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1 Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 1 Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos Reginaldo Gonçalves 4.1 - Análise das demonstrações contábeis e as ferramentas para tomada de decisões. 4.2 - A Importância da Contabilidade de Custos, na Gestão dos Negócios. 4.3 - Pressupostos, na análise do custo-volume-lucro e a sua aplicabilidade Objetivos de aprendizagem Após estudar este capítulo, você deverá estar apto a: 1) Efetuar uma análise segura dos demonstrativos contábeis básicos e minimizar os riscos em uma análise econômico-financeira. 2) Discernir as diferenças elementares de custos, sua aplicabilidade e sua importância para gestão de negócios. 3) Identificar e optar pela melhor ferramenta de custos para controle e tomada de decisões. 4.1 - Análise das demonstrações contábeis e as ferramentas para tomada de decisões. É comum afirmar que a análise das demonstrações contábeis é tão antiga como a própria Contabilidade, principalmente, se houver o reporte da sua existência a mais ou menos de 4.000 anos a.C. A necessidade de uma depuração das demonstrações contábeis para auxiliar o administrador financeiro, na tomada de decisões, começou a ser exigida a partir do século XIX, pois para fomentar as organizações, foi necessária a utilização da análise. Vários demonstrativos são suscetíveis de análise, mas os principais estão relacionados ao balanço patrimonial e à demonstração de resultado. Outros demonstrativos poderão ser usados se houver necessidade de um detalhamento mais específico, como a demonstração das origens e aplicações de recursos, demonstração do fluxo de caixa, demonstração do valor adicionado, demonstração das mutações do patrimônio líquido.

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1Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 1

Análise de Demonstrações Contábeise Noções da Gestão de Custos Reginaldo Gonçalves

4.1 - Análise das demonstrações contábeis e as ferramentas para tomadade decisões.

4.2 - A Importância da Contabilidade de Custos, na Gestão dos Negócios.4.3 - Pressupostos, na análise do custo-volume-lucro e a sua aplicabilidade

Objetivos de aprendizagem

Após estudar este capítulo, você deverá estar apto a:

1) Efetuar uma análise segura dos demonstrativos contábeis básicos eminimizar os riscos em uma análise econômico-financeira.

2) Discernir as diferenças elementares de custos, sua aplicabilidade e suaimportância para gestão de negócios.

3) Identificar e optar pela melhor ferramenta de custos para controle e tomadade decisões.

4.1 - Análise das demonstrações contábeis e as ferramentas para tomadade decisões.

É comum afirmar que a análise das demonstrações contábeis é tão antigacomo a própria Contabilidade, principalmente, se houver o reporte da suaexistência a mais ou menos de 4.000 anos a.C.

A necessidade de uma depuração das demonstrações contábeis para auxiliaro administrador financeiro, na tomada de decisões, começou a ser exigida apartir do século XIX, pois para fomentar as organizações, foi necessária a utilizaçãoda análise.

Vários demonstrativos são suscetíveis de análise, mas os principais estãorelacionados ao balanço patrimonial e à demonstração de resultado. Outrosdemonstrativos poderão ser usados se houver necessidade de um detalhamentomais específico, como a demonstração das origens e aplicações de recursos,demonstração do fluxo de caixa, demonstração do valor adicionado, demonstraçãodas mutações do patrimônio líquido.

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Sugere-se, para efeitos de análise econômico-financeira, sejam observadosos seguintes detalhes:

- Demonstrações contábeis publicadas em jornais que sejam de grandecirculação e que mantenham padrões de exigência legal. Diversas empresasnão são obrigadas à publicação, como exemplo, algumas Sociedades Ltda. queexigiram, na análise, maior cuidado com as informações.

- As Demonstrações contábeis deverão, além dos demonstrativos, seremtambém complementadas pelo relatório da diretoria e por notas explicativas.Através dessas informações são verificadas a performance anterior, a atual euma premissa futura de resultados.

- Parecer de auditoria (Externa) para verificar se os procedimentos contábeisadotados pelo profissional seguiram as determinações do CFC – ConselhoFederal de Contabilidade- com a finalidade de espelhar a realidade da empresa,não permitindo desvios de finalidade.

A auditoria interna possui outra finalidade dentro da estrutura organizacional,trabalhando de forma fundamental nos controles internos. A auditoria interna sediferencia da externa em virtude da independência que não possui, pois sãoempregados e subordinados aos dirigentes ou proprietários.

O grande problema está centralizado em demonstrações financeiras nãoauditadas, sem publicações, publicações muito simplificadas sem notasexplicativas, empresas que trabalham e optam pelo Lucro Presumido e que nãomantêm escrituração contábil regular etc. Esses detalhes tornam qualquerrelatório fraco para efeito de avaliação, falta informação adequada para estruturá-la.

Algumas instituições quando efetuam empréstimos para essas organizaçõesexigem a apresentação das demonstrações contábeis pró-forma e aapresentação da declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica paraconfrontação dos valores e validação dos dados.

Não é surpresa se as informações, geradas pela declaração do Imposto deRenda Pessoa Jurídica, não coincidirem com as demonstrações contábeis pró-forma, pois além da falta de controle de várias empresas, algumas delastrabalham de forma duvidosa, gerando o famoso “caixa 2”.

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Livro: Contabilidade de Custos.Autor: : Maher, Michael.ISBN: 8522429804.Páginas: 901.Formato: 29,5X 21,5.

Esta nova edição tem por objetivo tornar este livro muitomais valioso para os leitores.Foram incluídas questões de contabilidade de custos queocorrem no mundo real.O livro contém inúmeros exemplos e pesquisas da prática.O autor utiliza fotos como instrumento pedagógico, parafazer com que os estudantes pensem a respeito dasquestões discutidas no texto e apresenta aplicaçõesgerenciais que desafiam os estudantes a conceberemmaneiras de adicionar valor às organizações.

As técnicas de análise básica e que geram informações muito úteis paraavaliação, controle e gestão serão detalhadas, logo abaixo:

• Análise econômico-financeira através de índices: por meio de fórmulamatemática, é identificado um fator, que comparado durante o tempo e comoutras empresas no mesmo ramo de atividade, apresenta a situação econômico-financeira da organização, apresentando os pontos fortes/fracos e apontandopossíveis soluções. Alguns índices são abaixo explicados:

- Liquidez: esse índice representa a capacidade de pagamento que aempresa possuí; ou seja, pode indicar se a empresa tem condições de saldarsuas dívidas.

