ASSISTENCIA À GESTANTE - WordPress.com · Amniotomia deve ser retardada em casos de partos...
Transcript of ASSISTENCIA À GESTANTE - WordPress.com · Amniotomia deve ser retardada em casos de partos...
@Med.cão
ASSISTENCIA À GESTANTE
REDE CEGONHA
A rede cegonha é uma estratégia do Ministério
da Saúde que visa implementar uma rede de
cuidados para assegurar às mulheres o direito ao
planejamento reprodutivo e a atenção humanizada
à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como
assegurar às crianças o direito ao nascimento
seguro e ao crescimento e desenvolvimento
saudáveis.
Esta estratégia tem a finalidade de estruturar e
organizar a atenção à saúde materno-infantil no
País e será implantada, gradativamente, em todo o
território nacional, iniciando sua implantação
respeitando o critério epidemiológico, taxa de
mortalidade infantil e razão mortalidade materna e
densidade populacional.
COMPONENTES:
DIRETRIZES
Acolhimento com avaliação e classificação de risco
e vulnerabilidade, ampliação do acesso e melhoria
da qualidade do pré-natal;
Vinculação da gestante à unidade de referência
para o parto, e ao transporte seguro;
Boas práticas e segurança na atenção ao parto e
nascimento;
Atenção à saúde das crianças de 0 a 24 meses com
qualidade e resolutividade;
Acesso às ações de planejamento reprodutivo.
OBJETIVOS
Promover a implementação de novo modelo de
atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com
foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao
crescimento e ao desenvolvimento da criança;
Organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e
Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento
e resolutividade;
Reduzir a mortalidade materna e infantil com
ênfase no componente neonatal.
@Med.cão
DIRETRIZES DA ASSISTÊNCIA
HUMINIZADA (LEI 11.108)
Permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)
acompanhante durante todo período de trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato, que será indicado
pela parturiente;
O diálogo franco, a sensibilidade e a capacidade de
percepção de quem acompanha o pré-natal são
condições básicas para que o saber em saúde seja
colocado à disposição da mulher e da sua família –
atores principais da gestação e do parto;
A Política Nacional de Humanização (PNH) define
por humanização um certo modo de fazer inclusão
traduzido pelo seu método: o método da tríplice
inclusão. Ou seja, a humanização se efetiva pela
inclusão – nos espaços de atenção, gestão e
formação em saúde;
HUMANIZAÇÃO
Fomento da autonomia e protagonismo desses
sujeitos;
A valorização dos diferentes sujeitos implicados no
processo de produção de saúde – usuários(as),
trabalhadores(as) e gestores(as);
A co-responsabilidade entre eles; o
estabelecimento de vínculos solidários e de
participação coletiva no processo de gestão;
Identificação das necessidades sociais de saúde;
mudança nos modelos de atenção e gestão;
Compromisso com a ambiência, melhoria das
condições de trabalho e de atendimento;
Rede de cuidados que visa assegurar à mulher e à
criança, o direito à atenção humanizada durante o
pré-natal, parto/nascimento, puerpério e atenção
infantil em todos os serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde (SUS);
Vinculação de unidades que prestam atenção pré-
natal às maternidades/ hospitais, conforme
definição do gestor local;
@Med.cão
Garantia dos recursos humanos, físicos, materiais e
técnicos necessários à atenção pré-natal,
assistência ao parto e ao recém-nascido e atenção
puerperal, com estabelecimento de critérios
mínimos para o funcionamento das maternidades e
unidades de saúde;
Captação precoce de gestantes na comunidade;
Garantia de atendimento a todas as gestantes que
procurem os serviços de saúde;
Garantia da realização dos exames complementares
necessários;
Garantia de atendimento a todas as parturientes e
recém-nascidos que procurem os serviços de saúde
e garantia de internamento, sempre que necessário;
Garantia de acompanhante durante o trabalho de
parto, no parto e no pós-parto;
Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea
desnecessária;
Vinculação à Central de Regulação Obstétrica e
Neonatal, de modo a garantir a internação da
parturiente e do recém-nascido nos casos de
demanda excedente;
Transferência da gestante e/ou do neonato em
transporte adequado, mediante vaga assegurada em
outra unidade, quando necessário (SAMU);
Garantia de atendimento das intercorrências
obstétricas e neonatais;
Atenção à mulher no puerpério e ao recém-nascido.
