Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e...

20
NEIMAR LISBOA ANÁLISE DA FABRICAÇÃO DE PARA-CHOQUE DE CAMINHÃO DENTRO DOS REQUISITOS DE SEGURANÇA E EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO: UM ESTUDO DE CASO Rio verde GO 2012

description

Pesquisa baseada em um estudo de caso de uma fábrica de para-choques, mostra a necessidade da adoção de processos produtivos mais eficientes para gerar menos desperdício de material e mão de obra, e que atenda as necessidades do mercado e ao mesmo tempo a legislação específica existente.

Transcript of Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e...

Page 1: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

1

NEIMAR LISBOA

ANÁLISE DA FABRICAÇÃO DE PARA-CHOQUE DE CAMINHÃO DENTRO DOS

REQUISITOS DE SEGURANÇA E EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO:

UM ESTUDO DE CASO

Rio verde – GO

2012

Page 2: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

2

NEIMAR LISBOA

ANÁLISE DA FABRICAÇÃO DE PARA-CHOQUE DE CAMINHÃO DENTRO DOS

REQUISITOS DE SEGURANÇA E EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO:

UM ESTUDO DE CASO

Artigo apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Produção, Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção na linha de Gestão de Operações, Faculdade Internacional de Curitiba/ FACINTER. Orientadora: Profª. Cláudia Mércia Valadares

RIO VERDE – GO

2012

Page 3: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

3

RESUMO

A pesquisa e o desenvolvimento de produtos adequados ao consumidor passam por etapas complexas até chegar ao mercado. No âmbito empresarial, é imprescindível que o custo de produção seja o mínimo possível, para que a empresa se torne mais competitiva. Para tanto, os processos de fabricação devem seguir uma ordenação que seja possível determinar o acompanhamento produtivo a qualquer instante. Dessa forma, a presente pesquisa, baseada em um estudo de caso de uma fábrica de para-choques, situada em Rio Verde/GO, mostra a necessidade da adoção de processos produtivos mais eficientes, gerando menos desperdício de material e mão de obra, e que atenda as necessidades do mercado e ao mesmo tempo a legislação específica existente, que no caso dos para-choques traseiros para caminhões é regularizada pela Resolução do CONTRAN 152/03. Através de um acompanhamento do processo atual de fabricação do produto estudado, realizado no período entre dezembro de 2011 e abril de 2012, onde foram levantadas as dificuldades encontradas na empresa, foi proposto medidas de melhoria para serem implantadas na empresa, visando à adequação para um produto mais confiável, além de ferramentas de auxílio à produção, a implantação da área de Projetos e da área de Planejamento e Controle da Produção.

Palavras-chave: projetos, processos, planejamento, custo.

Page 4: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

4

ABSTRACT

The research and development of appropriate products to the consumer go through complex steps to reach the market. In business perspective, it is essential that the production cost is minimized, so the company becomes more competitive. To this end, the manufacturing processes must follow an order that can be established to monitor production at any time. Thus, the present study, based on a case study of a factory bumpers, located in Rio Verde / GO, shows the need to adopt more efficient production processes, generating less waste of material and labor, and that meets the needs of the market while the existing specific legislation, which in the case of rear bumpers for trucks is regulated by CONTRAN Resolution 152/03. By monitoring the actual process of manufacturing the product under study, conducted between December 2011 and April 2012, where they were raised difficulties in the company, it was proposed improvement measures to be implemented in the company, aiming at adapting to a more reliable product, as well as tools of production aid, the deployment area and the area of Project Planning and Production Control. Keywords: design, process planning, cost.

Page 5: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

5

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, existe uma forte tendência em conciliar produtos e métodos de

forma efetiva nas empresas. Isto desencadeia um processo de evolução constante

dentro da organização, em vista que a cada instante surgem novas técnicas de

produção mais eficientes.

Outro fator que fortalece esta evolução constante é a acirrada disputa pelo

mercado consumidor. No entanto, é imprescindível a existência de responsabilidade

pelos produtos por parte dos fabricantes.

Existem situações em que esta responsabilidade deve ser seguida de forma

mais criteriosa e legalizada, é o ponto onde entram leis regulamentando a fabricação

de determinados produtos.

