Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

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FACAM FACULDADE DO MARANHÃO SOMAR SOCIEDADE MARANHENSE DE ENSINO SUPERIOR LTDA CNPJ 04.855.275/0001-68 GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO ENSINO A DISTÂNCIA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS RICARDO HENRIQUE DA ROCHA OLIVEIRA São Luís 2012

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FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO

SOMAR SOCIEDADE MARANHENSE DE ENSINO SUPERIOR LTDA

CNPJ 04.855.275/0001-68

GRADUAÇÃO – PÓS-GRADUAÇÃO – ENSINO A DISTÂNCIA

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

RICARDO HENRIQUE DA ROCHA OLIVEIRA

São Luís

2012

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Faculdade do Maranhão

Análise das Demonstrações Contábeis/ Faculdade do Maranhão. – São Luís, 2012.

52 f.:il. Impresso por computador (Fotocópia) Apostila (Graduação em Administração à Distância) – Curso de

Graduação em Administração à Distância, Faculdade do Maranhão, 2012. 1. Análise das Demonstrações Contábeis. I. Título.

CDU 657.375:330.534

5. Pindaré-Mirim. I. Título.

CDU 069:338.4(812.1-21 Pindaré-Mirim)

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SOMAR – Sociedade Maranhense de Ensino Superior Ltda.

FACAM – Faculdade do Maranhão

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Diretor Geral

Thatiana Soares Rodrigues Bandeira

Diretora Executiva

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Diretora Acadêmica

Heraldo Marinelli

Coordenador Geral de Ensino a Distância

MeyryJanes Costa Almeida

Supervisora Adjunta de Ensino a Distância

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FLUXOGRAMA DE ESTUDOS

ENTRADA

Inscrição / Seleção

Orientação ao Aluno

Recebimento do Material

Instrucional

T

U

T

O

R

I

A

Processo de Estudo

Independente

Tutoria

Encontros

Pedagógicos

Avaliação Presencial

Não Alcançou

Desempenho Satisfatório

Alcançou Desempenho

Satisfatório

Aluno entra em processo

de reorientação com o

tutor

Aluno Inicia Estudo

Independente dos

demais Módulos

Saída

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 7

1.1 Considerações gerais .............................................................................. 7

1.1.2 Aspectos estático e dinâmico ..................................................................... 7

1.1.3 Situação econômico-financeira ................................................................... 7

1.1.4 Objetivos ..................................................................................................... 8

1.1.5 A análise de balanços começa onde termina a contabilidade .................... 9

1.1.6 O que incluir no relatório ............................................................................. 10

2 METODOLOGIA DE ANÁLISE .................................................................. 11

2.1 Métodos de análise ................................................................................... 12

2.1.1 Quocientes ................................................................................................. 12

2.1.2 Subtração ................................................................................................... 12

2.2 Índices-padrões ........................................................................................ 13

2.2.1 Padrões de comparação ............................................................................. 13

2.2.2 Padrões setoriais ........................................................................................ 13

2.2.3 Padrões históricos ...................................................................................... 14

2.3 Peças indispensáveis ............................................................................... 15

2.4 Subsídios .................................................................................................. 15

3 TÉCNICAS DE ANÁLISE ........................................................................... 16

3.1 Análise através de índices ....................................................................... 16

3.2 Elementos fundamentais para análise das demonstrações financeiras17

4 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL ..................................................... 17

5 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO ............................................................. 17

6 MODELOS DE ANALISE DE RENTABILIDADE ....................................... 18

6.1 Análise do roi (retorno operacional dos investimentos) ....................... 18

6.2 Análise da "alavancagem financeira" ..................................................... 18

7 ANÁLISE POR MEIO DE ÍNDICES ............................................................ 19

7.1 Quantos índices são necessários para uma boa análise? ................... 19

7.2 Aspectos da empresa revelados pelos índices ..................................... 20

7.3 Principais índices ..................................................................................... 20

7.4 Estrutura de capitais ................................................................................ 20

7.4.1 Participação de capitais de terceiros .......................................................... 20

7.4.2 Composição do endividamento .................................................................. 23

Page 6: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

7.4.3 Imobilização do patrimônio líquido ............................................................. 24

7.4.4 Imobilização de recursos não correntes ..................................................... 27

7.5 Liquidez ..................................................................................................... 32

7.5.1 Liquidez geral – LG ..................................................................................... 32

7.5.2 Liquidez corrente – LC ................................................................................ 33

7.5.3 Liquidez seca – LS ..................................................................................... 34

7.5.4 Liquidez imediata ........................................................................................ 34

7.6 Análise dos índices .................................................................................. 35

7.7 Índices de rentabilidade ........................................................................... 35

7.7.1 Giro do ativo ............................................................................................... 36

7.7.2 Margem líquida .......................................................................................... 37

7.7.3 Rentabilidade do ativo ................................................................................ 38

7.7.4 Rentabilidade do patrimônio líquido............................................................ 39

7.8 Índices de avaliação de ações ................................................................. 41

7.8.1 Visão geral dos índices de ações ............................................................... 42

7.8.2 Principais índices de ações ........................................................................ 44

7.8.2.1 Valor patrimonial das ações (VPA) ............................................................. 44

7.8.2.2 Lucro por Ação ........................................................................................... 45

7.8.2.3 Preço sobre lucro por ação ......................................................................... 45

7.8.2.4 Rentabilidade de ação ................................................................................ 46

7.8.2.5 Dividendo por ação (DPA) .......................................................................... 46

7.8.2.6 Retorno de caixa ........................................................................................ 47

7.8.2.7 Relação retorno de caixa/rentabilidade das ações ..................................... 47

8 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – DFC .................................... 48

8.1 Apresentação do relatório de fluxo de caixa ......................................... 48

8.2 Equivalente-caixa ..................................................................................... 49

8.3 Métodos de elaboração ............................................................................ 51

8.3.1 Método direto .............................................................................................. 52

8.3.2 Método indireto ........................................................................................... 55

8.4 Análise da demonstração do fluxo de caixa .......................................... 61

9 TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES

CONTÁBEIS .............................................................................................. 62

9.1 Falácias de liquidez .................................................................................. 62

9.2 Liquidez igual a 2,00 ................................................................................. 63

Page 7: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

9.4 Cálculo do estoque pelo valor de realização ......................................... 63

9.4 Liquidez e prazos médios ........................................................................ 64

10 ANÁLISE DO ENDIVIDAMENTO BANCÁRIO .......................................... 64

10.1 Dependência e risco ................................................................................. 64

10.2 Quatro índices de dependência bancária ............................................... 65

10.3 Financiamento de ativo por instituições de crédito .............................. 65

10.4 Participação de instituições de crédito no endividamento da empresa

10.5 Financiamento de ativo circulante por instituições de créditos a curto

prazo .......................................................................................................... 65

10.6 Nível de desconto de duplicatas ............................................................. 66

Page 8: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

7

1 INTRODUÇÃO

1.2 Considerações gerais

1.1.2 Aspectos estático e dinâmico

A Análise das Demonstrações Contábeis abrange os aspectos estático e

dinâmico da empresa.

O aspecto estático compreende o estudo da situação da empresa, ou

seja, como ela se apresenta em um determinado momento, sem se preocupar com o

passado ou como futuro.

O aspecto dinâmico preocupa-se com a evolução da empresa e do ritmo

de seus negócios, comparando os resultados atuais com os de anos anteriores e

ponderando, inclusive, as possibilidades de evolução futura.

1.1.3 Situação econômico-financeira

Quando a análise procura, por exemplo, determinar, dentre o montante

dos recursos aplicados no Ativo, qual a parcela que pertence aos sócios, está se

preocupando com o aspecto estático da situação econômica.

Já a apuração e apreciação do resultado das operações sociais, da

remuneração dos investidores e do reinvestimento desses resultados, estaremos

analisando a situação econômica sob o aspecto dinâmico.

Finalmente, quando a atenção estiver voltada para o problema da

solvência dos compromissos da empresa, que significa a capacidade de cumprir os

compromissos com os recursos que constituem seu patrimônio ou seu ativo,

estaremos preocupados com a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, com

a sua situação financeira.

Portanto, do ponto de vista econômico, uma empresa é solvente quando

está em condições de fazer frente a suas obrigações correntes e ainda apresentar

uma situação patrimonial e uma expectativa de lucros que garantam sua

sobrevivência no futuro.

Page 9: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

8

1.1.4 Objetivos

A Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações

Contábeis com os fins de tomada de decisões, ou seja, mediante a comparação dos

valores constantes dos demonstrativos contábeis, procuramos analisar de forma

estática e dinâmica a situação da empresa, de dois ângulos: o econômico e o

financeiro.

Através dessa análise haverá a possibilidade:

dos administradores e empresários avaliarem:

a) quanto ao passado, o acerto da gestão econômico-financeira;

b) quanto ao futuro, a necessidade de correção nessa gestão e, em

conjunto corn outros elementos, as possibilidades de desenvolvimento

das operações sociais.

dos investidores avaliarem:

a) o retorno do seu investimento;

b) a segurança do seu investimento.

dos credores avaliarem:

a) a garantia dos capitais emprestados;

b) o retorno nos prazos estabelecidos.

Para que os resultados da analise possam refletir a realidade da situação

da empresa, é imprescindível que os dados constantes dos demonstrativos

analisados estejam corretos.

Nas grandes empresas, essa tarefa — a conferência dos dados — é de

competência dos auditores (externos ou internos).

Nas pequenas e, até mesmo, nas médias empresas, o empresário

preocupa-se mais em atender a parte fiscal do que em apresentar dados realmente

condizentes corn a realidade.

Mesmo nas microempresas — desobrigadas de um registro contábil

sistemático, dificilmente o empresário poderá tomar conhecimento dos rumos de sua

empresa se não tiver um sistema contábil, mesmo que seja rudimentar.

As Demonstrações Contábeis (ou Financeiras) fornecem uma série de

dados sobre a empresa, de acordo com as regras contábeis. A Análise de Balanços

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9

transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores

informações produzir. Portanto, é importante a distinção entre dados e informações.

Dados são números ou descrição de objetos ou eventos que,

isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor.

Informações representam, para quem as recebe, uma comunicação que

pode produzir reação ou decisão, freqüentemente acompanhada de um efeito-sur-

presa.

Por exemplo, quando se diz que o Brasil tem X milhões de habitantes,

tem-se um dado. Quando se divide, porém, o Produto Nacional Bruto, ou seja, o PIB,

por esse dado, encontra-se a renda per capita, ou seja, por pessoa; quando se

compara essa renda com a de outros países e quando se constrói uma série

histórica dessa renda, pode-se chegar à conclusão de que o Brasil é um país que

vem perdendo posição em relação a outros países. Tem-se, nesse caso, a

informação.

As demonstrações financeiras mostram, por exemplo, que a empresa tem

$ Y milhares de dívida. Isto é um dado. A conclusão de que a dívida é excessiva ou

é normal, de que a empresa pode ou não pagá-la é informação. O objetivo da

Análise de Balanços é produzir essa informação.

1.1.5 A análise de balanços começa onde termina a contabilidade

Para o contador a preocupação básica são os registros das operações.

Na aquisição de uma maquina, por exemplo, quais os custos que comporão o custo

de aquisição, a taxa de depreciação, qual será sua classificação no balanço e sua

atualização monetária? O contador procura captar, organizar e compilar dados. Sua

matéria-prima são fatos de significado econômico-financeiro expressos em moeda.

Seu produto final são as Demonstrações Financeiras.

O analista de balanços preocupa-se corn as demonstrações financeiras

que, por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam

concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal

administrada, se tem ou não condições de pagar suas dividas, se é ou não lucrativa,

se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se

continuará em operação.

Page 11: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

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O grau de excelência da Analise de Balanços é dado exatamente pela

qualidade e extensão das informações que conseguirá gerar.

O produto da Análise de Balanços são relatórios escritos em linguagem

corrente. Na medida do possível, recomenda-se o uso de gráficos como auxiliares

para simplificar as conclusões mais complexas. Ao contrário das Demonstrações

Financeiras, os relatórios de analise devem ser elaborados como se fossem dirigidos

a leigos, ainda que não o sejam, isto é, sua linguagem deve ser inteligível por

qualquer mediano dirigente de empresa, gerente de banco ou gerente de crédito.

Obviamente que isto não acontece corn as Demonstrações Financeiras,

que, aliás, não têm nenhuma preocupação nesse sentido. As Demonstrações Finan-

ceiras apresentam-se carregadas de termos técnicos e suas notas explicativas são

feitas exclusivamente para técnicos.

Nesse sentido, a Análise de Balanços deve assumir, também, o papel de

tradutor dos elementos contidos nas Demonstrações Financeiras.