Ministério da Saúde lançou a (PNH)
incentivando a utilização de programas de
acolhimento com classificação de risco nos
setores de emergência. Esse tipo de programa
auxilia na qualificação do trabalho realizado
nas emergências obstétricas, proporcionando
redução no tempo de espera das pacientes,
organizando o fluxo de atendimento e
facilitando uma atuação rápida de equipe nos
casos mais urgentes.
ASSISTÊNCIA AO TRABALHO DE PARTO
AVALIAÇÃO INICIAL DA PARTURIENTE
Os cuidados iniciais dispensados à parturiente
envolvem a anamnese dirigida à verificação da
existência de doença prévia ou diagnosticada
durante o pré-natal, o exame físico inicial e a
avaliação da vitalidade fetal. A paciente deverá ser
abordada quanto à possibilidade de colonização
pelo estreptococo do grupo B, instituindo-se a
profilaxia necessária em casos positivos ou com
risco potencial
Exame físico inicial
O exame físico inicial envolve exame físico geral
materno, com verificação da pressão arterial, da
frequência cardíaca, da temperatura e do peso;
exame físico especial; e exame obstétrico, no qual
se avaliam o padrão das contrações uterinas, a
palpação obstétrica, o exame vaginal e a vitalidade
fetal. O exame obstétrico tem como objetivo
principal avaliar os três parâmetros que interferem
na evolução do trabalho de parto: o feto, o canal de
parto (incluindo a avaliação da bacia obstétrica) e a
dinâmica uterina.
Avaliação vaginal
• Avaliação da integridade das
membranas amnióticas e observar as
características do líquido aminiótico
• Sangramento vaginal: verificar a presença
e a quantidade de sangramento.
• Colo uterino: deverá ser quantificada a
dilatação cervical (0 a 10 cm) e, ainda,
deve-se estudar o esvaecimento cervical, o
tipo de apresentação (região fetal que ocupa
a área do estreito superior e nele irá se
insinuar), a variedade de posição (relação
entre o ponto de referência materno e o
ponto de referência fetal) e a altura em
relação aos planos de De Lee
• Pelve materna: realizar a pelvimetria
Cardiotocografia na admissão não é
indicada
Exames laboratoriais
@Med.cão
• Tipo sanguíneo ABO/fator Rh
• Teste rápido para (HIV
Preparo do paciente: Enema e tricotomia não
são preconizados
ASSISTÊNCIA AO PRIMEIRO PERÍODO DO
TRABALHO DE PARTO
Postura da parturiente: deve-se incentivar a
paciente a andar e sentar em cadeiras confortáveis
e não há indicação na redução da duração do
trabalho de parto, a deambulação deve respeitar, as
características e a disposição individual de cada
gestante. No trabalho de parto, a posição em
decúbito lateral associa-se a um melhor padrão de
contrações uterinas, que se tornam menos
frequentes e mais intensas.
Analgesia: A analgesia durante o trabalho de parto
deve respeitar o limiar da dor, que é individual.
Assim, ela deve ter por objetivo proporcionar
conforto à parturiente.
Controle materno: Os sinais vitais como pulso,
pressão arterial e temperatura são rotineiramente
avaliados a cada 4 horas para gestantes de baixo
risco. Em casos de crise hipertensiva/ diabetes,
deve-se avaliar estes sinais com menor intervalo de
tempo e fazer o controle glicêmico;
Alimentação e flúidos venosos: Não há consenso
na literatura referente à ingestão de alimentos e
líquidos durante o trabalho de parto. O Jejum
justifica-se pelo risco de vômitos e pneumonite
aspirativa. É Recomendado adotar a pausa
alimentar durante o trabalho de parto, garantindo
por meio de fluidos intravenosos que a paciente
receba aporte calórico adequado → oferecida a
possibilidade de ingestão de alimentos que
produzam poucos resíduos, como líquidos
adocicados, gelatinas e sorvetes de frutas;
A manutenção rotineira de acesso venoso deverão
ocorrer apenas quando se fizerem necessárias,
como em casos em que estão sendo administrados
antibióticos, nas induções de trabalho de parto, em
trabalhos de parto prolongados e quando se utiliza
analgesia e medicamentos indutores do trabalho de
parto.
