Aula 07 - Constituição do pensamento comunicacional - Adorno, Lima e Mattelart

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Theodor W. Adorno Fabricio Tarouco e Rosana Vieira

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Experiências científicas em comunicação nos Estados Unidos - EUA

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Theodor W. Adorno

Fabricio Tarouco e Rosana Vieira

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Foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão.

Orientação totalmente especulativa

Interpretava fenômenos.

Em 1937 recebe convite para transferir-se para os Estados Unidos para participar de Projeto Radiofônico de Pesquisa.

Havia publicado em 1936 uma interpretação sociológica do Jazz.

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Suas pesquisas na área da música permaneciam da esfera do material que influi sobre os ouvintes, os “stimulus”, sem utilizar métodos estatísticos.

Objeção que sempre escutava:

Onde está a evidência???

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Em 1938, muda-se de Londres para New York, passa a desempenhar metade das suas funções no Instituto de Pesquisas Sociais e metade no Princeton Radio Research Project.

Iniciou por conceitualizar as recentes observações sócio-musicais e esboçar um sistema de referências para investigações particulares.

Theodor sublinava a problemática da produção da industria cultural, enquanto Benjamin, tratava de salvar essa esfera.

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Suas primeiras impressões sobre as investigações em andamento não foram de muita compreensão.

Entendeu o suficiente para perceber que se tratava de coleta de dados em benefício da industria e dos assessores culturais. (Uso do termo Pesquisa Administrativa).

Por contrato, as pesquisas deveriam cumprir-se no marco do sistema comercial estabelecido no Estados Unidos.

Depara-se com a cobrança por um método, por técnicas práticas de investigação.

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Decidido a estudar as reações dos ouvintes.

Para isso realizou uma série de entrevistas,

das mais informais e assistemáticas.

Opõe-se a contatar reações, a medi-las, sem colocá-las em relação com os estímulos, fugindo da objetividade.

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Seria conveniente que a investigação elucidasse, em primeiro lugar, até que ponto as reações subjetivas dos indivíduos são, na realidade, tão espontâneas e imediatas como dão a entender os sujeitos; até que ponto esconde não só os mecanismos de propaganda e a força de sugestão do aparato, senão também as conotações objetivas dos meios e o material com que são confrontados os ouvintes.

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Havia outro obstáculo que impedia a passagem da reflexão teórica para a empiria: a dificuldade de verbalizar o efeito que a música produz subjetivamente no ouvinte, na obscuridade da vivência da música.

Não sabia se era possível expressar com questionários as perguntas essenciais.

Não lhe pediam teorias sobre a relação entre a música e sociedade. Esperavam dele informações utilizáveis.

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As opiniões e comportamentos dos sujeitos são também sempre algo objetivo. Por outro lado, nas reações subjetivas, cintilam objetividades sociais, inclusive detalhes concretos.

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Na investigação da comunicação:

A sociologia da comunicação de massas, nos EUA, não podem ser separados da estandardização, das transformações das criações artísticas em bens de consumo.

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Consciência coisificada, incapaz da experiência espontânea.

“Introvertido ou extrovertido?”

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Confrontado com a exigência de medir a cultura, conclui que a cultura pertence a um estado que exclui uma mentalidade que possa ser medida.

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Saturação de Adorno para observações da vida musical americana e sobre o sistema de radiodifusão.

Redigiu teoremas e teses, mas não foi capaz de confeccionar questionários e esquemas para entrevistas.

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Resistência dos colaboradores, só o pessoal da secretaria o respondia prontamente.

A medida que subia a hierarquia, mais resistência sofria.

Um auxiliar, em que ajudar nos questionamentos, escreveu uma espécie de memorando de protesto contrapondo seu ideário científico as especulações de Adorno.

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Adorno fez prognósticos sobre resultados de pesquisas e com sua percepção chegou aos mesmos resultados que os levantamentos apontaram.

Mas passaram a vê-lo mais como um homem de intuição, um “bruxo”, e suas análises de música, foram consideradas “expert opinion”, apenas uma opinião de um estudioso.

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Desaparecimento do homem intelectual.

Ficou especialmente nítido na diferença entre o homem intelectual e o técnico de investigação.

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Mal ousava formular coisas em linguagem norte-americana, plasticamente e sem enfeites.

Chegada do Dr. George Simpson para seu assistente trouxe ânimo. Simpson o incentivou a escrever incisivamente e sem concessões, contribuindo para que isso ocorresse.

Entre 1938 e 1940, deixou pronto quatro estudos maiores:

Um crítica social da música de rádio

Sobre música popular

NBC music appreciation hour

The Radio Simphony

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O último trabalho provocou uma indignação imediatamente.

