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    A linguagem e a crise da “crise da representação”

    Guilherme Nery AtemUniversidade Federal Fluminense

    Índice

    1 Introdução: situando a questão   12 Uma história da questão da represen-

    tação   23 Peirce e Wittgenstein: a virada prag-

    mática   54 Saussure e Wittgenstein: o jogo de

    xadrez   85 Conclusão: a volta dos que não

    foram...   116 Referências Bibliográficas   12

    Referências Bibliográficas   12

    Resumo

    Este artigo pretende criticar a tese pós-moderna da “crise da representação”. A pós-modernidade, com sua celeridade habitual,ressalta suas promessas enquanto escondesuas ameaças. Para construir esta crítica,partimos do estudo feito por Michel Foucault( As palavras e as coisas, de 1966), sobrea questão da representação na modernidade.Em seguida, aproveitamos essa questão pararebatê-la em alguns dos conceitos fundamen-tais de três grandes pensadores da Teoria daLinguagem, que se situam exatamente entreo moderno e o pós-moderno: Ferdinand deSaussure, Charles Sanders Peirce e LudwigWittgenstein. Se Saussure e Peirce diferementre si quanto às suas concepções de signo,

    Wittgenstein é quem pode fazer a ponte en-

    tre eles, a partir de sua “virada pragmática”.Com base nesse estudo, esperamos defendera idéia de que enquanto houver o humano,haverá pensamento representacional, mesmoque fora de moda.

    Palavras-Chave: Linguagem; Represen-tação; Peirce; Saussure; Wittgenstein.

    1 Introdução: situando a questão

    Não se trata de que nossasimpressões sensoriaispossam mentir para nós,mas de nós entendermosa sua linguagem.(E esta linguagem, comotodas as outras,está fundada em acordo.)(Wittgenstein, 2005: 153-154)

    NESTE   trabalho, fruto de uma pesquisa

    que realizei na UERJ em 2007, pre-tendo resumir e pôr em crise a questão a-tualmente mais comemorada pelos teóricospós-modernos: a chamada crítica ou “criseda representação”. Primeiro farei um quadrodo argumento contemporâneo que afirma a“crise da representação”. Em seguida, de-senvolverei um questionamento deste postu-lado a partir de referências em teorias da lin-

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    guagem epistemologicamente situadas “en-tre o moderno e o pós-moderno” (com Fou-cault, Peirce, Saussure e Wittgenstein, prin-cipalmente). Vamos ao quadro...

    Para apoiarem-se retoricamente, os defen-sores do argumento pós-moderno da “criseda representação” mencionam uma prolife-ração de crises correlatas (estas nem semprelevantadas por pós-modernos): crise dos fun-damentos (Nietzsche); crise das grandes nar-rativas (Lyotard); crise do sujeito e de sua

    identidade (Stuart Hall – este, sim, um alegrepós-moderno). Alguns pós-modernos pen-sam a representação, o fundamento, a grandenarrativa e a subjetividade como “prisões”para o homem atual (mais uma representaçãopor imagem ou metáfora). O risco atual,creio, é o de se legitimar a “analogia de tudocom tudo”, enxovalhando a teoria da repre-sentação, ou mesmo qualquer teoria.

    Quando Nietzsche fala da “morte de

    Deus”, é dos fundamentos que ele fala (daVerdade única para as múltiplas verdades-versões). Quando Lyotard fala do fim dasgrandes narrativas de interesse coletivo, é dafragmentação dos relatos sobre o homem queele fala (pergunto: a quem pode interessar o“fim das grandes narrativas”?

    Sem qualquer nuance teórica, nem re-lativização, os que crêem no “fim da re-presentação” assemelham-se, penso, àquelesateus – pois fervorosamente crêem em nadacrer. Não entenderam que, em linguagem(como nas crenças), nem tudo se resume aosconteúdos do que é dito – a forma contatanto quanto, ou mais. Aliás, diria que eleslançam mão de metáforas e imagens paradizer do “fim das metáforas e das imagensde mundo”. Usam a linguagem verbal paramaldizê-la. Como disse Wittgenstein, não sepode serrar o galho sobre o qual se está sen-

    tado (Wittgenstein, 2005: 46). Não haveriamais “representação”? Vejamos...

