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1
Contabilidade Geral
Operações Contábeis
Tópico:
Operações com Mercadorias
Prof. Cláudio Cardoso
CPF: 330097648xx - Karina Sommer | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/
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Operações com Mercadorias
Introdução
Nesta parte da matéria trataremos dos aspectos contábeis
relacionados às operações típicas das empresas comerciais, seja quanto à
determinação do valor das receitas bruta ou líquida, seja com relação à apuração
do custo das mercadorias vendidas pelos dois diferentes métodos de controles de
estoque e dos diferentes fatos e normas que influenciam estas operações.
Com relação às empresas industriais, dada a sua complexidade, a
parte relativa à apuração do custo é abordada em um ramo da contabilidade
chamado de Contabilidade de Custos que não será abordada neste, mas é parte
do seu programa que caberá à sua outra professora, conforme divisão vista na
sua aula demo.
Apuração do Resultado com Venda de Mercadorias
Em uma empresa comercial, o objeto da sua atividade será a
exploração mercantil, visando sempre auferir lucro. A partir deste momento,
vamos aprender como calcular o resultado (rédito) com as operações de venda
de mercadorias.
Para analisarmos o resultado com mercadorias de uma sociedade,
podemos destacar o estudo dos dois componentes deste: o polo positivo, as
receitas de vendas de mercadorias e o polo negativo, o custo das
mercadorias vendidas.
Ao longo do estudo poderemos perceber que o a metodologia de
apuração das receitas de vendas é única, enquanto o estudo do custo das
mercadorias vendidas vai depender do tipo de controle de estoque que a
empresa efetue.
Estudo das Receitas das Vendas
Neste tópico estudaremos o lado positivo para a empresa em termos
de resultado: as receitas. Notaremos que o estudo das receitas é idêntico para
qualquer tipo de empresa comercial, independente dos critérios de avaliação de
estoques que utilize. Vale repetir, embora o custo das mercadorias vendidas
possa variar em função do método adotado (como veremos em breve), o valor
da receita será sempre o mesmo, independente do método.
Veja agora o exemplo de uma estrutura de receita de vendas. A
seguir comentaremos cada item.
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Faturamento Bruto 96.000
(-) IPI sobre Vendas (16.000)
(=) Receita Bruta de Vendas 80.000
(-) Deduções da Receita Bruta
Devoluções de Vendas (10.000)
Abatimentos s/ Vendas (5.000)
Descontos Incondicionais Concedidos (10.000)
Impostos e Contribuições sobre Vendas (20.000)
(=) Receita Líquida de Vendas 35.000
1) Faturamento Bruto e IPI Sobre Vendas
Pela legislação atual, o ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), o PIS (Programa de Integração Social) e a
COFINS (Contribuição para o Financiamento da Securidade Social) são
tributos cobrados "por dentro", isto é, já estão embutidos no valor da
operação. Porém, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o II
(Imposto de Importação) são impostos cobrados "por fora", ou seja, não
estão embutidos no valor da operação.
Assim, por exemplo, se uma empresa compra mercadorias para
revenda no valor de R$ l.000 com ICMS de 18% e IPI de 20%, os R$ 180 de
ICMS já estão embutidos nos R$ 1.000. Porém, os R$ 200 de IPI não estão
embutidos nos R$ l.000. Logo, o total da nota fiscal de compra é de R$ 1.200.
Nas empresas industriais, que recolhem o IPI, devemos nos lembrar
que o IPI é um imposto “por fora”, ou seja, é cobrado por fora do valor da
operação e recebido inicialmente pela indústria para ser, posteriormente,
repassado aos cofres públicos. Ou seja, no caso acima, o valor total recebido
pela nota fiscal (R$ 1.200,00) seria denominado Faturamento Bruto. No
próximo item, estudaremos a receita bruta de vendas e veremos que tal conceito
corresponde ao do valor original da transação. Sendo assim, no presente caso, a
receita bruta de vendas teria um valor de R$ 1.000,00 já que é este o valor
original da venda.
Devemos notar que, nos termos da Lei das S.A, a evidenciação do
Faturamento Bruto não é obrigatório, podendo a empresa iniciar sua informação
pela Receita Bruta de Vendas.
No exemplo acima, faríamos os seguintes lançamentos:
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BCM Faturamento Bruto IPI s/ Faturamento
1.200 1.200 200
IPI a Recolher
200
E teríamos a seguinte estrutura de apuração do resultado, neste
momento:
Faturamento Bruto 1.200
(-) IPI s/ Faturamento (200)
(=) Receita Bruta de Vendas 1.000
2) Receita Bruta de Vendas (RBV) ou Vendas Brutas (VB)
É o valor original da transação. Se por exemplo, é realizada uma
venda no valor de R$ 1.000,00, o valor original da transação será de R$
1.000,00 que corresponderá à Receita Bruta, ainda que o valor recebido venha a
ser menor, fruto de deduções como veremos mais adiante. Independente das
possíveis variáveis que envolvam uma transação, tais como devoluções,
abatimentos, descontos ou tributos, a receita bruta de venda é o valor nominal
do produto, ou seja, o valor estipulado inicialmente pelo vendedor como justo.
BCM RBV
1.000 1.000
3) Deduções da Receita Bruta de Vendas
São valores que reduzem a receita bruta de vendas, em função
de diversas variáveis que necessariamente envolvem ou podem envolver uma
determinada transação de venda. São, na realidade, despesas que ocorrem no
exato momento da venda ou logo após esta e, assim, são aproximadas da receita
de venda quando da apuração do resultado desta e chamadas de deduções da
RBV.
Antes de falarmos sobre as deduções, devemos estudar alguns
aspectos tributários ligados às operações com mercadorias:
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Regime de Não-Cumulatividade Tributária
Atualmente, pela Constituição Federal, o IPI, o ICMS, o PIS e a
COFINS são os únicos tributos não-cumulativos (ou recuperáveis), isto é,
podem ser compensados em cada operação com o montante cobrado nas
anteriores.
Em outras palavras, as empresas contribuintes dos referidos tributos,
ou seja, empresas que os cobram quando vendem suas mercadorias (empresas
comerciais) ou produtos (empresas industriais), tornando-se, desta forma,
devedoras do Estado (no caso do ICMS) ou da União (no caso do IPI, PIS ou
COFINS), ao adquirirem mercadorias para revenda (no caso das empresas
comerciais) ou matérias-primas para a fabricação de produtos (no caso das
empresas industriais) e alguns insumos de produção (como a energia elétrica
recuperável para PIS e COFINS) adquirem crédito contra o Estado (no caso do
ICMS) ou contra a União (no caso do IPI, PIS ou COFINS).
Lembre-se que estamos tratando de empresas comerciais que,
por não serem contribuintes de direito do IPI (não manufaturam produtos,
portanto, não praticam fato gerador do IPI na venda e jamais terão IPI a
recolher!!), nunca poderão recuperar o IPI pago nas compras. Se estivéssemos
falando em empresas industriais (existem questões que abordam este enfoque!!)
o IPI, assim como o ICMS, também seria recuperável.
A recuperabilidade dos citados tributos é aplicável, por essência, aos
bens comprados para comercialização (estoques) ou industrialização (matérias
primas). No caso da mercadoria destinar-se ao Ativo Fixo, como um
imobilizado, será permitida a recuperação do valor do ICMS, por força da
determinação contida na Lei Kandir (LC 87/96). Apesar de diversas promessas
do governo, ainda não é possível recuperar-se destes tributos na aquisição de
material para consumo (material de expediente).
O caso do PIS e da COFINS é um pouco mais complexo, uma vez que as
Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) criaram duas possibilidades de
regras para tal tributação: o regime cumulativo, onde tais tributos não são
recuperáveis e, portanto, não devem ser tratados como direitos, e o regime
não-cumulativo onde, ao contrário, tais valores serão recuperáveis, em um
tratamento muito semelhante ao do ICMS.
