Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis
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FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO
SOMAR SOCIEDADE MARANHENSE DE ENSINO SUPERIOR LTDA
CNPJ 04.855.275/0001-68
GRADUAÇÃO – PÓS-GRADUAÇÃO – ENSINO A DISTÂNCIA
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
RICARDO HENRIQUE DA ROCHA OLIVEIRA
São Luís
2012
Faculdade do Maranhão
Análise das Demonstrações Contábeis/ Faculdade do Maranhão. – São Luís, 2012.
52 f.:il. Impresso por computador (Fotocópia) Apostila (Graduação em Administração à Distância) – Curso de
Graduação em Administração à Distância, Faculdade do Maranhão, 2012. 1. Análise das Demonstrações Contábeis. I. Título.
CDU 657.375:330.534
5. Pindaré-Mirim. I. Título.
CDU 069:338.4(812.1-21 Pindaré-Mirim)
SOMAR – Sociedade Maranhense de Ensino Superior Ltda.
FACAM – Faculdade do Maranhão
Carlos César Branco Bandeira
Diretor Geral
Thatiana Soares Rodrigues Bandeira
Diretora Executiva
Henilda Ferro Castro
Diretora Acadêmica
Heraldo Marinelli
Coordenador Geral de Ensino a Distância
MeyryJanes Costa Almeida
Supervisora Adjunta de Ensino a Distância
FLUXOGRAMA DE ESTUDOS
ENTRADA
Inscrição / Seleção
Orientação ao Aluno
Recebimento do Material
Instrucional
T
U
T
O
R
I
A
Processo de Estudo
Independente
Tutoria
Encontros
Pedagógicos
Avaliação Presencial
Não Alcançou
Desempenho Satisfatório
Alcançou Desempenho
Satisfatório
Aluno entra em processo
de reorientação com o
tutor
Aluno Inicia Estudo
Independente dos
demais Módulos
Saída
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 7
1.1 Considerações gerais .............................................................................. 7
1.1.2 Aspectos estático e dinâmico ..................................................................... 7
1.1.3 Situação econômico-financeira ................................................................... 7
1.1.4 Objetivos ..................................................................................................... 8
1.1.5 A análise de balanços começa onde termina a contabilidade .................... 9
1.1.6 O que incluir no relatório ............................................................................. 10
2 METODOLOGIA DE ANÁLISE .................................................................. 11
2.1 Métodos de análise ................................................................................... 12
2.1.1 Quocientes ................................................................................................. 12
2.1.2 Subtração ................................................................................................... 12
2.2 Índices-padrões ........................................................................................ 13
2.2.1 Padrões de comparação ............................................................................. 13
2.2.2 Padrões setoriais ........................................................................................ 13
2.2.3 Padrões históricos ...................................................................................... 14
2.3 Peças indispensáveis ............................................................................... 15
2.4 Subsídios .................................................................................................. 15
3 TÉCNICAS DE ANÁLISE ........................................................................... 16
3.1 Análise através de índices ....................................................................... 16
3.2 Elementos fundamentais para análise das demonstrações financeiras17
4 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL ..................................................... 17
5 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO ............................................................. 17
6 MODELOS DE ANALISE DE RENTABILIDADE ....................................... 18
6.1 Análise do roi (retorno operacional dos investimentos) ....................... 18
6.2 Análise da "alavancagem financeira" ..................................................... 18
7 ANÁLISE POR MEIO DE ÍNDICES ............................................................ 19
7.1 Quantos índices são necessários para uma boa análise? ................... 19
7.2 Aspectos da empresa revelados pelos índices ..................................... 20
7.3 Principais índices ..................................................................................... 20
7.4 Estrutura de capitais ................................................................................ 20
7.4.1 Participação de capitais de terceiros .......................................................... 20
7.4.2 Composição do endividamento .................................................................. 23
7.4.3 Imobilização do patrimônio líquido ............................................................. 24
7.4.4 Imobilização de recursos não correntes ..................................................... 27
7.5 Liquidez ..................................................................................................... 32
7.5.1 Liquidez geral – LG ..................................................................................... 32
7.5.2 Liquidez corrente – LC ................................................................................ 33
7.5.3 Liquidez seca – LS ..................................................................................... 34
7.5.4 Liquidez imediata ........................................................................................ 34
7.6 Análise dos índices .................................................................................. 35
7.7 Índices de rentabilidade ........................................................................... 35
7.7.1 Giro do ativo ............................................................................................... 36
7.7.2 Margem líquida .......................................................................................... 37
7.7.3 Rentabilidade do ativo ................................................................................ 38
7.7.4 Rentabilidade do patrimônio líquido............................................................ 39
7.8 Índices de avaliação de ações ................................................................. 41
7.8.1 Visão geral dos índices de ações ............................................................... 42
7.8.2 Principais índices de ações ........................................................................ 44
7.8.2.1 Valor patrimonial das ações (VPA) ............................................................. 44
7.8.2.2 Lucro por Ação ........................................................................................... 45
7.8.2.3 Preço sobre lucro por ação ......................................................................... 45
7.8.2.4 Rentabilidade de ação ................................................................................ 46
7.8.2.5 Dividendo por ação (DPA) .......................................................................... 46
7.8.2.6 Retorno de caixa ........................................................................................ 47
7.8.2.7 Relação retorno de caixa/rentabilidade das ações ..................................... 47
8 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – DFC .................................... 48
8.1 Apresentação do relatório de fluxo de caixa ......................................... 48
8.2 Equivalente-caixa ..................................................................................... 49
8.3 Métodos de elaboração ............................................................................ 51
8.3.1 Método direto .............................................................................................. 52
8.3.2 Método indireto ........................................................................................... 55
8.4 Análise da demonstração do fluxo de caixa .......................................... 61
9 TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS .............................................................................................. 62
9.1 Falácias de liquidez .................................................................................. 62
9.2 Liquidez igual a 2,00 ................................................................................. 63
9.4 Cálculo do estoque pelo valor de realização ......................................... 63
9.4 Liquidez e prazos médios ........................................................................ 64
10 ANÁLISE DO ENDIVIDAMENTO BANCÁRIO .......................................... 64
10.1 Dependência e risco ................................................................................. 64
10.2 Quatro índices de dependência bancária ............................................... 65
10.3 Financiamento de ativo por instituições de crédito .............................. 65
10.4 Participação de instituições de crédito no endividamento da empresa
10.5 Financiamento de ativo circulante por instituições de créditos a curto
prazo .......................................................................................................... 65
10.6 Nível de desconto de duplicatas ............................................................. 66
7
1 INTRODUÇÃO
1.2 Considerações gerais
1.1.2 Aspectos estático e dinâmico
A Análise das Demonstrações Contábeis abrange os aspectos estático e
dinâmico da empresa.
O aspecto estático compreende o estudo da situação da empresa, ou
seja, como ela se apresenta em um determinado momento, sem se preocupar com o
passado ou como futuro.
O aspecto dinâmico preocupa-se com a evolução da empresa e do ritmo
de seus negócios, comparando os resultados atuais com os de anos anteriores e
ponderando, inclusive, as possibilidades de evolução futura.
1.1.3 Situação econômico-financeira
Quando a análise procura, por exemplo, determinar, dentre o montante
dos recursos aplicados no Ativo, qual a parcela que pertence aos sócios, está se
preocupando com o aspecto estático da situação econômica.
Já a apuração e apreciação do resultado das operações sociais, da
remuneração dos investidores e do reinvestimento desses resultados, estaremos
analisando a situação econômica sob o aspecto dinâmico.
Finalmente, quando a atenção estiver voltada para o problema da
solvência dos compromissos da empresa, que significa a capacidade de cumprir os
compromissos com os recursos que constituem seu patrimônio ou seu ativo,
estaremos preocupados com a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, com
a sua situação financeira.
Portanto, do ponto de vista econômico, uma empresa é solvente quando
está em condições de fazer frente a suas obrigações correntes e ainda apresentar
uma situação patrimonial e uma expectativa de lucros que garantam sua
sobrevivência no futuro.
8
1.1.4 Objetivos
A Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações
Contábeis com os fins de tomada de decisões, ou seja, mediante a comparação dos
valores constantes dos demonstrativos contábeis, procuramos analisar de forma
estática e dinâmica a situação da empresa, de dois ângulos: o econômico e o
financeiro.
Através dessa análise haverá a possibilidade:
dos administradores e empresários avaliarem:
a) quanto ao passado, o acerto da gestão econômico-financeira;
b) quanto ao futuro, a necessidade de correção nessa gestão e, em
conjunto corn outros elementos, as possibilidades de desenvolvimento
das operações sociais.
dos investidores avaliarem:
a) o retorno do seu investimento;
b) a segurança do seu investimento.
dos credores avaliarem:
a) a garantia dos capitais emprestados;
b) o retorno nos prazos estabelecidos.
Para que os resultados da analise possam refletir a realidade da situação
da empresa, é imprescindível que os dados constantes dos demonstrativos
analisados estejam corretos.
Nas grandes empresas, essa tarefa — a conferência dos dados — é de
competência dos auditores (externos ou internos).
Nas pequenas e, até mesmo, nas médias empresas, o empresário
preocupa-se mais em atender a parte fiscal do que em apresentar dados realmente
condizentes corn a realidade.
Mesmo nas microempresas — desobrigadas de um registro contábil
sistemático, dificilmente o empresário poderá tomar conhecimento dos rumos de sua
empresa se não tiver um sistema contábil, mesmo que seja rudimentar.
As Demonstrações Contábeis (ou Financeiras) fornecem uma série de
dados sobre a empresa, de acordo com as regras contábeis. A Análise de Balanços
9
transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores
informações produzir. Portanto, é importante a distinção entre dados e informações.
Dados são números ou descrição de objetos ou eventos que,
isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor.
Informações representam, para quem as recebe, uma comunicação que
pode produzir reação ou decisão, freqüentemente acompanhada de um efeito-sur-
presa.
Por exemplo, quando se diz que o Brasil tem X milhões de habitantes,
tem-se um dado. Quando se divide, porém, o Produto Nacional Bruto, ou seja, o PIB,
por esse dado, encontra-se a renda per capita, ou seja, por pessoa; quando se
compara essa renda com a de outros países e quando se constrói uma série
histórica dessa renda, pode-se chegar à conclusão de que o Brasil é um país que
vem perdendo posição em relação a outros países. Tem-se, nesse caso, a
informação.
As demonstrações financeiras mostram, por exemplo, que a empresa tem
$ Y milhares de dívida. Isto é um dado. A conclusão de que a dívida é excessiva ou
é normal, de que a empresa pode ou não pagá-la é informação. O objetivo da
Análise de Balanços é produzir essa informação.
1.1.5 A análise de balanços começa onde termina a contabilidade
Para o contador a preocupação básica são os registros das operações.
Na aquisição de uma maquina, por exemplo, quais os custos que comporão o custo
de aquisição, a taxa de depreciação, qual será sua classificação no balanço e sua
atualização monetária? O contador procura captar, organizar e compilar dados. Sua
matéria-prima são fatos de significado econômico-financeiro expressos em moeda.
Seu produto final são as Demonstrações Financeiras.
O analista de balanços preocupa-se corn as demonstrações financeiras
que, por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam
concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal
administrada, se tem ou não condições de pagar suas dividas, se é ou não lucrativa,
se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se
continuará em operação.
10
O grau de excelência da Analise de Balanços é dado exatamente pela
qualidade e extensão das informações que conseguirá gerar.
O produto da Análise de Balanços são relatórios escritos em linguagem
corrente. Na medida do possível, recomenda-se o uso de gráficos como auxiliares
para simplificar as conclusões mais complexas. Ao contrário das Demonstrações
Financeiras, os relatórios de analise devem ser elaborados como se fossem dirigidos
a leigos, ainda que não o sejam, isto é, sua linguagem deve ser inteligível por
qualquer mediano dirigente de empresa, gerente de banco ou gerente de crédito.
Obviamente que isto não acontece corn as Demonstrações Financeiras,
que, aliás, não têm nenhuma preocupação nesse sentido. As Demonstrações Finan-
ceiras apresentam-se carregadas de termos técnicos e suas notas explicativas são
feitas exclusivamente para técnicos.
Nesse sentido, a Análise de Balanços deve assumir, também, o papel de
tradutor dos elementos contidos nas Demonstrações Financeiras.
Um relatório de Análise de Balanços que apresentasse dados em vez de
informações não poderia ser considerado um bom relatório.
