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Assunto Prático 01: Aptidão Agrícola das Terras 1. Introdução 1.1. Conceito: Adaptabilidade das terras para um tipo específico de utilização agrícola, pressupondo-se um ou mais distintos níveis de manejo. Neste conceito pressupõe-se a necessidade de informações, as quais deverão ser utilizadas adotando-se um sistema de estratificação que permita a transmissão de conhecimento de forma sistematizada e técnica, ou seja, com o uso de um sistema de classificação. A determinação da aptidão agrícola pressupõe planejamento de uso das terras. 1.2. Tipos de classificação Naturais (taxonômicas): Considera-se um conjunto considerado simultâneo de atributos ou propriedades relacionadas a origem do objeto a ser classificado. Exemplos: Soil taxonomy; e Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SBCS). Técnicas (objetivas): Alguns atributos ou propriedades são considerados e deve atender um objetivo específico e de aplicação prática. Exemplos: Aptidão agrícola: FAO/Brasileiro; e Capacidade de Uso. Terras para Irrigação. Os levantamentos de informações que estão associados aos sistemas de classificação taxonômicos de solos são a fonte mais completa de dados que podem ser utilizados na definição da aptidão agrícola das terras. Estes levantamentos são, contudo, de custo elevado e requerem pessoal técnico especializado, o que limita a sua utilização, pois a aplicação para a definição da aptidão agrícola das terras requer detalhes em escala pequena.

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Assunto Prático 01: Aptidão Agrícola das Terras 1. Introdução 1.1. Conceito:

Adaptabilidade das terras para um tipo específico de utilização agrícola, pressupondo-se um ou mais distintos níveis de manejo.

Neste conceito pressupõe-se a necessidade de informações, as quais deverão ser utilizadas adotando-se um sistema de estratificação que permita a transmissão de conhecimento de forma sistematizada e técnica, ou seja, com o uso de um sistema de classificação.

A determinação da aptidão agrícola pressupõe planejamento de uso das

terras.

1.2. Tipos de classificação

Naturais (taxonômicas): Considera-se um conjunto considerado simultâneo de atributos ou

propriedades relacionadas a origem do objeto a ser classificado. Exemplos: Soil taxonomy; e

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SBCS).

Técnicas (objetivas): Alguns atributos ou propriedades são considerados e deve atender um

objetivo específico e de aplicação prática. Exemplos: Aptidão agrícola: FAO/Brasileiro; e Capacidade de Uso.

Terras para Irrigação.

Os levantamentos de informações que estão associados aos sistemas de classificação taxonômicos de solos são a fonte mais completa de dados que podem ser utilizados na definição da aptidão agrícola das terras.

Estes levantamentos são, contudo, de custo elevado e requerem pessoal técnico especializado, o que limita a sua utilização, pois a aplicação para a definição da aptidão agrícola das terras requer detalhes em escala pequena.

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Recomenda-se que sejam feitos ou utilizados levantamentos pedológicos detalhados (escala 1:10.000 a 1:25.000) ou semi-detalhados ((escala 1:25.000 a 1:100.000).

O uso dos levantamentos de classes de solo disponíveis, como o do

Ceará (1:600.000), em escalas muito grandes, não fornecem os detalhes necessários para a aplicação de sistemas de definição da aptidão agrícola em nível de propriedade agrícola. 2. Sistema de Classificação da Capacidade de Uso 2.1. Introdução

Estruturado pelo Serviço de Conservação do Solo dos EUA. A grande contribuição deste sistema foi a de ter influenciado todos os

sistemas subseqüentes que incluem a produção sustentada, ou seja, apresenta enfoque conservacionista.

É utilizado em várias partes do mundo e sofreu várias adaptações. Objetiva agrupar solos já mapeados nos EUA em classes de capacidade

de uso para programas de planejamento agrícola. Torna a informação já existente nos levantamentos de solos (nível

detalhado) mais acessível, de forma prática, ao usuário. É uma interpretação dos mapas de solos dos levantamentos existentes nos EUA.

Nos países em que está informação não está disponível, procurou-se suprir esta informação, mapeando-se atributos como declive, textura, permeabilidade etc.

Porém limita bastante uma interpretação mais consistente.

2.2. Estrutura

Grupos de Uso (3 grupos): Estabelecidos com base nos tipos de intensidade de uso.