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Para sabermos em prova a qual dos regimes a empresa está sujeita
podemos encontrar a informação de maneira direta ou por meio de indicação do
regime tributário do Imposto de Renda, da seguinte forma: empresas optantes
pelo Lucro Real para fins de IR podem utilizar o regime não cumulativo
para PIS e COFINS. Empresas optantes pelo Lucro Presumido devem
utilizar o regime cumulativo. Também convém saber diferenciar as alíquotas:
Regime Cumulativo: PIS = 0,65% e COFINS 3,00% e Regime Não
Cumulativo: PIS: 1,65% e COFINS 7,6%.
Contabilmente, estamos falando da situação em que uma
empresa compra mercadorias por R$ 1.000,00, pagando, indiretamente,
dentro deste valor, a importância de R$ 200,00 a título de ICMS. Como
ela poderá se recuperar deste valor futuramente, estes R$ 200,00 serão
um direito da empresa, registrado na conta “ICMS a Recuperar”. Por outro
lado, dos R$ 1.000,00 que pagou, apenas R$ 800,00 configuraram-se como
custo real do produto (já que os outros R$ 200,00 são recuperáveis), devendo
este ser o valor registrado na conta estoques.
Por outro lado, quando a empresa vende todas as mercadorias
por R$ 1.500, com ICMS de R$ 300,00, ela faz a mercadoria circular e,
portanto, torna-se contribuinte de direito do ICMS, ou seja, terá que
recolher aos cofres públicos o valor. No momento em que for recolher,
ela poderá se compensar do valor pago indiretamente nas compras,
recolhendo apenas a diferença.
Vejamos como ficam os lançamentos:
BCM Estoques ICMS a Recuperar
(2) 1.500 1.000 (1) (1) 800 800 (2) (1) 200 200 (3)
RBV CMV ICMS s/ Vendas
1.500 (2) (2) 800 (2) 300
ICMS a Recolher (1) Compra Estoques por 1.000 com ICMS de 200
(3) 200 300 (2) (2) Venda do estoque por R$ 1.500 com ICMS de 300
100 (SF) (3) Compensação do ICMS
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Perceba que a mesma sistemática adotada para o ICMS valeria caso
houvesse, também a incidência de PIS e/ou COFINS, no regime não cumulativo.
Perceba, também, que, em uma empresa comercial, caso houvesse incidência de
IPI, este seria tratado como custo do produto em sua compra, conforme veremos
com mais detalhes quando estudarmos o custo das mercadorias vendidas.
Devoluções de Vendas - Ocorre o retorno da mercadoria ao
vendedor por estar em desacordo com o pedido ou por estar fora do prazo de
entrega.
1) Aquisição de 100 mercadorias por R$ 500,00 c/ ICMS de 10%
2) Venda de todas as mercadorias por R$ 1.200,00 c/ ICMS de 10%
3) Devolução de 10 mercadorias vendidas c/ ICMS de 10%
BCM Mercadorias ICMS a Recuperar
(2) 1200,00 500,00 (1) (1) 450,00 450,00 (2) (1) 50,00
120,00 (3) (3) 45,00 (3) 12,00
Receita Bruta CMV ICMS s/ Vendas
1200,00 (2) (2) 450,00 45,00 (3) (2) 120,00 12,00 (3)
ICMS a Recolher Devolução de Vendas
120,00 (2) (3) 120,00
Perceba que, quando ocorre uma devolução de mercadorias, uma
nova circulação de mercadorias acontece, provocando novo fato gerador do
ICMS, desta feita, em sentido contrário, ou seja, quando a empresa vende, tem
ICMS a recolher, quando recebe de volta, tem direito a crédito de ICMS. Perceba
tal fato no funcionamento da conta ICMS s/ Vendas e conclua que: A devolução
de vendas afeta a base de cálculo do ICMS.
Deduções da Rece i ta Bruta de Vendas
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Abatimentos sobre Vendas- Quando há insatisfação do
cliente com alguma característica do produto ou da entrega, o vendedor concede
um abatimento ao comprador, a fim de evitar a devolução. Imaginemos uma
situação em que após vender 100 unidades de determinado produto por R$
1000,00, a empresa concede um abatimento de 10% no preço do produto e
ICMS incidente à alíquota de 15%:
BCM Receita Bruta Abatimento s/ Venda
(1) 900,00 1000,00 (1) (1)100,00
ICMS s/ Vendas ICMS a Recolher
(1) 150,00 150,00 (1)
Note que o valor do ICMS a Recolher sobre a operação foi calculado
sobre o valor original. Logo podemos concluir que os abatimentos concedidos
não afetam a base de cálculo do ICMS, uma vez que no abatimento as
mercadorias não circulam outra vez, como acontece na devolução.
Descontos Comerciais (Incondicionais) Concedidos
São os descontos concedidos pelo vendedor no ato da venda, sem
o implemento de qualquer condição futura por parte do comprador, devendo
constar direto na nota fiscal. É aquele desconto do ato de comércio,
concedido por liberalidade do vendedor, a famosa “pechincha”. Note, ainda, que
uma condição colocada no ato da venda, tal como levar mais de um produto para
obter um desconto, não descaracteriza este desconto como comercial, uma vez
que a condição está sendo pactuada no ato da venda. Assim, se o preço do
produto é de R$ 1.000,00, com ICMS de 15% e é concedido um desconto de
10%, teremos o seguinte lançamento:
BCM RBV Desc Incond Concedido
(1) 900 1.000 (1) (1) 100
ICMS s/ Vendas ICMS a Recolher
(1) 135 135 (1)
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Perceba que a base de cálculo do ICMS é afetada pela desconto
comercial concedido, ou seja, é o total da nota fiscal, já deduzida dos
descontos comerciais ((R$ 1.000 – R$ 100,00) * 15% = R$ 135). Atenção
por que, regra geral, os descontos comerciais não afetam a Base de
Cálculo do IPI, mas, apenas, do ICMS.
Atenção
Note que somente os descontos incondicionais concedidos são
considerados deduções da receita bruta, enquanto os descontos
condicionais (ou financeiros) concedidos, são tratados como despesas
financeiras. Esta diferença é muito explorada em prova.
Descontos Condicionais ou Financeiros são aqueles que ocorrem
após a concretização da operação mercantil, quando a empresa vendedora
concede um determinado desconto como prêmio pelo pagamento da fatura
antes do vencimento da obrigação. É comum também conceder desconto
quando o comprador quita a duplicata até a data do vencimento, como uma
forma de estimulá-lo a pagar suas obrigações. Ou seja, são descontos sob
condição e representam despesas financeiras e não deduções. Perceba
que esta diferença é apenas no tratamento dado aos descontos, ou seja, sua
classificação. Os lançamentos contábeis são muito parecidos, tendo como únicas
diferenças a utilização da conta Descontos Financeiros Obtidos, em substituição
aos Comerciais e o uso da conta Clientes, uma vez que a condição a ser
cumprida pelo comprador está ligada ao cumprimento da obrigação futura de
pagar. No caso do desconto financeiro, a base de cálculo do ICMS é o total da
Nota Fiscal sem qualquer tipo de desconto, já que este somente será
concedido sob condição futura, quando a mercadoria já terá circulado.
O lançamento contábil de um desconto condicional de 10%,
concedido sobre uma venda de R$ 1.000,00, com ICMS de 15% é o seguinte:
BCM Receita Bruta Desc Financ Concedido
(2) 900 1.000 (1) (2) 100
Clientes ICMS s/ Vendas ICMS a Recolher
(1) 1.000 1.000 (2) (1) 150 150 (1)
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Onde:
(1) Venda de mercadorias a prazo
(2) Recebimento do direito antes do vencimento
Perceba, ainda, que o ICMS a recolher é de R$ 1.000,00 * 15%
= R$ 150,00, ou seja, o desconto financeiro não afetou o cálculo do
ICMS, diferentemente do que ocorria no desconto comercial.
Impostos e Contribuições Incidentes sobre as Vendas
(ICIV)
Os principais impostos incidentes sobre as vendas são o ICMS, o
ISS e o IE. Apesar do IPI também ser considerado um imposto sobre as vendas,
ele não é considerado dedução da receita bruta, pois, como já vimos, ele é
cobrado por fora desta. As principais contribuições sobre as vendas são o
PIS e a COFINS.