São freqüentes os relatórios que contêm frases como: "O índice de
endividamento é de 220%; isto significa que para cada $ 100 de capital próprio,
existem $ 220 de terceiros. Esse índice mostra um crescimento de 10% em relação
ao ano anterior que, por sua vez, já crescera 18%. Os recursos de terceiros são
predominantemente de curto prazo (85 %). Já os índices de liquidez encontrados
foram respectivamente: liquidez geral — 1,25; liquidez corrente — 1,40; e liquidez
seca — 1,01, o que mostra que a empresa tem mais disponibilidades realizáveis do
que dívidas de curto prazo”.
Esse tipo de relatório transforma um tipo de dado encontrado nas
Demonstrações Financeiras em informações.
1.1.6 O que incluir no relatório
Um relatório adequado de Análise de Balanços deve, em lugar dos dados
apresentados, expor, em linhas gerais, as seguintes informações produzidas pela
Análise de Balanços:
• Situação financeira.
• Situação econômica.
11
• Desempenho.
• Eficiência na utilização dos recursos.
• Pontos fortes e fracos.
•Tendências e perspectivas.
• Quadro evolutivo.
• Adequação das fontes às aplicações de recursos.
• Causas das alterações na situação financeira.
• Causas das alterações na rentabilidade.
• Evidência de erros da administração.
• Providências que deveriam ser tomadas e não foram.
• Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.
2 METODOLOGIA DE ANÁLISE
A Análise de Balanços baseia-se no raciocínio científico. Na maioria das
ciências, o processo de tomada de decisões obedece à seguinte seqüência:
Etapa 1: Escolha de indicadores
Etapa 2: Comparação com padrões
Etapa 3: Diagnóstico ou conclusões
Etapa 4: Decisões
Verifica-se que as etapas de 1 a 3 constituem-se a análise propriamente
dita e devem ser feitas sempre em seqüência e estar perfeitamente coordenadas.
Entretanto, cada uma se vale de técnicas próprias. Extraem-se os índices das
Demonstrações Financeiras, comparam-se os índices com os padrões, ponderam-se
as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou conclusões e, finalmente,
tomam-se de
Quando esta seqüência não é levada em conta, fatalmente a Análise de
Balanços fica prejudicada. Às vezes, por falta de padrões ou por não se saber
construí-los, deixam-se de fazer comparações. A qualidade da análise então fica
comprometida, pois como se poderá fazer afirmativas sem os elementos de
referência? Em qualquer Análise de Balanços, observe atentamente essas etapas.
12
2.1 Métodos de análise
2.1.1 Quocientes
O método analítico mais usado é o dos quocientes, por meio do qual se
comparam dois valores patrimoniais, dividindo-se um pelo outro.
Aplicando-se esse método teríamos duas formas de comparação:
a) Entre partes ou totais isolados, que não formam um conjunto. Essa
forma de comparação indica a relação de grandeza existente entre os
bens comparados. Assim, poderíamos, por exemplo, estabelecer que a
empresa tem recursos disponíveis e realizáveis em montante três
vezes superior ao do total das suas dívidas (liquidez geral), ou que o
montante da receita é 2,5 vezes maior que o volume de recursos
aplicados (rotação do investimento).
b) De uma parte com o todo no qual essa parte esta contida. Nesse tipo
de comparação de valores, o resultado apurado poderia ser apreciado
tanto sob a forma decimal como sob a forma percentual — que é a
maneira mais elementar e intuitiva de comparação de valores
numéricos. Poderíamos, por exemplo, apurar que o capital próprio da
empresa estaria financiando 55% do Ativo, enquanto o capital de
terceiros (dívidas) financiaria os restantes 45%, ou, em outras palavras,
afirmar que para cada R$ 1,00 aplicado no Ativo $ 0.55 são financiados
por recursos dos proprietários, enquanto $ 0,45 são financiados por
recursos de terceiros.
Na apuração dos índices que servirão de base para nossas análises,
utilizaremos, principalmente, o método dos quocientes, pois é, sem dúvida, o que
apresenta resultados mais expressivos, inteligíveis e facilmente comparáveis com os
resultados de outros períodos ou de outras empresas.
2.1.2 Subtração
Pode ser utilizado, também, o método pelo qual se obtêm resultados para
análise por simples subtração entre dois ou mais valores.
13
Esse método apresenta, contudo, o inconveniente de apurar um valor
isolado, que não pode ser devidamente avaliado, a não ser comparando-o a um
outro valor patrimonial. É o que acontece, por exemplo, quando apuramos o valor do
capital de giro próprio, subtraindo do total do Ativo em giro a parcela financiada pelo
capital de terceiros (ou subtraindo do capital próprio o total aplicado no Ativo Não
Circulante). De qualquer maneira, o valor assim obtido careceria de expressão
relativa, ou seja, não saberíamos a sua proporção em relação aos demais valores
patrimoniais.
2.2 Indices-padrões
2.2.1 Padrões de comparação
Um dos problemas de mais difícil solução dentro da análise dos
Demonstrativos Contábeis é o da correta interpretação dos resultados numéricos
obtidos.
Um prazo de rotação dos estoques de 90 dias, por exemplo, deve ser
considerado normal, dilatado ou reduzido?
Como um índice de participação de capital próprio de 0,40 (40%) deve ser
avaliado pelo analista?
E intuitivo que quase todos os resultados obtidos em uma análise devem
ser ponderados conforme o porte da empresa, seu ramo de atividades e a evolução
de seus negócios. Assim, facilitaria enormemente a tarefa do analista a possibilidade
de comparação dos resultados apurados corn determinados valores genéricos
escolhidos ou definidos como padrão.
2.2.2 Padrões setoriais
Comparando os resultados apurados em nossa empresa corn os de
outras, de porte semelhante e do mesmo ramo de atividade, poderemos chegar a
conclusões mais realistas sobre a normalidade desses resultados.
Dessa forma, poderíamos constatar, também, se os problemas da
empresa são particulares ou setoriais, ou seja, se são ou não comuns a maioria das
empresas congêneres.
14
Apesar da inegável utilidade de tais comparações, as seguintes
observações nos levarão a considerá-las corn justificável reserva:
a) cada empresa pode ser considerada Única em relação aos seus
problemas específicos e forma de solucioná-los;
b) a diversidade de artigos produzidos ou comercializados, na mesma
empresa, dificulta seu enquadramento em um único setor:
c) os dados que servem de base para o estabelecimento dos índices-
padrões são extraídos de Demonstrativos heterogêneos e levantados,
muitas vezes, em datas diferentes;
d) são poucas as entidades que se preocupam em levantar dados
setoriais e, quando o fazem, geralmente não abrangem um universo
suficientemente amplo e não divulgam a metodologia utilizada.
2.2.3. Padrões históricos
A comparação dos índices atuais corn os apurados em exercícios
anteriores constitui importante subsidio para o analista. Tomando-se como base os
resultados do passado, poderemos:
a) julgar corn mais propriedade a "normalidade" ou "anormalidade" dos
resultados do presente;
b) constatar a evolução ou retração da situação patrimonial, da
capacidade de pagamento, do ritmo dos negócios e da rentabilidade da
empresa.
Como nos Demonstrativos é obrigatória a apresentação dos dados dos
dois últimos exercícios, já teremos a possibilidade de comparar os resultados atuais
corn os do período anterior.
O ideal seria que a comparação, inclusive nas análises horizontal e
vertical, pudesse abranger um período bem mais amplo (de quatro a cinco anos).
Antes de iniciar uma analise, é imprescindível obter certas informações e elementos
que possibilitarão a elaboração do estudo, o qual será tanto mais perfeito e
conclusivo quanto melhores e mais completos forem os dados de que se disponha.
15
2.3 Peças indispensáveis
• Balanço Patrimonial
• Demonstração do Resultado do Exercício
• Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido
• Notas explicativas (anexo das declarações)
2.4 Subsídios
Além dos demonstrativos acima mencionados, será de interesse do
analista obter alguns esclarecimentos complementares, tais como:
• critérios de avaliação, depreciação e amortização do Ativo;
• valor das vendas (se possível separando "a prazo" e "à vista", mês a
mês);
• valor das compras (se possível mês a mês) e prazo médio de
pagamento;
• valor do saldo mensal dos estoques ou valor do estoque médio do
período
• prazo de transformação das matérias-primas em produtos acabados;
• condições de comercialização imediata dos estoques;
• possibilidade de recebimento dos débitos de clientes;
• natureza, finalidade e condições de resgate dos financiamentos obtidos
de terceiros.
Em uma análise mais profunda em empresas de maior vulto, informações
importantes para a análise da situação econômico-financeira poderão ser obtidas
por meio dos seguintes demonstrativos:
Demonstração dos Fluxos de Caixa
Demonstração do Valor Adicionado
16
3 TÉCNICAS DE ANÁLISE
3.1 Análise através de índices
A Análise de Balanços surgiu por motivos eminentemente práticos e mos-
trou-se desde logo instrumento de grande utilidade.
Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em uso até
hoje. Corn o passar do tempo, porém, seguindo a tendência natural da sociedade
moderna, as técnicas de análise foram aprimoradas, refinadas e tornaram-se objeto
de estudo das universidades; fazem parte delas, hoje, avançados conhecimentos de
estatística e matemática.
As atuais técnicas de Análise de Balanços possibilitam grande número de
informações sobre a empresa. Merecem especial atenção os estudos sobre o uso de
Análise de Balanços na previsão de insolvência, que é o estado em que o devedor
tem prestações a cumprir superiores aos rendimentos que recebe. Portanto um
insolvente não consegue cumprir as suas obrigações (pagamentos). Uma empresa
insolvente poderá, ao final de um processo, ser declarada definitivamente insolvente,
em falência ou em recuperação.
.Em função dessas experiências, tem-se podido chegar a alguns
resultados objetivos sobre o grau de eficiência de certos índices de balanço na
previsão de insolvência.
Corn isso tem-se atribuído diferentes pesos aos índices que representam
a importância relativa de cada índice.
Assim, a técnica empírica de extração de índices de balanços ganhou
embasamento cientifico e teve a sua utilidade comprovada. Hoje, no entanto, sabe-
se muito mais sobre o que informa cada índice e quais são os índices mais
importantes.
Alem disso, conta-se hoje corn apreciável know-how na elaboração de
índices-padrão.
Os índices-padrão permitem adequada avaliação de qualquer índice de
determinada empresa e proporcionam ao usuário da análise informação objetiva do
seu desempenho.
17
3.2 Elementos fundamentais para análise das demonstrações financeiras
A conjugação do uso de índices-padrão e de pesos possibilita chegar-se a
uma avaliação global da empresa analisada, o que é de extrema utilidade nas
decisões de crédito, principalmente se se leva em conta que os responsáveis por
essas decisões em geral não são técnicos em análise de balanços.
A principal preocupação dos índices de balanço é fornecer avaliações
genéricas sobre diferentes aspectos da empresa em análise, sem descer a um nível
maior de profundidade. Essa profundidade, porém, é alcançável através de outras
técnicas expostas adiante.
4 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
A Análise Vertical e Horizontal presta-se fundamentalmente ao estudo de
tendências.
A elevada inflação que se tem vivido no Brasil, as alterações de procedi-
mentos contábeis em função de legislação comercial, fiscal ou mercado de capitais e
a própria dinâmica da economia brasileira não têm estimulado os analistas a usarem
mais intensamente as possibilidades da Análise Vertical e Horizontal. Poucos
estudos têm sido feitos com base nesse tipo de análise, seja em função de sua
utilização relativamente pequena, seja em função do trabalho de cálculo que essa
técnica exige. Só para se ter uma idéia, na análise de três demonstrações
financeiras calcula-se, em média, 180 quocientes percentuais ou evolutivos.
Entretanto, pesquisas efetuadas recentemente com insolvência de peque-
nas e médias empresas têm ressaltado a utilidade da Análise Vertical e Horizontal
como instrumento importantíssimo de análise.
5 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO
Através do cálculo dos índices de rotação ou prazos médios
(recebimento, pagamento e estocagem), é possível construir um modelo de análise
dos investimentos e financiamento do capital de giro, de grande utilidade gerencial,
bem como para a avaliação da capacidade de administração do capital de giro por
parte da empresa.
18
6 MODELOS DE ANALISE DE RENTABILIDADE
6.1 Análise do roi (retorno operacional dos investimentos)
Esse tipo de analise, desenvolvido ha cerca de cinqüenta anos, é ainda
instrumento de grande utilidade na análise interna ou externa a empresa. Permite
ampla decomposição dos elementos que influem na determinação da taxa de
rentabilidade de uma empresa e explica quais os principais fatores que levaram ao
aumento ou a queda de rentabilidade.