    2 Uma história da questão darepresentação

    Pensar numa descrição comouma representação verbaldos fatos tem algo dedesorientador: pensa-se talvezapenas em quadros, como osque estão dependurados nasnossas paredes; quadrosestes que parecem simplesmentereproduzir o aspecto ea constituição de uma coisa.(Estes são, por assimdizer, quadros inúteis.)(Wittgenstein, 2005: 137)

    Em seu livro   As palavras e as coisas

    (1966), Michel Foucault intenta fazer uma“arqueologia” (avant la lèttre) das CiênciasHumanas. Segundo ele, é quando o conceitode “homem” aparece em nossa cultura que sepassou a entender a co-determinação, a co-dependência deste com as práticas cotidianasdas instituições sociais. Ele demonstra queesse processo não é simplesmente “pessoal”,e sim coletivo, social.

    A ordem é ao mesmo tempo aquiloque se oferece nas coisas comosua lei interior, a rede secreta se-gundo a qual elas se olham de al-gum modo umas às outras e aquiloque só existe através do crivo deum olhar, de uma atenção, de umalinguagem (...) Os códigos fun-damentais de uma cultura – aque-les que regem sua linguagem, seus

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    esquemas perceptivos, suas trocas,suas técnicas, seus valores, a hie-rarquia de suas práticas – fixam,logo de entrada, para cada homem,as ordens empíricas com as quaisterá de lidar e nas quais se há deencontrar. (Foucault, 1995: 9-10)

    Foucault situa essa mudança de paradigmana virada do século XVIII para o século XIX,a partir de três eixos temáticos: 1) passagem

    da Gramática Geral para a Filologia Lingüís-tica (com Bopp); 2) passagem da HistóriaNatural para a Biologia (com Cuvier); e 3)passagem da História das Riquezas para aEconomia Política (com Ricardo).

    Resumidamente, a idéia de Michel Fou-cault é (re)fazer a história da representação,calcada numa análise das semelhanças (oudas identidades, ou do Mesmo), que se nosapresentam à mente, no ato de pensar. É pre-

    cisamente o modo como o homem põe cog-nitivamente ordem no mundo que lhe inte-ressa naquela obra. A questão de Foucaulté: “sob que condições o pensamento clás-sico pôde refletir, entre as coisas, relações desimilaridade ou de equivalência que fundame justificam as palavras, as classificações, astrocas?” (Foucault, 1995: 13-14). Entre over e o dizer, entre o visível e o dizível, éa linguagem que captura e enquadra o que évisto; a fala incorpora a visão. A boca engoleo olho.

    Se o mundo nos aparece como uma en-xurrada de estímulos sensórios, o indivíduodeve recortá-los, enquadrá-los para formaruma pequena estabilidade e, só então, co-nhecer. Recentemente, Deleuze e Guattariescreveram: “Pedimos somente um pouco deordem para nos proteger do caos” (Deleuze;Guattari, 1992: 259). Essa discussão é

    bem anterior a Foucault, Deleuze e Guattari:o Racionalismo (Descartes, Pascal, Male-branche, Leibniz) e o Empirismo (Bacon,Berkeley, Hume, Locke) divergem em quasetudo – menos no projeto de estabilizar oconhecimento através de classificações, paratentarem um mínimo de garantias para que oconhecimento seja possível.

    Immanuel Kant, sintetizando essas duasvertentes, postularia as quatro categoriasfundamentais (a priori) do conhecimento:

    quantidade, qualidade, modo e relação. Paraele, essas quatro categorias se nos apre-sentam sob dois eixos (também apriorísti-cos): o tempo e o espaço. Apesar depoucos se lembrarem, foi Kant o primeiroteórico da Fenomenologia (avant la lèttre):coisa-em-si   versus   fenômeno, para um su- jeito cognoscente. E é inegável a influên-cia de Kant sobre Foucault: “A fenomenolo-gia é, portanto, muito menos a retomada de

    uma velha destinação racional do Ocidente,que a atestação, bem sensível e ajustada, dagrande ruptura que se produziu na  epistémêmoderna, na curva do século XVIII para oséculo XIX” (Foucault, 1995: 341).

    Agora, o salto brilhante de Foucault éatrelar essas formas de ordenamento cog-nitivo do mundo às práticas institucionaisdaquela época (a clássica). Para Michel Fou-cault, não se trata mais de descrever exaus-tivamente (extensivamente) aquela mudançaparadigmática entre o que se via e o quese dizia disso. Trata-se, isto sim, de ex-plicar profundamente (intensivamente) todauma nova forma de relação entre o ver e odizer, entre o visível e o dizível. Não se tratamais de descrever o que se vê e diz, mas detentar estabelecer as condições de possibili-dade de se dizer o que se passou a poder vere dizer.