Assistência obstétrica: O acompanhamento do
trabalho de parto envolve, além de constante
avaliação clínica da parturiente, individualizada
segundo a presença ou não de doenças maternas,
especial atenção às contrações uterinas, à dilatação
do colo do útero, à descida da apresentação fetal, à
condição das membranas ovulares e à
monitorização da frequência cardíaca fetal, da
altura da apresentação e do uso de ocitócitos. Todos
os dados da avaliação devem ser registrados no
partograma da instituição.
Contrações uterinas: Podem ser avaliadas pela
palpação abdominal, por tocodinamômetro externo
ou pela introdução de catete intra-aminiótico de
pressão intrauterina. A avaliação da dinâmica
uterina deve levar em consideração a frequência e
duração das contrações uterinas
Toque vaginal: Informações sobre dilatação do
colo do útero, condição das membranas ovulares,
tipo de apresentação, na variedade de posição e
descida da apresentação fetal. Deve-se realizar a
quantidade mínima necessária para se obter as
informações sobre a evolução do trabalho de parto,
sem que aumente o risco de infeção intra-amniótica
Descida da apresentação: Em geral acompanha a
dilatação cervical
Condição das membranas ovulares: A
verificação de que as membranas ovulares estão
rotas conduzirá o obstetra a tomar medidas e
cuidados necessários para evitar ou diagnosticar a
presença de infecção ovular.
Amniotomia: pode reduzir 1 a 2 horas do trabalho
de parto ativo, bem como a utilização da ocitocina,
@Med.cão
porém isso ainda é discutível → usado mais
comumente em partos com distócia. Amniotomia
deve ser retardada em casos de partos prematuros,
oligâmnio e apresentações pélvicas. Deve-se
proceder à amniotomia no final da contração
uterina, na parte superior da bolsa das águas
(equiva lente à posição de 12 horas do relógio);
realizar o esvaziamento gradual da cavidade
uterina e proceder à monitorização fetal com o
objetivo de identificar sinais de compressões
funiculares (desaceleração umbilical
intraparto).Caso a paciente apresente sorologias
positivas para hepatite B ou C ou ainda para o HIV,
não deve ser realizada a amniotomia com o intuito
de minimizar o risco da transmissão vertical
Prolapso de cordão: Mais frequente em casos de
apresentação fetal não cefálica, prematuridade,
gestação múltipla e polidrâmnio, amniotomoa,
aminioinfusão e aplicação de fórcipe. Quando
ocorre há evidência de desacelerações variadas de
repetição ou bradicardia. Após diagnosticar o
prolapso de cordão, deve-se realizar a cesárea
imediatamente, evitando-se, por meio de toque
vaginal, que a apresentação fetal (em geral o polo
cefálico) promova compressão do cordão umbilical
Monitorização fetal intraparto: Ausculta
intermitente dos batimentos cardíacos fetais com
sonar Doppler e cardiotocografia contínua, o
estetoscópio de Pinard não é adequado.
A auscuta intermitente na contração e no primeiro
minuto seguinte por 5 a 10 contrações seguidas.
Preconiza que no primeiro período do trabalho de
parto a ausculta seja realizada a cada 15 minutos e
durante o segundo período (período expulsivo), a
cada 5 minutos → 1 Profissional para cada duas
pacientes. A monitorização contínua da frequência
cardíaca fetal em gestações de baixo risco não
apresenta benefícios evidentes. Em gestações de
alto risco para sofrimento fetal, a cardiotocografia
intraparto contínua associa-se à diminuição das
convulsões no período neonatal
Cardiotocografia intraparto: A monitorização
eletrônica da frequência cardíaca fetal tem por
objetivo identificar fetos que apresentam
sofrimento fetal, evitando-se assim possíveis danos
cerebrais e o óbito fetal.