Dentro deste contexto, o presente artigo abordou a importância de se fabricar

um para-choque para caminhão de qualidade e apresentando soluções viáveis para

uniformizar e facilitar o processo produtivo dentro da empresa.

Desta forma, o objeto de estudo, é uma fábrica de para-choques, localizada

em Rio Verde - Goiás, onde foi avaliado o processo de produção atual, identificando

os pontos falhos e que necessitam ser melhorados.

Page 6: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

6

2 REVISÃO DA LITERATURA

Muito já foi escrito, revisado e comentado sobre administração moderna, mas

é sempre importante salientar que suas bases referenciais são imutáveis, e isto não

é algo que se possa ser questionado de forma simplória, em vista que já é possível

determinar que até os povos primitivos tiveram uma forma de administrar a sua

sociedade.

Ao analisar, especificamente, o ambiente empresarial, encontram-se

conceitos desenvolvidos para que se possa obter o máximo de eficiência e eficácia

nas suas operações. Estes conceitos modernos de administrar tiveram suas origens

nos primórdios da Revolução Industrial ocorrida no entre os séculos XVIII e XIX. A

ação do administrador de uma indústria, nesta época, era focada em estruturar toda

a empresa, com os conhecimentos mínimos de que dispunha, isto também

acarretava em treinar as pessoas para as funções delegadas e acompanhar o

desenvolvimento de suas tarefas (AKTOUF, 1996).

Taylor e Fayol, no decorrer da segunda década do século XX, realizaram

estudos para tentar amenizar a dissonância na produção das fábricas em virtude do

crescimento da industrialização que o mundo estava vislumbrando naquela época, o

que muitas vezes não acompanhava uma gestão eficiente.

Recentemente foram publicados estudos dos mais variados tipos e

aplicações, todos, invariavelmente, também partiram dos estudos pioneiros da

administração moderna de Taylor e Fayol. Mas hoje existe consenso universal de

que práticas de administração aplicada nas indústrias obtêm grande retorno, desde

que devidamente bem planejada a sua implantação. Ainda nas palavras de Aktouf

(1996, p. 25):

quando falamos de administração, se trata de uma atividade, ou, mais precisamente, de uma serie de atividades integradas e interdependentes, destinadas a permitir que certa combinação de meios (financeiros, humanos, materiais etc.) possa gerar uma produção de bens ou serviços economicamente e socialmente úteis, e se possível para a empresa, com finalidade lucrativa, rentáveis.

Atualmente, com o mercado globalizado e altamente competitivo, a utilização

de ferramentas administrativas é uma forma de garantir a permanência no mercado,

Page 7: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

7

além de ser o diferencial causador de uma gestão eficiente e controlada, donde se

obtêm dados confiáveis dos processos produtivos.

2.1 Princípios da Organização, Sistemas e Métodos.

Os estudos da Organização, Sistemas e Métodos (OSM) na Administração

começaram a ser desenvolvidos no início do século XX nos Estados Unidos da

América (EUA), mas não ganharam muita relevância no meio empresarial à época

(ROCHA, 1987).

As empresas tiveram mais aceitabilidade deste estudo no decorrer da 2ª

Guerra Mundial, pois, com os esforços de guerra, grandes volumes de produção

eram exigidos e qualidade e padronização não eram uma constante deste período.

As concepções da OSM começaram a ser difundidas no Brasil por volta de

1955, muito tempo depois de outras nações as terem adotado, principalmente, a

Inglaterra, onde este movimento tomou mais força.

Com o advento da Era da Informática, muito se evoluiu neste conceito, e, para

as empresas, tornou-se mais fácil estruturar, organizar, monitorar e colher os

resultados da produção. Com base nisto, também, foi possível departamentalizar

melhor a empresa e definir sua estrutura funcional para a adequação conforme seu

ramo da atividade.

2.1.1 Desenvolvimento de Produtos

Nas empresas de industrialização, a OSM possibilitou que as áreas de

projetos (Engenharia de Produtos e Engenharia de Processos) pudessem

acompanhar melhor o desenvolvimento do produto, através da comunicação

existente entre outros departamentos. Ainda hoje existem empresas desestruturadas

que fazem com que os departamentos internos travem uma verdadeira guerra fria

entre si, prejudicando os resultados finais da companhia.

