Aula01_Treinamento_desportivo

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[email protected] | AULA 01 AULA 01 Este conjugado de aulas (01, 02 e 03) tem como objetivo iniciar aos acadêmicos nos diversos conceitos e princípios que norteiam o treinamento desportivo, tais como valências físicas, variáveis de treinamento (carga, volume, intensidade, controle, densidade, sobrecarga), controle de treinos e supercompensação. Tais conceitos devem guiar o acadêmico durante seus estudos sobre o treinamento desportivo e a prescrição de exercícios da forma mais eficiente possível para diversos tipos de população. Os objetivos destas aulas são: 1. Apresentar aos acadêmicos os princípios que norteiam o treinamento desportivo; 2. Definir de forma sucinta as valências ou capacidades físicas; 3. Desenvolver conceitos de variáveis de treinamento TREINAMENTO E DESEMPENHO Otimizar o desempenho é o objetivo básico do treinamento (Kiss, 2003). No caso de desempenho esportivo, este pode ser conceituado como a ótima execução de uma tarefa de movimento (Kiss, 2003). O treinamento incide em um processo adaptativo contínuo (Ide, Lopes et al., 2010), onde o principal objetivo é estimular as adaptações funcionais e estruturais que aprimoram o desempenho em tarefas específicas. Diversos princípios do condicionamento fisiológico, independente das classificações das

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Parte textual da primeira aula da matéria de Diretrizes do Treinamento Desportivo.

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    AULA 01

    Este conjugado de aulas (01, 02 e 03)

    tem como objetivo iniciar aos

    acadmicos nos diversos conceitos e

    princpios que norteiam o treinamento

    desportivo, tais como valncias fsicas,

    variveis de treinamento (carga, volume,

    intensidade, controle, densidade,

    sobrecarga), controle de treinos e

    supercompensao.

    Tais conceitos devem guiar o acadmico durante seus estudos sobre o

    treinamento desportivo e a prescrio de exerccios da forma mais eficiente

    possvel para diversos tipos de populao.

    Os objetivos destas aulas so:

    1. Apresentar aos acadmicos os princpios que norteiam o treinamento

    desportivo;

    2. Definir de forma sucinta as valncias ou capacidades fsicas;

    3. Desenvolver conceitos de variveis de treinamento

    TREINAMENTO E DESEMPENHO

    Otimizar o desempenho o objetivo bsico do treinamento (Kiss, 2003). No

    caso de desempenho esportivo, este pode ser conceituado como a tima

    execuo de uma tarefa de movimento (Kiss, 2003).

    O treinamento incide em um processo adaptativo contnuo (Ide, Lopes et al.,

    2010), onde o principal objetivo estimular as adaptaes funcionais e

    estruturais que aprimoram o desempenho em tarefas especficas. Diversos

    princpios do condicionamento fisiolgico, independente das classificaes das

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    atividades fsicas, so comuns para aprimorar o desempenho das mesmas

    (Mcardle, Katch et al., 2003).

    As adaptaes podem ser entendidas como a capacidade do ser humano em

    se ajustar s condies do ambiente que o cerca (Platonov, 2008). um processo

    que envolve vrias etapas cujas dificuldades das condies do ambiente externo

    devem aumentar gradativamente (Platonov, 2008). Em suma, a adaptao:

    Aponta o processo pelo qual o organismo se ajusta aos fatores dos meios

    interno e externo;

    Assinala o equilbrio relativo entre o organismo e o ambiente;

    compreendida como resultado do processo de ajuste (Platonov, 2008).

    PRINCPIOS DO TREINAMENTO

    PRINCPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLGICA

    O princpio da individualidade determinado pelas caractersticas

    morfofisiolgicas e funcionais individuais (Granell e Cervera, 2003). Cada atleta

    necessita ser tratado pelo treinador de forma individualizada. Deve-se levar em

    conta o potencial, as habilidades, as caractersticas de aprendizagem e a

    especificidade do desporto (Bompa, 2002). Todo indivduo deve ser

    considerado como a ligao do gentipo com o fentipo, originando as

    especificidades que caracterizaro o treinamento (Dantas, 2003).

    Diversos fatores influenciam na variao individual na resposta ao

    treinamento (Mcardle, Katch et al., 2003). Devido a isto, atletas que recebem a

    mesma sobrecarga, reagem de forma diferente, sofrem adaptaes diferentes e

    recuperam-se de forma diferente.

