elites. Numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto o bem-estar coletivo é secundário.

Neste momento, você deve estar pensando em seu trabalho, como você tem se dedicado a ele e quais são suas motivações, não é mesmo? Para dizer a verdade, eu também.

O que é mais importante em sua concepção para grandes transformações sociais? O pensa-mento consciente edificado na educação que norteará sempre as nossas atitudes e ações ou uma determinação enraizada num objetivo comum ou o conflito social das lutas de classes para garantir melhores condições de sobrevivência?

Sei que te coloquei profundamente reflexivo não é mesmo? Mas aproveite esse momento e es-creva um pouquinho sobre o que conversamos. Afinal o que é sociedade? Qual a função do indivíduo na sociedade? Qual a sua função hoje na sociedade em que você está inserido e de que forma você contribui para as mudanças sociais?

Anote a seguir suas ideias, ok?

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Comentários

Certamente você tem sua própria forma de conceber tudo o que estamos discutindo, mas podemos convergir que a sociedade não pode ser concebida sem que existam pes-soas que interajam, e para que as pessoas possam interagir, é muito importante que elas tenham objetivos em comum. Você pode imaginar que seus propósitos de vida ou inte-resses são muito pessoais, porém, se você observar, temos em sociedade propósitos e objetivos em comum. Todos nós sonhamos com uma sociedade justa e pacífica, na qual possamos ter segurança e oportunidades igualitárias. A partir dessa premissa, percebe-mos que cada indivíduo tem um objetivo social e que a ação individual é que constitui a coletividade, então cada indivíduo é como a célula social, em que suas atitudes, ações e colaborações constituirão a ação social.

Heterogê-nea: diferen-te.

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1.2 Formas de organização social

Se você imaginava que sociedade era um conjunto de pessoas reunidas, pôde perceber que é muito mais do que isso, não é mesmo? O conceito de sociedade é muito mais abrangente, porque envolve algo a mais, não é necessário apenas vivermos num meio coletivo, é necessário que nesse meio exista... (pense comigo!). Se você pensou poder, eu poderia lhe dizer que não está totalmente errado; se você pensou interesses sociais, eu também lhe digo que você está se aproximando mais da resposta, porque por meio dos interesses sociais, somos capazes de instituir uma organização.

Tudo o que fazemos exige organização, mesmo as atividades mais simples exigem planejamen-to e certa ordem para que possam existir e funcionar. Uma sociedade também precisa ser organizada. E como acontece essa organização? Quem propicia essa organização? Sim, existem muitas perguntas que devem ser respondidas, mas primeiro devemos nos lembrar de que uma sociedade precisa es-tabelecer interesses comuns, e se existem interesses comuns e coletivos, então todos nós estamos envolvidos nesse processo, certo? Sim. Você também está envolvido.

Normalmente as pessoas imaginam que uma organização ocorre de processos mais complexos para os mais simples, porém uma organização parte de unidades mínimas para as mais complexas, como a ilustração acima mostra, a nossa casa é a primeira unidade de organização de que participa-mos, e nela está o conceito de indivíduo. No dicionário, você encontrará que indivíduo é uma pessoa, sujeito, alguém, etimologicamente do latim individuus, “o que não pode ser dividido”.

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Cada indivíduo tem o poder de fazer escolhas e opções no decorrer de sua existência. Porém, por estar agregado a um determinado grupo, essas escolhas, normalmente, terão como referência ou como norteamento as normas e concepções definidas em sociedade, o que podemos chamar de convenção. Aquele indivíduo que foge às regras e convenções certamente sofrerá certa pressão social.

Organização Social é a relação social em que diferentes papéis são exercidos, com uma varia-bilidade de funções e atribuições para facilitar o funcionamento ou desempenho de um grupo, empresa ou organismo.