Os 4 trabalhos eram fragmentários e não conseguiram chegar a uma sociologia e a uma psicologia social sistematicamente elaboradas da música radiofonica.

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Os trabalhos do Music Study não estavam circunscritos nos trabalhos assinados por Adorno, existiam outros.

Ex. 1 Pesquisa que analisava a aptidão musical para aqueles que a conhecem pessoalmente e aqueles que apenas escutam pelo rádio.

Ex. 2 Outra pesquisa concretizou a tese de que o gosto musical está sujeito a manipulação.

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Entre 1941 e 1945 Adorno e sua esposa se mudam para a Califórnia.

Ele se dedica nesse período a escrever, junto com Horkheimer, a “Dialética do Esclarecimento”.

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Livro: A personalidade Autoritária, discutindo elementos anti-semitas, facistas, ... E relacionando com interpretações das pesquisas anteriores na música.

Predomínio das tendências objetivas de desenvolvimento sobre as pessoas individuais.

Quanto mais o homem é dependente do conjunto do sistema, mas se impõe que tudo dependeria deles.

Sem mediação subjetiva do sistema social objetivo, seria impossível manter os sujeitos nos freios.

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Reuniram dois institutos num pool a fim de oferecer mais recursos para pesquisas de grande envergadura.

Team Work, 4 pesquisadores, com participação igualitária escreveram Authoritarian Personality, creditada igualmente a todos.

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Levavam muito a sério o momento qualitativo. As categorias que serviam de base aos estudos quantitativos eram por sua vez de índole qualitativa e derivavam da caracterologia analítica.

Houve tentativa para quantificar dados que teve oposição de Adorno por considerar que se perderia vantagens complementares.

Aconteciam, amiúde, colóquios em Los Angeles, para todos interessados, para discutir suas pesquisas.

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A Escala F exerceu a máxima influência em Authoritarian Personality, sendo aplicada e modificada várias vezes, de forma conjunta pelos pesquisadores. Serviu de base para a medição de um potencial autoritário na Alemanha.

“Desenvolveram a Escala F com uma liberdade que se

afastou notavelmente das representações de uma ciência pedante que deve dar conta de cada um de seus passos.

Houve muitos momentos lúdicos na construção da Escala F. Horas inteiras imaginando dimensões, variáveis e síndromes, assim como questionários, que não precisavam ter relação direta com os temas principais.

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Muitas vezes descartaram itens mais profundos e originais para preferir os que tinham mais nitidez e proximidade com a opinião pública. AFIRMAM: Qualquer sociologia empírica parece obrigada a escolher entre a confiabilidade e a profundidade de seus dados.

Acreditavam superar, mediante a combinação de métodos quantitativos e qualitativos, o antagonismo do generalizável e do especificamente significativo.

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O mérito de Authoritariam Personality não consiste na precisão das análises positivas, nem nos índices quantitativos, senão, antes de mais nada, em sua problemática.

De lá pra cá, tentou-se várias vezes testar certos teoremas psicanalíticos através de métodos empíricos.

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Criticam que nos EUA as pesquisas apresentam falha crônica, pois os entrevistados são estudantes em proporção maior que a aconselhável. Mais tarde, eles trataram de remediar isso, organizando, de acordo com sistema de cotas, grupos de entrevistados dos mais diversos estratos da população.

Houve objeções de que a teoria pressuposta por instrumentos de investigação deveria ser validada por estes.

Resposta: Tampouco pretendemos provar ou refutar a teoria pelos resultados, mas sim derivar dela questionamentos concretos, que logo caminhem por seus próprios pés e demonstrassem certas estruturas psicológico-sociais.

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Os problemas metodológicos, formulados segundo o modelo hípótese-prova-conclusão, motivaram crítica filosófica de Adorno ao conceito científico convencional do absolutamente primeiro. (Crítica no livro Teoria do Conhecimento)

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Adorno colocou-se na situação de Astrólogo Popular, que deve proporcionar aos leitores uma satisfação imediata, se dirigindo a pessoas que não conhece, com conselhos específicos adequados a cada individuo.

Como conclusão, chega-se a astrologia comercial e estandardizada, reforçando ideias conformistas.

Utilizou-se de métodos qualitativos para decifrar truques básicos que se repetiam no material escolhido. Concluindo que os astrólogos assemelham-se, em mais de um aspecto, ao demagogo e ao agitador.

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Regressou a Europa em 1953.

Passou a não mais considerar natural nenhuma situação que fosse fruto do devir.