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    Não se tratará, portanto, de conhecimen-tos descritos no seu progresso em direção auma objetividade na qual nossa ciência dehoje pudesse enfim se reconhecer; o que sequer trazer à luz é o campo epistemológico,a   epistémê  onde os conhecimentos, encara-dos fora de qualquer critério referente a seuvalor racional ou a suas formas objetivas, en-raízam sua positividade e manifestam assimuma história que não é a de sua perfeiçãocrescente, mas, antes, a de suas condições de

    possibilidade... (Foucault, 1995: 11).A grandiosidade do livro   As palavras e

    as coisas é, ao meu ver, que Foucault atreladefinitivamente a positividade do saber mo-derno – que se constrói por entre o visível eo dizível – à consciência do homem quantoà sua finitude. Ele diz que a consciên-cia da finitude desagua na sensação (am-bígua) tanto de monotonia do tempo quepassa como de euforia do aqui-e-agora. Uma

    “mordida do mundo” (Merleau-Ponty, 2002:171).A idéia (no indivíduo) e a prática (co-

    tidiana, nos outros) da morte corrói o serdo homem. Mas também, diria eu, tornamais bela ainda a experiência de viver.Como diz Michel Foucault, nos subcapítu-los  A analítica da finitude e  O empírico e otranscendental   (capítulo IX), o fundamentodas limitações empíricas – pela linguagemlimitada-limitante; pelo trabalho limitado-limitante; pelo organismo limitado-limitante– comunica ao homem, a cada instante, a suafinitude essencial. E seria dentro e a partirdessa experiência de finitude que o homembuscaria sentido para o que vê e diz.

    Foucault não se limita ao pensado; busca opensável (ou seja, as condições de possibili-dade de se pensar o que se pensa). O pensadoestá dado. O pensável está por vir. Trata-

    se, portanto, de uma abertura (o pensamento)dentro de um fechamento (a finitude)1.

    Até a virada do século XVIII para o séculoXIX, o homem se representava o mundo apartir da idéia de que a linguagem seria nadamais do que um “espelho” do mundo: umanoção especular ou icônica da linguagem,a qual deveria produzir reflexões adequadasao real2.   Foucault, então, nos mostra quefoi a partir do século XIX – principalmentecom a Filologia Lingüística de cunho com-

    paratista – que os estudos de linguagem sevoltaram para as estruturas internas das lín-guas: os radicais e as raízes, as derivações eas flexões, as variações internas, por exem-plo.

    Na prática, a História Natural descrevia ovisível na natureza; a História das Riquezasdescrevia as formas de troca; a GramáticaGeral descrevia a coincidência, ou não, dalinguagem com o real-aparente. Foucault

    chamou de “a escrita das coisas” (como asignatura rerum medieval) a esta última re-lação de similitude.

    1Nessa sua primeira fase teórica, Foucault era bas-tante marcado, ainda, pelo pensamento marxiano –ao contrário do que quer fazer crer o senso comumacadêmico pós-moderno. Por este motivo é que vejoalguma ressonância dessa questão de se buscar umainfinitude dentro da finitude (acima) com a questão,bem mais politizada, de Althusser: “como escaparde um círculo permanecendo dentro dele”. Tanto é

    que Foucault, anos mais tarde, estudaria a questão dasubjetividade e suas possíveis liberdades (na trilogia História da sexualidade)...

    2É aí que compreendemos a concepção latina de“verdade”, em Tomás de Aquino: a   veritas  – ade-quação (adequatio) do discurso ao real. Na veritas, seo real era antecedente à linguagem, esta, por sua vez,apontava para aquele, de-signando-o. Se o discursose adequasse ao real, seria “verdadeiro”. Se não, seria“falso”.

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    Resumidamente, é da relação homóclitaentre linguagem e mundo que se tratava, se-gundo Foucault, até o fim do século XVIII– como se se pensasse, àquela época, queo mundo possuísse uma “organização auto-evidente”. Diz Foucault, entretanto, que apartir do século XIX a linguagem começa aser compreendida e explicada como depen-dendo se suas relações exteriores (essencial-mente heteróclitas): as novas empiricidades,mas também a finitude.

    A idéia de que algo (linguagem, orga-nismo ou economia) possui uma estrutura in-terna porque tem que alcançar uma finali-dade (externa) se torna um novo paradigma,naquela virada. Isso revela que adquiriramsua historicidade. “Na representação, osseres não manifestam mais sua identidade,mas a relação exterior que estabelecem como ser humano” (Foucault, 1995: 329).