Formas de Organização Social

RELIGÃO

COMÉRCIO

POLÍTICA

INDÚSTRIA

SERVIÇOS

ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL

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ORGANIZAÇÃO GOVERNAMENTAL CULTURA

ESCOLA PROTESTOS E MANIFESTAÇÕES

FAMÍLIA

1.3 A Formação da sociedade brasileiraNo vídeo a seguir, de aproximadamente 26 minutos, o grande antropólogo Darcy Ribeiro

(1922-1997), fala sobre o modo como o povo brasileiro se formou, a grande miscigenação, a diver-sidade e a riqueza singular de um povo que tem em sua ancestralidade a trama biológica de uma “colcha de retalhos”.

Vídeo

<http://www.youtube.com/watch?v=py72qXhoe1E>.

Por favor, não deixe de assistir, esse vídeo faz a gente se sentir muito mais brasileiro, mui-to mais rico, muito mais pleno.

Outro dia, conversando com alguns alunos, perguntei subitamente:

– Estamos falando de povo. Você... (direcionei-me a apenas um dos alunos) você é povo?

Percebi que ele titubeou... Disse meio constrangido: – Sim, sou povo.

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Direcionei-me a outros três ou quatro alunos, que também confirmaram.

Uma aluna levantou o dedo e, tomando coragem, confessou:

– “Sabe professora, quando a gente fala de povo, povo, povão, a gente não se encaixa como povo não... parece que povo é um monte de gente reunida, principalmente as classes menos favore-cidas, essas que recebem bolsa disso, bolsa daquilo, que vivem à custa de favores do governo. Não sei bem por que pensamos assim, mas eu acho que muita gente pensa, só não tem coragem de dizer...”

Como é bom esse tipo de diálogo, não é mesmo? A discussão “rolou solta”...

A palavra povo deriva do termo latim populus e permite fazer referência a conceitos diversos: os

habitantes de uma certa região, a população em geral, uma povoação de menor tamanho que uma cidade e à classe baixa de uma sociedade.

Enfim, o que é povo? Você acha que é povo?

Saiba mais sobre este assunto acessando o texto Conceito de povo – O que é, definição e signi-

ficado no site:

<http://conceito.de/povo#ixzz2oyrZl0xZ>.

Enfim, não é difícil se encaixar em algum dos diversos conceitos da palavra povo, pois existem várias denominações para uma coisa só, que é a constituição dos habitantes de alguma região. Como essa constituição acontece, isso já é algo bastante maior, e depende da forma como as pessoas vi-sualizam tudo isso. Nós somos o povo brasileiro. Somos das mais diferenciadas mistura de raças, de credos, de culturas, princípios, formação religiosa, gêneros, origem migratória e características da individualidade que chamamos de idiossincrasia (que nome estranho não é? Mas esse nome estra-nho é só pra dizer que temos características pessoais bastante próprias, como a nossa digital, que ninguém tem igual...).

Nesse construto étnico na formação do nosso povo, temos como base a tríade indígena, lusita-na e africana.

É fato que esses povos contextualizam em sua história um processo conflituoso de convivência: o genocídio de índios na delimitação e exploração do território e a escravização do negro e isolamento cultural com que eram submetidos no intuito de colonizar a terra recém-conquistada.

A formação da sociedade brasileira foi submetida aos interesses mercantilistas do velho Mun-do, que ainda no século XVI primava pela conquista de novas colônias, garantindo a expansão da apropriação de riquezas como o ouro e pedras preciosas.

Genocídio: destruição metódica de um grupo étnico ou religioso pela extermina-ção dos seus indivíduos.

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Por que falamos na história do Brasil para falarmos sobre a formação da socieda-de brasileira?

Simplesmente porque somos fruto de toda a trama que existe no reconhecimento e fortaleci-mento dessas sociedades.

Imagine uma sociedade que traz em sua matriz de identidade o pensamento original no qual o mais importante é a exploração e o alcance de ganhos notórios e acúmulo de riqueza. Pensou?

Pense em índios exterminados. Negros escravizados. Novas culturas e raças surgindo por meio da exacerbação do poder do homem branco, tudo isso em função de atender a interesses do mercado.

