ARCADISMO

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ARCADISMO Os meninos de Brummel, J. Reynolds. (1723-1792) Neoclassicismo Renascença Beleza e graça Professor Antonio

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ARCADISMO

Os meninos de Brummel, J. Reynolds. (1723-1792)

NeoclassicismoRenascençaBeleza e graça

Professor Antonio

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ARCADIA

Friedrich von Kaulbach

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• Arcadismo ou Neoclassicismo

• Séc. XVIII

• Restabelecimento do equilíbrio clássico

• Reação ao exageros barrocos

• Simplicidade, clareza, razão, natureza.

• Fé e religião Razão e ciência

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Contexto Histórico• França

• Século XVIII – século das Luzes/ Iluminismo/

Despotismo Esclarecido (Enciclopédia)

• Física (Newton); Química (Lavosier);

Biologia (Bueton e Lineu); Psicologia (Locke)

• Burguesia próspera: energia a vapor na

indústria têxtil inglesa.

Enciclopedia, Diderot e d’Alembert

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Paradigma: Racionalismo • Homem natural e bom selvagem (Rosseau)

• Divisão do poder: Legislativo/ Executivo/ Judiciário (Montesquieu)

• Ataque ao clero e monarquia do direito divino (Voltaire)

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Em Portugal• Marquês de Pombal (1750-1777)

• Expulsão dos jesuítas do Brasil

• Laicização do ensino

• Reforma Universitária

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Contrapontos

• Dúvida/ Pessimismo/ Negação do Homem/ Mortificação da Carne (BARROCO)

• Otimismo/ Crença no valor da ciência como fator de transformação e progresso do homem o exercício da razão VERDADE.

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XI

Olha, Marília, as flautas dos pastores

Que bem que soam, como estão cadentes!

Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes

Os Zéfiros brincar por entre flores?

Vê como ali beijando-se os Amores

Incitam nossos ósculos ardentes!

Ei-las de planta em planta as inocentes,

As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira,

Ora nas folgas a abelhinha pára,

Ora nos ares sussurando gira:

Que alegre campo! Que amanhã tão clara!

Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,

Mais tristeza que a morte me causara. (1765-1805)

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• VI [SONETO DE TODAS AS PUTAS]

Não lamentes, ó Nize, o teu estado;

Puta tem sido muita gente boa;

Putissimas fidalgas tem Lisboa,

Milhões de vezes putas teem reinado:

Dido foi puta, e puta d'um soldado;

Cleopatra por puta alcança a c'roa;

Tu, Lucrecia, com toda a tua proa,

O teu conno não passa por honrado:

Essa da Russia imperatriz famosa,

Que inda ha pouco morreu (diz a Gazeta)

Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:

Não fiques pois, ó Nize, duvidosa

Que isso de virgo e honra é tudo peta.

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VIII [SONETO DA CAGADA] (5)

Vae cagar o mestiço e não vae só;

Convida a algum, que esteja no Gará,

E com as longas calças na mão ja

Pede ao cafre canudo e tambió:

Destapa o banco, atira o seu fuscó,

Depois que ao liso cu assento dá,

Diz ao outro: "Ó amigo, como está A Rittinha?

O que é feito da Nhonhó?"

"Vieste do Palmar? Foste a Pangin?

Não me darás noticias da Russu,

Que desde o outro dia inda a não vi?"

Assim prosegue, e farto ja de gu,

O branco, e respeitavel canarim

Deita fora o cachimbo, e lava o cu.

Diz-se que este soneto fora escripto em Goa e dirigido a D. Francisco

de Almeida, fidalgo de raça mestiça cuja indole e costumes o poeta

quiz assim escarnecer. Derramou por todo elle vocabulos da lingua

canarina, cuja explicação debalde se procurará nos diccionarios. Em

edições anteriores diz-se que "tambió" quer dizer "tabaco"; "fuscó",

"peido"; "gu", "trampa", etc. Valha a verdade! [nota da fonte]

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• XII [SONETO DO PRAZER MAIOR]

Amar dentro do peito uma donzella;

Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;

Fallar-lhe, conseguindo alta ventura,

Depois da meia-noite na janella:

Fazel-a vir abaixo, e com cautela

Sentir abrir a porta, que murmura;