Imagine uma venda de mercadoria por R$ 10.000,00, sujeita a ICMS
15%, PIS 1,65% e COFINS 7,6%:
BCM RBV ICMS s/ Vendas
(1) 10.000 10.000 (1) (1) 1.500
ICMS a Recolher PIS s/ Faturamento PIS a Recolher
1.500 (1) (1) 165 165 (1)
COFINS s/
Faturamento
COFINS a Recolher
(1) 760 760 (1)
Com relação ao cálculo do ICMS, IPI, PIS e COFINS, temos mais duas
considerações a fazer:
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Inclusão ou Não do IPI na Base de Cálculo do ICMS, PIS e COFINS
Caso o produto esteja sujeito à incidência do IPI e de PIS e/ou
COFINS, por ser a empresa uma indústria, nas vendas, o IPI não deve ser
incluído na Base de Cálculo do PIS e da COFINS a Recolher (porém, nas
compras, deve ser incluído no cálculo do PIS e Cofins a Recuperar!!)
Caso a venda esteja sujeita à incidência do IPI e do ICMS, o vendedor
necessita saber qual destino será dado ao produto vendido. Caso o produto se
destine à comercialização ou industrialização, o IPI não integrará a base de
cálculo do ICMS. Caso destine-se ao ativo imobilizado ou ao consumo pelo
comprador, o IPI fará parte da base de calculo do ICMS.
Destino do Produto IPI Entra na BC do ICMS ?
Comercialização (estoques) ou
Industrialização (matéria prima)
Não
Uso (ativo imobilizado) ou Consumo (material
de expediente)
Sim
Exemplo: Imagine que uma empresa comercial está adquirindo 100
mercadorias por R$ 10,00 a unidade, com incidência de IPI a uma alíquota de
10% e ICMS a uma alíquota de 20%.
Caso a mercadoria destine-se a comercialização ou industrialização,
teremos a seguinte situação:
100 Mercadorias a R$ 10,00 1000,00
IPI (10%) 100
ICMS (20% de R$ 1.000,00) R$ 200,00 (Já incluído
no valor da operação)
Total da Nota Fiscal R$ 1.100,00
Teríamos, pois, os seguintes lançamentos:
Nota Fiscal
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BCM Mercadorias ICMS a Recuperar
1.100,00 900,00 200,00
Note que, nesta hipótese, somente o ICMS é recuperável, visto ser
esta uma empresa comercial.
Caso a mercadoria destine-se ao ativo fixo ou ao consumo, teremos
outra hipótese:
100 Mercadorias a R$ 10,00 1000,00
IPI (10%) 100
ICMS (20% de R$ 1.100,00) R$ 220,00 (Já incluído no valor
da operação)
Total da Nota Fiscal R$ 1.100,00
Neste caso, teríamos o seguinte lançamento, imaginando a aquisição
de uma máquina para o ativo fixo da entidade:
BCM Máq. e Equip. ICMS a Recuperar
1.100,00 880,00 220,00
Inclusão ou Não dos Fretes e Seguros na Base de Cálculo do ICMS e IPI
Em uma operação de venda, é muito comum uma empresa
vendedora ter que entregar seus produtos ao comprador, pagando, ainda, um
seguro sobre este transporte. Quanto a isto, a empresa terá duas possibilidades:
ela mesmo transportar o produto ou contratar uma transportadora para
fazer o serviço.
Ocorre que o ICMS é o imposto sobre circulação de mercadorias e
serviços e dentre os serviços excluídos do ISS e incluídos no ICMS está o de
transporte de natureza intermunicipal ou interestadual. Por determinação
da Receita Federal, o valor do frete e do seguro também estará sujeito ao IPI,
caso cobrado na mesma nota do produto.
Nota Fiscal
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Em questões de prova, não nos preocuparemos se o transporte é
inter ou intramunicipal, ou seja, sempre consideraremos a possibilidade de
incidência do ICMS na transação. A questão será quem arcará com o ônus
tributário do ICMS?
Caso o frete e o seguro estejam incluídos (destacados) na nota fiscal,
significa que o próprio vendedor é quem está fazendo a entrega. Portanto, é ele
quem está provocando o fato gerador do ICMS e ele arcará com o ICMS e IPI
sobre o frete e seguro.
Caso as mercadorias estejam sendo entregues por uma
transportadora, portanto, em uma nota fiscal separada do produto e paga pelo
vendedor, quem estará provocando o fato gerador será a transportadora e não o
vendedor, sendo claro que o ICMS e IPI serão calculados e pagos pela
transportadora e não pela empresa vendedora, e o ICMS e o IPI não incidirão
sobre o valor do frete e do seguro na compradora.
Quando não for mencionado quem efetuou o transporte, considere
que foi feito pela transportadora, não havendo, assim, a incidência dos referidos
impostos sobre fretes e seguros.
Quem Transporta? Frete e Seguro na BC do ICMS e IPI ?
Próprio Vendedor Sim
Transportadora Não
Exemplo: Imagine que uma empresa vende mercadorias por R$ 1.000,00, com
frete de R$ 100,00 e seguro de R$ 50,00 e ICMS de 10%:
Se quem entrega a mercadoria é o próprio vendedor
ICMS = R$ (1.000 + 100 + 50) * 10% = R$ 115,00
Se quem entrega é uma transportadora
ICMS = R$ 1.000 * 10% = R$ 100,00
Regra
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Estudo do Custo das Mercadorias Vendidas
Depois de termos estudado as receitas decorrentes das vendas,
chega o momento em que estudaremos o custo das operações comerciais. Parece
óbvio que quando dizemos que vendemos mercadorias por R$ 1.000,00, este é
apenas o valor da receita e não o lucro da entidade, uma vez que tal mercadoria,
ora vendida, teve um custo para a sociedade. A este custo denominamos “Custo
das Mercadorias Vendidas” ou, simplesmente, CMV.
Conforme mencionado na introdução ao assunto principal, o estudo
do custo das mercadorias vendidas vai depender do tipo de controle de
estoque que a empresa efetue.
Obs: A Deliberação CVM 575/2009 (CPC 16), trata de registro
inicial e formas de avaliação de estoques.
Uma determinada empresa pode adotar dois métodos para controlar
seus estoques: o inventário periódico e o permanente.
Inventário Periódico
É chamado de Inventário Periódico porque, a partir de sua adoção, as
empresas passam a elaborar o inventário físico das mercadorias existentes em
estoque somente no final de um período que normalmente corresponde a um
ano. Assim, o Resultado Com Mercadorias (Lucro ou Prejuízo Operacional Bruto)
só será conhecido no final desse período. Consiste em um método mais simples
e, portanto, menos eficiente do ponto de vista gerencial. No entanto, por ser
mais barato de ser colocado em prática, é muito utilizado por empresas de menor
porte.
Lógica do Método
Pensando no funcionamento da conta “Estoques” e na ideia de
método em questão, podemos, facilmente, entender a lógica matemática
utilizada: A empresa sempre faz a contagem física de seus estoques ao final do
exercício. O valor encontrado será o estoque inicial do exercício seguinte. A partir
daí, a empresa verifica tudo que foi comprado e soma este valor ao estoque
inicial. Caso a empresa não tivesse vendido nada, o estoque final seria igual à
soma do estoque inicial com as compras. Como a empresa vendeu mercadorias,
o estoque final será igual à soma do estoque inicial com as compras, reduzido do
valor das mercadorias vendidas (CMV).
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15
Imagine que uma empresa apurou seu inventário ao final de 2006,
encontrando R$ 15.000,00 em mercadorias. Sabe-se que a empresa comprou R$
30.000,00 em mercadorias ao longo de 2007. Ao final de 2007, apurou novo
inventário, encontrando, desta feita, R$ 20.000,00 em estoque. Se desejamos
encontrar o Custo das Mercadorias Vendidas, faríamos o seguinte:
Estoques
(EI) 15.000 (?) (CMV)
(Compras) 30.000
(EF) 20.000
O CMV será o valor que diminuído do somatório Estoque Inicial mais
Compras, resultará o no Estoque Final, ou seja, no presente caso, 15.000 +
30.000 = 45.000 que seria o valor do estoque final se não tivéssemos vendido
nada. Como o estoque final foi de apenas 20.000, podermos concluir que as
mercadorias que estão faltando foram vendidas, ou seja, 45.000 – 20.000 =
25.000 que corresponde ao valor do CMV.