Possibilita ainda identificar as alternativas para modificações da
rentabilidade quando esta estiver em estudo. Modernamente, faz-se pesquisa a
respeito da utilidade desse modelo de analise acoplado a analise de
Custo/Volume/Lucro e a analise da Curva de Demanda dos produtos de uma
empresa.
6.2 Análise da "alavancagem financeira"
Analisar a "alavancagem financeira" sob condições de inflação era até
pouco tempo tarefa a que os estudiosos não se haviam arriscado, tal a comple-
xidade de conhecimentos de Contabilidade, de efeitos inflacionários sobre as
Demonstrações Financeiras e de finanças que envolve.
Há pouco tempo, esse tema foi objeto de tese de livre-docência na Facul-
dade de Economia e Administracao da Universidade de São Paulo - USP. Essa tese
foi editada corn o titulo Análise da Correcão Monetária das Demonstrações Financei-
ras; implicações no lucro e na alavancagem financeira, de autoria do Prof. Eliseu
Martins.
Por comparar o custo das diferentes alternativas de capitais de terceiros
corn o custo do capital próprio, a análise da "alavancagem financeira" é
imprescindível para as decisões de subscrição de ações e muito recomendável nas
decisões de financiamentos de longo prazo.
19
7 ANÁLISE POR MEIO DE ÍNDICES
A avaliação da empresa através de índices exige obrigatoriamente a
comparação com padrões e a fixação da importância relativa de cada índice. O
índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Contábeis,
que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de
uma empresa.
Os índices constituem a técnica de análise mais empregada. Muitas
vezes, na prática, ou mesmo em algumas doutrinas, confunde-se Análise de
Balanços com extração de índices. A característica fundamental dos índices é
fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa
Os índices servem de medida dos diversos aspectos econômicos e
financeiros das empresas, ou seja, os índices financeiros permitem construir um
quadro de avaliação da empresa. Para exemplificar, suponhamos uma empresa que
tenha um endividamento elevado, não significa que ela esteja à beira da insolvência.
Outros fatores, como prestigio da empresa junto ao governo, relacionamento com o
mercado financeiro, etc., podem fazê-la operar indefinidamente, mesmo que
mantenha sempre elevado o endividamento. O índice financeiro, porém, é um alerta.
7.1 Quantos indices sao necessarios para uma boa análise?
O importante não é o calculo de grande número de índices, mas de um
conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau
de profundidade desejada da análise. Essa profundidade de analise é variável de
usuário para usuário. O fornecedor pode apenas querer rápidas informações sobre a
empresa, a respeito de sua rentabilidade, de seu índice de liquidez. Se esse mesmo
fornecedor estiver interessado não em vender mercadoria, mas em adquirir a própria
empresa-cliente ou fundi-la com a sua, evidentemente desejará uma analise muito
mais profunda.
Portanto, a quantidade de índices que deve ser utilizada na análise
depende exclusivamente da profundidade que se deseja da análise.
20
7.2 Aspectos da empresa revelados pelos índices
Pode-se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise
da situação financeira e analise da situação econômica.
Inicialmente, analisa-se a situação financeira separadamente da
econômica; no momento seguinte, juntam-se as conclusões dessas duas análises.
Assim, os índices são divididos em índices que evidenciam aspectos da
situação financeira e índices que evidenciam aspectos da situação econômica.
Os índices da situação financeira, por sua vez, são divididos em índices
de estrutura de capitais e índices de liquidez, conforme o esquema seguinte:
7.3 Principais índices
Os índices são: Participação de Capitais de Terceiros, Liquidez Corrente
e Rentabilidade do Patrimônio Líquido, Composição do Endividamento, Liquidez
Seca, Rentabilidade do Ativo, Margem Líquida de Lucro.
7.4 Estrutura de capitais
Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões
financeiras, em termos de obtenção e aplicação financeira de recursos.
7.4.1 Participação de capitais de terceiros
Indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $ 100
de capital próprio investido.
Interpretação: quanto menor, melhor.
PRINCIPAIS ASPECTOS REVELADOS PELOS ÍNDICES FINANCEIROS
ESTRUTURA
Situação Financeira
LIQUIDEZ
Situação Econômica RENTABILIDADE
21
Fórmula:
Capitais de Terceiros x 100
Patrimônio Líquido
Exemplo:
Considere os dados, em reais, da Empresa Exemplo Ltda:
2009 2010
Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865
Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185
Índice de Participação de
Capitais de Terceiros: 154% 183%
Esses dois índices mostram que, em 2009, para cada $ 100 de capitais
próprios (Patrimônio Líquido), a empresa tomou $ 154 de Capitais de Terceiros
emprestados e que, em 2010, para cada $ 100 de capitais próprios, tomou $ 183 de
Capitais de Terceiros emprestados.
Ou seja, de um exercício social para o seguinte, o percentual de Capitais
de Terceiros aumentou, o que significa que a empresa tomou emprestado mais
volume de capital para investir nas suas operações.
Graficamente, esses índices podem ser visualizados da seguinte maneira:
31.12.2009 31.12.2010
ATIVO
CIRCULANTE
ATIVO
PERMANENTE
100
PL
154
CAPITAIS DE
TERCEIROS
ATIVO
CIRCULANTE
ATIVO
PERMANENTE
100
PL
183
CAPITAIS DE
TERCEIROS
22
Por ora, pode-se acrescentar que a empresas falidas em geral são
empresas muito endividadas. Isso é mais ou menos óbvio, pois a falência nada mais
é do que a incapacidade de pagar dívidas. Empresas com baixo percentual de
endividamento não costumam ir à falência, pois é impossível uma empresa com
endividamento zero falir.
A falência, entretanto, nunca se deve exclusivamente ao endividamento.
Existe, invariavelmente, um quadro de má administração, desorganização, projetos
fracassados; a isso tudo some-se o excessivo endividamento.
Algumas variáveis importantes na definição da capacidade de
endividamento são:
Geração de recursos. Uma empresa capaz de gerar recursos para
amortizar as dívidas, tende a endividar-se mais. Este é o primeiro fator.
Uma empresa mais endividada pode representar risco menor que outra
menos endividada, se tiver maior capacidade de amortizar dívidas.
Liquidez. Se uma empresa toma recursos, investe-os em seu giro
comercial e dispõe de um bom capital próprio, investido no Ativo
Circulante, então o efeito negativo sobre a liquidez será muito menor
que no caso da empresa que imobiliza todos os recursos próprios e
mais parte dos Capitais de Terceiros. Neste caso a liquidez tende a ser
afetada e, conseqüentemente, aumenta o risco de insolvência.
Renovação. Se a empresa conseguir renovar as dívidas vencidas, não
terá problemas de insolvência. Diz-se que: "dívida não se paga,
administra-se", porque, quando a empresa recorre a Capitais de
Terceiros, faz isso por insuficiência de Capitais Próprios, e assim os
terceiros passam a financiar parte do Ativo. Ora, para pagar totalmente
esses terceiros é necessário reduzir o Ativo e, normalmente, as
empresas não querem fazer isso. Assim, a alternativa é manter o nível
de Capital de Terceiros, renovando empréstimos ou tomando novos
para pagar antigos. Ocorre que nem sempre a empresa consegue
lograr êxito em renovar empréstimos ou, em outra situação, toma
novos empréstimos para pagar os antigos, sobrevindo a iliquidez. Do
sucesso em renovar empréstimos ou tomar novos pode depender a
continuidade da empresa.
23
7.4.2 Composição do endividamento
Indica qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às
obrigações totais.
Interpretação: quanto menor, melhor.
Fórmula:
Passivo Circulante x 100
Capitais de Terceiros
O passo seguinte, após se conhecer o grau de Participação de Capitais
de Terceiros na empresa, é saber qual a composição dessas dívidas, ou seja, como
ela está distribuída pela empresa. Uma coisa é ter dívidas de curto prazo que
precisam ser pagas com os recursos possuídos hoje, mais aqueles gerados a curto
prazo; outra coisa e ter dívidas a longo prazo, pois, nesse caso, a empresa dispõe
de tempo para gerar recursos para pagar essas dívidas.
Vejamos como é a composição das dívidas na Empresa Exemplo:
2009 2010
Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077
Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865
Índice de Composição do
Endividamento: 81% 54%
Tais índices indicam que em 2009 a empresa tinha 81% (mais de 3/4) de
suas dívidas vencíveis a curto prazo e que em 2010 este percentual caiu para 54%
(quase metade), melhorando aquilo que se pode chamar perfil da dívida.
Graficamente, tem-se:
24
31.12.2009 31.12.2010
7.4.3 Imobilização do patrimônio líquido
Indica quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $ 100 de
Patrimônio Líquido.
Interpretação: quanto menor, melhor.
Fórmula:
Ativo Permanente x 100
Patrimônio Líquido
Exemplo:
2009 2010
Ativo Permanente 765.698 1.714.879
Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185
Índice de Imobilização
do PL: 71% 121%
ATIVO
CIRCULANTE
ATIVO
PERMANENTE
81
CURTO PRAZO
PL
19 LONGO PRAZO
PL
ATIVO
CIRCULANTE
ATIVO
PERMANENTE
54
CURTO PRAZO
46 LONGO PRAZO
PL
PL
Capitais de Terceiros
25
Estes índices mostram que, em 2009, a empresa investiu no Ativo
Permanente importância equivalente a 71% do Patrimônio Líquido; em 2010, esse
percentual subiu para 121%.
Graficamente, pode-se visualizar a relação entre o Patrimônio Líquido e o
Ativo Permanente, inicialmente para 2009:
O índice de imobilização de 2009 mostra que 71% do Patrimônio Líquido
foram investidos no Ativo Permanente. Os restantes 29% acham-se aplicados no
Ativo Circulante. Essa parcela de 29% do Patrimônio Líquido é chamada de Capital
Circulante Líquido.
Assim, pode-se deduzir que:
Onde:
CCP = Capital Circulante Líquido
PL = Patrimônio Líquido
AP = Ativo Permanente
ATIVO
CIRCULANTE
PASSIVO
CIRCULANTE
PASSIVO NÃO CIRCULANTE –
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
ATIVO PERMANENTE
71
PL
100
Capital Circulante Líquido
CCP = PL - AP
26
Conclui-se, então que o CCP é uma parcela do Patrimônio Líquido
investida no Ativo Circulante.
As aplicações dos recursos do Patrimônio Liquido são mutuamente exclu-
sivas do Ativo Permanente e do Ativo Circulante. Quanto mais a empresa investir no
Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante e, em
consequência, maior será a dependência aos Capitais de Terceiros para o
financiamento do Ativo Circulante.
O Ideal, em termos financeiros, é a empresa dispor de Patrimônio Liquido
suficiente para cobrir o Ativo Permanente e ainda sobrar uma parcela (chamada
CCP = Capital Circulante Próprio) suficiente para financiar o Ativo Circulante. Por
suficiente entende-se que a empresa deve dispor da necessária liberdade de
comprar e vender sem precisar dispor constantemente de empréstimos bancários.
No caso da Empresa Exemplo Ltda., foi visto que, em 2009, ela imobilizou
71% do seu Patrimônio Liquido, destinando 29% para o Ativo Circulante. Para dizer
se imobilizou muito ou pouco, necessita-se de padrões de comparação. Por
enquanto, pode-se dizer que houve distribuição do Patrimônio Liquido entre os dois
grupos de aplicações, Ativo Permanente e Ativo Circulante, e que é lógico destinar a
menor proporção do Patrimônio Liquido para o Ativo Circulante, pois este conta com
varias fontes alternativas de financiamento, como fornecedores, salários, encargos,
impostos e bancos, enquanto são muito mais difíceis as fontes de financiamento do
Ativo Permanente.
Pelo exposto, conclui-se que quanto menor esse índice, melhor será a
situação financeira da empresa.
Veja, agora, o que aconteceu em 2010 na Empresa Exemplo Ltda.:
ATIVO
CIRCULANTE
PASSIVO CIRCULANTE
PNC - EXIGÍVEL A
LONGO PRAZO
121
ATIVO
PERMANENTE
100
PL
Financiamento do AP por Capitais de Terceiros
Insuficiência de PL ou
CCP negativo
27
O índice de imobilização em 2010 é de 121%. Isto significa que para cada
$ 100 existentes de Patrimônio Líquido, a empresa aplicou $ 121 no Permanente,
seja, imobilizou todo o Patrimônio Liquido mais recursos de terceiros, equivalentes a
21 % do Patrimônio Liquido, pois mesmo que o Patrimônio Liquido crescesse 21 %,
ainda assim o Ativo Permanente o teria absorvido inteiramente.