Entrar pé ante pé, e com ternura

Apertal-a nos braços casta e bella:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,

E a bocca, com prazer o mais jucundo,

Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vel-a rendida enfim a Amor fecundo;

Dictoso levantar-lhe os brancos folhos;

É este o maior gosto que ha no mundo.http://www.elsonfroes.com.br/bocage.htm

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O quadro brasileiro

• Descoberta do ouro em Minas Gerais• Deslocamento do centro econômico (MG/RJ)• Surgimento da sociedade urbana• Aumento da carga tributária• Estabilização de sociedade culta (intercâmbio acadêmico- cultural)• Arcadias (associações dos homens cultos)

Brasílica dos Esquecidos (1724)Brasílica dos Renascidos (1759)Academia dos Felizes (1763)Academia dos Seletos (1752)

Ouro Preto - MG

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ESTILO ÁRCADE

• Reação ao Barroco (ordem direta/ versos brancos)

• Poesia descritiva e objetiva

• O poeta = pintor de situações

• Impulso pessoal e subjetividade (contenção)

• Natureza (substrato poético) – Verossimilhança (mímesis)

• Neoclassicismo – não originalidade (cópia dos modelos clássicos)

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Platonismo recriado

• Transforma-se o amador na coisa amadaPor virtude do muito imaginar;Não tenho logo mais que desejar,Pois em mim tenho a parte desejada.

(Camões)

• Faz a imaginação de um bem amado,Que nele se transforme o peito amante;Daqui vem, que a minha alma deliranteSe não distingue já do meu cuidado.

(Claudio Manuel da Costa)

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Natureza bucólica e pastorilBucolismo espécie de poesia pastoral (descreve a qualidade ou o caráter dos costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza)

- progresso nas cidades

- Mudanças no mundo

- Modernização das cidades (problemas conglomerados humanos)

- Ordem nos prados e nos campos

- Resgate dos sentimentos corroídos pelo progresso.

Os árcades buscavam uma vida simples, bucólica, longe do burburinho citadino.

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Casa No Campo (Zé Rodrix e Tavito)

Elis Regina

• Eu quero uma casa no campoOnde eu possa compor muitos rocks ruraisE tenha somente a certezaDos amigos do peito e nada maisEu quero uma casa no campoOnde eu possa ficar no tamanho da pazE tenha somente a certezaDos limites do corpo e nada maisEu quero carneiros e cabras pastando solenesNo meu jardimEu quero o silêncio das línguas cansadasEu quero a esperança de óculosMeu filho de cuca legalEu quero plantar e colher com a mãoA pimenta e o salEu quero uma casa no campoDo tamanho ideal, pau-a-pique e sapéOnde eu possa plantar meus amigosMeus discos e livrosE nada mais http://www.youtube.com/watch?v=UbPbeXl3wMc

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Já me enfado de ouvir este alaridopor Cláudio Manuel da Costa

Já me enfado de ouvir este alarido,Com que se engana o mundo em seu cuidado;Quero ver entre as peles, e o cajado,Se melhora a fortuna de partido.

Canse embora a lisonja ao que feridoDa enganosa esperança anda magoado;Que eu tenho de acolher-me sempre ao ladoDo velho desengano apercebido.

Aquele adore as roupas de alto preço,Um siga a ostentação, outro a vaidade;Todos se enganam com igual excesso.

Eu não chamo a isto já felicidade:Ao campo me recolho, e reconheço,Que não há maior bem, que a soledade.

(1729-1789)

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CARPE DIEM

"Odes"do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), onde se lê:

Carpe diem quam minimum credula posteroTu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibifinem di dederint, Leuconoe, nec Babyloniostemptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,quae nunc oppositis debilitat pumicibus mareTyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevispem longam reseces. dum loquimur, fugerit invidaaetas: carpe diem quam minimum credula postero.

http://www.youtube.com/watch?v=0iROZvQgO8g

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CARPE DIEM

Colha o dia, confie o mínimo no amanhã.Não pergunte, saber é proibido, o fim que os deusesdarão a mim ou a si, Leuconoe, com os adivinhos da Babilonia não brinque.É melhor apenas lidar com o que cruza o seu caminho.Se muitos Invernos Júpiter te dará ou se este é o último,que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar.Tirreno: seja sábio, beba o seu vinho e para o curto prazoreveja as suas esperanças.Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento está a fugir de nós.Colha o dia, confie o mínimo no amanhã.