Quando falamos de sociedade, vimos que algumas características são bastante peculiares para que, assim, possa se definir a aceitação de normas vigentes. A exclusão e a marginalização dos indiví-duos que não se submetem ao pensamento coletivo são algumas dessas características.

Índios e negros foram entregues a uma realidade de desaculturação, pois eram vistos como espécies inferiores, provavelmente destituídas de alma e valores morais.

A imposição de conhecer a religião monoteísta e cristã, assim como a catequização pela socie-dade evangelizadora representada pelos jesuítas foram fatores relevantes de etnocídio.

Muitos indígenas não suportaram as pesadas tarefas impostas pelo homem branco, muitos adoeciam e morriam, outros embrenhavam-se na mata e jamais eram encontrados, tinham a favor de si o conhecimento do interior do país e de terras ainda pouco desbravadas pelo homem branco. A mão de obra mais qualificada ou que representava maior capacidade de adaptação veio ao Brasil por meio do tráfico de escravos. Eles surgiram em enormes aglomerados para suprir os trabalhos de engenho, a mineração e a extração exploradora.

Com o advento da produção agrícola, principalmente representada pelas plantações de cana-de-açúcar, muitas famílias lusitanas vieram aventurar-se nessas terras, surgindo, assim, a sociedade colonial, que representava em seus interesses os da coroa e trazia aos nossos ares tropicais muitas das tradições dos ares europeus.

Com o passar do tempo, o tratamento desumano e precário destinado aos escravos fez com que muitos cometessem suicídios e outros fugissem para o mato, onde constituíram os primeiros quilombos (sociedades que agregavam escravos negros fugitivos).

Com as lutas de demarcação do território e, posteriormente, com a libertação dos escravos, muitos outros povos migraram para o Brasil no intuito de oferecer mão de obra para a construção de uma nova nação, berço da diversidade e da fomentação de riquezas.

Assim, a sociedade brasileira se formou com base em processos de interação de Patrimonialis-mo, Personalismo e Patriarcalismo, herança da cultura lusitana de nossos colonizadores, o que explica, ainda hoje, traços correlacionais vigentes em nossa sociedade. Mais adiante você vai entender o que significa cada um desses três termos e vai entender melhor por que ainda temos tanta dificuldade em organizar melhor a nossa ética social.

Monoteísta: religião que acredita em apenas um Deus.

Catequiza-ção: conver-são.

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O Patrimonialismo caracteriza o estado que não diferen-cia patrimônio público de patrimônio privado, ou seja, o gover-no ou monarca lida com o bem público como extensão do seu próprio. Os monarcas portugueses, assim como toda sua comi-tiva de subordinados e colaboradores da coroa, faziam de toda a riqueza brasileira, assim como de todo o patrimônio da coroa, usufrutos pessoais (isso é algo que ainda acontece em nosso Es-tado ou não?).

O Personalismo denota as relações desenvolvidas dentro do poder público, com títulos, cargos e privilégios da coisa pú-blica, oferecidos de forma pessoal, sem critérios da coletividade e universais, em detrimento da pessoa humana, mas em função de situações em que se evidencia o emprego da intimidade por aversão constitutiva aos ritos e relações formais. No Brasil, na época do período colonial, cargos e títulos eram oferecidos de forma arbitrária ou podiam até mesmo ser vendidos em troca de favores pessoais. Conde, visconde, marquês, marquesa, duque, duquesa e outros títulos.

Quem não se lembra também do coronelismo? Para ser coronel, bastava ter condições de comprar o título ou prestar alguns favores pessoais a algum representante do Estado (algo tam-bém bastante atual não acha?).