Desta experiência extraímos a primeira versão da famosa equação
do inventário periódico:
CMV = EI + Compras - EF
Nesta fórmula, nos referimos às compras por seu valor bruto
(Compras Brutas). Se não houver mais nenhuma circunstância envolvendo a
compra na questão, esta fórmula simples nos bastará. No entanto, muitos fatores
podem influenciar o valor das compras de mercadorias e, sendo, assim, o valor
do CMV. Vejamos, então, a introdução do conceito de Compras Líquidas.
Estudo das Compras
A Compra Bruta corresponde ao valor nominal da transação
(como também acontecia com a Venda Bruta). Quando dizemos: comprou
mercadoria por R$ 1.000,00, significa que este é o valor real do produto
comprado, ou seja, da Compra Bruta. Veremos que, dependendo de algumas
variáveis, poderemos ter sofrido, ao final da operação, um custo maior ou menor
que tal valor. Ao valor do custo efetivamente sofrido pela empresa
denominamos Compra Líquida.
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Veja, abaixo, os diversos fatores que podem estar envolvidos em
uma operação de compra de mercadorias. Estudaremos cada um,
minuciosamente:
Compras Brutas 100.000
Aspectos Tributários
(+) IPI s/compras 10.000
(+) II s/ compras 5.000
(-) ICMS s/ compras (15.000)
(-) PIS s/ compras (2.500)
(-) COFINS s/ compras (7.500)
Deduções das Compras
(-) Devoluções de compras (5.000)
(-) Abatimentos s/ compras (7.000)
(-) Descontos Comerciais s/ compras (8.000)
Gastos com Colocação
do Produto na Empresa
(+) Fretes 5.000
(+) Seguros 2.500
(+) Armazenagem 2.500
Compras Líquidas 80.000
Aspectos Tributários
1) IPI s/Compras
Como já vimos o IPI é um imposto cobrado "por fora", ou seja,
não está embutido no valor da operação. Assim, por exemplo, se uma empresa
compra mercadorias para revenda no valor de R$ l.000 com IPI de 20%, os R$
200 de IPI não estão embutidos nos R$ l.000. Logo, o total da nota fiscal de
compra é de R$ 1.200. Perceba, pois, que o custo total sofrido pela empresa
(compra líquida) será de R$ 1.200, embora a mercadoria em si (compra bruta)
só valesse R$ 1.000. O IPI deve, portanto, ser somado à compra bruta.
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Lembre-se que o IPI é um imposto não-cumulativo e, portanto,
recuperável, Porém, estamos tratando de empresas comerciais que, por não
serem contribuintes de direito do IPI (não manufaturam produtos,
portanto, não praticam fato gerador do IPI na venda), jamais poderão
recuperar o IPI pago nas compras.
Se estivéssemos falando em empresas industriais (existem questões
que abordam este enfoque!!) o IPI, assim como os demais tributos não
cumulativos, também seria recuperável. Note, porém, que, mesmo que fosse
recuperável, ele não reduziria as compras brutas, como acontece com o ICMS,
PIS e COFINS, uma vez que ele não está incluído na compra bruta (é cobrado por
fora) e, portanto, de lá não pode ser retirado.
2) II s/Compras
Caso a mercadoria seja adquirida no exterior, e entidade compradora
arcará, ainda, com o Imposto de Importação (II). O Imposto de Importação não
apresenta a característica da não-cumulatividade, motivo pelo qual o II não será
recuperado, integrando assim o custo de aquisição, já que também é
cobrado por fora, devendo, portanto, ser somado ao valor da compra
bruta. Imagine uma compra de uma máquina importada por R$ 10.000, com II
de 20%. O total cobrado da empresa e, portanto, o custo sofrido por esta seria
de R$ 12.000.
3) ICMS, PIS e COFINS s/Compras
O ICMS é um tributo não cumulativo e, portanto, recuperável para
empresas comerciais. Sendo recuperável, não integrará o custo efetivo das
mercadorias adquiridas. Sendo tributo cobrado por dentro, se não irá compor as
compras líquidas, deverá ser excluído das compras brutas.
Lembro que todos os dispositivos a respeito do cálculo do ICMS s/
Vendas (inclusão ou não do IPI na base do ICMS, inclusão ou não de fretes e
seguros na base do ICMS, efeitos de devoluções, abatimentos ou descontos
incondicionais obtidos) devem também ser aplicados ao cálculo do ICMS s/
Compra (recuperável) já que o ICMS incorrido por quem vende é o mesmo
recuperável por quem compra.
Lembre, também, dos dispositivos sobre PIS e COFINS, vistos no estudo
das receitas, e perceba que estas duas contribuições podem ou não ser
recuperáveis!!
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Imagine uma aquisição de estoques por R$ 1.000 (Compra Bruta), com
ICMS de 15% (R$ 150), PIS de 1,5% (R$ 15) e COFINS de 7,5% (R$ 75), todos
no regime não cumulativo. Se os valores embutidos na transação pagos a título
destes tributos são recuperáveis pela empresa compradora, o custo efetivo
(compra líquida) para a empresa foi:
R$ 1.000 – R$ 150 – R$ 15 – R$ 75 = R$ 760
BCM Mercadorias ICMS a Recuperar
1.000 760 150
PIS a Recuperar COFINS a Recuperar
15 75
Deduções das Compras
1) Devoluções de Compras
Quando ocorre o retorno da mercadoria ao vendedor por estar em
desacordo com o pedido. Este ato necessita do acompanhamento de uma Nota
Fiscal, havendo, portanto, a incidência do ICMS caso o comprador seja
contribuinte do imposto. Imaginemos uma situação em que adquirimos 100
unidades de determinada mercadoria por R$ 1.000 com ICMS de 15% na
operação e posteriormente, devolvemos 10 unidades. Teríamos os seguintes
lançamentos:
BCM Mercadorias ICMS a Recuperar
(2) 100 1.000 (1) (1) 850 85 (2) (1) 150
ICMS a Recolher
15 (2)
Valor Integrado aos
Estoques (Compra Líquida)
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Onde:
(1) Aquisição das 100 mercadorias por R$ 1.000,00 com ICMS de
15%.
(2) Devolução de 10 unidades das mesmas mercadorias com ICMS
de 15%.
Perceba o efeito negativo da devolução sobre o valor do saldo
de mercadorias, motivo pelo qual as devoluções devem ser reduzidas no
cálculo das compras líquidas.
2) Abatimentos sobre Compras
Quando há insatisfação do cliente com alguma característica do produto
ou da entrega, o vendedor concede um abatimento ao comprador, a fim de evitar
a devolução. Observe-se que não há ICMS no abatimento, visto que a mercadoria
não circula. Assim, caso seja concedido um abatimento de R$ 10,00 em um
produto com preço de R$ 100,00, teremos o seguinte lançamento:
BCM Mercadorias Abat. s/ Compras
90 100 10
A conta Abatimento sobre Compras tem natureza credora, como se
fosse uma receita e reduzirá o custo incorrido pela empresa na compra, devendo,
por este motivo, ser reduzida no cálculo das compras líquidas.
Note que não há lançamento referente à ICMS, neste caso.
3) Descontos Incondicionais (ou Comerciais) Obtidos
Conforme vimos no estudo das receitas, são os descontos concedidos
pelo vendedor (e, portanto, obtidos pelo comprador) no ato da venda, sem
qualquer contraprestação por parte do comprador, devendo constar direto na
nota fiscal. Assim, se o preço do produto é de R$ 100,00 e é concedido um
desconto de 10%, teremos o seguinte lançamento, do ponto de vista do
comprador.
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BCM Mercadorias Desc. Incond. Obtido
90 100 10
A base de cálculo do ICMS é o total da nota fiscal, já deduzida dos
descontos comerciais. Portanto, este tipo de desconto afeta a base de
cálculo do ICMS a recuperar.
Perceba o efeito de redução do custo efetivo sofrido pelo
comprador (Compra Líquida), devendo, portanto, este tipo de desconto ser
reduzido no cálculo das compras líquidas.
