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Youssef Cherem A utilização do sistema de preparação de textos L A T E X na produção de textos acadêmicos no Brasil: uma investigação preliminar e perspectivas * 2014 Resumo O objetivo deste artigo é realizar uma análise do uso do software L A T E X na produção de textos acadêmicos no Brasil. Apontamos os principais benefícios e desafios de utilização dessa ferramenta, bem como perspectivas para utilização a curto e médio prazo. A utilização de uma linguagem de mark-up como L A T E X pode trazer benefícios tanto do ponto de vista do produto final e sua relação com o leitor, quanto do ponto de vista do processo de edição do texto. Em relação ao produto final, L A T E X é um sistema tipográfico que proporciona um resultado satisfatório do ponto de vista estético, ajudando o leitor a visualizar dados, a realizar tanto uma leitura preliminar quanto profunda, a percorrer o texto e a encontrar informação. Do ponto de vista da redação e edição do texto, o L A T E X facilita o trabalho do autor ou redator para estruturar, dispor e apresentar a informação de modo a facilitar a leitura. Apesar disso, seu uso no Brasil é bastante restrito, mesmo em áreas em que seu benefício é mais tangível, como nas ciências exatas ou engenharias. Argumenta-se que um dos maiores desafios para a disseminação de seu uso é a falta de apoio institucional oficial na área acadêmica e científica. Palavras-chave: design gráfico; tipografia; design da informação; comunicação científica. Abstract Usage of L A T E X for typesetting scholarly texts in Brazil: a preliminary study and future perspectives The goal of this article is to analyze the usage of the L A T E X typesetting system in the production of scholarly texts in Brazil. We point out the main benefits and challenges in using this tool, as well as usage perspectives in the short and long terms. The usage of a mark-up language like LaTeX can bring benefits from the point of view of the final product and its relation with the reader as well as from the point of view of the process of editing the text. Regarding the final product, L A T E X is a typographical system that allows for satisfactory and pleasing aesthetics, automatic content organization and increased readability. It helps readers visualize data, perform preliminary as well as in-depth reading, and to go through the text and find information. In reading and editing the text, L A T E X facilitates the work of author and editor in structuring, organizing and presenting information so as to make reading a more pleasant experience. However, its usage in Brazil is extremely limited, even in areas where its benefits can be more tangible, such as mathematics, physics, and engineering. We argue that one of the main challenges for disseminating its usage is the lack of institutional support in the scientific and academic communities. Keywords: graphic design; typography; information design; scientific communication. O “design da informação” pode ser definido como um campo de estudos interdisciplinar, que relaciona ti- pografia, design gráfico, linguística, psicologia, ergono- mia e computação, entre outras disciplinas (SOCIETY FOR TECHNICAL COMMUNICATION, 2005). Segundo a Sociedade Brasileira de Design da Informação (SBDI), um dos objetivos fundamentais do design da informa- ção é “otimizar o processo de aquisição da informação através de matérias gráficos, sejam eles analógicos ou digitais” (Sociedade Brasileira de Design da Informa- ção, http://www.sbdi.org.br/). Se o design da informação diz respeito a dar forma e apresentar o conteúdo de uma mensagem, adaptando-a ao seu meio de comuni- cação e ao seu público (ver várias definições no site do International Institute for Information Design (IIID): http://www.iiid.net/Information.aspx), podemos argumentar que sua raiz já estava presente em desenvolvimentos da forma escrita desde a antiguidade. O recurso a marca- dores visuais para estruturar o texto já era discernível em manuscritos antigos, desde a introdução da pontu- 1

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Youssef Cherem

A utilização do sistema de preparação de textos LATEX na produção detextos acadêmicos no Brasil: uma investigação preliminar e perspectivas*

2014

Resumo

O objetivo deste artigo é realizar uma análise do uso do software LATEX na produção de textos acadêmicos no Brasil.Apontamos os principais benefícios e desafios de utilização dessa ferramenta, bem como perspectivas para utilizaçãoa curto e médio prazo. A utilização de uma linguagem de mark-up como LATEX pode trazer benefícios tanto do pontode vista do produto final e sua relação com o leitor, quanto do ponto de vista do processo de edição do texto. Emrelação ao produto final, LATEX é um sistema tipográfico que proporciona um resultado satisfatório do ponto de vistaestético, ajudando o leitor a visualizar dados, a realizar tanto uma leitura preliminar quanto profunda, a percorrer otexto e a encontrar informação. Do ponto de vista da redação e edição do texto, o LATEX facilita o trabalho do autor ouredator para estruturar, dispor e apresentar a informação de modo a facilitar a leitura. Apesar disso, seu uso no Brasilé bastante restrito, mesmo em áreas em que seu benefício é mais tangível, como nas ciências exatas ou engenharias.Argumenta-se que um dos maiores desafios para a disseminação de seu uso é a falta de apoio institucional oficial naárea acadêmica e científica.Palavras-chave: design gráfico; tipografia; design da informação; comunicação científica.

