ARTIGO 292 MICOTOXINAS ENCONTRADAS EM RAÇÕES ...Peter Henry Rolfs, s/n -Campus Universitário,...

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1 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa. Av. Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário, Viçosa - MG, 36570- 000. Bolsista Doutorado CNPq - [email protected] ARTIGO 292 MICOTOXINAS ENCONTRADAS EM RAÇÕES E ALIMENTOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO COMERCIAL DE AVES NO BRASIL Cleverson Luís Nascimento Ribeiro¹, Sérgio Luiz de Toledo Barreto¹, Melissa Izabel Hannas¹ RESUMO: Cada vez mais se busca produzir dietas com alta qualidade nutricional e sanitária, sendo que um dos pontos de maior preocupação está relacionado com o controle das condições de armazenamento de ingredientes e rações, pois um dos grandes problemas está relacionado com a presença de micotoxinas, quando estes são mal armazenados. Objetivou-se com este estudo discutir quais os limites de concentração das diferentes micotoxinas encontradas em rações e alimentos utilizados na produção comercial de aves. As micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por fungos, principalmente por três cepas principais de fungos: Aspergillus spp., Fusarium spp. e Penicillium spp., que podem contaminar tanto os ingredientes que compõe as dietas, como as rações que serão fornecidas as aves, durante todas as etapas de produção, desde a colheita, transporte, armazenamento e distribuição dos mesmos como alimento animal nas granjas avícolas. Entre as principais micotoxinas encontradas em alimentos e rações utilizadas nas dietas para aves estão o grupo das aflatoxinas, ocratoxinas e fusariotoxinas (tricotecenos, fumonisinas e zearalenonas). Pode- se observar com este estudo, que as micotoxinas mais importantes frequentemente encontradas nos alimentos utilizados na produção de aves no território brasileiro são as aflatoxinas, seguido por fumonisinas e desoxinivalenol (DON). Sendo que, a gravidade das micotoxicoses está diretamente relacionada com a toxicidade da micotoxina presente, o grau de exposição, a idade e o estado nutricional das aves. Com relação aos limites máximos tolerados (LMT) de micotoxinas encontradas em alimentos e rações para aves, a legislação brasileira vigente é muito antiga e está relacionada apenas aos limites máximos para o grupo das aflatoxinas. Assim, os limites máximos tolerados para micotoxinas em alimentos e rações para aves, apresentados neste estudo, tratam-se de recomendações elaboradas pelo Laboratório de Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria (LAMIC), no qual, podemos observar são muito mais rigorosos que os exigidos pela legislação brasileira vigente. Palavras - chaves: adsorventes, nutrição animal, toxicidade, limites máximos tolerados ABSTRACT: Increasingly seeks to produce diets with high nutritional quality and sanitary, and one of the points of greatest concern is related to the control of storage conditions of animal feed and ingredients as one of the major problems is related to the presence of mycotoxins, when these are poorly stored. The objective of this study discuss that the concentration limits of the different mycotoxins found in feeds used in commercial poultry production. Mycotoxins are toxic compounds produced by fungi, primarily by three major of fungi strains: Aspergillus spp., Fusarium spp. and Penicillium spp., which can contaminate both the ingredients that make up the diets, the diets as the birds will be provided during all stages of production, from harvesting, transportation, storage and distribution of the same as animal feed in poultry. Among the major mycotoxins found in feed and feedstuffs used in poultry diets are the group of aflatoxins, ochratoxin and fusariotoxins (trichothecenes, fumonisins and zearalenones). It can be observed from this study that the most important mycotoxin frequently found in feeds used in poultry production in the Brazilian territory are aflatoxins, followed by fumonisins and deoxynivalenol (DON). Since the severity of mycotoxicosis is directly related to the toxicity of this mycotoxin, the degree of exposure, age and nutritional status of the birds. With regard to maximum permitted limits (MPL) of mycotoxins found in foods and poultry feeds, current Brazilian legislation is very old and is related only to the maximum limits for aflatoxin group. Thus, the maximum permissible levels for mycotoxins in feedstuffs and feed for birds, presented in this study, these are recommendations made by Mycotoxicologic Analysis Laboratory of the Federal University of Santa Maria, in which we can observe are much more stringent than those required by Brazilian legislation. Keywords: adsorbents, animal nutrition, toxicity, maximum limits tolerated

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1Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa. Av. Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário, Viçosa - MG, 36570-

000. Bolsista Doutorado CNPq - [email protected]

ARTIGO 292

MICOTOXINAS ENCONTRADAS EM RAÇÕES E ALIMENTOS UTILIZADOS NA

PRODUÇÃO COMERCIAL DE AVES NO BRASIL

Cleverson Luís Nascimento Ribeiro¹, Sérgio Luiz de Toledo Barreto¹, Melissa Izabel Hannas¹

RESUMO: Cada vez mais se busca produzir dietas com alta qualidade nutricional e sanitária, sendo

que um dos pontos de maior preocupação está relacionado com o controle das condições de

armazenamento de ingredientes e rações, pois um dos grandes problemas está relacionado com a

presença de micotoxinas, quando estes são mal armazenados. Objetivou-se com este estudo discutir

quais os limites de concentração das diferentes micotoxinas encontradas em rações e alimentos

utilizados na produção comercial de aves. As micotoxinas são compostos tóxicos produzidos por

fungos, principalmente por três cepas principais de fungos: Aspergillus spp., Fusarium spp. e