Note que os descontos incondicionais obtidos são considerados
deduções das compras brutas, enquanto os descontos condicionais (ou
financeiros) Obtidos, que são aqueles que ocorrem após a concretização da
operação mercantil, quando a empresa vendedora concede um determinado
desconto como prêmio pelo pagamento da fatura antes do vencimento da
obrigação, sendo comum, também, conceder desconto quando o comprador
quita a duplicata até a data do vencimento, como uma forma de estimulá-lo a
pagar suas obrigações. Ou seja, são descontos sob condição e representam
receitas financeiras e não deduções. Perceba que esta diferença é apenas no
tratamento dado aos descontos, ou seja, sua classificação. Os lançamentos
contábeis são exatamente os mesmos tendo como única diferença a utilização da
conta Descontos Financeiros Obtidos, em substituição aos Comerciais. No caso do
desconto financeiro, a base de cálculo do ICMS é o total da Nota Fiscal sem
qualquer tipo de desconto, já que este somente será concedido sob condição
futura, quando a mercadoria já terá circulado.
Gastos com Colocação do Produto na Empresa
Todos os gastos assumidos pelo comprador para fazer com que os
produtos cheguem até seu estabelecimento devem integrar o custo das
mercadorias compradas. Assim, os valores cobrados a título de fretes, seguros
ou despesas de armazenagem, devem figurar na apuração do custo das
compras. Lembre-se do efeito dos fretes e seguros sobre o cálculo do ICMS a
Recuperar.
Assim tais valores que poderíamos, inicialmente, imaginar terem
tratamento de despesas para o comprador, deverão, na realidade, ser agregados
ao custo do produto na conta “Estoques” ou “Mercadorias”.
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Imagine a compra de estoques por R$ 1.000,00 (Compra Bruta),
pagando, ainda, frete de R$ 100,00, seguro de R$ 50,00 e Armazenagem de R$
50,00.
Valor registrado no estoque = 1.000 + 100 + 50 + 50 = 1.200
BCM Mercadorias
1.200 1.200
Perceba o efeito positivo destes componentes no custo
efetivamente incorrido pelo comprador, devendo, por este motivo, ser
somados no cálculo das compras líquidas.
Fórmula do Inventário Periódico
Depois de analisarmos todas estas variáveis, chegamos à versão final
da fórmula do inventário periódico:
CMV = EI + C Líquidas - EF
Vimos até aqui como calcular o CMV por meio puramente
matemático. Esta é a abordagem mais simples de ser utilizada em prova.
Vejamos agora como devemos proceder contabilmente para encontrarmos o
valor do CMV.
Dentro da concepção de inventário periódico, existem duas formas
contábeis de apurarmos o resultado:
Conta Mercadorias desdobrada ou Método das três contas
Mercadorias Conta Mista
1) Conta Mercadorias Desdobrada ou Método das Três Contas
Neste método a conta mercadorias assume sua função normal, ou
seja, de conta apenas patrimonial, sendo utilizada exclusivamente para o registro
dos estoques. As compras, vendas, abatimentos e devoluções são desdobrados
em contas específicas de resultado, como, aliás, é sua natureza. Este método
atende melhor aos princípios contábeis, sendo, por este motivo, mais utilizado do
que aquele que veremos no próximo item.
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Para que possamos compreender melhor este método, vejamos um
exemplo:
Exemplo: No dia 01.01.X2, o estoque de mercadorias da Cia. Alfa
totalizava R$ 13.000,00 e ao longo do período ocorreram as seguintes
transações:
1) Compras de Mercadorias a prazo no valor de R$ 25.000,00;
2) Devolução de compras no valor de R$ 6.000,00;
3) Vendas de Mercadorias a Prazo no valor de R$ 50.000,00;
4) Recebimento em devolução de R$ 5.000,00 das vendas realizadas;
Sabe-se que o inventário físico de encerramento do exercício apurou
um saldo de R$ 10.000,00.
Vejamos agora como ficaram os lançamentos e como efetuaremos a
apuração do Resultado:
Mercadorias Compras Dev. de Compras
(SI) 13.000 13.000 (5) (1) 25.000 25.000 (5) (5) 6.000 6.000 (2)
(6) 10.000
Vendas Dev de Vendas Clientes
(7) 50.000 50.000 (3) (4) 5.000 (7) 5.000 (3) 50.000 5.000 (4)
Fornecedores CMV RCM
(2) 6.000 25.000 (1) (5) 13.000 6.000 (5) (7) 5.000 50.000 (7)
(5) 25.000 10.000 (6) (8) 22.000
(S) 22.000 22.000 (8) 23.000 (S)
O próximo passo será transferirmos os saldos das contas que afetam
o CMV para esta conta. Assim, teremos o lançamento (5) Transferência do Saldo
das Contas: Mercadorias, Compras e Devolução de Compras para a Conta CMV.
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23
No lançamento seguinte (6), atualizamos o saldo da conta
“Mercadorias”, utilizando o valor encontrado no inventário físico realizado, tendo
como contrapartida a conta CMV.
Ao apurarmos o saldo da conta CMV neste momento, teremos o valor
deste Custo durante o exercício, o que pode ser comprovado utilizando a fórmula
matemática já vista:
CMV = EI + (Compras – Deduções) – EF
CMV = 13.000 + (25.000 – 6.000) – 10.000 = 22.000
Agora, partiremos para apurar o RCM, uma vez que já conhecemos o
CMV. O próximo passo será encerrar as contas relacionadas com as vendas
contra a conta RCM.
1) Encerramento das contas Vendas e Devolução de Vendas contra
RCM.
Finalmente, no lançamento (8) transferimos o saldo da conta CMV
para a conta RCM, apurando um Lucro Bruto que também pode ser obtido pela
fórmula vista:
LB = (VB – Deduções) – CMV
LB = (50.000 – 5.000) – 22.000 = 23.000
2) Conta Mista de Mercadorias ou Sistema de Conta Única
Neste sistema, a conta Mercadorias é ao mesmo tempo, patrimonial e
de resultado. Patrimonial porque registra o valor dos estoques e de resultado por
que registra ao mesmo tempo as compras, vendas, abatimentos e devoluções.
Este é um caso único na contabilidade, ou seja, não existe nenhum
outro método em que uma conta seja patrimonial e de resultado ao mesmo
tempo.
Utilizando o mesmo exemplo do item acima, teremos os seguintes
lançamentos:
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Fornecedores Clientes RCM
(2) 6.000 25.000 (1) (3) 50.000 5.000 (4) 23.000 (5)
Mercadorias
(SI) 13.000 6.000 (2)
(1) 25.000 50.000 (3)
(4) 5.000
(5) 23.000 13.000 (S)
(S) 10.000
Note que a conta mercadorias encerrou o exercício com saldo credor
de R$ 13.000. Porém, sabemos que o saldo encontrado no inventário físico foi de
R$ 10.000,00 de natureza devedora. Por este motivo, devemos efetuar um
ajuste neste saldo, para adequarmos esta conta à realidade, tendo como
contrapartida a Conta RCM. O valor deste ajuste irá nos revelar o valor do lucro
bruto do exercício.
5) Ajuste do saldo da conta mercadorias, com apuração do RCM.
Obs1: Perceba que em qualquer dos métodos, o valor do lucro bruto
será o mesmo encontrado pela apuração matemática.
Obs2: Podemos fazer uma generalização com relação ao saldo
encontrado na conta mercadorias ao término do exercício. Se este saldo for
credor, podemos afirmar, com certeza, que o resultado bruto será lucro. Caso o
saldo encontrado seja devedor, teremos duas possibilidades: Se o saldo for
inferior ao valor apurado no inventário, teremos lucro bruto. Caso contrário,
ou seja, se o valor encontrado for superior ao apurado no inventário, então,
teremos prejuízo bruto.
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Exercício Dirigido de Operações com Mercadorias
Considere as seguintes informações sobre a Comercial Tijuca Ltda.,
cujo exercício social coincide com o ano-calendário.