Nesse caso, o Ativo Circulante é totalmente financiado por Capitais de
Terceiros, os quais financiam ainda uma parte do Ativo Permanente. Assim, a
empresa está em mãos de terceiros para o financiamento de seu giro comercial
(Ativo Circulante) e depende ainda desses mesmos terceiros para o financiamento
de uma parte do seu parque industrial (Ativo Permanente).
Independentemente dos padrões, pode-se dizer que a situação da
empresa industrial que chegou a esse nível de imobilização não é tranqüila.
O índice de imobilização do Patrimônio Líquido mostra que existe uma
ressalva à saúde financeira da empresa em 2010, mas não chega a revelar se há ou
não um comprometimento da mesma.
7.4.4 Imobilização de recursos não correntes
Indica que percentual de Recursos Não Correntes a empresa aplicou no
Ativo Permanente.
Interpretação: quanto menor, melhor.
Fórmula:
Ativo Permanente x 100
Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo
Exemplo:
2009 2010
Ativo Permanente 765.698 1.714.879
PNC - Exigível a Longo Prazo 314.360 1.170.788
Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185
Recursos Não Correntes 1.385.221 2.577.973
Índice de Imobilização de
Recursos Não Correntes 55% 66%
28
Estes índices mostram que a empresa destinou ao Ativo Permanente,
respectivamente, em 2009 e 2010, 55% e 66% dos Recursos Não Correntes.
Os elementos do Ativo Permanente têm vida útil que pode ser de 2, 5, 10
ou 50 anos. Assim, não é necessário financiar todo o Imobilizado com recurso
próprios. É perfeitamente possível utilizar recursos de longo prazo, desde que o
prazo seja compatível com o de duração do Imobilizado ou então que o prazo seja
suficiente para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas de longo
prazo.
Daí a lógica de comparar as aplicações fixas (Ativo Permanente) com os
Recursos Não Correntes (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo).
Uma consideração importante é que este índice não deve, em regra, ser
superior a 100%. Ainda que a empresa quase tenha necessidade de Ativo Circulante
(como é o caso das transportadoras), deve sempre existir um pequeno excesso de
Recursos Não Correntes, em relação às imobilizações, destinado ao Ativo
Circulante.
A parcela de Recursos Não Correntes destinada ao Ativo Circulante
denominada Capital Circulante Líquido (CCL).
O gráfico a seguir ilustra essas relações, para 2009:
55
ATIVO PERMANENTE
PL
PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO CIRCULANTE
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
RE
CU
RS
OS
NÃ
O
CO
RR
EN
TE
S
100
CCL
CCP
29
A empresa destinou 55% dos Recursos Não Correntes para o Ativo
Permanente. Logo, 45% dos Recursos Não Correntes foram para o Ativo Circulante,
parcela esta que se denomina Capital Circulante Líquido (CCL).
O CCL representa a folga financeira a curto prazo, ou seja,
financiamentos de que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão cobrados
a curto prazo.
Como se observa no gráfico, o CCL é formado por duas parcelas: o
Capital Circulante Próprio e o Exigível a Longo Prazo.
Abaixo demonstra-se isso matematicamente:
CCL = PL + ELP – AP, ou
CCL = PL – AP + ELP
CCP
Isso implica que:
Onde:
CCL = Capital Circulante Líquido
CCP = Capital Circulante Próprio
PL = Patrimônio Líquido
AP = Ativo Permanente
ELP = Exigível a Longo Prazo
Portanto, a folga financeira de uma empresa deve-se aos recursos
próprios mais as exigibilidades de longo prazo investidas no Ativo Circulante.
Vejamos, agora, como foi o CCL de 2010:
CCL = CCP + ELP
30
CCL
A empresa investiu 66% dos Recursos Não Correntes no Ativo
Permanente, destinando 34% para o Ativo Circulante. Observe-se, porém, que
esses Recursos Não Correntes destinados ao Ativo Circulante são constituídos
exclusivamente de Exigível a Longo Prazo. Como se viu anteriormente, a empresa
imobilizou recursos superiores ao Patrimônio Líquido, sendo esse excesso de
imobilização financiado pelo Exigível a Longo Prazo, que teve de cobrir sozinho o
Circulante Líquido.
Se a falta de Capital Circulante Próprio representa um fator negativo, a
empresa soube compensá-lo, constituindo um Capital Circulante Líquido através dos
financiamentos de longo prazo, conforme demonstrado a seguir.
2009 2010
Capital Circulante Líquido 619.523 863.094
Em síntese, dois aspectos são importantes em relação ao CCL:
A sua existência. A empresa deve imobilizar apenas parte dos
Recursos Não Correntes, destinando a outra parte (chamada CCL) ao
ATIVO CIRCULANTE
66
ATIVO PERMANENTE
PASSIVO CIRCULANTE
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
PL
Insuficiência de PL = CCP negativo
100 Recursos
Não Correntes
31
Ativo Circulante.
A sua composição. O CCL pode ser formado de Capital Próprio e de
Exigível a Longo Prazo. A curto prazo essa composição não afeta a
capacidade de pagamento. A longo prazo surgem as diferenças, visto
que o capital próprio não precisa ser pago, mas o exigível, sim.
Portanto, quanto maior a proporção de Capital Circulante Próprio,
melhor.
ANO CCL = CCP + ELP
2009 619.523 = 305.163 + 314.360
2010 863.094 = (307.694) + 1.170.788
Se o Capital Circulante Próprio ficar negativo, como aconteceu neste
exemplo, a empresa perde parte de sua liberdade financeira, mas isso não que dizer
que tenha obrigatoriamente complicações.
A insuficiência de Patrimônio Líquido, representada pelo Capital
Circulante Próprio negativo, pode ser corrigida com adequado financiamento de
longo prazo que suprima a necessidade de Circulante Líquido.
Se a empresa conseguir gerar recursos suficientes para o pagamento dos
financiamentos de longo prazo, talvez nem perceba a diferença entre ter e não ter
Capital Circulante Próprio. Aliás, em bons projetos de expansão, é plenamente
admissível o Capital Circulante Próprio ficar negativo. O risco, porém, está em a
empresa não gerar aqueles recursos e não conseguir pagar os financiamentos de
longo prazo. Neste caso sua saúde financeira fica abalada.
A diferença entre ter e não ter Capital Circulante Próprio é: quem tem bom
Capital Circulante Próprio goza da tranqüilidade de boa saúde financeira a curto e
longo prazo (a menos que a empresa sofra sérios prejuízos); quem não tem um bom
Capital Circulante Próprio precisa, a curto prazo, consertar a situação com
financiamentos e, a longo prazo, não pode ter certeza da manutenção da sua saúde
financeira.
32
7.5 Liquidez
Os índices desse grupo mostram a base da situação financeira da
empresa.
Muitas pessoas confundem índices de liquidez com índices de
capacidade de pagamento.
Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que
comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do
confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuraram medir quão sólida e a
base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem
condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará,
obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como
prazo, renovação de dívidas, etc.
Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa
frente a suas obrigações. Sendo de grande importância para a administração da
continuidade da empresa, as variações destes índices devem ser motivos de
estudos para os gestores.
As informações para o cálculo destes índices são retiradas unicamente do
Balanço patrimonial, demonstração contábil que evidência a posição patrimonial da
entidade, devendo ser atualizadas constantemente para uma correta análise.
Atualmente estuda-se 4 (quatro) índices de liquidez:
7.5.1 Liquidez geral - LG
Indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo
Prazo para cada $ 1,00 de dívida total.
Interpretação: quanto maior, melhor.
Fórmula:
A partir de 31.12.2008, em função da nova estrutura dos balanços
patrimoniais promovida pela MP 449/2008, a fórmula da liquidez geral será:
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
33
7.5.2 Liquidez corrente - LC
Indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada $ 1,00 de
dívida no Passivo Circulante.
Interpretação: quanto maior, melhor.
Fórmula:
Ativo Circulante
Passivo Circulante
Calculada a partir da razão entre os direitos a curto prazo da empresa
(caixas, bancos, estoques, clientes) e a as dívidas a curto prazo (empréstimos,
financiamentos, impostos, fornecedores).
No Balanço estas informações são evidenciadas respectivamente como
Ativo Circulante e Passivo Circulante.
2009 2010
Ativo Circulante 1.906.480 2.269.171
Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077
Liquidez Corrente 1,46 1,61
Nos dois exercícios, o Ativo Circulante é maior que o Passivo Circulante,
e isto significa que os investimentos no Ativo Circulante são suficientes para cobrir
as dividas de curto prazo e ainda permitir uma folga de 46% e 61%, respecti-
vamente, em 2009 e 2010.
A partir do resultado obtido podemos fazer a seguinte análise:
Resultado da Liquidez Corrente:
Maior que 1: Resultado que demonstra folga no disponível para
uma possível liquidação das obrigações.
Se igual a 1: Os valores dos direitos e obrigações a curto prazo
são equivalentes
Se menor que 1: Não haveria disponibilidade suficientes para
quitar as obrigações a curto prazo, caso fosse preciso.
34
7.5.3 Liquidez seca - LS
Similar a liquidez corrente a Liquidez Seca exclui do cálculo os estoques,
por não apresentarem liquidez compatível com o grupo patrimonial onde estão
inseridos.
O resultado deste índice será invariavelmente menor ao de liquidez
corrente, sendo cauteloso com relação ao estoque para a liquidação de obrigações.
Indica quanto a empresa possui no Ativo Líquido para cada $ 1,00 de
dívida no Passivo Circulante (dívidas de curto prazo).
Interpretação: quanto maior, melhor.
Fórmula:
Ativo Circulante - Estoques
Passivo Circulante
Este índice é um teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de
excelência da sua situação financeira. De um lado, abaixo de certos limites, obtidos
segundo os padrões do ramo, pode indicar alguma dificuldade de liquidez, mas
raramente tal conclusão será mantida quando o índice de Liquidez Corrente for
satisfatório. De outro lado, o índice de Liquidez Seca conjugado com o índice de
Liquidez Corrente é um reforço à conclusão de que a empresa tem um bom índice
de liquidez.
7.5.4 Liquidez imediata
Índice conservador, considera apenas caixa, saldos bancários e
aplicações financeiras de liquidez imediata para quitar as obrigações. Excluindo-se
além dos estoques as contas e valores a receber. Um índice de grande importância
para análise da situação a curto-prazo da empresa.
Liquidez Imediata = Disponível/ Passivo
Circulante
35
7.6 Análise dos índices
Para uma ampla e correta análise de liquidez da empresa é aconselhável
o estudo dos 4 índices de forma simultânea e comparativa, sempre observando
quais são as necessidades da empresa, qual o ramo do mercado em que ela está
inserida e quais as respostas que os gestores procuram ao calcular estes índices.
Um balanço patrimonial bem estruturado com a correta classificação das contas pela
contabilidade irá gerar índices de qualidade para uma melhor tomada de decisão
dos gestores.
7.7 Índices de rentabilidade
Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais
investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito
econômico da empresa.
Os índices de rentabilidade procuram evidenciar qual foi a rentabilidade
dos capitais investidos, ou seja, o resultado das operações realizadas por uma
organização, por isso, preocupam-se com a situação econômica da empresa.
Comparar o Balanço Patrimonial de duas diferentes empresas e dizer que
"A" gerou lucros de $ 72.000,00 no período de X1 e "B" de $ 121.000,00, no mesmo
período, e por isso "B" foi melhor que "A", pode ser um tanto arriscado.
Quando se trabalha com análise de rentabilidade, é imprescindível que a
verificação dos lucros esteja relacionada com valores que possam expressar a
"dimensão" destes lucros dentro das atividades da firma.
No caso dos índices de rentabilidade, assim como dos demais, dizer que
um indicador encontrado é alto ou baixo vai depender das características do
empreendimento, tais como segmento de mercado, porte, tempo de existência, etc.
Vale dizer, novamente, que o relacionamento das variáveis para a
construção de um índice dependerá da decisão a ser tomada ou do elemento a ser
analisado. De posse das demonstrações contábeis, a empresa pode construir
dezenas de índices, relacionando, a cada um, variáveis diferentes. No entanto, é o
fim pretendido que irá determinar o que analisar ou qual índice utilizar.
36
7.7.1 Giro do ativo
Fórmula: Vendas Líquidas
Ativo
Indica quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total
Interpretação: quanto maior
O sucesso de uma empresa depende em primeiro lugar de um volume de
vendas adequado.
O volume de vendas tem relação direta corn o montante de investimentos.