Penicillium spp., que podem contaminar tanto os ingredientes que compõe as dietas, como as rações

que serão fornecidas as aves, durante todas as etapas de produção, desde a colheita, transporte,

armazenamento e distribuição dos mesmos como alimento animal nas granjas avícolas. Entre as

principais micotoxinas encontradas em alimentos e rações utilizadas nas dietas para aves estão o

grupo das aflatoxinas, ocratoxinas e fusariotoxinas (tricotecenos, fumonisinas e zearalenonas). Pode-

se observar com este estudo, que as micotoxinas mais importantes frequentemente encontradas nos

alimentos utilizados na produção de aves no território brasileiro são as aflatoxinas, seguido por

fumonisinas e desoxinivalenol (DON). Sendo que, a gravidade das micotoxicoses está diretamente

relacionada com a toxicidade da micotoxina presente, o grau de exposição, a idade e o estado

nutricional das aves. Com relação aos limites máximos tolerados (LMT) de micotoxinas encontradas

em alimentos e rações para aves, a legislação brasileira vigente é muito antiga e está relacionada

apenas aos limites máximos para o grupo das aflatoxinas. Assim, os limites máximos tolerados para

micotoxinas em alimentos e rações para aves, apresentados neste estudo, tratam-se de

recomendações elaboradas pelo Laboratório de Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal

de Santa Maria (LAMIC), no qual, podemos observar são muito mais rigorosos que os exigidos pela

legislação brasileira vigente. Palavras - chaves: adsorventes, nutrição animal, toxicidade, limites

máximos tolerados

ABSTRACT: Increasingly seeks to produce diets with high nutritional quality and sanitary, and one

of the points of greatest concern is related to the control of storage conditions of animal feed and

ingredients as one of the major problems is related to the presence of mycotoxins, when these are

poorly stored. The objective of this study discuss that the concentration limits of the different

mycotoxins found in feeds used in commercial poultry production. Mycotoxins are toxic compounds

produced by fungi, primarily by three major of fungi strains: Aspergillus spp., Fusarium spp. and

Penicillium spp., which can contaminate both the ingredients that make up the diets, the diets as the

birds will be provided during all stages of production, from harvesting, transportation, storage and

distribution of the same as animal feed in poultry. Among the major mycotoxins found in feed and

feedstuffs used in poultry diets are the group of aflatoxins, ochratoxin and fusariotoxins

(trichothecenes, fumonisins and zearalenones). It can be observed from this study that the most

important mycotoxin frequently found in feeds used in poultry production in the Brazilian territory

are aflatoxins, followed by fumonisins and deoxynivalenol (DON). Since the severity of

mycotoxicosis is directly related to the toxicity of this mycotoxin, the degree of exposure, age and

nutritional status of the birds. With regard to maximum permitted limits (MPL) of mycotoxins found

in foods and poultry feeds, current Brazilian legislation is very old and is related only to the

maximum limits for aflatoxin group. Thus, the maximum permissible levels for mycotoxins in

feedstuffs and feed for birds, presented in this study, these are recommendations made by

Mycotoxicologic Analysis Laboratory of the Federal University of Santa Maria, in which we can

observe are much more stringent than those required by Brazilian legislation. Keywords: adsorbents,

animal nutrition, toxicity, maximum limits tolerated

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REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006 www.nutritime.com.br Artigo 292 Volume 12 - Número 01– p. 3910– 3924- Janeiro/Fevereiro 2015

MICOTOXINAS ENCONTRADAS EM RAÇÕES E ALIMENTOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO

COMERCIAL DE AVES NO BRASIL

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INTRODUÇÃO

O sucesso atual da avicultura brasileira

se deu pelo desenvolvimento de segmentos

primordiais como melhoramento genético,

manejo e ambiência, controle sanitário e

nutrição. Assim, o perfeito equilíbrio entre

estes segmentos é extremamente importante

para que seja possível obter êxito no

empreendimento avícola.

Dentre esses segmentos citados, a

nutrição tem apresentado uma grande

evolução nas últimas décadas, partindo desde

a utilização de diversas metodologias para

desenvolver dietas cada vez mais precisas,

sendo balanceadas de acordo com a fase de

produção, utilizando-se dos mais diversos

aditivos nutricionais, ingredientes alternativos

e formulações de dietas de mínimo custo.

Como já é sabido, o milho e o farelo de

soja são os ingredientes padrões das dietas

avícolas utilizadas no Brasil. Assim, na

formulação das mesmas, além da necessidade

destes ingredientes apresentarem qualidade

nutricional, há também uma grande

preocupação com a qualidade sanitária, pois

qualquer falha nesses quesitos pode interferir

na qualidade final dos alimentos que serão

fornecidos as aves, podendo com isso

comprometer o desempenho produtivo

esperado.

Com relação à qualidade sanitária dos

ingredientes usualmente utilizados nestas

dietas, um dos pontos de maior preocupação

está relacionado com o controle das condições

de armazenamento, tanto dos ingredientes

como das rações, pois um dos grandes

problemas está relacionado com a presença de

micotoxinas, quando estes são mal

armazenados (falta de controle da temperatura

e umidade no armazenamento, entre outros

fatores).

O termo micotoxina é utilizado para

definir um grupo de metabólicos secundários

produzidos por fungos e que induzem uma

série de reações tóxicas no organismo,

prejudicando o desempenho dos animais, seja

de maneira direta, afetando órgãos envolvidos

no processo de digestão e absorção de

nutrientes, ou de maneira indireta, atuando

sobre o sistema imune, tornando os animais

menos resistentes a infecções (Bünzen &

Haese, 2006).

