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Prof: Letícia Lazarini de Abreu

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Paradigma Sanitário: A produção social da saúdeParadigma Flexneriano

Paradigma da Produção social.

A Saúde está em crise. Esta poderia ser apenas mais uma frase solta, de efeitomoral, sem criatividade, já tantas vezes repetida no campo do debate

sanitário, se crise não representasse uma “pré-condição necessária para aemergência de novas teorias” (Kuhn, 2001, p.107). O significado das crises

no processo das revoluções científicas, descrito por Kuhn (2001), consiste nofato de que estas indicam a necessidade de renovar os instrumentos, ou seja,

de produzir novos instrumentos, alternativos aos existentes, capazes deresolver os problemas, aparentemente sem respostas até então oferecidaspelo modelo teórico vigente. A superação da crise estrutural sanitária exigemudança substantiva no modelo médico, o que implica um novo sistema,

mudanças políticas, culturais e cognitivo-tecnológicas (Mendes, 1996).No caso do setor de saúde brasileiro, o modelo legalmente instituído e

praticado até 1988 estava estabelecido na Lei 6.229/75, criando dicotomiasentre curativo e preventivo, individual e coletivo, por meio de práticas

assistenciais fortemente centradas em hospitais, restritas aos contribuintesprevidenciários

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. Esta concepção de modelo de atenção à saúde seguia, emparte, a herança do pensamento médico ocidental do século XVIII, descrito

por Foucault (1999), fundado no desenvolvimento da clínica e nosurgimento do hospital, como forma de compreender a doença a partir da

disfunção de seus elementos orgânicos e como espaço privilegiado deintervenção e sistematização de um saber sobre esta doença. De outra parte,

as influências da Escola Norte-Americana, via modelo flexneriano,fundamentado na especialização da medicina orientada ao indivíduo, tiveram

profundas repercussões não só na formação médica, mas, sobretudo naestrutura organizacional e funcional do sistema público de saúde.

A história recente da Saúde Pública brasileira tem sido descrita com omovimento da reforma sanitária, cujo marco fundamental foi a VIII

Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Nela foram deliberadosos princípios e diretrizes incorporados na Política Nacional de Saúde,aprovados na Constituição de 1988. Demarca-se, legalmente, um novo

modelo de atenção à saúde, em substituição ao existente

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Modelo de atenção à saúde, segundo Paim (1999), é a forma deorganização das relações entre sujeitos (profissionais de saúde e usuários)mediadas por tecnologia (materiais e não materiais) utilizadas no processode trabalho em saúde, cujo propósito é intervir sobre problemas (danos eriscos) e necessidades sociais de saúde historicamente definidas. O atual

modelo de atenção à saúde inclui elementos de diferentes modelos, aopropor ações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação, tanto ao

indivíduo, quanto à família e comunidade, por meio de serviços assistenciais

(ambulatoriais, hospitalares e de apoio diagnóstico), quanto de vigilância emsaúde (ambiental, epidemiológica e sanitária).

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Elementos do modelo flexneriano e os princípios do Sistema Único de

Saúde

Paim & Almeida Filho (2000) afirmam que as modificações do panoramapolítico e social do mundo e da situação de saúde, principalmente a falta demudanças esperadas, põem em xeque as premissas e previsões de antigos

modelos, em especial do clínico/biológico/ flexneriano. Argumentam quetalvez a lacuna para as mudanças esteja localizada em nível mais profundo,

não apenas dos modelos, mas também do paradigma científico quefundamenta esse campo de prática social e técnica.

Até a Constituição de 1988, quando, por força legal, foi prescrito o novomodelo denominado Sistema Único de Saúde, o modelo clínico/biológico/

flexneriano era adotado oficialmente como paradigma da saúde. Este modeloconsolidou-se em virtude das recomendações apontadas por Abraham

Flexner(1866-1959) em relatório encomendado pela Fundação Carnegie dos EstadosUnidos, em 1910 (Novaes, 1990), cujas conclusões tiveram amplo impacto na

formação médica em quase todo continente americano. O modelo flexneriano, baseado num paradigma fundamentalmente

biológico e quase mecanicista para a interpretação dos fenômenos vitais,gerou, entre outras coisas, o culto à doença e não à saúde, e a devoção à

tecnologia, sob a presunção ilusória de que seria o centro de atividadecientífica e de assistência à saúde.