Abstract

Usage of LATEX for typesetting scholarly texts in Brazil: a preliminary study and future perspectives

The goal of this article is to analyze the usage of the LATEX typesetting system in the production of scholarly texts inBrazil. We point out the main benefits and challenges in using this tool, as well as usage perspectives in the short andlong terms. The usage of a mark-up language like LaTeX can bring benefits from the point of view of the final productand its relation with the reader as well as from the point of view of the process of editing the text. Regarding thefinal product, LATEX is a typographical system that allows for satisfactory and pleasing aesthetics, automatic contentorganization and increased readability. It helps readers visualize data, perform preliminary as well as in-depth reading,and to go through the text and find information. In reading and editing the text, LATEX facilitates the work of authorand editor in structuring, organizing and presenting information so as to make reading a more pleasant experience.However, its usage in Brazil is extremely limited, even in areas where its benefits can be more tangible, such asmathematics, physics, and engineering. We argue that one of the main challenges for disseminating its usage is thelack of institutional support in the scientific and academic communities.Keywords: graphic design; typography; information design; scientific communication.

O “design da informação” pode ser definido comoum campo de estudos interdisciplinar, que relaciona ti-pografia, design gráfico, linguística, psicologia, ergono-mia e computação, entre outras disciplinas (SOCIETYFOR TECHNICAL COMMUNICATION, 2005). Segundoa Sociedade Brasileira de Design da Informação (SBDI),um dos objetivos fundamentais do design da informa-ção é “otimizar o processo de aquisição da informaçãoatravés de matérias gráficos, sejam eles analógicos oudigitais” (Sociedade Brasileira de Design da Informa-

ção, http://www.sbdi.org.br/). Se o design da informaçãodiz respeito a dar forma e apresentar o conteúdo deuma mensagem, adaptando-a ao seu meio de comuni-cação e ao seu público (ver várias definições no sitedo International Institute for Information Design (IIID):http://www.iiid.net/Information.aspx), podemos argumentarque sua raiz já estava presente em desenvolvimentos daforma escrita desde a antiguidade. O recurso a marca-dores visuais para estruturar o texto já era discernívelem manuscritos antigos, desde a introdução da pontu-

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ação na antiguidade (BROWN et al., 2011) e da separa-ção das palavras nos manuscritos medievais (SAENGER,2000), até a disposição do texto em manuscritos medie-vais europeus (GUMBERT, 1993) ou islâmicos (BLAIR,2006). De fato, a aparência dos primeiros livros impres-sos na Europa no século XV procurava deliberadamenteimitar a forma dos manuscritos. Finalmente, o sistemade pontuação e divisão por parágrafos, paginação, índi-ces e capítulos empregado atualmente tomou forma porvolta do século XVI (CHAPPELL, 1970), época em quetambém foi criado o tipo itálico, baseado na caligrafiachanceleresca italiana, completando assim a divisão en-tre„ de um lado, tipos romanos e itálicos, e, de outro,os tipos “góticos” (Textura, Fraktur, Schwabacher) uti-lizados principalmente em países de língua germânica(DODD, 2006; BAIN e SHAW, 1998). Desta forma, nalinha de Bringhurst (2013), Unger (2007) e Tschichold(2007), inter alia, podemos afirmar, referindo-nos aosprincípios estéticos que guiam a prática da palavra im-pressa, que houve apenas “uma mudança marginal natipografia durante mais de cinco séculos” (UNGER, 2007,p. 14). A ideia subjacente a nossa abordagem é que, por-tanto, são válidos tanto para a apresentação de livrosquanto de periódicos os mesmos princípios de organiza-ção da palavra escrita através da composição tipográficae a inter-relação entre os elementos gráficos (figurativos)e tipográficos do texto.Neste artigo, procurar-se-á mostrar que a utilizaçãodo software LaTeX demodo condizente com a tradiçãotipográfica pode auxiliar e facilitar a comunicação es-crita, especialmente no caso de textos científicos ou aca-dêmicos. São feitas referências aos princípios e práticastratados por Bringhurst (2013), Tschichold (2007), Ru-der (1977), Felici (2012), Tracy (2003), Pettersson (2012) eLupton (2007), especialmente no que tange a questões delegibilidade, princípios estéticos como harmonia e pro-porção, qualidade, custos e acesso à informação. Em re-lação ao resultado físico (impresso) ou eletrônico, o usodo LaTeX facilita ao leitor a visualização de dados, tantonuma leitura preliminar quanto imersiva, ajudando-o apercorrer o texto e encontrar informação com mais agi-lidade. De outro ponto de vista, ajuda o autor ou redatora estruturar, dispor e apresentar a informação de modoa facilitar a leitura.LATEX, criado em 1984 por Leslie Lamport (LAMPORT,1994 [1985]), é um sistema de preparação de documen-tos e uma linguagem de marcação (markup language)baseado no sistema tipográfico TEX, criado por DonaldKnuth em 1978 (KNUTH, 1996). Ao descrever o modusoperandi de seu sistema, Lamport faz uma comparaçãocom a tipografia antes do advento do computador, emque o trabalho era dividido entre o autor do manuscrito,o designer, e o tipógrafo. Assim, ele afirma: “LATEX é teudesigner tipográfico, e TeX é teu tipógrafo” (LAMPORT,1994, p. 6). A abordagem do LATEX é lógica, traduzindovisualmente, segundo parâmetros predefinidos, coman-dos que descrevem a estrutura lógica do texto.Devido à sua abordagem não-visual e baseada em co-mandos que são essencialmente texto puro (“não for-