A maioria das micotoxinas é produzida

principalmente por três cepas de fungos:

Aspergillus spp., Fusarium spp. e Penicillium

spp., sendo que cada uma pode produzir

vários tipos de micotoxinas. De maneira geral,

o impacto sobre os animais irá depender da

idade dos mesmos e da concentração da

toxina ingerida, uma vez que animais jovens

são mais sensíveis (Bünzen & Haese, 2006).

Desta forma, a ingestão de alimentos ou

rações contaminadas com micotoxinas pode

causar sérios problemas no desenvolvimento

das aves, desde redução no crescimento e no

desenvolvimento, até torná-las mais

susceptíveis as enfermidades, principalmente

nas fases de crescimento e reprodução.

Levando em consideração esses

aspectos, o conhecimento das principais

micotoxinas que podem ser encontradas em

alimentos e rações para aves torna-se de suma

importância dentro da cadeia produtiva

avícola, para que se possam buscar técnicas

alternativas para evitá-las ou controlá-las, a

fim de fornecer uma dieta sadia para as aves.

Dado o exposto, o principal objetivo

com este estudo seria discutir quais os limites

de concentração das diferentes micotoxinas

encontradas em rações e alimentos utilizados

na produção comercial de aves.

PRINCIPAIS MICOTOXINAS

ENCONTRADAS EM DIETAS E

ALIMENTOS UTILIZADOS NA

PRODUÇÃO COMERCIAL DE AVES NO

BRASIL

As micotoxinas são metabólitos tóxicos

secundários, produzidos por fungos, que

podem contaminar certos alimentos ainda no

campo, no transporte e durante o

armazenamento em silos. Tais substâncias

podem se desenvolver naturalmente nos

produtos alimentícios que são destinados para

o consumo animal ou humano, sendo capazes

de originar uma ampla variedade de efeitos

tóxicos (Opas, 1983; Prado et al., 1995).

Conforme apresentado na Tabela 1,

alguns gêneros de fungos podem produzir

micotoxinas, entre as quais, destacam-se:

aflatoxina, ocratoxina, zearalenona,

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fumonisina e desoxinivalenol (Hussein &

Brassel, 2001; Rodríguez-Amaya & Sabino,

2002; Murphy et al., 2006).

Diferentes espécies de fungos podem

produzir um mesmo tipo de micotoxina, como

também, uma única espécie de fungo pode

produzir mais de um tipo de toxina. Os efeitos

tóxicos das micotoxinas podem ser

potencializados pelo sinergismo que pode

haver entre elas ou com doenças,

principalmente imunossupressoras (Hussein &

Brassel, 2001).

Tabela 1. Importantes fungos e micotoxinas encontrados em ração animal.

FUNGO MICOTOXINA ALIMENTO

AFETADO

ESPÉCIES

AFETADAS REFERÊNCIA

Aspergillus Aflatoxina

Milho,

Amendoim, F.

de Algodão e

Sorgo

Todas as

espécies,

incluindo o

homem

BRUERTON

(2001)

Aspergillus e

Penicillium Ochratoxina

Milho, cereais e

arroz

Principalmente

suínos e aves

HURBURGH

(1995)

Aspergillus e

Penicillium

Ác.

Ciclopiazônico

Cereais,

Amendoim e

Milho

Suínos e Aves SUKSUPAHT et

al. (1989)

Fusarium Deoxinivaleno Cereais e Milho Suínos e Aves NEWMAN

(2000 b)

Fusarium T-2

Cereais e

Sementes

Oleaginosas

Aves NEWMAN

(2000 b)

Fusarium Zearalenona

Milho, Feno,

Gramíneas e

Grãos

Suínos e

Ruminantes

NEWMAN

(2000 b)

Fusarium Fumonisina Milho e Grãos Equinos, Suínos

e Aves

NEWMAN

(2000 b)

Fonte: Adaptado de Jobim et al. (2001)

De acordo com Mallmann et al. (2007),

por meio dos resultados de contaminação e

positividade (Tabela 2), podemos concluir que

a micotoxina mais importante para a produção

de aves no território brasileiro são as

aflatoxinas, seguido por fumonisinas e

desoxinivalenol (DON).

Para estas três micotoxinas

apresentadas, foi encontrado positividade

superior a 40%, ou seja, pouco menos do que

a metade de todos os alimentos analisados no

Brasil apresentam contaminação devido a

estes contaminantes. Além disso, a

contaminação média observada é também

elevada, se considerarmos as informações que

serão apresentadas na Tabela 3 (Item 4).

AFLATOXINAS

O descobrimento das propriedades

hepatotóxicas e hepatocarcinogênicas de

algumas linhagens de Aspergillus flavus e A.

parasiticus em perus, na Inglaterra, no início

da década de 1960, seguida pela elucidação da

estrutura de seus metabólitos tóxicos, as

aflatoxinas deram início ao estudo destas

toxinas (Santurio, 2000; Agag, 2004).

A aflatoxina é a toxina com maior

distribuição no mundo. Estas toxinas são

produzidas principalmente por fungos do

gênero Aspergillus (A. flavus e A.

pasariticus), em regiões de clima quente e

úmido. Suas principais formas incluem B1,

B2, G1 e G2, sendo a aflatoxina B1 a toxina

mais comum e biologicamente ativa

(Devegowda & Murthy, 2005). Estão

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difundidas pela África, Ásia Tropical,

Austrália e América Latina.

Entre os cereais, o milho é o mais

frequentemente contaminado, enquanto o

sorgo, arroz, cevada e trigo são menos

susceptíveis (Galvano et al., 2005).

