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Aula Rogério – 16/05/11 – Moffit – O declínio do dólar – O dinheiro do mundo O dólar alcança uma situação que não pode mais se sustentar; situações essas que vão força-lo a se desvalorizar. Moffit vai falar a respeito da década de 70 e fazer alguns apontamentos. No início da década de 70, um senhor chamado Blumentaw fará uma viagem pelos países da Europa e fazer a tentativa de manter a paridade das moedas do mundo com o dólar, sugerindo que os países emitissem mais moedas nacionais. Fará pressão para que os países aumentem a emissão de suas respectivas moedas nacionais para equilibrar minimamente dólar com as moedas. Tamanha sensibilidade do momento fez com que a simples viagem do secretario do tesouro já aumentou a desvalorização da moeda. E a reação dos países foi que eles não aceitaram aumentar emissão de suas moedas. Isso provocou grande tensão que desvalorizou ainda mais a moeda. A saúde do dólar dependia da colaboração dos outros países. Mas os países passam a desrespeitar as recomendações econômicas dos EUA. A partir daí todos os banqueiros passam a vender seus dólares. Do ponto de vista estadunidense, já não está numa situação tão boa. Quando ocorrem este tipo de fato, do ponto de vista da hegemonia significa que os EUA já não estão tão bem no cenário econômico mundial. Todos esses elementos estão corroborando para que o dólar se desvalorize e os EUA se sintam forçados a dividir este papel com os outros países, aqueles que se recuperaram da IIGM. Na década de 70 estamos num cenário de guerra fria. O cenário de multilateralidade das burguesias já começa a se formar nesse momento. Todo esse cenário que vai se expressar depois da queda do muro de Berlim já começa a se expressar. Este momento histórico é um cenário em que isto já está mostrando suas caras. Como a hegemonia estadunidense está se

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Aula Rogério – 16/05/11 – Moffit – O declínio do dólar – O dinheiro do mundo

O dólar alcança uma situação que não pode mais se sustentar; situações essas que vão força-lo a se desvalorizar.

Moffit vai falar a respeito da década de 70 e fazer alguns apontamentos. No início da década de 70, um senhor chamado Blumentaw fará uma viagem pelos países da Europa e fazer a tentativa de manter a paridade das moedas do mundo com o dólar, sugerindo que os países emitissem mais moedas nacionais. Fará pressão para que os países aumentem a emissão de suas respectivas moedas nacionais para equilibrar minimamente dólar com as moedas.

Tamanha sensibilidade do momento fez com que a simples viagem do secretario do tesouro já aumentou a desvalorização da moeda. E a reação dos países foi que eles não aceitaram aumentar emissão de suas moedas. Isso provocou grande tensão que desvalorizou ainda mais a moeda.

A saúde do dólar dependia da colaboração dos outros países. Mas os países passam a desrespeitar as recomendações econômicas dos EUA.

A partir daí todos os banqueiros passam a vender seus dólares. Do ponto de vista estadunidense, já não está numa situação tão boa.

Quando ocorrem este tipo de fato, do ponto de vista da hegemonia significa que os EUA já não estão tão bem no cenário econômico mundial. Todos esses elementos estão corroborando para que o dólar se desvalorize e os EUA se sintam forçados a dividir este papel com os outros países, aqueles que se recuperaram da IIGM.

Na década de 70 estamos num cenário de guerra fria. O cenário de multilateralidade das burguesias já começa a se formar nesse momento. Todo esse cenário que vai se expressar depois da queda do muro de Berlim já começa a se expressar.

Este momento histórico é um cenário em que isto já está mostrando suas caras. Como a hegemonia estadunidense está se esfacelando, e as economias européias se reconstruindo, nada mais natural que o apelo de Blumentaw não surtir nenhum efeito.

Todos os elementos de desestabilização vão piorando a situação do dólar como moeda de reserva. França, por meio da troca de dólares por ouro contribui para a diminuição dos estoques de ouro.

Outro elemento que apresentava problemas era o mercado paralelo de dólares. No mercado paralelo era possível ver que a paridade flutuava em relação ao valor oficial de 1 onça para 35 dólares. Essa moeda flutuava em relação ao que estava acontecendo no mundo. No mercado paralelo, o dólar estava super desvalorizado. Juntando tudo, fica evidente que não tem condições de o governo estadunidense regular a dinâmica do mercado. Principalmente porque é regulado pelos bancos.