O Patriarcalismo insere um modelo social e econômi-co no qual as relações dominantes se configuram na imagem masculina. O homem é o centro da família e do poder. Na sociedade colonizadora do início da formação da so-ciedade brasileira, o papel da mulher, figura de fundo das relações sociais, é bastante tímido, reservado às questões domésticas e inerentes à sua condição feminina. Os filhos devem obediência cega ao pai por toda a sua vida. Nessa condição, regras sociais criteriosas transformam as famílias em instituições tradi-cionalistas e mantenedoras de padrões aristocráticos e conservadores. A mulher demorou muito para conquistar sua inserção no mercado de trabalho e ainda hoje sabe-mos que ela recebe menos que o homem quando exerce a mesma função, simplesmente pelo fato de ser mulher. Tudo isso fruto de uma cultura em que a figura da mulher sem-pre foi relegada aos papéis coadjuvantes, figuras de fun-do dos cenários econômicos e sociais (como fica o papel da mulher hoje? Esse padrão de relação está totalmente alterado ou ainda existem resíduos dessa forma de domínio).

Quanto mais nos empreendemos nessa viagem do conhecimento de como a nossa sociedade se formou, podemos perceber mais nitidamente onde estão enraizados muitos dos valores e padrões ainda vigentes em nossa sociedade atual. Esse conhecimento nos possibilita ter condições de obser-var melhor a formação dessa estrutura.

Coronelismo: fenômeno político na época da Re-pública Velha, que concen-trava poderes nas mãos de pessoas que possuíam al-tas condições econômicas, normalmente grandes lati-fundiários.

Coadjuvan-tes: alguém que auxilia outra pessoa apenas de forma secun-dária, com-plementar.

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Nem todos os aspectos formativos de nossa história são passíveis de nosso orgulho, mas são aspectos relevantes para a constituição do pensamento atual. Para lidarmos com o público e com a coisa pública necessitamos reconhecer que o pensamento coletivo deve sobrepor-se à pessoalidade, e ao lidarmos com pessoas devemos ter sempre consciência de que aspectos notórios de justiça social são fundamentais para que possamos oferecer padrões de atendimento humanizados e justos.

Há coisas que não têm mais sentido: atender a pessoas com presteza simplesmente porque fazem parte do nosso ciclo de amizades, oferecer favores pessoais com tendências à recipro-cidade, a tão conhecida “carteirada”, e frases tipo: “– Você sabe com quem está falando?”. Considerar que determinadas profis-sões ainda são exclusivas às identidades de gêneros, profissio-nais ou políticos que tornam a coisa pública favorecimento às suas relações de poder... Esse tipo de atitude que vocês viram que estão bastante relacionadas à formação social do nosso povo não podem mais existir, são mudanças de padrões de pensamentos e atitudes que ainda acontecem, mas que, em função de uma nova ordem, com certeza, tendem a entrar em extinção.

1.4 A diversidade do povo brasileiroAlgo que é muito comum em nossa formação cultural é a musicalidade dos brasileiros. A mú-

sica faz parte da nossa história, e ela ainda é muito utilizada como instrumento de protesto, de cons-cientização ou simplesmente como uma forma de demonstração artística ou de entretenimento. O fato é que nós vamos falar mais um pouquinho sobre a nossa formação social, mas vamos nos entreter mais nos aspectos da diversidade. A beleza do povo brasileiro, como foi dito no item anterior, está na forma como novas raças se constituíram, e essas raças perpetuaram a história do nosso povo.

Você conhece esta música? Atenção à sua letra...

Lourinha Bombril

(Os Paralamas do Sucesso)

Para e repara

Olha como ela samba

Olha como ela brilha

Olha que maravilha

Essa crioula tem o olho azul

Essa lourinha tem cabelo Bombril

Aquela índia tem sotaque do Sul

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Essa mulata é da cor do Brasil

A cozinheira tá falando alemão

A princesinha tá falando no pé

A italiana cozinhando o feijão

A americana se encantou com Pelé

Häagen-dazs de mangaba

Chateau canela-preta

Cachaça made in Carmo dando a volta no planeta

Caboclo presidente

Trazendo a solução

Livro pra comida, prato pra educação

Para e repara

Olha como ela samba

Olha como ela brilha

Olha que maravilha

Então, vamos falar um pouco de diversidade?

Quem é a lourinha BOMBRIL? O que ela representa em nossa sociedade?