• Decalagem é o intervalo de tempo entre o
início da contração e o início da
desaceletação
• Entende-se por desaceleração ou
desaceleração intraparto a queda
transitória da frequência cardíaca fetal
motivada por contrações uterinas. As
desacelerações podem ser classificadas em
precoces, tardias e umbilicais
• Desacelerações precoces: A hipótese
proposta por Caldeyro-Barcia et al.7
explicam a ocorrência da desaceleração
precoce pela compressão da cabeça fetal
secundária às contrações. Nessa situação,
postula-se que exista aumento da pressão
intracraniana, fato que levaria a redução no
fluxo sanguíneo cerebral, acredita-se que a
redução da oxigenação local estimula o
centro vagal no assoalho do quarto
ventrículo levando à diminuição da
frequência cardíaca fetal, o que seria
concomitante à queda local da pressão
parcial de oxigênio (pO2). Assim, na
desaceleração precoce, a queda da
frequência cardíaca fetal é coincidente com
a contração uterina ou, caso apresente
decalagem, será inferior a 15 segundos.
Normalmente ocorre no período expulsivo.
Não são acompanhadas de hipóxia ou
acidose fetal
• Desacelerações tardias: causadas por
hipoxemia fetal resultante da redução do
fluxo sanguíneo placentário em feto com
baixa reserva de oxigênio. Fetos com baixa
reserva de oxigênio não suportam a redução
do fluxo sanguíneo durante as contrações
uterinas e têm sua pO2 inferior a 16 a 18
mmHg, o que estimularia o centro vagal no
assoalho do quarto ventrículo levando à
diminuição da frequência cardíaca fetal.
o São recorrentes e simétricas, e
iniciam-se após o período de
decalagem de 20 a 30 segundos
o Clinicamente, as desacelerações
tardias associam-se à diminuição do
pH fetal e a maior morbidade e
mortalidade perinatal
@Med.cão
o Quanto mais frequentes forem as
desacelerações, maior o risco de
acidose metabólica
• Desacelerações variáveis ou umbilicais:
As desacelerações variáveis são recorrentes
e não apresentam relação temporal, de
forma fixa, com as contrações uterinas. Seu
início e término são abruptos, podendo ser
precedidas ou seguidas por pequenas
acelerações resultantes de compressão
transitória do cordão umbilical
(compressão da veia umbilical) e
denominadas acelerações-ombro
o A oclusão dos vasos umbilicais
exclui o leito placentário de baixa
resistência da circulação fetal e,
assim, ocorrem aumento da
resistência vascular periférica e
aumento transitório da pressão
arterial, que por um mecanismo
reflexo estimula os barorreceptores
com consequente redução da
frequência cardíaca fetal
o Como consequências da interrupção
intermitente das trocas materno-
fetais, ocorrem a redução do nível
de oxigênio e o acúmulo de dióxido
de carbono no sangue fetal. Assim,
poderá ser instalada acidose fetal
mista na dependência da frequência
e da duração dos episódios de
compressão do cordão umbilical.
ASSISTÊNCIA AO SEGUNDO PERÍODO DO
TRABALHO DE PARTO
Quando a dilatação do colo uterino está completa,
pode-se dizer que se iniciou o segundo período do
trabalho de parto.
Contrações tornam-se mais frequentes, com maior
intensidade e duração, a paciente sente desejo de
defecar. O mais importante é garantir que durante
todo o período expulsivo não exista sofrimento
fetal, por meio da monitorização contínua da
frequência cardíaca fetal.
Tricotomia: apenas na região a ser incisada, e que
aconteça o mais próximo possível do momento da
incisão da pele.
Posição da parturiente: Recomenda-se a posição
de Laborie-Duncan por favorecer a ação da
gravidade, minimizar os riscos de compressão da
aorta e da veia cava inferior e facilitar a progressão
fetal. Essa posição ainda favorece a ampliação dos
diâmetros anteroposteriores do estreito médio e
principalmente do estreito inferior.