matado”), o LATEX é contrastado com “processadores detexto” (como Microsoft Word) ou programas de diagra-mação de texto (como InDesign). Especialmente no casodos processadores de texto, não fica clara a divisão entreo autor e o designer: o autor do texto, a não ser que uti-lize um modelo (template) prévio, é forçado a explicitarde forma visual (uma série de cliques com omouse) suasescolhas em relação à apresentação do texto, ou entãoforçado a implementar um padrão tipográfico a partirde uma norma geral. O propósito do LATEX é proporcio-nar aos autores a melhor qualidade tipográfica possível,com ummínimo de esforço ou de conhecimento técnico:“LATEX foi concebido para livrar-te de preocupações emrelação à formatação, permitindo que te concentres naescrita. Se gastas muito tempo a te preocupares coma forma, estás a utilizar incorretamente o LATEX” (LAM-PORT, 1994, p. 8). Em outras palavras, uma vez já defi-nido o aspecto visual final da publicação – seja por umdesigner, um programador, ou uma combinação de am-bos –, o processo de edição do texto suprime a figura dotipógrafo e do designer, que serão cumpridas pelo pro-grama (LATEX). Essa separação entre forma e conteúdoé especialmente útil ao concentrar a atenção do redatorou autor no conteúdo do texto, e não em sua aparên-cia final. O próprio processo de trabalho para produçãode um texto utilizando LATEX impõe uma separação vi-sual entre o arquivo-fonte e seu resultado imprimível. Ousuário deve empregar comandos que explicitem a es-truturação lógica do texto (partes, capítulos, seções etc.).Segundo Emil Ruder, “a exigência mais urgente quese deve fazer à tipografia é dividir e organizar elementosdiversos” (RUDER, 1977, p. 14). A linguagem demark-upempregada no LATEX permite aos autores, através de co-mandos textuais relativamente simples, inserir – e, aomesmo tempo, formatar – através de escolhas previa-mente definidas e externas ao texto propriamente dito –todos os elementos necessários para dar forma ao textofinal, pronto para impressão. Há um sistema para cria-ção de bibliografias (GOOSENS; MITTELBACH; SAMA,1994, pp. 371-419; DONGEN, 2012, pp. 25-29; LEHMANet al., 2013; CHEREM, 2013, pp. 25-36) e índices (DON-GEN, 2012, pp. 30-32; OETIKER et al., 2011, pp. 86-87;GOOSENS; MITTELBACH; SAMA, 1994, pp. 345-356).Obtêm-se facilmente referências cruzadas (OETIKER etal., 2011, p. 42); inserção de figuras, tabelas e legendas,com suas respectivas listas de tabelas e de figuras no su-mário (OETIKER et al., 2011, p. 49-50; DONGEN, 2012,pp. 75-79; CHEREM, 2013, pp. 37-39, 61-69). Elementosmatemáticos como equações, matrizes, símbolos e teo-remas também têm tratamento extremamente eficiente(OETIKER et al., 2011, pp. 53-82; GRATZER, 2000). To-dos esses elementos são numerados automaticamente e,se necessário, referenciados através de “rótulos” criadospelo próprio usuário.LATEX é especialmente útil para gerar resultados óti-mos em termos de textos complexos, principalmentetextos científicos onde há muitas fórmulas e/ou símbo-los. Mas suas vantagens não se limitam a expressões