    Deve-se planejar o treinamento de acordo com o nvel de tolerncia do

    atleta. Para isto, h a necessidade de analisar a capacidade de trabalho

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    individual e da personalidade para determinar o limite superior de tolerncia

    ao esforo (Bompa, 2002).

    A capacidade de esforo individual depende dos seguintes fatores:

    1. Idade biolgica e cronolgica

    Os atletas juvenis toleram mais prontamente um alto volume do que uma

    alta intensidade de treinamento ou cargas elevadas. Alta intensidade e cargas

    de treinamento elevadas sobrecarregam as estruturas anatmicas dos jovens,

    especialmente os ossos (que ainda no esto calcificados), ligamentos, tendes e

    msculos. (Bompa, 2002)

    2. Experincia ou idade na participao desportiva

    O trabalho a ser exigido pelo treinador deve ser proporcional experincia

    do atleta. (Bompa, 2002)

    3. Capacidade individual de trabalho e desempenho

    Nem todos os atletas que so capazes de realizar o mesmo desempenho

    tm a mesma capacidade de trabalho. Existem vrios fatores biolgicos e

    psicolgicos que determinam a capacidade de trabalho. (Bompa, 2002)

    4. Treinamento e estado de sade

    Atletas com o mesmo nvel de desempenho tm diferentes nveis de fora,

    velocidade, resistncia e habilidade. Tais diferenas de capacidades fsicas

    justificam a individualizao do treinamento. (Bompa, 2002)

    5. Carga de treinamento e velocidade de recuperao do atleta

    Quando estiver planejando ou avaliando o trabalho no treinamento,

    considere fatores extra-treino, que podem infligir pesadas exigncias ao atleta.

    Um alto comprometimento no colgio, no trabalho, na famlia, em distncias de

    viagem para a escola ou para o treinamento tambm podem afetar a

    recuperao entre as sesses de treinamento. (Bompa, 2002)

    Treinamento individualizado

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    A adaptao trabalhos de alto volume de carga e intensidade moderada

    mais fcil para crianas e adolescentes que baixos volumes e estmulos intensos

    (Bompa, 2002).

    Diferenas sexuais

    Principalmente durante a puberdade, as diferenas sexuais influenciam no

    desempenho e na capacidade de treinamento individual (Bompa, 2002).

    Outros fatores a atentar neste princpio:

    1. Idade 2. Biotipo 3. Composio Corporal 4. Tipo de fibra muscular 5. Gentipo 6. Fentipo 7. Habilidades desportivas 8. Aptides fsicas e intelectuais 9. Nvel de aptido relativa de uma pessoa no incio do treinamento

    (Dantas, 2003; Mcardle, Katch et al., 2003)

    Os benefcios timos do treinamento so conseguidos com programas de

    exerccios ajustados s necessidades e capacidades individuais dos

    participantes. (Mcardle, Katch et al., 2003).

    PRINCPIO DA ESPECIFICIDADE

    Refere-se s adaptaes que dependem do tipo de sobrecarga imposta.

    Causar um estresse atravs de exerccios de resistncia especfica ir produzir

    adaptaes nos sistemas aerbicos especficos (Mcardle, Katch et al., 2003),

    como por exemplo, na quantidade de capilares e mitocndrias (Powers e

    Howley, 2000). O efeito imposto pelo treinamento ser especfico s fibras

    envolvidas na atividade (Powers e Howley, 2000).

    Porm, este princpio vai alm deste conceito. O treinamento aerbico citado

    acima, no deve ser visto apenas como uma sobrecarga cardiovascular, pois o

    treinamento aerbico, utilizando-se dos msculos especficos para a atividade

    desejada, ir aprimorar mais efetivamente a aptido desejada (no caso a

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    capacidade aerbia) do que se fossem aprimoradas atravs de atividade no

    especfica (Mcardle, Katch et al., 2003).

    O trabalho de preparao dever ser executado de forma integrada,

    sistmica e voltada aos objetivos enunciados, preocupando-se em associar o

    treinamento do segmento corporal ao sistema energtico e ao gesto desportivo

    (Dantas, 2003). Deve-se preparar o desportista de acordo com as exigncias

    especficas e particulares de cada modalidade esportiva. A tendncia que em

    desportos coletivos, a preparao fsica seja aliada a tcnica (Granell e Cervera,

    2003). Em outras palavras, so exerccios especficos da modalidade em questo,

    os quais geram alteraes fisiolgicas e anatmicas relacionadas s

    necessidades de tal modalidade (Bompa, 2002).