Força expulsiva: Esforços expulsivos (puxos),
quando não são desencadeados espontaneamente,
só devem ser encorajados quando a dilatação
cervical é completa, ou seja, no período expulsivo.
Caso haja desaceleração é necessário aguardar a
recuperação da frequência cardíaca fetal. Orienta-
se à paciente que, após inspiração profunda, realize
puxo com duração de aproximadamente 10
segundos concomitante com a contração uterina.
Normalmente, é possível a realização de três puxos
em cada contração (puxo dirigido)
Controle da vitalidade fetal: observação de
desacelerações precoces
Preparação para o parto: assepsia de monte
púbico, sulcos gênitocrurais e terços superiores da
face interna da coxa, região vulvar, vaginal e anal.
Procede-se à colocação de campos esterilizados,
reduzindo os riscos de infeção
CUIDADOS NO PARTO
Proteção do períneo: Alguns preconizam apenas
a realização de pressão na região perineal, levando-
a de encontro à apresentação fetal, sem realização
de episiotomia. O objetivo dessa manobra é
promover desprendimento lento do polo cefálico
Epsiotomia e perineotomia: tem como objetivo
evitar as alterações estruturais do assoalho pélvico,
representadas tanto por lesões musculares
decorrentes da compressão pelo polo cefálico
quanto por aquelas devidas a lacerações perineais
@Med.cão
por ocasião da passagem do feto, deve ser usada de
forma restrita. Assim, preconiza-se que ela seja
realizada quando o polo cefálico puder ser
visualizado, durante as contrações. A episiotomia
pode ser lateral, mediolateral ou mediana
(perineotomia)
Apesar das aparentes vantagens da perineotomia,
esta só deve ser indicada quando se observa que o
tamanho do feto e a distância entre a fúrcula
vaginal e o ânus são suficientes para que não
ocorram lacerações perineais de terceiro e de
quarto graus.
Desprendimento do polo cefálico: deve ser lento
e gradual com uma das mãos espalmada e apoiada
no períneo e a outra favorecendo sua flexão. Após
completar-se o desprendimento do polo cefálico,
deve ser verificada a presença de circulares
cervicais, que devem ser desfeitas passando-se a
alça de cordão pelo polo cefálico ou pelos ombros.
Caso essa manobra seja dificultada pela presença
de circulares muito justas, pode ser feita a opção
pela secção do cordão umbilical entre duas pinças.
Aspiração de líquido amniótico na orofaringe e
na nasofaringe: esse procedimento não é realizado
rotineiramente.
Cuidados na rotação externa: A rotação externa,
em geral, se processa de forma espontânea; caso
não ocorra, pode ser guiada pelo obstetra,
mantendo-se o princípio de observar a tendência
natural exibida pelo feto, que irá promover a
restituição da posição de insinuação do polo
cefálico ao início do trabalho de parto.
Desprendimento do biacromial e do tronco: O
obstetra posiciona suas mãos espalmadas sobre os
parietais fetais e realiza a tração do polo cefálico
para baixo, com liberação do ombro anterior, e em
seguida traciona o para cima, conseguindo a
liberação do ombro posterior. À medida que
progride a expulsão fetal, o obstetra deve dirigir
uma de suas mãos pelo dorso fetal até conseguir
apreender os maléolos do recém-nascido.
Clampeamento do cordão umbilical: deve
ocorrer depois de um intervalo de
aproximadamente 1 minuto após o parto. Após o
clampeamento do cordão, pode ser realizada uma
nova ligadura de alça de cordão, da qual se obtém
amostra de sangue para avaliação das condições de
nascimento (pH e déficit de bases da artéria
umbilical), determinação do tipo sanguíneo ABO e
do fator Rh e demais exames que se façam
necessários para o recém-nascido
ASSISTÊNCIA AO TERCEIRO PERÍODO
DO TRABALHO DE PARTO
Após o clampeamento do cordão, a atenção deve
ser dirigida à dequitação. Não devem ser realizadas
manobras para promover o descolamento da
placenta de forma rápida, pois o tempo necessário
para a dequitação é muito variável.