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Outro elemento que piora a situação é a tecnologia. Nesse momento vai surgir um rol de tecnologias que vão facilitar o intercambio de dólares. Com novas tecnologias aplicada a dinâmica da aplicação de dinheiro, isso vai ser acelerado. O tempo em que se levava para fazer 10 operações que levavam 1 hora, são feitas em minutos. Por dia é possível realizar muito mais vendas e compras de moedas. Isso implica que o mercado vai estar muito mais suscetível a flutuações especulativas, o que será um mega problema.

Numa certa etapa do texto o autor vai dizer que tanto os países como as empresas, conforme o tempo vai passando, vão criar uma certa dependência desse sistema mundial. É nesse momento que, por exemplo, vai haver o II PND no Brasil em virtude de endividamento.

Tudo vai ser convertido em crédito para o mercado mundial. São industrializações que vão responder a essa necessidade do capital.

Em meio a este mecanismo, dirá o autor, cria-se uma dependência muito grande. Conforme esse credito vai sendo jogado aos países, vai criando uma dependência muito grande, o que força os países de capitalismo colonial a depender dessa condição e forçar sua industrialização. Esses países que ficam circunscritos a comercializar sofrem ainda mais. O cenário de dependência vai ficar muito mais articulado, e dificilmente essas nações vão se livrar dessa situação.

O autor dirá que o operador de cambio não tem culpa, não pode atuar contra essa onda especulativa mundial, pois corre o risco de perder grande investimento. Aí ele vai discorrer um pouco a respeito da vida do operador de cambio; trabalho que ele mostra que é extremamente mecânico. Em meio a essa mecanicidade eles mal percebem que aquela ação isolada de cada um deles está acabando com todas as regras do Bretton Woods.

Essas intervenções vão desembocar na desvalorização do dólar e o impacto da indústria petrolífera. Então os xeques do petróleo vão manipular o preço do petróleo. Ao fazer essa manipulação de preços para cima, vão gerar uma hiper inflação, na tentativa de minimizar o impacto da desvalorização do preço do dólar sobre os barris.

Essas todas são as tensões que foram provocadas pela atividade bancária, mas não somente os bancos. Porque os capitais ociosos depositados nos bancos vieram das indústrias, transformando nos bancos na categoria crédito.

Não é a toa que isso vai acontecer da década de 70 para cá. O consenso de Washington nada mais foi do que a tentativa de regular esses problemas que vieram da década de 70 para cá. Todos esses movimentos vão fazer parte da reação da burguesia mundial à própria ação dela. Todas as ações não má conduzidas, mas perfeitamente conduzidas por ela.

Desenvolver cuidando das necessidades da humanidade é uma tarefa que não será cumprida pela classe capitalista.

Aula Rogério – Block – 18/05/11 – Cap. 6

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Block vai fazer uma análise da balança comercial estadunidense da década de 50 até a década de 70. Ele vai dizer que é de suma importância avaliarmos, porque conseguimos extrair alguns elementos que são de suma importância para entender o contexto mundial.

Ele vai pegar cada conta do balanço de pagamentos e vai destrinchar como esse pagamento evoluiu do auge da economia estadunidense ate a queda do Bretton Woods. Podemos perceber um perfil dos EUA na economia mundial. O segundo ponto é o nível dessa inserção. E em terceiro a forma de controle que os EUA sobrepõe sobre as outras nações. Outro elemento é a fragilidade desse controle. O ultimo aspecto é a constatação de um déficit crônico na balança comercial dos EUA, déficit este que se arrasta até hoje.

Hoje podemos avaliar o montante do déficit do país em relação ao PIB. Para um país começar e terminar o ano com a mesma quantidade de riqueza é necessário um PIB e meio de financiamento, isso por causa do endividamento.