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matemáticas, estendendo-se também para fatores queinfluenciam a legibilidade do texto.O vocabulário técnico inglês distingue entre readabi-lity e legibility. Readability é conforto para ler textospor períodos extensos de tempo, enquanto que legibi-lity é a capacidade de reconhecer e distinguir caracteresisolados (TRACY, 2003, pp. 30-31). Em português, pode-ríamos distinguir entre a legibilidade do texto e a legibi-lidade da fonte. É bom notar que o debate na literaturaespecializada sobre a legibilidade (do texto e dos carac-teres) em fontes com ou sem serifas não permite umadecisão categórica entre uma ou outra (POOLE, 2008),apesar de tradicionalmente se afirmar que fontes serifa-das facilitariam a leitura imersiva, de textos longos, de-vido à ênfase horizontal criada pelas serifas. Tambémnão se pode deixar de notar que a escolha da fonte tam-bém deve ser adaptada ao seu meio de reprodução (tela,tipo de papel, cor, tamanho, tipo de impressão, etc.). Ou-tro fator ser considerado é a afinidade cultural ou con-tato com determinado tipo1 Assim, há vários argumen-tos sobre e superioridade dos tipos chamados “Fraktur”,amplamente utilizados na Alemanha até meados do sé-culo XX, especialmente em relação à adaptação à línguaalemã, à economia de espaço e à facilidade de leitura,embora contemporaneamente esses tipos sejam consi-derados muito pouco legíveis pelo leitor comum (BAINe SHAW, 1998).Para otimizar a legibilidade do texto, em ambos osseus aspectos (readability e legibility), LATEX lida auto-maticamente com: kerning (espaçamento entre pares deletras); versaletes verdadeiros (ao invés de versaletes “fal-sos”, em que é simplesmente ajustado o tamanho das le-tras); fonte adaptada ao tamanho (optical sizes), quandodisponível.2; ligaduras comuns (evitando choque entrepares ou conjuntos de letras como fi, ff etc.) ou históricas;e quebras de linha, hifenização e justificação. Em mui-tos processadores de texto, ou mesmo programas paradiagramação eletrônica (desktop publishing, ou DTP),e principalmente no caso de textos justificados se nãohouver uma intervenção ativa do designer parágrafo porparágrafo (ou, em alguns casos, linha por linha), pode sergerado um espaçamento muito curto ou muito longo en-tre as letras e palavras. O espaçamento inadequado afetaa negativamente a legibilidade dos caracteres ao tornargrupos de caracteres ambíguos (FELICI, 2012, 108) e pre-judicando a legibilidade ao romper a harmonia do blocode texto (FELICI, 2012, p. 163-164).Para otimizar a legibilidade, uma linha não pode ser

1 Aqui utilizamos o termo “tipo” (typeface) para designar oscaracteres de imprensa. A palavra “fonte”, embora usualmenteempregada no mesmo sentido, mais especificamente uma espé-cie de um determinado tipo gráfico; assim, por exemplo, TimesNew Roman regular, tamanho 12, é uma fonte, enquanto queTimes New Roman é um tipo.2 Para aumentar a legibilidade de caracteres pequenos (6 a

8 pontos), ou salientar a elegância de tipos maiores (24 pon-tos e acima). (Ver exemplos em: https://www.adobe.com/type/topics/opticalsize.html.) É interessante notar que uma das primeiras fon-tes digitais a utilizar de tamanhos óticos é a família ComputerModern, de Knuth, a fonte default em LATEX.

tão longa que dificulte o caminho que o olho do leitorpercorre do final uma linha ao começo de outra (FE-LICI, 2012, p. 110), recomendando-se algo em torno de60 caracteres por linha (RUDER, 1977, p. 14). O espaça-mento entre linhas (leading) não pode ser tão estreitoque confunda a leitura, nem tão largo a ponto de rom-per o padrão do texto. O sistema LATEX lida com todosesses aspectos – da divisão e organização dos elementosdo texto, passando pela legibilidade, extensão da linhae justificação.A utilização do LATEX também implica outros bene-fícios. Trata-se de um programa gratuito e de códigoaberto (open source). Os custos explícitos e implícitos(segurança, manutenção) de um software não devemser subestimados.3 Embora recentemente tenham come-çado a surgir descontos para estudantes, instituições deensino e organizações com fins não lucrativos, os pro-cedimentos burocráticos – tanto da parte da empresavendedora do software quanto da parte da organização,empresa ou órgão da administração pública que irãoutilizá-lo – são um sério obstáculo a ser superado. Emalguns casos, como para instituições de ensino que nãodispõem de financiamento suficiente, alternativas gratui-tas podem diminuir de forma significativa o custo de seumaterial, com um custo de implementação e manuten-ção de soluções em TI se tornando extremamente redu-zido ou até mesmo insignificante. No Brasil, o GovernoFederal tem fomentado o uso de software livre.4O fato de ser um programa de código aberto significaque o usuário tem a liberdade de: a) utilizar o programapara qualquer propósito; b) estudar o funcionamento doprograma e mudá-lo para atender a suas necessidades;c) criar versões modificadas ou derivadas do programa;d) redistribuir cópias 5. Além disso, TEX/LATEX é um pro-grama estável. Um arquivo salvo há 30 anos no formato.tex pode ser aberto, editado e compilado exatamenteda mesma forma hoje. É também um formato portátile multiplataforma, podendo ser utilizado e instalado namaioria dos sistemas operacionais mais comuns – UNIX,Mac, Windows, Linux, Free BSD etc. Sua execução é ex-tremamente econômica em termos de memória e pro-cessamento; equipamentos com mais de uma décadapodem facilmente processar documentos de centenasde páginas. Em relação a textos técnicos ou científicos, o

