Aula_ 01 – O Conjunto Dos Números Complexos (ℂ) Arquivo
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UNIVERSIDADE METROPOLITANA
Núcleo de Educação a Distância
2 MATEMÁTICA
Aula 1 – O conjunto dos Números Complexos (ℂ)
Assim como os conjuntos numéricos que estudamos até agora, o conjunto dos
Números Complexos é uma extensão de outro conjunto numérico, o conjunto dos Números
Reais.
A título de revisão, temos o conjunto dos números naturais ℕ = {0,1,2,3 … } que
“ganha” números negativos e se estende para o conjunto dos números inteiros ℤ =
{… ,−2,−1, 0, 1, 2, … }. Este, por sua vez, se estende para o conjunto dos números racionais
formado por todos os números da forma 𝑎𝑏 com 𝑎 e 𝑏 inteiros e 𝑏 ≠ 0. A união deste conjunto
com o conjunto de números que não podem ser escritos desta forma (fração) e que se chamam
irracionais, dá origem ao conjunto dos Números Reais.
Por que estender conjuntos numéricos?
No conjunto dos números naturais (ℕ) a subtração nem sempre é possível, por isso
são incorporados a esse conjunto números negativos e, consequentemente, surge o conjunto
dos Números Inteiros (ℤ).
Em ℤ, não podemos dividir sempre, daí surgem os números racionais, onde podemos
fazer todas as divisões possíveis 𝑎𝑏 desde que 𝑏 não seja nulo.
É importante perceber que todo número natural é também um inteiro, assim como todo
inteiro é um racional.
Da mesma forma, não se pode realizar todas as operações com números racionais e
obter como resultado um racional. Por exemplo, √2 = 1,414213562373 … e não pode ser
escrito na forma de fração (procure descobrir o porquê). É, portanto, um número irracional.
A união dos racionais com os irracionais é o conjunto dos números reais. Assim,
podemos concluir que ℕ ⊂ ℤ ⊂ ℚ ⊂ ℝ.
Veremos a seguir que ℝ ⊂ ℂ (conjunto dos Números Complexos).
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3 MATEMÁTICA
A unidade imaginária e o conjunto dos Complexos
Sabemos que se 𝑥 é um número real, 𝑥2 é nulo ou positivo. Logo, não existe solução
real para uma equação como, por exemplo, 𝑥2 + 1 = 0.
Com um novo conjunto de números, o dos Números Complexos, podemos ter uma
solução para este tipo de equação.
Importante: apesar de darmos esse exemplo, os números complexos surgem da necessidade
de resolver equações de terceiro grau quando Cardano, resolvendo uma destas equações,
precisou encontrar a raiz quadrada de -121.
Pois bem, para resolver a equação 𝑥2 + 1 = 0 precisamos de um ou mais valores
para 𝑥 tais que 𝑥2 = −1 e esses valores estão em um conjunto mais amplo que o dos reais
chamado conjunto dos números complexos.
Como representar estes valores de 𝑥?
Chamando de 𝑖 o número tal que 𝑖2 = −1 teremos que 𝑥 = 𝑖, já que 𝑖2 = −1 ou que
𝑥 = −𝑖 e assim 𝑥2 = (−𝑖). (−𝑖) = 𝑖2 = −1.
Assim, a equação 𝑥2 + 1 = 0 admite duas soluções, 𝑖 e – 𝑖.
A este número 𝑖 dá-se o nome de unidade imaginária.
Forma algébrica de um número complexo
Todo número complexo 𝑧 pode ser escrito de maneira única como 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 onde 𝑖
é a unidade imaginária e 𝑎 e 𝑏 são números reais chamados de parte real e parte imaginária,
respectivamente, e denotamos por 𝑅𝑒(𝑧) = 𝑎 e 𝐼𝑚(𝑧) = 𝑏.
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4 MATEMÁTICA
Quando 𝑎 = 0 e 𝑏 ≠ 0 temos um número da forma 𝑧 = 𝑏𝑖, que chamamos de
número imaginário puro. Quando 𝑏 = 0 temos 𝑧 = 𝑎, que é um número real. Isso justifica o
fato de que ℝ ⊂ ℂ, ou seja, de que todo número real é também um número complexo.
Vejamos alguns exemplos:
Exemplo 1: 𝑧 = 3. 𝑖. Como 𝑎 = 0 e 𝑏 ≠ 0, z é um imaginário puro.
Exemplo 2: 𝑧 = −5. Como 𝑏 = 0, z é um número real.