Um relatório de Análise de Balanços que apresentasse dados em vez de

informações não poderia ser considerado um bom relatório.

São freqüentes os relatórios que contêm frases como: "O índice de

endividamento é de 220%; isto significa que para cada $ 100 de capital próprio,

existem $ 220 de terceiros. Esse índice mostra um crescimento de 10% em relação

ao ano anterior que, por sua vez, já crescera 18%. Os recursos de terceiros são

predominantemente de curto prazo (85 %). Já os índices de liquidez encontrados

foram respectivamente: liquidez geral — 1,25; liquidez corrente — 1,40; e liquidez

seca — 1,01, o que mostra que a empresa tem mais disponibilidades realizáveis do

que dívidas de curto prazo”.

Esse tipo de relatório transforma um tipo de dado encontrado nas

Demonstrações Financeiras em informações.

1.1.6 O que incluir no relatório

Um relatório adequado de Análise de Balanços deve, em lugar dos dados

apresentados, expor, em linhas gerais, as seguintes informações produzidas pela

Análise de Balanços:

• Situação financeira.

• Situação econômica.

Page 12: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

11

• Desempenho.

• Eficiência na utilização dos recursos.

• Pontos fortes e fracos.

•Tendências e perspectivas.

• Quadro evolutivo.

• Adequação das fontes às aplicações de recursos.

• Causas das alterações na situação financeira.

• Causas das alterações na rentabilidade.

• Evidência de erros da administração.

• Providências que deveriam ser tomadas e não foram.

• Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.

2 METODOLOGIA DE ANÁLISE

A Análise de Balanços baseia-se no raciocínio científico. Na maioria das

ciências, o processo de tomada de decisões obedece à seguinte seqüência:

Etapa 1: Escolha de indicadores

Etapa 2: Comparação com padrões

Etapa 3: Diagnóstico ou conclusões

Etapa 4: Decisões

Verifica-se que as etapas de 1 a 3 constituem-se a análise propriamente

dita e devem ser feitas sempre em seqüência e estar perfeitamente coordenadas.

Entretanto, cada uma se vale de técnicas próprias. Extraem-se os índices das

Demonstrações Financeiras, comparam-se os índices com os padrões, ponderam-se

as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico ou conclusões e, finalmente,

tomam-se de

Quando esta seqüência não é levada em conta, fatalmente a Análise de

Balanços fica prejudicada. Às vezes, por falta de padrões ou por não se saber

construí-los, deixam-se de fazer comparações. A qualidade da análise então fica

comprometida, pois como se poderá fazer afirmativas sem os elementos de

referência? Em qualquer Análise de Balanços, observe atentamente essas etapas.

Page 13: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

12

2.1 Métodos de análise

2.1.1 Quocientes

O método analítico mais usado é o dos quocientes, por meio do qual se

comparam dois valores patrimoniais, dividindo-se um pelo outro.

Aplicando-se esse método teríamos duas formas de comparação:

a) Entre partes ou totais isolados, que não formam um conjunto. Essa

forma de comparação indica a relação de grandeza existente entre os

bens comparados. Assim, poderíamos, por exemplo, estabelecer que a

empresa tem recursos disponíveis e realizáveis em montante três

vezes superior ao do total das suas dívidas (liquidez geral), ou que o

montante da receita é 2,5 vezes maior que o volume de recursos

aplicados (rotação do investimento).

b) De uma parte com o todo no qual essa parte esta contida. Nesse tipo

de comparação de valores, o resultado apurado poderia ser apreciado

tanto sob a forma decimal como sob a forma percentual — que é a

maneira mais elementar e intuitiva de comparação de valores

numéricos. Poderíamos, por exemplo, apurar que o capital próprio da

empresa estaria financiando 55% do Ativo, enquanto o capital de

terceiros (dívidas) financiaria os restantes 45%, ou, em outras palavras,

afirmar que para cada R$ 1,00 aplicado no Ativo $ 0.55 são financiados

por recursos dos proprietários, enquanto $ 0,45 são financiados por

recursos de terceiros.

Na apuração dos índices que servirão de base para nossas análises,

utilizaremos, principalmente, o método dos quocientes, pois é, sem dúvida, o que

apresenta resultados mais expressivos, inteligíveis e facilmente comparáveis com os

resultados de outros períodos ou de outras empresas.

2.1.2 Subtração

Pode ser utilizado, também, o método pelo qual se obtêm resultados para

análise por simples subtração entre dois ou mais valores.

Page 14: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

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Esse método apresenta, contudo, o inconveniente de apurar um valor

isolado, que não pode ser devidamente avaliado, a não ser comparando-o a um

outro valor patrimonial. É o que acontece, por exemplo, quando apuramos o valor do

capital de giro próprio, subtraindo do total do Ativo em giro a parcela financiada pelo

capital de terceiros (ou subtraindo do capital próprio o total aplicado no Ativo Não

Circulante). De qualquer maneira, o valor assim obtido careceria de expressão

relativa, ou seja, não saberíamos a sua proporção em relação aos demais valores

patrimoniais.

2.2 Indices-padrões

2.2.1 Padrões de comparação

Um dos problemas de mais difícil solução dentro da análise dos

Demonstrativos Contábeis é o da correta interpretação dos resultados numéricos

obtidos.

Um prazo de rotação dos estoques de 90 dias, por exemplo, deve ser

considerado normal, dilatado ou reduzido?

Como um índice de participação de capital próprio de 0,40 (40%) deve ser

avaliado pelo analista?

E intuitivo que quase todos os resultados obtidos em uma análise devem

ser ponderados conforme o porte da empresa, seu ramo de atividades e a evolução

de seus negócios. Assim, facilitaria enormemente a tarefa do analista a possibilidade

de comparação dos resultados apurados corn determinados valores genéricos

escolhidos ou definidos como padrão.

2.2.2 Padrões setoriais

Comparando os resultados apurados em nossa empresa corn os de

outras, de porte semelhante e do mesmo ramo de atividade, poderemos chegar a

conclusões mais realistas sobre a normalidade desses resultados.

Dessa forma, poderíamos constatar, também, se os problemas da

empresa são particulares ou setoriais, ou seja, se são ou não comuns a maioria das

empresas congêneres.

Page 15: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

14

Apesar da inegável utilidade de tais comparações, as seguintes

observações nos levarão a considerá-las corn justificável reserva:

a) cada empresa pode ser considerada Única em relação aos seus

problemas específicos e forma de solucioná-los;

b) a diversidade de artigos produzidos ou comercializados, na mesma

empresa, dificulta seu enquadramento em um único setor:

c) os dados que servem de base para o estabelecimento dos índices-

padrões são extraídos de Demonstrativos heterogêneos e levantados,

muitas vezes, em datas diferentes;

d) são poucas as entidades que se preocupam em levantar dados

setoriais e, quando o fazem, geralmente não abrangem um universo

suficientemente amplo e não divulgam a metodologia utilizada.

2.2.3. Padrões históricos

A comparação dos índices atuais corn os apurados em exercícios

anteriores constitui importante subsidio para o analista. Tomando-se como base os

resultados do passado, poderemos:

a) julgar corn mais propriedade a "normalidade" ou "anormalidade" dos

resultados do presente;

b) constatar a evolução ou retração da situação patrimonial, da

capacidade de pagamento, do ritmo dos negócios e da rentabilidade da

empresa.

Como nos Demonstrativos é obrigatória a apresentação dos dados dos

dois últimos exercícios, já teremos a possibilidade de comparar os resultados atuais

corn os do período anterior.

O ideal seria que a comparação, inclusive nas análises horizontal e

vertical, pudesse abranger um período bem mais amplo (de quatro a cinco anos).

Antes de iniciar uma analise, é imprescindível obter certas informações e elementos

que possibilitarão a elaboração do estudo, o qual será tanto mais perfeito e

conclusivo quanto melhores e mais completos forem os dados de que se disponha.

Page 16: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

15

2.3 Peças indispensáveis

• Balanço Patrimonial

• Demonstração do Resultado do Exercício

• Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração

das Mutações do Patrimônio Líquido

• Notas explicativas (anexo das declarações)

2.4 Subsídios

Além dos demonstrativos acima mencionados, será de interesse do

analista obter alguns esclarecimentos complementares, tais como:

• critérios de avaliação, depreciação e amortização do Ativo;

• valor das vendas (se possível separando "a prazo" e "à vista", mês a

mês);

• valor das compras (se possível mês a mês) e prazo médio de

pagamento;

• valor do saldo mensal dos estoques ou valor do estoque médio do

período

• prazo de transformação das matérias-primas em produtos acabados;

• condições de comercialização imediata dos estoques;

• possibilidade de recebimento dos débitos de clientes;

• natureza, finalidade e condições de resgate dos financiamentos obtidos

de terceiros.

Em uma análise mais profunda em empresas de maior vulto, informações

importantes para a análise da situação econômico-financeira poderão ser obtidas

por meio dos seguintes demonstrativos:

Demonstração dos Fluxos de Caixa

Demonstração do Valor Adicionado

Page 17: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

16

3 TÉCNICAS DE ANÁLISE

3.1 Análise através de índices

A Análise de Balanços surgiu por motivos eminentemente práticos e mos-

trou-se desde logo instrumento de grande utilidade.

Alguns dos índices que surgiram inicialmente permanecem em uso até

hoje. Corn o passar do tempo, porém, seguindo a tendência natural da sociedade

moderna, as técnicas de análise foram aprimoradas, refinadas e tornaram-se objeto

de estudo das universidades; fazem parte delas, hoje, avançados conhecimentos de

estatística e matemática.

As atuais técnicas de Análise de Balanços possibilitam grande número de

informações sobre a empresa. Merecem especial atenção os estudos sobre o uso de

Análise de Balanços na previsão de insolvência, que é o estado em que o devedor

tem prestações a cumprir superiores aos rendimentos que recebe. Portanto um

insolvente não consegue cumprir as suas obrigações (pagamentos). Uma empresa

insolvente poderá, ao final de um processo, ser declarada definitivamente insolvente,

em falência ou em recuperação.

.Em função dessas experiências, tem-se podido chegar a alguns

resultados objetivos sobre o grau de eficiência de certos índices de balanço na

previsão de insolvência.

Corn isso tem-se atribuído diferentes pesos aos índices que representam

a importância relativa de cada índice.

Assim, a técnica empírica de extração de índices de balanços ganhou

embasamento cientifico e teve a sua utilidade comprovada. Hoje, no entanto, sabe-

se muito mais sobre o que informa cada índice e quais são os índices mais

importantes.

Alem disso, conta-se hoje corn apreciável know-how na elaboração de

índices-padrão.

Os índices-padrão permitem adequada avaliação de qualquer índice de

determinada empresa e proporcionam ao usuário da análise informação objetiva do

seu desempenho.

Page 18: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

17

3.2 Elementos fundamentais para análise das demonstrações financeiras

A conjugação do uso de índices-padrão e de pesos possibilita chegar-se a

uma avaliação global da empresa analisada, o que é de extrema utilidade nas

decisões de crédito, principalmente se se leva em conta que os responsáveis por

essas decisões em geral não são técnicos em análise de balanços.

A principal preocupação dos índices de balanço é fornecer avaliações

genéricas sobre diferentes aspectos da empresa em análise, sem descer a um nível

maior de profundidade. Essa profundidade, porém, é alcançável através de outras

técnicas expostas adiante.

4 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

A Análise Vertical e Horizontal presta-se fundamentalmente ao estudo de

tendências.

A elevada inflação que se tem vivido no Brasil, as alterações de procedi-

mentos contábeis em função de legislação comercial, fiscal ou mercado de capitais e

a própria dinâmica da economia brasileira não têm estimulado os analistas a usarem

mais intensamente as possibilidades da Análise Vertical e Horizontal. Poucos

estudos têm sido feitos com base nesse tipo de análise, seja em função de sua

utilização relativamente pequena, seja em função do trabalho de cálculo que essa

técnica exige. Só para se ter uma idéia, na análise de três demonstrações

financeiras calcula-se, em média, 180 quocientes percentuais ou evolutivos.

Entretanto, pesquisas efetuadas recentemente com insolvência de peque-

nas e médias empresas têm ressaltado a utilidade da Análise Vertical e Horizontal

como instrumento importantíssimo de análise.

5 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO

Através do cálculo dos índices de rotação ou prazos médios

(recebimento, pagamento e estocagem), é possível construir um modelo de análise

dos investimentos e financiamento do capital de giro, de grande utilidade gerencial,

bem como para a avaliação da capacidade de administração do capital de giro por

parte da empresa.

Page 19: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

18

6 MODELOS DE ANALISE DE RENTABILIDADE

6.1 Análise do roi (retorno operacional dos investimentos)

Esse tipo de analise, desenvolvido ha cerca de cinqüenta anos, é ainda

instrumento de grande utilidade na análise interna ou externa a empresa. Permite

ampla decomposição dos elementos que influem na determinação da taxa de

rentabilidade de uma empresa e explica quais os principais fatores que levaram ao

aumento ou a queda de rentabilidade.