3 Uma assinatura anual do Microsoft Office para uso domés-tico (5 usuários) custa cerca de R$ 200. Há desconto educacional,mas os procedimentos e a burocracia são impeditivos. Uma as-sinatura completa da Creative Cloud, da Adobe, custa R$ 109 aomês, no plano anual. (https://creative.adobe.com/plans?plan=individual&store_code=br). O InDesign sem assinatura custa 1.169 dólares, e aCreative Suite Design Standard (Photoshop, Illustrator, InDesign,Acrobat X Pro, Bridge e Media Encoder) custa 2.525 dólares.4 Ver, entre outros, “Guia Livre: Referência de Migração para

Software Livre do Governo Federal”: http://www.governoeletronico.gov.br/anexos/guia-livre-versao-1.0; e o Portal do Software Livre: http://www.softwarelivre.gov.br/. É também afirmado que “O software livredeve ser entendido como opção tecnológica do governo federal”(http://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br/principios).5 The Free Software Foundation, https://www.gnu.org/philosophy/

free-sw.html. Ver também definição em: The Open Source Initia-tive, http://opensource.org/docs/osd

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LATEX é um dos formatos padrão para periódicos e publi-cações de áreas como matemática, física, engenharia ecomputação, sendo utilizado e difundido por instituiçõescomo o Institute for Electrical and Electronics Engineers(IEEE), a American Mathematical Society (AMS), e edito-ras como Elsevier e Springer. Finalmente, o LATEX temuma grande e bastante ativa comunidade de usuáriosdispostos a desenvolver soluções, e ajudando os usuá-rios desde as dúvidas triviais até as mais complexas.6Além dos custos relacionados ao próprio software, oscustos do processo de produção de material científicoimpresso ou eletrônico são altíssimos. Revistas interna-cionais de ponta de áreas de ciências exatas, médicas oubiológicas têm custos maiores, ligados também à grandetaxa de recusa dos artigos submetidos. King (2007), apre-sentando dados de estudos de periódicos de várias áreas,mostra que o custo por artigo publicado pode variardesde poucas centenas até milhares de dólares. O customédio de diagramação é também é muito variável, po-dendo ir de cerca de USD 100 a USD 1.840 (KING, 2007,p. 97). O uso de LATEX diminui substancialmente tantoo tempo necessário para a diagramação quanto os cus-tos de diagramação para a editora. De fato, embora hajatendência a variação dependendo da complexidade ti-pográfica do texto (diretamente proporcional à quanti-dade e complexidade de equações, fórmulas etc., figurase gráficos), o tempo médio para revisar elementos comoequações, figuras, tabelas, índices etc. é muito inferiorrelativamente ao fluxo de trabalho (do autor e do diagra-mador/tipógrafo) usual, em que há de fato duas forma-tações do texto: uma para edição, outra para publicaçãoou impressão. O aspecto do artigo enviado para avalia-ção é completamente modificado. O trabalho do autorpara “formatar” seu texto de acordo com as normas deuma publicação é cabalmente desfeito pelo diagrama-dor, o que faz sua formatação ser útil, somente, talvez,para o revisor do artigo. No entanto, tem sido práticarecorrente prescindir de um trabalho tipográfico espe-cializado – principalmente depois do advento da inter-net e do desktop publishing, e especialmente no casode revistas acadêmicas e científicas de pequeno porte.Podemos perceber claramente, inclusive, em vários pe-riódicos com versão eletrônica, que o trabalho de diagra-mação não é feito por um profissional. No caso do LATEX,o layout do artigo que o autor submete à avaliação de umperiódico é o mesmo que será entregue para publicação.Não é necessário o acompanhamento constante de umprogramador depois de definido o layout da publicação,mas mesmo assim poderemos assegurar uma qualidadesuperior de composição de página. A figura compara omesmo artigo tipografado em LATEX e Word. O mesmotexto, com o mesmo tamanho de página (A4), ocupa aextensão de 18 páginas, no exemplar original, e 10 pá-ginas, na composição em LATEX: uma economia de 44%.Outros aspectos divergentes podem ser notados: o artigooriginal não tem hifenização; utiliza fontes banais e que