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A política do Ministério da Saúde (MS) tem se pautado por três grandes eixosque constituem os pilares do Sistema Único de Saúde: no plano

administrativo, a descentralização, no plano assistencial, os Programas deSaúde da Família e de Agentes Comunitários e no plano político, o controle

social.A ênfase na implantação do Programa de Saúde da Família – PSF – éjustificada pela necessidade de substituição do modelo assistencial

historicamente centrado na doença e no cuidado médico individualizado porum novo modelo sintonizado com os princípios da universalidade, eqüidade

eintegralidade da atenção. O indivíduo deixaria de ser visto de forma

fragmentada, isolado do seu contexto familiar, social e de seus valores e seria

possível o desenvolvimento de novas “ações humanizadas, tecnicamentecompetentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas”

(Brasil, 2000, p.9).

O Programa de Saúde da Família: mudança “no ou do modelo

assistencial?

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O Programa Saúde da Família foi criado na década de 1990, inspirado emexperiências advindas de outros países, cuja Saúde Pública alcançou níveis de

qualidade com o investimento na promoção da saúde e prevenção dedoenças, tais como Cuba, Inglaterra e Canadá, sendo precedido pela criação

do PAS - Programa Agentes de Saúde (Ceará-1987) e PACS - ProgramaAgentes Comunitários de Saúde (Brasil-1991).

Os princípios que norteiam o PSF são originários de propostas dediferentes grupos e articulações, tais como a Medicina Comunitária, as Ações

Primárias de Saúde e os Sistemas Locais de Saúde – SILOS. O que parecediferenciá-lo é sua inserção no escopo das políticas públicas de saúde, fazendo

com que seus princípios sejam assumidos, pelo menos no discurso, porpraticamente todos os gestores do país.

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O PSF incorpora e reafirma os princípios do SUS. Além disso, tem comoprincípios básicos ser substitutivo do modelo bio-médico hegemônico,

trabalhar em equipe multiprofissional, com território definido e adscrição daclientela e realizar a vigilância à saúde. Segundo o MS, o PSF prioriza as ações

de proteção e promoção à saúde dos indivíduos e da família, tanto adultos,quanto crianças, sadios ou doentes, de forma integral e contínua.

Constitui atribuição das equipes do PSF o conhecimento da realidade, aidentificação de problemas de sua área de abrangência e a elaboração do

planejamento local. A execução das ações segue a lógica da vigilância à saúdee da valorização da relação com o usuário e a família

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A evolução do conceito de saúde influenciou e continua influenciando aforma como a comunidade científica incorpora o paradigma da saúde, num

processo de reconstrução, tanto por força das inovações científicas, quantodos métodos e das práticas sanitárias. “O paradigma flexneriano é coerentecom o conceito de saúde como ausência de doença e constitui uma âncora

que permite sustentar a prática sanitária da atenção médica” (Mendes,1996, p.239).

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A formação médica e o modelo de assistência em proposição neste modelorevelava diversas influências (Mendes, 1996; Novaes, 1990), como o

mecanicismo, o biologismo, o individualismo, a especialização e o curativismo.O mecanicismo tomou o corpo humano em analogia a uma máquina, cujas

estrutura e funções pudessem ser meticulosamente analisadas e tratadas demodo instrumental, isolando-se a parte adoecida do resto do corpo. O

biologismo ocultou a causalidade social da doença ao reconhecer a naturezabiológica de suas causas e conseqüências, dada a ênfase na microbiologia enas teorias dos germes e da história natural das doenças. O individualismo

constituiu o objeto individual da saúde, ao considerar o paciente comoabstração à parte da coletividade e, portanto, excluído de todos os demais

aspectos sociais da vida. Associada ao individualismo, a especialização impôs aparcialização abstrata do objeto global, cuja preocupação dirigia-se

principalmente para a excelência técnica de especialidades clínicas orientadasao indivíduo, além da tecnificação do ato médico, que estruturou a

engenharia biomédica, mediadora da ação entre profissional de saúde epaciente. Finalmente, o curativismo, que centrou a prática sanitária, emtodos os seus níveis, nos aspectos curativos, prestigiando o processofisiopatológico, em detrimento da(s) causa(s) geradoras do processo.