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Comentários

A nossa sociedade é muito diversificada e uma das mais miscigenadas do mundo. A lou-rinha BOMBRIL representa a mistura de raças, a partir da mistura do negro com branco, podemos ter uma mulher de cabelos louros e crespos, isso indica a combinação de traços de diversas raças. A beleza de nosso povo está justamente nessa diversidade não acha?

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Como você vislumbra o conceito de miscigenação em nossa sociedade?

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Comentários

Com certeza, o conceito de miscigenação em nossa sociedade é muito mais amplo por-que envolve toda a nossa história de formação étnica e nos torna uma sociedade cultural-mente bastante enriquecida com as tradições, rituais e história de diversos povos.

Além da miscigenação racial, a música trata também de uma miscigenação cultural, de costu-mes e tradição. Como você vivencia isso hoje em seus próprios hábitos de consumo?

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Comentários

Como comentei na questão anterior, somos bastante diversificados culturalmente, em função da nossa formação étnica. Assim, todos nós temos em nosso “cardápio cultural” uma gama de valores, de hábitos e tradições que registram essa nossa diversidade, tanto na música quanto na alimentação, o sincretismo religioso pela diversidade das religiões e concepções religiosas, até mesmo o vestir, a linguagem e outros traços marcantes do brasileiro e sua cultura.

Em sua opinião, a diversidade brasileira é um fator positivo para a qualidade de vida em nosso país?

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Comentários

Certamente você tem todo o direito de ter suas próprias considerações. Mas a diversi-dade em um país tão imenso quanto o nosso, diversificado também em seus aspectos geográficos e sociais, caracteriza a possibilidade do equilíbrio e harmonia. Imagine um indivíduo que vive na Região Sul e o indivíduo que vive na Região Sudeste. Os fatores climáticos e sociais são bastante diferenciados. Não podemos conceber que as pessoas tenham os mesmos hábitos de consumo, tradições e aspectos culturais, a diversidade na forma de viver permite que existam as diferenças e que elas sejam valorizadas como patrimônio imaterial do nosso povo. Todo mundo adora o churrasco do gaúcho e o pato no tucupi do paraense.

Apesar da imensa extensão territorial do Brasil, falamos a mesma língua, utilizamos o mesmo idioma, que é a língua portuguesa, embora inúmeros sotaques se espalhem pelos mais diversos re-dutos do nosso imenso país, assim como as inúmeras manifestações culturais que tornam os ritos e tradições fatores de empoderamento de nossa cultura. O “uai” do mineiro, o “tchê”, “barbaridade” do gaúcho, o “xis” do carioca, o “oxente” do nordestino, o “tipo assim” do brasiliense e muitos outros termos e expressões regionalistas que definem a nossa sociedade como diversa e ao mesmo tempo unida pelo mesmo idioma e pelo calor humano, a alegria e o bom humor de um povo que supera ou vivencia as dificuldades sociais sempre com criatividade e resiliência (algo que tem poder de suportar situações tensas, pressão), muitas vezes, como vimos anteriormente, com uma resiliência construída em características anteriores de pouco questionamento e aceitação da realidade baseada na aliena-ção (levar alguém ou algo a dependência de outro, não conseguir ter ideias próprias e autonomia) que foi por muito e muito tempo incorporada à nossa cultura.

Por isso, quando milhares de pessoas foram às ruas, em 2013, protestar contra várias questões que consideravam injustas e improcedentes, muitos se posicionaram dizendo que o gigante havia despertado, pois, somos fruto de uma sociedade que, em inúmeros momentos de nossa história, ou nos calamos por não termos consciência de nossos direitos, ou nos calamos à força por fruto da re-pressão social e das classes emergentes.

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Exercitando o conhecimento...