Possibilita ainda identificar as alternativas para modificações da

rentabilidade quando esta estiver em estudo. Modernamente, faz-se pesquisa a

respeito da utilidade desse modelo de analise acoplado a analise de

Custo/Volume/Lucro e a analise da Curva de Demanda dos produtos de uma

empresa.

6.2 Análise da "alavancagem financeira"

Analisar a "alavancagem financeira" sob condições de inflação era até

pouco tempo tarefa a que os estudiosos não se haviam arriscado, tal a comple-

xidade de conhecimentos de Contabilidade, de efeitos inflacionários sobre as

Demonstrações Financeiras e de finanças que envolve.

Há pouco tempo, esse tema foi objeto de tese de livre-docência na Facul-

dade de Economia e Administracao da Universidade de São Paulo - USP. Essa tese

foi editada corn o titulo Análise da Correcão Monetária das Demonstrações Financei-

ras; implicações no lucro e na alavancagem financeira, de autoria do Prof. Eliseu

Martins.

Por comparar o custo das diferentes alternativas de capitais de terceiros

corn o custo do capital próprio, a análise da "alavancagem financeira" é

imprescindível para as decisões de subscrição de ações e muito recomendável nas

decisões de financiamentos de longo prazo.

Page 20: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

19

7 ANÁLISE POR MEIO DE ÍNDICES

A avaliação da empresa através de índices exige obrigatoriamente a

comparação com padrões e a fixação da importância relativa de cada índice. O

índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Contábeis,

que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de

uma empresa.

Os índices constituem a técnica de análise mais empregada. Muitas

vezes, na prática, ou mesmo em algumas doutrinas, confunde-se Análise de

Balanços com extração de índices. A característica fundamental dos índices é

fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa

Os índices servem de medida dos diversos aspectos econômicos e

financeiros das empresas, ou seja, os índices financeiros permitem construir um

quadro de avaliação da empresa. Para exemplificar, suponhamos uma empresa que

tenha um endividamento elevado, não significa que ela esteja à beira da insolvência.

Outros fatores, como prestigio da empresa junto ao governo, relacionamento com o

mercado financeiro, etc., podem fazê-la operar indefinidamente, mesmo que

mantenha sempre elevado o endividamento. O índice financeiro, porém, é um alerta.

7.1 Quantos indices sao necessarios para uma boa análise?

O importante não é o calculo de grande número de índices, mas de um

conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau

de profundidade desejada da análise. Essa profundidade de analise é variável de

usuário para usuário. O fornecedor pode apenas querer rápidas informações sobre a

empresa, a respeito de sua rentabilidade, de seu índice de liquidez. Se esse mesmo

fornecedor estiver interessado não em vender mercadoria, mas em adquirir a própria

empresa-cliente ou fundi-la com a sua, evidentemente desejará uma analise muito

mais profunda.

Portanto, a quantidade de índices que deve ser utilizada na análise

depende exclusivamente da profundidade que se deseja da análise.

Page 21: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

20

7.2 Aspectos da empresa revelados pelos índices

Pode-se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise

da situação financeira e analise da situação econômica.

Inicialmente, analisa-se a situação financeira separadamente da

econômica; no momento seguinte, juntam-se as conclusões dessas duas análises.

Assim, os índices são divididos em índices que evidenciam aspectos da

situação financeira e índices que evidenciam aspectos da situação econômica.

Os índices da situação financeira, por sua vez, são divididos em índices

de estrutura de capitais e índices de liquidez, conforme o esquema seguinte:

7.3 Principais índices

Os índices são: Participação de Capitais de Terceiros, Liquidez Corrente

e Rentabilidade do Patrimônio Líquido, Composição do Endividamento, Liquidez

Seca, Rentabilidade do Ativo, Margem Líquida de Lucro.

7.4 Estrutura de capitais

Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões

financeiras, em termos de obtenção e aplicação financeira de recursos.

7.4.1 Participação de capitais de terceiros

Indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $ 100

de capital próprio investido.

Interpretação: quanto menor, melhor.

PRINCIPAIS ASPECTOS REVELADOS PELOS ÍNDICES FINANCEIROS

ESTRUTURA

Situação Financeira

LIQUIDEZ

Situação Econômica RENTABILIDADE

Page 22: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

21

Fórmula:

Capitais de Terceiros x 100

Patrimônio Líquido

Exemplo:

Considere os dados, em reais, da Empresa Exemplo Ltda:

2009 2010

Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865

Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185

Índice de Participação de

Capitais de Terceiros: 154% 183%

Esses dois índices mostram que, em 2009, para cada $ 100 de capitais

próprios (Patrimônio Líquido), a empresa tomou $ 154 de Capitais de Terceiros

emprestados e que, em 2010, para cada $ 100 de capitais próprios, tomou $ 183 de

Capitais de Terceiros emprestados.

Ou seja, de um exercício social para o seguinte, o percentual de Capitais

de Terceiros aumentou, o que significa que a empresa tomou emprestado mais

volume de capital para investir nas suas operações.

Graficamente, esses índices podem ser visualizados da seguinte maneira:

31.12.2009 31.12.2010

ATIVO

CIRCULANTE

ATIVO

PERMANENTE

100

PL

154

CAPITAIS DE

TERCEIROS

ATIVO

CIRCULANTE

ATIVO

PERMANENTE

100

PL

183

CAPITAIS DE

TERCEIROS

Page 23: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

22

Por ora, pode-se acrescentar que a empresas falidas em geral são

empresas muito endividadas. Isso é mais ou menos óbvio, pois a falência nada mais

é do que a incapacidade de pagar dívidas. Empresas com baixo percentual de

endividamento não costumam ir à falência, pois é impossível uma empresa com

endividamento zero falir.

A falência, entretanto, nunca se deve exclusivamente ao endividamento.

Existe, invariavelmente, um quadro de má administração, desorganização, projetos

fracassados; a isso tudo some-se o excessivo endividamento.

Algumas variáveis importantes na definição da capacidade de

endividamento são:

Geração de recursos. Uma empresa capaz de gerar recursos para

amortizar as dívidas, tende a endividar-se mais. Este é o primeiro fator.

Uma empresa mais endividada pode representar risco menor que outra

menos endividada, se tiver maior capacidade de amortizar dívidas.

Liquidez. Se uma empresa toma recursos, investe-os em seu giro

comercial e dispõe de um bom capital próprio, investido no Ativo

Circulante, então o efeito negativo sobre a liquidez será muito menor

que no caso da empresa que imobiliza todos os recursos próprios e

mais parte dos Capitais de Terceiros. Neste caso a liquidez tende a ser

afetada e, conseqüentemente, aumenta o risco de insolvência.

Renovação. Se a empresa conseguir renovar as dívidas vencidas, não

terá problemas de insolvência. Diz-se que: "dívida não se paga,

administra-se", porque, quando a empresa recorre a Capitais de

Terceiros, faz isso por insuficiência de Capitais Próprios, e assim os

terceiros passam a financiar parte do Ativo. Ora, para pagar totalmente

esses terceiros é necessário reduzir o Ativo e, normalmente, as

empresas não querem fazer isso. Assim, a alternativa é manter o nível

de Capital de Terceiros, renovando empréstimos ou tomando novos

para pagar antigos. Ocorre que nem sempre a empresa consegue

lograr êxito em renovar empréstimos ou, em outra situação, toma

novos empréstimos para pagar os antigos, sobrevindo a iliquidez. Do

sucesso em renovar empréstimos ou tomar novos pode depender a

continuidade da empresa.

Page 24: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

23

7.4.2 Composição do endividamento

Indica qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às

obrigações totais.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Fórmula:

Passivo Circulante x 100

Capitais de Terceiros

O passo seguinte, após se conhecer o grau de Participação de Capitais

de Terceiros na empresa, é saber qual a composição dessas dívidas, ou seja, como

ela está distribuída pela empresa. Uma coisa é ter dívidas de curto prazo que

precisam ser pagas com os recursos possuídos hoje, mais aqueles gerados a curto

prazo; outra coisa e ter dívidas a longo prazo, pois, nesse caso, a empresa dispõe

de tempo para gerar recursos para pagar essas dívidas.

Vejamos como é a composição das dívidas na Empresa Exemplo:

2009 2010

Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077

Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865

Índice de Composição do

Endividamento: 81% 54%

Tais índices indicam que em 2009 a empresa tinha 81% (mais de 3/4) de

suas dívidas vencíveis a curto prazo e que em 2010 este percentual caiu para 54%

(quase metade), melhorando aquilo que se pode chamar perfil da dívida.

Graficamente, tem-se:

Page 25: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

24

31.12.2009 31.12.2010

7.4.3 Imobilização do patrimônio líquido

Indica quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $ 100 de

Patrimônio Líquido.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Fórmula:

Ativo Permanente x 100

Patrimônio Líquido

Exemplo:

2009 2010

Ativo Permanente 765.698 1.714.879

Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185

Índice de Imobilização

do PL: 71% 121%

ATIVO

CIRCULANTE

ATIVO

PERMANENTE

81

CURTO PRAZO

PL

19 LONGO PRAZO

PL

ATIVO

CIRCULANTE

ATIVO

PERMANENTE

54

CURTO PRAZO

46 LONGO PRAZO

PL

PL

Capitais de Terceiros

Page 26: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

25

Estes índices mostram que, em 2009, a empresa investiu no Ativo

Permanente importância equivalente a 71% do Patrimônio Líquido; em 2010, esse

percentual subiu para 121%.

Graficamente, pode-se visualizar a relação entre o Patrimônio Líquido e o

Ativo Permanente, inicialmente para 2009:

O índice de imobilização de 2009 mostra que 71% do Patrimônio Líquido

foram investidos no Ativo Permanente. Os restantes 29% acham-se aplicados no

Ativo Circulante. Essa parcela de 29% do Patrimônio Líquido é chamada de Capital

Circulante Líquido.

Assim, pode-se deduzir que:

Onde:

CCP = Capital Circulante Líquido

PL = Patrimônio Líquido

AP = Ativo Permanente

ATIVO

CIRCULANTE

PASSIVO

CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE –

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

71

PL

100

Capital Circulante Líquido

CCP = PL - AP

Page 27: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

26

Conclui-se, então que o CCP é uma parcela do Patrimônio Líquido

investida no Ativo Circulante.

As aplicações dos recursos do Patrimônio Liquido são mutuamente exclu-

sivas do Ativo Permanente e do Ativo Circulante. Quanto mais a empresa investir no

Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante e, em

consequência, maior será a dependência aos Capitais de Terceiros para o

financiamento do Ativo Circulante.

O Ideal, em termos financeiros, é a empresa dispor de Patrimônio Liquido

suficiente para cobrir o Ativo Permanente e ainda sobrar uma parcela (chamada

CCP = Capital Circulante Próprio) suficiente para financiar o Ativo Circulante. Por

suficiente entende-se que a empresa deve dispor da necessária liberdade de

comprar e vender sem precisar dispor constantemente de empréstimos bancários.

No caso da Empresa Exemplo Ltda., foi visto que, em 2009, ela imobilizou

71% do seu Patrimônio Liquido, destinando 29% para o Ativo Circulante. Para dizer

se imobilizou muito ou pouco, necessita-se de padrões de comparação. Por

enquanto, pode-se dizer que houve distribuição do Patrimônio Liquido entre os dois

grupos de aplicações, Ativo Permanente e Ativo Circulante, e que é lógico destinar a

menor proporção do Patrimônio Liquido para o Ativo Circulante, pois este conta com

varias fontes alternativas de financiamento, como fornecedores, salários, encargos,

impostos e bancos, enquanto são muito mais difíceis as fontes de financiamento do

Ativo Permanente.

Pelo exposto, conclui-se que quanto menor esse índice, melhor será a

situação financeira da empresa.

Veja, agora, o que aconteceu em 2010 na Empresa Exemplo Ltda.:

ATIVO

CIRCULANTE

PASSIVO CIRCULANTE

PNC - EXIGÍVEL A

LONGO PRAZO

121

ATIVO

PERMANENTE

100

PL

Financiamento do AP por Capitais de Terceiros

Insuficiência de PL ou

CCP negativo

Page 28: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

27

O índice de imobilização em 2010 é de 121%. Isto significa que para cada

$ 100 existentes de Patrimônio Líquido, a empresa aplicou $ 121 no Permanente,

seja, imobilizou todo o Patrimônio Liquido mais recursos de terceiros, equivalentes a

21 % do Patrimônio Liquido, pois mesmo que o Patrimônio Liquido crescesse 21 %,

ainda assim o Ativo Permanente o teria absorvido inteiramente.