De acordo com Santurio (2000), uma

das causas das aflatoxinas serem

extremamente tóxicas para aves é sua rápida

absorção pelo trato gastrintestinal. Essa rápida

absorção é evidenciada pelo aparecimento

destas toxinas imediatamente após a ingestão.

Uma vez absorvida, a aflatoxina B1 (AFB1) é

imediatamente ligada, de forma reversível, à

albumina e, em menor escala, a outras

proteínas. Formas de aflatoxinas ligadas e não

ligadas a proteínas séricas espalham-se pelos

tecidos, especialmente o fígado.

Schell et al. (1993) encontraram em seu

estudo níveis séricos elevados de

gamaglutamiltransferase (GGT) em leitões

alimentados com dietas contendo milho

contaminado por aflatoxinas. Este nível

sanguíneo elevado desta enzima indica uma

possível lesão hepática ocorrida no órgão

destes animais.

Tabela 2. Principais micotoxinas encontradas no Brasil

MICOTOXINA Nº de Amostras

Analisadas Positividade (%)

Conc. Média

(ppb)

Aflatoxinas 82.452 40,8 11,8

Zearalenona 69.417 16,6 43,4

Ocratoxina A 19.730 2,9 0,6

Deoxinivalenol (DON) 15.348 39,4 233,7

Fumosininas 14.162 53,4 1.073,2

Toxinas T2 10.952 1,3 13,9

3-DON 148 2,0 1,6

15-DON 135 3,1 1,6

Adaptado de Mallmann et al. (2007)

OCRATOXINAS

As ocratoxinas (OTA) foram isoladas

pela primeira vez em 1965 por fungos da

espécie Aspergillus ochraceus. Hoje se sabem

que são produzidas por várias espécies de

fungos dos gêneros Penicillium e Aspergillus

(Dilkin, 2002; Petzinger & Weindenbach,

2002; Murphy et al., 2006).

Segundo Moss (1998) estas duas

espécies de fungos estão relacionados com a

contaminação dos ingredientes “commodities”

de forma distinta. Os fungos do gênero

Penicillium ocorrem em climas temperados, e

têm preferentemente como substrato os grãos

ricos em carboidratos amiláceos (milho,

sorgo, cevada e arroz). Os Aspergillus se

proliferam em climas quentes e úmidos e se

desenvolvem em grãos com alto nível de

proteína bruta e óleo (soja e amendoim).

Entretanto, Dilkin (2002) salienta que a

incidência da OTA é baixa no hemisfério sul

(inferior a 5%), ficando praticamente restrito

ao hemisfério norte com índices de

contaminação 10 vezes superiores.

As OTAs são compostos produzidos

principalmente por fungos do gênero de

Aspergillus ochraceus mas também são

produzidas por outras espécies do gênero

Aspergillus e Penicillium (Kubena et al.,

1997). A ocratoxina A é o mais prevalente das

toxinas produzidas. A presença de clorina na

molécula desta toxina a torna única (Murphy

et al., 2006).

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De forma geral, apresentam

propriedades nefrotóxicas, hepatotóxicas,

teratogênicas (desenvolvimento embrionário e

fetal), imunossupressoras e carcinogênicas

(Abrunhosa & Venâncio, 2008). Causam

alteração da filtração glomerular e prejuízos

na função dos túbulos proximais, levando a

perda da capacidade de concentração urinária

(Dilkin & Mallmann, 2004).

FUSARIOTOXINAS

As fusariotoxinas são bastante diversas

em suas estruturas químicas e características

patológicas. Dentre estas toxinas as de

maiores destaques são: os tricotecenos,

fumonisinas e zearalenona.

TRICOTECENOS

Os tricotecenos (TCT) é um grupo de

mais de cem micotoxinas e possuem esse

nome devido a sua estrutura química,

composta de um anel com esqueleto

tetracíclico 12,13-epoxitricotecenos. Essas

toxinas são classificadas em tipo A, na qual se

encontram as toxinas T-2, HT-2, 15-

monoacetoxiscirpenol (15-MAS) e

diacetoxiscirpenol (DAS), e em tipo B, na

qual está o desoxinilvalenol (DON ou

vomitoxina) (Santin et al., 2000). O

deoxinivalenol é produzido principalmente

pelo fungo Fusarium graminearum e, em

algumas regiões, por F. culmorum. O DON

pode coexistir com zearalenona, também

produzida por estes microrganismos (Richard,

2007).

Existem cerca de 150 compostos de

estrutura semelhantes denominados TCT, a

maioria destes compostos encontrados em

quantidades muito pequenas (Smith & Sedon,

1998; Murphy et al., 2006). A ocorrência de

TCT é significativa em culturas de inverno;

como trigo, cevada, aveia, arroz e centeio

cultivados em baixas temperaturas, variando

entre 6 e 24° C (Dilkin, 2002).

O composto mais comumente

encontrado é o DON devido aos seus efeitos

causadores de refluxo (Smith et al., 1997;

Dawson et al., 2000; Santurio, 2000).

Os TCT atuam inibindo a enzima peptil

transferase, desta forma, diminuindo a síntese

proteica, o que afeta principalmente células

em divisão ativa, como as do trato

gastrintestinal, pele e células linfóides,

eritróides e órgãos vitais (Dawson et al., 2000;

Dilkin, 2002). Kidd et al. (1997) mostraram

em um ensaio in vitro que a toxina T-2

manifestou ser tóxica para macrófagos de

frangos, inibindo a sua capacidade fagocitária.