Complete os com as palavras corretas:

Vertical

1. Vício social de considerar a coisa pública como extensão da coisa privada.

2. Somos seres únicos. Assim como nossa impressão digital, temos características próprias.

4. Impor a estrangeiro, imigrante ou pessoa comum, hábitos e costumes não assimilados.

5. O extermínio dos índios no período colonial.

7. O mesmo que pessoa.

Horizontal

3. O mesmo que variedade.

6. Vício social acometido por indivíduos que utilizam a coisa pública como forma de favorecimento a pessoas de sua intimidade, desrespeitando ritos e tradições necessárias às providências formais.

8. Característica de uma sociedade centrada no papel masculino como liderança ou repre-sentação de poder.

9. Mistura de raças.

1. PATRIMONIALISMO 2. IDIOSSINCRASIA 3. DIVERSIDADE 4. DESACULTURAÇÃO

5. GENOCÍDIO 6. PESSOALISMO 7. INDIVÍDUO 8. PATRIARCALISMO 9. MISCIGENAÇÃO

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Vamos pesquisar um pouco sobre os assuntos sobre os quais falamos no decorrer deste capítulo

Exercitando o conhecimento...

Pesquise na mídia (jornal, revistas, televisão), situações atuais de nosso contexto que ilustram:

a) Patriarcalismo

b) Patrimonialismo

c) Pessoalismo

d) Etnocídio

e) Organização social

Exemplo de pesquisa

O Mensalão foi um dos exemplos mais notórios de Patrimo-nialismo dos últimos tempos, resíduo de uma herança histó-rica de uma sociedade colonizada por desbravadores aven-tureiros que tinham como objetivo ampliar o potencial de recursos e riquezas do seu país. Todas as riquezas do Brasil, assim como o patrimônio público, era uma extensão do pa-trimônio de nossos colonizadores. Infelizmente ainda temos representantes do povo que tornam, ilegalmente, o nosso patrimônio público extensão do seu patrimônio pessoal. O Mensalão foi uma triste realidade que mancha a história do nosso cenário político. Mas, felizmente os envolvidos foram levados a julgamento e à condenação.

Resumindo

Neste capítulo falamos sobre sociedade: o que é uma sociedade, e como ela se diferencia de uma simples aglomeração de pessoas. Vimos também a importância do indivíduo nessa sociedade, como eles se organizam para constituí-la. Também abordamos os principais pensamentos e postula-dos que constituem o conceito de sociedade e organização social. Pudemos também refletir sobre a forma a partir da qual nos organizamos, no modo em que estamos agregados socialmente e como acontece a nossa participação enquanto indivíduo.

Vimos também como nossa sociedade se formou, falamos um pouco dos primórdios dessa formação, das heranças sociais, étnicas e políticas que constituem nossas peculiaridades; uma grande diversidade e riqueza cultural, mas que também ainda sofre com as mazelas das heranças negativas, como alguns traços sociais e políticos de desonestidade e falta de compromisso social que ainda es-tão carregados em atitudes pessoalistas, patrimonialistas e patriarcalistas que empobrecem nossa política, a economia e a confiança do povo brasileiro com os seus representantes.

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Esperamos como condição de povo otimista que somos que, futuramente, tenhamos uma na-ção liberta dos traços que marcaram, desde o início da formação de nossa história, a necessidade de exploração de nossas riquezas e do nosso patrimônio.

Ainda seremos uma nação livre para viver nossa diversidade com justiça, responsabilidade so-cial e cidadania.

Ao final desta lição você deve ser capaz de:

• Ter compreendido, na perspectiva dos filósofos e estudiosos sociais apresentados, o conceito de sociedade.

• Ser capaz de reconhecer que as pessoas se organizam de diferentes formas sociais, em dife-rentes organizações, conforme seus anseios, necessidades e objetivos.

• Ter conseguido estabelecer comparações entre nossa sociedade atual e o processo de forma-ção inicial como resultante da nossa contemporaneidade, nossas peculiaridades e diversidade social.

Exercícios

Nas questões a seguir, temos um breve resumo do que discutimos no decorrer deste capítulo. Marque apenas a questão que confirma o enunciado. Apenas uma alternativa deverá ser assinalada.

Questão 01 – O que é sociedade?