Classes de Uso (8 classes):

Baseadas no grau de limitação de uso.

Subclasses de Uso (Índices): Baseadas na natureza da limitação de uso.

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Unidades de Uso (Índices): Baseadas em condições específicas que afetam o uso ou manejo

da terra. Classes de Capacidade de Uso:

Grupo A: I até IV - com aptidão para culturas.

Grupo B:

V - refere-se a classes de solos com problemas de drenagem, pedregosidade ou de adversidade climática problemática para cultivos; e

VI e VII - necessitam de manejo especial. Grupo C:

VIII - não apresentam retornos para insumos referentes a manejo para culturas, pastagens ou florestas.

São as seguintes classes de capacidade de uso (I a VIII):

A - Terras cultiváveis: Classe I - sem problemas especiais de conservação; Classe II - problemas simples de conservação; Classe III - problemas complexos de conservação; e Classe IV - ocasionalmente ou em extensão limitada com

sérios problemas de conservação. B - Terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas

culturas permanentes e adaptadas, em geral, para pastagem ou reflorestamento:

Classe V - Sem necessidade de práticas especiais de conservação;

Classe VI - . com problemas especiais de conservação; e Classe VII - com problemas complexos de conservação.

C - Terras impróprias para vegetação produtiva e próprias para proteção da flora e da fauna silvestres, para recreação ou para armazenamento de água.

Índices: São adicionados às classes de aptidão definindo subclasses e

unidades de uso.

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São indicativos dos principais problemas em nível detalhado. Subclasses: Consideram-se quatro naturezas:

e: limitações pela erosão presente e/ou risco de erosão;

s: limitações relativas ao solo; a: limitações por excesso de água; e

c: limitações climáticas.

Unidades de uso: Especificam mais a natureza da limitação:

Exemplos:

s-hi: limitação de natureza relativa ao solo e associada a problemas de hidromorfismo;

s-pd: limitação de natureza relativa ao solo e associada a

problemas de pedregosidade; s-di: limitação de natureza relativa a solo e associada a

distrofismo; s-ti: limitação de natureza relativa a erosão e associada a

tiomorfismo; etc.

Exemplos do Sistema de Classificação da Capacidade de Uso:

IIIpd-di ⇒ Classe III, com problemas de pedregosidade e distrofismo.

IIi ⇒ Classe II, com problemas de inundação.

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2.3. Levantamento Utilitário das Terras 2.4. Caracterização das informações necessárias As informações necessárias para a aplicação do Sistema de Capacidade de Uso são as características e/ou propriedades do perfil do solo (independente de serem fatores limitantes ou não), a declividade do terreno, a erosão já sofrida pela terra, uso atual, o estádio de desbravamento e outras características gerais da propriedade. 2.4.1. Perfil do solo:

Não necessariamente limitantes: Profundidade efetiva: É a espessura máxima do solo em que as raízes

não encontram impedimento físico para penetrar livremente, facilitando a fixação da planta e servindo como meio para a absorção de água e nutrientes.

Exemplos de impedimento físico considerado: presença de rocha consolidada, fragipans, lençol freático sem possibilidade de rebaixamento por drenagem, etc.

Ìndices utilizados: 0: não identificada;

1: muito profundos (> 2 m); 2: profundos (1 a 2 m); 3: moderadamente profundos (0,5 a 1 m); 4: rasos (0,25 a 0,5 m); 5: muitos rasos (< 0,25 m).

Textura do perfil do solo: obtida a partir da análise granulométrica e do

uso do triângulo textural. Pode ser estimada em condições de campo pela sensação ao tato

da massa de solo úmida. Principais grupamentos texturais utilizados:

0: não identificado; 1: textura muito argilosa; 2: textura argilosa; 3: textura média; 4: textura siltosa; 5: textura arenosa.

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Permeabilidade do perfil do solo: capacidade que o solo apresenta de transmitir água e ar. É a velocidade do fluxo através de uma secção transversal unitária de solo saturado, sob determinado gradiente hidráulico.

Estimada pela análise conjunta de sua textura, friabilidade, estrutura e quantidade de poros visíveis a olho nu.

0: não identificada; 1: rápida (> 150 mm/h); 2: moderada (5 a 150 mm/h); e 3: lenta (< 5 mm/h).