6 Ver, entre outros, o fórum tex.stackexchange.com.

não coadunam com o tema da publicação, e combinafontes inadequadamente.Dois dos principais pontos negativos apontados paraum uso mais amplo do LATEX, e argumentos contra suautilização, são a dificuldade de aprendizado e a dificul-dade de personalização. No entanto, a falta de familia-ridade com um tipo de ferramenta informatizada paragerar certo resultado prático ou concreto é o primeiroimpedimento à sua utilização. A maioria dos usuários deprocessadores de texto (Word ou LibreOffice) somentefaz uso sumário de sua potencialidade. As próprias re-gras de redação de várias instituições acadêmicas, orga-nizações, repartições públicas ou publicações, emboraàs vezes bastante detalhadas, muitas vezes não passamde uma padronização arbitrária, que frequentemente im-põe regras tipográficas rebuscadas, excessivas e confu-sas, que, além de, em muitos casos, não beneficiarema legibilidade do texto, tornam o processo de redaçãosegundo essas normas um verdadeiro estorvo. O apegodesnecessário à “microgestão tipográfica” e o esforçopor respeitar e fazer cumprir requisitos formais supér-fluos pode ter como consequência a mistificação do tra-balho acadêmico, incluindo-se a confusão frequente demetodologia científica, redação acadêmica, e normasda Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).7Outro ponto negativo do LATEX frequentemente apon-tado seria a difícil personalização dos documentos.Como o LATEX é um conjunto de macros, a definiçãoda aparência final é realizada modificando as macrosutilizadas ou criando novas macros. Existe aí uma re-lativa especialização de funções entre o escritor, o de-signer e o programador. Este último implementa as op-ções gráficas do designer; ao escritor competiria, em úl-tima análise, somente a redação do texto. Nesse sentido,grande parte das “escolhas” que um autor poderia rea-lizar é estabelecida de antemão pelo que se denomina7 Um exemplo da excessiva regulamentação é a quantidade

de normas criadas pela ABNT para textos acadêmicos. Existeuma norma para sumários (NBR 6027), uma para resumos (NBR6028), uma para índices (NBR 6034), uma para apresentação detrabalhos acadêmicos (NBR 14724) e outra para numeração deseções de documentos (NBR 6024). Essas normas, com influên-cia nacional, são editadas e modificadas sem nenhum benefí-cio palpável para a organização da informação do texto técnico,acadêmico ou científico. A situação se torna mais intrigante aodarmos conta de que as normas NBR da ABNT não são vincu-lantes (obrigatórias), segundo os próprios termos da Associação:“ABNT NBR é a sigla de Norma Brasileira aprovada pela ABNT,de caráter voluntário, e fundamentada no consenso da socie-dade. Torna-se obrigatória quando essa condição é estabelecidapelo poder público.” (http://www.abnt.org.br/m2.asp?cod_pagina=963#,grifo nosso). A esse caráter voluntário da adoção das normas deredação científica preconizadas por essa instituição – para nãomencionar ainda a presunção de consenso (aceitação tácita deseus pressupostos e conclusões) dos grupos sociais às quais taisnormas dizem respeito – soma-se a obrigatoriedade do cumpri-mento de interpretações dessa norma, em que o “recomendado”se torna “obrigatório”, e em que o que era facultativo não maiso é. A “norma” ABNT, em abstrato, a cujos originais seus agen-tes implementadores às vezes nem têm acesso, é “reciclada” emvários níveis, da universidade, aos institutos, departamentos, bi-bliotecas, orientadores, secretárias e bibliotecários. Isso quandoa norma é aceita – e existem casos em que isso não acontece,sem nenhum efeito nocivo à produção científica.

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Figura 1. Exemplo de artigo acadêmico composto em Microsoft Word (acima) e o mesmo artigo composto com LATEX(abaixo.)

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uma “classe” na terminologia LATEX, podendo ser adici-onados “pacotes” que acrescentam inúmeras funcionali-dades. É possível, portanto, o uso de classes ou pacotespara recriar a profusão de práticas idiossincráticas ori-ginadas de softwares de processamento de texto “visu-ais” como Word e LibreOffice, mas tal atitude é desen-corajada porque não raramente obtêm-se resultados dequalidade nitidamente inferior, principalmente no quese refere à legibilidade e à harmonia e proporção dotexto.8 Assim, pode-se afirmar que:

A prática de fazer as coisas por si próprio já sedifundiu amplamente há bastante tempo, mas osresultados são frequentemente duvidosos porqueos tipógrafos leigos não veem o que está errado enão conseguem perceber o que é importante. As-sim, fica-se acostumado a uma tipografia pobre eincorreta. [...] Ora, pode-se objetar que a tipografiadepende do gosto. Se isso dissesse respeito somentea decoração, talvez deixássemos o argumento pas-sar; entretanto, uma vez que a tipografia diz res-peito principalmente à informação, erros podemnão somente irritar, como também até causar da-nos (Willberg, 2000).

E ainda, nas palavras de Tschichold:

Bom gosto e tipografia perfeita são suprapessoais.[…] Numa obra-prima tipográfica, a assinatura do ar-tista é eliminada. O que alguns podem elogiar comoestilos pessoais são, na realidade, pequenas e va-zias peculiaridades, frequentemente danosas, quese disfarçam de inovações. [...] Tipografia pessoal étipografia deficiente. Só iniciantes e bobos insisti-rão em usá-la (TSCHICHOLD, 2007, pp. 25-26).