Libertou-se (nos EUA) da ingênua credulidade cultural. Adquiriu a capacidade de ver a cultura desde o lado de fora.

Conheceu um potencial de humanidade real, onde a forma política da democracia está mais próxima das pessoas.

A força de resistência contra correntes fascistas é maior nos Estados Unidos que em qualquer país Europeu.

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Na forma do empirismo transportado à práxis científica nos Estados Unidos, Adorno diz ter aprendido que a amplitude total, não regulamentada, da experiência, vê-se reduzida pelas regras de jogo empiristas a limites mais estreitos que aqueles que impõe o próprio conceito de experiência.

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Luiz Costa Lima

Fabricio Tarouco e Rosana Vieira

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Que é a cultura de massa? Quando inicia?

Séc. XVII: formação do espírito burguês disfarçado pela questão

religiosa;

O advento de uma cultura burguesa em meados do séc. XVIII é, então, resultado da sua consciência de classe;

Surge aí, decorrência da cultura burguesa, a cultura de massa? Não.

Pois neste momento existe uma ausência de economia de mercado, que permitisse o acesso de vários setores sociais a uma pluralidade de mercadorias.

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A residência histórica da cultura de massa

Que é a cultura de massa? Quando inicia?

Somente a partir do século XIX a economia de

mercado existe como totalidade.

Assim, a cultura de massa inicia, em algum momento, com a economia de mercado a qual permitirá acesso de vários setores sociais a uma pluralidade de mercadorias, a partir do séc. XIX

Quando se desenvolve, dentro da economia de mercado, a cultura de massa?

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Para entender a cultura de massa, deve-se compreender o que caracteriza a economia de

mercado

Racionalização contábil, desenvolvimento tecnológico,

reorganização jurídica e político-administrativa harmonizadas, mão de obra forçada a vender sua força de trabalho

Uma das características decisivas do capitalismo, para Weber, é a “democratização do luxo”

Divisão cultural ainda baseada na distância entre campo (cultura popular, folclórica) e cidade (cultura urbana, superior ou escolarizada)

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NÃO, ainda existe uma distância entre campo e cidade, entre provinciano e citadino, entre cultura folclórica e cultura escolarizada que precisa ser superada.

Neste caso, o operário perde progressivamente os

vínculos com a cultura folclórica a medida que se afasta do campo.

JÁ existem sim os veículos (os mass mídia), que aprendem

o jeito de cativar a tudo e a todos. Mas INEXISTE a integração inconsciente de suas mensagens numa modalidade de

cultura.

Então já existe a cultura de massa?

A residência histórica da cultura de massa

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À medida que o proletariado avança para os meios urbanos, não se identifica com nenhum dos dois pólos (cultura popular X escolarizada)

Assim com o desenvolvimento tecnológico constituiu requisito básico na constituição do capitalismo, os desenvolvimentos nos processos de comunicação foram decisivos para o campo da cultura de massa.

A mensagem perde seu caráter de parcelada distribuída em pontos reconhecidos (teatro, biblioteca, museu, sala de concerto, etc) através de instrumentos reconhecidos (jornal, livro, revista, gravura, cartaz) que se podem evitar ou escolher

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Os avanços tecnológicos e os processos de comunicação começam a dar forma a cultura de massa.

Tecnicamente passa-se a era da comunicação multidirecional. Deixa de ser parcelada (teatro, biblioteca, museu, ...) ou por meios que se pode evitar ou escolher (livros, jornais, revistas, ...).

A televisão e as viagens tornam o mundo curto e amplo, ao mesmo tempo. Assim, o sistema social integrou os veículos de comunicação de massa.

A cultura de massa

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1. Base tecnológica (mercadorias)

2. Sistema social que a utiliza (sociedade de consumo)

3. Cultura de massa

Base tecnológica e o sistema social que a utiliza

(sociedade de consumo) atuam como fonte de transformações

A sociedade de consumo constitui a mediação social da base tecnológica

São dois os sistemas mediatizadores: A sociedade de consumo é passível de instrumentação

sociológica; a cultura de massa exige instrumental semiológico

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A cultura de massa é fundamentada pelo desenvolvimento tecnológico o qual permita produção em escala vertical

A cultura de massa supõe camadas de heterogeneidade

“as coisas só têm sentido para o homem pela diferença que as separa e distingue doutras coisas”

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Enfim, a época em que os mass media começam a tornar-se relevantes é a época da construção do espírito capitalista, desde o renascimento até o século passado.