Nesse caso, o Ativo Circulante é totalmente financiado por Capitais de

Terceiros, os quais financiam ainda uma parte do Ativo Permanente. Assim, a

empresa está em mãos de terceiros para o financiamento de seu giro comercial

(Ativo Circulante) e depende ainda desses mesmos terceiros para o financiamento

de uma parte do seu parque industrial (Ativo Permanente).

Independentemente dos padrões, pode-se dizer que a situação da

empresa industrial que chegou a esse nível de imobilização não é tranqüila.

O índice de imobilização do Patrimônio Líquido mostra que existe uma

ressalva à saúde financeira da empresa em 2010, mas não chega a revelar se há ou

não um comprometimento da mesma.

7.4.4 Imobilização de recursos não correntes

Indica que percentual de Recursos Não Correntes a empresa aplicou no

Ativo Permanente.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Fórmula:

Ativo Permanente x 100

Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo

Exemplo:

2009 2010

Ativo Permanente 765.698 1.714.879

PNC - Exigível a Longo Prazo 314.360 1.170.788

Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185

Recursos Não Correntes 1.385.221 2.577.973

Índice de Imobilização de

Recursos Não Correntes 55% 66%

Page 29: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

28

Estes índices mostram que a empresa destinou ao Ativo Permanente,

respectivamente, em 2009 e 2010, 55% e 66% dos Recursos Não Correntes.

Os elementos do Ativo Permanente têm vida útil que pode ser de 2, 5, 10

ou 50 anos. Assim, não é necessário financiar todo o Imobilizado com recurso

próprios. É perfeitamente possível utilizar recursos de longo prazo, desde que o

prazo seja compatível com o de duração do Imobilizado ou então que o prazo seja

suficiente para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas de longo

prazo.

Daí a lógica de comparar as aplicações fixas (Ativo Permanente) com os

Recursos Não Correntes (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo).

Uma consideração importante é que este índice não deve, em regra, ser

superior a 100%. Ainda que a empresa quase tenha necessidade de Ativo Circulante

(como é o caso das transportadoras), deve sempre existir um pequeno excesso de

Recursos Não Correntes, em relação às imobilizações, destinado ao Ativo

Circulante.

A parcela de Recursos Não Correntes destinada ao Ativo Circulante

denominada Capital Circulante Líquido (CCL).

O gráfico a seguir ilustra essas relações, para 2009:

55

ATIVO PERMANENTE

PL

PASSIVO CIRCULANTE

ATIVO CIRCULANTE

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

RE

CU

RS

OS

O

CO

RR

EN

TE

S

100

CCL

CCP

Page 30: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

29

A empresa destinou 55% dos Recursos Não Correntes para o Ativo

Permanente. Logo, 45% dos Recursos Não Correntes foram para o Ativo Circulante,

parcela esta que se denomina Capital Circulante Líquido (CCL).

O CCL representa a folga financeira a curto prazo, ou seja,

financiamentos de que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão cobrados

a curto prazo.

Como se observa no gráfico, o CCL é formado por duas parcelas: o

Capital Circulante Próprio e o Exigível a Longo Prazo.

Abaixo demonstra-se isso matematicamente:

CCL = PL + ELP – AP, ou

CCL = PL – AP + ELP

CCP

Isso implica que:

Onde:

CCL = Capital Circulante Líquido

CCP = Capital Circulante Próprio

PL = Patrimônio Líquido

AP = Ativo Permanente

ELP = Exigível a Longo Prazo

Portanto, a folga financeira de uma empresa deve-se aos recursos

próprios mais as exigibilidades de longo prazo investidas no Ativo Circulante.

Vejamos, agora, como foi o CCL de 2010:

CCL = CCP + ELP

Page 31: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

30

CCL

A empresa investiu 66% dos Recursos Não Correntes no Ativo

Permanente, destinando 34% para o Ativo Circulante. Observe-se, porém, que

esses Recursos Não Correntes destinados ao Ativo Circulante são constituídos

exclusivamente de Exigível a Longo Prazo. Como se viu anteriormente, a empresa

imobilizou recursos superiores ao Patrimônio Líquido, sendo esse excesso de

imobilização financiado pelo Exigível a Longo Prazo, que teve de cobrir sozinho o

Circulante Líquido.

Se a falta de Capital Circulante Próprio representa um fator negativo, a

empresa soube compensá-lo, constituindo um Capital Circulante Líquido através dos

financiamentos de longo prazo, conforme demonstrado a seguir.

2009 2010

Capital Circulante Líquido 619.523 863.094

Em síntese, dois aspectos são importantes em relação ao CCL:

A sua existência. A empresa deve imobilizar apenas parte dos

Recursos Não Correntes, destinando a outra parte (chamada CCL) ao

ATIVO CIRCULANTE

66

ATIVO PERMANENTE

PASSIVO CIRCULANTE

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PL

Insuficiência de PL = CCP negativo

100 Recursos

Não Correntes

Page 32: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

31

Ativo Circulante.

A sua composição. O CCL pode ser formado de Capital Próprio e de

Exigível a Longo Prazo. A curto prazo essa composição não afeta a

capacidade de pagamento. A longo prazo surgem as diferenças, visto

que o capital próprio não precisa ser pago, mas o exigível, sim.

Portanto, quanto maior a proporção de Capital Circulante Próprio,

melhor.

ANO CCL = CCP + ELP

2009 619.523 = 305.163 + 314.360

2010 863.094 = (307.694) + 1.170.788

Se o Capital Circulante Próprio ficar negativo, como aconteceu neste

exemplo, a empresa perde parte de sua liberdade financeira, mas isso não que dizer

que tenha obrigatoriamente complicações.

A insuficiência de Patrimônio Líquido, representada pelo Capital

Circulante Próprio negativo, pode ser corrigida com adequado financiamento de

longo prazo que suprima a necessidade de Circulante Líquido.

Se a empresa conseguir gerar recursos suficientes para o pagamento dos

financiamentos de longo prazo, talvez nem perceba a diferença entre ter e não ter

Capital Circulante Próprio. Aliás, em bons projetos de expansão, é plenamente

admissível o Capital Circulante Próprio ficar negativo. O risco, porém, está em a

empresa não gerar aqueles recursos e não conseguir pagar os financiamentos de

longo prazo. Neste caso sua saúde financeira fica abalada.

A diferença entre ter e não ter Capital Circulante Próprio é: quem tem bom

Capital Circulante Próprio goza da tranqüilidade de boa saúde financeira a curto e

longo prazo (a menos que a empresa sofra sérios prejuízos); quem não tem um bom

Capital Circulante Próprio precisa, a curto prazo, consertar a situação com

financiamentos e, a longo prazo, não pode ter certeza da manutenção da sua saúde

financeira.

Page 33: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

32

7.5 Liquidez

Os índices desse grupo mostram a base da situação financeira da

empresa.

Muitas pessoas confundem índices de liquidez com índices de

capacidade de pagamento.

Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que

comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do

confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuraram medir quão sólida e a

base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem

condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará,

obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como

prazo, renovação de dívidas, etc.

Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa

frente a suas obrigações. Sendo de grande importância para a administração da

continuidade da empresa, as variações destes índices devem ser motivos de

estudos para os gestores.

As informações para o cálculo destes índices são retiradas unicamente do

Balanço patrimonial, demonstração contábil que evidência a posição patrimonial da

entidade, devendo ser atualizadas constantemente para uma correta análise.

Atualmente estuda-se 4 (quatro) índices de liquidez:

7.5.1 Liquidez geral - LG

Indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo

Prazo para cada $ 1,00 de dívida total.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Fórmula:

A partir de 31.12.2008, em função da nova estrutura dos balanços

patrimoniais promovida pela MP 449/2008, a fórmula da liquidez geral será:

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo

Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

Page 34: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

33

7.5.2 Liquidez corrente - LC

Indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada $ 1,00 de

dívida no Passivo Circulante.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Fórmula:

Ativo Circulante

Passivo Circulante

Calculada a partir da razão entre os direitos a curto prazo da empresa

(caixas, bancos, estoques, clientes) e a as dívidas a curto prazo (empréstimos,

financiamentos, impostos, fornecedores).

No Balanço estas informações são evidenciadas respectivamente como

Ativo Circulante e Passivo Circulante.

2009 2010

Ativo Circulante 1.906.480 2.269.171

Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077

Liquidez Corrente 1,46 1,61

Nos dois exercícios, o Ativo Circulante é maior que o Passivo Circulante,

e isto significa que os investimentos no Ativo Circulante são suficientes para cobrir

as dividas de curto prazo e ainda permitir uma folga de 46% e 61%, respecti-

vamente, em 2009 e 2010.

A partir do resultado obtido podemos fazer a seguinte análise:

Resultado da Liquidez Corrente:

Maior que 1: Resultado que demonstra folga no disponível para

uma possível liquidação das obrigações.

Se igual a 1: Os valores dos direitos e obrigações a curto prazo

são equivalentes

Se menor que 1: Não haveria disponibilidade suficientes para

quitar as obrigações a curto prazo, caso fosse preciso.

Page 35: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

34

7.5.3 Liquidez seca - LS

Similar a liquidez corrente a Liquidez Seca exclui do cálculo os estoques,

por não apresentarem liquidez compatível com o grupo patrimonial onde estão

inseridos.

O resultado deste índice será invariavelmente menor ao de liquidez

corrente, sendo cauteloso com relação ao estoque para a liquidação de obrigações.

Indica quanto a empresa possui no Ativo Líquido para cada $ 1,00 de

dívida no Passivo Circulante (dívidas de curto prazo).

Interpretação: quanto maior, melhor.

Fórmula:

Ativo Circulante - Estoques

Passivo Circulante

Este índice é um teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de

excelência da sua situação financeira. De um lado, abaixo de certos limites, obtidos

segundo os padrões do ramo, pode indicar alguma dificuldade de liquidez, mas

raramente tal conclusão será mantida quando o índice de Liquidez Corrente for

satisfatório. De outro lado, o índice de Liquidez Seca conjugado com o índice de

Liquidez Corrente é um reforço à conclusão de que a empresa tem um bom índice

de liquidez.

7.5.4 Liquidez imediata

Índice conservador, considera apenas caixa, saldos bancários e

aplicações financeiras de liquidez imediata para quitar as obrigações. Excluindo-se

além dos estoques as contas e valores a receber. Um índice de grande importância

para análise da situação a curto-prazo da empresa.

Liquidez Imediata = Disponível/ Passivo

Circulante

Page 36: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

35

7.6 Análise dos índices

Para uma ampla e correta análise de liquidez da empresa é aconselhável

o estudo dos 4 índices de forma simultânea e comparativa, sempre observando

quais são as necessidades da empresa, qual o ramo do mercado em que ela está

inserida e quais as respostas que os gestores procuram ao calcular estes índices.

Um balanço patrimonial bem estruturado com a correta classificação das contas pela

contabilidade irá gerar índices de qualidade para uma melhor tomada de decisão

dos gestores.

7.7 Índices de rentabilidade

Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais

investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito

econômico da empresa.

Os índices de rentabilidade procuram evidenciar qual foi a rentabilidade

dos capitais investidos, ou seja, o resultado das operações realizadas por uma

organização, por isso, preocupam-se com a situação econômica da empresa.

Comparar o Balanço Patrimonial de duas diferentes empresas e dizer que

"A" gerou lucros de $ 72.000,00 no período de X1 e "B" de $ 121.000,00, no mesmo

período, e por isso "B" foi melhor que "A", pode ser um tanto arriscado.

Quando se trabalha com análise de rentabilidade, é imprescindível que a

verificação dos lucros esteja relacionada com valores que possam expressar a

"dimensão" destes lucros dentro das atividades da firma.

No caso dos índices de rentabilidade, assim como dos demais, dizer que

um indicador encontrado é alto ou baixo vai depender das características do

empreendimento, tais como segmento de mercado, porte, tempo de existência, etc.

Vale dizer, novamente, que o relacionamento das variáveis para a

construção de um índice dependerá da decisão a ser tomada ou do elemento a ser

analisado. De posse das demonstrações contábeis, a empresa pode construir

dezenas de índices, relacionando, a cada um, variáveis diferentes. No entanto, é o

fim pretendido que irá determinar o que analisar ou qual índice utilizar.

Page 37: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

36

7.7.1 Giro do ativo

Fórmula: Vendas Líquidas

Ativo

Indica quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total

Interpretação: quanto maior

O sucesso de uma empresa depende em primeiro lugar de um volume de

vendas adequado.

O volume de vendas tem relação direta corn o montante de investimentos.

Não se pode dizer se uma empresa esta vendendo pouco ou muito olhando-se

apenas para o valor absoluto de suas vendas. Uma empresa, por exemplo, que

vende $ 10.000.000 por mês tem vendas elevadas se o seu Ativo é de $ 5.000.000.