Não se pode dizer se uma empresa esta vendendo pouco ou muito olhando-se
apenas para o valor absoluto de suas vendas. Uma empresa, por exemplo, que
vende $ 10.000.000 por mês tem vendas elevadas se o seu Ativo é de $ 5.000.000.
Certamente, suas vendas serão baixas se o Ativo for de 200.000.000.
Este índice mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital
total investido. Demonstra quantas vezes o ativo girou como resultado ou efeito das
vendas ou quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total. É certo,
portanto, que quanto maior, melhor.
De início pode-se afirmar que o êxito de uma empresa depende de uma
série de fatores. No entanto, o volume adequado de vendas será, certamente, o
elemento impulsionador do sucesso. Por essa razão, é conveniente, na análise de
balanço, fazer relação do volume de vendas com outros fatores a fim de se conhecer
se o rendimento ou desempenho foi ou não satisfatório. Neste momento a
preocupação reside em verificar qual a representatividade do faturamento em
relação ao capital investido.
Observe-se o exemplo: se a empresa consegue um índice de Giro do
Ativo de 1,10 pode-se dizer que para cada $ 1,00 investido no Ativo a empresa
conseguiu vender $ 1,10, ou seja, o volume de vendas atingiu 1,10 vezes o volume
de investimentos.
Vale ressaltar que este índice é de extrema importância, isto porque a
firma investe capitais esperando um bom retorno, que normalmente começa a surgir
a partir do bom desempenho da área comercial. Desta maneira, é imprescindível
verificar se o que está sendo investido está sendo compensatório, em relação às
vendas.
37
Exemplo:
2009 2010
Vendas 4.793.123 4.425.866
Ativo 2.726.178 3.984.050
Giro do Ativo 1,76 1,11
Observa-se que a empresa vendeu, em 2009, $ 1,75 para cada $ 1,00
investido, ou seja, o volume de vendas atingiu 1,75 vezes o volume de
investimentos.
Em 2010, houve queda acentuada do volume relativo de vendas: para
cada $ 1,00 investido a empresa vendeu $ 1,11.
Isto significa que a empresa passou a vender muito menos para cada $
1,11 investido em 2010, comparativamente a 2009, embora o valor absoluto das
vendas tenha crescido.
O desempenho comercial da empresa não manteve, em 2010, o mesmo
nível alcançado no ano anterior, o que pode ter diferentes causas:
Retração do mercado como um todo: o mercado passou a comprar
menos produtos, diminuindo as vendas de todas as empresas do ramo.
Perda da participação de mercado: a empresa perdeu mercado para
outros concorrentes que sabem vender melhor ou têm produtos mais
competitivos.
Estratégia da empresa: a empresa aumenta seus preços; dispõe-se a
vender menos, mas com margem de lucro maior, compensando assim
a queda das vendas. A vantagem dessa medida, quando bem-
sucedida, é manter ou aumentar o lucro, com muito menor volume e,
portanto, menor risco.
7.7.2 Margem líquida
Fórmula: Lucro Líquido x 100
Vendas Líquidas
Indica quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 vendidos
Interpretação: quanto maior, melhor
38
Também denominado de Margem Operacional, evidencia qual foi o
retorno que a empresa obteve frente ao que conseguiu gerar de receitas. Em outras
palavras: quanto o que sobrou para a empresa representa sobre o volume faturado.
A análise é feita sob a forma de quanto a empresa obtém de lucro para
cada $ 100,00 vendidos, por isso, quanto maior, melhor.
Se, por exemplo, o índice é de 12,10, representa que para cada $ 100,00
vendidos a empresa conseguiu trazer um retorno de $ 12,10, ou 12,10%.
Exemplo:
2009 2010
Vendas 4.793.123 4.425.866
Lucro Líquido 223.741 167.116
Margem Líquida 4,66% 3,77%
Como podemos observar, houve considerável queda na margem de lucro
da empresa. O próprio valor absoluto do lucro líquido caiu, enquanto o valor absoluto
da vendas aumentou. Isto significa que a empresa auferiu menor lucro global e
ganhou muito menos por unidade vendida. Para cada $ 100 vendidos obteve $ 4,66
de lucro em 2009 e $ 3,77 em 2010.
7.7.3 Rentabilidade do ativo
Fórmula: Lucro Líquido x100
Ativo
Indica quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 de investimento
total.
Interpretação: quanto maior, melhor
A rentabilidade do ativo é calculada quando se deseja ter uma idéia da
lucratividade, como um todo, do empreendimento, venham de onde vierem os
recursos, admitindo-se as aplicações realizadas.
Este indicador mede quanto a empresa obtém de lucro para cada $
100,00 de investimento total, por isso, é visto como uma medida de potencial de
geração de lucro da parte da empresa. Este quociente representa uma medida da
capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. É ainda
uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano.
39
Em uma empresa em que, após apurados o Lucro Líquido e o valor do
Ativo, verificar que a Rentabilidade deste Ativo tenha sido de 27,77, pode-se dizer
que para cada $100,00 investidos a empresa ganhou $ 27,77, ou 27,77%.
Este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Liquido em relação
ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. Não
é exatamente uma medida de rentabilidade do capital, mas uma medida da
capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. E ainda
uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano.
Exemplo:
2009 2010
Lucro Líquido 223.741 167.116
Ativo 2.726.178 3.984.050
Rentabilidade do Ativo 8,20% 4,19%
Para cada $ 100 investidos, a empresa ganhou $ 8,20 em 2009 e $ 4,19
em 2010. Houve, portanto, apreciável queda na rentabilidade do Ativo de um
exercício para outro.
7.7.4 Rentabilidade do patrimônio líquido
Fórmula: Lucro Líquido x 100
Patrimônio Líquido Médio
Indica quanto a empresa obteve de lucro para cada $ 100 de Capital
Próprio investido.
Interpretação: quanto maior, melhor.
De início, é preciso dizer que o Patrimônio Líquido Médio consiste na
soma do Patrimônio Líquido Inicial com o Patrimônio Líquido Final, dividido por 2.
A verificação pura e simples do valor do lucro líquido de uma empresa
não é esclarecedora. É preciso comparar esse valor com o Capital Próprio investido.
Uma empresa com lucro líquido de $ 10.000 pode ter desempenho superior à outra
40
cujo lucro líquido foi de $ 200.000, pois pode ser que a primeira tenha patrimônio
líquido, por exemplo, de $ 50.000 e a segunda, de $ 3.200.000. Ou seja:
10.000 = 20% 200.000 = 6,25%
50.000 3.200.000
O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual
a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada corn a de
outros rendimentos alternativos no mercado, como Caderneta de Poupança. CDBs,
Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos, etc. Com isso,pode-
se avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções.
Quando se precisa demonstrar o que ele representa, para o acionista, em
termos de $ adicionais ao seu investimento inicial, o índice de Rentabilidade do
Patrimônio Líquido é o mais indicado.
De outra forma: retrata quanto vai para o acionista do lucro gerado pelo
uso do ativo, quaisquer que tenham sido as fontes de recursos, próprias ou de
terceiros. Por esta razão, este quociente é de interesse tanto dos acionistas como da
gerência.
É importante observar que o cálculo da Rentabilidade do Patrimônio
Líquido permite saber quanto a administração, através do uso dos ativos, obteve de
rendimento com a respectiva estrutura de despesas financeiras, considerando-se o
nível de relacionamento percentual entre o capital próprio e o de terceiros.
Em última instância: evidencia qual a taxa de rendimento do Capital
Próprio.
Uma das grandes utilidades deste quociente está na sua comparação
com taxas de rendimento de mercado, sendo possível, por esta comparação, avaliar
se a firma oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções.
A apuração deste indicador vislumbrará, portanto, quanto a empresa
obteve de lucro para cada $ 100,00 de Capital Próprio investido. Uma taxa, por
exemplo, de 15,45 representa, então, que para cada $ 100,00 de Capital Próprio
investido se obteve um retorno de $ 15,45, ou 15,45%.
Exemplo:
41
2009 2010
Lucro Líquido 223.741 167.116
PL inicial 821.827 1.070.861
PL final 1.070.861 1.407.185
PL médio 946.344 1.239.023
Rentabilidade do PL 23,64% 13,48%
Para cada $ 100 de Capital Próprio investido, a empresa conseguiu $
23,64 de lucro em 2009. A taxa de 23,64% é superior ao que oferecem os títulos de
mercado, que oscilam em torno de 6%. Normalmente, espera-se das empresas
rentabilidade superior à dos títulos de renda fixa; possuir o investimento na empresa
representa um capital de risco, ou seja, nada garante sua rentabilidade, que poderá
ser inclusive negativa.
Em 2010, entretanto, ocorreu queda acentuada na rentabilidade da
empresa.
A rentabilidade empresarial, porém, é assim mesmo: em um ano acima
das taxas de mercado, em outro abaixo e em outro, em torno delas.
7.8 Índices de avaliação de ações
Diferentemente dos índices de avaliação de situação econômica e
financeira, os índices de avaliação de ações objetivam avaliar exclusivamente a
viabilidade de investimentos em ações de determinada empresa.
Os índices de Ações tomam em conta dados obtidos das negociações de
ações nas Bolsas de Valores — como cotação, negociabilidade de ações — e dados
das Demonstrações Contábeis.
A análise através de Índices de Ações serve para mostrar elementos
qualitativos e objetos a respeito de ações. Entretanto, o mercado acionário é
extremamente complexo, no qual interferem inúmeros fatores de ordem conjuntural,
psicológica, monetária etc.
Assim, a análise de ações através dos índices é apenas um dos múltiplos
aspectos a serem levados em conta na avaliação de ações.
42
7.8.1 Visão geral dos índices de ações
Os Índices de Bolsa podem ser agrupados em 3 (três) categorias:
Índices de avaliação patrimonial.
Índices de avaliação econômica das ações.
Índices de avaliação monetária das ações.
Faz parte da primeira categoria o índice de Valor Patrimonial de Ações
(VPA), o qual mostra quanto vale cada ação em termos de patrimônio líquido, ou
seja, que fatia do patrimônio líquido cabe a cada ação.
A idéia desse índice é muito simples: a empresa possui um patrimônio
líquido que pertence a seus acionistas segundo a quantidade de ações possuídas.
Daí calcula-se quanto do patrimônio líquido cabe a cada ação. Entretanto, o valor de
uma ação no mercado pouco tem que ver com o valor do patrimônio líquido da ação,
mas muito mais com a capacidade de geração de lucros e dividendos.
Os índices de avaliação econômica procuraram mostrar, sob diversos
ângulos, qual o lucro do acionista.
Primeiramente, o índice de Lucro por Ação (LPA) indica quanto do lucro
da empresa corresponde a cada ação e é expresso pela fórmula:
Lucro Líquido
quantidade de ações
Este índice isolado, entretanto, pouco significa, pois é preciso saber
quanto o investidor pagou pela ação, já que o seu preço flutua livremente de acordo
corn as forças de mercado.
Os dois índices seguintes, Preço sobre Lucro por Ação (Preço-Lucro) e
Rentabilidade da Ação (Lucro-Preço) mostram exatamente a relação entre o lucro
por ação e o preço desta no mercado. Destes dois, o Preço sobre Lucro por Ação
mostra quantos anos o investidor deve esperar para conseguir acumular um lucro
por ação igual ao investimento efetuado.
O segundo, Rentabilidade da Ação, mostra qual o percentual anual de
rentabilidade investidor. Esta taxa, em principio, seria comparável ao de outros
rendimentos do mercado.
43
Ocorre, porém, que, enquanto em qualquer rendimento de aplicação de
capital o investidor realiza o seu lucro em dinheiro, nos investimentos em ações, o
lucro fica retido na empresa em sua maior parte.
A Lei das Sociedades Anônimas. permite que os dividendos sejam pagos
conforme esteja fixado no estatuto, como porcentagem do lucro ou do capital, desde
que não sujeite os acionistas minoritários ao arbítrio da maioria.
Assim, o investidor só consegue realizar monetariamente uma parte dos
lucros que a empresa auferiu. Por isso, são muito importantes os índices de
avaliação monetária das ações, que constituem a terceira categoria dos Índices de
Ações.
Inicialmente, há o índice de Dividendo por Ações (DPA) que mostra
quanta cada ação rende em termos monetários embolsados pelo proprietário.
Em seguida surge o índice de Retorno de Caixa (RC) que mostra quanto
o investidor recebe em dinheiro para cada $ 100 investidos na aquisição de ações.
Este índice demonstra a relação dividendo-preço.