Dentre as contas que o Block vai analisar, podemos analisar a conta do governo. Em relação a ela: são dois elementos: a) gastos militares; b) ajuda externa. Ele vai dizer que conforme termina a segunda guerra, a estrutura bélica dos EUA vai ser utilizar contra o socialismo e vai ser mantida e ampliada; as bases militares dos EUA vai se ampliar significativamente. Essa rede bélica vai requerer um gasto muito elevado, já que são mercadorias caras e são mercadorias dissipadoras, como diria Mészaròs. Isso vai representar um aumento do déficit na balança de pagamentos. (Ele é maior que a conta gastos do governo, em nível hierárquico)

Lembrando que ocorre nessa época a guerra do Vietnã, e os EUA saem derrotados, e um das perdas significativas é o aumento do déficit. Por um lado a guerra atua como incentivo capitalista. Mas a atuação dos bancos torna um mecanismo prejudicial para a balança dos EUA. E neste momento histórico, o que é prejudicial para os EUA, é também prejudicial para o mundo.

Até certo momento esse déficit foi compensado pelo superávit comercial que foi se declinando a medida que a Europa foi se recuperando. As mercadorias européias ao se exporem no mercado passam a ser mercadorias melhores que as estadunidenses. Europa se reergueu num patamar tecnológico bem avançado, enquanto os EUA estavam se debatendo com a ponta de lança dos problemas que não se adequavam as necessidades do capital. (Fordismo, por exemplo, contrapondo-se ao padrão onoista, dominante na Europa)

Como o fluxo de dólares não cessa, só aumenta, e com a Europa ressurgindo com um patamar tecnológico mais avançado os bens de consumo estadunidenses vão encontrar dificuldade de se realizar no mercado mundial, gerando o déficit na balança de pagamentos.

Conforme a balança comercial vai perdendo a capacidade de contrabalançar a balança de pagamentos, o déficit só vai aumentando.

A partir desse momento para frente, nenhum país vai se encontrar sem déficit em virtude da atividade da rede financeira oriunda da acumulação da guerra e pos guerra convertidos em credito e ofertados pelo mundo afora. Tudo isso vai jogar água no moinho da balança deficitária.

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Em 1970 o PIB mundial estava na casa dos 2,6 tri de dólares, em 2009 vai alcançar a casa dos 58 tri de dólares. Em 39 anos salta de 2,6 para 58. Avaliando a formação bruta de capital fixo diminuiu na mesma proporção. A quantidade de riqueza destinada para capital fixo diminuiu. Mostra que toda a formação do PIB vem da esfera financeira. Tendência de hipertrofia do capital, parcela do capital que vai se descolar da esfera produtiva, real. Existe um problema: os capitais ociosos que descolaram do capital produtiva e percorreram uma via de acumulação, no seu processo de valorização, vão produzir mais capitais ociosos, que vão se colocar a disposição da valorização na esfera do capital financeiro. A dinâmica exige um processo de reaproximação da esfera real da financeira, que é as crises. Tende a fechar plantas, empresas tendem a falir, monopólios a se fundir. Isso é um esforço do capital de reaproximar essas proporções. Essa tendência se acentuou muito a partir da década de 70.

Vão seguir décadas após o Bretton Woods sem nenhuma regulamentação.

Todos os dinamismos vão ser regidos pelos bancos, que vão se espalhar pelo mundo e viabilizar de forma muito mais rápida a reprodução do capital financeiro.

Não só os EUA vão agir dessa forma, mas também as outras burguesias serão forçadas a agir da mesma forma.

Aula Rogério 23/05/11 – O neoliberalismo sob hegemonia americana – Levy e Dumenil – estão no livro do Chesnais

Circunscreve-se a realidade dos EUA e dos países europeus. Notar que toda essa evolução que estamos tratando, esses autores vão falar como o capital vai reagir à crise, disparando sua própria crise e depois vai reagir à crise.

O momento histórico é vinculado ao neoliberalismo e trata-se de uma reação à crise do capital, que alguns dirão se tratar da crise do petróleo.

Um dos problemas centrais do Bretton Woods é a proporcionalidade entre as moedas e dólar, que vai ser resolvida em 71, depois disso os EUA vão usar o expediente da taxa de juros para regular a economia. Para atrair os capitais mundiais os EUA vão elevar a taxa de juros. O mundo acostumado a oferta de credito vai ter uma contração de credito e grande parte dos recursos vão migrar para os EUA e os capitais vão se aproveitar dessa migração.

Tudo isso vai fazer com que o mundo entre em um processo de estagnação. Esses acontecimentos vão apontar para um golpe (a elevação da taxa de juros), que vai impor um conjunto de conseqüências a humanidade.

A burguesia acostumada a grandes níveis de credito não vai ter acesso a isso.