Certamente, suas vendas serão baixas se o Ativo for de 200.000.000.

Este índice mede o volume de vendas da empresa em relação ao capital

total investido. Demonstra quantas vezes o ativo girou como resultado ou efeito das

vendas ou quanto a empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total. É certo,

portanto, que quanto maior, melhor.

De início pode-se afirmar que o êxito de uma empresa depende de uma

série de fatores. No entanto, o volume adequado de vendas será, certamente, o

elemento impulsionador do sucesso. Por essa razão, é conveniente, na análise de

balanço, fazer relação do volume de vendas com outros fatores a fim de se conhecer

se o rendimento ou desempenho foi ou não satisfatório. Neste momento a

preocupação reside em verificar qual a representatividade do faturamento em

relação ao capital investido.

Observe-se o exemplo: se a empresa consegue um índice de Giro do

Ativo de 1,10 pode-se dizer que para cada $ 1,00 investido no Ativo a empresa

conseguiu vender $ 1,10, ou seja, o volume de vendas atingiu 1,10 vezes o volume

de investimentos.

Vale ressaltar que este índice é de extrema importância, isto porque a

firma investe capitais esperando um bom retorno, que normalmente começa a surgir

a partir do bom desempenho da área comercial. Desta maneira, é imprescindível

verificar se o que está sendo investido está sendo compensatório, em relação às

vendas.

Page 38: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

37

Exemplo:

2009 2010

Vendas 4.793.123 4.425.866

Ativo 2.726.178 3.984.050

Giro do Ativo 1,76 1,11

Observa-se que a empresa vendeu, em 2009, $ 1,75 para cada $ 1,00

investido, ou seja, o volume de vendas atingiu 1,75 vezes o volume de

investimentos.

Em 2010, houve queda acentuada do volume relativo de vendas: para

cada $ 1,00 investido a empresa vendeu $ 1,11.

Isto significa que a empresa passou a vender muito menos para cada $

1,11 investido em 2010, comparativamente a 2009, embora o valor absoluto das

vendas tenha crescido.

O desempenho comercial da empresa não manteve, em 2010, o mesmo

nível alcançado no ano anterior, o que pode ter diferentes causas:

Retração do mercado como um todo: o mercado passou a comprar

menos produtos, diminuindo as vendas de todas as empresas do ramo.

Perda da participação de mercado: a empresa perdeu mercado para

outros concorrentes que sabem vender melhor ou têm produtos mais

competitivos.

Estratégia da empresa: a empresa aumenta seus preços; dispõe-se a

vender menos, mas com margem de lucro maior, compensando assim

a queda das vendas. A vantagem dessa medida, quando bem-

sucedida, é manter ou aumentar o lucro, com muito menor volume e,

portanto, menor risco.

7.7.2 Margem líquida

Fórmula: Lucro Líquido x 100

Vendas Líquidas

Indica quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 vendidos

Interpretação: quanto maior, melhor

Page 39: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

38

Também denominado de Margem Operacional, evidencia qual foi o

retorno que a empresa obteve frente ao que conseguiu gerar de receitas. Em outras

palavras: quanto o que sobrou para a empresa representa sobre o volume faturado.

A análise é feita sob a forma de quanto a empresa obtém de lucro para

cada $ 100,00 vendidos, por isso, quanto maior, melhor.

Se, por exemplo, o índice é de 12,10, representa que para cada $ 100,00

vendidos a empresa conseguiu trazer um retorno de $ 12,10, ou 12,10%.

Exemplo:

2009 2010

Vendas 4.793.123 4.425.866

Lucro Líquido 223.741 167.116

Margem Líquida 4,66% 3,77%

Como podemos observar, houve considerável queda na margem de lucro

da empresa. O próprio valor absoluto do lucro líquido caiu, enquanto o valor absoluto

da vendas aumentou. Isto significa que a empresa auferiu menor lucro global e

ganhou muito menos por unidade vendida. Para cada $ 100 vendidos obteve $ 4,66

de lucro em 2009 e $ 3,77 em 2010.

7.7.3 Rentabilidade do ativo

Fórmula: Lucro Líquido x100

Ativo

Indica quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 de investimento

total.

Interpretação: quanto maior, melhor

A rentabilidade do ativo é calculada quando se deseja ter uma idéia da

lucratividade, como um todo, do empreendimento, venham de onde vierem os

recursos, admitindo-se as aplicações realizadas.

Este indicador mede quanto a empresa obtém de lucro para cada $

100,00 de investimento total, por isso, é visto como uma medida de potencial de

geração de lucro da parte da empresa. Este quociente representa uma medida da

capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. É ainda

uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano.

Page 40: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

39

Em uma empresa em que, após apurados o Lucro Líquido e o valor do

Ativo, verificar que a Rentabilidade deste Ativo tenha sido de 27,77, pode-se dizer

que para cada $100,00 investidos a empresa ganhou $ 27,77, ou 27,77%.

Este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Liquido em relação

ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. Não

é exatamente uma medida de rentabilidade do capital, mas uma medida da

capacidade da empresa em gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. E ainda

uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano.

Exemplo:

2009 2010

Lucro Líquido 223.741 167.116

Ativo 2.726.178 3.984.050

Rentabilidade do Ativo 8,20% 4,19%

Para cada $ 100 investidos, a empresa ganhou $ 8,20 em 2009 e $ 4,19

em 2010. Houve, portanto, apreciável queda na rentabilidade do Ativo de um

exercício para outro.

7.7.4 Rentabilidade do patrimônio líquido

Fórmula: Lucro Líquido x 100

Patrimônio Líquido Médio

Indica quanto a empresa obteve de lucro para cada $ 100 de Capital

Próprio investido.

Interpretação: quanto maior, melhor.

De início, é preciso dizer que o Patrimônio Líquido Médio consiste na

soma do Patrimônio Líquido Inicial com o Patrimônio Líquido Final, dividido por 2.

A verificação pura e simples do valor do lucro líquido de uma empresa

não é esclarecedora. É preciso comparar esse valor com o Capital Próprio investido.

Uma empresa com lucro líquido de $ 10.000 pode ter desempenho superior à outra

Page 41: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

40

cujo lucro líquido foi de $ 200.000, pois pode ser que a primeira tenha patrimônio

líquido, por exemplo, de $ 50.000 e a segunda, de $ 3.200.000. Ou seja:

10.000 = 20% 200.000 = 6,25%

50.000 3.200.000

O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual

a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada corn a de

outros rendimentos alternativos no mercado, como Caderneta de Poupança. CDBs,

Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos, etc. Com isso,pode-

se avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções.

Quando se precisa demonstrar o que ele representa, para o acionista, em

termos de $ adicionais ao seu investimento inicial, o índice de Rentabilidade do

Patrimônio Líquido é o mais indicado.

De outra forma: retrata quanto vai para o acionista do lucro gerado pelo

uso do ativo, quaisquer que tenham sido as fontes de recursos, próprias ou de

terceiros. Por esta razão, este quociente é de interesse tanto dos acionistas como da

gerência.

É importante observar que o cálculo da Rentabilidade do Patrimônio

Líquido permite saber quanto a administração, através do uso dos ativos, obteve de

rendimento com a respectiva estrutura de despesas financeiras, considerando-se o

nível de relacionamento percentual entre o capital próprio e o de terceiros.

Em última instância: evidencia qual a taxa de rendimento do Capital

Próprio.

Uma das grandes utilidades deste quociente está na sua comparação

com taxas de rendimento de mercado, sendo possível, por esta comparação, avaliar

se a firma oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções.

A apuração deste indicador vislumbrará, portanto, quanto a empresa

obteve de lucro para cada $ 100,00 de Capital Próprio investido. Uma taxa, por

exemplo, de 15,45 representa, então, que para cada $ 100,00 de Capital Próprio

investido se obteve um retorno de $ 15,45, ou 15,45%.

Exemplo:

Page 42: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

41

2009 2010

Lucro Líquido 223.741 167.116

PL inicial 821.827 1.070.861

PL final 1.070.861 1.407.185

PL médio 946.344 1.239.023

Rentabilidade do PL 23,64% 13,48%

Para cada $ 100 de Capital Próprio investido, a empresa conseguiu $

23,64 de lucro em 2009. A taxa de 23,64% é superior ao que oferecem os títulos de

mercado, que oscilam em torno de 6%. Normalmente, espera-se das empresas

rentabilidade superior à dos títulos de renda fixa; possuir o investimento na empresa

representa um capital de risco, ou seja, nada garante sua rentabilidade, que poderá

ser inclusive negativa.

Em 2010, entretanto, ocorreu queda acentuada na rentabilidade da

empresa.

A rentabilidade empresarial, porém, é assim mesmo: em um ano acima

das taxas de mercado, em outro abaixo e em outro, em torno delas.

7.8 Índices de avaliação de ações

Diferentemente dos índices de avaliação de situação econômica e

financeira, os índices de avaliação de ações objetivam avaliar exclusivamente a

viabilidade de investimentos em ações de determinada empresa.

Os índices de Ações tomam em conta dados obtidos das negociações de

ações nas Bolsas de Valores — como cotação, negociabilidade de ações — e dados

das Demonstrações Contábeis.

A análise através de Índices de Ações serve para mostrar elementos

qualitativos e objetos a respeito de ações. Entretanto, o mercado acionário é

extremamente complexo, no qual interferem inúmeros fatores de ordem conjuntural,

psicológica, monetária etc.

Assim, a análise de ações através dos índices é apenas um dos múltiplos

aspectos a serem levados em conta na avaliação de ações.

Page 43: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

42

7.8.1 Visão geral dos índices de ações

Os Índices de Bolsa podem ser agrupados em 3 (três) categorias:

Índices de avaliação patrimonial.

Índices de avaliação econômica das ações.

Índices de avaliação monetária das ações.

Faz parte da primeira categoria o índice de Valor Patrimonial de Ações

(VPA), o qual mostra quanto vale cada ação em termos de patrimônio líquido, ou

seja, que fatia do patrimônio líquido cabe a cada ação.

A idéia desse índice é muito simples: a empresa possui um patrimônio

líquido que pertence a seus acionistas segundo a quantidade de ações possuídas.

Daí calcula-se quanto do patrimônio líquido cabe a cada ação. Entretanto, o valor de

uma ação no mercado pouco tem que ver com o valor do patrimônio líquido da ação,

mas muito mais com a capacidade de geração de lucros e dividendos.

Os índices de avaliação econômica procuraram mostrar, sob diversos

ângulos, qual o lucro do acionista.

Primeiramente, o índice de Lucro por Ação (LPA) indica quanto do lucro

da empresa corresponde a cada ação e é expresso pela fórmula:

Lucro Líquido

quantidade de ações

Este índice isolado, entretanto, pouco significa, pois é preciso saber

quanto o investidor pagou pela ação, já que o seu preço flutua livremente de acordo

corn as forças de mercado.

Os dois índices seguintes, Preço sobre Lucro por Ação (Preço-Lucro) e

Rentabilidade da Ação (Lucro-Preço) mostram exatamente a relação entre o lucro

por ação e o preço desta no mercado. Destes dois, o Preço sobre Lucro por Ação

mostra quantos anos o investidor deve esperar para conseguir acumular um lucro

por ação igual ao investimento efetuado.

O segundo, Rentabilidade da Ação, mostra qual o percentual anual de

rentabilidade investidor. Esta taxa, em principio, seria comparável ao de outros

rendimentos do mercado.

Page 44: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

43

Ocorre, porém, que, enquanto em qualquer rendimento de aplicação de

capital o investidor realiza o seu lucro em dinheiro, nos investimentos em ações, o

lucro fica retido na empresa em sua maior parte.

A Lei das Sociedades Anônimas. permite que os dividendos sejam pagos

conforme esteja fixado no estatuto, como porcentagem do lucro ou do capital, desde

que não sujeite os acionistas minoritários ao arbítrio da maioria.

Assim, o investidor só consegue realizar monetariamente uma parte dos

lucros que a empresa auferiu. Por isso, são muito importantes os índices de

avaliação monetária das ações, que constituem a terceira categoria dos Índices de

Ações.

Inicialmente, há o índice de Dividendo por Ações (DPA) que mostra

quanta cada ação rende em termos monetários embolsados pelo proprietário.

Em seguida surge o índice de Retorno de Caixa (RC) que mostra quanto

o investidor recebe em dinheiro para cada $ 100 investidos na aquisição de ações.

Este índice demonstra a relação dividendo-preço.

O último índice mostra qual a relação entre o lucro do acionista e aquilo

que recebe monetariamente da empresa, ou seja, quanto por cento o seu lucro é

convertido em moeda. É o chamado índice de Relação Retorno de

Caixa/Rentabilidade da Ação.