    Podemos entender que Foucault está

    apontando para uma duplicação do empíricono transcendental. O transcendental nadamais seria sem sua irredutível origem no em-pírico – ou seja, as regras, longe de seremabstrações desencarnadas, seriam agora bas-tante concretas, materiais, vindas do mundocotidiano e a ele retornando, sem dele jamaisterem saído. Ou seja: Foucault fez um dia-grama da imanência.

    3 Peirce e Wittgenstein: a viradapragmática

    Ter compreendido umaexplicação significa possuirem espírito um conceitodo que foi explicado, e isto éum padrão ou uma imagem.Caso alguém me mostre

    folhas diferentes e diga‘Isto chama-se folha’, obtenhoentão um conceito de formade folha, uma imagem delano espírito.(Wittgenstein, 2005: 55)

    Charles Sanders Peirce fundou suaSemiótica na lógica e na pragmática. Setodos os seus conceitos são encadeadosnuma seqüência lógica sólida, também

    apontam o tempo todo para o mundo prático– de onde vêm e para onde retornam. Cadaconceito da Semiótica peirceana implica emsi o mundo.

    Como um dos pioneiros do pragma-tismo norte-americano, Peirce estabeleceu aSemiótica sobre as bases da Fenomenolo-gia. A partir de um emaranhado sensório,o homem dobra os signos que representam omundo e, assim, forma do mundo uma re-

    presentação sensível/inteligível. Eis, resu-midamente, o processo de semiose.A sua definição de signo é: “algo que,

    sob certas condições,   representa  outro algopara alguém”. Peirce chama qualquer signode “representâmen”. Ou seja, só há semioseporque há representação mental de algo domundo para alguém. Ele chega a afirmar que“todo pensamento é um signo” (Pignatari,79: 21).

    A tríade da representação semióticapeirceana correlaciona o  Objeto   (ou Refe-rente), o  Signo  (ou representâmen) e o  In-terpretante (ou signo do signo). O Objeto éreal, concreto. O Signo representa este Ob- jeto, o substitui para alguém. O Interpre-tante – que não é o “intérprete” humano – éuma cópia do Signo emitido. Aquilo que umSigno pode produzir (como representação)na mente de um intérprete é chamado de  In-

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    terpretante imediato. Aquilo que um Signode fato produz (ou representa) na mente deum intérprete é chamado de  Interpretantedinâmico. O conjunto de todas as interpre-tações, de vários intérpretes e seus interpre-tantes simultâneos, é chamado de Interpre-tante final.

    Pode-se deduzir que a Semiótica de Peircevê como sendo irredutível a prática da repre-sentação mental (de um signo), no processocotidiano do conhecimento. Portanto, quem

    prega hoje o “fim da representação” podeestar ignorando as bases fundamentalmentesemióticas do pensamento e da linguagem.

    Ludwig Wittgenstein, por sua vez, viveu,em sua biografia, uma “virada pragmática”,assim se aproximando de Peirce. Nela, todaa sua concepção de “representação” foi re-dimensionada e redefinida. O chamado “se-gundo Wittgenstein” pensou a representaçãomental como “jogos de linguagem” – e,

    por aí, incluiu nestes o mundo: “O pen-sar, a linguagem, aparece-nos agora comoo correlato singular, a imagem, do mundo.Os conceitos: proposição, linguagem, pen-sar, mundo encontram-se numa série, umatrás do outro, um equivalente ao outro”(Wittgenstein, 2005: 67).

    Em sua primeira grande obra,   Tracta-tus logico-philosophicus (1921), chamado de“o primeiro Wittgenstein”, ele iria funda-mentar sua filosofia da linguagem na lógicamatemática: seu projeto ali era o de traçaras correlações entre o “complexo articuladoda proposição” e o “complexo articulado doreal” (Marcondes, 2001: 268). Resultado:uma teoria da linguagem como essencial-mente constativa. Ali, Wittgenstein afirmavaque a linguagem mais disfarça o pensamentodo que com ele se afina. O pensador aus-

    tríaco abre uma guerra contra a gramáticaformal.

    Wittgenstein diz (1994) que, para que hajarepresentação, é preciso que a linguagem eo real tenham entre si uma “forma comum”.Para quem leu esse seu livro, fica a sensaçãode ser seu autor um racionalista inveterado –entre Platão e Descartes.

