AULA 1 REDAÇÃO CURSO MACIEL

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EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Os sonhos dos adolescentes Se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou vinte anos atrás, resumiria assim: eles sonham pequeno. É curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos, nossos jovens sabem que sua origem não fecha seu destino: sua vida não tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profissão não tem que ser a continuação da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferação extraordinária de ficções e informações, eles conhecem uma pluralidade inédita de vidas possíveis. Apesar disso, em regra, os adolescentes e os pré adolescentes de hoje têm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para nós, adultos, não é sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustrações. Eles são "razoáveis": seu sonho é um ajuste entre suas aspirações heroico-ecológicas e as "necessidades" concretas (segurança do emprego, plano de saúde e aposentadoria). Alguém dirá: melhor lidar com adolescentes tranquilos do que com rebeldes sem causa, não é? Pode ser, mas, seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro: estudem para ter uma vida mais próxima de seus sonhos. É bom que a escola não responda apenas à "dura realidade" do mercado de trabalho, mas também (talvez, sobretudo) aos devaneios de seus estudantes; sem isso, qual seria sua promessa? "Estude para se conformar"? Consequência: a escola é sempre desinteressante para quem para de sonhar. É possível que, por sua própria presença maciça em nossas telas, as ficções tenham perdido sua função essencial e sejam contempladas não como um repertório arrebatador de vidas possíveis, mas como um caleidoscópio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco no domingo e a uma cerveja com os amigos. É também possível (sem contradizer a hipótese anterior) que os adultos não saibam mais sonhar muito além de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nós renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossas falas, as aspirações das quais desistimos, eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada época tem os adolescentes que merece. Adaptado de Contardo Calligaris. Folha de S. Paulo, 11/01/07 INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E EXERCÍCIOS 1. O autor considera que falta aos jovens de hoje: (A) um mínimo de discernimento entre o que é real e o que é puro devaneio. (B) uma confiança maior nas promessas de futuro acenadas pelo mercado de trabalho. (C) a inspiração para viver que lhes oferecem os que descartaram as idealizações. (D) a aspiração de perseguir a realização dos sonhos pessoais mais arrojados. (E) a disposição de se tornarem capazes de usufruir a estabilidade profissional. 2. Atente para as seguintes afirmações: I. As múltiplas ficções e informações que circulam no mundo de hoje impedem que os jovens formulem seus projetos levando em conta um parâmetro mais realista. II. As escolas deveriam ser mais consequentes diante da dura realidade do mercado de

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EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Os sonhos dos adolescentes

Se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou vinte anos atrás, resumiria assim: eles sonham pequeno. É curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos, nossos jovens sabem que sua origem não fecha seu destino: sua vida não tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profissão não tem que ser a continuação da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferação extraordinária de ficções e informações, eles conhecem uma pluralidade inédita de vidas possíveis.

Apesar disso, em regra, os adolescentes e os pré adolescentes de hoje têm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para nós, adultos, não é sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustrações. Eles são "razoáveis": seu sonho é um ajuste entre suas aspirações heroico-ecológicas e as "necessidades" concretas (segurança do emprego, plano de saúde e aposentadoria). Alguém dirá: melhor lidar com adolescentes tranquilos do que com rebeldes sem causa, não é? Pode ser, mas, seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro: estudem para ter uma vida mais próxima de seus sonhos. É bom que a escola não responda apenas à "dura realidade" do mercado detrabalho, mas também (talvez, sobretudo) aos devaneios de seus estudantes; sem isso, qual seria sua promessa? "Estude para se conformar"? Consequência: a escola é sempre desinteressante para quem para de sonhar.

É possível que, por sua própria presença maciça em nossas telas, as ficções tenham perdido sua função essencial e sejam contempladas não como um repertório arrebatador de vidas possíveis, mas como um caleidoscópio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco no domingo e a uma cerveja com os amigos. É também possível (sem contradizer a hipótese anterior) que os adultos não saibam mais sonhar muito além de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nós renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossasfalas, as aspirações das quais desistimos, eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada época tem os adolescentes que merece.