Este índice é de grande importância para o entendimento do que é o

investimento em ações. O investimento em ação, em circunstâncias normais, deve

ser o de maior rentabilidade entre as opções de aplicação em títulos no mercado.

O investimento em ação é o único a participar diretamente dos resultados

das empresas (as quais são agentes geradores de riquezas na economia). Os

demais investimentos como: Letras de Câmbio, CDB, RDB, Debêntures etc.,

captados pelas instituições financeiras, também vão parar nas empresas, mas têm

remuneração fixa.

O normal é que uma empresa tome empréstimos e financiamentos para

investir em seus negócios e pague por eles menos do que o lucro gerado com a sua

aplicação, pois do contrário não tomaria recursos.

A atividade de qualquer empresa envolve a incerteza do lucro e pode ser

que em determinadas épocas até ocorram prejuízos. A longo prazo, espera-se que

os lucros empresariais cubram os eventuais prejuízos e suplantem a taxa de

remuneração dos investimentos em países de renda fixa. Para minimizar os riscos

Page 45: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

44

de investir em ações de empresas deficitárias, o investidor tem a possibilidade de

fazer uma carteira de ações, ou seja, um conjunto de ações de diferentes empresas,

de tal sorte que o prejuízo eventual de alguma delas seja compensado com o lucro

de outras.

Quando o investidor compra ações novas, a sua poupança vai direto para

as empresas que são as geradoras de bens e serviços na economia, evitando as

instituições financeiras, que são apenas intermediários.

7.8.2 Principais índices de ações

A seguir são apresentados os principais Índices de Ações, ilustrados

numericamente, considerando os seguintes dados:

2009 2010

Capital Social Realizado 7.000.000 16.000.000

Ações Ordinárias 350.000 800.000

Ações Preferenciais 350.000 800.000

Total de Ações 700.000 1.600.000

Patrimônio Líquido 11.218.000 23.094.000

Lucro Líquido 1.311.000 2.822.000

Cotação Média das Ações 7,20 5,50

Dividendos Pagos 327.750 705.500

Os índices são apresentados a seguir:

7.8.2.1 Valor patrimonial das ações (VPA)

Indica a relação entre o Patrimônio Líquido e o número de ações do

Capital Realizado, e mostra a representatividade de uma ação perante o Patrimônio

Líquido da empresa.

Fórmula:

Patrimônio Líquido

Número de Ações

Exemplo:

Page 46: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

45

2009 2010

Patrimônio Líquido 11.218.000 23.094.000

Número de Ações 700.000 1.600.000

VPA 16,03 14,43

7.87.2.2Lucro por Ação

Indica quanto do lucro obtido corresponde a cada ação.

Fórmula:

Lucro Líquido

Nº de Ações

OBS: este índice deve ser obrigatoriamente apresentado pelas Sociedades por

Ações, após o Lucro Líquido na Demonstração do Resultado.

Exemplo:

2009 2010

Lucro Líquido 1.311.000 2.822.000

Número de Ações 700.000 1.600.000

LPA 16,03 1,76

7.8.2.3 Preço sobre lucro por ação

Indica em quanto tempo o investidor obteria o retomo do capital aplicado

na aquisição de ações se mantido o lucro por ação verificado no último exercício.

Fórmula:

Valor da Cotação da Ação

Lucro por Ação (LPA)

Exemplo:

2009 2010

Page 47: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

46

Valor da Cotação 7,20 5,50

Lucro por Ação 1,87 1,76

Preço sobre Lucro por Ação 3,85 (anos) 3,125 (anos)

7.8.2.4 Rentabilidade de ação

Indica quanto, em valor monetário, o investidor terá de ganho anual para

cada $ 100 investidos na aquisição de ações ao preço de mercado.

Fórmula:

Lucro por Ação – LPA x 100

Valor da Cotação da Ação

Exemplo:

2009 2010

Lucro por Ação 1,87 1,76

Preço da Cotação 7,20 5,50

Preço sobre Lucro por Ação 26% 32%

7.8.2.5 Dividendo por ação (DPA)

Indica quanto de lucro distribuído cabe a cada ação.

Fórmula:

Dividendos pagos

Número de ações

Obs: a apresentação deste índice é obrigatória às Sociedades por Ações, que

deverão incluí-lo na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Exemplo:

2009 2010

Dividendo 327.750 705.000

Números de Ações 700.000 1.600.000

DPA 0,468 0,440

Page 48: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

47

7.8.2.6 Retorno de caixa

Indica quanto efetivamente o acionista embolsa para cada $ 100

investidos na aquisição de ações segundo sua cotação.

Fórmula:

Dividendo por Ação x 100

Cotação da Ação

Exemplo:

2009 2010

Dividendo por ação 0,468 0,440

Preço da Cotação 7,20 5,50

Retorno de Caixa 6,50% 8%

7.8.2.7 Relação retorno de caixa/rentabilidade das ações

Indica, percentualmente, quanto da rentabilidade da ação é convertida em

reembolso de caixa.

Fórmula:

Índice de Retorno de Caixa x 100

Índice de Rentabilidade da Ação

Exemplo:

2009 2010

Índice Retorno de Caixa 0,065 0,08

Índice de Rentabilidade da Ação 0,26 0,32

Caixa/Rentabilidade das Ações 25% 25%

Page 49: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

48

8 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - DFC

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório

obrigatório pela contabilidade para todas as sociedades de capital aberto ou com

patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Esta obrigatoriedade vigora desde 01.01.2008, por força da Lei

11.638/2007, e desta forma torna-se mais um importante relatório para a tomada de

decisões gerenciais. A Deliberação CVM 547/2008 aprovou o Pronunciamento

Técnico CPC 03, que trata da Demonstração do Fluxo de Caixa.

De forma condensada, esta demonstração indica a origem de todo o

dinheiro que entrou no caixa em determinado período e, ainda, o Resultado do Fluxo

Financeiro.

Assim como a Demonstração de Resultados de Exercícios, a DFC é uma

demonstração dinâmica e também está contida no balanço patrimonial.

A Demonstração do Fluxo de Caixa irá indicar quais foram às saídas e

entradas de dinheiro no caixa durante o período e o resultado desse fluxo.

8.1 Apresentação do relatório de fluxo de caixa

Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser

incorporado às demonstrações contábeis tradicionalmente publicadas pelas

empresas.

Basicamente, o relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três

grandes áreas:

I - Atividades Operacionais;

II - Atividades de Investimento;

III - Atividades de Financiamento.

As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e gastos

decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de serviços da

empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante líquido da empresa.

As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no Realizável a

Longo Prazo, em Investimentos, no Imobilizado ou no Intangível, bem como as

entradas por venda dos ativos registrados nos referidos subgrupos de contas.

Page 50: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

49

As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do Passivo

Não Circulante e do Patrimônio Líquido. Devem ser incluídos aqui os empréstimos e

financiamentos de curto prazo.

As saídas correspondem à amortização destas dívidas e os valores pagos

aos acionistas a título de dividendos, distribuição de lucros.

O fluxo de caixa é evidenciado através da Demonstração de Fluxo de

Caixa (DFC), uma demonstração de grande importância na análise da empresa,

porque evidencia as modificações ocorridas nas disponibilidades da entidade (Caixa

e Bancos Conta Movimento, principalmente).

Note que, apesar do nome, a DFC não evidencia apenas as mudanças

na conta Caixa, mas em todas as contas de disponibilidades.

8.2 Equivalente-caixa

Um conceito importante é o de equivalente-caixa, que corresponde às

Aplicações de Liquidez Imediata, conta integrante do disponível da empresa, e que

representa as aplicações que podem ser resgatadas imediatamente, apresentando,

portanto, baixo risco de alteração de seu valor.

Sabemos que a Contabilidade calcula o resultado do exercício segundo o

regime de competência (resultado econômico). Assim, na Demonstração do

Resultado do Exercício (DRE), as receitas e despesas apresentadas lá figuram

porque seus fatos geradores ocorreram, independentemente de ter havido

pagamento ou recebimento, isto é, saída ou entrada de numerário no Caixa (Caixa

em sentido amplo, significando Caixa ou Bancos Conta Movimento).

O resultado apurado pelo regime de caixa (resultado financeiro) pode ser

diferente do resultado econômico. O fluxo de caixa não é necessariamente

coincidente com o fluxo econômico, sendo normalmente diferente.

Por exemplo, a empresa pode apurar lucro econômico (apresentado na

DRE), e prejuízo financeiro (evidenciado na DFC). Vejamos o caso abaixo:

DRE da Companhia ALFA em 31/12/2010:

Vendas à vista 20.000

Vendas a prazo 50.000

(-) CMV (40.000)

Page 51: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

50

(=) Lucro Bruto 30.000

(-) Depreciação (2.000)

(-) Amortização (2.000)

(-) Outras Despesas Operacionais (6.000)

(=) Lucro Operacional 20.000

(-) Imposto de Renda (5.000)

(=) Lucro Líquido 15.000

Observações:

1) Não havia estoque inicial e todas as mercadorias adquiridas no período foram

vendidas.

2) Metade das compras só serão pagas em 31/01/2011.

3) O IR será recolhido até 31/03/2011.

Observamos que houve lucro econômico de 15.000, mas quanto desse

valor entrou efetivamente em Caixa?

Será que o fluxo de caixa (financeiro) acompanhou o fluxo econômico?

Note que apenas 20.000 de vendas foram recebidos (vendas à vista).

Além disso, existem despesas que, embora incorridas, como a depreciação e a

amortização, não geraram diminuição do Caixa.

O exemplo informa, ainda, que apenas metade das compras foram pagas,

e que o imposto de renda só será recolhido em fins de março de 2011.

Pelo regime de caixa, teríamos:

Vendas recebidas 20.000

(-) Compras pagas (20.000)

(-) Despesas Pagas (6.000)

(=) Prejuízo Financeiro (6.000)

Como os estoques inicial e final eram iguais a zero (observação 1),

concluímos que o valor do CMV corresponde ao valor das compras no período (CMV

= EI + C – EF).

Page 52: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

51

Veja que, embora tenha havido, em 2010, resultado econômico positivo

de 15.000, o resultado financeiro da empresa foi de 6.000, negativo.

Este resultado financeiro é evidenciado na Demonstração de Fluxo de

Caixa, daí a grande importância desta demonstração na análise da situação

financeira de uma empresa.

A DFC representa, assim, as entradas e saídas de dinheiro em Caixa

(sentido amplo), especificando a razão destes fluxos de numerário.

Doutrinariamente, costuma se classificar os fluxos de caixa em 3 (três)

grupos:

Fluxos das Operações

Fluxos dos Financiamentos

Fluxos dos Investimentos

Vejamos cada um deles:

Os fluxos das operações são os decorrentes das atividades operacionais

da empresa, ou seja, decorrentes da exploração do objeto social da empresa, como

os recebimentos de vendas de mercadorias ou de prestações de serviços, o

pagamento de fornecedores, de salários, de impostos decorrentes das vendas e de

outras despesas operacionais.

Os fluxos dos financiamentos são referentes aos empréstimos e

financiamentos captados pela empresa, incluindo o recebimento dos empréstimos e

o desembolso feito nas amortizações de tais dívidas. Neste grupo, incluem-se,

também, os recursos recebidos dos sócios (integralizações de capital em dinheiro) e

os dividendos pagos aos acionistas.

Os fluxos dos investimentos estão ligados aos desembolsos referentes

às aquisições de ativos imobilizados, que são utilizados na produção de bens e

serviços, de investimentos em outras sociedades, bem como os recebimentos na

alienação desses ativos. Incluem, ainda, os desembolsos relativos à concessão de

empréstimos a terceiros e os recebimentos na amortização desses empréstimos.

8.3 Métodos de elaboração

Quanto aos métodos de elaboração da DFC, existem dois métodos:

Método Direto

Page 53: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

52

Método Indireto ou da Reconciliação

As diferenças entre os dois métodos referem-se apenas à forma de

evidenciação dos fluxos das atividades operacionais.

Os fluxos das atividades de financiamento e das atividades de

investimento são demonstrados de igual maneira nos dois métodos.

8.3.1 Método direto

No modelo direto, os fluxos operacionais são evidenciados pela análise

direta das entradas e saídas de dinheiro em Caixa e Bancos. São evidenciados,

portanto, todos os pagamentos e recebimentos feitos no período.

A DFC é elaborada a partir da análise do Balanço Patrimonial e da

Demonstração do Resultado do Exercício.

