Artigo 1 Grad Fisiologia Do Basquete

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FISIOLOGIA DO BASQUETE: UMA REVISO BIBLIOGRFICA

Renan Moura Tabosa & Ricardo Hugo Gonzalez

INTRODUO

O basquetebol hoje um dos esportes mais praticados no mundo, e, portanto est inserido na cultura esportiva de muitos pases, inclusive do Brasil. Desde sua criao, em 1981, o basquetebol evoluiu e passou por vrias transformaes em suas regras, tcnicas, e tticas (BTRAN, 1998). O basquetebol pode ser considerado um esporte complexo, por conta de uma grande variao de aes, ocorrendo de forma dinmica e contnua. Para

atingir um nvel de execuo considerado adequado, os atletas devem estar preparados fisicamente, tecnicamente e taticamente (DE ROSE JR. et al, 2001). De acordo com Rossini, Jr. (2001), uma das grandes exigncias so as capacidades motoras e as possibilidades funcionais dos jogadores como corridas intensas, saltos, 11 combinaes de movimentos e situaes de jogo que exigem rapidez, resistncia, fora, destreza, flexibilidade e agilidade. A isso damos o nome de reparao fsica.

A modalidade tem como principais capacidades condicionantes, a resistncia aerbia e anaerbia a velocidade e a fora, principalmente fora de exploso. O desenvolvimento de fora um aspecto importante por conta da possibilidade de se evitar leses nos tecidos moles e de se dar suporte das habilidades e aes motoras especficas nos esportes (MAGALHES et al, 2001). Para Mc. Ardle e colaboradores (2003, p.413) o exerccio submximo prolongado pode deteriorar a funo muscular e conseqentemente a fora que pode ser gerada durante a atividade esportiva, o que justifica a grande ateno que estudiosos do aos aspectos fsicos inerentes ao esporte. No basquetebol brasileiro, Moreira (2002) relata que preocupante a situao atual do esporte devido s poucas publicaes relevantes e sustentada por informaes de cunho cientfico atualizado. O autor enfatiza ainda que o acesso s informaes deva fazer com que o domnio da prtica se destaque, no apenas para satisfazer as exigncias dos programas acadmicos nos mais distintos domnios, mas para aprimorar e desenvolver novas tcnicas de elaborao e crescimento do esporte.

Tendo em vista a importncia da preparao fsica dos atletas para a modalidade de basquete, crucial que possuir um maior conhecimento sobre a fisiologia que envolve o esporte, para que a preparao se torne mais eficaz atendendo as especificidades que a modalidade requer. Ao constatar esta importncia e, levando em conta os problemas levantados por Moreira (2002) sobre a escassez de estudos relevantes ao tema de preparao fsica e fisiologia no basquetebol, o presente estudo pretende refletir com base na reviso literria expositiva sobre a relevncia do assunto para a pedagogia do treinamento esportivo.

CARACTERIZAO DO JOGO

O basquetebol se caracteriza por rpidas transies entre ataque e defesa, fluncia de movimentos e mltiplas responsabilidades (arremessos, rebotes, ataque, defesa e contraataque) acarretando em movimentos e atitudes semelhantes dos jogadores dentro de quadra (GENTIL et al., 2001).

Apenas 15% do tempo de jogo de basquete descrito como sendo de alta intensidade. A rpida mudana de direo, a exploso para realizar um arremesso ou uma defesa, a habilidade para saltar de forma rpida e repetida e a velocidade necessria para recuperar uma bola perdida ou realizar um contra-ataque so exemplos de atividades de alta intensidade comuns no basquete (HOFFMAN; MARESH, 2003). Lorenzo (2000) afirma que conhecer os tempos de ao e pausa durante o jogo determinante para caracterizao do esporte. Em estudos realizados por Colli; Faina (1987) e Moreno (1988) concluiu-se que 52% dos tempos de ao e 42% dos tempos de pausa ocorrem entre 11 e 40s.