    Já em Investigações Filosóficas, Wittgens-tein pretende superar sua obra anterior: “Opreconceito de pureza cristalina só pode ser

    eliminado dando uma guinada em nossa re-flexão” (Wittgenstein, 2005: 70). Paraele, haveria dois casos-limite, que rompe-riam com qualquer teoria da representação:a) quando uma proposição é necessária eincondicionalmente verdadeira (tautologia);e b) quando uma proposição é necessáriae incondicionalmente falsa (contradição).Tirando estes dois tipos, todas as outrasproposições podem representar a realidade

    para alguém.Em sua segunda fase, a do livro   Investi-gações Filosóficas  (1953, póstuma; 2005),– pela qual é chamado de “o segundoWittgenstein” –, o filósofo se aproximamuito de uma abordagem pragmática da lin-guagem. Toda a sua visão de linguagemseria reestruturada3.  Sua visão da naturezae funcionamento das representações se al-tera sensivelmente na segunda fase – umWittgenstein menos platônico-cartesiano, emais aristotélico-peirceano, pois agora a lin-guagem está dentro do mundo (na primeira

    3Embora haja inegável diferença e distância en-tre suas “duas fases”, penso que Wittgenstein aindacarrega muitas questões do  Tractatus para dentro do

     Investigações. Vejo tantas convergências quantas di-vergências entre os “dois Wittgensteins”. No entanto,este não é o momento e o lugar para eu desenvolveresta idéia.

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    fase, o mundo é que parecia estar den-tro da linguagem4): “Acredita-se estar indosempre de novo atrás da natureza, e vai-se apenas ao longo da forma pela qualnós a contemplamos” (Wittgenstein, 2005:72) – trecho que parece revelar uma con-cepção fenomenológica do pensamento e dalinguagem, tal como aquela de Kant e dePeirce.

    Agora, uma representação não precisa co-incidir absolutamente com o real para ter o

    direito de existir. Uma representação passa,é claro, minimamente pela adequação aoreal, mas é o sistema múltiplo dos “jogosde linguagem” que a define e a faz pro-duzir sentido em uma mente. Muito próximoda Semiótica de base pragmática de Peirce:“Mas o modo como reunimos as palavrassegundo as espécies vai depender da fina-lidade da divisão – e de nossa inclinação”(Wittgenstein, 2005: 22).

    Se o “primeiro Wittgenstein” via o mundocomo um “todo-limitado” (do qual só sepoderia dizer “aquilo que é”), o “se-gundo Wittgenstein” o via como uma “não-totalidade-ilimitada” (a partir do qual se for-mam infinitos “jogos de linguagem”, comsuas “famílias de parentesco”, que multipli-cam, mas também estabilizam, as represen-tações e seus sentidos). Como ele mesmodiz, já depois de ter subido até um certoponto (o   Tractatus), para poder enxergarmais longe, é preciso jogar a escada fora(exatamente a finalidade de   InvestigaçõesFilosóficas).

    Ao deslocar sua busca – da “essên-cia da linguagem” (Tractatus) para “como

    4“Na filosofia do ‘primeiro Wittgenstein’ ... Suateoria baseia-se na idéia de que a realidade é afiguradapela linguagem...” (D’Oliveira, 1996: 10).

    ela funciona” ( Investigações) –, Wittgen-stein se distancia de Heidegger e se apro-xima de Peirce, mas também de Saussure:“Para o ‘segundo Wittgenstein’, os filóso-fos deixaram-se enredar nas teias dos chama-dos ‘problemas filosóficos’ porque se iludi-ram procurando descobrir a essência da lin-guagem, algo que estivesse oculto atrás dela”(D’Oliveira, 1996: 14). Agora, são os usospráticos da linguagem que determinarão oque ela é. E é daí que vem, também, sua

    nova noção de representação:‘A proposição, uma coisa es-quisita!’: aqui já reside a sub-limação de toda a apresentação.A tendência de supor um ser in-termediário puro entre o signoproposicional e os fatos. Ou tam-bém de querer purificar, subli-mar o próprio signo proposicional(Wittgenstein, 2005: 67).

    Se Wittgenstein afirma, por um lado,que uma representação não é exatamente amesma coisa que uma imagem, afirma tam-bém, por outro lado, que uma imagem podese corresponder, se vincular a uma repre-sentação (Wittgenstein, 2005: 139). Paraele, a linguagem nem sempre funciona para“transmitir pensamentos” prévios (Wittgens-tein, 2005: 140). É nesse ponto que o autorcoloca a questão do meio agindo sobre a lin-guagem e a cognição: “Quando penso dentroda língua, não me pairam no espírito ‘sig-nificados’ ao lado de expressões lingüísticas;mas a própria língua é o veículo do pensa-mento” (Wittgenstein, 2005: 146).