- Endividamento: esse índice representa o grau de endividamento daempresa, seja a curto ou a longo prazo, a garantia ofertada pelo capital próprio.

- Rentabilidade: esse índice representa o retorno que a empresa temcom relação ao seu ativo, patrimônio líquido, receita líquida etc.

- Ciclometria Financeira: esse índice demonstra, em número de dias,qual é o tempo que a organização leva para receber suas vendas, para pagarsuas compras e para giro do estoque. Demonstra também se a empresanecessita de recursos para saldar suas dívidas, em virtude do tempo que levapara girar o seu estoque e receber suas vendas.

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CT = Capital de Terceiros (PC + ELP).Capital de Terceiros = são os recursos contraídos através de pessoasfora da sociedade, como exemplo: financiamentos bancários, impostose contribuições gerados pela organização, dívidas contraídas comfornecedores etc.

CP = Capital Próprio (PL).Capital Próprio = são os recursos existentes no grupo patrimônio líquido(Balanço Patrimonial); ou seja, tudo que foi investido pelos proprietáriose os lucros ainda não retirados.

Para efeito de avaliação dos índices, alguns cuidados são importantes coma finalidade de evitar erros na avaliação:

- Os índices de liquidez podem trazer imagens distorcidas com relação àavaliação das demonstrações contábeis, pois analisando fora do organização, édifícil verificar a qualidade do saldo da conta clientes se o estoque está obsoleto,se no caixa o valor apontado como dinheiro é na realidade vales diversosrepresentativo de dívidas, cuja empresa a empresa é credora;

- Utilização de um índice padrão para enquadramento da atividade, pois nãoé possível comparar o supermercado com uma indústria de cosméticos e assimpor diante;

- Reclassificações de contas são necessárias para melhor a padronizaçãoda análise, como exemplo: duplicatas descontadas, saldo devedor em contacorrente etc.

- Falta de documentação que comprove a veracidade das peças contábeis.

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Para efeito de análise, o resumo dos índices é o seguinte:

Aplicações de recursos são as operações decorrentes de investimentos,nas contas de ativo de uma organização; ou seja, onde foram aplicadosos recursos, como por exemplo: aplicação financeira, compra de veículoe imóveis, compra de mercadorias etc.

AC = Ativo Circulante

AP = Ativo Permanente

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Abaixo, demosntra-se um exemplo de análise econômica-financeira:

Análise por meio dos índices e breves comentários

Liquidez corrente

Um exemplo bem clássico, envolvendo as demonstrações financeiras daTÊXTIL ÉRICA é: a empresa tem condições de saldar suas dívidas a curto prazo?

Sem um detalhamento diríamos que sim, pois no ativo circulante da empresa,há um total de R$ 5.000 e no passivo circulante há R$ 4.000, demonstrando apossibilidade de saldar as dívidas de curto prazo, mantendo uma folga financeira.

Aspectos do índice:

- Fórmula: AC/PC 5.000/4000 = 1,25- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: superior a R$ 1,00 é bom

ou satisfatório- Interpretação: A cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo, a empresa possui

R$ 1,25 de ativos para saldar suas dívidas.- Conceituação: O índice de liquidez corrente de modo geral é bom, pois

supera o valor de R$ 1,00.

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- Cuidados: Nem sempre um índice superior a R$ 1,00 é bom, faz-senecessário a comparação com outras empresas do mesmo ramo de atividadespor meio de índices padrões. Cabe ressaltar que muitas vezes a empresa nãotem condições de pagar dívidas em um curto prazo, mesmo tendo um índicebastante favorável, isto porque as dívidas podem vencer em quinze dias e amaioria dos ativos da empresa seriam convertidos em dinheiro no prazo desessenta dias, então como pagar a fatura?

Outro fator que distorce o valor é o ramo de atividade da empresa, por issocada grupo tem seu índice padrão.

Liquidez seca

É um índice significativo para fins de análise, principalmente para as empresascomerciais e industriais, mas irrelevante para as empresas prestadoras deserviços.

Aspectos do índice:

- Fórmula: (AC-Estoques)/PC (5.000-2.000)/4000 = 0,75- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: superior a R$ 1,00 é bom

ou satisfatório- Interpretação: A cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo, a empresa possuiR$ 0,75 de ativo, excluídos os estoques para saldar suas dívidas.- Conceituação: O índice de liquidez seca de modo geral é regular, pois não

supera o valor de R$ 1,00.

Disponibilidades: é o conjunto representado pelo: caixa, bancos contamovimento (conta corrente) e aplicações de liquidez imediata (FIF, FAF etc.)

ELP = Exigível a Longo Prazo.

Índice = Relação que se estabelece entre duas grandezas.

LC = Liquidez Corrente.

LG = Liquidez Geral.

LL = Lucro Líquido.

LS = Liquidez Seca.

Lucro Contábil = é o lucro apurado pelo resultado das receitas – custos edespesas apontados através dos (falta palavra???)

Livros da Contabilidade= são independentes de alterações no caixa da empresa,exemplo: depreciações.

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Aspectos do índice:

- Fórmula: (Capital de terceiros/Capital Total)*100 ((4.000+500)/10.000)*100= 45%

- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou inferior a 50% ébom ou satisfatório

- Interpretação: A empresa tem comprometido 50% de seu ativo com dívidasde terceiros.

- Conceituação: O índice de participação do capital de terceiros tem-sedemonstrado satisfatório, pois está abaixo de 50%.

- Cuidados: O trabalho com capital próprio, integralmente como é pregadopor alguns analistas, é um risco muito grande, agora, o analista não pode ficar “amercê” de um índice favorável ou bom, pois se o endividamento da empresa fortotalmente oneroso, a empresa poderá pagar mais juros, pressionando oresultado e podendo gerar prejuízos.

Garantia do capital de terceiros

É um índice que mensura a relação capital próprio X capital de terceiros; ouseja, qual a garantia que o financiador possui com relação ao investimentoefetuado pelos proprietários.

Aspectos do índice:

- Fórmula: (patrimônio líquido/capital de terceiros) *100 (5.500/(4.000+500))*100 = 122%.

- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou superior a 100%é bom ou satisfatório.

- Interpretação: A empresa com os recursos próprios garante o pagamentodo endividamento e há uma folga financeira de 22% sobre suas dívidas comterceiros.