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Carpe Diem

Marília de Dirceu - Parte I Lira XIV(Tomás Antonio Gonzaga)

Minha bela Marília, tudo passa;A sorte deste mundo é mal segura;Se vem depois dos males a ventura,Vem depois dos prazeres a desgraça.Estão os mesmos DeusesSujeitos ao poder ímpio Fado:Apolo já fugiu do Céu brilhante,Já foi Pastor de gado.A devorante mão da negra MorteAcaba de roubar o bem, que temos;Até na triste campa não podemosZombar do braço da inconstante sorte.

(1744-1810)

http://www.youtube.com/watch?v=Gqj6SlT8Gzw

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• Ornemos nossas testas com as flores.E façamos de feno um brando leito,Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,Gozemos do prazer de sãos Amores.Sobre as nossas cabeças,Sem que o possam deter, o tempo corre;E para nós o tempo, que se passa,Também, Marília, morre.

Carpe Diem

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• Que havemos de esperar, Marília bela?Que vão passando os florescentes dias?As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;E pode enfim mudar-se a nossa estrela.Ah! Não, minha Marília,Aproveite-se o tempo, antes que façaO estrago de roubar ao corpo as forçasE ao semblante a graça.

Carpe Diem

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Aurea Mediocritas

MARÍLIA DE DIRCEULira I, parte 1 ( fragmento )

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,Que viva de guardar alheio gado,De tosco trato, de expressões grosseiro,Dos frios gelos e dos sóis queimado.Tenho próprio casal e nele assisto;Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;Das brancas ovelhinhas tiro o leite,E mais as finas lãs, de que visto.

Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!

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Tu não verás Marília, cem cativostirarem o cascalho e a rica terra,ou dos cercos dos rios caudalosos,ou da mina da serra.

Verás em cima da espaçosa mesaaltos volumes de enredados feitos;ver-me-ás folhear os grandes livros,e decidir os pleitos.

Enquanto resolver os meus Consultos,tu me farás gostosa companhia,lendo os fastos da sábia, mestra História,e os cantos da Poesia.

Aurea Mediocritas

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Fugere UrbemJá se afastou de nós o Inverno agreste

Envolto nos seus úmidos vapores;

A fértil Primavera, a mãe das flores

O prado ameno de boninas veste:

Varrendo os ares o subtil nordeste

Os torna azuis; as aves de mil cores

Adejam entre Zéfiros, e Amores,

E toma o fresco Tejo a cor celeste:

Vem, ó Marília, vem lograr comigo

Destes alegres campos a beleza,

Destas copadas árvores o abrigo:

Deixa louvar da corte a vã grandeza:

Quanto me agrada mais estar contigo

Notando as perfeições da Natureza!

Bocage

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POLIFEMOÉCLOGA VIII (Cláudio Manuel da Costa)

Ó linda Galatéia,Que tantas vezes quantasEssa úmida morada busca Febo,Fazes por esta areia,Que adore as tuas plantasO meu fiel cuidado: já que EreboAs sombras descarrega sobre o mundo,Deixa o reino profundo:Vem, ó Ninfa, a meus braços;Que neles tece Amor mais ternos laços.

Écloga é um pequeno poema pastoral que apresenta, na maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou de um solilóquio.

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Limites cronológicos

• Início: 1768: Obras Poéticas, Claudio Manuel

da Costa.

• Término: 1836: Suspiros Poéticos e Saudades,

de Gonçalves de Magalhães.

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Já se afastou de nós o Inverno agreste (Bocage)

Já se afastou de nós o Inverno agresteEnvolto nos seus úmidos vapores;A fértil Primavera, a mãe das floresO prado ameno de boninas veste:

Varrendo os ares o sutil nordesteOs torna azuis: as aves de mil coresAdejam entre Zéfiros, e Amores,E torna o fresco Tejo a cor celeste;

Vem, ó Marília, vem lograr comigoDestes alegres campos a beleza,Destas copadas árvores o abrigo:

Deixa louvar da corte a vã grandeza:Quanto me agrada mais estar contigoNotando as perfeições da Natureza!