    Gostaria de mencionar, aqui, um trechodo estudo realizado por James Fetzer (Fet-zer, 2000). Segundo este filósofo (norte-americano) da ciência e do conhecimento,

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    haveria, no caso dos seres humanos, um tipode correspondência interna entre os símbolosque manipulamos e aquilo que eles represen-tam. Neste ponto, Fetzer cita Fodor e suateoria do “mentalês” (uma língua do pensa-mento inata), atrelada à concepção computa-cional da mente.

    Entretanto, diferentemente de tal abor-dagem um tanto platônica (das “remi-niscências”), prefiro pensar (mais aris-totelicamente) – acompanhando o “segundo

    Wittgenstein” – que essa correspondência(entre o representâmen e o referente) se devemais a uma prática sócio-cognitiva derivadado meio, ainda que apoiada numa baseorgânica propícia (para evitarmos um acen-tuado “behaviorismo”). Ou seja: é precisoque haja minimamente uma correspondên-cia, uma conexão causal (indicial) entre oreferente e o representâmen (signo), para queseja possível representar e significar – como

    afirma o próprio Fetzer. Agora, como se dáessa conexão? É exatamente aí que surgemas controvérsias.

    4 Saussure e Wittgenstein: o jogo de xadrez

    Denominar e descrever nãose encontram num mesmonível: a denominação é uma

    preparação para a descrição.A denominação não é aindanenhum lance no jogo delinguagem – tão pouco quantoa colocação de uma peçade xadrez é um lance no jogode xadrez. Pode-se dizer:com a denominação de uma

    coisa não se fez nada ainda.(Wittgenstein, 2005: 42)

    Há incríveis paralelos entre os pensamen-tos sobre a linguagem de Ferdinand de Saus-sure e de Ludwig Wittgenstein (na sua se-gunda fase). Ambos lançam mão da imagem jogo de xadrez, como metáfora para se pen-sar a natureza da linguagem. Neste tópicodo trabalho, traçarei alguns paralelos entreesses pensadores, no tocante às suas idéias

    sobre a linguagem, visando ao aprofunda-mento da discussão sobre a dita “crise darepresentação”5.

    O “segundo Wittgenstein” procura ex-plicar como a linguagem real, da vidacotidiana, mantém-se sempre em aberto,sempre aberta a usos novos e a jogosde linguagem em contínua reformulação:“Chamarei de ‘jogo de linguagem’ tambéma totalidade formada pela linguagem e pelas

    atividades com as quais ela vem entrelaçada”(Wittgenstein, 2005: 19).Salvo engano ou erro da minha parte, a

    primeira vez que aparece a metáfora do jogode xadrez, no livro Investigações Filosóficas,é aqui:

    Se mostramos a alguém a figura dorei no jogo de xadrez e dizemos‘Este é o rei no xadrez’, não lheexplicamos com isso o uso destafigura – a não ser que ele já co-nheça as regras do jogo até esteúltimo ponto: a forma da figurado rei. A forma da figura de

    5Desconheço se Wittgenstein leu Saussure antesde escrever suas  Investigações Filosóficas. Se o leu,deveria tê-lo mencionado explicitamente. Se nãoo leu, impressionará mais ainda a coincidência dasidéias de ambos sobre a linguagem.

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     jogo corresponde aqui ao som ouà forma de uma palavra (Wittgens-tein, 2005: 31).

    A analogia feita por Wittgenstein e porSaussure entre a linguagem e o jogo dexadrez serve para ressaltar o caráter social,coletivo de ambos. Não importa a “formapura” (seja lá o que isso for) de uma palavra,ou de uma peça do xadrez. Importa, isto sim,é o seu lugar, em determinado momento, na

    execução prática do jogo. Se há regras para afala e o jogo, estas são derivadas do uso quelhes antecedeu. É da prática que se retiraramas regras, e não o inverso. Para Wittgenstein,como para Saussure, as regras não são feitasnos escritórios, mas nas ruas: “A língua nãoé mais uma entidade e não existe senão nosque a falam” (Saussure, 1969: 12). Há umcomplexo confluir de fatores, para que haja jogo: “Mas um tabuleiro de xadrez não é, p.

    ex., manifesta e simplesmente, composto?”(Wittgenstein, 2005: 40).Já diferentemente do período analisado

    por Foucault, Saussure não pensa que alinguagem vem depois do real, apenasdesignando-o: “Bem longe de dizer que oobjeto precede o ponto de vista, diríamos queé o ponto de vista que cria o objeto” (Saus-sure, 1969: 15). Esta questão se localiza en-tre a epistemologia e a teoria da linguagem.Ferdinand de Saussure, tal como o filósofoda ciência Le Roy e os sociólogos do conhe-cimento Peter Berger e Thomas Luckmann,entende que “os fatos são feitos”.