O último índice mostra qual a relação entre o lucro do acionista e aquilo
que recebe monetariamente da empresa, ou seja, quanto por cento o seu lucro é
convertido em moeda. É o chamado índice de Relação Retorno de
Caixa/Rentabilidade da Ação.
Este índice é de grande importância para o entendimento do que é o
investimento em ações. O investimento em ação, em circunstâncias normais, deve
ser o de maior rentabilidade entre as opções de aplicação em títulos no mercado.
O investimento em ação é o único a participar diretamente dos resultados
das empresas (as quais são agentes geradores de riquezas na economia). Os
demais investimentos como: Letras de Câmbio, CDB, RDB, Debêntures etc.,
captados pelas instituições financeiras, também vão parar nas empresas, mas têm
remuneração fixa.
O normal é que uma empresa tome empréstimos e financiamentos para
investir em seus negócios e pague por eles menos do que o lucro gerado com a sua
aplicação, pois do contrário não tomaria recursos.
A atividade de qualquer empresa envolve a incerteza do lucro e pode ser
que em determinadas épocas até ocorram prejuízos. A longo prazo, espera-se que
os lucros empresariais cubram os eventuais prejuízos e suplantem a taxa de
remuneração dos investimentos em países de renda fixa. Para minimizar os riscos
44
de investir em ações de empresas deficitárias, o investidor tem a possibilidade de
fazer uma carteira de ações, ou seja, um conjunto de ações de diferentes empresas,
de tal sorte que o prejuízo eventual de alguma delas seja compensado com o lucro
de outras.
Quando o investidor compra ações novas, a sua poupança vai direto para
as empresas que são as geradoras de bens e serviços na economia, evitando as
instituições financeiras, que são apenas intermediários.
7.8.2 Principais índices de ações
A seguir são apresentados os principais Índices de Ações, ilustrados
numericamente, considerando os seguintes dados:
2009 2010
Capital Social Realizado 7.000.000 16.000.000
Ações Ordinárias 350.000 800.000
Ações Preferenciais 350.000 800.000
Total de Ações 700.000 1.600.000
Patrimônio Líquido 11.218.000 23.094.000
Lucro Líquido 1.311.000 2.822.000
Cotação Média das Ações 7,20 5,50
Dividendos Pagos 327.750 705.500
Os índices são apresentados a seguir:
7.8.2.1 Valor patrimonial das ações (VPA)
Indica a relação entre o Patrimônio Líquido e o número de ações do
Capital Realizado, e mostra a representatividade de uma ação perante o Patrimônio
Líquido da empresa.
Fórmula:
Patrimônio Líquido
Número de Ações
Exemplo:
45
2009 2010
Patrimônio Líquido 11.218.000 23.094.000
Número de Ações 700.000 1.600.000
VPA 16,03 14,43
7.87.2.2Lucro por Ação
Indica quanto do lucro obtido corresponde a cada ação.
Fórmula:
Lucro Líquido
Nº de Ações
OBS: este índice deve ser obrigatoriamente apresentado pelas Sociedades por
Ações, após o Lucro Líquido na Demonstração do Resultado.
Exemplo:
2009 2010
Lucro Líquido 1.311.000 2.822.000
Número de Ações 700.000 1.600.000
LPA 16,03 1,76
7.8.2.3 Preço sobre lucro por ação
Indica em quanto tempo o investidor obteria o retomo do capital aplicado
na aquisição de ações se mantido o lucro por ação verificado no último exercício.
Fórmula:
Valor da Cotação da Ação
Lucro por Ação (LPA)
Exemplo:
2009 2010
46
Valor da Cotação 7,20 5,50
Lucro por Ação 1,87 1,76
Preço sobre Lucro por Ação 3,85 (anos) 3,125 (anos)
7.8.2.4 Rentabilidade de ação
Indica quanto, em valor monetário, o investidor terá de ganho anual para
cada $ 100 investidos na aquisição de ações ao preço de mercado.
Fórmula:
Lucro por Ação – LPA x 100
Valor da Cotação da Ação
Exemplo:
2009 2010
Lucro por Ação 1,87 1,76
Preço da Cotação 7,20 5,50
Preço sobre Lucro por Ação 26% 32%
7.8.2.5 Dividendo por ação (DPA)
Indica quanto de lucro distribuído cabe a cada ação.
Fórmula:
Dividendos pagos
Número de ações
Obs: a apresentação deste índice é obrigatória às Sociedades por Ações, que
deverão incluí-lo na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Exemplo:
2009 2010
Dividendo 327.750 705.000
Números de Ações 700.000 1.600.000
DPA 0,468 0,440
47
7.8.2.6 Retorno de caixa
Indica quanto efetivamente o acionista embolsa para cada $ 100
investidos na aquisição de ações segundo sua cotação.
Fórmula:
Dividendo por Ação x 100
Cotação da Ação
Exemplo:
2009 2010
Dividendo por ação 0,468 0,440
Preço da Cotação 7,20 5,50
Retorno de Caixa 6,50% 8%
7.8.2.7 Relação retorno de caixa/rentabilidade das ações
Indica, percentualmente, quanto da rentabilidade da ação é convertida em
reembolso de caixa.
Fórmula:
Índice de Retorno de Caixa x 100
Índice de Rentabilidade da Ação
Exemplo:
2009 2010
Índice Retorno de Caixa 0,065 0,08
Índice de Rentabilidade da Ação 0,26 0,32
Caixa/Rentabilidade das Ações 25% 25%
48
8 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório
obrigatório pela contabilidade para todas as sociedades de capital aberto ou com
patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
Esta obrigatoriedade vigora desde 01.01.2008, por força da Lei
11.638/2007, e desta forma torna-se mais um importante relatório para a tomada de
decisões gerenciais. A Deliberação CVM 547/2008 aprovou o Pronunciamento
Técnico CPC 03, que trata da Demonstração do Fluxo de Caixa.
De forma condensada, esta demonstração indica a origem de todo o
dinheiro que entrou no caixa em determinado período e, ainda, o Resultado do Fluxo
Financeiro.
Assim como a Demonstração de Resultados de Exercícios, a DFC é uma
demonstração dinâmica e também está contida no balanço patrimonial.
A Demonstração do Fluxo de Caixa irá indicar quais foram às saídas e
entradas de dinheiro no caixa durante o período e o resultado desse fluxo.
8.1 Apresentação do relatório de fluxo de caixa
Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser
incorporado às demonstrações contábeis tradicionalmente publicadas pelas
empresas.
Basicamente, o relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três
grandes áreas:
I - Atividades Operacionais;
II - Atividades de Investimento;
III - Atividades de Financiamento.
As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e gastos
decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de serviços da
empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante líquido da empresa.
As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no Realizável a
Longo Prazo, em Investimentos, no Imobilizado ou no Intangível, bem como as
entradas por venda dos ativos registrados nos referidos subgrupos de contas.
49
As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do Passivo
Não Circulante e do Patrimônio Líquido. Devem ser incluídos aqui os empréstimos e
financiamentos de curto prazo.
As saídas correspondem à amortização destas dívidas e os valores pagos
aos acionistas a título de dividendos, distribuição de lucros.
O fluxo de caixa é evidenciado através da Demonstração de Fluxo de
Caixa (DFC), uma demonstração de grande importância na análise da empresa,
porque evidencia as modificações ocorridas nas disponibilidades da entidade (Caixa
e Bancos Conta Movimento, principalmente).
Note que, apesar do nome, a DFC não evidencia apenas as mudanças
na conta Caixa, mas em todas as contas de disponibilidades.
8.2 Equivalente-caixa
Um conceito importante é o de equivalente-caixa, que corresponde às
Aplicações de Liquidez Imediata, conta integrante do disponível da empresa, e que
representa as aplicações que podem ser resgatadas imediatamente, apresentando,
portanto, baixo risco de alteração de seu valor.
Sabemos que a Contabilidade calcula o resultado do exercício segundo o
regime de competência (resultado econômico). Assim, na Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE), as receitas e despesas apresentadas lá figuram
porque seus fatos geradores ocorreram, independentemente de ter havido
pagamento ou recebimento, isto é, saída ou entrada de numerário no Caixa (Caixa
em sentido amplo, significando Caixa ou Bancos Conta Movimento).
O resultado apurado pelo regime de caixa (resultado financeiro) pode ser
diferente do resultado econômico. O fluxo de caixa não é necessariamente
coincidente com o fluxo econômico, sendo normalmente diferente.
Por exemplo, a empresa pode apurar lucro econômico (apresentado na
DRE), e prejuízo financeiro (evidenciado na DFC). Vejamos o caso abaixo:
DRE da Companhia ALFA em 31/12/2010:
Vendas à vista 20.000
Vendas a prazo 50.000
(-) CMV (40.000)
50
(=) Lucro Bruto 30.000
(-) Depreciação (2.000)
(-) Amortização (2.000)
(-) Outras Despesas Operacionais (6.000)
(=) Lucro Operacional 20.000
(-) Imposto de Renda (5.000)
(=) Lucro Líquido 15.000
Observações:
1) Não havia estoque inicial e todas as mercadorias adquiridas no período foram
vendidas.
2) Metade das compras só serão pagas em 31/01/2011.
3) O IR será recolhido até 31/03/2011.
Observamos que houve lucro econômico de 15.000, mas quanto desse
valor entrou efetivamente em Caixa?
Será que o fluxo de caixa (financeiro) acompanhou o fluxo econômico?
Note que apenas 20.000 de vendas foram recebidos (vendas à vista).
Além disso, existem despesas que, embora incorridas, como a depreciação e a
amortização, não geraram diminuição do Caixa.
O exemplo informa, ainda, que apenas metade das compras foram pagas,
e que o imposto de renda só será recolhido em fins de março de 2011.
Pelo regime de caixa, teríamos:
Vendas recebidas 20.000
(-) Compras pagas (20.000)
(-) Despesas Pagas (6.000)
(=) Prejuízo Financeiro (6.000)
Como os estoques inicial e final eram iguais a zero (observação 1),
concluímos que o valor do CMV corresponde ao valor das compras no período (CMV
= EI + C – EF).
51
Veja que, embora tenha havido, em 2010, resultado econômico positivo
de 15.000, o resultado financeiro da empresa foi de 6.000, negativo.
Este resultado financeiro é evidenciado na Demonstração de Fluxo de
Caixa, daí a grande importância desta demonstração na análise da situação
financeira de uma empresa.
A DFC representa, assim, as entradas e saídas de dinheiro em Caixa
(sentido amplo), especificando a razão destes fluxos de numerário.
Doutrinariamente, costuma se classificar os fluxos de caixa em 3 (três)
grupos:
Fluxos das Operações
Fluxos dos Financiamentos
Fluxos dos Investimentos
Vejamos cada um deles:
Os fluxos das operações são os decorrentes das atividades operacionais
da empresa, ou seja, decorrentes da exploração do objeto social da empresa, como
os recebimentos de vendas de mercadorias ou de prestações de serviços, o
pagamento de fornecedores, de salários, de impostos decorrentes das vendas e de
outras despesas operacionais.
Os fluxos dos financiamentos são referentes aos empréstimos e
financiamentos captados pela empresa, incluindo o recebimento dos empréstimos e
o desembolso feito nas amortizações de tais dívidas. Neste grupo, incluem-se,
também, os recursos recebidos dos sócios (integralizações de capital em dinheiro) e
os dividendos pagos aos acionistas.
Os fluxos dos investimentos estão ligados aos desembolsos referentes
às aquisições de ativos imobilizados, que são utilizados na produção de bens e
serviços, de investimentos em outras sociedades, bem como os recebimentos na
alienação desses ativos. Incluem, ainda, os desembolsos relativos à concessão de
empréstimos a terceiros e os recebimentos na amortização desses empréstimos.
8.3 Métodos de elaboração
Quanto aos métodos de elaboração da DFC, existem dois métodos:
Método Direto
52
Método Indireto ou da Reconciliação
As diferenças entre os dois métodos referem-se apenas à forma de
evidenciação dos fluxos das atividades operacionais.
Os fluxos das atividades de financiamento e das atividades de
investimento são demonstrados de igual maneira nos dois métodos.
8.3.1 Método direto
No modelo direto, os fluxos operacionais são evidenciados pela análise
direta das entradas e saídas de dinheiro em Caixa e Bancos. São evidenciados,
portanto, todos os pagamentos e recebimentos feitos no período.
A DFC é elaborada a partir da análise do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício.