Page 8: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

8

A área de Engenharia de Desenvolvimento de Produto é de suma importância

para empresa, pois, é dela que se cria o produto desejado pelo cliente, é onde se

materializa o conceito desenvolvido através de contato com as suas necessidades,

ou como define Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 118):

os projetistas de produtos tentam realizar projetos esteticamente agradáveis que atendam ou excedam as expectativas dos consumidores. Também tentam projetar um produto que desempenha bem e é confiável durante seu tempo de vida útil. Além disso, deveriam projetar o produto de forma que possa ser fabricado fácil e rapidamente.

Para que isto seja possível, recorre-se a uma ferramenta usada pelos

projetistas de produtos que é o Desenho Assistido por Computador, ou em inglês

Computer Aided Design (CAD), com o qual é possível criar um produto virtual e fazer

os seus ajustes sem a necessidade de criação de um modelo físico de imediato.

Seguindo o pensamento de Slack, Chambers e Johnston (2002), esta

ferramenta CAD apresenta vantagens como:

- Rapidez no desenvolvimento do produto.

- Simulação e manipulação de um protótipo virtual do produto.

- Arquivos dos componentes virtuais, sem ocupação de espaço físico.

- Observação de detalhes mínimos através de ampliação da tela.

- Redução de custos com a criação de protótipos físicos.

Sob estes pontos de vista, observa-se a clara necessidade de adoção desta

ferramenta para que a empresa reduza custos e se mantenha competitiva com

produto de qualidade.

Ainda conforme Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 159), “simulações

baseadas em realidade virtual permitem que empresas testem novos produtos e

serviços, bem como visualizem e planejem os processos que os produzem”.

2.1.2 Planejamento e Controle da Produção

Dentro do estudo da OSM, tem-se também a abrangência de Planejamento e

Controle da Produção (PCP). Isto se faz necessário para garantir que o produto

Page 9: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

9

desenvolvido virtualmente seja construído fisicamente dentro dos parâmetros

estabelecidos, garantindo assim a qualidade do produto. Dentro do conceito de

Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 314), “Esse é o propósito do planejamento e

controle – garantir que os processos da produção ocorram eficaz e eficientemente e

que produzam produtos e serviços conforme requeridos pelos consumidores”.

Com o PCP é possível planejar a capacidade de produção da empresa, e

antever as necessidades operacionais, sejam elas de mão-de-obra, energia,

máquinas, estrutura física, materiais, logística, etc., enfim, tudo o que for relativo à

produção.

Segundo a definição de Corrêa, Gianesi e Caon (2000, p.18):

os sistemas de administração da produção para cumprirem o seu papel de suporte ao atingimento dos objetivos estratégicos da organização, devem ser capazes de apoiar o tomador de decisões logísticas a:

Planejar as necessidades futuras de capacidade produtiva da organização.

Planejar os materiais comprados.

Planejar os níveis de estoque de matérias-primas, semi-acabados e produtos finais, nos pontos certos.

Programar atividades de produção para garantir que os recursos produtivos envolvidos estejam sendo utilizados, em cada momento, nas coisas certas e prioritárias.

Ser capaz de saber e de informar corretamente a respeito da situação corrente dos recursos (pessoas, equipamentos, instalações, materiais) e das ordens (de compra e produção).

Ser capaz de prometer os menores prazos possíveis aos clientes e depois fazer cumpri-los

Ser capaz de reagir eficazmente.

Como se pode notar, são situações que se mal planejadas, podem pôr a

imagem da empresa em risco de descrédito, por qualquer falha que venha a ocorrer

no processo e que acaba por comprometer a satisfação do consumidor.

2.1.3 Manuais Administrativos

Nas definições da OSM, o fluxo de informações que correm em uma empresa

é grande e aumentam a cada dia que passa, em face de novas informações obtidas

e mais atualizadas.

Page 10: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

10

Uma maneira de conseguir repassar as informações de forma precisa e

uniforme é a adoção de manuais administrativos pela organização e que são

distribuídos pelas dependências da empresa para o fácil acesso. Na definição de

Araujo (1994, p.144), “o objetivo da manualização é permitir que a reunião de

informações dispostas de forma sistematizada, criteriosa e segmentada atue como

instrumento facilitador do funcionamento da organização.”