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O modelo de atenção à saúde no Brasil tem sido historicamente marcadopela predominância da assistência médica curativa e individual e pelo

entendimento de saúde como ausência de doença, princípios definidores domodelo flexneriano. O rompimento deste paradigma veio com o ordenamentojurídico-institucional de criação e implantação do SUS, uma vez que o modeloclínico/flexneriano não respondia aos problemas da organização das ações e

serviços de saúde de maneira a atender às necessidades de saúde dapopulação. Ao mesmo tempo novos princípios emergiam da sociedade como

apelo à sedimentação do conceito de saúde como condição de cidadania.Convém assinalar que princípios são os mandamentos básicos e fundamentais

nos quais se alicerça uma ciência, isto é, são as diretrizes que orientam umaciência e dão subsídios à aplicação de suas normas. Os princípios são

considerados como normas hierarquicamente superiores às demais normasque regem uma ciência.

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O paradigma flexneriano não responde à complexidade do processo saúde/doença,

revelando problemas conceituais e estruturais de difícil solução ecomprometendo a confiança da comunidade científica, aqui pensada a partirde diferentes atores sociais. Uma vez que o modelo flexneriano está centrado

no indivíduo e com enfoque na cura, as decisões e condução do processo são

exercidas quase exclusivamente por uma única categoria profissional,reificando-a, a despeito de princípios e valores universalmente assimilados

nomundo ocidental, como os da integralidade e da eqüidade.

Neste sentido, são incorporados, além de princípios de organização dosistema (descentralização, regionalização, hierarquização, resolubilidade e

complementaridade do setor privado), os princípios doutrinários deuniversalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de

assistência; de integralidade da assistência, entendida como um conjuntoarticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,

individuaise coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do

sistema; de eqüidade na assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégiosde qualquer espécie; e de participação da comunidade (Brasil, 1990).

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O Programa de Saúde da Família: mudança “no ou do” modeloassistencial?

A política do Ministério da Saúde (MS) tem se pautado por três grandes eixosque constituem os pilares do Sistema Único de Saúde: no plano

administrativo, a descentralização, no plano assistencial, os Programas deSaúde da Família e de Agentes Comunitários e no plano político, o controle

social.A ênfase na implantação do Programa de Saúde da Família – PSF – éjustificada pela necessidade de substituição do modelo assistencial

historicamente centrado na doença e no cuidado médico individualizado porum novo modelo sintonizado com os princípios da universalidade, eqüidade e

integralidade da atenção. O indivíduo deixaria de ser visto de formafragmentada, isolado do seu contexto familiar, social e de seus valores e seria

possível o desenvolvimento de novas “ações humanizadas, tecnicamentecompetentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas”

(Brasil, 2000, p.9).

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O Programa Saúde da Família foi criado na década de 1990, inspirado emexperiências advindas de outros países, cuja Saúde Pública alcançou níveis de

qualidade com o investimento na promoção da saúde e prevenção dedoenças, tais como Cuba, Inglaterra e Canadá, sendo precedido pela criação

do PAS - Programa Agentes de Saúde (Ceará-1987) e PACS - ProgramaAgentes Comunitários de Saúde (Brasil-1991).

Os princípios que norteiam o PSF são originários de propostas dediferentes grupos e articulações, tais como a Medicina Comunitária, as Ações

Primárias de Saúde e os Sistemas Locais de Saúde – SILOS. O que parecediferenciá-lo é sua inserção no escopo das políticas públicas de saúde, fazendo

com que seus princípios sejam assumidos, pelo menos no discurso, porpraticamente todos os gestores do país.

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O PSF incorpora e reafirma os princípios do SUS. Além disso, tem comoprincípios básicos ser substitutivo do modelo bio-médico hegemônico,

trabalhar em equipe multiprofissional, com território definido e adscrição daclientela e realizar a vigilância à saúde. Segundo o MS, o PSF prioriza as ações

de proteção e promoção à saúde dos indivíduos e da família, tanto adultos,quanto crianças, sadios ou doentes, de forma integral e contínua.