Vejamos um exemplo:
DRE da Companhia BETA em 31/12/2010:
Vendas 3.000
(-) CMV (1.600)
(=) Lucro Bruto 1.400
(-) Despesas Operacionais (900)
(=) Lucro Operacional 500
(-) Provisão para IR (200)
(=) Lucro Líquido 300
Balanço Patrimonial da Companhia BETA em 31/12/2010:
ATIVO PASSIVO
2004 2005 2004 2005
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa 150 100 Fornecedores 300 600
Clientes 600 900 Empréstimos 400 600
Estoques 550 700 Provisão para IR 200 400
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
53
RLP
Títulos a Receber 100 100 Financiamentos 500 100
Investimentos 400 600 Patrimônio Líquido
Imobilizado 600 600 Capital Social 1.000 1.000
Intangível 100 100 Lucros Acumulados 100 400
Total 2.500 3.100 Total 2.500 3.100
Observe que o lucro econômico da Companhia BETA foi de 300, mas as
disponibilidades sofreram uma redução de 50 (conta Caixa em destaque no
Balanço).
A DFC mostrará a razão disso.
Inicialmente, devemos calcular o montante de vendas que foi recebido e
o valor das compras que foi efetivamente pago. Iniciemos com as vendas.
Um bom artifício é considerar que todas as vendas foram feitas a prazo,
transitando inicialmente, portanto, pela conta Clientes. Pela análise da variação da
conta Clientes, calculamos o valor das vendas efetivamente recebidas:
600 (saldo inicial) + 3.000 (vendas) – X (recebimentos de vendas) = 900, isto implica
dizer que X = 2.700 (vendas efetivamente recebidas).
Para achar o valor pago pelas compras, devemos primeiramente calcular o valor
total das compras do período. Para isso, utilizamos a fórmula do CMV:
CMV = EI + C – EF
1.600 = 550 + C – 700
C = 1.750
Resta saber que parcela destas compras (1.750) foi efetivamente paga.
Utilizaremos o mesmo procedimento utilizado para as vendas, isto é, considerar que
todas as compras foram feitas a prazo.
Analisemos a variação da conta Fornecedores:
300 (saldo inicial) + 1.750 (compras) – Y = 600, isto implica dizer que Y = 1.450
(compras efetivamente pagas).
54
Analisemos agora as despesas operacionais constantes da DRE.
Terão sido elas realmente pagas ou apenas incorridas? Observando o
Passivo Circulante da Companhia BETA, não notamos o surgimento de novas
contas de Despesas a Pagar. Isso significa que todas as despesas operacionais
foram efetivamente pagas. Caso houvesse alguma conta de obrigação decorrente
de despesas não pagas, seu saldo seria subtraído do valor total das despesas
incorridas, evidenciando o valor efetivamente pago.
Note também que a Provisão para o IR ainda não foi paga, figurando
como obrigação no Balanço Patrimonial (aumento de 200 no saldo da conta). Assim,
este valor não aparecerá na DFC.
Observando a conta Empréstimos, percebemos também o aumento de
200 em seu saldo, o que representa nova entrada de dinheiro nas disponibilidades.
Verifiquemos agora os grupos Não Circulantes. Nota-se que houve
redução de 400 no saldo da conta Financiamentos evidenciando a amortização
desta obrigação com conseqüente redução das disponibilidades.
No Ativo Permanente, percebemos, ainda, o aumento de 200 dos
Investimentos, indicando aquisição de novas participações, o que evidencia
desembolso de Caixa.
Em relação à variação da conta Lucros Acumulados (aumento de 300),
trata-se do ingresso do Lucro Líquido do exercício. Os efeitos do lucro líquido nas
disponibilidades já foram analisados por meio dos raciocínios acima.
Estamos agora em condições de elaborar a DFC pelo método direto. Eis
como seria apresentada a demonstração:
DFC da Companhia BETA em 31/12/2010:
Saldo Inicial das Disponibilidades: 150
Atividades Operacionais:
(+) Recebimento de Vendas 2.700
(-) Pagamento de Compras (1.450)
(-) Pagamento de Despesas Operacionais (900)
(=) Caixa Gerado pelas Operações 350
55
Atividades de Financiamentos:
(+) Empréstimos Bancários 200
(-) Amortização de Financiamentos (400)
(=) Caixa Gerado pelos Financiamentos (200)
Atividades de Investimentos:
(-) Aquisição de novos Investimentos (200)
(=) Caixa Gerado pelos Investimentos (200)
Variação Total das Disponibilidades: (50)
Saldo Final das Disponibilidades: 100
Observamos que houve um prejuízo financeiro de 50 e que o mesmo foi
decorrente da soma algébrica dos valores de Caixa gerados pelos fluxos das
operações, dos financiamentos e dos investimentos (350 – 200 – 200).
Vimos, portanto, que, embora tenha apurado lucro líquido no exercício, a
Companhia BETA amargou um fluxo de caixa negativo, isto é, uma redução em suas
disponibilidades, principalmente em função da amortização dos financiamentos (400)
e da aquisição de novos investimentos (200).
Assim, a DFC explica a razão da diferença entre o resultado econômico e
o resultado financeiro da empresa, sendo um demonstrativo importantíssimo na
análise da situação financeira da entidade.
8.3.2 Método indireto
A diferença entre o modelo indireto e o modelo direto da DFC está apenas
na evidenciação dos fluxos gerados pelas operações. Não há diferença no que diz
respeito aos fluxos gerados pelos financiamentos e pelos investimentos.
Para exemplificar o método, partiremos do mesmo exemplo anterior, e
depois faremos a comparação entre os métodos:
DRE da Companhia BETA em 31/12/2010:
56
Vendas 3.000
(-) CMV (1.600)
(=) Lucro Bruto 1.400
(-) Despesas Operacionais (900)
(=) Lucro Operacional 500
(-) Provisão para IR (200)
(=) Lucro Líquido 300
ATIVO PASSIVO
2004 2005 2004 2005
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa 150 100 Fornecedores 300 600
Clientes 600 900 Empréstimos 400 600
Estoques 550 700 Provisão para IR 200 400
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante
RLP
Títulos a Receber 100 100 Financiamentos 500 100
Investimentos 400 600 Patrimônio Líquido
Imobilizado 600 600 Capital Social 1.000 1.000
Intangível 100 100 Lucros Acumulados 100 400
Total 2.500 3.100 Total 2.500 3.100
Veja que o lucro econômico da Companhia BETA foi de 300, mas as
disponibilidades sofreram uma redução de 50 (conta Caixa), evidenciando prejuízo
financeiro.
A DFC, como já foi dito, evidencia as causas deste fato.
Para evidenciar as atividades operacionais no método indireto,
partimos do lucro líquido do exercício da DRE, isto é, partimos do resultado
econômico da companhia.
Após sucessivos ajustes, chegamos ao mesmo valor de fluxo gerado
pelas operações apresentado no modelo direto. Por isso é chamado também de
método da reconciliação.
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O método indireto não apresenta diretamente as variações nas
disponibilidades (daí o nome indireto), mas efetua a análise por meio das variações
ocorridas nas demais contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante.
Ao partir do lucro líquido do exercício, estamos considerando que todo o
lucro ingressou no Caixa, o que já sabemos não ser verdade. Assim, os ajustes
servem para adequar o resultado econômico ao resultado financeiro.
Analisemos as variações nas contas do Ativo Circulante: o aumento de
300 no saldo de Clientes significa que houve entradas referentes a vendas a prazo
nesta conta em montante superior às saídas devidas aos recebimentos de vendas.
Assim, o valor de 300 representa numerário que deixou de entrar no Caixa. Veja o
exemplo a seguir:
600 (saldo inicial) + 3.000 (vendas) – X (recebimentos de vendas) = 900, isto implica
dizer que X = 2.700 (vendas efetivamente recebidas).
O método indireto parte da idéia inicial de que todo o valor das vendas
teria sido recebido. Assim, inicialmente a DFC consideraria como entrada de
recursos em Caixa o valor de 3.000. Entretanto, observando o cálculo acima, já
exposto anteriormente, vemos que apenas 2.700 foram efetivamente recebidos. Os
outros 300 permaneceram na conta Clientes, aumentando seu saldo de 600 para
900.
Podemos dizer, assim, que o aumento do saldo da conta Clientes
representa numerário que deixou de entrar no Caixa, representando um ajuste
negativo no lucro líquido da DRE, para se chegar à parcela do resultado econômico
que efetivamente afetou as disponibilidades.
Observando agora a conta Estoques, podemos raciocinar que o aumento
de 150 nesta conta foi devido a compras efetuadas no período, o que reduz o Caixa,
configurando, portanto, novo ajuste negativo ao lucro líquido do exercício na DFC.
Caso ocorresse o contrário, isto é, a variação no saldo das contas do
Ativo Circulante fosse negativa, isso representaria entrada de numerário no Caixa.
Em relação às contas do Passivo Circulante, ocorre o raciocínio inverso.
Analisemos a conta Fornecedores, sabendo que as compras do período foram de
1.750:
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300 (saldo inicial) + 1.750 (compras) – Y = 600, isto implica dizer que Y = 1.450
(compras efetivamente pagas).
O método indireto considera que, inicialmente, todo o resultado líquido
afetou o Caixa, para depois fazer os ajustes necessários. Assim, todo o valor de
compras seria considerado como pago, o que reduziria o Caixa em 1.750.
Entretanto, observamos no cálculo acima, também já exposto
anteriormente, que, dos 1.750 de compras, apenas 1.450 foram efetivamente pagos.
O valor restante de 300 permaneceu na conta Fornecedores, sendo responsável
pelo aumento do saldo desta conta.
Dizemos, então, que o aumento do saldo da conta Fornecedores
representa numerário que deixou de sair do Caixa, representando um ajuste positivo
no lucro líquido da DRE, para se chegar à parcela do resultado econômico que
efetivamente afetou as disponibilidades.
Em resumo, o raciocínio a ser adotado, no método indireto, é o seguinte:
Aumento Redução
Contas do AC Redução do Caixa (desembolso) Aumento do Caixa (recebimento)
Contas do PC Aumento do Caixa (não pagamento) Redução do Caixa (pagamento)
É bom ressaltar que estes aumentos e reduções citados na tabela acima
são calculados a partir do lucro líquido do exercício, pelo fato da DFC ser elaborada
pelo método indireto, considerado inicialmente como composto apenas de despesas
efetivamente pagas e receitas efetivamente recebidas, para depois sofrer os ajustes.
Vejamos, então, como ficaria a DFC elaborada pelo método indireto:
DFC da Companhia BETA em 31/12/2010:
Saldo Inicial das Disponibilidades: 150
Atividades Operacionais:
(+) Lucro Líquido do Exercício 300
(-) Aumento de Clientes (300)
(-) Aumento de Estoques (150)
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(+) Aumento de Fornecedores 300
(+) Aumento de Provisão para IR 200
(=) Caixa Gerado pelas Operações 350
Atividades de Financiamentos:
(+) Empréstimos Bancários 200
(-) Amortização de Financiamentos (400)
(=) Caixa Gerado pelos Financiamentos (200)
Atividades de Investimentos:
(-) Aquisição de novos Investimentos (200)
(=) Caixa Gerado pelos Investimentos (200)
Variação Total das Disponibilidades: (50)
Saldo Final das Disponibilidades: 100
Note que o aumento na conta Empréstimos, apesar de corresponder a
conta do Passivo Circulante, foi evidenciado nos Fluxos de Financiamentos, por se
tratar de fluxo de Caixa desta natureza, não devendo figurar nos fluxos operacionais.
Fazendo-se a comparação entre a DFC elaborada pelo método direto e
esta DFC, elaborada pelo método indireto, verificamos que ambos os métodos
chegam à conclusão de que as operações foram responsáveis por um aumento de
350 nas disponibilidades.
Embora os caminhos adotados tenham sido diferentes, a conclusão a que
se chegou foi exatamente a mesma.