Vejamos um exemplo:

DRE da Companhia BETA em 31/12/2010:

Vendas 3.000

(-) CMV (1.600)

(=) Lucro Bruto 1.400

(-) Despesas Operacionais (900)

(=) Lucro Operacional 500

(-) Provisão para IR (200)

(=) Lucro Líquido 300

Balanço Patrimonial da Companhia BETA em 31/12/2010:

ATIVO PASSIVO

2004 2005 2004 2005

Ativo Circulante Passivo Circulante

Caixa 150 100 Fornecedores 300 600

Clientes 600 900 Empréstimos 400 600

Estoques 550 700 Provisão para IR 200 400

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Page 54: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

53

RLP

Títulos a Receber 100 100 Financiamentos 500 100

Investimentos 400 600 Patrimônio Líquido

Imobilizado 600 600 Capital Social 1.000 1.000

Intangível 100 100 Lucros Acumulados 100 400

Total 2.500 3.100 Total 2.500 3.100

Observe que o lucro econômico da Companhia BETA foi de 300, mas as

disponibilidades sofreram uma redução de 50 (conta Caixa em destaque no

Balanço).

A DFC mostrará a razão disso.

Inicialmente, devemos calcular o montante de vendas que foi recebido e

o valor das compras que foi efetivamente pago. Iniciemos com as vendas.

Um bom artifício é considerar que todas as vendas foram feitas a prazo,

transitando inicialmente, portanto, pela conta Clientes. Pela análise da variação da

conta Clientes, calculamos o valor das vendas efetivamente recebidas:

600 (saldo inicial) + 3.000 (vendas) – X (recebimentos de vendas) = 900, isto implica

dizer que X = 2.700 (vendas efetivamente recebidas).

Para achar o valor pago pelas compras, devemos primeiramente calcular o valor

total das compras do período. Para isso, utilizamos a fórmula do CMV:

CMV = EI + C – EF

1.600 = 550 + C – 700

C = 1.750

Resta saber que parcela destas compras (1.750) foi efetivamente paga.

Utilizaremos o mesmo procedimento utilizado para as vendas, isto é, considerar que

todas as compras foram feitas a prazo.

Analisemos a variação da conta Fornecedores:

300 (saldo inicial) + 1.750 (compras) – Y = 600, isto implica dizer que Y = 1.450

(compras efetivamente pagas).

Page 55: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

54

Analisemos agora as despesas operacionais constantes da DRE.

Terão sido elas realmente pagas ou apenas incorridas? Observando o

Passivo Circulante da Companhia BETA, não notamos o surgimento de novas

contas de Despesas a Pagar. Isso significa que todas as despesas operacionais

foram efetivamente pagas. Caso houvesse alguma conta de obrigação decorrente

de despesas não pagas, seu saldo seria subtraído do valor total das despesas

incorridas, evidenciando o valor efetivamente pago.

Note também que a Provisão para o IR ainda não foi paga, figurando

como obrigação no Balanço Patrimonial (aumento de 200 no saldo da conta). Assim,

este valor não aparecerá na DFC.

Observando a conta Empréstimos, percebemos também o aumento de

200 em seu saldo, o que representa nova entrada de dinheiro nas disponibilidades.

Verifiquemos agora os grupos Não Circulantes. Nota-se que houve

redução de 400 no saldo da conta Financiamentos evidenciando a amortização

desta obrigação com conseqüente redução das disponibilidades.

No Ativo Permanente, percebemos, ainda, o aumento de 200 dos

Investimentos, indicando aquisição de novas participações, o que evidencia

desembolso de Caixa.

Em relação à variação da conta Lucros Acumulados (aumento de 300),

trata-se do ingresso do Lucro Líquido do exercício. Os efeitos do lucro líquido nas

disponibilidades já foram analisados por meio dos raciocínios acima.

Estamos agora em condições de elaborar a DFC pelo método direto. Eis

como seria apresentada a demonstração:

DFC da Companhia BETA em 31/12/2010:

Saldo Inicial das Disponibilidades: 150

Atividades Operacionais:

(+) Recebimento de Vendas 2.700

(-) Pagamento de Compras (1.450)

(-) Pagamento de Despesas Operacionais (900)

(=) Caixa Gerado pelas Operações 350

Page 56: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

55

Atividades de Financiamentos:

(+) Empréstimos Bancários 200

(-) Amortização de Financiamentos (400)

(=) Caixa Gerado pelos Financiamentos (200)

Atividades de Investimentos:

(-) Aquisição de novos Investimentos (200)

(=) Caixa Gerado pelos Investimentos (200)

Variação Total das Disponibilidades: (50)

Saldo Final das Disponibilidades: 100

Observamos que houve um prejuízo financeiro de 50 e que o mesmo foi

decorrente da soma algébrica dos valores de Caixa gerados pelos fluxos das

operações, dos financiamentos e dos investimentos (350 – 200 – 200).

Vimos, portanto, que, embora tenha apurado lucro líquido no exercício, a

Companhia BETA amargou um fluxo de caixa negativo, isto é, uma redução em suas

disponibilidades, principalmente em função da amortização dos financiamentos (400)

e da aquisição de novos investimentos (200).

Assim, a DFC explica a razão da diferença entre o resultado econômico e

o resultado financeiro da empresa, sendo um demonstrativo importantíssimo na

análise da situação financeira da entidade.

8.3.2 Método indireto

A diferença entre o modelo indireto e o modelo direto da DFC está apenas

na evidenciação dos fluxos gerados pelas operações. Não há diferença no que diz

respeito aos fluxos gerados pelos financiamentos e pelos investimentos.

Para exemplificar o método, partiremos do mesmo exemplo anterior, e

depois faremos a comparação entre os métodos:

DRE da Companhia BETA em 31/12/2010:

Page 57: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

56

Vendas 3.000

(-) CMV (1.600)

(=) Lucro Bruto 1.400

(-) Despesas Operacionais (900)

(=) Lucro Operacional 500

(-) Provisão para IR (200)

(=) Lucro Líquido 300

ATIVO PASSIVO

2004 2005 2004 2005

Ativo Circulante Passivo Circulante

Caixa 150 100 Fornecedores 300 600

Clientes 600 900 Empréstimos 400 600

Estoques 550 700 Provisão para IR 200 400

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

RLP

Títulos a Receber 100 100 Financiamentos 500 100

Investimentos 400 600 Patrimônio Líquido

Imobilizado 600 600 Capital Social 1.000 1.000

Intangível 100 100 Lucros Acumulados 100 400

Total 2.500 3.100 Total 2.500 3.100

Veja que o lucro econômico da Companhia BETA foi de 300, mas as

disponibilidades sofreram uma redução de 50 (conta Caixa), evidenciando prejuízo

financeiro.

A DFC, como já foi dito, evidencia as causas deste fato.

Para evidenciar as atividades operacionais no método indireto,

partimos do lucro líquido do exercício da DRE, isto é, partimos do resultado

econômico da companhia.

Após sucessivos ajustes, chegamos ao mesmo valor de fluxo gerado

pelas operações apresentado no modelo direto. Por isso é chamado também de

método da reconciliação.

Page 58: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

57

O método indireto não apresenta diretamente as variações nas

disponibilidades (daí o nome indireto), mas efetua a análise por meio das variações

ocorridas nas demais contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante.

Ao partir do lucro líquido do exercício, estamos considerando que todo o

lucro ingressou no Caixa, o que já sabemos não ser verdade. Assim, os ajustes

servem para adequar o resultado econômico ao resultado financeiro.

Analisemos as variações nas contas do Ativo Circulante: o aumento de

300 no saldo de Clientes significa que houve entradas referentes a vendas a prazo

nesta conta em montante superior às saídas devidas aos recebimentos de vendas.

Assim, o valor de 300 representa numerário que deixou de entrar no Caixa. Veja o

exemplo a seguir:

600 (saldo inicial) + 3.000 (vendas) – X (recebimentos de vendas) = 900, isto implica

dizer que X = 2.700 (vendas efetivamente recebidas).

O método indireto parte da idéia inicial de que todo o valor das vendas

teria sido recebido. Assim, inicialmente a DFC consideraria como entrada de

recursos em Caixa o valor de 3.000. Entretanto, observando o cálculo acima, já

exposto anteriormente, vemos que apenas 2.700 foram efetivamente recebidos. Os

outros 300 permaneceram na conta Clientes, aumentando seu saldo de 600 para

900.

Podemos dizer, assim, que o aumento do saldo da conta Clientes

representa numerário que deixou de entrar no Caixa, representando um ajuste

negativo no lucro líquido da DRE, para se chegar à parcela do resultado econômico

que efetivamente afetou as disponibilidades.

Observando agora a conta Estoques, podemos raciocinar que o aumento

de 150 nesta conta foi devido a compras efetuadas no período, o que reduz o Caixa,

configurando, portanto, novo ajuste negativo ao lucro líquido do exercício na DFC.

Caso ocorresse o contrário, isto é, a variação no saldo das contas do

Ativo Circulante fosse negativa, isso representaria entrada de numerário no Caixa.

Em relação às contas do Passivo Circulante, ocorre o raciocínio inverso.

Analisemos a conta Fornecedores, sabendo que as compras do período foram de

1.750:

Page 59: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

58

300 (saldo inicial) + 1.750 (compras) – Y = 600, isto implica dizer que Y = 1.450

(compras efetivamente pagas).

O método indireto considera que, inicialmente, todo o resultado líquido

afetou o Caixa, para depois fazer os ajustes necessários. Assim, todo o valor de

compras seria considerado como pago, o que reduziria o Caixa em 1.750.

Entretanto, observamos no cálculo acima, também já exposto

anteriormente, que, dos 1.750 de compras, apenas 1.450 foram efetivamente pagos.

O valor restante de 300 permaneceu na conta Fornecedores, sendo responsável

pelo aumento do saldo desta conta.

Dizemos, então, que o aumento do saldo da conta Fornecedores

representa numerário que deixou de sair do Caixa, representando um ajuste positivo

no lucro líquido da DRE, para se chegar à parcela do resultado econômico que

efetivamente afetou as disponibilidades.

Em resumo, o raciocínio a ser adotado, no método indireto, é o seguinte:

Aumento Redução

Contas do AC Redução do Caixa (desembolso) Aumento do Caixa (recebimento)

Contas do PC Aumento do Caixa (não pagamento) Redução do Caixa (pagamento)

É bom ressaltar que estes aumentos e reduções citados na tabela acima

são calculados a partir do lucro líquido do exercício, pelo fato da DFC ser elaborada

pelo método indireto, considerado inicialmente como composto apenas de despesas

efetivamente pagas e receitas efetivamente recebidas, para depois sofrer os ajustes.

Vejamos, então, como ficaria a DFC elaborada pelo método indireto:

DFC da Companhia BETA em 31/12/2010:

Saldo Inicial das Disponibilidades: 150

Atividades Operacionais:

(+) Lucro Líquido do Exercício 300

(-) Aumento de Clientes (300)

(-) Aumento de Estoques (150)

Page 60: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

59

(+) Aumento de Fornecedores 300

(+) Aumento de Provisão para IR 200

(=) Caixa Gerado pelas Operações 350

Atividades de Financiamentos:

(+) Empréstimos Bancários 200

(-) Amortização de Financiamentos (400)

(=) Caixa Gerado pelos Financiamentos (200)

Atividades de Investimentos:

(-) Aquisição de novos Investimentos (200)

(=) Caixa Gerado pelos Investimentos (200)

Variação Total das Disponibilidades: (50)

Saldo Final das Disponibilidades: 100

Note que o aumento na conta Empréstimos, apesar de corresponder a

conta do Passivo Circulante, foi evidenciado nos Fluxos de Financiamentos, por se

tratar de fluxo de Caixa desta natureza, não devendo figurar nos fluxos operacionais.

Fazendo-se a comparação entre a DFC elaborada pelo método direto e

esta DFC, elaborada pelo método indireto, verificamos que ambos os métodos

chegam à conclusão de que as operações foram responsáveis por um aumento de

350 nas disponibilidades.

Embora os caminhos adotados tenham sido diferentes, a conclusão a que

se chegou foi exatamente a mesma.