Constitui atribuição das equipes do PSF o conhecimento da realidade, aidentificação de problemas de sua área de abrangência e a elaboração do

planejamento local. A execução das ações segue a lógica da vigilância à saúdee da valorização da relação com o usuário e a família.

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(A C S)

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Atribuições específicas do Agente Comunitário de Saúde

Atribuições específicas do Agente Comunitário de Saúde Agente Comunitário de Saúde (ACS) mora na comunidade e está vinculado à

USF que atende a comunidade. Ele faz parte do time da Saúde da Família! Quem é o agente comunitário? È alguém que se destaca na comunidade, pela

capacidade de se comunicar com as pessoas, pela liderança natural que exerce. O ACS funciona como elo entre e a comunidade. Está em contato

permanente com as famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e promoção da saúde, realizado por toda a equipe. É também um elo cultural,

que dá mais força ao trabalho educativo, ao unir dois universos culturais distintos: o do saber científico e o do saber popular.

O seu trabalho é feito nos domicílios de sua área de abrangência. As atribuições específicas do ACS são as seguintes:

- Realizar mapeamento de sua área; - Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro;

- Identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco; - Identificar área de risco;

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- Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhando-as e até agendando consultas, exames e atendimento

odontólogico, quando necessário; - Realizar ações e atividades, no nível de suas competências, na áreas

prioritárias da Atenção Básicas; - Realizar, por meio da visita domiciliar, acompanhamento mensal de

todas as famílias sob sua responsabilidade; - Estar sempre bem informado, e informar aos demais membros da

equipe, sobre a situação das família acompanhadas, particularmente aquelas em situações de risco;

- Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase  na promoção da saúde e na prevenção de doenças;

- Promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre

outras; - Traduzir para a ESF a dinâmica social da comunidade, suas

necessidades, potencialidades e limites; - Identificar parceiros e recursos existentes na comunidade que possa ser

potencializados pela equipe.

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    A Visita Domiciliar

É um dos instrumentos mais indicados à prestação de assistência à saúde, do indivíduo, família e comunidade e deve ser realizada mediante processo racional, com objetivos definidos e pautados nos princípios de

eficiência. Apesar de antiga, a Visita Domiciliar traz resultados inovadores, uma vez que possibilita conhecer a realidade do cliente e sua família in loco, contribuir para a redução de gastos hospitalares,

além de fortalecer os vínculos cliente – terapêutica – profissional.            MATTOS (1995) evidencia a amplitude da Visita Domiciliar na área

da saúde, permitindo avaliar, desde as condições ambientais e físicas em que vivem o indivíduo e sua família, até assistir os membros do

grupo familiar, acompanhar o seu trabalho, levantar dados sobre condições de habitação e saneamento, além de aplicar medidas de

controle nas doenças transmissíveis ou parasitárias.             A Visita Domiciliar também deve ser considerada no contexto de

educação em saúde por contribuir para a mudança de padrões de comportamento e, conseqüentemente, promover a qualidade de vida

através da prevenção de doenças e promoção da saúde. Garante atendimento holístico por parte dos profissionais, sendo, portanto,

importante a compreensão dos aspectos psico-afetivo-sociais e biológicos da clientela assistida.

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A história do surgimento das visitas domiciliares permite observar o quanto ela se confunde com o nascimento da enfermagem em saúde pública e sua relação com a história da saúde pública no mundo, o que nos leva a refletir

sobre novos desdobramentos do cuidado em enfermagem.

O aparecimento do serviço de enfermeiras visitadoras no Brasil é marcado com o objetivo da prevenção (NOGUEIRA & FONSECA, 1977). Em 1920,

Amaury de Medeiros introduz na escola de enfermagem da Cruz Vermelha um curso de visitadoras sanitárias. Neste mesmo ano foi criado o serviço de

visitadoras como parte do serviço de profilaxia da tuberculose. Tal iniciativa marca a inclusão da visita domiciliar como atividade de saúde pública, uma vez que o serviço referido fazia parte do Departamento Nacional de Saúde

Pública.

