Arte Barroca

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A Flagelação de Cristo – 1607 – Michelangelo Caravaggio

Como estilo que se desenvolveu nas artes européias, durante o século 17, ainda encontraremos estilo barroco na Europa, na 1ª metade do século 18, quando finalmente desaparecerá, substituído pelo Rococó. A palavra barroco (do grego, baros = peso) foi usada na Idade Média para designar um raciocínio incorreto, e com esta significação foi usada durante a Renascença. Nos séculos 18 e 19, foi utilizada para indicar pensamentos ou ideias contorcidas ou bizarras, sem clareza, distantes da lógica e da realidade dos fatos. Outros autores atribuem-lhe origem diferente: a palavra teria vindo do português BARROCO ou, do espanhol BARRUECO, que, durante a Renascença, fora usada pelos joalheiros para designar pérolas irregulares ou imperfeitas. De qualquer forma, o termo barroco, aparentemente, tinha sentido pejorativo e sempre a mesma significação: coisa defeituosa, irregular e obscura. A arte barroca teve sua origem e se definiu na Itália, de onde se irradiou aos demais países da Europa e às suas colônias na América Latina, assumindo características locais diversas. A arte barroca é naturalmente associada à Contra-Reforma da Igreja Católica por suas formas artísticas que tinham maior capacidade de comunicação visual. Mas o barroco não serviu apenas à Igreja; serviu também à monarquia absolutista, exaltando a figura do rei, e serviu também à burguesia, protestante ou católica. Por isso, encontraremos arte barroca, tanto em países católicos quanto protestantes. A característica mais marcante do Barroco: desaparece o equilíbrio entre sentimento e razão ou aquela associação entre a arte e a ciência - que os renascentistas souberam tão bem realizar. Passam a predominar, nas obras de arte, os valores emocionais.

Arquitetura

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Igreja de Il Gésu, Roma, 1575-7, Giacomo Della Porta- uma das primeiras igrejas Barrocas

Na arquitetura barroca, desaparecem os valores racionais de simplicidade, unidade e clareza; predominam o sentimento e a imaginação. Agora tudo está audaciosa e livremente movimentado pela insistência de curvas e contracurvas. A coluna muito empregada pelos barrocos, outro exemplo da predominância do decorativo sobre o construtivo, é a chamada coluna SALÔMONICA ou torcida, de fuste helicoidal ricamente ornamentado, mas infringindo a função sustentante, que deveria, logicamente, desempenhar.

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Baldaquino da Basílica de São Pedro, Roma, Itália - 1624 a 1633 - Gian Lorenzo Bernini É importante observar que os arquitetos barrocos não renegam as formas clássicas – colunas, arcos, frontões, frisos -, mas transforma-os de maneira fantasiosa.

A forma marcada pela seta chama-se voluta. Apesar de aparecer ainda na Grécia Antiga adornando as colunas de ordem jônica, durante o Barroco apresenta novo emprego. Ela é o elemento que irá caracterizar, de forma definitiva, uma arquitetura barroca. Possui o sentido de decoração, dando graça e movimento à frente da igreja, chamada de frontispício. Também irá aparecer na pintura e na escultura.

O Baldaquino de São Pedro, construído acima do altar papal onde está o túmulo de São Pedro, é uma das maiores obras de arte cristã de todos os tempos. A obra possui 30 metros de altura, toda realizada em bronze. As colunas em estilo salomônico dão energia e movimento ao gigantesco elemento arquitetônico criado para proteger o túmulo papal.

Os frontispícios das igrejas, antes planos e sóbrios, para enfatizar a riqueza do seu interior, agora são substituídos por frontispícios em movimento ondulante. A noção de urbanismo surge justamente nessa época. Novos campos de ação para os artistas: estradas, praças e jardins. As fontes de água públicas do período barroco são grandes atrações. O enriquecimento da burguesia é a grande responsável por esse fenômeno, uma vez que vive e se desenvolve na cidade através do comércio. Principais arquitetos do período: Giacomo della Porta, Giacomo Vignola, Guario Guarini, Domenico Fontana, Carlo Maderno, Carlo Rainaldi, e Francesco Borromini.

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Palazzo Carignano, em Turim, Itália - Guario Guarini

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Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, Minas Gerais, 1766-1810 – Mestre Aleijadinho

Observe, na fachada do Palácio, como o arquiteto rompe com a tradição e impõe movimento ao edifício. A superfície plana dos edifícios renascentistas é substituída, durante o Barroco, por outra muito mais ondulada.

O Barroco também encontrou ecos no Brasil. O Barroco Mineiro, o auge da Arte Colonial Brasileira, já um estilo tardio, no século 18, mistura elementos do Barroco com a graça e a elegância do Rococó. Mestre Aleijadinho, o mulato Antônio Francisco Lisboa, é o maior artista do período e suas obras, sejam na arquitetura ou na escultura, são as pérolas de uma arte produzida por brasileiros em um momento de grande efervescência cultural na colônia.

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Fontana Del Moro, Praça Navona, Roma, Itália – 1576 – Giacomo della Porta

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Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa, Praga, República Theca

A Praça Navona é uma das mais importantes praças de Roma. Possui trabalhos de gênios, como Giacomo della Porta, Francesco Borromini e Gian Lorenzo Bernini. Pesquise sobre a Fontana dei Qattro Fuimi (Fonte dos Quatro Rios), uma monumental obra executada por Bernini e que se encontra na Praça Navona. Ela representa os quatro principais continentes do mundo cortados por seus principais rios: Rio Nilo, na África; Rio Ganges, na Ásia; Rio da Prata, na América; e o Rio Danúbio, na Europa.