2.4.2. Fatores limitantes específicos: Fatores limitantes: critério diagnóstico que afeta adversamente o uso da

terra São vários, cada um com os seus índices próprios: Pedregosidade (pd);

Risco de inundação (i); Caráter abrupto (ab); Caráter vértico (vê); Hidromorfismo (h); Seca prolongada (se); Geada ou vento frio (gd); Baixa saturação de bases ou caráter distrófico (di); Capacidade de retenção de cátions muito baixa (ct); Tiomorfismo (ti); Sodicidade (so); Salinidade (sl); Presença de carbonatos (ca);

2.4.3. Características e/ou propriedades do solo de notação facultativa São informações adicionais. Classificação pedológica: devem ser notadas com razoável conhecimento do levantador. Devem ser usadas notações do sistema de classificação vigente. Cor do solo: notação adotada com referência a caderneta de Munsell.

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Produtividade aparente: estimada pelo tipo de vegetação espontânea e colheitas auferidas pelos agricultores.

Outras características: substrato geológico; vegetação primitiva; forma de declive; e outras de interesse local. 2.4.4. Declividade do terreno A: declives < 2%; B: declives entre 2 e 5%; C: declives entre 5 e 10%; D: declives entre 10 e 15%; E: declives entre 15 e 45%; F: declives entre 45 e 70%; G: declives > 70%. 2.4.5. Erosão Expressada através de indicadores de tipo e grau de erosão: Indicadores gerais: A: Geral 0: presente, mas em grau não identificado; θ: erosão não aparente, tal como ocorre em solos virgens recobertos de vegetação. B: Erosão laminar: 1: ligeira: já aparente, mas com < 25% do solo superficial removido (horizonte A), ou qdo não for possível identificar a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, com mais de 15 cm do solo superficial (horizonte A) remanescente; 2: moderada: com 25% a 75% do solo superficial removido (horizonte A), ou qdo não for possível identificar a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, com 5 a 15 cm do solo superficial (horizonte A) remanescente; 3: severa: com mais de 75% do solo superficial removido (horizonte A) e, possivelmente com o horizonte B aflorando, ou qdo não for possível identificar a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, com menos de 5 cm do solo superficial (horizonte A) remanescente; 4: muito severa: com todo solo já superficial removido (horizonte A) e com o horizonte B bastante afetado (erodido), já havendo, em alguns casos, sido removido em proporções entre 25 e 75% da profundidade original;

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5: extremamente severa: com o horizonte B, em sua maior parte, já removido, e com o C atingido, encontrando-se o solo praticamente destruído para fins agrícolas; 6: simbolo reservado para áreas desbarrancadas ou translocações de blocos de terra. C: Erosão em sulcos a: Freqüência dos sulcos: 7: ocasionais: sulcos distanciados mais de 30 m; 8: freqüentes: sulcos distanciados a menos de 30 m, ocupando área inferior a 75%; 9: muito freqüentes: sulcos distanciados a menos de 30 m, ocupando área superior a 70 %. b: Profundidade dos sulcos: 7, 8 e 9 (somente números): sulcos superficiais, cruzados por máquinas e que se desfazem com o preparo; 7, 8 e 9 (circundados por Ο): sulcos rasos cruzados por máquinas e que não se desfazem com o preparo; 7, 8 e 9 (circundados por ): sulcos profundos, que não podem ser cruzados por máquinas agrícolas e que ainda não atingiram o horizonte C; 7V, 8V e 9V: sulcos muito profundos que não podem ser cruzados por máquinas agrícolas e que atingiram o horizonte C. Erosão eólica: Tipos

L: litorânea C: comtinental

Graus: 1: pequena ou ligeira; 2: regular ou moderada; 3: severa ou intensa. 2.4.6. Uso atual, nível tecnológico e estádio de desbravamento Transparência 2.4.7. Características gerais da propriedade Transparência

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2.5. Notação das informações

Essas informações são representadas por símbolos e notações convencionais, dispostos numa fórmula que sintetiza as condições encontradas em cada área considerada homogênea.