Segundo COSTA (1997), “a visita domiciliar como atividade dirigida à família enseja um tipo de ensino voltado à solução de problemas de vivência em

situações da vida real, no ambiente familiar”. É uma atividade caracterizada fundamentalmente pela interação entre indivíduos, e aí, a comunicação

assume uma importância decisiva.

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Na atualidade, o PSF, através da Visita Domiciliar, propicia maior proximidade dos profissionais e serviços com as pessoas e seus modos de vida. Conforme FONSECA e BERTOLOZZI (1997), ela permite uma aproximação com os determinantes do processo saúde-doença no âmbito familiar. Ou seja, a Visita Domiciliar é um instrumento que possibilita à enfermeira identificar como se expressam, na família, as formas de trabalho e vida dos membros, quais padrões de solidariedade se desenvolvem no interior do universo familiar e como estes podem contribuir para o processo de cuidado, cura ou recuperação de um de seus membros. Além de buscar a identificação dessa situação familiar, a sua prática compreende ainda entender as funções sociais, econômicas e ideológicas e de reprodução da força de trabalho da família na sociedade.

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Visita domiciliar no Programa Saúde da Família:

A visita domiciliar realizada pela enfermagem inclui um conjunto de ações de saúde voltadas para o atendimento, tanto educativo como assistencial. Através dela, são avaliadas as condições ambientais e físicas em que vivem o indivíduo e sua família, visando, entre outros

aspectos, a aplicação de medidas de controle nas doenças transmissíveis ou parasitárias e, principalmente, a educação.

A experiência com as visitas possibilitou destacar suas principais vantagens e limitações. As ações de enfermagem na Visita Domiciliar

incluem os seguintes passos:1.      Levantamento das necessidades: nesta fase, identificam-se as

necessidades sentidas pela clientela.

2.      Planejamento: esta fase do trabalho já mostra o desenvolvimento da visita. Durante o planejamento, leva-se em consideração a seleção de

vistas, coleta de dados, plano de visita e preparo do material.·        Seleção de visitas: deve levar em consideração [1] o tempo

disponível; [2] o horário mais adequado para a família, a fim de que não perturbe os afazeres domésticos; [3] as doenças de maior relevância e

por isso, de maior prioridade e [4] o estabelecimento de um itinerário que otimize tempo e meios de transporte utilizados nestas visitas.

·       

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·        Coleta de dados: Realiza-se um levantamento prévio por meio de fichas das famílias que foram visitadas.

·        Plano de visita domiciliária: Procede-se à identificação da família: endereço completo, condições sócio-sanitárias, diagnóstico, tratamento

médico e assistência de enfermagem.

3.      Execução: Nessa etapa priorizam-se algumas regras: atendimento, na medida do possível, às prioridades; uso de uma linguagem clara, de

acordo com o nível da família, a fim de que as famílias falem claramente dos problemas que as afligem no seu viver diário, prestando assistência de enfermagem respaldada nos meios científicos; observar o meio ambiente e as reações das pessoas frente aos problemas, mantendo contato discreto e amável. Ao término, realiza-se de maneira clara e global uma avaliação de

como se deu a visita, anotando suas vantagens e limitações.

4.      Registro dos dados: Descreve-se aqui as observações de enfermagem verificadas durante a visita, de maneira legível, sucinta e

objetiva, no prontuário para que possamos dar, posteriormente, continuidade ao atendimento.

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5.      Avaliação: Nesta fase avalia-se o plano de visitas, as observações e as ações educativas ou curativas e também os pontos positivos e negativos, se

as soluções das prioridades foram realmente atingidas e se a família progrediu na resolução dos problemas.

            Durante a execução da Visita Domiciliar, de acordo com a problemática do cliente e/ou família, a enfermagem poderá solicitar o auxílio dos demais profissionais de saúde. Para que se desenvolva essa atividade, é

necessária a polivalência do pessoal de enfermagem, pois a família e/ou cliente possuem os mais variados diagnósticos, necessidades e problemas. Portanto, é necessário o conhecimento prévio dessas necessidades antes de se executar uma Visita Domiciliar para que os objetivos propostos para esse

fim sejam atingidos.             Deve fazer parte da rotina de trabalho do profissional: o planejamento, a estruturação dos níveis de necessidade, execução ou direcionamento para efetivação do alcance parcial ou total dessas necessidades e avaliação, que

deverá ser contínua nesse processo, como forma de analisar criteriosamente as ações desenvolvidas e re-planejar, se for o caso.