Caracterizado pela crescente mobilidade pessoal, pela rápida acumulação de capital, mudanças tecnológicas e uma exploração quase constante de bens e pessoas, assim como exploração, colonização e imperialismo.

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O consumo é estimulado em seus diversos níveis, desde o geral - compra de enlatados, de detergentes, de eletrodomésticos, geladeiras e automóveis – até o mais sofisticadamente diferenciador.

Só houve cultura de massa com a sociedade de consumo e fundamentada pelo desenvolvimento tecnológico.

Conclusão

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Armand e Michèle Mattelart

Fabricio Tarouco e Rosana Vieira

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I. Na encruzilhada dos discursos científicos

II. Novos paradigmas

III. A redefinição de uma relação: intelectuais/cultura midiática

IV. O declínio dos macrossujeitos?

V. Os sobreviventes da dialética

Pensar as mídias destaca a importância da reflexão epistemológica e a necessidade do distanciamento crítico

para compreender as transformações nos sistemas de comunicação

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Busca de transdisciplinaridade: embora tenha sido negligenciada a abordagem econômica na França, no âmbito da comunicação, o mesmo não ocorreu com a língua e o discurso, dando origem a uma ciência da cultura de inspiração semiológica (Roland Barthes)

A transdisciplinaridade procura estimular uma nova compreensão da realidade articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade

Como buscar transdisciplinaridade e, ao mesmo tempo, construir e manter a identidade da disciplina/campo de

estudo?

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A tentação metafórica: busca de cientificidade

pela aproximação com as «ciências duras» Ex: movimento de intercâmbio entre biologia (código genético) e lingüística na déc. 60

“Pois imagine você o que acontece a todos nós, os da ciências ditas humanas: temos constantemente a sensação de que há ´verdadeiras´ciências, que são as do físico, do biólogo ou do astrônomo, e que nós usurpamos um título ao qual não temos nenhum direito. Vocês chegam a certezas, ao passo que nós vegetemos na ordem das conjecturas e das probabilidades”

(Lévi-Strauss)

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Quanto ao exagero das sínteses precipitadas que misturam termodinâmica, teoria dos sistemas, cibernética e biologia, descontextualizando conceitos de seus quadros de referência, e criando discursos ambíguos (verbalismos), os autores advertem:

◦ há o esquecimento do local de produção histórica, econômica, lingüística e intelectual, a «recusa de uma verdadeira epistemologia»

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“Transgredindo as fronteiras: em direção a uma hermenêutica transformativa da gravitação quântica” O artigo-fraude do físico Alan Sokal foi publicado na edição de “Guerras da Ciência” da Social Text e argumentava que a gravidade quântica seria uma construção social e linguística.

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Na época da publicação, Sokal anunciou em outra publicação (Língua Franca) que o artigo era uma fraude, qualificando-o como “um pasticho de jargões esquerdistas, referências aduladoras, citações pomposas e completo nonsense", tendo sido “estruturado em torno das citações mais tolas que eu pude encontrar sobre Matemática e Física. Era uma crítica ao uso indiscrimidado de metáforas e conceitos oriundos de outros campos pelo meio acadêmico (pós-modernos), sobretudo francês

O escândalo decorrente da publicação levantou um debate sobre ética acadêmica e sobre a qualidade da pesquisa publicada no campo das Humanidades. O caso Sokal rendeu aos editores da Social Text o “Prêmio IgNobel” de Literatura em 1996.

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Movimento de revisão das ciências da comunicação iniciou na déc. de 70, novos paradigmas surgem a todo momento

Um chamado do empirismo americano às escolas críticas européias (de tradição filosófica) ignorando que estas não estão imunes às crises de paradigmas ◦ O estruturalismo já não é mais uma certeza ◦ A liguística estrutural eliminou do seu campo de análise

o contexto dos sujeitos «a lingüística estudou as frases e o sistema de regras e injunções que sustenta sua forma, isolando-os do seu local de produção», pois assume pressupostos matemáticos

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A dupla face (mecânica X fluido) do pensamento pós-industrial:

◦ Linearidade da história e busca do progresso X descontinuidade e eventual retrocesso

◦ Valorizaçao da posse de bens X valorização do ser e qualidade de vida

◦ Massas X redes de afinidades

A revolução tecnológica não é a única responsável pelas novas abordagens e seus paradigmas, pois ela sozinha não produz o novo social

O que a virada epistemológica traz de novo é a relação indissociável do social com o técnico

◦ O designer coloca no artefato sua representação de um uso social que interpela o usuário; este responderá conformando-se ou contornando-a

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A dupla face do pensamento pós-industrial, contudo, coexiste;