Fórmula mínima:

atualusoerosãoedeclividad

dadepermeabilitexturaefetivadeprofundida

Fórmula obrigatória:

atualusotestanilimfatoreserosãoedeclividad

dadepermeabilitexturaefetivadeprofundida

Fórmula máxima:

É a fórmula obrigatória acrescida de outros elementos passíveis de

identificação. A classificação pedológica, a cor do solo e a sua produtividade aparente,

quando conhecidos ou identificáveis, poderão ser colocados, optativamente, antes da fração da formula. Exemplo de uma fórmula máxima hipotética:

2122 LpcMtalpd72B

2/12/33p6/5YR5LV −−−

−−−−

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2.5. Identificação da classe de aptidão agrícola

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2.6. Recomendações práticas para a execução do levantamento utilitário 2.6.1. Material de campo 2.6.2. Material de escritório 2.6.3. Mapa base Mapa de campo, no qual se faz todas as assinalações necessárias do seu estudo. Podem ser utilizados: fotografias aéreas; mapas planialtimétricos, mapa de restituição e mapa planimétrico. 2.6.4. Mapa de levantamento do meio físico 2.6.5. Mapa de uso atual 2.6.6. Mapa de capacidade de uso

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3. Sistema FAO/Brasileiro 3.1. Introdução

Desenvolvido na década de 60. Características bastante inovadoras:

a. Considera na sua estrutura os níveis de manejo Os problemas dos diferentes tipos de agricultores são

diferenciados.

b. Considera a estimativa de viabilidade de redução dos problemas.

c. Estrutura permite ajustamento a novos conhecimentos permitindo: Adaptações regionais;

Ajuste em função metodologia que sintetiza as qualidades do ecossistema em cinco parâmentros:

Nutrientes; Água; Oxigênio; Mecanização; e Erosão.

3.2. Aplicação do sistema FAO/Brasileiro

a. Estimativa dos problemas: É uma síntese da influência das propriedades do ecossistema; Estimativa dos desvios ∆N; ∆A; ∆O; ∆E e ∆M; Estimar em relação a que?

Solo ideal X Solo real (Quadro 4.1.) Graus de desvios considerados:

Nulo = 0 Ligeiro = 1 Moderado = 2 Forte = 3 Muito forte = 4

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Quadro 1. - Relação entre solo ideal (∆i = 0, onde ∆i = N,A,O,E e M) e solo real (∆i ≥ 0)

Parámetro Solo ideal Solo real Nutrientes ∆N = 0 ∆N ≥ 0 Água ∆A = 0 ∆A ≥ 0 Oxigênio ∆O = 0 ∆O ≥ 0 Suscetibilidade à erosão ∆E = 0 ∆E ≥ 0 Impedimentos a mecanização

∆M = 0 ∆M ≥ 0

Estimativa de desvios subjetiva ⇒ convergência de critérios.

Pode-se usar critérios de referência como auxílio nesta estimativa, não ficando tão subjetiva assim (Quadro 2).

b. Estimativa da redução destes problemas, conforme nível de manejo considerado:

É um balanço entre intensidade dos desvios e possibilidades, dificuldades e conveniência de sua redução.

Deve-se considerar as opções dos vários níveis de manejo, refletindo diferenças em insumos e técnica.

É uma estimativa da viabilidade de melhoramento. Considera-se, no sistema, as classes de viabilidade de

melhoramento (Quadro 3).

Exemplos: ∆N = 4 para as Areias Quartzosas da Serra da Ibiapaba, antes do

melhoramento. ∆N = 1b, após melhoramento, mesmo aplicando fertilizantes e

corretivos (o melhoramento pode não eliminar toda a deficiência).

A viabilidade de melhoramento está intimamente ligada às condições sócioeconômicas, sintetizadas grosseiramente na forma de níveis de manejo (Quadro 4).

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Quadro 2. Grau de desvio (limitações) das condições agrícolas dos solos em relação ao solo ideal, quanto a nutrientes ou fertilidade (N), disponibilidade de água (A), oxigênio (O), suscetibilidade à erosão (E) e impedimentos à mecanização

0 (nulo)

∆N Elevada reserva de nutrientes. Nem mesmo plantas exigentes respondem a adubação. Ótimos rendimentos por mais de 20 anos. Ao longo do perfil: V%>80%, S>6 cmolkg-1, TAL=0, na camada arável, e condutividade elétrica (CE) < 4 dSm-1 a 25 oC.