Assim, devese observar de forma atenta a
existência de sangramento abundante e, caso ocorra
essa intercorrência, promover o manejo ativo do
terceiro período, que pode incluir a extração
manual da placenta
Sinais do descolamento de placenta:
• Elevação do fundo uterino em 2 a 3 cm com
desvio para a direita (sinal de schoeder)
• Forma discoide e globosa do útero quando
avaliado no sentido anteroposterior (sinal
de calkins)
• Não transmissão da tração do cordão à mão
que palpa o fundo do útero (sinal de fabre)
• Ausência da propagação da percussão do
fundo do útero até o cordão umbilical (sinal
de strassmann)
• Elevação do útero por meio de palpação
abdominal e não acompanhada de
movimentação do cordão umbilical (sinal
de Kustner)
Expulsão da placenta: Decida progressiva do
cordão umbilical (sinal de ahlfeld) com rotação
deste (sinal de hochenbichler). Descrita como
sensação de peso retal, também conhecida como
sinal da placenta (sinal de calmam ou sinal de
Mickulicz-Radecki)
Pelo toque vaginal identificar a presença de
placenta em fornice posterior (sinal de garber)
@Med.cão
Assim que a placenta se apresenta no introito
vaginal, solicita-se à mulher que exerça pequena
pressão abdominal para sua completa expulsão.
Nesse momento, rodase a placenta para que o
desprendimento das membranas seja completo
(manobra de Jacobs)
Após a retirada da placenta, deve-se avaliá-la
procurando certificar-se de que a expulsão foi
completa. Caso existam dúvidas a esse respeito,
procede-se à curagem e à revisão da cavidade
uterina.
Após o término da dequitação, deve-se revisar o
canal do parto à procura de eventuais lacerações
que serão suturadas, assim como a episiotomia
Reparação de lacerações no canal de parto e
episiorrafia: Em lacerações cervicais deve-se
utilizar fio reabsorvível de curta duração, com
pontos simples. Já em lacerações vaginais deve-se
usar pontos simples ou contínuos com fio
reabsorvivel e de curta duração;
É preciso analgesia adequada, que pode ser feita
com acetaminofeno 500 mg e/ou dipirona 600 mg
e codeína, se necessário, para evitar o aparecimento
da dor; gelo no local nas primeiras horas para
melhorar a dor e o edema;
PUÉRPERO IMEDIATO
Compreende a primeira hora após o parto e tem
importância no que concerne à observação de
eventuais hemorragias
A infusão de ocitocina iniciada após a dequitação e
o próprio mecanismo fisiológico da retração
uterina (globo de segurança de Pinard) são
suficientes para conter o sangramento do leito
placentário. Recomenda-se a infusão de vinte
unidades de ocitocina diluídas em 500 mL de soro
fisiológico ou glicosado a 5% nas primeiras 6 horas
após a dequitação. Caso ocorra sangramento
excessivo, essa infusão pode ser realizada de forma
mais rápida ou podem ser tomadas medidas
adicionais
PRIMEIROS CUIDADOS APÓS O PARTO
Devemos observar os sinais vitais a cada 15
minutos;
A paciente deve ser mantida aquecida e sob
constante observação;
Deve-se observar o sangramento vaginal com
palpação uterina para afastar quadros de
hemorragia que podem ocorrer por hipotonia
uterina, lacerações de colo e vagina, ruptura uterina
ou restos placentários;
Controle dos sinais vitais: Temperatura corporal,
pressão arterial, frequência cardíca (FC) e
frequência respiratória, no mínimo duas vezes ao
dia;
Palpação uterina: sinais de subinvolução, redução
da consistência e mobilidade e aumento de dor;
Colicas: Após o parto, ocorrem contrações uterinas
fisiológicas, que são mais intensas durante a
amamentação e podem ser medicadas se causarem
muita dor;
Imunização: A paciente Rh-negativo, não
sensibilizada (teste de Coombs indireto negativo),
cujo recém-nascido for Rh-positivo, deve receber
imunoglobulina anti-D na dose de 300
microgramas por via intramuscular em até 72 horas
após o nascimento;
Depressão pós parto: A depressão pode ocorre em
10 a 20% das mulheres após o nascimento de seus
filhos. Geralmente autolimitada, ocorre por
problemas na adaptação da mãe ao nascimento do
bebê. São fatores de risco: história de depressão em
gestações ou puerpérios anteriores, gestação
indesejada, eventos traumáticos na gestação e
parto, baixo suporte social, baixo nível
socioeconômico, adolescência, história de
síndrome pré-menstrual com sintomas depressivos
ou presença de transtornos de humor ou mentais
prévios, tabagismo ou drogas ilícitas, hiperêmese
gravídica.