    Em sua visão do papel da representaçãodo mundo pela linguagem comum, Berger eLuckmann dizem que a expressividade hu-mana é capaz de objetivações, o que instauraum “mundo comum” entre os homens, bemcomo lhes permite representar o real “off 

    line”: “Estas objetivações servem de índicesmais ou menos duradouros dos processossubjetivos de seus produtores, permitindoque se estendam além da situação face a faceem que podem ser diretamente apreendidas”(Berger; Luckmann, 1998: 53).

    A questão inalienável aqui é a da pro-dução/instauração do sentido, através da fa-culdade de linguagem, a qual nos permiterepresentar. E o sentido só se torna possívelatravés de um jogo (de linguagem) entre

    identidades e diferenças. Se as identidadesfixam certos traços, as diferenças lhes garan-tem individuação. Ainda segundo Berger eLuckmann:

    A linguagem também tipificaas experiências, permitindo-meagrupá-las em amplas categorias,em termos das quais têm sentidonão somente para mim, mas

    também para meus semelhantes.Ao mesmo tempo em que tipi-fica também torna anônimas asexperiências, pois as experiênciastipificadas podem em princípioser repetidas por qualquer pessoaincluída na categoria em questão(Berger; Luckmann, 1998: 59).

    Como afirmam estes autores, a linguagemconstrói imensos “edifícios de representaçãosimbólica”. A linguagem seria capaz nãoapenas de construir representações simbóli-cas do real, mas também de fazê-las re-tornarem alhures. Se há cultura, é por isso.

    É a questão do “valor” – que pressupõeum sistema de oposições – que afeta tantoSaussure como o “segundo Wittgenstein”.Quando o homem se representa um signo,por intermédio da cognição de um jogo de

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    linguagem, será o “valor relativo” de cadaelemento desse composto que participará daconfecção do sentido. Segundo Saussure, o“valor” constitui-se, portanto, como um sis-tema de equivalências entre coisas de ordensdiferentes. Quando Saussure fala da línguacomo um “sistema”, mas mais ainda comoum “tesouro acumulado pela fala no corposocial”, está remetendo à massa de fatos dalinguagem – não criada por qualquer indiví-duo, mas usada por todos.

    O significante atua como um “corposonoro” e se agencia ao significado, masestes se dão juntos em um contexto. Estecomposto se dobra cognitivamente para den-tro de cada mente, a cada instante – ou talvezfosse melhor dizer que tal composto é cons-truído pela mente, a partir das regras do jogo.Se cada indivíduo (principalmente humano)possui a faculdade da linguagem, o modode exercê-la irá variar bastante, a partir de

    um sistema estruturado (socialmente). Saus-sure chega a dizer que um signo pode mudar,mesmo que não tenha sofrido mudança nemem seu significante, em seu significado.

    Quando Wittgenstein fala de “famílias designificados”, aproxima-se muito do con-ceito de Sistema (ou Paradigma) de Saus-sure. Principalmente quando aquele diz que,para compreendermos como apre(e)ndemoso significado de uma certa palavra, deve-mos nos lembrar dos jogos de linguagem eda família de significados que nos trouxeramtal significado novo (ver Wittgenstein, 2005:57).

    O emprego de uma palavra é em parte re-grado, e em parte aleatório. Uma regra (de jogo de linguagem ou de xadrez) serve justa-mente para possibilitar o “movimento”, nãopara impedi-lo ou estancá-lo. E se há uma“regra que regre todas as regras”, esta será

    o consenso do (e no) uso de regras; a con-cordância coletiva sobre a necessidade de re-gras, ao menos básicas: “Queremos cons-truir uma ordem no nosso conhecimento douso da linguagem: uma ordem para uma fi-nalidade determinada; uma das muitas or-dens possíveis; não  a  ordem” (Wittgenstein,2005: 76). Como se vê, um Wittgensteinbem menos idealista-positivista, agora.

    Como um lance de xadrez não

    consiste apenas em uma pedraser colocada no tabuleiro destae daquela maneira, – mas nãoconsiste também nos pensamen-tos e sentimentos do jogador queacompanham o lance; mas, antes,nas circunstâncias que chamamos:‘jogar uma partida de xadrez’, ‘re-solver um problema de xadrez’,e coisas do gênero (Wittgenstein,

    2005: 33).Para ele, o significado não passa do uso

    mesmo que fazemos de uma palavra. Esseuso é um tal, em um determinado momentodo tempo, mas pode ser modificado lenta-mente, no decorrer de longas durações. Écomo se Wittgenstein estivesse pensandotanto em sincronia como em diacronia – enas questões de mutabilidade e de imutabi-lidade do signo, tal como o fez Saussure. Eé a cada instante que todo o sistema se põeem questão, no ato mesmo de atualização dalíngua na fala – o que pressupõe tanto a e-xistência de regras coletivas como uma certaliberdade combinatória dos falantes: “Masum emprego não me pode pairar no espírito?– Certamente” (Wittgenstein, 2005: 81). EmSaussure, a linguagem já era tanto socialcomo individual (Saussure, 1969: 16).