A riqueza do interior de uma igreja barroca impressiona: retábulos, altares e colunas ricamente decoradas para demonstrar o poder de Deus e da Igreja Católica. O ouro brasileiro foi um grande aliado na decoração das igrejas europeias.

Escultura A escultura do Barroco é marcada por características muito próprias: movimentação das formas, aumento da intensidade de expressão, interpretação bastante realista da natureza e ambição de fixar um momento. A teatralidade demonstrada através das poses é uma marca muito forte que demonstra uma diferença muito grande com a sobriedade e passividade das esculturas renascentistas. A escultura é mais viva, mais apaixonada.

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Êxtase de Santa Teresa, 1625 – Gian Lorenzo Bernini

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:David_von_Michelangelo.jpg David, 1501–1504- Michelangelo

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Davi, 1623-1624

Bernini é o maior escultor do período. O italiano era um artista completo, além de escultor; suas atividades mais famosad foram as de arquiteto, urbanista, escultor, decorador, pintor e escritor. Pela sua capacidade de trabalho e pelos seus dons excepcionais, pode ser considerada a figura mais importante do Barroco Europeu. Sua obra é um exemplo perfeito da busca da maior expressividade, do gosto pelo monumental, pelas superfícies e volumes, ricamente trabalhados. Um traço marca a obra do escultor a serviço de Deus: o sensualismo. As atitudes desfalecidas dos santos são a expressão desse misticismo sensual.

Observando as duas esculturas, ficam muito claras as características

que diferenciam o Barroco

do Renascimento.

Pintura A pintura do período atingiu um grau de realismo impressionante. As oposições entre a reflexão intelectual e a impulsividade do sentimento atingem seu ponto máximo na pintura. As principais características são: composição em diagonal; violentos contrastes de claro-escuro; aumento deliberado na intensidade de expressão de sentimentos, principalmente os dramáticos; dinamismo e síntese das formas; realismo de inspiração popular; ênfase no decorativo.

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Crucificação de São Pedro, 1600 -Caravaggio

Michelangelo Merisi da Caravaggio é o maior nome da pintura barroca. Num país onde eram pintadas Vênus e Madonas, Caravaggio foi buscar os modelos de santos e dos heróis de suas pinturas nos tipos mais humildes da população romana. Nunca se vira antes um tema sagrado tratado assim, como um acontecimento contemporâneo entre a gente humilde. Ele assinalou na pintura o início de nova época. Caravaggio dá em sua obra forma discreta e comovedora a uma atitude compartilhada por certos grandes santos da Contra Reforma: a de que os mistérios da Fé são revelados não por especulação intelectual, mas espontaneamente, por uma experiência interior, aberta a todos os

homens. Os seus quadros contêm um “cristianismo laico” isento de dogmas teológicos, o que atrai tanto os protestantes quanto os católicos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jos%C3%A9_de_Ribera_067.jpg São Bartolomeu, 1751 – José de Ribera

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Natureza -morta com jarra e frutas, 1728, Jean Siméon Chardin

Durante o Barroco, a pintura torna-se muito popular. Temos nesse período um número impressionante de pintores, verdadeiros gênios em sua arte. Alguns nomes: Peter Paul Rubens, Rembrandt van Rijn, Annibale Carracci, Georges de La Tour, Diego Velázquez, Johannes Vermeer e Bartolomé Murillo. No Brasil, podemos destacar o nome de Mestre Manuel da Costa Ataíde, que trabalhou nas Minas Gerais, sendo contemporâneo de Mestre Aleijadinho.

Observe o grau de realismo dessa pintura e o seu profundo tom dramático. Imagine a impressão que as pessoas tinham dessa obra, em uma época em que nem se sonhava com a invenção da fotografia.

A natureza-morta “Objetos inanimados são representados na pintura, desde a Idade Média, em geral como fundo de pinturas religiosas de cunho realista. Mas é somente em meados do século 16 que a natureza- morta emerge como gênero artístico independente, em obras de pintores. O processo de paulatina autonomia da natureza-morta acompanha tanto a pintura naturalista (associada à ilustração científica) quanto a pintura de gênero, exemplarmente representada pelos artistas holandeses do século 17 e seus temas domésticos, figurados com riqueza de detalhes.” O texto acima foi retirado do site do Instituto Itaú Cultural. Saiba mais sobre o assunto, acessando o site: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=360

LAS MENINAS

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A Família de Filipe IV, 1656- Diego Velázquez

O quadro de Diego Velázquez, A Família de Filipe IV, ou, como é mais conhecido, “Las Meninas”, é uma das obras mais analisadas de todos os tempos. O artista, de técnica impecável, produz um quadro de uma cena cotidiana- o quarto da infanta Margarita e uma certa movimentação em que até mesmo o pintor aparece pintando outra obra. Esse exercício “meta-artístico” é um dos grandes trunfos do quadro, uma ousadia para aquele tempo. Além disso, ele fez um jogo espetacular de perspectiva, luz, espelho e posições. No site da Revista Filosofia, há uma extensa matéria, que mostra porque esse quadro de Velázquez é tão famoso: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/27/artigo191887-1.asp Grandes filósofos, como Michel Foucault e Jacques Lacan, fizeram estudos sobre a obra e seu ponto de vista é analisado pela matéria. Com a opinião de respeitados intelectuais, percebemos que a obra constitui um tema fascinante e inesgotável. Faça você também uma análise da obra e perceba o quão genial é esse artista, que encara o espectador de frente, nessa magistral pintura.