- Conceituação: O índice de garantia do capital de terceiros tem demonstradosatisfatório, pois está acima dos 100%.

- Cuidados: O endividamento oneroso pode mascarar a análise do índice,pois se a pressão nos resultados, em virtude dos juros, for muito grand,eautomaticament, a garantia reduziria.

Grau de endividamento

Mede o grau de comprometimento do capital próprio em relação ao capital deterceiros. É um índice importante na verificação do capital de terceiros, nosnegócios usuais da companhia.

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Aspectos do índice:

- Fórmula: (capital de terceiros/patrimônio líquido)*100 ((4.000+500)/(5.500))*100 = 82%.

- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou inferior a 100% ébom ou satisfatório.

- Interpretação: Mensura o grau de endividamento da empresa com relaçãoaos recursos investidos pelos proprietários. A empresa tem condições, comseus recursos próprios, de honrar com seus compromissos.

- Conceituação: O índice de grau de endividamento tem-se demonstradosatisfatório, pois está abaixo dos 100%.

- Cuidados: O endividamento oneroso pode mascarar a análise do índice,pois se a pressão nos resultados, em virtude dos juros, for muito grande,automaticamente, haverá mudanças no grau de endividamento.

Perfil do endividamento

Identifica a participação do endividamento de curto prazo com relação aoendividamento total da companhia. Esse índice é importante por demonstrarcomo estão se movimentando os recursos da companhia.

Aspectos do índice:

- Fórmula: (passivo circulante/capital de terceiros)*100 ((4.000)/(4.000+500))*100 = 89%.

- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou inferior a 60% ébom ou satisfatório.

- Interpretação: Mede o endividamento de curto prazo com relação ao total doendividamento. Esse índice não leva em conta o capital próprio da companhia,na composição do fator.

- Conceituação: O perfil do endividamento tem-se demonstrado acima dosatisfatório, pois está acima dos 60%.

- Cuidados: Nem todas as empresas têm a sua disposição recursos para olongo prazo, principalmente as micro e pequenas empresas. O grande cuidadoque a companhia deve tomar é com relação a contrair financiamentos de longoprazo e investir no ativo circulante, pois a finalidade de empréstimos de longoprazo e dar fôlego para a empresa investir no patrimônio que gerará renda porvários exercícios.

Rentabilidade da empresa

A rentabilidade mede o grau de retorno de um investimento e poderá seranalisada com relação ao faturamento, ao patrimônio líquido e ao ativo dacompanhia.

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Antes de fazer uma análise mais aprofundada, vejamos um exemplo derentabilidade entre uma empresa pequena e uma empresa de grande porte:

A General Motors teve um lucro de R$ 5.000.000,00.A empresa analisada Érica teve um lucro de R$ 5.000,00

Qual será a empresa mais rentável?

Tudo dependerá de alguns fatores, como exemplo: volume financeiro devendas, volume de recursos aplicados no ativo e valor investido pelosproprietários, no negócio.

Lucro Financeiro: é o lucro decorrente das receitas – custos e despesasque envolvem entradas e saídas de caixa; as contas que não envolvem ocaixa são ajustadas.

Oneroso: que gera alguma forma de encargo financeiro.

Origens de Recursos: são as operações decorrentes do financiamento dascontas do ativo de uma organização; ou seja, de onde surgiram os recursos,por exemplo: os empréstimos contraídos, a integralização do capital de umasociedade, a compra de mercadorias a prazo etc.

Margem líquida

Identifica o retorno através do lucro líquido em relação ao faturamento líquido(receita de vendas e serviços reduzidos dos impostos, contribuições, devoluçõese abatimentos)

Aspectos do índice:

- Fórmula: (lucro líquido/receita líquida)*100 ((1.500)/(5.000))*100 = 30%.- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou superior a 15%

é bom ou satisfatório.- Interpretação: Mede o retorno apurado por meio do faturamento líquido; ou

seja, quanto de retorno cada venda gera para o negócio. Nesse exemplo, a cadaR$ 1,00 de faturamento é gerado R$ 0,30 de retorno.

- Conceituação: O perfil da lucratividade tem-se apresentado satisfatório, poisestá acima dos 15%.

- Cuidados: Nem todas as empresas têm a sua disposição recursos paraimplantação de controles que facilitem a tomada de decisão em questão depreços. Portanto, a fidelidade do cliente dependerá mais da pessoa oucolaboradora que intermediará a venda ou serviço.

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Retorno do ativo (ROA)

Identifica o retorno através do lucro líquido em relação ao total do ativo.Aspectos do índice:

- Fórmula: (lucro líquido/ativo)*100 ((1.500)/(10.000))*100 = 15%.- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou superior a 15% é

bom ou satisfatório.- Interpretação: Mede o retorno apurado através do ativo; ou seja, quanto de

retorno cada ativo gera para o negócio. Nesse exemplo, a cada R$ 1,00 deinvestimento, no ativo, é gerado R$ 0,15 de retorno.

- Conceituação: O perfil da lucratividade tem apresentado-se satisfatório, poisestá acima dos 15%.

- Cuidados: Para as empresas em geral que possuem pouco lucro ou prejuízo,não há o que se falar em retorno. As crises econômicas internas e externasprejudicam muito as organizações.

Retorno dos proprietários (ROE)

Identifica o retorno através do lucro líquido em relação ao total do patrimôniolíquido.

Aspectos do índice:

- Fórmula: (lucro líquido/PL)*100 ((1.500)/(5.500))*100 = 27%;- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou superior a 20% é

bom ou satisfatório.- Interpretação: Mede o retorno apurado através do patrimônio líquido; ou seja,

quanto de retorno cada investimento do proprietário gera para o negócio. Nesseexemplo, a cada R$ 1,00 é gerado R$ 0,20 de retorno.

- Conceituação: O perfil da lucratividade tem-se apresentado satisfatório, poisestá acima dos 20%.

- Cuidados: Para as empresas em geral que possuem pouco lucro ou prejuízo,não há o que se falar de retorno. As crises econômicas internas e externasprejudicam muito as organizações, inclusive no investimento do proprietário.

Pay Back

Identifica o tempo médio de retorno do investimento.

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Aspectos do índice:

- Fórmula: 1,00/ROI 1,00/0,15 = 6,67 anos;- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou superior a quatro

anos é bom ou satisfatório.- Interpretação: Mede o tempo médio de um retorno sobre o investimento.- Conceituação: O perfil médio de retorno tem-se apresentado alto, pois está

acima dos quatro anos.- Cuidados: As empresas que possuem baixa rentabilidade terão de tomar

uma postura diferenciada para perpetuar o negócio, reduzindo os custos edespesas possíveis.