Estoque Inicial 13.000
Estoque Final 15.000
Compras 37.000
Devoluções de Compras 4.000
IPI s/ Faturamento 12.000
Fretes s/ Compras 3.000
Fretes s/ Vendas 1.000
Descontos Incondicionais Obtidos 2.000
Descontos Condicionais Obtidos 2.600
Vendas 98.000
ICIV 9.000
Abatimentos s/ Vendas 3.700
Comissões s/ Vendas 5.000
Descontos Incondicionais Concedidos 11.000
Descontos Condicionais Concedidos 1.500
Devoluções de Vendas 4.100
Face aos dados acima, apure o que se pede:
a) O Faturamento Bruto;
Vendas 98.000
(+) IPI s/Faturamento 12.000
(=) Faturamento Bruto 110.000
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b) Deduções da Receita Bruta;
ICIV 9.000
Abatimentos s/ Vendas 3.700
Descontos Incondicionais Concedidos 11.000
Devoluções de Vendas 4.100
(=) Deduções RBV 27.800
c) A Receita Bruta
Vendas 98.000
d) A Receita Líquida;
Vendas 98.000
(-) Deduções RBV (b) (27.800)
(=) Receita Líquida 70.200
e) As Compras Brutas;
Compras 37.000
f) Os ajustes das Compras Brutas
Devoluções de Compras 4.000
Fretes s/ Compras 3.000
Descontos Incondicionais Obtidos 2.000
(=) Ajustes das CB 9.000
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g) As Compras Líquidas;
Compras Brutas 37.000
(-) Ajustes Compras Brutas (9.000)
(=) Compras Líquidas 28.000
h) O CMV
CMV = EI + C Líquidas – EF
CMV = 13.000 + 28.000 (g) – 15.000
CMV = 26.000
i) O Resultado Bruto
(=) Receita Líquida 70.200
(-) CMV (26.000)
(=) Lucro Operacional Bruto 44.200
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Instruções: Para responder às questões de números 1 a 3 considere
as informações abaixo e, com base nelas, indique o valor solicitado
em cada questão. (Valores em R$)
Ao final do exercício contábil de 2005, os estoques finais da Cia. Germânica
foram avaliados em 62.000 e de seu livro razão foram extraídos os saldos
finais das contas a seguir.
Abatimentos sobre Vendas 10.000
Armazenagem de Mercadorias Compradas 22.000
Compras de Mercadorias 200.000
Despesas Administrativas 40.000
Despesas Financeiras 15.000
Devoluções de Compras 15.000
Estoque Inicial 10.000
Estoque Final 62.000
Outras Despesas de Vendas 20.000
Seguros Mercadorias Vendidas 25.000
Transportes de Compras 35.000
Transporte de Mercadorias Vendidas 30.000
Vendas Brutas Totais 350.000
1. (ISS Jaboatão dos Guararapes – PE/2006 – FCC) CMV - Custo de
Mercadorias Vendidas
a) 242.000
b) 200.000
c) 190.000
d) 180.000
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e) 150.000
Comentários
Para apurarmos o custo das mercadorias vendidas,
precisaremos estudar os diversos efeitos que impactam as compras efetuadas
pela companhia.
Pelas informações trazidas pelo problema, esta empresa controla
seus estoques por meio do inventário periódico.
Desta forma, o custo das mercadorias vendidas é apurado ao final do
período, por meio de uma comparação entre os saldos iniciais e finais do
estoque, levando em consideração, ainda, as compras líquidas efetuadas no
período. Para tal utilizaremos a conhecida fórmula do inventário periódico:
CMV = EI + CL - EF
Pelos dados oferecidos no problema, temos os estoques iniciais e
finais e o valor das compras brutas, ou seja, o valor nominal das compras.
Precisamos apurar as compras líquidas, ou seja, ajustar as compras brutas
pelos efeitos tributários, de deduções nas compras ou de sacrifícios adicionais
para colocar o produto na empresa.
Nesta questão, encontraremos como fatores a serem somados às
compras brutas os gastos com armazenagem e transporte de compras e as
devoluções de compras a reduzi-la em busca das compras líquidas. Assim:
Compras Brutas 200.000
(+) Armazenagem de Compras 22.000
(+) Transporte de Compras 35.000
(-) Devoluções de Compras (15.000)
(=) Compras Líquidas 242.000
Assim, já podemos apurar o CMV:
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30
CMV = 10.000 + 242.000 – 62.000
CMV = 190.000
O gabarito procurado é a letra c).
2. (ISS Jaboatão dos Guararapes – PE/2006 – FCC) Vendas líquidas
a) 340.000
b) 315.000
c) 310.000
d) 290.000
e) 285.000
Comentários
A receita bruta de vendas (ou venda bruta) corresponde ao valor
nominal da venda e temos despesas que ocorrem no exato momento da
venda e vão reduzir a primeira à receita líquida de vendas, nosso objetivo
na questão. Tais despesas são chamadas de deduções da receita bruta. Veja
o esquema baixo:
Assim, temos que buscar nas informações do problema as
deduções da receita bruta. Encontraremos apenas os abatimentos sobre
vendas:
Abatimentos sobre Vendas - Quando há insatisfação do cliente
com alguma característica do produto ou da entrega, o vendedor concede um
abatimento ao comprador, a fim de evitar a devolução. Note que este não se
confunde com o desconto que é mera liberalidade do vendedor.
Portanto, apuraremos a receita líquida da seguinte forma:
Vendas Brutas Totais 350.000
(-) Abatimento s/ Vendas (10.000)
(=) Vendas Líquidas 340.000
Vale perceber que, embora a questão pergunte, poderíamos
calcular o lucro bruto (resultado com mercadorias) da seguinte forma:
Vendas Líquidas 340.000
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(-) CMV (Questão 50) (190.000)
(=) Lucro Operacional Bruto 150.000
Como considerações finais, observe que despesas administrativas,
financeiras, outras despesas de venda (como propaganda e publicidade, por
exemplo), seguro sobre vendas e transporte de mercadorias vendidas (Frete
s/ Vendas) são despesas operacionais que figuram na DRE após a apuração
do lucro bruto, em nada afetando a resolução desta questão!!
O gabarito procurado é a letra a).
3. (ISS Jaboatão dos Guararapes – PE/2006 – FCC) Compras líquidas do
período
a) 262.000
b) 257.000
c) 247.000
d) 242.000
e) 210.000
Comentários
Esta questão, a banca FCC que faz questão de ser extremamente
simpática em algumas ocasiões, resolveu dar para o candidato de bandeja.
Perceba que as compras líquidas já foram apuradas na questão 4:
Compras Brutas 200.000
(+) Armazenagem de Compras 22.000
(+) Transporte de Compras 35.000
(-) Devoluções de Compras (15.000)
(=) Compras Líquidas 242.000
O gabarito procurado é a letra d).
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Inventário Permanente
Consiste em controlar permanentemente o estoque de mercadorias
efetuando as respectivas anotações a cada compra, ou venda. Dessa forma,
como os estoques de mercadorias são mantidos atualizados constantemente, as
empresas podem apurar o resultado da Conta Mercadorias no momento em que
desejarem.
É utilizado, normalmente, em grandes empresas, que possuem
estoques de grande magnitude e necessidade de uma gestão empresarial mais
precisa, pois este método permite a apuração do resultado a cada operação. Ao
contrário do inventário periódico, em que existe a contagem física dos produtos
ao final do período de apuração, nesta forma de controle, existe um controle
contínuo dos estoques por meio de fichas de controle de estoque para cada
produto.
Lembre-se que em qualquer dos métodos que serão vistos daqui para
frente, o que vai variar é o critério para darmos saída das mercadorias do
estoque. A entrada de mercadorias no estoque será avaliada pelos mesmos
critérios que valiam para o inventário periódico, ou seja, devemos reconhecer no
valor de entrada das mercadorias os efeitos tributários, dedutivos e os gastos
com colocação do produto na empresa.
Os principais métodos de controle são os seguintes:
PEPS
UEPS
Média Ponderada Móvel
Média Ponderada Fixa
Custo Específico
Obs: De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16
(Deliberação CVM 575/2009), os únicos métodos admitidos são o PEPS, o
Custo Médio e o Custo Específico. Portanto, o UEPS, que, como veremos, já
não era aceito pelo fisco federal, agora não é mais aceito sequer pela
contabilidade!!