Adaptado de Contardo Calligaris. Folha de S. Paulo, 11/01/07

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E EXERCÍCIOS

1. O autor considera que falta aos jovens de hoje:

(A) um mínimo de discernimento entre o que é real e o que é puro devaneio.(B) uma confiança maior nas promessas de futuro acenadas pelo mercado de trabalho.(C) a inspiração para viver que lhes oferecem os que descartaram as idealizações.(D) a aspiração de perseguir a realização dos sonhos pessoais mais arrojados.(E) a disposição de se tornarem capazes de usufruir a estabilidade profissional. 2. Atente para as seguintes afirmações:

I. As múltiplas ficções e informações que circulam no mundo de hoje impedem que os jovens formulem seus projetos levando em conta um parâmetro mais realista.II. As escolas deveriam ser mais consequentes diante da dura realidade do mercado de trabalho e estimular os jovens a serem mais razoáveis em seus sonhos.III. As ficções que proliferam em nossas telas são assimiladas como divertimento inconsequente, e não como sinalização inspiradora de uma pluralidade de vidas possíveis.Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:

(A) I, II e III.(B) I e II, apenas.(C) III, apenas.(D) II, apenas.(E) I, apenas.

3. No segundo parágrafo, ao estabelecer uma relação entre os jovens e os adultos de hoje, o autor faz ver que:

(A) os sonhos continuam sendo os mesmos, para uns e para outros.(B) os adultos, quando jovens, eram mais conservadores que os jovens de hoje.(C) os jovens esperam muito mais do que os adultos já obtiveram.(D) o patamar de realização de vida atingido pelos adultos tornou-se uma meta para os jovens.

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(E) a resignação dos adultos constitui a razão de frustração dos jovens. 4. A expressão hipótese anterior, que surge entre parênteses, faz referência à seguinte passagem do texto:

(A) É possível que (...) as ficções tenham perdido sua função essencial.(B) Consequência: a escola é sempre desinteressante para quem para de sonhar.(C) Pode ser que (...) eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida (...)(D) Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nósrenunciamos.(E) (...) seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigouma promessa de futuro (...). 5. Certa impropriedade que se verifica no uso da expressão nas entrelinhas das nossas falas poderia ser evitada, sem prejuízo para o sentido pretendido, caso o autor a tivesse substituído por:

(A) entre os parênteses das nossas conversas.(B) no que não se explicita em nossas palavras.(C) nas assumidas reticências do nosso estilo.(D) na falta de ênfase de nossas declarações.(E) no que não se sublinha em nossos discursos.

INFRAERO NÃO EXPLICA O FRACASSO DA LICITAÇÃO

Dezoito dias após o fracasso da licitação para escolha de projetos para ampliação do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, de Florianópolis, a Infraero não tem previsão para publicação de um novo edital. A estatal informou que está revisando o documento a fim de realizar uma nova concorrência, mas não indica quando deverá anunciá-la e não esclarece as razões que levaram ao esvaziamento da licitação.

A Infraero pronunciou-se, ontem, em nota à imprensa, após a repercussão sobre a licitação ocorrida em 28 de abril, na qual nenhuma empresa apresentou proposta para a concorrência. Na avaliação do trade de turismo do Estado, o possível atraso na ampliação do aeroporto da Capital irá comprometer o crescimento do turismo na região. A Infraero não quis comentar as informações apresentadas na nota. Sem os esclarecimentos, uma série de aspectos ficam sem definição. Um deles é se o fracasso da licitação atrasará as obras, que prevê a conclusão da ampliação para 2010. Também permanecem desconhecidos os motivos para o esvaziamento da licitação.

Sabe-se apenas que a estatal apurou as razões com consulta direta às empresas que havia se credenciado à concorrência. Florianópolis, Diário Catarinense, 17/maio/2008, p.16.

1ª Questão: Após ler com atenção o texto, assinale a alternativa que NÃO corresponde ao pensamento nele expresso:

a) A reportagem faz graves acusações à Infraero, por manipular indevidamente a realização da licitação.b) Nota da Infraero esclarece que não houve propostas para concorrer à licitação para a ampliação do Aeroporto Hercílio Luz e, por isso, realizará nova concorrência.c) O crescimento do turismo na região depende, em parte, da ampliação do aeroporto.d) Possivelmente o esvaziamento da licitação decorreu do fato de a Infraero ter realizado consulta direta às empresas.