Desta forma fica elucidado o efeito

imunossupressor dos tricotecenos.

FUMONISINAS

As fumonisinas fazem parte de um

grupo de compostos originalmente isolados de

Fusarium moniliforme, no qual, seis

diferentes toxinas são encontradas (FA1, FA2,

FB1, FB2, FB3 e FB4), as da série A são

aminadas enquanto as da B são livres do

grupo amino (Akande et al., 2006). A

Fumonisina B1 é a forma molecular mais

produzida pelo fungo (Santurio, 2000). São

altamente solúveis em água, ao contrário das

outras micotoxinas não possuem estrutura

aromática e um único cromóforo para facilitar

analiticamente sua identificação (Murphy et

al., 2006). Desta maneira são de difícil

detecção através do espectro ultravioleta

(Moss, 1998).

Para uma detecção mais precisa destas

micotoxinas é necessário aparelhagem

especial. De acordo com Moss (1998), o

HPLC com coluna de fase reversa demonstrou

ser a mais adequada ferramenta para este tipo

de análise. Pozzi et al. (2002) reportaram a

análise destas toxinas através da ressonância

nuclear magnética.

Ao contrário dos outros fungos

produtores de micotoxinas, o Fusarium

moniliforme consegue se desenvolver tanto

em ambientes tropicais como em ambientes

temperados, ocorrendo na maioria dos climas

(Devegowda et al., 1998).

Quando ingeridas, as fumonisinas

apresentam baixa biodisponibilidade, sendo

rapidamente metabolizadas e excretadas. Seu

modo de ação se relaciona com a sua

toxicidade na interferência da biossíntese de

esfingolipídios, os quais possuem grande

importância para a manutenção da integridade

da membrana celular, regulação de receptores

de superfície celular, bombas de íons,

regulação dos fatores de crescimento e outros

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sistemas vitais para o funcionamento e

sobrevivência da célula. Além disso, as

fumonisinas são potentes agentes

imunossupressores e podem aumentar a

susceptibilidade às doenças (Tejkowskl &

Paulino, 2013).

ZEARALENONA

O principal fungo produtor de

zearalenona é o Fusarium graminearum, mas

outras espécies como o Fusarium

sporotrichioides e o Fusarium culmorum

também podem produzi-la (Knass et al.,

2008). As zearalenonas são consideradas

mico-estrogênicas, devido à sua capacidade de

atrapalhar o efeito de hormônios esteroides

(Murphy et al., 2006). Estes fungos são

encontrados principalmente no milho, aveia,

trigo, sorgo, milheto e arroz (Malekinejad et

al., 2006).

A zearalenona e os seus metabólitos

interagem com os receptores estrogênicos,

tendo efeitos significativos sobre o aumento

das secreções endometriais, síntese de

proteínas uterinas e aumento do peso dos

órgãos reprodutivos, além de causar a

manutenção do corpo lúteo na ausência de

gestação (Tejkowskl & Paulino, 2013).

As aves são mais resistentes à

intoxicação por zearalenona, entretanto as

diversas associações desta fusariotoxina com

outras micotoxinas podem resultar em graves

perdas.

A detecção desta micotoxina na ração

das aves tem sido considerada como um

biomarcador para outras toxinas do gênero

Fusarium (Romer, 1990).

PRINCIPAIS PROBLEMAS

RELACIONADOS À UTILIZAÇÃO DE

INGREDIENTES CONTAMINADOS

COM MICOTOXINAS EM DIETAS

PARA AVES

A ingestão de alimentos que contenham

micotoxinas pode causar graves efeitos sobre

a saúde animal e a saúde humana (Pitt, 2000;

Shephard, 2008). Tais efeitos são conhecidos

como micotoxicoses, cuja gravidade depende

da toxicidade da micotoxina, grau de

exposição, idade e estado nutricional do

indivíduo, e dos possíveis efeitos sinérgicos

de outros agentes químicos aos quais está

exposto (Peraica et al., 2000, Bhatnagar et al.,

2002).

Sua entrada no organismo comumente

se dá pela via digestiva e sua absorção

geralmente causa reações sob a forma de

hemorragias, ou mesmo, necroses. Muitas

destas toxinas têm afinidade por determinado

órgão ou tecido, sendo o fígado, os rins e o

sistema nervoso os mais frequentemente

atingidos (Santurio, 2000).

O efeito de uma micotoxina depende da

dose e da frequência com que é ingerida,

podendo ser agudo (letal ou não) ou

subagudo. O efeito agudo é de manifestação e

percepção rápida, podendo levar à morte,

porque causa alterações irreversíveis, e é

resultante da ingestão de doses geralmente

elevadas. O efeito subagudo é o resultado de

doses menores que provocam distúrbios e

alterações nos órgãos de humanos e de

animais (Bennett & Klich, 2003; Murphy et

al., 2006; Shephard, 2008).

Com relação aos problemas causados

pela intoxicação com aflatoxinas em aves, de

forma geral, os sinais clínicos observados na

forma aguda da intoxicação é a esteatorréia

(fezes gordurosas), acompanhados pela

diminuição na atividade das lipases

pancreáticas (principal enzima digestiva de

gorduras) e pela diminuição dos sais biliares,

necessários para digestão e absorção das

gorduras, redução do ganho de peso, redução

da produção de ovos, despigmentação do bico

e pés, e empenamento deficiente. Na

necropsia pode se observar hemorragias nos

músculos do peito e coxas, alteração no

tamanho, coloração e textura dos órgãos

internos, como fígado, baço e rins. Falhas ou

diminuição das respostas vacinais em

diferentes espécies têm sido frequentemente

relacionadas à incidência de aflatoxinas na

dieta e às manifestações clínicas da

aflatoxicose nas granjas (Tejkowskl &

Paulino, 2013).