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    É aqui que Wittgenstein estabelece seusdois tipos de critério (muito próximo deSaussure): “Por um lado, a imagem (não im-porta de que espécie seja), que lhe paira noespírito em qualquer época; por outro lado,o emprego que ele – no decorrer do tempo– faz dessa representação” (Wittgenstein,2005: 82). Uma estrutura e uma função, emsua teoria da representação lingüística.

    Mesmo a linguagem interior, pessoal, se-ria baseada na linguagem exterior, cole-

    tiva. Para que eu me represente para mimmesmo algo, lanço mão de uma língua, car-regada de significação socialmente consen-sual: “Quando se diz ‘Ele deu um nomeà sensação’, esquece-se que muita coisa játem que estar preparada na linguagem paraque o simples dar nome tenha um sentido”(Wittgenstein, 2005: 127).

    Além de coincidências, ou convergênciasteóricas como essas, Wittgenstein também

    se aproxima de Saussure quando postula aimportância do “pensamento-som”: “Ima-ginamos que por meio de um sentimentoperceberíamos quase um mecanismo de li-gação entre a imagem verbal e o som quefalamos” (Wittgenstein, 2005: 98). Um somda fala, em geral, não aparece solto. Possuium lugar no jogo de linguagem usual, coti-diano – e é exatamente isso que lhe confereuma significação (frasal) e um sentido (con-textual): “A intenção está entalhada na situa-ção, nos costumes e instituições humanas”(Wittgenstein, 2005: 148)6.

    6Se nos lembrarmos que a “intencionalidade” foium conceito fundamental no início da Fenomenologia– especificamente com Edmund Husserl –, poderemosremeter ao tópico anterior deste trabalho, como quefechando circularmente nossa cadeia argumentativa.

    5 Conclusão: a volta dos que nãoforam...

    O ponto mais altode verdade, portanto,é ainda somente perspectiva...(Merleau-Ponty, 2002: 166)

    Com este trabalho, pretendi mostrar afragilidade da tese pós-moderna da “criseda representação”, a partir das teorias da

    linguagem de Foucault, Peirce, Wittgen-stein e Saussure. Para isso, recorri, emprimeiro lugar, à história do conceito derepresentação, tal como levantada pelo filó-sofo francês Michel Foucault ( As palavras eas coisas). Ali, procurei ressaltar a deter-minação histórica da “representação”, bemcomo seu papel no ordenamento do conhe-cimento possível.

    Em seguida, busquei articular as princi-pais teses sobre a representação pela lin-guagem, tanto em Charles Sanders Peirce(Semiótica) – lógico norte-americano –como em Ludwig Wittgenstein (desde  Trac-tatus logico-philosophicus até Investigações

     filosóficas) – filósofo da linguagem aus-tríaco. Naquela parte do trabalho, inten-tei articular essas duas visões a respeito dainexorabilidade da representação mental, emsua dependência de uma linguagem cogniti-vamente ordenada.

    Na seqüência, tratei de aproximar o “se-gundo Wittgenstein” ( Investigações filosó- ficas) das teses do lingüista histórico Fer-dinand de Saussure (Curso de lingüísticageral). A partir de suas metáforas do jogode xadrez, tracei (resumida e limitadamente)suas teses sobre a natureza da linguagem.Ressaltei, então, suas mútuas consonânciasteóricas, também com o objetivo de ques-

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    tionar – como horizonte teórico deste tra-balho – a chamada “crise da representação”.

    É por isso que termino este trabalho mepermitindo uma leve paródia/inversão da úl-tima frase do   Tractatus – “Sobre aquilo quenão se pode falar, deve-se calar” (Wittgens-tein, 1994: 281). No quadro do que pensoter começado a demonstrar aqui – a saber,que o argumento da “crise da representação”está, ele mesmo, em crise –, afirmo aos pós-modernos exatamente o que eles não querem

    ouvir: aquilo que não se pode calar, deve-sefalar.

    6 Referências Bibliográficas

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    _____ . (s/d.),   Trechos significativos doCurso de Lingüística Geral de Saus-

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