Índice de prazo médio ou ciclometria financeira

Mede em número de dias o giro do estoque, de recebimentos e de pagamentos.É de suma importância para se apurar a necessidade de caixa da empresa.

PC = Passivo Circulante.

PL = Patrimônio Líquido.

Precificação = metodologia para fixar o preço nos diversos produtos.

RLP = Realizável a Longo Prazo.

ROA = Retorno sobre o Ativo.

ROE = Retorno sobre o patrimônio líquido

PMRV – Prazo Médio de Recebimento de Vendas

Identifica o tempo médio em que a empresa está recebendo as vendas deseus clientes. Essa análise é importante para identificar como a empresa financiaos seus clientes. Se os dados informados na demonstração do resultado foremmensais, o número de dias a ser considerado deverá ser de trinta dias. Caso operíodo na demonstração do resultado fosse de doze meses, o número de diasa ser considerado deverá ser de trezentos e sessenta dias. No exemplo utilizado,a demonstração do resultado acoberta um mês; ou seja, trinta dias.

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Aspectos do índice:

- Fórmula: clientes/vendas brutas médias (2.500/(5.000/30)) = 1quinze dias.- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou inferior a trinta

dias é bom ou satisfatório para empresas comerciais ou de prestação de serviços;para as empresas industriais, a média é de quarenta e cinco dias.

- Interpretação: Mede o tempo médio de recebimento das vendas ocorridasna empresa.

- Conceituação: O prazo de recebimento tem-se apresentado satisfatório,pois está abaixo de trinta dias.

- Cuidados: A rapidez no recebimento de vendas poderá prejudicar aquelasfacilitadas pelo financiamento, pois o sacrifício das vendas com a redução dosprazos podem fazer com que a empresa perca competitividade por redução nasvendas.

Atualmente, a falta de financiamento nas vendas reduz o faturamento emvirtude da competição acirrada. São raras as empresas que conseguem manteras vendas basicamente a vista ou com pouco prazo de recebimento sem perdade negócios.

PMPC – Prazo Médio de Pagamento de Compras

Identifica o tempo médio em que a empresa está pagando os seusfornecedores. Essa análise é importante para identificar como a empresa estáfinanciando as compras.

Se os dados informados na demonstração do resultado forem mensais, onúmero de dias a ser considerado deverá ser de trinta dias. Caso o período nademonstração do resultado fosse de doze meses, o número de dias a serconsiderado deveria de ser de trezentos e sessenta dias., No exemplo utilizado,a demonstração do resultado acoberta um mês; ou seja, trinta dias.

Aspectos do índice:

- Fórmula: fornecedores/compras médias(*) (1.000/(3.500/30)) = nove dias.(*) As demonstrações contábeis não informam o valor das compras, sendo

necessária a identificação do estoque inicial do período anterior. O exemploutilizará, no estoque inicial, o valor de R$ 1.000,00 e o custo das mercadoriasvendidas de R$ 2.500,00.

A fórmula a ser aplicada para identificação das compras é C = EF + CMV – EItotal apurado R$ 3.500,00.

- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou superior a trintadias é bom ou satisfatório para empresas comerciais ou de prestação de serviços;para as empresas industriais, a média é de quarenta e cinco dias.

- Interpretação: Mede o tempo médio de pagamento de suas compras.- Conceituação: O prazo de pagamento não está satisfatório, pois, está abaixo

de trinta dias.

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- Cuidados: Uma das principais fontes de financiamento e parceria é ofornecedor, pois a dependência das compras é uma das grandes armas paragerir as finanças das empresas por dois motivos principais: o custo dofinanciamento basicamente não é oneroso, deixando de gerar o encargofinanceiro e, como a maioria das organizações dependem dos parceiros paradesovar seus produtos, há a união de interesses entre cliente e fornecedor parafomentar os negócios. O prazo superior a trinta dias é bastante saudável, desdeque não existam atrasos no pagamento dos títulos ou duplicatas.

PMGE – Prazo Médio de Giro dos Estoques

Identifica o tempo médio em que a empresa está conseguindo desovar osestoques. Essa análise é importante para identificar o tempo que a empresademora com a mercadoria estocada, pois mercadoria parada em estoque édinheiro parado. Se os dados informados na demonstração do resultado foremmensais, o número de dias a ser considerado deverá ser de trinta dias; caso operíodo na demonstração do resultado fosse de doze meses, o número de diasa ser considerado deveria ser de trezentos e sessenta dias. No exemplo utilizado,a demonstração do resultado acoberta um mês; ou seja, trinta dias.

Aspectos do índice:

- Fórmula: estoques / custo médio das mercadorias vendidas (2.000/(2.500/30)) = vinte e quatro dias.

- Parâmetro para análise sem considerar o padrão: igual ou inferior a trintadias; é bom ou satisfatório para empresas comerciais ou de prestação deserviços, para as empresas industriais, a média é de quarenta e cinco dias.

- Interpretação: Mede o tempo médio de giro dos estoques.- Conceituação: O tempo de giro está satisfatório, pois está abaixo de trinta

dias.- Cuidados: Procurar evitar, sempre que possível, os estoques de baixo giro,

estimulando os de maior giro. A obsolescência pode causar estoques sem giroem virtude de evolução tecnológica, deixando de gerar renda para a empresa.

Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa

É usado para avaliar se a empresa possui ou não necessidade de recursose para identificar a posição da empresa na captação ou aplicação dos recursos.

O ciclo operacional é composto pela soma do PMGE e PMRV = 15 + 24 = 39

O ciclo de caixa é composto pela diferença entre PMPC – (PMGE+PMRV) =9 – (15 + 24) = (30) dias.

A empresa tem uma necessidade de caixa de trinta dias; ou seja, a empresaestoca e vende em trinta e nove dias e os fornecedores financiam somente pornove dias, causando um problema de falta de dinheiro para honrar oscompromissos.