O mecanismo toxicológico pelo qual as

ocratoxinas agem foi descrito por Moss

(1998). A estrutura dessas toxinas é derivada

da L-fenilalanina, fazendo com que esta seja

um potente inibidor da enzima fenilalanina-

RNAt sintetase. Esta enzima é responsável

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pela síntese de proteínas de alto turnover ricas

em fenilalanina, possuindo papel funcional

para a homeostase do rim.

Como consequência desta avaria,

ocorre uma alteração da filtração glomerular e

prejuízos na função dos túbulos contornados

proximais, levando a perda da capacidade de

concentração urinária (Dilkin, 2002).

Moss (1998) também apontou que à

semelhança dos tricotecenos e aflatoxinas a

ocratoxina também é imunossupressiva

(devido ao seu efeito inibidor de síntese

protéica) e carcinogênica (devido à liberação

de radicais livres). Murphy et al. (2006)

também reportaram sobre os efeitos deletérios

de OTA, classificando-a como nefrotóxica,

teratogênica, imunotóxica, e carcinogênica.

Petzinger & Weindenbach (2002) explicaram

que a OTA inibe a resposta imune

transmitidas pelos linfócitos B e T, além da

regressão das imunoglobulinas IgG-, IgA

-,

IgM-.

Como sintomas de intoxicação por este

metabólito, Dilkin (2002), descreveu uma

forte intoxicação que resulta numa diminuição

do ganho de peso, e sinais clínicos

caracterizados por polidipsia e poliúria, além

de lesões renais.

A maioria dos efeitos tóxicos dos

tricotecenos é resultante da inibição primária

da síntese proteica, seguido da diminuição da

produção dos ácidos nucleicos, causando uma

forte ação imunossupressora. As células mais

afetadas pela inibição da síntese proteica são

as de rápida proliferação, como as intestinais,

as mucosas, as células linfoides e os

eritrócitos. O segundo grupo de células

afetadas pertence aos órgãos vitais como

fígado, rins e pâncreas. A toxina T2 é

considerada a micotoxina mais potente do

grupo, causando lesão caustica no trato

digestório superior (Tejkowskl & Paulino,

2013).

Em aves, as lesões orais decorrentes da

intoxicação por T2 se traduzem em necrose,

erosões ou ulcerações na base da língua, no

palato e na comissura do bico, causando

assim, redução no consumo de ração e de

ganho de peso. Além disso, os TCT podem

também estar associados à diminuição da

espessura da casca e empenamento anormal

das aves (Tejkowskl & Paulino, 2013).

No que se diz a intoxicação de aves por

fumonisinas, sua principal atuação seria na

inibição da síntese dos esfingolipídios,

substância importante para a integridade da

membrana celular e transporte iônico através

das células, atrapalhando o turnover da

membrana plasmática (Moss, 1998; Santurio,

2000; Murphy et al., 2006).

Esta inibição ocorreria por meio da

similaridade da molécula de fumonisina B1

com o complexo amino álcool esfingosina que

é um dos trinta ou mais aminoalcoois de

cadeia longa encontrados nos esfingolipídios,

sendo que uma vez incorporada, a toxina

altera a conformação da molécula perdendo

sua funcionalidade (Pozzi et al., 2002).

Os esfingolipídios são predominantes

no sistema nervoso central e periférico,

principalmente como lipídeo da bainha de

mielina, estando localizados nos

oligodendrócitos e células de Schwann (Wang

et al., 1991). O acúmulo das bases esfingóides

é a causa primária da toxicidade das

fumonisinas. Apesar disso, os plenos efeitos

das fumonisinas provavelmente envolvem

muitos eventos bioquímicos (Pozzi et al.,

2002).

Um fato ainda não muito esclarecido é

a atuação das fumonisinas no aumento de

serotonina circulante, com um efeito similar

aos tricotecenos na diminuição do consumo

em animais em produção (Smith & Seddon,

1998).

Os sinais clínicos de intoxicação

geralmente incluem: menor ganho de peso,

mortalidade, diarreia, ascite, hidropericardite

e palidez do miocárdio, edema e congestão

renal, aumento do peso relativo do fígado,

proventrículo e moela, e redução da produção

de ovos (Tejkowskl & Paulino, 2013).

O principal efeito das zearalenonas é a

queda da fertilidade (Moss, 1998; Smith &

Seddon, 1998; Santurio, 2000; Murphy et al.,

2006). Esta queda poder ser explicada pela

similaridade das zearalonas com os

estrógenos, causando assim o

hiperestrogenismo (Smith & Seddon, 1998;

Malekinejad et al., 2006).

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Estes compostos se mostraram também

mutagênicos, induzindo anomalias

cromossomais em culturas de células de

linfócitos, ovócitos, e dos rins, em

concentrações de 0.1 a 20 μM (Stopper et al,

2005).

Com exceção de níveis extremamente

altos de contaminação, as aves não são

afetadas pela ingestão de zearalenona, mas

existem indícios de que perus são levemente

mais sensíveis que poedeiras e frangos de

corte (Santurio, 2000).

Em níveis normalmente encontrados de

zearalenona em rações comerciais não

ocorreram alterações no consumo alimentar,

ganho de peso, produção ou qualidade de

ovos, nem nos parâmetros bioquímicos e

hematológicos do sangue, aspecto micro e

macroscópico dos tecidos e no

comportamento das aves (Santurio, 2000).