O tratamento consiste em aconselhamento com
terapeutas treinados, grupos de ajuda e/ou
medicações antidepressivas seguras para período
da amamentação;
@Med.cão
ORIENTAÇÕES PARA A ALTA
Momento adequado para orientações do
planejamento familiar: métodos contraceptivos :
• Pílula: somente com progestágenos –
imediatamente à alta hospitalar ou em 4
semanas após o parto;
• Preservativo
• DIU: de cobre ou coberto com progestágenos
• Ligadura tubárica: Somente é permitida a
esterilização voluntária nas seguintes
situações: (LEI Nº 9.263, DE 12
DE JANEIRO DE 1996)
o Mulheres com capacidade civil plena e
maiores de vinte e cinco anos de idade ou,
pelo menos, com dois filhos vivos, desde
que observado o prazo mínimo de sessenta
dias entre a manifestação da vontade e o ato
cirúrgico, período no qual será propiciado à
pessoa interessada acesso a serviço de
regulação da fecundidade, incluindo
aconselhamento por equipe
multidisciplinar, visando desencorajar a
esterilização precoce;
o Risco à vida ou à saúde da mulher ou do
futuro concepto, testemunhado em relatório
escrito e assinado por dois médicos.
o É vedada a esterilização cirúrgica em
mulher durante os períodos de parto ou
aborto, exceto nos casos de comprovada
necessidade;
o Toda esterilização cirúrgica será objeto de
notificação compulsória à direção do
Sistema Único de Saúde
Retorno às relações sexuais: após duas semanas
de puerpério normal com adequada cicatrização e
desejo da paciente, elas podem ser reiniciadas. É
necessário orientar a paciente e seu companheiro
quanto ao fato de que, no caso da grande maioria
das mulheres, há uma diminuição do desejo sexual,
sendo os principais responsáveis os ajustes
hormonais, as mudanças dos papéis sociais, a
satisfação marital, o humor, a fadiga, as
necessidades físicas associadas ao nascimento e a
amamentação e, por vezes, uma readaptação ao
trabalho. Não raro, é importante a prescrição de
lubrificantes vaginais para amenizar algum
desconforto, evitando-se, assim, a dor;
Uso de medicações: evitar a automedicação, pois
muitos medicamentos passam pelo leite materno e
podem causar alterações importantes para o bebe.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Humanização do
parto e do nascimento / Ministério da Saúde.
Universidade Estadual do Ceará. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2014. 465 p. : il. – (Cadernos
HumanizaSUS ; v. 4)
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção
à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégica9s. Área Técnica de Saúde da Mulher.
Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e
humanizada – manual técnico/Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. - Altera a Lei
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir
às parturientes o direito à presença de
acompanhante durante o trabalho de parto, parto e
pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de
Saúde - SUS.
Redes de atenção à saúde: a Rede
Cegonha/Consuelo Penha Castro Marques (Org.).
- São
Rotinas em obstetrícia [recurso eletrônico] /
Fernando Freitas ... [et al.] – 6. ed. – Dados
eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 201
Zugaib obstetrícia / [editor Marcelo Zugaib]. – 2.
ed. – Barueri, SP : Manole, 2012.