2ª Questão: Assinale, também com base no texto, a alternativa correta:

a) Após o fracasso da licitação, a Infraero apresentou nota à imprensa, prestando amplos esclarecimentos sobre o esvaziamento ocorrido.b) O fato de nenhuma empresa ter apresentado proposta para a ampliação do Aeroporto Hercílio Luz provocou repercussão na sociedade.c) A Infraero garante que publicará novo edital de licitação e que o prazo para concluir a ampliação permanece o mesmo.d) Na frase “uma série de aspectos ficam sem definição”, o redator fez indevida concordância do sujeito singular com o verbo no plural.

3ª Questão: Assinale a alternativa em que todas as palavras são oxítonas:

a) anunciá-la, já, ímã, deveráb) após, novel, está, também, sutilc) prevê, pôde, conheci, sósd) instalaram, atrasará, sutil, pés

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4ª Questão: Assinale a alternativa que NÃO corresponde à idéia do texto:

a) A atitude da mãe parece cruel, mas demonstra amor.b) “Medo da Senhora” pode significar medo da patroa.c) Para não ver a filhinha sofrer como ela, a mãe preferiu vê-la morta.d) Não há justificativa para o ato de a mãe matar a filhinha.

Bolsa-Floresta

Quando os dados do desmatamento de maio saíram esta semana da gaveta da Casa Civil, onde ficaram trancados por vários dias, ficou-se sabendo que maio foi igual ao abril que passou: perdemos de floresta mais uma área equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Ao ritmo de um Rio por mês, o Brasil vai pondo abaixo a maior floresta tropical. No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruição.

O Estado do Amazonas é o que tem a floresta mais preservada. O número repetido por todos é que lá 98% da floresta estão preservados, 157 milhões de hectares, 1/3 da Amazônia brasileira. A Zona Franca garante que uma parte do mérito lhe cabe, porque criou alternativa de emprego e renda para a população do estado. Há quem acredite que a pressão acabará chegando ao Amazonas depois de desmatados os estados mais acessíveis.

João Batista Tezza, diretor técnico-científico da Fundação Amazonas Sustentável, acha que é preciso trabalhar duro na prevenção do desmatamento. Esse é o projeto da Fundação que foi criada pelo governo, mas não é governamental, e que tem a função de implementar o Bolsa-Floresta, uma transferência de renda para pessoas que vivem perto das áreas de preservação estadual. A ideia é que elas sejam envolvidas no projeto de preservação e que recebam R$ 50 por mês, por família, como uma forma de compensação pelos serviços que prestam. [...]

Tezza é economista e acha que a economia é que trará a solução:— A destruição ocorre porque existem incentivos econômicos; precisamos criar os incentivos da proteção.[...] Nas áreas próximas às reservas estaduais, estão instaladas 4.000 famílias e, além de ganharem o Bolsa- Floresta, vão receber recursos para a organização da comunidade. — Trabalhamos com o conceito dos serviços ambientais prestados pela própria floresta em pé e as emissões evitadas pela proteção contra o desmatamento. Isso é um ativo negociado no mercado voluntário de redução das emissões — diz Tezza.Atualmente a equipe da Fundação está dedicada a um trabalho exaustivo: ir a cada uma das comunidades, viajando dias e dias pelos rios, para cadastrar todas as famílias. A Fundação trabalha mirando dois mapas. Um mostra o desmatamento atual, que é pequeno. Outro projeta o que acontecerá em 2050 se nada for feito. Mesmo no Amazonas, onde a floresta é mais preservada, os riscos são visíveis. Viajei por uma rodovia estadual que liga Manaus a Novo Airão. À beira da estrada, vi áreas recentemente desmatadas, onde a fumaça ainda sai de troncos queimados. [...]

LEITÃO, Miriam. In: Jornal O Globo. 19 jul. 2008. (adaptado)

1) Bolsa-Floresta, título do texto, é o nome dado a um(a)

(A) recurso adotado por empresas privadas para que a população dê suporte aos projetos de desmatamento.(B) mensalidade destinada aos moradores das cercanias de áreas de preservação por sua ajuda.(C) medida social para apoio às populações da floresta, que não têm de onde obter sobrevivência.(D) doação governamental regular feita às pessoas que moram na floresta, como se fosse uma bolsa deestudos.(E) ajuda realizada por organizações não governamentais para que a população de baixa renda possa se mantermelhor.