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Exemplo para fixação dos conceitosConcessão de crédito a Cia. Playboy

O doutor Coelho Arruda assume a Diretoria da Cia. Playboy no início do anode X5. Bastante conhecido como eficiente administrador, o Dr. Coelho dirigi-seao seu velho amigo Sr. Vesperal, presidente do Banco Exigente S.A., solicitandoum financiamento de $ 50 milhões a longo prazo (normalmente a financeira doBanco Exigente concede cinco anos de prazo para os financiamentos). Asdemonstrações financeiras da Cia Playboy são as seguintes:

Cia. Playboy Balanço Patrimonial – Em R$ milhões

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Cia. Playboy Demonstração do resultado do exercício – Em R$ milhões

Informações Adicionais

1. A atividade da empresa é trefilar metal não ferroso e distribuí-lo comomatéria-prima para outras empresas. Esse ramo de atividade é bastantepromissor, pois a Cia. Playboy possui a maior quota para adquirir o metal nãoferroso da maior siderúrgica do país, enquanto outras trefiladoras possuemuma pequena cota.

2. Não houve amortização de financiamentos, apenas variação cambialcontabilizada no grupo de despesas financeiras e de novos financiamentos.

3. O manual de normas do Banco Exigente SA determina que só concederáfinanciamentos para empresas que apresentem uma satisfatória situaçãoeconômico-financeira. No entanto, a determinação do presidente é a que prevalece.

4. Total de compras: 10.000, 15.000 e 21.000 em X2, X3 e X4 respectivamente(em $ 1 mil).

Você está convidado a analisar a Cia Playboy e dar seu parecer. O BancoExigente SA tem o seguinte o roteiro de análise:

1. Quadro clínico com o objetivo de fazer uma análise geral da empresapor meio de seus indicadores financeiros

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Companhia Playboy

Diagnóstico: Vamos ver quais são os problemas do doente:O doente (no caso, a empresa) tem não só pontos fracos, como também pontos fortes,pois se não tivesse nenhum ponto forte certamente estaria à morte.

A)Pontos fracos obtidos no quadro clínico

A1) Rentabilidade. A2) Liquidez. A3) Endividamento.

B) Pontos Fortes obtidos no quadro clínico

B1) Rotação de estoques (PMRE). B2) PM recebimento de vendas. B3) Vendas (aumento de vendas em relação ao ativo).

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Comentários:

A) Pontos fracos (motivos que levaram a empresa a possuí-los)

A1) Rentabilidade

A rentabilidade é deficitária, dá prejuízo; logo, é preciso procurar na DRE acausa desse prejuízo.

- Em x2 = (CPV/Vendas) * 100 = 46%- Em x4 = (CPV/Vendas) * 100 = 46%

O CPV não está aumentando proporcionalmente mais do que as vendas;logo, não são os responsáveis pela má rentabilidade. Fazendo essa mesmaanálise com outros itens, será identificado que os grandes responsáveis são:as despesas financeiras. Todavia, se for reduzida em um pouco mais de (2milhões) das despesas financeiras, haveria um lucro de 600 mil no final (já queocorreria prejuízo). O problema é ter despesas financeiras tão altas.

A2) Liquidez

A empresa tem um alto endividamento no passivo, decorrente definanciamentos que geram encargos financeiros lançados no resultado.

A3) Endividamento

Embora a empresa tenha um endividamento muito alto, a preocupação écom os encargos por eles gerados.

B) Pontos fortes (Será que superam os pontos fracos?)

B1) Rotação dos estoques

Posição relativa (PMGE + PMRV)

- Ano X2 = 166 dias- Ano X3 = 124 dias- Ano X4 = 86 dias

A empresa está diminuindo o seu ciclo operacional; logo, a empresa vemapresentando sensível melhora.

B2) Prazo médio de recebimento de vendas

A empresa está diminuindo o seu prazo de recebimento sem ocomprometimento de suas vendas.

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B3) Potencial de vendas

A empresa apresentou um crescimento de 60%, demonstrando que amesma possui produtos vendáveis e que geram recursos para a organização.

Parecer do analista: O analista fará um breve comentário sobre a situaçãoda empresa e, em seguida, dará seu parecer, escolhendo uma das opções:

( ) a) Concedo o crédito irrestritamente.( ) b) Não concedo o crédito (financiamento).(X) c) Concedo o crédito impondo as seguintes condições:

Parecer Final: Podemos dar créditos à empresa, pois ela possui grandepotencial de vendas. O mercado está disposto, pelo visto, a consumir a produçãoda empresa, mesmo reduzindo o seu prazo de vendas (financiamento de vendas– PMRV). A empresa necessita de 50 milhões, entretanto antes de conceder-lheo empréstimo, deve-se impor duas condições, justamente por estar em situaçãoprecária , de onde se conclui que os recursos não estão sendo bemadministrados, apesar de apresentarem bom potencial de vendas.

1ª condição: Com os 50 milhões, deve utilizar 30 milhões para sanar suasdívidas a curto prazo (que estão gerando elevado ônus).

2ª condição: Aplicar os 20 milhões restantes no giro (estoque empresarialpor ela vender bem).

Justificativa para a concessão do empréstimo

Se seguir tal esquema:

• Rentabilidade: reduzindo sua despesa financeira, terá lucro (certamente,daqui para frente).

• Liquidez: será boa, se considerarmos que houve troca da dívida a curtoprazo por dívida a longo prazo). Pago 30 milhões e deve ao banco 50 milhões(mas a longo prazo = 5 anos). Toda liquidez a curto prazo melhorará, exceto aliquidez geral (longo prazo).

• Endividamento: melhorará por dois motivos:

1º) aumento do PL, uma vez que a empresa terá lucro; 2º) composição do endividamento: troca de dívida de curto prazo.

Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi20

- Análise vertical e horizontal: é efetuada a análise a partir dos dados contábeis,informados nas demonstrações, sendo a avaliação efetuada paracomplementação do relatório econômico-financeiro da organização.

A análise vertical é a análise de composição ou participação de um item emrelação ao seu todo, já a análise horizontal é a análise de evolução ou crescimento.Exemplo:

- Análise vertical: (AC/Total)*100 o denominador não muda; somente se houveralteração no numerador;

- Análise horizontal: ((AC ano 2001 / AC ano 2000)-1)*100, mudando onumerador e o denominador a cada operação.

Modelo de análise vertical e horizontal, do balanço patrimonial

Modelo de análise vertical e horizontal da demonstração do resultado

A análise vertical e horizontal tem a finalidade de apontar as grandes variaçõese demonstrar os prováveis problemas, sendo a confirmação efetuada pela análisedos índices. Na análise vertical e na conta do imobilizado, verifica-se um aumentoda participação de 10% para 22% e na análise horizontal, um crescimento de150%. Esse impacto poderá gerar empréstimos, aumentando as despesasfinanceiras.

21Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 21

Outros indicadores são também utilizados para detalhamento das operaçõese um aperfeiçoamento da análise através dos índices abaixo indicados:

- Termômetro de Kanitz: utilizado para prever insolvências através dacombinação dos seguintes índices:

((ROE * 0,05) + (LG * 1,65) + (LS * 3,55) – (LC * 1,06) – (CT/PL * 0,33)).

Como prever falências(Modelo Kanitz)

- Valor Patrimonial da Ação: VPA = (PL / no. Ações do Capital Social);- Lucro Líquido por Ação: LLA = (LL / no. Ações do Capital Social);- Índice Preço / Lucro = (Valor de Mercado da Ação / Lucro Líquido por Ação).

O uso do índice padrão, para efeito de análise e elaboração do relatório, é desuma importância, pois não temos um índice padrão para todos os seguimentos,cada um dos grupos tem seus índices em virtude de situações diversas, exemplo:porte da empresa, segmento em que atua, tipo de produto, restrições legaisquanto à importação e exportação.

Solvência

Penumbra

Insolvência

+7

0-3

-7

Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi22

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23Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 23

4.2 - A importância da contabilidade de custos na gestão dos negócios

A contabilidade de custos é muito importante para a gestão da organização,em virtude de várias ferramentas que poderão ser utilizadas: gestão de preços,estoques, controle e redução de custos entre outros, mas para isso é importanteconhecer os elementos básicos dessa ferramenta e verificar qual é a melhorforma de utilizá-la.

A contabilidade de custos surgiu na era da Revolução Industrial, pois naépoca não existia essa forma de apuração, sendo utilizada apenas a contabilidadefinanceira ou comercial; com a necessidade de apuração dos custos edeterminação do preço dos produtos em geral, surgiu essa nova modalidade.Com o passar dos anos a necessidade de sua utilização foi ampliada, sendoutilizada atualmente para fins gerenciais, tornando-se assim um grandemecanismo de apoio à tomada de decisões.

As principais terminologias utilizadas na contabilidade de custos são:

- Gasto: é todo sacrifício financeiro que visa à compra de um bem ou serviço,exemplo: compra de veículo, compra de estoque de matéria-prima etc.;

- Desembolso: é o pagamento efetuado por meio de um bem ou serviço,exemplo: o pagamento do salário, pagamento de fornecedores etc.;

- Investimento: é todo o gasto alocado no ativo da empresa, exemplo: comprade matéria-prima e insumos para o estoque etc.;

- Custo: é todo o gasto consumido para a produção de um produto ou serviço,exemplo: consumo de matéria-prima, MOD e MOI aluguel da fábrica etc.;

- Despesa: é todo o gasto necessário para gerar uma receita, exemplo: areceita de venda, as receitas financeiras etc.;

- Perda: é todo gasto ocorrido de forma anormal e involuntária, como exemplo:um incêndio. A perda normal, previsível, quando ocorre no departamento produtivo,é considerada custo, exemplo: a rebarba no uso de tecido no corte é custo.

As principais classificações de custos são as seguintes:

- Custos fixos: são todos os custos que independem do volume de produçãoou serviços, eles sempre existiram. Exemplo: aluguel da fábrica: independentede haver produção, todo mês haverá o pagamento por sua utilização.

- Custos variáveis: são todos os custos que variam de acordo com o volumede produção ou serviço. Exemplo: matéria prima utilizada: se houver produção,haverá o custo; caso contrário, esse custo não existirá.

- Custos diretos: são todos os custos em que é possível a identificação, noprocesso produtivo ou de serviços. Exemplo: na produção de uma mesa, é possívelidentificar a matéria-prima (madeira, parafuso, cola etc.) e a mão-de-obradiretamente vinculada a ela.

- Custos indiretos: são todos os custos em que não há possibilidade deidentificação no processo produtivo, ou,que em virtude da dificuldade deidentificação, são abandonados por gerarem gastos maiores para seu controle.Exemplo: aluguel da fábrica, depreciação das máquinas etc;

- Custos primários: são os custos iniciais de um processo produtivo ou deserviços; ou seja, são os custos básicos para transformar matérias (ainda nãomanipuladas) em produtos. Exemplo: matéria-prima e a mão-de-obra-direta.

Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi24

- Custos de transformação ou custos de conversão: são os custo utilizadosna transformação e término do produto ou serviço. Exemplo: mão-de-obra diretae indireta, embalagem e outros custos indiretos de fabricação.

Logo abaixo, é desenvolvido um exemplo prático para a “amarração” dosconceitos básicos de custos:

A empresa Apucarana de metais produz metais sanitários (torneiras) e osseus custos e despesas, no período, estão abaixo detalhados:

- Matéria-prima consumida - R$ 30.000,00- Mão-de-obra direta - R$ 10.000,00- Custos de aluguéis da fábrica - R$ 5.000,00- Mão-de-obra indireta - R$ 8.000,00- Consumo de embalagem - R$ 3.000,00- Energia elétrica da fábrica - R$ 2.000,00- Despesas financeiras - R$ 1.000,00- Despesas com aluguéis - R$ 2.000,00- Despesas com comissões - R$ 3.000,00

A classificação dos custos e despesas é a seguinte:

- Custos variáveis - R$ 43.000,00- Custos fixos - R$ 15.000,00- Custos diretos - R$ 43.000,00- Custos indiretos - R$ 15.000,00- Custos primários - R$ 40.000,00- Custos de transformação - R$ 28.000,00- Custo de produção - R$ 58.000,00- Despesas - R$ 6.000,00

Os custos poderão ser aplicados em qualquer tipo de atividade, emboramuitos pensem que a aplicação dos custos esteja vinculada às empresaindustriais em virtude da fabricação dos produtos.

Hoje, é muito comum a aplicação em: hotéis, hospitais, bancos comerciaise de investimentos, construtoras, empresas comerciais etc.

Usuário externo = corresponde às pessoas que estão fora da empresa edependem do relatório gerado pela contabilidade para efetuar empréstimos,investimentos, identificação da capacidade de compra, controle e apuraçãode impostos e contribuições etc.

Usuário interno = corresponde às pessoas que estão dentro da organizaçãoe utilizam os relatórios detalhados para tomada de decisões.

25Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 25

Essa confusão está centrada no problema dos estoques, pois as empresasindustriais possuem diversos tipos de estoques: estoque de matérias-primas,estoque de produtos em elaboração e estoque de produtos acabados, enquantoempresas comerciais possuem apenas estoque de mercadorias, as empresasprestadoras de serviços possuem estoques de insumos.

Voltando ao exemplo da empresa Apucarana, produtora de torneiras, seriaextremamente simples se a organização fabricasse apenas um único modelo.Para efeito de análise, a empresa produz 5.000 torneiras no mês e vende 50% doestoque por R$ 20,00.

Identifique o custo de produção, o custo unitário, o custo de vendas (CPV), areceita de vendas, o lucro bruto, o lucro líquido e o estoque de produtos acabadosno mês:

- Custo de produção (mês) - R$ 58.000,00- Custo unitário (mês) - R$ 11,60 (58.000,00 / 5.000)- Custo de vendas (mês) - R$ 29.000,00 (11,60 * 2.500)- Receita de vendas (mês) - R$ 50.000,00 (20,00 * 2.500)- Lucro bruto (mês) - R$ 21.000,00 (50.000,00 – 29.000,00)- Lucro líquido (mês) - R$ 15.000,00 (21.000,00 – 6.000,00)- Estoque produtos acabados - R$ 29.000,00 (11,60 * 2.500)

Demonstração do resultado do exercício (mês)

Receita de vendas - R$ 50.000,00(-) Custo dos prod. vendidos - R$ 29.000,00(=) Lucro bruto - R$ 21.000,00(-) Despesas - R$ 6.000,00(=) Lucro líquido - R$ 15.000,00

Em uma nova simulação, considerando os mesmos dados, mas sendo quea empresa produziu dois modelos de torneiras, a popular e a especial, comoserá o comportamento dos custos e do lucro na operação? Para efeito desimulação, serão estabelecidos os seguintes parâmetros:

- Quantidade produzida: 3.000 torneiras “especiais” e 2.000 torneiras“populares”.

- Tempo para produção: 500 horas para a produção da torneira especial e100 horas para produção da torneira popular.

- O preço de venda da torneira especial é de R$ 25,00 e da torneira popular éde R$ 17,00.

- Considerar as outras informações com relação aos custos e despesas:- Dados complementares: a distribuição dos custos será efetuada da seguinte

forma:

- Matéria-prima consumida – proporcional à quantidade produzida.- Mão-de-obra direta – proporcional às horas trabalhadas.- Os custos indiretos de fabricação – proporcional à quantidade produzida.

Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi26

De acordo com os dados informados, será apresentado o resultado abaixo:

- Matéria-prima e embalagem – custo total – R$ 33.000,00 (forma de alocação- quantidade produzida):

- 33.000,00 /5.000 = 6,60 (custo da matéria-prima por unidade).- 6,60 * 2.000 = 13.200,00 (custo atribuído à torneira popular).- 6,60 * 3.000 = 19.800,00 (custo atribuído à torneira especial).

- Mão-de-obra direta – custo total – R$ 10.000,00 (forma de alocação – horasde mão-de-obra):

- 10.000,00 / 600 = 16,67 (custo da de mão-de-obra por unidade).- 16,67 * 100 = 1.667,00 (custo atribuído à torneira popular).- 16,67 * 500 = 8.333,00 (custo atribuído à torneira especial).

- Custos indiretos de fabricação – Custo Total – R$ 15.000,00 (critério derateio – quantidade produzida):

- 15.000,00 / 5.000 = 3,00 (custo indireto por unidade).- 3,00 * 2.000 = 6.000,00 (custo rateado à torneira popular).- 3,00 * 3.000 = 9.000,00 (custo rateado à torneira especial).

É importante ressaltar que por esse sistema, o custo unitário poderá ficarcom valores distorcidos porque o grande problema está na mensuração doscustos indiretos de fabricação, pois para sua alocação aos diversos produtos, abase utilizada é o rateio que utiliza mecanismos arbitrários para a distribuiçãodos custos indiretos aos diversos produtos.

E onde estão as distorções, já que o custo total de produção foi atribuído aosdiversos produtos? O grande problema está justamente no rateio que atribui deforma arbitrária os custos indiretos de fabricação.

Veja o exemplo em que o rateio utilizado foi com relação à quantidadeproduzida. Se fossem utilizadas as horas de mão-de-obra, o custo unitário teriasido outro e a diferença poderia ser significativa na tomada de uma decisãosobre precificação.

27Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 27

Outro fator bastante significativo é que por ser arbitrário o rateio, muitas vezes,não leva em conta as característica dos custos; ou seja, no rateio juntam,-setodos os custos indiretos, independente da relação que o rateio tenha com oscustos que estão ali inseridos.

Se adotadas, como critério de rateio, as quantidades produzidas e o custoindireto for única e exclusivamente aluguel, será que não seria melhor distribuiros custos por área ocupada? Para que o custo unitário chegue mais próximo darealidade precisa haver a análise dos custos em sua relação de causa e efeito.

Atualmente, com a evolução das máquinas e equipamentos, os custosvariáveis estão sendo minimizados e os custos fixos, que não eram tãoimportantes, começaram a se tornar o ponto fundamental e preocupante dasorganizações.

Para minimizar esses impactos, as organizações, sejam elas as que explorema industrialização, comercialização ou serviços, procuram identificar os custosfixos de maneira mais clara, evitando as distorções que poderão gerar o custounitário, pois a distorção gera, por conseqüência, preço de venda fora da realidade.

As organizações estão minimizando os impactos do rateio, utilizando osseguintes mecanismos:

- Departamentalização: é a separação dos custos indiretos, nosdepartamentos produtivos e de serviços. Os departamentos produtivosmanipulam diretamente a mercadoria, bem como os serviços que são suporteaos departamentos produtivos. Depois de separado, cada custo ou grupo decustos é rateado de acordo com uma medida que possa vincular ao seu objetoprincipal. São vários os critérios de rateio que poderão ser usados. Dentre osprincipais, são utilizados os seguintes: horas mão-de-obra, horas máquina, kwutilizado, custos diretos, custos da MOD, área ocupada etc.

Esquema básico

Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi28

- Custeio baseado em atividades – ABC: ferramenta bastante utilizada noBrasil, principalmente na década de 90, cuja como finalidade básica é modificara conceituação do rateio e somente utilizá-lo caso não haja alternativa para aatribuição dos custos. A sua característica está centrada no consumo de atividadespelos objetos de custos e não a atribuição dos custos, aos objetos, como éefetuado pelos sistemas tradicionais.