Mesmo assim, o uso do LATEX, embora não privilegiea personalização no uso diário e trivial, permite-a clara-mente. É o caso de decorações de capitulares, ou mo-dificações de fonte, margem, paginação, cabeçalhos eoutros elementos, que podem ser facilmente mudadospelo usuário.Finalmente, é também apontada como impedimentoa dificuldade de aprendizado. Muitas coisas não podemser feitas através do uso demenus com omouse, emborao uso de um editor de textos especializado possa ofere-cer várias facilidades nesse sentido. Consequentemente,o usuário tem que aprender e compreender os coman-dos utilizados para obter o efeito desejado. Além disso, omodo de trabalho com um software que não é “visual”,8 Entre as práticas mais comuns encontradas, e que devem

ser evitadas, estão o uso indevido de fontes (escolha e misturade famílias com ou sem serifas, uso de várias fontes, fontes im-próprias para a finalidade pretendida, uso espalhafatoso de co-res, emprego do grifado e/ou negrito para ênfase) e a disposiçãodo texto na página, procurando obter um maior rendimento decaracteres por página. Os espaços em branco – a margem dotexto, e os espaços verticais entre seus vários elementos – são fre-quentemente tratados com verdadeiro horror vacui, mormentetendo por base um argumento econômico. No entanto, uma aná-lise simples dos resultados obtidos com o mesmo texto segundoregras “técnicas” (e.g., ABNT) e outros parâmetros (LATEX) des-mente o argumento da “economia de papel”.

Figura 2. Exemplo de artigo básico em LATEX —resultado em .pdf.

em que o resultado não é visto imediatamente (em inglês,representado pelo acrônimoWYSIWYG, “What you seeis what you get”), pode desencorajar usuários que nãotêm familiaridade com programação. No entanto, compouca prática e alguma instrução, em alguns minutospode-se obter um resultado bastante satisfatório. Os co-mandos primários são bastante intuitivos: \title{}, paratítulo; \author{}, para autor; \section{}, para uma nova se-ção; \tableofcontents para sumário etc. Abaixo podemosver um exemplo de artigo simples em LATEX:

\documentclass{article}\usepackage[brazil]{babel}\usepackage{lmodern}\usepackage{lipsum}

\begin{document}\title{Um Exemplo de Artigo em \LaTeX}\author{Fulano de Tal \and Beltrano de Tal}

\maketitle

\tableofcontents

\section{Um exemplo de seção}\lipsum[1-3]

\end{document}

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A figura 2 mostra o resultado do código acima, de umartigo básico em LATEX em formato .pdf para visualizaçãoe impressão.O autor não precisa de se preocupar com formata-ção alguma: tudo já está definido pela “classe” – no caso,um “artigo” (article). Se um usuário iniciante desejasseescrever um artigo simples, que contém somente texto,isso é tudo o que precisaria saber, além de marcar aseparação dos parágrafos com dois retornos (ENTER).Supondo que deseja enviar um artigo para o periódicoActa Mathematica, o autor deve enviar um arquivo .pdfgerado a partir de um documento LATEX. Pouca ou ne-nhuma formatação é necessária.9

O uso de LATEX na área acadêmica no Brasil:experiências e desafios

Há vários anos o LATEX tem sido utilizado no Brasilpara a escrita e divulgação de textos científicos de vá-rias áreas. No entanto, a expansão de sua utilização temencontrado vários obstáculos. O primeiro é o caso dorelativo isolamento da produção científica nacional10, oque implica também em uma defasagem relativa entreos desenvolvimentos de tecnologia da informação, dadivulgação e difusão eletrônica da produção científica.Aqui não estamos afirmando que o mero uso de umaferramenta de tipografia eletrônica contribuiria para amelhoria da qualidade da produção científica nacional,mas simplesmente que sua baixa utilização, no Brasil,em áreas onde essa ferramenta é prioritariamente utili-zada (matemática, física, engenharia e ciência da compu-tação), está em descompasso com seu uso amplamentedifundido nessas áreas no exterior. Por outro lado, tam-bém não podemos deixar de ter em vista um amplo es-pectro de possibilidades, não só em toda a área acadê-mica, inclusive as ciências humanas, mas também naeditoração comercial. Um caso a ser notado é o da edi-tora brasileira Hedra, que publica literatura utilizandoLATEX.O desconhecimento e o baixo nível de emprego ins-titucional e individual se reflete na paucidade e baixaqualidade de grande parte domaterial didático para essesoftware produzido em língua portuguesa. São vários osexemplos de erros conceituais e didáticos nas apostilase introduções disponíveis – todas de forma eletrônica egratuita – em português. Não obstante, existem váriosprojetos de desenvolvimento e divulgação do LATEX noBrasil. Dentre eles se destaca o projeto abntex2. Arqui-tetado por Lauro César Araújo e mantido com a ajudade uma comunidade de usuários, e cotando com o apoio9 Ver instruções em: http://www.mittag-leffler.se/sites/default/files/

documents/actaauthorinst.pdf.10 Segundo Packer (2011), em 2009, 85% dos artigos

brasileiros indexados no Web of Science tiveram auto-res brasileiros exclusivamente. Ver também: Regalado(2010), Ladle (2012) e FOLHA DE SÃO PAULO. Produ-ção científica do Brasil aumenta mas qualidade cai.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/105099-producao-cientifica-do-brasil-aumenta-mas-qualidade-cai.shtml. Acesso em 12 maio 2014.