2) A expressão em destaque no trecho “Quando os dados do desmatamento de maio saíram esta semana da gaveta ...” pode ser adequadamente substituída, sem alteração do sentido, por

(A) foram finalmente examinados.(B) foram apresentados às autoridades.(C) foram tirados da situação de abandono.(D) encaminharam-se ao setor técnico.(E) chegaram ao conhecimento público.

3) No 2º parágrafo, o mérito da Zona Franca na preservação florestal do estado do Amazonas deve-se ao fato de ter

(A) oferecido oportunidades de ganho para a população, afastando-a do desmatamento.(B) atraído compradores de todas as partes do Brasil com o seu comércio florescente.(C) criado uma área de comércio de bens livres de impostos, o que favoreceu novas aquisições para a população.(D) feito a promoção do desenvolvimento econômico da região, melhorando sua contribuição para o PIB brasileiro.

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(E) aberto o mercado interno nacional para a entrada de produtos estrangeiros de alta tecnologia.

4) “No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruição.” Tal iniciativa é a(o)

(A) manutenção da Zona Franca.(B) criação do Bolsa-Floresta.(C) expansão de 1/3 da Amazônia.(D) preservação da floresta.(E) comprometimento do governo estadual.

5) Com a leitura do parágrafo que contém a oração “porque criou alternativa de emprego e renda para a população do estado.” pode-se inferir que, no texto, a outra alternativa seria

(A) buscar outra fonte de renda.(B) desmatar a floresta.(C) emigrar para outro estado.(D) trabalhar na Zona Franca.

Os sonhos dos adolescentes

Se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou vinte anos atrás, resumiria assim: eles sonham pequeno. É curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos, nossos jovens sabem que sua origem não fecha seu destino: sua vida não tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profissão não tem que ser a continuação da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferação extraordinária de ficções e informações, eles conhecem uma pluralidade inédita de vidas possíveis.

Apesar disso, em regra, os adolescentes e os pré adolescentes de hoje têm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para nós, adultos, não é sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustrações. Eles são "razoáveis": seu sonho é um ajuste entre suas aspirações heroico-ecológicas e as "necessidades" concretas (segurança do emprego, plano de saúde e aposentadoria). Alguém dirá: melhor lidar com adolescentes tranquilos do que com rebeldes sem causa, não é? Pode ser, mas, seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro: estudem para ter uma vida mais próxima de seus sonhos. É bom que a escola não responda apenas à "dura realidade" do mercado detrabalho, mas também (talvez, sobretudo) aos devaneios de seus estudantes; sem isso, qual seria sua promessa? "Estude para se conformar"? Consequência: a escola é sempre desinteressante para quem para de sonhar.

É possível que, por sua própria presença maciça em nossas telas, as ficções tenham perdido sua função essencial e sejam contempladas não como um repertório arrebatador de vidas possíveis, mas como um caleidoscópio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco no domingo e a uma cerveja com os amigos. É também possível (sem contradizer a hipótese anterior) que os adultos não saibam mais sonhar muito além de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nós renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossasfalas, as aspirações das quais desistimos, eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada época tem os adolescentes que merece.

Adaptado de Contardo Calligaris. Folha de S. Paulo, 11/01/07

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E EXERCÍCIOS

1. O autor considera que falta aos jovens de hoje:

(A) um mínimo de discernimento entre o que é real e o que é puro devaneio.(B) uma confiança maior nas promessas de futuro acenadas pelo mercado de trabalho.(C) a inspiração para viver que lhes oferecem os que descartaram as idealizações.(D) a aspiração de perseguir a realização dos sonhos pessoais mais arrojados.(E) a disposição de se tornarem capazes de usufruir a estabilidade profissional. 2. Atente para as seguintes afirmações:

I. As múltiplas ficções e informações que circulam no mundo de hoje impedem que os jovens formulemseus projetos levando em conta um parâmetro mais realista.II. As escolas deveriam ser mais consequentes diante da dura realidade do mercado de trabalho e estimular os

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jovens a serem mais razoáveis em seus sonhos.III. As ficções que proliferam em nossas telas são assimiladas como divertimento inconsequente, e não como sinalização inspiradora de uma pluralidade de vidas possíveis.Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:

(A) I, II e III.(B) I e II, apenas.(C) III, apenas.(D) II, apenas.(E) I, apenas.