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PEPS (Primeiro a Entrar é o Primeiro a Sair)
Também conhecido como FIFO (First In, First Out), esse critério para
valoração dos estoques tem como característica principal o fato da saída dos
produtos dos estoques ser quantificada pelos produtos adquiridos em
épocas mais antigas, ou seja, como o próprio nome diz, a primeira mercadoria
comprada é a primeira a ser vendida. Assim, por outro lado, a empresa atribuirá
às mercadorias que permanecerem em seu estoque os custos mais recentes (No
PEPS, o estoque final é avaliado pelas últimas entradas!!).
Veja o exemplo, que também servirá para os outros métodos:
Admita que a empresa Comercial Rio de Janeiro S.A, realizou as
seguintes operações de compra e venda de mercadorias no decorrer do período:
1) Em 01.03, adquiriu 10 botas de borracha por R$ 10,00 a
unidade, conforme NF 103;
2) Em 28.03, vendeu 5 botas de borracha, por R$ 15,00 a unidade,
conforme NF 001 ;
3) Em 15.04, adquiriu 8 botas de borracha por R$ 16,50 a unidade,
conforme NF 107;
4) Em 22.04, vendeu 9 botas de borracha por R$ 20,00 a unidade,
conforme NF 002.
Vejamos como ficou a ficha estoque deste produto e os lançamentos
contábeis a serem feitos:
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Comercial Rio de Janeiro – Produto: Botas de Borracha
Método PEPS
Entradas Saídas Saldos
Data Hist Q PU PT Q PU PT Q PU PT
01.03 NF 103 10 10 100 - - - 10 10 100
28.03 NF 001 - - - 5 10 50 5 10 50
15.04 NF 107 8 16,5 132 CMV1 - - 5 10 50
- - - - - - - - 8 16,5 132
- - - - - - - - 13 - 182
22.04 NF 002 - - - 5 10 50 - - -
- - - - - 4 16,5 66 - - -
- - - - - 9 - 116 4 16,5 66
Onde:
Q = Quantidade
PU = Preço Unitário
PT = Preço Total
Note que a coluna entradas registra a compra de mercadorias (ou as
devoluções de vendas) e a coluna saídas registra a venda de mercadorias (ou as
devoluções de compras). A coluna saldo registra o valor em estoque em cada
momento.
Perceba que, quando tivemos duas compras com valores diferentes
registradas em estoque (após a compra de 15/04), ao efetuarmos a venda de
22/04, tivemos que definir quais das duas compras tinha saído. Demos prioridade
para a saída das mercadorias mais antigas!!
CMV2
EF
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Mercadorias CMV BCM
(1) 100 50 (2) (2) 50 SI 100 (1)
(3) 132 116 (4) (4) 116 (2) 75 132 (3)
(S) 66 (S) 166 (4) 180
Receita Bruta Vendas
75 (2)
180 (4)
Obs1: Note que podemos apurar o Resultado Bruto com Mercadorias
após cada transação de venda. Assim:
Operação Receita Bruta CMV Lucro Bruto
28.03 – NF 001 R$ 75,00 R$ 50,00 R$ 25,00
22.04 – NF 002 R$ 180,00 R$ 116,00 R$ 64,00
Obs2: Em um regime de preços inflacionário como é o nosso, este
método resultará sempre no maior valor possível para a conta Mercadorias
e no menor valor possível para a conta CMV, gerando um Resultado com
Mercadorias maior e, portanto, um maior valor a recolher de Imposto de
Renda.
UEPS (Último a Entrar é o Primeiro a Sair)
Também conhecido como LIFO (Last In, First Out), esse critério para
valoração dos estoques tem como característica principal o fato de que a saída
dos produtos dos estoques ser quantificada pelos produtos adquiridos
em épocas mais recentes, ou seja, como o próprio nome diz, a última
mercadoria comprada é a primeira a ser vendida. Assim, a empresa atribuirá ao
seu estoque final de mercadorias os custos mais antigos (No UEPS, o estoque
final é avaliado pelas primeiras entradas!!).
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Veja o mesmo exemplo utilizado no PEPS enxergado pela lógica do
UEPS:
Comercial Rio de Janeiro – Produto: Botas de Borracha
Método UEPS
Entradas Saídas Saldos
Data Hist Q PU PT Q PU PT Q PU PT
01.03 NF 103 10 10 100 - - - 10 10 100
28.03 NF 001 - - - 5 10 50 5 10 50
15.04 NF 107 8 16,5 132 CMV1 - - 5 10 50
- - - - - - - - 8 16,5 132
- - - - - - - - 13 - 182
22.04 NF 002 - - - 8 16,5 132 - - -
- - - - - 1 10 10 - - -
- - - - - 9 - 142 4 10 40
Perceba que, quando tivemos duas compras com valores diferentes
registradas em estoque (após a compra de 15/04), ao efetuarmos a venda de
22/04, tivemos que definir quais das duas compras tinha saído. Demos prioridade
para a saída das mercadorias mais recentes!!
Mercadorias CMV BCM
(1) 100 50 (2) (2) 50 SI 100 (1)
(3) 132 142 (4) (4) 142 (2) 75 132 (3)
(S) 40 (S) 192 (4) 180
Receita Bruta Vendas
7.500 (2)
CMV2 EF
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18.000 (4)
Obs1: Note que podemos apurar o Resultado Bruto com Mercadorias
após cada transação de venda. Assim:
Operação Receita Bruta CMV Lucro Bruto
28.03 – NF 001 R$ 75,00 R$ 50,00 R$ 25,00
22.04 – NF 002 R$ 180,00 R$ 142,00 R$ 38,00
Obs2: Em um regime de preços inflacionário como é o nosso, este
método resultará sempre no menor valor possível para a conta Mercadorias
e no maior valor possível para a conta CMV. Este maior valor para o CMV
resultará em um Resultado com Mercadorias menor e, portanto, em um
menor valor a recolher de Imposto de Renda. Por este motivo, a legislação do
Imposto de Renda não admite a utilização deste método para apuração do
Lucro a ser oferecido à tributação. Tampouco, como vimos em observação no
início do assunto, a própria contabilidade admite o uso deste método
atualmente.
Custo Médio (ou Média Ponderada Móvel)
Este método possui como característica o fato de que, a cada nova
aquisição por um valor diferente da média anterior, é calculada uma
nova média que servirá de base para a apuração do CMV das vendas
posteriores, até que apure uma nova média.
Vale perceber que a média apurada, como veremos, é ponderada
pelas quantidades adquiridas, não se tratando, portanto, de uma média
aritmética simples. É chamada também de móvel, pois, como vimos, a média se
desloca sempre que fazemos uma nova aquisição.
Veja o exemplo com os mesmos dados dos outros métodos.
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Comercial Rio de Janeiro – Produto: Botas de Borracha
Método Custo Médio
Entradas Saídas Saldos
Data Hist Q PU PT Q PU PT Q PU PT
01.03 NF 103 10 10 100 - - - 10 10 100
28.03 NF 001 - - - 5 10 50 5 10 50
15.04 NF 107 8 16,5 132 CMV1 - - 13 14 182
22.04 NF 002 - - - 9 14 126 4 14 56
Perceba que, quando tivemos duas compras com valores diferentes
registradas em estoque (após a compra de 15/04), ao efetuarmos a venda de
22/04, tivemos que definir quais das duas compras tinha saído. Para tal,
calculamos uma média ponderada da seguinte forma:
Note que, na prática, bastou dividir o saldo em estoque no dia 15/04
(R$ 182,00) pela quantidade existente na mesma data (13 unidades).