do Centro de Pesquisa em Arquitetura da Informação(CPAI), da Universidade de Brasília, esse projeto de có-digo livre retoma os propósitos de um projeto anterior,chamado abntex, cuja última versão estável é de 2004.Iniciado em 2012, o propósito do projeto abntex2 é criaruma classe LATEX que contemple o cumprimento das nor-mas da ABNT para trabalhos acadêmicos, inclusive osestilos bibliográficos. Nesse sentido a criação de umaclasse LATEX única que dê conta de todas as regras daABNT já representa um grande desafio.O principal uso das regras da ABNT se refere a traba-lhos acadêmicos – a ABNTNBR 14724:2011 e suas “auxi-liares”.11 A maioria das universidades brasileiras exige,via de regra, o cumprimento de uma interpretação dessanorma para monografias, teses, dissertações e até traba-lhos de disciplinas, portanto, existe um grande públicoem potencial. O abntex2 automatiza quase toda a forma-tação dos trabalhos baseados nas normas da ABNT, bas-tando ao usuário utilizar as macros disponíveis – paratítulo, capítulo, autor, instituição etc. – e os estilos biblio-gráficos (ver documentação em Araújo, 2014a e 2014b).O empecilho à criação e manutenção de um conjuntode macros tipográficas dessa natureza é que, por umlado, as normas da ABNT mudam com frequência, e,por outro, cada instituição, com sua interpretação pró-pria das normas, pode exigir uma adaptação do estilooriginal;12 por conseguinte, a classe abntex2 tem-se es-forçado para ser flexível o bastante. Sua aceitação temsido positiva; segundo o site de hospedagem do projeto(http://code.google.com/p/abntex2/) sua última versão teve5.380 downloads – uma média de 1.300 downloads pormês.Apesar disso, os usuários de LATEX e da classe abntex2muitas vezes esbarram em políticas burocráticas, vindasda parte de vários agentes acadêmicos – orientadores,professores, comitês, secretários e bibliotecários. Existepouco incentivo, e mesmo conhecimento, para a imple-mentação de alternativas ao uso de processadores detexto como Microsoft Word e LibreOffice. Um dos maio-res desafios, então, é conseguir apoio institucional oficialna área acadêmica e científica, de forma a permitir e fo-mentar seu uso, principalmente (mas não somente) nasáreas em que ele traz mais benefícios.Neste artigo, apresentamos uma solução economica-mente viável e profissional do ponto de vista dos resul-tados para a editoração de documentos, através do em-prego do software LATEX. Foram apresentados benefíciosdo ponto de vista do usuário ou redator do texto, bemcomo em relação a questões tipográficas como legibili-dade e organização do texto impresso. O uso do LATEXtambém é atrativo em relação ao custo-benefício. Ape-sar de ainda contar com uma base de usuários pequena11 ABNTNBR 6023:2002: Referências; ABNTNBR 6024:2012:

numeração das seções de um documento; ABNTNBR 6027:2012:Sumário; ABNTNBR 6028:2003: Resumo; ABNTNBR 6034:2004:Índice; ABNT NBR 10520:2002: Citações.12 Exemplo notório da falta de conhecimento das instituições

acadêmicas sobre as normas da ABNT que supostamente se-riam seguidas é a citação numérica, autorizada pela norma NBR10520:2002, mas que mesmo assim frequentemente não é aceita.

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no Brasil, o LATEX e sua implementação nacional paraas normas da ABNT, o projeto abntex2, têm um númerocrescente de usuários, atraídos por uma opção de edito-ração eletrônica (desktop publishing) profissional, efici-ente, estável e robusta.

Conclusões

A utilização de uma linguagem de mark-up comoLATEX pode trazer benefícios tanto do ponto de vista doproduto final e sua relação com o leitor, quanto do pontode vista do processo de edição do texto. Em relação aoproduto final, LATEX é um sistema tipográfico que pro-porciona um resultado satisfatório do ponto de vista esté-tico, ajudando o leitor a visualizar dados, a realizar tantouma leitura preliminar quanto profunda, a percorrer otexto e a encontrar informação. Do ponto de vista daredação e edição do texto, o LATEX facilita o trabalho doautor ou redator para estruturar, dispor e apresentar ainformação de modo a facilitar a leitura. Apesar disso,seu uso no Brasil é bastante restrito, mesmo em áreasem que seu benefício é mais tangível, como nas ciênciasexatas ou engenharias. No entanto, um dos maiores de-safios para a disseminação de seu uso é a falta de apoioinstitucional oficial na área acadêmica e científica. Umprimeiro passo para isso seria a aceitação desse sistemacomo ferramenta de trabalho, bem como uma divulga-ção mais ativa através do desenvolvimento de materialdidático e iniciativas de capacitação.

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