A manualização de uma empresa vai de encontro conforme a sua

necessidade. Numa colocação de Rocha (1987, p. 231):

nas empresas de grande porte, o emprego de manuais é quase obrigatório, face à multiplicidade de seus controles e abrangência de seus sistemas operacionais. Já em empresas de médio e pequeno porte, seus dirigentes podem colocar dúvida quanto à validade da confecção e utilização de manuais, pelo simples fato de desconhecer quais os tipos mais necessários para suas organizações.

Está aí o grande ponto de consenso organizacional e maturidade de mercado

para decidir sobre esta questão.

2.1.3.1 Codificação

Com a criação dos manuais administrativos, também é recomendável a

criação de um tipo de código para a sua rápida localização (MARTINS, 2003). Isto

se justifica mais com a pluralidade de manuais que se pretende trabalhar

2.1.3.2 Roteiro de Produção

O roteiro de produção aplica-se como uma ferramenta para padronizar as

etapas de fabricação de maneira clara e uniforme. Com o roteiro de produção é

possível acompanhar o caminho percorrido da peça a ser fabricada pelo interior da

indústria. Com esta padronização, consegue-se também melhorar o layout interno,

visando alocar máquinas e equipamentos mais próximos possíveis da sequência de

operação.

Page 11: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

11

Na visão de Araujo (1994, p.147) “Devem descrever as fases e as operações

de cada rotina, citando os órgãos e as pessoas que as executam, bem como os

volumes de trabalho em cada fase, os tempos de execução e as distâncias

percorridas.” Se pode considerar esta uma forma mais sucinta de descrever o

processo.

No entanto, Araujo (1994, p.147), ainda afirma sua posição com o seguinte

comentário: “Tem a desvantagem de aprisionar o executante, na medida em que

estabelece limites de tempo, de distância e de volume. Positivamente, não é o

manual que mais se recomenda, tratando-se de Brasil.”

Ao analisar sob outro ponto de vista, afirmar que determinada técnica não é

aplicável no Brasil, o autor mostra desconhecimento quanto ao universo de

empresas existentes no país, bem como a área de atuação de cada uma.

Esta adoção de manuais está baseada nas normas da ISO 9000 e suas

variantes. A própria ISO determina que deva existir no mínimo um manual de

procedimentos operacionais na empresa. Então já podemos perceber que é muito

mais frequente do que supôs Araujo (1994).

2.1.3.3 Instrução de Trabalho

Este manual detalha especificamente como deve ser executada determinada

tarefa, conforme Rocha (1987, p. 234): “Este tipo de Manual nada mais é do que o

conjunto de instruções escritas, elaborado para destacar em todos os seus detalhes

a rotina a ser seguida de uma função específica.”

2.1.3.4 Procedimento Operacional

O manual de Procedimento Operacional demonstra a correta maneira de

operar determinado equipamento ou máquina. Isto se justifica pelo fato de que cada

máquina ou tarefa tem a sua particularidade de operação. Na colocação de Oliveira

Page 12: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

12

(2005, p. 394), “é a indicação de como são executados os trabalhos dentro do

processo administrativo.”

2.2 Legislação de Trânsito

2.2.1 Para-choques Para Veículos Pesados

A legislação brasileira regulamenta a fabricação de itens de segurança em

veículos automotores, esta regulamentação é formulada pelo DENATRAM. No caso

específico de veículos de carga com peso bruto total acima de 4.600 quilos, existe a

resolução nº 152, de 29 de outubro de 2003.

Tal resolução se justifica para que as empresas sigam um padrão de

fabricação e assegurem a integridade dos ocupantes dos veículos em caso de

acidente. Ainda conforme a própria resolução define: “Estabelece os requisitos

técnicos de fabricação e instalação de parachoque traseiro para veículos de carga”

(CONTRAN, Res. 152/2003).

Em decorrência de análise dos mais variados tipo de acidentes de trânsito

envolvendo caminhões de carga, averiguou-se que muitos fabricantes deste

equipamento de segurança não seguiam normas específicas, e o resultado era que

os para-choques não suportavam o impacto traseiro de um veículo de passeio

comum, provocando o mortal efeito guilhotina na carroceria do caminhão. Este efeito

é a entrada demasiada do veículo na parte inferior da traseira do caminhão

chegando até o habitáculo dos passageiros.