3. No segundo parágrafo, ao estabelecer uma relação entre os jovens e os adultos de hoje, o autor faz ver que:

(A) os sonhos continuam sendo os mesmos, para uns e para outros.(B) os adultos, quando jovens, eram mais conservadores que os jovens de hoje.(C) os jovens esperam muito mais do que os adultos já obtiveram.(D) o patamar de realização de vida atingido pelos adultos tornou-se uma meta para os jovens.(E) a resignação dos adultos constitui a razão de frustração dos jovens. 4. A expressão hipótese anterior, que surge entre parênteses, faz referência à seguinte passagem do texto:

(A) É possível que (...) as ficções tenham perdido sua função essencial.(B) Consequência: a escola é sempre desinteressante para quem para de sonhar.(C) Pode ser que (...) eles se deparem apenas com versões melhoradas da mesma vida (...)(D) Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais nósrenunciamos.(E) (...) seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigouma promessa de futuro (...). 5. Certa impropriedade que se verifica no uso da expressão nas entrelinhas das nossas falas poderia ser evitada, sem prejuízo para o sentido pretendido, caso o autor a tivesse substituído por:

(A) entre os parênteses das nossas conversas.(B) no que não se explicita em nossas palavras.(C) nas assumidas reticências do nosso estilo.(D) na falta de ênfase de nossas declarações.(E) no que não se sublinha em nossos discursos.

DROGAS: A MÍDIA ESTÁ DENTRO

   Há poucos dias, assistindo a um desses debates universitários que a gente pensa que não vão dar em nada, ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça. Ouvi-o de um professor - um professor brilhante, é bom que se diga. Ele se saía muito bem, tecendo considerações críticas sobre o provão. Aliás, o debate era sobre o provão, mas isso não vem ao caso. O que me interessou foi um comentário marginal que ele fez - e o exemplo que escolheu para ilustrar seu comentário. Primeiro, ele disse que a publicidade não pode tudo, ou melhor, que nem todas as atitudes humanas são ditadas pela propaganda. Sim, a tese é óbvia, ninguém discorda disso, mas o mais interessante veio depois. Para corroborar sua constatação, o professor lembrou que muita gente cheira cocaína e, no entanto, não há propaganda de cocaína na TV. Qual a conclusão lógica? Isso mesmo: nem todo hábito de consumo é ditado pela publicidade.

A favor da mesma tese, poderíamos dizer que, muitas vezes, a publicidade tenta e não consegue mudar os hábitos do público. Inúmeros esforços publicitários não resultam em nada. Continuemos no campo das substâncias ilícitas. Existem insistentes campanhas antidrogas nos meios de comunicação, algumas um tanto soporíferas, outras mais terroristas, e todas fracassam. Moral da história? Nem que seja para consumir produtos químicos ilegais, ainda somos minimamente livres diante do poder da mídia. Temos alguma autonomia para formar nossas decisões.

Tudo certo? Creio que não. Concordo que a mídia não pode tudo, concordo que as pessoas conseguem guardar alguma independência em sua relação com a publicidade, mas acho que o professor cometeu duas impropriedades: anunciou uma tese fácil demais e, para demonstrá-la, escolheu um exemplo ingênuo demais. Embora não vejamos um comercial promovendo explicitamente o consumo de cocaína, ou de maconha, ou de heroína, ou de crack, a verdade é que os meios de comunicação nos bombardeiam, durante 24 horas por dia, com a propaganda não de drogas, mas do efeito das drogas. A publicidade, nesse sentido, não refreia, mas reforça o desejo pelo efeito das drogas. Por favor, não se pode culpar os publicitários por isso - eles, assim como todo mundo, não sabem o que fazem.