(Nas opções a seguir, encontramos referências ao conceito de sociedade, e apenas uma das alternativas se distancia desse conceito. Marque-a):

a) Um conjunto de pessoas que ocupam um mesmo espaço sem nenhum vínculo ou interação.

b) Conjunto de pessoas que atendem a concepções de regras, normas, condutas afins para que possam ter uma existência social.

c) Trabalhadores numa fábrica da região ABC.

d) Grupo de fiéis na jornada da Juventude (seguidores e praticantes da fé católica).

Questão 02 – Para Durkheim, o desenvolvimento social dependia de um fator marcante e decisivo. Sem esse fator, mudanças significativas na sociedade não possibilitam a consci-ência social. Apenas a alternativa que registra esse fator deve ser assinalada:

a) Saúde.

b) Cultura e Arte.

c) Educação.

d) Família.

Questão 03 – Quem controla a sociedade são os donos dos meios de produção. O bem-estar coletivo da minoria, que são os proletários, é secundário. Marque a alternativa

Parabéns, você fina-lizou esta lição!

Agora responda às questões ao lado.

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que registra o nome do cientista social que concebeu este postulado:

a) Max Weber.

b) Karl Marx.

c) Émile Durkheim.

d) Paulo Freire.

Questão 04 – Os itens a seguir trazem exemplos de formas de organização social. Ape-nas um item não se caracterizaria como tal e deve ser assinalado:

a) Pessoas num templo professando a mesma crença.

b) ONG (Organização Não Governamental).

c) Família.

d) Indigentes na Praça da Sé.

Questão 05 – Uma ação social, para que tenha resultados e provoque mudanças sig-nificativas na sociedade, não pode ser rarefeita, inconstante, deve ser contínua e perse-verante. Essa ideia demonstra o pensamento e postulado de cientista social. Assinale a alternativa que registra o nome desse cientista:

a) Max Weber.

b) Karl Marx.

c) Émile Durkheim.

d) Darcy Ribeiro.

Questão 06 – Deriva do termo latim populuse. Possui uma definição que varia cultu-ralmente, desde os habitantes de certa região até as classes menos favorecidas. Marque a alternativa que se refere ao termo mencionado:

a) Sociedade.

b) Indivíduo.

c) Povo.

d) População.

Questão 07 – No que diz respeito aos indígenas, brancos e negros, marque a ques-tão correta:

a) Compunham o cenário étnico antes da chegada dos portugueses as terras ora cha-madas Brasil.

b) Permanecem em nossa sociedade como raças puras.

c) Tiveram uma integração pacífica, que resultou num processo marcante de miscige-

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nação. Hoje, o Brasil é uma das nações mais miscigenadas do mundo.

d) A tríade étnica da formação do nosso povo.

Questão 08 – O governo ou monarca lida com o bem público como se fosse exten-são do seu próprio bem. Estamos falando de uma característica de formação social. Marque a alternativa que caracteriza esse conceito:

a) Desaculturação.

b) Patrimonialismo.

c) Patriarcalismo.

d) Genocídio.

Questão 09 – Ideias, crenças, tradições e valores de uma sociedade são desconsi-derados em função da imposição de ideologias vistas como superiores e hierárquicas. Estamos falando de uma característica de formação social. Marque a alternativa que caracteriza esse conceito:

a) Genocídio.

b) Etnocídio.

c) Desaculturação.

d) Patriarcalismo.

Questão 10 – Numa empresa X, homens e mulheres foram selecionados para diver-sos cargos e ocupações. Cargos de gerenciamento e chefia estão sendo destinados apenas aos homens. Os selecionadores seguem política da empresa de que cargos de chefia necessitam de pessoas com pulso mais firme, próprio aos homens. Essa práti-ca, inclusive discriminatória e que fere a Constituição brasileira, é um resíduo de uma característica de formação da nossa sociedade. Marque a alternativa que caracteriza esse exemplo:

a) Personalismo.

b) Desaculturação.

c) Patriarcalismo.

d) Patrimonialismo.