Equipamentos aprovados nos testes de segurança exigidos pela legislação

atual possuem plaqueta de identificação com aprovação do componente, conforme

laudo técnico apresentado por órgão de certificação ligado ao DENATRAN.

Page 13: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

13

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O presente estudo foi desenvolvido seguindo a concepção de estudo de caso,

tomado na Ludwig Indústria, fabricante de implementos rodoviários, no período entre

dezembro de 2011 e abril de 2012.

A Ludwig Indústria foi fundada em 1999, instalando-se na cidade de Rio

Verde – GO, Atuando na fabricação de componentes rodoviários para veículos de

carga. A empresa conta com uma área superior a 24 mil metros com mais de 3.500

de área construída e 35 funcionários.

A presente pesquisa é classificada como descritiva e observativa, uma vez

que descreve as tarefas rotineiras de produção do para-choque e ao mesmo tempo

observa as deficiências no processo produtivo.

Para o desenvolvimento do estudo de caso, iniciou-se com a avaliação da

conjuntura atual da empresa. Nesta etapa, buscou-se acompanhar o processo atual

de fabricação dos equipamentos e verificar as falhas do processo, para isto, utilizou-

se de apontamentos avulsos e entrevistas informais tomados junto à produção. Com

este levantamento, foi possível determinar quais os pontos principais a serem

abordados na proposta de melhoria.

Em um segundo momento, foi pesquisado o embasamento teórico. Depois de

acompanhar a fabricação e constatadas as falhas do processo de produção atual, foi

necessário ordenar e processar os dados para em seguida encontrar estudos,

publicações, livros, revistas e contatos com profissionais da área para coletar

informações a fim de elaborar uma proposta para sanar estas deficiências.

Page 14: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

14

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Situação Atual na Empresa

Na observância do processo de fabricação atual dos para-choques

constataram-se algumas deficiências:

- Fabricação com medidas tomadas ao acaso (sem projeto padrão);

- Construção sem seguimento das normas do CONTRAN;

- Montagem dos componentes sem sequência adequada;

- Desperdício de material (uso de materiais desnecessários);

- Alto tempo de fabricação;

Nestas condições de fabricação, fica evidente que existe possibilidade de

melhoria a ser implantada.

Toma-se, por exemplo, o desperdício de material, pois não ter um projeto

padrão de construção acaba-se por utilizar mais material do que realmente

necessário. Fabricar uma peça com uma espessura de material superdimensionada

acarreta maior custo de fabricação sem que se consiga agregar maior valor no preço

final de venda ao consumidor.

Mais uma situação, é o alto tempo de fabricação do para-choque, muito em

função das necessárias correções do dimensional para a instalação no caminhão,

que varia de dimensão das longarinas para fixação conforme cada fabricante

oferece.

4.2 Situação Proposta

Após levantamento do processo de fabricação atual dos para-choques foi

realizado consulta com engenheiros e administradores com experiência no

segmento para encontrar sugestões de quais métodos seriam os mais indicados

para a melhoria do processo de fabricação.

Page 15: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

15

Nesta consulta, foi constatado que o primordial é ter um projeto específico

para o modelo de para-choque para caminhão e que o mesmo atenda à legislação

de trânsito vigente, podendo chegar a um custo de fabricação mínimo. Também é

aconselhável o acompanhamento da produção através de algum meio de

informação que, tanto a alta administração tivesse acesso como o nível operacional.

Assim foram apresentadas possíveis alternativas para a empresa adotar, as

quais consistem em elaboração dos projetos e manuais como ferramentas para

melhorar a eficiência do processo e a eficácia do produto.

4.2.1 Implantação da Área de Desenvolvimento de Produtos

Com esta área, será possível fazer um levantamento da capacidade

operacional da indústria, e quais as máquinas e equipamentos disponíveis para a

fabricação de peças. Estruturar e dimensionar o para-choque conforme as

exigências do CONTRAN e, em seguida, desenhado o produto virtualmente em

ambiente CAD, onde será visualizado em primeira instância o que será o produto

final da empresa.