           

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Constatamos, durante as Visitas Domiciliares, algumas facilidades e

dificuldades em seu emprego:

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Facilidades:

·        A efetiva interação entre o profissional, a unidade de saúde e a população que favorecem o trabalho.

·        A aproximação com as famílias, que permite um conhecimento mais sólido das condições de saúde da comunidade, da prevalência das doenças, das

práticas populares, do conhecimento popular sobre as doenças, permitindo a resolução de muitos problemas in loco, o que promove o descongestionamento

das unidades de saúde.·        A interação família & profissional, que permite uma maior confiança para expor os mais variados problemas, permitindo ao profissional de saúde uma

imersão sobre a problemática social e de saúde no interior do ambiente familiar.·        O contato estreito entre o profissional e a população fora da UBS que

permite uma  troca de saberes entre o profissional e as famílias. ·        A possibilidade de reforço das ações de saúde propostas nos diferentes

programas desenvolvidos pela saúde municipal.·        O vinculo entre profissional e familia, que permitehierarquizar e atender de

forma diferenciada segundo situações de risco individual e ou coletivo.·        A reflexão junto às famílias sobre os determinantes do processo saúde

doença.·        O conhecimento das percepções da população sobre temas tais como

qualidade de vida e saúde, ao mesmo tempo que avalia a eficácia e resolutividade dos serviços de saúde.

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Dificuldades:

·        O horário de trabalho e afazeres domésticos das famílias podem impossibilitar ou dificultar a realização da Visita Domiciliar.

·        Gasto de tempo, entre a locomoção e execução da visita.·        A estratégia demanda um alto custo com pessoal qualificado e com a

sua locomoção.·        A falta de disponibilidade e/ou a ausência de pessoas vinculadas às

famílias agendadas para ser visitadas.·        A falta de integração entre as ações realizadas nas visitas e a

referência à unidade de saúde para atenção em saúde vinculada a uma especialidade médica.

·        A falta de capacitação em assistência domiciliar dos profissionais de saúde.

            Vale ressaltar que, para proporcionarmos uma assistência à saúde com qualidade, é necessário entender cada indivíduo como um ser único,

pertencente a um contexto social e familiar que condiciona diferentes formas de viver e adoecer.

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Os primórdios da visita domiciliar no mundo, num primeiro momento, mostraram que ela teve a finalidade de minimizar a

dor sem a preocupação de promover o indivíduo. Posteriormente, sua ação seria justificada com o discurso de

proteção da saúde dos indivíduos e a valorização da qualidade de vida, mas o objetivo maior era o aumento da produção

econômica interna dos países, a profissionalização da vista domiciliária torna-se imprescindível e uma conseqüência para a

prestação de assistência domiciliar.           

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Atualmente, a Visita Domiciliar deve estar direcionada para a educação e saúde e à conscientização dos indivíduos com

agradar à maioria da população e pode diminuir a demanda nas instituições de saúde, reduzindo custos familiares e do setor

saúde. relação aos aspectos de saúde no seu próprio contexto.

Portanto, esses conceitos deverão ser lembrados, uma vez que o resultado desejado referente à Visita Domiciliar deverá ser a

mudança de comportamentos realizada a partir de novas convicções que forem sendo adquiridas pelas famílias e

comunidade.

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    Esta atividade do PSF constitui-se de um momento rico, onde o enfermeiro presta assistência à saúde, acompanha a família, fornece subsídios educativos para que os indivíduos, ou o grupo familiar e a

comunidade tenham condições de se tornar independentes.

            O fator que pesa significativamente nesta estratégia é o equilíbrio entre a execução e o custo/beneficio. Se por um lado a

Visita Domiciliar exige preparo profissional, predisposição pessoal e disponibilidade de tempo na sua execução, por outro, é um serviço prestado dentro do próprio contexto, parece agradar à maioria da população e pode diminuir a demanda nas instituições de saúde,

reduzindo custos familiares e do setor saúde. 

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FIM