Em um estudo realizado por Mcinnes; Cols (1995) em atletas da liga australiana foram caracterizados os padres de movimento do jogo de basquete. Os resultados mostram a natureza intermitente do basquete, 997 mudanas de posio em um jogo de 48 minutos de durao. Isso resulta em uma mudana de movimento a cada dois segundos. Os deslocamentos representaram 34,6% de todos os movimentos em um jogo, enquanto correr representou 31,2%. Os saltos corresponderam 4,6% e o ato de estar em p ou andando, 29,6% dos movimentos.

Assim como Hoffman; Maresh (2003) Mcinnes; Cols (1995) descreveram que 15% do tempo de jogo so gastos em exerccios de alta intensidade. H ainda diversos autores que caracterizam o jogo a partir de pontos como, distancia total percorrida), Quantidades de saltos realizados, Haddad; Daniel (2002) lembram que os resultados sero diferenciados em virtude do grupo que est sendo analisado, enfatizando a necessidade de um levantamento especifico do grupo trabalhado. A maioria dos estudos realizados est baseada na regra antiga de dois tempos de vinte minutos, por isso importante fazer novos estudos com as regras atuais de quatro tempos de dez minutos

DEMANDA FISIOLGICA

Em relao s demandas fisiolgicas, este esporte utiliza predominantemente o metabolismo anaerbico altico e ltico (BARBERO LVARES, 2005; GENTIL et al, 2001, BORIN et al, 1996), nos momentos onde realizado movimentos intensos e de curta durao, devido principalmente ao acmulo dos esforos e da fadiga (BARBERO LVARES, 2005), e jogado em equipe com intensidade intermitente (BANGSBO, 2003; HOFFMAN; MARESH, 2003). J o sistema aerbico d sua contribuio nesse esporte quando a atividade do jogador se caracteriza por alto volume de jogo e por esforos moderados e baixos nos momentos de paradas caractersticas da modalidade (BARBERO LVARES; BARBERO LVARES, 2005). Hoffman; Maresh (2003) afirmam ser muito difcil precisar quais so as exigncias fisiolgicas durante uma partida competitiva de basquete, pois depende do nvel do jogo, do sexo, da idade, do nvel de treinamento dos jogadores, do estilo de jogo da equipe, entre outras variveis.

CONSUMO DE OXIGNIO E LACTATO SANGUNEO

Caracterizam o basquetebol esforos como piques de 5 a 20 metros, saltos, lanamentos e deslocamentos de costas, onde o intervalo entre uma ao e outra curtssimo. Exerccios mximos, extenuantes, repetitivos e de curta durao (tais como os citados acima) levam a uma grande utilizao dos fosfagnios armazenados no msculo, a um acmulo de lactato (McARDLE et al, 2003) e a um notvel aumento de consumo de oxignio (BANGSBO, 2003). O metabolismo aerbico e as adaptaes dentro do msculo induzidas pelo treinamento aerbico mostram grande importncia para o basquete, principalmente pela possibilidade de uma recuperao mais rpida da freqncia cardaca, do acmulo mais tardio do cido ltico (McARDLE et al, 2003) e da remoo e utilizao mais eficaz do lactato produzido (GENTIL et al, 2001; BANGSBO, 2003; BORIN et al, 1996), tal como uma maior velocidade na ressntese dos estoques energticos (BORIN et al, 1996).

Estudos que mensuram os nveis de lactato de jogadores de basquetebol so raros de serem encontrados. Um estudo sobre a concentrao de lactato mensurada em competies atuais de basquete mostra nveis de 6,28 +2,8 mM (milimole) e concentrao mxima de lactato de 13,2 mM (HOFFMAN; MARESHI, 2003). Em um estudo realizado por Maresh; Cols (1985) com jogadoras colegiais de basquete no foi encontrada diferena estatstica na concentrao plasmtica de lactato antes e aps uma temporada de cinco meses.