Um país com grande diversificação produtiva depende grandemente da oferta de credito. Quando o credito cessa, os países, como no caso do Brasil, terão de reagir. Mas essas reações serão distintas. No geral, os expedientes serão os seguintes:

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1. Controle de salários

2. Erosão gradual dos sistemas de proteção social: leis trabalhistas; terceirização; autonomização da força de trabalho; inflação do ponto de vista interno das economias

3. Ondas de desemprego: vai acontecer por conta da necessidade de ajuste, do ponto de vista da reprodução social, a base objetiva da reprodução social mudou, perfil que vai incorporar microeletrônica, robótica, controle dos horários de trabalho advindos do modelo toyotista que vão gerar desemprego;

4. Crescimento lento: tanto a década de 80 quanto de 90, principalmente a de 90 experimentou crescimento muito lento; porque a burguesia mundial já experimentou períodos de mega desenvolvimento; esses 25 anos de acumulação foram estimulados pelas ditaduras e um cenário que facilitou a acumulação; com as crises, esse as ditaduras se aprimoraram, mas não vai ser possível a burguesia experimentar um período de acumulação maior, isso já não é historicamente possível

5. Crises internacionais

6. Novo militarismo: o elemento da guerra vai responder diretamente as necessidades da burguesia mundial, principalmente da burguesia vinculada aos bancos

Neste cenário, o ponto de referencia é a II GM, no pós-segunda guerra vai surgir a industrialização. As ditaduras facilitam essa transição.

Todo esse movimento de industrialização foi acompanhado por um conjunto de teologias que se baseavam no argumentos mais igualitários possíveis. Idéias de que o neoliberalismo era algo positivo para a humanidade e que era algo positivo a ser adotado. E na década de 90 os diversos países vão passar por um período de crises.

A conclusão é: que os expedientes utilizados pelo capital para lidar com as crises agravam as crises. Estamos na estrita dependência de todas as partes do mundo, porque todas as partes do mundo estão integradas. O complexo de relações está entrelaçado, que qualquer elemento adicionado à “engrenagem” gera crises.

Reafirmação do poder de classes. O neoliberalismo corresponde a reafirmação do poder da finança. (Não atividade financeira, mas as classes sociais dedicados ao sistema financeiro).

Os dois autores vão incorporar uma descoberta que foi muito incorporada por Hilferding: a complexidade da produção aumentou de dada forma que vai requerer uma parcela da classe trabalhadora que vai se dedicar a administração (diretorias, gerências, supervisores e aqueles que estão dedicados a gerencia da produção em si).

Essa fração da sociedade vai começar a participar de forma significativa também da administração dos recursos que circulam no sistema financeiro. O capital passou a desenvolver expedientes de captar recursos advindos da classe trabalhadora. Com a hipertrofia do capital, vai “flertar” com esse jogo do capital financeiro. São personagens importantes porque com o fortalecimento do capital financeiro, é justamente essa pequena burguesia que vai fechar os acordos para que o capital se realize.

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São pessoas que em ultima instancia são pequenos burgueses e passam a reger essas economias periféricas a contento do capital.

Essas pequenas burguesias serão essenciais para a consolidação do neoliberalismo, porque em cada país vão “galvanizar” todo mundo. Respondendo as necessidades das frações de classe.

Juntam tudo e permitem que o capital se mantenham no tempo.

Os autores vão observar que ao longo das décadas de 80 e 90, quando se produz algo, essa mercadoria tem de se realizar e esses recursos tem q remunerar a força de trabalho, o lucro e o juro. Ao longo dessas décadas, o crescimento da produção foi pífio, ao passo que o crescimento do PIB foi monstruoso. O que vai acontecer é a diferença das proporções distintas dos dados já citados (salários, remuneração do juros, etc). A remuneração dos juros é astronômica. As empresas se encontram na mesma situação dos países em relação a divida eterna.

É muito pouco para investir em relação aos dividendos pagos aos acionistas. Característica do sistema: remuneração do capital de credito. Cenário em que se os capitalistas experimentam uma taxa de reposição baixa, não conseguem receber os novos trabalhadores. Não consegue reinvestir seus capitais por conta do pagamento das taxas de juros, por isso o aumento do desemprego. Esses expedientes vão se intensificar de forma violenta no interior da década de 90 e dos anos 2000.