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Exercícios

1. (INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS) DROGAS: A MÍDIA ESTÁ DENTRO; com esse título o autor:

A) condena a mídia por sua participação na difusão do consumo de drogas;B) mostra que a mídia se envolve, de algum modo, com o tema das drogas;C) faz um jogo de palavras, denunciando o incentivo ao consumo de drogas pela mídia;D) demonstra a utilidade da mídia em campanhas antidrogas;E) indica que a mídia é bastante conhecedora do tema das drogas.

2. (INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS) ''Há poucos dias...''; há verbos denominados impessoais (como o verbo haver, nesta frase) que permanecem com a forma equivalente à terceira pessoa do singular, não concordando com qualquer termo da frase. O item abaixo que apresenta um outro verbo empregado impessoalmente é:

A) A droga nunca traz bons resultados;B) Choveu dinheiro na premiação da loteria;C) Iniciei a campanha na semana passada;D) O homem não deve ter medo de nada;E) Nesta rua tem um bosque.

3. (INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS) ''Há poucos dias, assistindo a um desses debates universitários...''; se desenvolvermos a forma do gerúndio assistindo de forma adequada ao texto, teremos:

A) depois de assistir;B) assim que assisti;C) enquanto assistia;D) logo que assisti;E) porque assisti.

4. ''...assistindo a um desses debates universitários...''; a regência cuida do emprego correto das preposições após certos nomes ou verbos. A frase a seguir em que há erro de regência é:

A) O público acompanha a novela que gosta;B) A publicidade lembra ao consumidor o que deve comprar;C) As pessoas preferem TV a teatro;D) Nem todos aspiram cocaína;E) A publicidade nunca se esquece de seu dever.

5. (INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS) ''Ele se saía muito bem tecendo considerações críticas sobre o provão,...''; o gerúndio tecendo mostra uma ação:

A) que antecede a do verbo da oração anterior;B) posterior à do verbo da oração anterior;C) que é a consequência da ação da oração anterior;D) simultânea à do verbo da oração anterior;E) que mostra oposição à ação da oração anterior.

6. (INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS) ''Há poucos dias, assistindo a um desses debates universitários que a gente pensa que não vão dar em nada, ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça.''; o comentário correto sobre esse segmento do texto é:

A) os três quês do texto pertencem à idêntica classe gramatical;B) a expressão a gente, por dar ideia de quantidade, deve levar o verbo para o plural;C) a forma verbal vão deveria ser substituída pela forma vai;D) a forma verbal vão dar transmite ideia de possibilidade;E) a última oração do texto restringe o sentido do substantivo raciocínio.

7. ''Ouvi-o de um professor...''; o item abaixo em que houve um mau emprego do verbo com o pronome oblíquo é:

A) Os comentários, escutei-os de um professor;B) As revistas, compramo-las no jornaleiro;C) Ao professor, dei-o um conselho;D) Os debates, assistiram-nos muitas pessoas;E) Os resultados, discuti-os com a turma.

8. A expressão destacada que tem seu significado corretamente expresso é:

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A) ''...que a gente pensa que não vão dar em nada.''- que não vão chegar a ser publicados;B) ''...ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça.''-que me deixou com dor de cabeça;C) ''...o debate era sobre o provão, mas isso não vem ao caso.''- tem pouca importância;D) ''...um professor brilhante, é bom que se diga.'' - é importante destacar isso;E) ''Ele se saía muito bem...''- ele desviava do assunto principal.

9. ''O que me interessou foi um comentário marginal...''; o vocábulo destacado significa:

A) subliminar;B) maldoso;C) anormal;D) desprezível;E) paralelo.

10. (INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS) ''O que me interessou foi um comentário marginal que ele fez - e o exemplo que escolheu para ilustrar seu comentário.'' ; a forma menos adequada de reescrevermos o texto acima, respeitando-se o sentido original, é:

A) Interessou-me um comentário marginal que ele fez - e o exemplo escolhido para ilustrar seu comentário;B) Interessaram-me não só um comentário marginal que ele fez, como também o exemplo que escolheu para a ilustração de seu comentário;C) O que me interessou foram um comentário marginal (que ele fez) e o exemplo (que escolheu para ilustrar seu comentário);D) Um comentário marginal que ele fez e o exemplo que escolheu para ilustrar seu comentário foi o que me interessou;E) Um comentário marginal feito por ele e o exemplo escolhido para a ilustração de seu comentário foi o que me interessou.