∆A ∆O ∆E ∆M

1 (Ligeiro) ∆N ∆A ∆O ∆E ∆M

2 (Moderado) ∆N ∆A ∆O ∆E ∆M

3 (Forte) ∆N ∆A ∆O ∆E ∆M

4 (Muito Forte) ∆N ∆A ∆O ∆E ∆M

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Quadro 3. – Classes de viabilidade de melhoramento Classe Viabilidade de melhoramento Classe a1 Melhoramento viável com práticas

simples e pequeno emprego de capital.

Classe b Melhoramento viável com práticas intensivas e mais sofisticadas e considerável aplicação de capital. Esta classe ainda é considerada economicamente compensadora.

Classe c Melhoramento viável somente com práticas de grande vulto; aplicadas a projetos de larga escala que estão, normalmente, além das possibilidades individuais dos agricultores.

Classe d Sem viabilidade técnica ou econômica de melhoramento.

1 – As letras minúsculas a, b e c são usadas, além da indicação da classe de viabilidade de melhoramento, também para indicar aptidão para lavouras. Embora seu uso fique bem claro no contexto, quando indica variabilidade de melhoramento a letra é grifada. Quadro 4. - Níveis de manejo Nível de manejo

Práticas agrícolas Capital aplicado no melhoramento e conservação do solo e lavouras

Trabalho

A Refletem baixo nível tecnológico

Praticamente não é aplicado

Principalmente braçal. Alguma tração animal com implementos simples

B Refletem nível tecnológico médio

Modesta aplicação Tração animal

C Refletem alto nível tecnológico

Aplicação intensiva Mecanização em quase tidas as fases

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c. Identificação da classe de aptidão Confronto das informações de a e b. Uso de tabelas de conversão (quadros-guia). O quadro de conversão ou quadro-guia é o máximo de limitação

permitido, para cada delta e para cada nível de manejo, referente a classe de aptidão.

A definição da classe de aptidão agrícola deve seguir o princípio

de que o uso não pode ser mais intensivo do que permite o delta que está no mínimo.

É uma síntese e, portanto, difícil de ser lida com aproveitamento

de toda a informação que ela encerra. A mensagem final que chega geralmente na forma de mapa colorido

com símbolos. Exemplo:

1Ab(c): Letras A, B e C, maiúsculas ou minúsculas; e entre

parênteses ou não, significam aptidão para culturas: A: Aptidão boa no sistema de manejo A; B: Aptidão regular no sistema de manejo B; e (c): Aptidão restrita no sistema de manejo C. ____ Áreas de pior aptidão agrícola na unidade de

mapeamento. Ausência de qualquer letra indica inaptidão.

Exemplo: 2ab. Existem também as letras P, S e N:

P: pastagem plantada; S: silvicultura;e N: pastagem natural.

Letras maiúsculas: classes de aptidão boa; Letras minúsculas: classes de aptidão regular; e Letras minúsculas entre parênteses: classes de aptidão restrita.

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O conceito de aptidão agrícola utilizado tem um sentido amplo para (Quadro 5 e 6):

Lavouras; Pastagens plantadas; Pastagens naturais; Silvicultura; Reserva biológica; e

Recreação

Expressa uma adequação ao uso ao aumento do (s) grau (s) de limitação (ões).

Mais detalhes relativos ás classes de aptidão agrícola (Quadro 7).

Quadro 5. Grupos e classes de aptidão agrícola e alternativas gerais de

utilização Grupos Classe Nível de manejo A B C Lavouras A ↑ L ↓ 1 Boa 1A 1B 1C L ↑ I ↓ 2 Regular 2a 2b 2c T ↑ M ↓ 3 Restrita 3(a) 3(b) 3(c) E ↑ I ↓ Pastagem plantada R ↑ T ↓ 4 Boa 4P N ↑ A ↓ 4 Regular 4p A ↑ Ç ↓ 4 Restrita 4(p) T ↑ Õ ↓ Silvicultura e/ou pastagem natural I ↑ E ↓ 5 Boa 5N 5S V ↑ S ↓ 5 Regular 5n 5s A ↑ ↓ 5 Restrita 5(n) 5(s) S ↑ ↓ Sem aptidão para uso agrícola ↑ ↓ 6 Preservação da flora e da fauna ↑ ↓

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Quadro 6. - Alternativas de utilização das terras de acordo com o grupo de aptidão agrícola