    Cada modalidade esportiva especfica com relao coordenao e ao

    condicionamento, porm no se deve negligenciar as capacidades fsicas que

    serviro como base para o desempenho (Weineck, 2003). Aps a aquisio

    destas capacidades, se treinar as capacidades determinantes da modalidade. A

    especificidade, ou especializao como denomina Bompa, representa o

    principal fator para o sucesso em qualquer modalidade (Bompa, 2002).

    PRINCPIO DA SOBRECARGA

    A capacidade de um sistema (cardiovascular, musculoesqueltico, etc.)

    aumenta em resposta sobrecarga imposta pelo treinamento (Powers e

    Howley, 2000). Imediatamente aps a aplicao da carga de trabalho ocorrer a

    recuperao do organismo, objetivando reestabelecer a homeostase (Dantas,

    2003).

    Esta exposio contnua e progressiva de sobrecarga aperfeioa a funo

    fisiolgica com intuito de gerar uma resposta ao treinamento induzido

    (Mcardle, Katch et al., 2003). Sobrecarga refere-se excitao ou estresse

    atribudo a um sistema ou tecido, maior da capacidade que o mesmo est

    adaptado (Powers e Howley, 2000).

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    Para que se consiga a sobrecarga adequada, preciso manejar combinaes

    entre diversas variveis de treinamento como frequncia, intensidade, volume e

    densidade. Todas com enfoque na modalidade pretendida (Mcardle, Katch et

    al., 2003). Tal conceito de sobrecarga individualizada e progressiva aplica-se a

    atletas, sedentrios, pacientes com patologias diversas, idosos, indivduos

    incapacitados etc. (Mcardle, Katch et al., 2003). Portanto, sendo utilizado tanto

    para condicionamento quanto para o desempenho (Powers e Howley, 2000).

    O princpio da sobrecarga de treinamento implica que no deve ocorrer

    prescrio de carga abaixo da intensidade mnima, neste caso no haver

    estimulo suficiente para resultar em alteraes nos parmetros fisiolgicos

    corporais (Pescatello e Riebe, 2013). A intensidade do trabalho realizado

    determinar o tempo necessrio para a recuperao do indivduo (Dantas,

    2003).

    PRINCPIO DA REVERSIBILIDADE OU CONTINUIDADE

    Imediatamente aps o trmino de uma sesso de treinamento d-se incio ao

    processo de restabelecimento do nvel funcional inicial (Gomes, 2009). Caso esta

    interrupo seja de um tempo muito maior que o necessrio para a

    supercompensao, dar-se- incio a uma perda das capacidades adquiridas.

    Aps o encerramento da prtica do exerccio regular, ocorre uma rpida

    perda das adaptaes fisiolgicas e do desempenho adquirido. Este fenmeno

    denominado destreinamento (Mcardle, Katch et al., 2003). Uma a duas semanas

    so suficientes para uma significativa reduo nas capacidades adquiridas,

    tanto metablica quanto de desempenho, e em poucos meses, muitos

    aprimoramentos induzidos pelo treinamento so totalmente perdidos (Mcardle,

    Katch et al., 2003).

    Estmulos leves e longos perodos de recuperao no servem ao

    treinamento, bem como estmulos intensos com intervalos excessivamente

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    curtos podem diminuir o nvel de capacidade funcional. O descanso deve

    sempre ser adequado intensidade e carga imposta (Granell e Cervera, 2003).

    PRINCPIO DA ADAPTAO

    Todas as vezes que a homeostase perturbada devido um estmulo, o

    organismo procura reestabelecer o equilbrio, reagindo e respondendo de forma

    adequada (Dantas, 2003). Estes estmulos ocasionam uma resposta

    proporcional sua intensidade (Dantas, 2003).

    Caso seja aplicado um estresse ou estmulo de baixa a moderada

    intensidade, no ocorrer adaptao e consequentemente efeito de treinamento.

    Os estresses podem ser fsicos, bioqumico ou mentais (Dantas, 2003).

    A INTER-RELAO DOS PRINCPIOS

    Estes so alguns dos princpios de treinamento desportivo. Deve-se utiliz-

    los como base para o planejamento eficiente da prescrio do exerccio. Todos

    esto inter-relacionados e interagem ente si.