O paradigma do fluido representa uma ruptura da imagem de um poder localizado em um único e visível ponto da sociedade;

◦ Contribuição: questionar as certezas que dominaram o pensamento crítico

Com a valorização do sujeito, o estudo da vida cotidiana ganha importância, sobretudo, do banal, o comum

◦ Ameaças: favorecimento de um «narcisismo do sujeito», utopia da autonomia da resistência frente às estruturas

Receptor/Consumidor passivo X ativo: o lugar dos diferentes sujeitos no processo de produção midiático

Para Certeau o sistema econômico social e seu poder de repressão continuam vigentes, mas a sua capacidade de controle, de informação e de reprodução não é onipotente como nas perspectivas funcionalistas, apocalípticas e pós-modernas

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Os intelectuais estão abertos às novas perspectivas trazidas pela industrialização da produção cultural?

◦ “Apocalípticos” (degeneração mercantil da cultura)X “integrados” (virtudes democratizantes da cultura de massa) (Umberto Eco)

Integrados: o progresso tecnológico traz progresso social e uma nova cidadania

Apocalípticos: o capital “passou a mão na cultura” tirando do consumidor a possibilidade de liberação e experiência autêntica

“A distância entre o emitido e o recebido, as práticas dos receptores e seu papel na produção de sentido e de usos nos espaços individuais, familiares e coletivos, as representações que a instituição se faz do

gosto do público e o papel delas na orientação da produção audiovisual são questões que abalam atualmente as abordagens da

produção cultural de massa”.

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Mais do que denunciar a alienação (das telenovelas, por exemplo) é preciso ver como uma nova comunidade se cria

Sobre este olhar diferente e necessário do intelectual diante das práticas cotidianas e populares, os autores retomam as posições de Adorno/Horkheimer e Walter Benjamin diante da reprodução mecanizada da obra de arte:

◦ Diferentemente de seus colegas, para Benjamin, o valor cultural da obra de arte havia sido substituído por seu valor de espetáculo e isso não era necessariamente ruim; defendia a legitimidade de outras formas culturais que não a da “cultura superior”

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Na sociedade contemporânea ocorrem profundas mudanças nos sistemas de comunicação e vivemos uma "crise de identificação de macrossujeitos“

O Estado decadente irá importar as técnicas de gestão: “o setor privado deve inspirar-se nas finalidades do setor público; o setor público deve utilizar os métodos do setor privado” (Lauffer)

A mídia emerge como um novo e poderoso macrossujeito; portanto, é inconcebível falar de processos sócio-históricos sem considerar o fenômeno da comunicação mediada.

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“Entre o momento em que aparecem as noções de dependência e de imperialismo culturais há também

o longo período de incubação durante o qual o terceiro mundo não mais se contentou em denunciar os mecanismos de sua dominação internacional, mas

começou a criar relações de força que lhe fossem mais favoráveis no jogo nas negociações com os

macrossujeitos econômicos”.

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Mattelart optou por um método histórico de pesquisa teórica, investigando a história das idéias, das estratégias, dos objetos, das técnicas, dos espaços, das doutrinas, dos sistemas, das redes, das máquinas, da política, da economia, etc.

Em “Pensar as mídias” Mattelart investiga a história da comunicação, pensada como parte da história do sistema capitalista mundial

Dessa forma, situa os principais paradigmas, autores e comunidades de pensamento que versaram sobre a problemática da comunicação

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“Na década de 80 Mattelart poderia ter optado pela linha pós-modernista apologista do poder onímodo da

tecnologia, poderia ter continuado com o esquema estruturalista e seus esquemas "sólidos" e imutáveis,

poderia ter assumido um radicalismo marxista de forma, epidérmico, mas ele continua sua linha revolucionária de pensador crítico questionando suas próprias proposições,

suas linhas de estudo, seus paradigmas teóricos, seus comportamentos militantes e suas cosmovisões. (...) A

coragem de nosso autor foi realizar uma revolução interna sem cair na saída fácil do diletantismo intelectual da

corrente pós-moderna ou na prostituição intelectual dos funcionalismos de toda espécie” (MALDONADO, 2008)

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Quem

somos nós?

Parte 1

Quem

somos nós?

Parte 2

Quem

somos nós?

Parte 5

Quem

somos nós?

Parte 6

Quem

somos nós?

Parte 3

Quem

somos nós?

Parte 4

Quem

somos nós?

Parte 7

Quem

somos nós?

Parte 8

Quem somos nós?

Parte 9

Quem somos nós?

Parte 10

Quem somos nós?

Parte 11

Quem somos nós?

Parte 12