Aumento da intensidade de uso Limitações

e Alternativas

Grupos de aptidão

Lavoura

Preservação da flora e da fauna

Silvicultura e/ou pastagem natural

Pastagem

Aptidão restrita

Aptidão regular

Aptidão boa

A↑

D↓ 1

L↑

E↓ 2

T↑

S↓ 3

E↑

V↓ 4

R↑

I↓ 5

N↑ O↓ 6 Quadro 7. Classes de aptidão agrícola Classes de aptidão

Limitações gerais

Produções no manejo A Remoção de restrições

BOA

ligeiras boa no período de 20 anos

REGULAR moderadas boa no período de 10 anos parcialmente no manejo A

RESTRITA fortes Médias e baixas no período de 10 anos

opção de culturas

INAPTA excluem a produção sustentada do tipo de utilização em questão

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Porém, como obtém-se a classe de aptidão agrícola? Exemplo (Quadros 4.8. e 4.9.) Passos: A estimativa dos deltas do ecossistema em relação ao solo ideal

(qualidades do ecossistema). Avaliação da viabilidade de redução dos deltas conforme nível de

manejo (refletindo diferenças em insumos e técnica). Confronto de informações obtidas utilizando. Uso de quadros de síntese de informações (Quadro 4.8.) Observações gerais:

Os Quadros-guia (Quadro Tabela 4.8.) são muito gerais. Precisam ser mais específicos Cada cultura poderia Ter a sua O Sistema FAO/Brasileiro não foi suficientemente trabalhado ao

nível do usuário/propriedade Pelas suas características está mais condicionado para aplicação

para escalas muito pequenas (grandes regiões) Na estimativa das qualidades da terra entra uma grande qtidade de

informações não quantificáveis e expressáveis É o conhecimento empírico (um sentimento de percepção),

fundamental nas decisões do agricultor.

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Quadro 8. - Quadro-guia de classificação de aptidão agrícola da região semi-árida Aptidão Agrícola Graus de limitação das condições agrícolas das terras

para os níveis de manejo A, B e C ∆N ∆A ∆O ∆E ∆M Grupo Sub-

grupo Classe Uso agrícola

A B C A B C A B C A B C A B C 1 1ABC Boa 0/1 0a 0a 1/2 1/2 1/2 1 1a 0/1a 1 0/1a 0a 2 1/2 0 2 2abc Regular Lavouras 1 1a 1b 2 2 2 2 1/2a 1b 1/2 1a 0/1b 2/3 2 1 3 3(abc) Restrita 2 1/2a 1/2b 2/3 2/3 2/3 3 2a 2b 2/3 2a 1/2a 3 2/3 2

4p Boa Pastagem 2a 2 3 2/3a 2 4p Regular 2/3a 2/3 4 3a 2/3

4

4(p) Restrita Plantada 3a 3 4 3/4 3

5S Boa 2/3a 2 1a 3a 2/3 5s Regular Silvicultura 3a 2/3 1a 3a 3

5

5(s) Restrita 4 3 1/2a 4 3

5N Boa 2/3 3 3 3 3 5n Regular Pastagem

natural 3 3/4 3/4 3 4

5

5(n) Restrita 4 4 4 3 4 6 6 Preservação

da flora e da fauna

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Quadro 9. - Resultado do confronto entre desvios da unidade PLs após redução dos desvios (quando viáveis) e os requisitos de máxima limitação permissível para determinada classe de uso na Tabela-Guia Situação ∆N ∆A ∆O ∆E ∆M A B C A B C A B C A B C A B C PLs 1 1a 1b 2/3 2/3 2/3 1 1a 0/1a 1 0 0 2 2/3 2 Quadro - Guia

1 1a 1b 2/3 2/3 2/3 1 1a 0/1a 1 0/1a 0a 2 2/3 2

a B c (a) (b) (c) A B C A B C A (b) (c) Uso mais intensivo

(a) (b) (c)

Uso possível

3 (a) (b) (c)

Conclusão 3(abc) é o máximo uso possível para a área em questão, ou seja, no sistema de manejo A, B e C, o máximo uso é o de culturas em caráter restrito

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4. Bibliografia LEPSCH, I. F. (coord.). Manual para levantamento utilitário do meio físico e

classificação de terras no sistema de capacidade de uso. Campinas: SBCS, 1991. 175p.

RESENDE, M., CURI, N. REZENDE, S.B., CORRÊA, G.F. Pedologia: a

base para a distinção de ambientes. Viçosa: NEPUT, 1995. 304p.