LIMITES DE CONCENTRAÇÃO DAS

DIFERENTES MICOTOXINAS EM

RAÇÕES E ALIMENTOS PARA AVES

De acordo com Sabino (2006), alguns

fatores devem ser considerados na

determinação dos limites máximos de

tolerância de micotoxinas em alimentos e

rações para animais: 1) Disponibilidade de

dados toxicológicos; 2) Disponibilidade de

dados sobre a ocorrência de micotoxinas nos

produtos; 3) Disponibilidade de métodos

analíticos; 4) Legislação nos países com os

quais existe relação comercial e 5)

Necessidade do suprimento de alimentos

(suficientes).

No Brasil, até o momento, as

aflatoxinas são as únicas micotoxinas cujos

limites máximos em alimentos são previstos

na legislação. De acordo com a portaria

MA/SNAD/SFA Nº. 07, de 09/11/88 -

publicada no Diário Oficial da União de 09 de

novembro de 1988 - Seção I, página 21.968,

1988: para qualquer matéria prima a ser

utilizada diretamente ou como ingrediente

para rações destinadas ao consumo animal:

Aflatoxinas (máximo) = 50 µg/kg.

No entanto, o MA (Ministério da

Agricultura) não especifica quais metabólitos,

mas, depreende-se que seja a somatória dos

tipos de Aflatoxinas (B1+B2+G1+G2). O

limite é valido para toda e qualquer produto,

seja para alimentação direta ou como

ingrediente para rações (Brasil, 1888;

LAMIC, 2013).

Atualmente no Brasil está em vigor a

RDC nº 7 de 2011, que dispõe sobre limites

máximos tolerados (LMT) para micotoxinas

em alimentos. Esta resolução possui quatro

anexos que listam e classificam os alimentos e

estabelece os limites máximos tolerados

(LMT) de aflatoxinas

(AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 e AFM1),

ocratoxina A (OTA), desoxinivalenol (DON),

fumonisinas (FB1 + FB2), patulina (PAT) e

zearalenona (ZON). O anexo I entrou em

vigor imediatamente na data da publicação da

resolução, e os anexos II, III e IV entrarão em

vigor em janeiro de 2012, 2014 e 2016,

respectivamente.

Os limites foram baseados em

resultados obtidos a partir de critérios

estabelecidos pelo Codex Alimentarius, uma

coletânea de orientações e recomendações

sobre a segurança de alimentos reconhecida

pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

No entanto, esta resolução está relacionada

com alimentos destinados a alimentação

humana, não fazendo nenhuma menção aos

LMT recomendados para alimentação animal.

Diante do exposto, o Laboratório de

Análises Micotoxicológicas da Universidade

Federal de Santa Maria (LAMIC) apresenta

uma recomendação mais completa para os

níveis máximos de micotoxinas para animais

de produção (Tabela 3).

Com o intuito de fornecer informações

referentes às concentrações de micotoxinas

encontradas nos alimentos, ingredientes e nas

rações, o LAMIC, mantém um banco de

dados, apresentando estatísticas atualizadas

mensalmente e anualmente das principais

micotoxinas prevalentes no Brasil (LAMIC,

2013).

Conforme apresentado no Gráfico 1,

com relação aos principais alimentos

relacionados com nutrição de aves, no qual,

prevalece à contaminação por Aflatoxinas,

observa-se que o maior nível de contaminação

encontra-se no farelo de milho (47%), seguido

por ração animal (41%), amendoim (35%),

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milho grão (28%), farelo de soja (18%) e

sorgo (15%).

No Gráfico 2, estão apresentados o

percentual de contaminação dos alimentos

pela Ocratoxina A, sendo que, num total de

39.666 amostras analisadas foram observados

apenas 3,7 % de amostras que continham

nível de concentração médio de 0,68 ppb.

Assim, conforme já apresentado

anteriormente, os alimentos (grãos e cereais)

utilizados no Brasil, apresentam baixa

toxicose referente a esta micotoxina.

Foram apresentados os percentuais de

contaminação por Fumosininas no milho grão

e em rações animal, no qual, foram

observados percentuais de contaminação

próximos, tanto no milho grão (75%) como

nas rações (74%), confirmando assim, a

importância que se deve ter no controle e nas

medidas preventivas contra esta micotoxina

(Gráfico 3).

Tabela 3. Limites máximos em ppb recomendados pelo LAMIC de micotoxinas para

alimentos e rações utilizadas na produção comercial de aves

AVES AFLA1 FUMO

2 OA

3 DON

4 HT2

5 T2

6 ZEA

7 DAS

8

Frangos Inicial 0 100 0 200 0 0 10 0

Frangos Cresc. 2 500 2 500 10 50 20 200

Frangos Final 5 500 5 1000 10 50 20 200

Poedeiras 10 1000 2 1000 20 100 50 500

Matrizes 10 1000 5 1000 20 100 50 500

Adaptado de LAMIC (2013)

Gráfico 1. Concentração de aflatoxinas encontradas em alimentos

Adaptado de LAMIC (2013)

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Gráfico 2. Análise de contaminação de alimentos por Ocratoxina A.

Adaptado de LAMIC (2013)

Gráfico 3. Análise de contaminação de milho e ração animal pelas Fumosinas B1 e B2

Adaptado de LAMIC (2013)

USO DE ADSORVENTES DE

MICOTOXINAS EM ALIMENTOS E

RAÇÕES PARA AVES

Mesmo com todos os cuidados

estabelecidos pelo controle de qualidade de

uma fábrica de ração, às vezes surgem

sintomas relacionados à micotoxinas. O

recurso final tem sido o uso de adsorventes

(Menegazzo, 2008).