Os objetos de custo poderão ser os seguintes: o produto, o departamento, osetor, o procedimento etc.. É o item que recebe os custos;

- RKW: ferramenta utilizada, ainda hoje, por muitas empresas que, nadeterminação do custo do produto ou serviço, não leva em conta a separaçãodos custos e despesas, pois o objetivo é que o cliente assuma todos os custose despesas da empresa independente dos valores ali agregados.

Para fins fiscais é aceito o custeio por absorção, pois leva em conta, paracomposição dos produtos, todos os custos, sejam eles fixos ou variáveis. Asoutras formas de custeio não são aceitos pela legislação, mas são aceitos parafins gerenciais.

4.3 - Pressupostos na análise do custo-volume-lucro e a sua aplicabilidade

A análise CVL é uma ferramenta tanto gerencial na determinação dos impactosdo preço de venda, dos custos e do volume, quanto na identificação e manutençãodo equilíbrio da organização.

Esquema básico

29Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 29

Com o uso do CVL, é possível a identificação de seu poder gerencial,destacando os seguintes fatores:

- identificação da viabilidade de projetos;- identificação do preço de vendas;- identificação da quantidade necessária para equilíbrio entre as receitas e

os custos e despesas.

Para determinar a margem de contribuição, é utilizada a seguinte fórmula:

- MC/Unid. = PV/unid. – (CV+DV)/unid. se a apuração for por unidade.- MC = PV - (CV +DV) se a apuração for pelo total.- MC = q * MC/Unid. Se houver a margem de contribuição por unidade.

Para determinar o ponto de equilíbrio, utilizam-se as seguintes fórmulas:

- PEC(qtde.) = (CF+DF) / (PV/unid.-CV/unid.-DV/unid) = ponto de equilíbriocontábil em quantidade.

- PEC($) = (CF+DF) / (MC%) = ponto de equilíbrio contábil em valor.- PECLF(qtde.) = (CF + DF + LF) / (PV/unid.-CV/unid.-DV/unid.) = ponto de

equilíbrio contábil com lucro em quantidade.- PECLF($) = (CF + DF + LF) / (MC%) = ponto de equilíbrio contábil com lucro

em valor.- PECLV(qtde.) = (CF + DF) / (PV/unid.-CV/unid.-DV/unid.-LV/unid.) = ponto de

equilíbrio contábil com lucro variável em quantidade.- PECLV($) = (CF + DF) / (MC%-LD%).

Há outras fórmulas para avaliação do ponto de equilíbrio, como por exemplo:o ponto de equilíbrio econômico que leva em conta o retorno e o ponto de equilíbriofinanceiro que considera os valores que movimentam o caixa.

Com a utilização dessas fórmulas adaptadas, é possível fixar o preço devendas nos mercados interno e externo, para fins de fixação do preço de vendas.

Abaixo será utilizada a aplicação de algumas fórmulas para aplicação eanálise:

- Produto - Impressoras- Preço de venda por unidade - R$ 300,00.- Custo variável por unidade - R$ 150,00.- Custo fixo no mês - R$ 80.000,00.- Despesa variável por unidade - R$ 50,00.- Despesa fixa no mês - R$ 20.000,00.- A margem de contribuição por unidade é de R$ 100,00.- A quantidade necessária para o ponto de equilíbrio é de 1.000 unidades.- A quantidade necessária para o ponto de equilíbrio se o lucro desejado for

de R$ 20.000,00 será de 1.200 unidades.- A quantidade necessária para o ponto de equilíbrio se o lucro desejado for

de 20% da Receita de Vendas será de 2.500 unidades.

Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi30

- O valor da receita total necessária para que a empresa tenha um lucro deR$ 30.000,00 será de R$ 390.000,00.- O valor da receita total necessária para que a empresa tenha um lucro de

10% da receita será de R$ 428.571,43.

Na fixação do preço de vendas, poderão ser usadas as mesmas fórmulas doponto de equilíbrio, mas com as adaptações necessárias. Esse mecanismofacilita a visualização da competitividade que o produto poderá ter com relação aconcorrência, mesmo porque, existem os fatores limitantes com relação àprodução, ao preço de vendas, à concorrência etc.

Abaixo são dadas algumas informações para análise e fixação do preço devendas:

- Produto - Televisor.- Quantidade produzida - 2.000 unidades.- Custos e despesas fixas - R$ 100.000,00.- Custos e despesas variáveis - 50% da receita.- Impostos e contribuições - 20% da receita.- Lucro desejado - 10% da receita

O preço de venda por unidade de acordo com os dados acima é de R$ 250,00.

- Fórmula para cálculo = [(CF + DF) / (100%-CV%-DV%-Impostos%-LD%)] /qtde...

É importante ressaltar que existe sempre uma meta nas organizações paraque não haja a perda do objetivo que é a produção de um produto com qualidadee com preço competitivo.

As empresas precisam buscar a competitividade e por meio da gestão decustos e com ferramentas apropriadas será possível atingir essas metas.Diversas organizações não possuem condições de trabalhar em competitividade,mas devem observar e estimularem a produção de itens em que são maiscapazes, que colaboram mais fortemente com a margem de contribuição.

Outras estratégias estão sendo utilizadas pelas organizações para reduziros custos produtivos e que estão conseguindo sucesso. São eles:

- JIT – Just In Time: tem como finalidade reduzir os estoques no parqueprodutivo, fazendo com que haja redução dos custos em virtude da falta denecessidade de espaço físico, além disso, em virtude do trabalho no tempocerto, a produção é efetuada, basicamente, por encomenda, limitando as açõesda empresa em aumentar exageradamente a produção. Existem falhas nosistema, mas os pontos positivos superam os negativos;

- TOC – Teoria das restrições: tem como finalidade melhorar o parque industrial,ou mesmo as empresas de serviços na identificação dos gargalos naorganização; ou seja, onde o processo não está funcionando. O problema todo éa solução de um gargalo, gerando outros gargalos, por isso é importante umaanálise cuidadosa verificando-se novos problemas que poderão ocorrer nosprocessos posteriores ao gargalo.

31Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi 31

MAHER, Michael. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2001.

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Análise de Demonstrações Contábeis e Noções da Gestão de Custos / Anhembi Morumbi32