Além disso, com este projeto, podem-se determinar todos os detalhes do

produto, desde o aproveitamento do material até o conjunto de montagem, além de

checagem das interferências que porventura venham a ocorrer, sendo possível

também ajustar o dimensional antes mesmo de ser fabricado.

4.2.2 Implantação da Área de Planejamento e Controle da Produção

Com o projeto do produto detalhado, será possível determinar quais as

operações necessárias para que as peças tomem forma final, e a área de

Planejamento e Controle da Produção tem a responsabilidade de assegurar que isto

seja possível.

Com o PCP implantado, poderá ser feito o levantamento prévio de custo do

produto final, pois, com o planejamento da produção, serão identificados quais os

Page 16: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

16

custos de cada etapa, do valor do material empregado para a fabricação, a

quantidade de horas tomadas para a execução de cada tarefa, quais as máquinas

necessárias, etc.

O PCP também tem a responsabilidade de programar as compras de

materiais, máquinas e equipamentos necessários para atender à produção, em vista

que terá a informação da quantidade de matéria-prima a ser usada em cada peça.

4.2.3 Elaboração de Manuais Operacionais

Outra sugestão proposta foi a adoção de manuais operacionais pela empresa

que tem o intuito de facilitar o entendimento da maneira correta de fabricação do

produto, tanto em cada etapa do processo, como em detalhamento de cada tarefa

orientada pelo processo.

Para chegar ao desenvolvimento dos manuais, foi observado o atual processo

de fabricação e suas deficiências, onde um dos principais pontos relacionados era a

falta de uniformidade de execução do produto, tanto em projeto como em

construção.

4.2.3.1 Desenvolvimento de Sistema de Codificação

É necessária definir uma codificação para os manuais como forma de

diferenciá-los de suas diversas aplicações, e mesmo a sua localização correta e

exata no momento em que for solicitado. Para esta aplicação é sugerido o

desenvolvimento de uma codificação baseada em grupos, subgrupos e classe.

4.2.3.2 Implantação de Roteiro de Produção

A aplicação de um roteiro de fabricação para as peças na indústria se

conseguirá acompanhar melhor a sua construção, bem como avaliar o tempo

Page 17: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

17

necessário para a sua fabricação e estabelecer uma previsão de entrega dos

pedidos dos clientes.

O roteiro de fabricação deve acompanhar o seu respectivo desenho de

produto, para que seja distinguível dos demais componentes que formam o produto

final. Sendo que, este é o mesmo desenho que vai para a indústria para ser

fabricado, e, em seu verso, também vai o processo de fabricação (roteiro), para ser

acompanhado em todas as áreas de produção, seguindo a ordem dos passos

conforme está descrita, assim, evitará ser entregue em local não condizente com a

sua montagem.

4.2.3.3 Implantação de Manual de Instrução de Trabalho

O modelo de Instrução de Trabalho proposto para a empresa se baseia na

complexidade de operações que são necessárias para as execuções da cada tarefa

do processo. Uma peça passa por várias etapas de transformação até adquirir sua

forma final, que será montada no conjunto do para-choque.

A Instrução de Trabalho está inserida no roteiro de processo. Esta instrução

pode servir a várias peças com fabricação semelhante ou a uma única peça, em

virtude de suas particularidades exclusivas, que não possuem outra característica de

construção em comum às demais.

4.2.3.4 Implantação de Manual de Procedimento Operacional

O manual de Procedimento Operacional aplica-se mais frequentemente a

máquinas e equipamentos da indústria. A empresa analisada, por possuir vasta

gama de máquinas operacionais, deve elaborar um manual operacional para cada

tipo de máquina.

Após levantamento de todas as máquinas operacionais disponíveis na

indústria estudada, e a localização de seus respectivos manuais de operação e

manutenção, foram destacados os principais pontos necessários ao funcionamento

Page 18: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

18

básico da cada máquina e, com estes pontos foi desenvolvido um manual mais

prático e compacto para uso no dia a dia da produção.

A intenção deste manual é justamente para ser de uso diário e de fácil

entendimento pelo operador, de maneira que siga o mesmo procedimento para

operar a máquina, ou equipamento.

A situação de aplicação do Manual de Procedimentos Operacionais é através

do seguimento do roteiro de processo, onde em determinado passo está definido

para executar uma operação que envolva uma máquina, então será indicado junto

ao roteiro qual máquina será usada e o seu correspondente manual de

procedimento.