O quadro abaixo demonstra a estrutura da DFC pelos dois métodos:

Page 61: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

60

Método Direto Método Indireto

Fluxo de caixa das atividades operacionais

Fluxo de caixa das atividades operacionais

Recebimentos de clientes Resultado Líquido

Dividendos recebidos (±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa

Juros recebidos (+) Depreciação e amortização

Recebimentos por reembolso de seguros (+) Provisão para devedores duvidosos

Recebimentos de lucros de subsidiárias (±) Resultado na venda do imobilizado

Pagamentos a fornecedores (±) Aumento ou diminuição de contas a receber

Pagamentos de salários e encargos (±) Aumento ou diminuição de estoques

Imposto de renda pago (±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas

Juros pagos (±) Aumento ou diminuição de passivos

Outros recebimentos ou pagamentos líquidos

(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes

Caixa Líquido das Atividades Operacionais (=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais

Fluxo de caixa das atividades de investimentos Alienação de imobilizado Fluxo de caixa das atividades de

investimentos Alienação de investimentos (+) Alienação de imobilizado

Aquisição de imobilizado (+) Alienação de investimentos

Aquisição de investimentos (-) Aquisição de imobilizado

Caixa Líquido das Atividades de Investimentos

(-) Aquisição de investimentos

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

(=) Caixa Líquido das Atividades de Investimentos

Integralização de capital

Juros recebidos de empréstimos Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

Empréstimos tomados (+) Integralização de capital

Aumento do capital social (+) Juros recebidos de empréstimos

Pagamento de leasing (principal) (+) Empréstimos tomados

Pagamentos de lucros e dividendos (+) Aumento do capital social

Juros pagos por empréstimos (-) Pagamento de leasing (principal)

Pagamentos de empréstimos/debêntures (-) Pagamentos de lucros e dividendos

Caixa Líquido das atividades de financiamentos

(-) Juros pagos por empréstimos

Aumento ou redução de Caixa Líquido (-) Pagamentos de empréstimos/debêntures

Saldo de Caixa – Inicial (=) Caixa Líquido das atividades de financiamentos

Saldo de Caixa – Final (=) Aumento ou redução de Caixa Líquido

Page 62: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

61

8.4 Análise da demonstração do fluxo de caixa

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO

(em milhares de reais)

2002 2001

ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro líquido do exercício 58.342 92.964

Ajustes para reconciliar o lucro líquido com o caixa gerado pelas operações

. Depreciação e amortização 65.930 60.436

. Variações monetárias de longo prazo (81.975) (27.968)

. Juros de longo prazo (45.017) (38.945)

. Perdas do ativo permanente 2.191 4.352

. Créditos fiscais de longo prazo a compensar (101.179) (25.526)

. Imposto de renda e contrib. social diferidos 50.136 34.918

. Ajuste de títulos a valor de mercado (376) (1.402)

.Provisão para contingência tributária – item extraordinário 218.257 0

. Provisão para créditos de liqüidação duvidosa 1.602 8.552

.Reversão de provisão passiva (20.878) 0

. Complemento aposentadoria especial – SB 40 4.704 21.158

Subtotal 151.737 128.539

(Acréscimos) decréscimos nos ativos operacionais financeiros

. Concessionários e permissionários do serviço público de energia elétrica (167.286) (90.168)

. Créditos de energia renegociados (18.131) (5.322)

. Devedores diversos (1.988) (1.891)

. (-) Provisão para créditos de liquidação duvidosa 46 415

. Desativações, alienações e serviços em curso 5.827 9.897

. Tributos a compensar 5.388 3.409

. Almoxarifado (1.331) 36

. Outros créditos 9.598 7.308

Subtotal (167.877) (76.316)

Acréscimos(decréscimos) nos passivos operacionais financ.

. Fornecedores 120.204 127.005

. Folha de pagamento 1.088 946

. Empréstimos e financiamentos 6.675 (404)

. Tributos e contribuições sociais 5.263 (134)

. Reserva global de reversão (983) 782

Obrigações estimadas (2.875) (94)

. Provisões para contingências 1.695 5.351

. Entidade de previdência complementar (15.225) 7.603

. Outros passivos 11.216 (4.223)

Subtotal 127.058 136.832

Recursos provenientes das atividades operacionais 110.918 189.055

ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO

Empréstimos e financiamentos 35.000 6.185

Juros sobre capital próprio (25.197) (30.322)

Realizáveis a longo prazo transferidos para o circulante 84.164 52.539

Transferência de bens do ativo permanente para o circulante 10.475 3.953

Recursos provenientes das (aplicados nas) atividades de financiamento 104.442 32.355

ATIVIDADES DE INVESTIMENTO

Aquisição de ativo imobilizado em curso (182.549) (222.928)

No realizável a longo prazo (12.120) (229)

Exigíveis a longo prazo transferidos para o circulante (7.103) (17.077)

Investimento em outros ativos permanentes (78) (79)

Recursos provenientes das (aplicados nas) atividades de investimento (201.850) (240.313)

Aumento (redução) no caixa e equivalentes de caixa 13.510 (18.903)

Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 162.036 180.939

Caixa e equivalentes de caixa no fim do exercício 175.546 162.036

Page 63: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

62

Análise da Demonstração de Fluxo de Caixa

2002 2001 Atividades Operacionais 110.918 189.055 Atividades de financiamento 104.442 32.355 Atividades de Investimento (201.850) (240.313) Aumento (Redução) no caixa e equivalentes 13.510 (18.903)

Constata-se que a empresa tinha um fluxo de caixa negativo em 2001 e

passou a ter um fluxo positivo em 2002, advindo essencialmente das atividades de

financiamento.

Esta primeira análise mostra estas tendências:

a) as fontes básicas de fluxo de caixa da empresa são as atividades

operacionais e de financiamento, e isso indica que a atividade

operacional não é suficiente para a manutenção do negócio;

b) fluxos de caixa positivos são na maioria das vezes reinvestidos no

negócio.

9 TÓPICOS ESPECIAIS EM ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 9.1 Falácias de liquidez

É muito comum ouvir falar entre executivos financeiros que uma liquidez

alta é tão indesejável como uma baixa, que é sinal de má administração financeira e

que a empresa está perdendo dinheiro.

Em primeiro lugar, uma liquidez alta (refere-se normalmente ao índice de

Liquidez Corrente) pode decorrer tanto de excesso de Recursos Não Correntes no

Ativo Circulante (e por excesso entendam-se recursos que estariam melhor

aplicados no Ativo Permanente ou em outra empresa), quanto de pequeno Passivo

Circulante.

È obvio que, se houver excesso de Recursos Não Correntes aplicados no

Ativo Circulante, como excesso de Estoques e de Duplicatas a Receber decorrentes

Page 64: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

63

de uma administração má desses itens, estaremos diante de uma liquidez

indesejável, que certamente contribui para a redução da rentabilidade da empresa.

Entretanto, se o índice de Liquidez Corrente decorre de baixo Passivo

Circulante, poderá ser indício de sábia administração que evita despesas financeiras

de empréstimos bancários — principalmente num país como o Brasil, onde,

historicamente, tais empréstimos sempre tiveram custo elevado — ou que obtém

:significativos descontos de fornecedores com pagamento a vista.

Quanto à perda de dinheiro com a inflação, leve-se em conta que os

estoques em geral não perderam com a inflação e que, se a empresa optasse por

ter mais empréstimos bancários de curto prazo, por exemplo, em vez de capitais

próprio, teria de ressarcir o banqueiro do custo da inflação além de pagar juros.

Por último, lembre-se que a Liquidez Corrente pode ser alta em função de

empréstimos de longo prazo em vez de créditos de curto prazo.

Em resumo, alta liquidez, além de indicar boa situação financeira, pode

até ser do aumento da rentabilidade, embora não esteja afastada a hipótese de

haver recursos ociosos. Este último, porém, seria um caso de má administração de

Ativos Circulantes (em valores absolutos) que se reflete na liquidez, e não

propriamente um caso em que a alta liquidez é desfavorável.

9.2 Liquidez igual a 2,00

Na ausência de padrões e de conhecimentos de como construí-los e

empregá-los na Análise de Balanços, surgiu, nos Estados Unidos, o conceito de que

a Liquidez Corrente indicaria sólida situação financeira se estivesse acima de 2,00.

Rapidamente a idéia difundiu-se por outros países através de Iivros que pregavam

tal idéia. Pelo que foi exposto, essa idéia, muito mais mística do que científica, está

totalmente ultrapassada.

9.4 Cálculo do estoque pelo valor de realização

O Ativo Circulante compreende estoques pelo preço de custo. Muitas

pessoas pensam que seria mais adequado se o valor do custo fosse substituído pelo

valor de realização, isto é, pelo preço de venda.

Page 65: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

64

Acontece que até as vendas se realizarem, ocorrerão despesas a

pagar que, por sua vez, também não se acham registradas no Passivo Circulante.

Em geral ha um diferencial positivo entre margem bruta que se acrescerá aos

estoques e as despesas a pagar que serão levadas ao Passivo Circulante.

Entretanto, nem há certeza de que o diferencial será positivo, nem

costuma ele ser significativo, visto que o percentual de lucro líquido (antes da

depreciação) em geral é pequeno.

9.4 Liquidez e prazos médios

Erro frequentemente cometido na apreciação do índice de Liquidez

Corrente é conjugá-lo corn prazos médios de recebimento e pagamento.O Fluxo de

Caixa, exceto no que se refere a empréstimos bancários, tende a ser o mesmo com

qualquer índice de Liquidez Corrente e qualquer prazo de recebimento e pagamento.

Os referidos prazos apenas determinam o volume de investimentos em

Duplicatas a Receber (função do prazo médio de recebimento de vendas) e de

financiamento de Fornecedores (função do prazo médio de pagamento de compras).

10 ANÁLISE DO ENDIVIDAMENTO BANCÁRIO

10.1 Dependência e risco

É fato que uma empresa pode perfeitamente operar com Liquidez

Corrente abaixo de 1,00. Para isto é necessário que o Passivo Circulante se renove

constantemente.

Essa renovação é praticamente automática no que refere-se aos créditos

de funcionamento — fornecedores, salários, encargos sociais, tributos —, pois essas

obrigações decorrem das próprias operações. Ao comprar, produzir, vender,

administrar, a empresa gera automaticamente obrigações a pagar. O prazo obtido

para pagamento destas constitui um financiamento com que a empresa conta

permanentemente.

No que se refere, porém, aos empréstimos bancários, incluso o desconto

de duplicatas, o contexto é diferente. Nada garante a renovação. Para consegui-la, a

empresa é obrigada a manter reciprocidade, ou seja, comprar ações, seguros,

Page 66: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

65

gastar horas de negociações, manter cadastro impecável para muitas vezes ver

frustradas as expectativas da simples renovação de um empréstimo.

A não-renovação dos empréstimos bancários é um autêntica golpe na

administração financeira da empresa.

Assim quanto maior a dependência aos bancos, maior o risco de uma

empresa.

10.2 Quatro índíces de dependência bancária

Em vista disso, apresenta-se 4 (quatro) índices que visam medir o grau de

dependência aos bancos. São eles:

10.3 Financiamento de ativo por instituições de crédito

Fórmula: empréstimos e financiamentos de Instituições de créditos x 100

Ativo Total

Indica qual o percentual dos investimentos totais financiado pelas

Instituições de crédito.

Exemplo:

2009 2010

Duplicatas descontadas 10.100 20.226

Empréstimos bancários (curto prazo) 2.294 8.061

Empréstimos e Financiamentos (longo prazo) 10.920 60.120

Total de financiamentos 23.314 88.407

Ativo 94.698 204.581

Financiamento do Ativo por Instituições de crédito 24% 43%

10.4 Participação de instituições de crédito no endividamento da empresa

Fórmula: financiamentos de Instituições de créditos x 100

Capitais de Terceiros

Page 67: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

66

Indica qual o percentual das Instituições de crédito no total de recursos

tomados junto a terceiros.

Exemplo:

2009 2010

Total de Financiamentos das Instituições de crédito 23.214 88.407

Capitais de Terceiros 57.500 132.322

Participação de Instituições de crédito no

Endividamento da empresa 40% 66%

10.5 Financiamento de ativo circulante por instituições de créditos a curto

prazo

Fórmula: Financiamento de Instituições de crédito a curto prazo x 100

Ativo Circulante

Exemplo:

2009 2010

Duplicatas descontadas 10.100 20.226

Empréstimos bancários (curto prazo) 2.294 8.061

Financiamento de Instituições de crédito

a curto prazo 12.394 28.287

Financiamento do Ativo Circulante por

Instituições de crédito a curto prazo 18% 24%

10.6 Nível de desconto de duplicatas

Fórmula: duplicatas descontadas x 100

duplicatas a receber

Indica qual o percentual das duplicatas a receber descontadas junto aos

bancos.

Exemplo:

2009 2010

Duplicatas descontadas 10.100 20.226

Page 68: Apostila e Capa - Análise das demonstrações contábeis

67

Duplicatas a receber 36.322 57.641

Nível de desconto de duplicatas 27% 35%

Interpretação dos índices de relacionamento bancário.

Nos exemplos acima, a empresa aumentou consideravelmente sua

dependência às instituições de créditos 2009 de para 2010.

Enquanto no primeiro ano menos de 25% dos recursos eram supridos

pelas instituições de crédito, no ano seguinte esse percentual atingiu a marca 43%.

Em relação aos Capitais de Terceiros, a empresa viu subir a participação

das instituições de crédito de 40% para 66%.

Em vista disso, pode-se considerar excessiva a dependência global às

instituições de crédito.