Várias são as estratégias que impedem

a formação de micotoxinas, sendo que, a

maioria tem por objetivo o impedimento do

crescimento de fungos e a formação de

toxinas (Dawson et al., 2006). As estratégias

vão desde a inativação das toxinas, separação

física dos contaminantes, irradiação,

amoniação e degradação por ozônio

(Mckenzie et al., 1998).

Atualmente, para atenuar o efeito das

micotoxinas tem se utilizado materiais

específicos que adsorvem as micotoxinas na

alimentação animal (Swamy, 2005). Os

adsorventes ligam-se as micotoxinas, que

passam através do trato gastrointestinal sem

serem absorvidas. Adsorventes inorgânicos e

orgânicos têm sido estudados no controle da

biodisponibilidade das micotoxinas (Dawson

et al., 2006).

As principais classes de adsorventes são

os silicatos minerais, carvões ativados,

polímeros, produtos de clorofila e produtos

derivados de leveduras. É ideal que o

adsorvente seja efetivo contra diversas

micotoxinas, pois normalmente as rações

estão contaminadas por mais de um tipo. Para

serem praticáveis, os adsorventes devem ter

preços acessíveis e não devem ocupar uma

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grande parcela da dieta. Adicionalmente, não

devem ter sabor, odor e impurezas. (Diaz &

Smith, 2005).

A complexidade química das

micotoxinas indica que a efetividade de um

adsorvente não é igual para todas elas.

Portanto, a seleção de um adsorvente de

micotoxinas deve ser baseada em estudos

científicos, com informações obtidas em

condições científicas (Diaz & Smith, 2005).

Levando em consideração estes

aspectos, o LAMIC realizou no período de

2005 a 2013 avaliações referentes aos

principais adsorventes de micotoxinas

utilizados em dietas para aves (Tabela 4).

Tabela 4. Aditivos antimicotoxinas (AAM) avaliados no período de 2005 a 2013

Espécies Micotoxina Nº de Prod.

Avaliados Aprovados % Aprovados

Frangos/Poedeiras

Aflatoxinas 69 37 53,6

Fumosininas 39 17 43,5

Afla + Fumo 1 1 100

Tricotecenos 2 0 0

Patos/ Marrecos Aflatoxinas 4 4 100

Perus Aflatoxinas 1 1 100

Adaptado de LAMIC (2013)

Observa-se que apesar da grande gama

de produtos adsorventes específicos para

Aflatoxinas ou Fumosininas (108 itens)

utilizados em alimentos para frangos de corte

e/ou poedeiras disponíveis no mercado, o

percentual de aprovados pode ser considerado

muito baixo (apenas 50% de aprovação da

eficiência do produto). Assim, devemos estar

atentos à origem destes aditivos, buscando

sempre obtê-los de empresas idôneas e com

“know-how” no mercado de nutrição avícola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS As micotoxinas são compostos tóxicos

produzidos por fungos que podem contaminar

tanto os ingredientes que compõe as dietas,

como as rações que serão fornecidas as aves,

durante todas as etapas de produção, desde a

colheita, transporte, armazenamento e

distribuição dos mesmos como alimento

animal nas granjas avícolas. Assim, a busca

por técnicas alternativas para evitá-las ou

controlá-las, se torna cada vez mais

importante, a fim de fornecer uma dieta com

alta qualidade sanitária para as aves.

De forma geral, a maioria das

micotoxinas é produzida por três cepas

principais de fungos: Aspergillus spp.,

Fusarium spp. e Penicillium spp., sendo que

cada uma pode produzir vários tipos de

micotoxinas. Entre as principais micotoxinas

encontradas em alimentos e rações utilizadas

nas dietas para aves estão o grupo das

aflatoxinas, ocratoxinas e fusariotoxinas

(tricotecenos, fumonisinas e zearalenonas).

Pode-se observar com este estudo, que

as micotoxinas mais importantes

frequentemente encontradas nos alimentos

utilizados na produção de aves no território

brasileiro são as aflatoxinas, seguido por

fumonisinas e desoxinivalenol (DON). Sendo

que, a gravidade das micotoxicoses está

diretamente relacionada com a toxicidade da

micotoxina presente, o grau de exposição, a

idade e o estado nutricional das aves.

Com relação aos limites máximos

tolerados (LMT) de micotoxinas encontradas

em alimentos e rações para aves, a legislação

brasileira vigente é muito antiga e está

relacionada apenas aos limites máximos para

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o grupo das aflatoxinas. Além disso, seu texto

não está claro, deixando brechas para

possíveis interpretações a respeito da

concentração máxima tolerada, pois não são

informados se o LMT refere-se a uma cepa

específica ou ao somatório de todas as cepas

que normalmente são encontradas em

alimentos para aves.

Assim, os limites máximos tolerados

para micotoxinas em alimentos e rações para

aves apresentados neste trabalho, tratam-se de

recomendações elaboradas pelo Laboratório

de Análises Micotoxicológicas da

Universidade Federal de Santa Maria

(LAMIC), no qual, podemos observar são

muito mais rigorosos que os “teoricamente”

exigidos pela legislação brasileira vigente.

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REVISTA ELETRÔNICA NUTRITIME – ISSN 1983-9006 www.nutritime.com.br Artigo 292 Volume 12 - Número 01– p. 3910– 3924- Janeiro/Fevereiro 2015

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