4.2.3.5 Placa de Identificação

A placa de identificação do equipamento de segurança é de exigência do

CONTRAN. Esta plaqueta assegura que o produto foi aprovado nos testes de

segurança a que foi submetido, e fica fixada em cada para-choque daquele modelo

produzido. Nela fica caracterizado o nome da empresa que produziu o equipamento,

a descrição da norma a que está sendo seguida além da empresa responsável por

emitir o laudo de aprovação do equipamento.

Esta plaqueta indica somente que o produto está conforme, e não tem relação

direta com o processo de fabricação adotado pela empresa. Isto que dizer que é

possível ter um produto de boa qualidade fabricado sem observância de nenhum

método ou processo produtivo, ou mesmo ter os mais completos procedimentos

operacionais e o produto final apresentar irregularidades por causa de um projeto

mal elaborado.

No entanto, a união entre produto, métodos e processos resultará numa

natural busca pela perfeição, onde sempre será possível obter algum ganho de

produtividade em alguma parte envolvida.

Page 19: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No levantamento do processo produtivo da empresa, constatou-se que

simplesmente se fabrica o para-choque conforme dimensional tirado ao acaso no

instante de montá-lo, ou seja, a empresa possui um estoque de peças (vigas e

perfis) de medidas padrões e, no instante da montagem, estas peças são cortadas e

soldadas conforme a necessidade e possibilidade de instalação, o que gera formatos

de para-choques os mais variados possíveis.

Diante do exposto, foi possível chegar a algumas considerações sobre os

produtos e processos da empresa. No caso do para-choque traseiro, este se

mostrou como um produto que pode ser melhorado e dado a sua devida importância

como item de segurança, cuja funcionalidade é ajudar a preservar vidas.

Conjuntamente, o processo atual de fabricação mostra-se ineficiente gerando

desperdício de material e mão de obra, elevando o custo de fabricação.

Desta forma, foi sugerida a diretoria da empresa implantar integralmente as

propostas aqui apresentadas.

Com a Área de Desenvolvimento de Produto, poderá ser definido o projeto

construtivo padrão do para-choque. Este projeto será elaborado com o auxilio do

CAD.

Com a implantação completa do PCP e dos manuais operacionais será

possível mensurar detalhadamente cada etapa de produção, levantar custos de

materiais e de serviços executados, assim ter maior controle dos custos de

fabricação para poder determinar o preço final de venda.

Estas propostas não representam por si só a solução definitiva das

deficiências apontadas na empresa, mas faz parte de um conjunto de ações que

devem ser alavancadas pela diretoria.

Outras ações que deverão ser somadas as aqui apresentadas devem

contemplar contratação de profissionais qualificados e com experiência no ramo de

atividade da empresa ou mesmo promover treinamentos internos para familiarizar os

funcionários com os novos procedimentos.

Page 20: Análise da fabricação de para-choque de caminhão dentro dos requisitos de segurança e eficiência da produção

20

REFERÊNCIAS

AKTOUF, Omar. A administração entre a tradição e a renovação. Organização, adaptação e revisão da edição brasileira de: Roberto C. Fachin e Tânia Fischer. São Paulo: Atlas, 1996.

ARAÚJO, Luiz César Gonçalves de. Organização e métodos: integrando

comportamento, estrutura, tecnologia e estratégia. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 1994.

CAMPOS, Vicente Falconi. TQC: gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia.

Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG. Rio de Janeiro: Bloch, 1994.

CORRÊA, Henrique L; GIANESI, Irineu G. N.; CAON, Mauro. Planejamento, programação e controle da produção: MRP II/ERP: conceitos, uso e implantação.

3. Ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MARTINS, Petrônio Garcia. Administração de Materiais e recursos patrimoniais.

São Paulo: Saraiva, 2003.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos: uma

abordagem gerencial. 15. Ed. São Paulo: Atlas, 2005.

ROCHA, Luís Osvaldo Leal Da. Organização e métodos: uma abordagem prática.

3. Ed. São Paulo: Atlas, 1987.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert; Administração da produção. 2. Ed. Tradução de: Maria Teresa Corrêa de Oliveira e Fábio Alher. São Paulo: Atlas, 2002.