O quadro abaixo demonstra a estrutura da DFC pelos dois métodos:
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Método Direto Método Indireto
Fluxo de caixa das atividades operacionais
Fluxo de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes Resultado Líquido
Dividendos recebidos (±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa
Juros recebidos (+) Depreciação e amortização
Recebimentos por reembolso de seguros (+) Provisão para devedores duvidosos
Recebimentos de lucros de subsidiárias (±) Resultado na venda do imobilizado
Pagamentos a fornecedores (±) Aumento ou diminuição de contas a receber
Pagamentos de salários e encargos (±) Aumento ou diminuição de estoques
Imposto de renda pago (±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas
Juros pagos (±) Aumento ou diminuição de passivos
Outros recebimentos ou pagamentos líquidos
(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes
Caixa Líquido das Atividades Operacionais (=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais
Fluxo de caixa das atividades de investimentos Alienação de imobilizado Fluxo de caixa das atividades de
investimentos Alienação de investimentos (+) Alienação de imobilizado
Aquisição de imobilizado (+) Alienação de investimentos
Aquisição de investimentos (-) Aquisição de imobilizado
Caixa Líquido das Atividades de Investimentos
(-) Aquisição de investimentos
Fluxo de caixa das atividades de financiamentos
(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimentos
Integralização de capital
Juros recebidos de empréstimos Fluxo de caixa das atividades de financiamentos
Empréstimos tomados (+) Integralização de capital
Aumento do capital social (+) Juros recebidos de empréstimos
Pagamento de leasing (principal) (+) Empréstimos tomados
Pagamentos de lucros e dividendos (+) Aumento do capital social
Juros pagos por empréstimos (-) Pagamento de leasing (principal)
Pagamentos de empréstimos/debêntures (-) Pagamentos de lucros e dividendos
Caixa Líquido das atividades de financiamentos
(-) Juros pagos por empréstimos
Aumento ou redução de Caixa Líquido (-) Pagamentos de empréstimos/debêntures
Saldo de Caixa – Inicial (=) Caixa Líquido das atividades de financiamentos
Saldo de Caixa – Final (=) Aumento ou redução de Caixa Líquido
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8.4 Análise da demonstração do fluxo de caixa
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
(em milhares de reais)
2002 2001
ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro líquido do exercício 58.342 92.964
Ajustes para reconciliar o lucro líquido com o caixa gerado pelas operações
. Depreciação e amortização 65.930 60.436
. Variações monetárias de longo prazo (81.975) (27.968)
. Juros de longo prazo (45.017) (38.945)
. Perdas do ativo permanente 2.191 4.352
. Créditos fiscais de longo prazo a compensar (101.179) (25.526)
. Imposto de renda e contrib. social diferidos 50.136 34.918
. Ajuste de títulos a valor de mercado (376) (1.402)
.Provisão para contingência tributária – item extraordinário 218.257 0
. Provisão para créditos de liqüidação duvidosa 1.602 8.552
.Reversão de provisão passiva (20.878) 0
. Complemento aposentadoria especial – SB 40 4.704 21.158
Subtotal 151.737 128.539
(Acréscimos) decréscimos nos ativos operacionais financeiros
. Concessionários e permissionários do serviço público de energia elétrica (167.286) (90.168)
. Créditos de energia renegociados (18.131) (5.322)
. Devedores diversos (1.988) (1.891)
. (-) Provisão para créditos de liquidação duvidosa 46 415
. Desativações, alienações e serviços em curso 5.827 9.897
. Tributos a compensar 5.388 3.409
. Almoxarifado (1.331) 36
. Outros créditos 9.598 7.308
Subtotal (167.877) (76.316)
Acréscimos(decréscimos) nos passivos operacionais financ.
. Fornecedores 120.204 127.005
. Folha de pagamento 1.088 946
. Empréstimos e financiamentos 6.675 (404)
. Tributos e contribuições sociais 5.263 (134)
. Reserva global de reversão (983) 782
Obrigações estimadas (2.875) (94)
. Provisões para contingências 1.695 5.351
. Entidade de previdência complementar (15.225) 7.603
. Outros passivos 11.216 (4.223)
Subtotal 127.058 136.832
Recursos provenientes das atividades operacionais 110.918 189.055
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
Empréstimos e financiamentos 35.000 6.185
Juros sobre capital próprio (25.197) (30.322)
Realizáveis a longo prazo transferidos para o circulante 84.164 52.539
Transferência de bens do ativo permanente para o circulante 10.475 3.953
Recursos provenientes das (aplicados nas) atividades de financiamento 104.442 32.355
ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
Aquisição de ativo imobilizado em curso (182.549) (222.928)
No realizável a longo prazo (12.120) (229)
Exigíveis a longo prazo transferidos para o circulante (7.103) (17.077)
Investimento em outros ativos permanentes (78) (79)
Recursos provenientes das (aplicados nas) atividades de investimento (201.850) (240.313)
Aumento (redução) no caixa e equivalentes de caixa 13.510 (18.903)
Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 162.036 180.939
Caixa e equivalentes de caixa no fim do exercício 175.546 162.036
62
Análise da Demonstração de Fluxo de Caixa
2002 2001 Atividades Operacionais 110.918 189.055 Atividades de financiamento 104.442 32.355 Atividades de Investimento (201.850) (240.313) Aumento (Redução) no caixa e equivalentes 13.510 (18.903)
Constata-se que a empresa tinha um fluxo de caixa negativo em 2001 e
passou a ter um fluxo positivo em 2002, advindo essencialmente das atividades de
financiamento.
Esta primeira análise mostra estas tendências:
a) as fontes básicas de fluxo de caixa da empresa são as atividades
operacionais e de financiamento, e isso indica que a atividade
operacional não é suficiente para a manutenção do negócio;
b) fluxos de caixa positivos são na maioria das vezes reinvestidos no
negócio.
9 TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 9.1 Falácias de liquidez
É muito comum ouvir falar entre executivos financeiros que uma liquidez
alta é tão indesejável como uma baixa, que é sinal de má administração financeira e
que a empresa está perdendo dinheiro.
Em primeiro lugar, uma liquidez alta (refere-se normalmente ao índice de
Liquidez Corrente) pode decorrer tanto de excesso de Recursos Não Correntes no
Ativo Circulante (e por excesso entendam-se recursos que estariam melhor
aplicados no Ativo Permanente ou em outra empresa), quanto de pequeno Passivo
Circulante.
È obvio que, se houver excesso de Recursos Não Correntes aplicados no
Ativo Circulante, como excesso de Estoques e de Duplicatas a Receber decorrentes
63
de uma administração má desses itens, estaremos diante de uma liquidez
indesejável, que certamente contribui para a redução da rentabilidade da empresa.
Entretanto, se o índice de Liquidez Corrente decorre de baixo Passivo
Circulante, poderá ser indício de sábia administração que evita despesas financeiras
de empréstimos bancários — principalmente num país como o Brasil, onde,
historicamente, tais empréstimos sempre tiveram custo elevado — ou que obtém
:significativos descontos de fornecedores com pagamento a vista.
Quanto à perda de dinheiro com a inflação, leve-se em conta que os
estoques em geral não perderam com a inflação e que, se a empresa optasse por
ter mais empréstimos bancários de curto prazo, por exemplo, em vez de capitais
próprio, teria de ressarcir o banqueiro do custo da inflação além de pagar juros.
Por último, lembre-se que a Liquidez Corrente pode ser alta em função de
empréstimos de longo prazo em vez de créditos de curto prazo.
Em resumo, alta liquidez, além de indicar boa situação financeira, pode
até ser do aumento da rentabilidade, embora não esteja afastada a hipótese de
haver recursos ociosos. Este último, porém, seria um caso de má administração de
Ativos Circulantes (em valores absolutos) que se reflete na liquidez, e não
propriamente um caso em que a alta liquidez é desfavorável.
9.2 Liquidez igual a 2,00
Na ausência de padrões e de conhecimentos de como construí-los e
empregá-los na Análise de Balanços, surgiu, nos Estados Unidos, o conceito de que
a Liquidez Corrente indicaria sólida situação financeira se estivesse acima de 2,00.
Rapidamente a idéia difundiu-se por outros países através de Iivros que pregavam
tal idéia. Pelo que foi exposto, essa idéia, muito mais mística do que científica, está
totalmente ultrapassada.
9.4 Cálculo do estoque pelo valor de realização
O Ativo Circulante compreende estoques pelo preço de custo. Muitas
pessoas pensam que seria mais adequado se o valor do custo fosse substituído pelo
valor de realização, isto é, pelo preço de venda.
64
Acontece que até as vendas se realizarem, ocorrerão despesas a
pagar que, por sua vez, também não se acham registradas no Passivo Circulante.
Em geral ha um diferencial positivo entre margem bruta que se acrescerá aos
estoques e as despesas a pagar que serão levadas ao Passivo Circulante.
Entretanto, nem há certeza de que o diferencial será positivo, nem
costuma ele ser significativo, visto que o percentual de lucro líquido (antes da
depreciação) em geral é pequeno.
9.4 Liquidez e prazos médios
Erro frequentemente cometido na apreciação do índice de Liquidez
Corrente é conjugá-lo corn prazos médios de recebimento e pagamento.O Fluxo de
Caixa, exceto no que se refere a empréstimos bancários, tende a ser o mesmo com
qualquer índice de Liquidez Corrente e qualquer prazo de recebimento e pagamento.
Os referidos prazos apenas determinam o volume de investimentos em
Duplicatas a Receber (função do prazo médio de recebimento de vendas) e de
financiamento de Fornecedores (função do prazo médio de pagamento de compras).
10 ANÁLISE DO ENDIVIDAMENTO BANCÁRIO
10.1 Dependência e risco
É fato que uma empresa pode perfeitamente operar com Liquidez
Corrente abaixo de 1,00. Para isto é necessário que o Passivo Circulante se renove
constantemente.
Essa renovação é praticamente automática no que refere-se aos créditos
de funcionamento — fornecedores, salários, encargos sociais, tributos —, pois essas
obrigações decorrem das próprias operações. Ao comprar, produzir, vender,
administrar, a empresa gera automaticamente obrigações a pagar. O prazo obtido
para pagamento destas constitui um financiamento com que a empresa conta
permanentemente.
No que se refere, porém, aos empréstimos bancários, incluso o desconto
de duplicatas, o contexto é diferente. Nada garante a renovação. Para consegui-la, a
empresa é obrigada a manter reciprocidade, ou seja, comprar ações, seguros,
65
gastar horas de negociações, manter cadastro impecável para muitas vezes ver
frustradas as expectativas da simples renovação de um empréstimo.
A não-renovação dos empréstimos bancários é um autêntica golpe na
administração financeira da empresa.
Assim quanto maior a dependência aos bancos, maior o risco de uma
empresa.
10.2 Quatro índíces de dependência bancária
Em vista disso, apresenta-se 4 (quatro) índices que visam medir o grau de
dependência aos bancos. São eles:
10.3 Financiamento de ativo por instituições de crédito
Fórmula: empréstimos e financiamentos de Instituições de créditos x 100
Ativo Total
Indica qual o percentual dos investimentos totais financiado pelas
Instituições de crédito.
Exemplo:
2009 2010
Duplicatas descontadas 10.100 20.226
Empréstimos bancários (curto prazo) 2.294 8.061
Empréstimos e Financiamentos (longo prazo) 10.920 60.120
Total de financiamentos 23.314 88.407
Ativo 94.698 204.581
Financiamento do Ativo por Instituições de crédito 24% 43%
10.4 Participação de instituições de crédito no endividamento da empresa
Fórmula: financiamentos de Instituições de créditos x 100
Capitais de Terceiros
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Indica qual o percentual das Instituições de crédito no total de recursos
tomados junto a terceiros.
Exemplo:
2009 2010
Total de Financiamentos das Instituições de crédito 23.214 88.407
Capitais de Terceiros 57.500 132.322
Participação de Instituições de crédito no
Endividamento da empresa 40% 66%
10.5 Financiamento de ativo circulante por instituições de créditos a curto
prazo
Fórmula: Financiamento de Instituições de crédito a curto prazo x 100
Ativo Circulante
Exemplo:
2009 2010
Duplicatas descontadas 10.100 20.226
Empréstimos bancários (curto prazo) 2.294 8.061
Financiamento de Instituições de crédito
a curto prazo 12.394 28.287
Financiamento do Ativo Circulante por
Instituições de crédito a curto prazo 18% 24%
10.6 Nível de desconto de duplicatas
Fórmula: duplicatas descontadas x 100
duplicatas a receber
Indica qual o percentual das duplicatas a receber descontadas junto aos
bancos.
Exemplo:
2009 2010
Duplicatas descontadas 10.100 20.226
67
Duplicatas a receber 36.322 57.641
Nível de desconto de duplicatas 27% 35%
Interpretação dos índices de relacionamento bancário.
Nos exemplos acima, a empresa aumentou consideravelmente sua
dependência às instituições de créditos 2009 de para 2010.
Enquanto no primeiro ano menos de 25% dos recursos eram supridos
pelas instituições de crédito, no ano seguinte esse percentual atingiu a marca 43%.
Em relação aos Capitais de Terceiros, a empresa viu subir a participação
das instituições de crédito de 40% para 66%.
Em vista disso, pode-se considerar excessiva a dependência global às
instituições de crédito.