CMV2 EF
Custo Médio em 15/04
(5 X 10,00) + (8 X 16,50)
5 + 8
14
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Mercadorias CMV BCM
(1) 100 50 (2) (2) 50 SI 100 (1)
(3) 132 126 (4) (4) 126 (2) 75 132 (3)
(S) 56 (S) 176 (4) 180
Receita Bruta Vendas
75 (2)
180 (4)
Obs1: Note que podemos apurar o Resultado Bruto com Mercadorias
após cada transação de venda. Assim:
Operação Receita Bruta CMV Lucro Bruto
28.03 – NF 001 R$ 75,00 R$ 50,00 R$ 25,00
22.04 – NF 002 R$ 180,00 R$ 126,00 R$ 54,00
Obs2: Perceba que, em relação aos outros métodos vistos até agora,
este apresentará valores intermediários para as contas Mercadorias e CMV, ou
seja, não teremos um lucro tão grande como teríamos no PEPS e nem tão
pequeno como teríamos no UEPS que sequer é mais aceito pelo IR. Vejamos uma
tabela comparativa dos valores de CMV, Estoque Final e Lucro pelos três
métodos:
Menos cobrados em prova, mas também dignos de comentários,
vamos conhecer dois outros métodos:
Média Ponderada Fixa
Neste método, que se assemelha bastante ao anterior, também
apuraremos uma média ponderada das mercadorias adquiridas e a utilizaremos
para dar saída das mercadorias por ocasião das vendas. No entanto, ao contrário
da média móvel, em que calculamos uma nova média após cada aquisição e a
utilizamos nas saídas subsequentes, na média fixa, apuraremos apenas uma
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única média ao final do período e a utilizaremos para todas as saídas realizadas
no mesmo período.
Imagine o seguinte exemplo:
1) Compra 10 unidades a R$ 15,00
2) Venda de 5 unidades a R$ 30,00
3) Compra 20 unidades a R$ 20,00
4) Venda de 10 unidades a R$ 30,00
5) Compra de 20 unidades a 25,00
Na média ponderada móvel, utilizaríamos a média após a operação
1 (R$ 10,00) para dar saída da venda 2. Da mesma forma, utilizaríamos a média
após a compra 3 (R$ 19,00) para dar saída da venda 4 e calcularíamos uma nova
média após a compra 5 (R$ 22,43) que seria utilizada para as saídas futuras.
Você pode se divertir e treinar efetuando estes cálculos!!
Já na média ponderada fixa, que nos interessa agora,
calcularemos, inicialmente, a média das aquisições de todo o período:
Calculada a média ponderada fixa de R$ 21,00, atribuiremos tal valor
a todas saídas efetuadas no mês. Assim, se vendemos 15 unidades ao longo do
período de apuração, o CMV será calculado da seguinte forma:
CMV = 15 Unidades X R$ 21,00 (MPF) = R$ 315,00
Obs: A Média Ponderada Fixa é aceita pelo fisco federal desde que o
período de apuração da mesma não ultrapasse 1 mês. Este método não é aceito
pela contabilidade hoje em dia.
(10 X $15) + (20 X $20) + (20 X $25)
10 + 20 + 20
21
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Custo Específico
Os métodos vistos anteriormente, são muito úteis para estoques de
mercadorias que são intercambiáveis entre si, ou seja, mercadorias de difícil
distinção física entre si. Você deve ser capaz de imaginar que, tendo dois pares
de sapato idênticos em estoques, um comprado por R$ 50,00 e outro por R$
60,00, a dificuldade de saber qual dos dois foi vendido (são iguaizinhos,
lembra?). Daí a necessidade de criar os métodos vistos. No entanto, se as
mercadorias não são intercambiáveis entre si, ou seja, são facilmente
diferenciáveis, como imóveis ou veículos, não existe método mais confiável e
fidedigno que o custo específico, que consiste em atribuir a cada estoque
vendido, o seu custo real.
Se temos 3 veículos em estoque, cada qual com seu chassis a
diferenciá-los, sabemos qual foi o custo de cada um, ao ser adquirido. Assim,
podemos imaginar a seguinte situação:
Chassis do Veículo Custo
ABC R$ 35.000,00
DEF R$ 37.500,00
XYZ R$ 40.000,00
Quando um cliente entra na loja e escolhe um carro, sabemos,
perfeitamente, qual carro foi vendido. Se o cliente levou o carro com chassis DEF,
por exemplo, sabemos que o CMV será de R$ 37.500,00.
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Questões para Ilustração
4) (Analista Contador / TRT 23ª Região / 2011) A Cia. Comercial
Estrela da Manhã mantém controle permanente de estoques. A
companhia, em ordem cronológica, fez as seguintes aquisições e vendas
de uma determinada mercadoria no primeiro mês de exercício de suas
atividades (no custo unitário dos estoques, já estão deduzidos os
impostos recuperáveis e os abatimentos e descontos incondicionais
obtidos):
compra de 100 unidades a R$ 20,00 cada uma;
compra de 150 unidades a R$ 22,00 cada uma;
venda de 200 unidades a R$ 50,00 cada uma;
compra de 150 unidades a R$ 24,00 cada uma;
venda de 60 unidades a R$ 52,00 cada uma.
A companhia utiliza o método PEPS para a avaliação de seus estoques.
No final do mês, o valor do estoque final dessa mercadoria equivale a,
em R$,
a) 2.880,00
b) 2.800,00
c) 3.360,00
d) 3.080,00
e) 3.520,00
Comentários
Observemos a ficha de controle de estoques relativa às
movimentações ocorridas até o dia da última venda:
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43
Note que antes da última venda temos 50 unidades mensuradas a
R$ 22,00 remanescentes da C2 mais 150 unidades a R$ 24,00 de C3,
totalizando 200 unidades a um custo total de R$ 4.700.
Assim, quando, efetuamos a V2, temos que baixar as 60 unidades
vendidas e daremos prioridade para a saída das mercadorias mais antigas.
Portanto, baixaremos as 50 unidades de C2 e complementaremos com mais
10 unidades de C3, da seguinte forma:
Perceba, pois, que permanecem nos estoques as 140 unidades
restantes de C3, mensuradas cada uma em R$ 24,00, totalizando um
estoque final de R$ 3.360,00.
O gabarito procurado é a letra c).
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5) (ICMS SP/2006 – FCC) Uma Empresa, inserida em um contexto de
economia inflacionária em que os preços são sempre crescentes ao longo
dos períodos, tem o movimento de seus estoques conforme os dados
abaixo.
Datas Operação Quantidade Saldo Vr. Unit. Compra
01.xx.06 Entrada 2.000 2.000 R$ 10,00
05.xx.06 Entrada 2.500 4.500 R$ 12,00
07.xx.06 Saída (3.000) 1.500
10.xx.06 Entrada 500 2.000 R$ 13,00
12.xx.06 Entrada 1.200 3.200 R$ 15,00
20.xx.06 Saída (1.800) 1.400
23.xx.06 Entrada 1.000 2.400 R$ 20,00
25.xx.06 Saída (1.200) 1.200
26.xx.06 Entrada 700 1.900 R$ 25,00
30.xx.06 Saída (1.300) 600
Com base nessas informações, em qual dos critérios de avaliação dos
estoques o Resultado Bruto Operacional será maior?
a) Média ponderada móvel.
b) Último que entra primeiro que sai.
c) Primeiro que entra primeiro que sai.
d) Média ponderada fixa.
e) Método de preço específico.
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Comentários
Nesta questão, o examinador nos traz uma série de compras e
vendas e pergunta em qual dos métodos o lucro bruto seria maior. Você tem
duas possibilidades para resolvê-la: elaborar as fichas de controle de
estoques para cada um dos métodos e apurar o lucro para compará-los é
uma delas e você poderá levar mais de quinze minutos para resolver esta
questão. Mas lembre-se que tempo é artigo escasso em prova!!!
Assim, você optará por observar que o enunciado menciona que a
economia em que a empresa se encontra é inflacionária. Isto é
facilmente atestável pela evolução dos preços de compra: sempre maiores ao
longo do tempo. Nesta questão, você notará que, partindo da premissa de
economia inflacionária, podemos fazer inferências sobre o comportamento
dos valores de CMV, estoque final e lucro bruto para os métodos do PEPS,
UEPS e Custo Médio.
Como vimos na tabela comparativa de CMV, estoque final e lucro
bruto, o lucro no PEPS é maior.
Note, também, que se tivéssemos economia deflacionária, os
comportamentos para PEPS e UEPS seriam o oposto do visto aqui.
Obs1: Na média ponderada fixa, os valores de CMV, estoques e lucro
seriam pouco superiores ao do custo médio ponderado, mas ainda intermediários
entre PEPS e UEPS. Já no Método do Custo Específico, não é possível fazer
inferências sobre os valores de CMV, estoques e lucro pois os valores são
específicos para cada bem vendido.
O gabarito procurado é a letra c).
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