FREQNCIA CARDACA

Estudos indicam que durante uma partida de basquetebol, os atletas apresentaram FC mdia entre 165 e 175 bpm. (HOFFMAN; MARESH, 2003). Borin et al (1996) apresentam valores mximos de FC entre 198 e 213 batimentos por minuto (bpm) em 12 atletas infanto-juvenis de basquetebol, monitoradas durante 5 partidas. Outra monitorizao durante uma partida de basquetebol de durao de 60 minutos (4 quartos de 15 minutos) em dois jogadores de basquetebol mostrou comportamento semelhante da resposta da FC, pequena variao em ambos os testados e mdia de 174 bpm e 163 bpm (McARDLE et al, 2003).

PERFIL FISIOLGICO DO ATLETA

O perfil fisiolgico de um esporte descreve as caractersticas fsicas de um atleta, pode servir para descobrir um talento ou criar um programa de treinamento especifico. Ao contrario do futebol americano onde j existe um perfil prprio de testes estabelecido, no basquete ainda existe muitas variaes nos testes fsicos, sendo difcil estabelecer um s modelo (HOFFMAN; MARESH, 2003).

Testes para verificao do consumo mximo de oxignio so muito utilizados para a verificao dos nveis de aptido fsica em atletas. A capacidade mxima de consumo de oxignio nem sempre fator determinante em um esporte (por exemplo, os coletivos), mas retratam fielmente a condio fsica dos atletas. Geralmente jogadores de basquetebol possuem capacidade mxima de consumo de oxignio mediano, se comparados a outros atletas como maratonistas, esquiadores e ciclistas. A capacidade aerbica de jogadores de basquete varia entre 42 e 59 ml/kg/min (HOFFMAN; MARESH, 2003). J a potncia anaerbica um parmetro influenciador da performance neste tipo de esporte. Para umatleta de basquetebol, possuir alta capacidade de produo de energia anaerbica glicoltica, pode trazer melhores resultados. O teste de Wingate um teste muito utilizado para verificar a potncia anaerbica (capacidade de uso do sistema anaerbico glicoltico) e o pico de potncia em atletas. Jogadores de basquetebol mostraram pico de potncia mximo relativo de 11,05 +0,81 watts/kg em estudo comparativo entre vrios esportes (KALINSKI et al, 2002). Atletas juniores de basquete tiveram valores semelhantes de pico de potncia mxima relativa equivalente a 10,7 +1,3 watts/kg e potncia mdia de 8,0 +0,7watts/kg, mostrando pico de potncia absoluta elevado e boa potncia anaerbica (APOSTOLIDIS ET al, 2004).

As caractersticas fsicas e antropomtricas esto cada vez mais determinantes no que diz respeito seleo e permanncia de jogadores de basquetebol em uma equipe. Atletas de massa corprea livre de gordura e estatura elevada so selecionados naturalmente para a composio de equipes de nvel estadual at internacional. Jogadores pesados e fortes tm melhor desempenho em atividades submximas por conta de possurem quantidades de glicognio muscular elevados, o que otimiza e facilita movimentos de potncia, ao contrrio daqueles que possuem excesso de gordura corporal, o que pode causar prejuzo na resistncia muscular e velocidade dos movimentos (PAIVA NETO; CSAR, 2005).

CONCLUSO

Ao revisar a literatura sobre a fisiologia do basquete percebe-se que poucos estudos tm avaliado as necessidades fisiolgicas especificas da pratica do basquete, mas algumas variveis, entre elas freqncia cardaca, lactato sanguneo e consumo de oxignio, j foram estudadas. Porm ainda nestas variveis a literatura brasileira bastante escassa tendo que ser haver uma adaptao dos modelos de outras escolas, porm muitos autores falam da importncia da especificidade no treinamento, adequando o treino ao grupo de trabalho. Quanto a caracterizao fisiolgica do atleta de basquete, constatasse que no h uma padronizao nos testes de avaliao, porm alguns testes de capacidade aerbica, potencia anaerbia, de fora, de agilidade, de velocidade e de flexibilidade so utilizados para avaliao.