Adição e multiplicação de complexos
Como vimos, um número complexo é definido por um par de números reais
chamados de parte real e parte imaginária. Assim, podemos definir o conjunto ℂ dos
complexos como um conjunto de pares ordenados (𝑎, 𝑏) para os quais valem:
Igualdade: (𝑎, 𝑏) = (𝑐, 𝑑) ⟺ 𝑎 = 𝑐 𝑒 𝑏 = 𝑑
Adição: (𝑎, 𝑏) + (𝑐,𝑑) = (𝑎 + 𝑐, 𝑏 + 𝑑)
Multiplicação: (𝑎, 𝑏). (𝑐, 𝑑) = (𝑎𝑐 − 𝑏𝑑, 𝑎𝑑 + 𝑏𝑐)
Pensando um pouco mais sobre a igualdade, de fato, dois números complexos são
iguais quando suas partes real e imaginária são iguais, uma a uma.
Exemplo 3: 2 + 3𝑖 não pode ser igual a nenhum outro número complexo que não tenha 2
como parte real e 3 como parte imaginária.
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5 MATEMÁTICA
E por que (𝑎, 𝑏) + (𝑐,𝑑) = (𝑎 + 𝑐, 𝑏 + 𝑑)?
Seja (𝑎, 𝑏) o par ordenado que corresponde ao número complexo 𝑎 + 𝑏𝑖, temos
(𝑎, 𝑏) + (𝑐,𝑑) = 𝑎 + 𝑏𝑖 + 𝑐 + 𝑑𝑖 = 𝑎 + 𝑐 + (𝑏 + 𝑑)𝑖 = (𝑎 + 𝑐, 𝑏 + 𝑑).
Exemplo 4: (2 − 5𝑖) + (8 + 𝑖) = 2 − 5𝑖 + 8 + 𝑖 = 10 − 4𝑖.
Exemplo 5: (4 + 𝑖) − (3 − 7𝑖) = 4 + 𝑖 − 3 + 7𝑖 = 1 + 8𝑖.
E na multiplicação temos
(𝑎, 𝑏). (𝑐,𝑑) = (𝑎 + 𝑏𝑖). (𝑐 + 𝑑𝑖) = 𝑎𝑐 + 𝑎𝑑𝑖 + 𝑏𝑐𝑖 + 𝑏𝑑𝑖2 =
𝑎𝑐 + (𝑎𝑑 + 𝑏𝑐)𝑖 + 𝑏𝑑. (−1) =
𝑎𝑐 − 𝑏𝑑 + (𝑎𝑑 + 𝑏𝑐)𝑖 = (𝑎𝑐 − 𝑏𝑑,𝑎𝑑 + 𝑏𝑐)
Assim,
(𝑎, 𝑏). (𝑐,𝑑) = (𝑎𝑐 − 𝑏𝑑,𝑎𝑑 + 𝑏𝑐)
Exemplo 6: (2 − 3𝑖). (1 + 5𝑖) = 2 + 10𝑖 − 3𝑖 − 15𝑖2 =
2 + 10𝑖 − 3𝑖 − 15. (−1) = 2 + 10𝑖 − 3𝑖 + 15 = 17 + 7𝑖
Exemplo 7: Qual o valor de 𝑚 para que o produto (2 + 𝑚𝑖). (3 + 𝑖) seja imaginário puro?
Utilizando a fórmula (𝑎, 𝑏). (𝑐, 𝑑) = (𝑎𝑐 − 𝑏𝑑,𝑎𝑑 + 𝑏𝑐) temos que
(2 + 𝑚𝑖). (3 + 𝑖) = 6 −𝑚 + (2 + 3𝑚). 𝑖
Logo, 6 −𝑚 deve ser nulo e, portanto 𝑚 = 6.
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6 MATEMÁTICA
Ainda, para que 6 −𝑚 + (2 + 3𝑚). 𝑖 seja imaginário puro é necessário que sua parte
imaginária não seja nula. De fato, para 𝑚 = 6, sua parte imaginária 2 + 3𝑚 não se anula.
Portanto, 𝑚 = 6 satisfaz as condições do problema.
Exercícios propostos
1) Efetue:
a) (2 + 7𝑖) + (3 − 5𝑖)
b) (−1 − 𝑖) − (8 + 𝑖)
c) (3 − 6𝑖). (3 + 𝑖)
d) (1 + 3𝑖). (1 − 3𝑖)
2) Determine, caso existam, os valores reais de 𝑚 e 𝑛 tais que:
a) (2 + 𝑚𝑖) + (3𝑛 + 𝑖) seja imaginário puro.
b) (2 + 𝑚𝑖) − (3𝑛 + 𝑖) seja imaginário puro.
c) (2 + 𝑚𝑖) + (3𝑛 + 𝑖) seja real.
d) (2 + 𝑚𝑖) − (3𝑛 + 𝑖) seja real.
e) (2 + 𝑚𝑖). (3 + 𝑖) seja real.