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Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada Deformabilidade e Custo Nuno Bandarrinha Brandão Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Professor Fernando Manuel Fernandes Simões Orientador: Professor José Manuel Matos Noronha da Câmara Vogal: Professor António José da Silva Costa Outubro 2013

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Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada

Deformabilidade e Custo

Nuno Bandarrinha Brandão

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Professor Fernando Manuel Fernandes Simões

Orientador: Professor José Manuel Matos Noronha da Câmara

Vogal: Professor António José da Silva Costa

Outubro 2013

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RESUMO

As lajes de betão armado são por regra um elemento estrutural com relevância no custo da estrutura,

tendo a sua espessura um impacto com algum significado na economia global da construção. Ora a

espessura é, em termos de características de suporte estrutural, condicionada por critérios de utilização,

com especial relevância para a deformação.

Reconhecendo a necessidade de discutir a deformabilidade das soluções estruturais dos pisos,

desenvolveu-se o presente trabalho, onde se avaliaram as implicações das simplificações e das formulações

do cálculo da deformação e se propôs uma metodologia baseada no Método dos Coeficientes Globais. O

estudo focou-se na análise comparativa de soluções de lajes de betão armado, fungiforme e vigada, com

vãos de 7.0m e 8.0m, tendo sido avaliadas, para as diferentes soluções, as características de qualidade das

deformações e os custos.

O cálculo, para o dimensionamento e consequente avaliação das deformações, foi formulado com base nos

valores elásticos, obtidos através do programa de elementos finitos SAP2000. A real avaliação da

deformação e verificação dos valores, foi elaborada segundo a NP EN 1992-1.

Da análise comparativa, conclui-se que, para painéis centrais, para o mesmo volume de betão, o nível de

deformação e o custo para as duas soluções são equivalentes. Para painéis periféricos, a solução vigada

ganha notoriedade na qualidade das deformações, principalmente no alinhamento das vigas. De forma a

aproximar a qualidade de deformação das duas soluções tipo recorreu-se a bandas nos alinhamentos entre

pilares que consequentemente encareceram a solução fungiforme.

Palavras-chave: Deformação, Custo, Laje Vigada, Laje Fungiforme

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ABSTRACT

In building structures, reinforced concrete slabs are important structural elements in its cost, having its

thickness a significant impact in the global economy of the construction. In terms of the structural behavior

characteristics for service limit state, the thickness has a particular relevance on the deformation.

Recognizing the need to discuss the deformability of structural solutions of building floors, the present work

was undertaken. Along this study, the validity of several simplifications is discussed and a methodology

based on the Global Coefficient is proposed. A comparative study has been carried out, in which reinforced

concrete solutions of flat slabs and slabs supported on beams with 7.0m and 8.0m span were taken into

account. Furthermore, this analysis was based on the qualitative characteristics of deformation and cost

value for the different situations.

The design of slabs and subsequent calculation of deformations were based on the elastic values obtained

by the finite element program SAP2000. The real evaluation of the deformations and verification of its

allowable values were established on the assumptions of the NP EN 1992-1.

It was concluded that for the central panels with the same volume of concrete per square meter, the

deformation and the cost for the two solutions are equivalent. Concerning the quality of deformations on

peripheral panels, the solution with beams gains advantage, especially in the alignment beams. In order to

approximate the quality of deformation of these two solutions, bands in alignments between columns were

considered, being however a more expensive solution.

Key words: Deformation, Cost, Flat Slab, Slab with Beams

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Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar ao Professor José Câmara pela constante disponibilidade no esclarecimento de

dúvidas e nas propostas de correção, que resultaram na presente dissertação.

Agradeço a valiosa ajuda prestada por toda a minha família, em particular ao meu irmão Miguel, por ter

emprestado o seu computador, à minha Mãe pela incessante ajuda na conceção e revisão do texto e ao

meu Pai pela ajuda prestada em alguns pormenores fundamentais dos desenhos.

Agradeço a todos os meus amigos que me ajudaram, em especial, a João Ricardino Gomes que tomou a

posição de designer gráfico deste trabalho, melhorando várias figuras do mesmo.

Por fim, agradeço à minha namorada Priscilla Sousa, que motivou e estimulou a entrega deste trabalho.

Além disso, os seus ensinamentos na elaboração de citações, transcrições e no registo bibliográfico,

revelaram-se fundamentais.

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Índice

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1

1.1 ASPETOS GERAIS ............................................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVOS....................................................................................................................................... 1

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................... 2

2. DEFORMAÇÕES .................................................................................................................................... 3

2.1 RAZÃO PARA O CONTROLO DA DEFORMAÇÃO ............................................................................................ 3

2.1.1 Aparência.............................................................................................................................. 3

2.1.2 Danos em elementos não estruturais .................................................................................... 3

2.1.3 Perda de utilidade ................................................................................................................. 4

2.2 LIMITES DE DEFORMAÇÕES................................................................................................................... 5

2.2.1 Controlo direto ..................................................................................................................... 5

2.2.2 Controlo indireto .................................................................................................................. 7

3. METODOLOGIAS PARA O CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO ........................................................................ 9

3.1 CURVATURA MÉDIA............................................................................................................................ 9

3.1.1 Efeito de Fendilhação .......................................................................................................... 10

3.1.2 Efeito de Fluência ................................................................................................................ 11

3.1.3 Efeito de Retração ............................................................................................................... 13

3.1.4 Exemplo de um tirante à tração........................................................................................... 14

3.1.5 Flexão pura ......................................................................................................................... 17

3.2 CURVATURA MÉDIA COM BASE NUMA SECÇÃO DE BETÃO SEM ARMADURA ..................................................... 20

3.2.1 Curvatura no Estado I .......................................................................................................... 20

3.2.2 Curvatura no Estado II ......................................................................................................... 25

3.3 MÉTODO BILINEAR .......................................................................................................................... 30

3.3.1 Cálculo de ........................................................................................................................ 31

3.3.2 Cálculo da flecha: ................................................................................................................ 32

3.4 COEFICIENTE GLOBAL FORMAL ........................................................................................................... 34

3.5 COEFICIENTE GLOBAL ADAPTADO ........................................................................................................ 37

3.6 INÉRCIA EQUIVALENTE ...................................................................................................................... 41

3.7 MÉTODOS PARA AVALIAR A DEFORMAÇÕES EM LAJES ................................................................................ 43

3.7.1 Método das Bandas Ortogonais ........................................................................................... 43

3.7.2 Método Direto .................................................................................................................... 44

4. CASO DE PAINÉIS CENTRAIS ............................................................................................................... 45

4.1 AÇÕES .......................................................................................................................................... 45

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4.2 SEGURANÇA ................................................................................................................................... 46

4.2.1 Estado Limite Último ........................................................................................................... 47

4.2.2 Estado Limite de Utilização .................................................................................................. 48

4.3 MATERIAIS .................................................................................................................................... 48

4.4 VALIDAÇÃO DO MODELO................................................................................................................... 49

4.4.1 Laje Fungiforme .................................................................................................................. 50

4.4.2 Laje Vigada.......................................................................................................................... 52

4.5 CÁLCULO DE ARMADURAS .................................................................................................................. 55

4.5.1 Laje Fungiforme .................................................................................................................. 57

4.5.2 Laje Vigada.......................................................................................................................... 59

4.6 CÁLCULO DE DEFORMAÇÕES .............................................................................................................. 62

4.6.1 Caso Pático Laje Fungiforme ................................................................................................ 63

4.6.2 Caso Prático para Laje Vigada .............................................................................................. 67

4.7 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................................. 70

4.8 COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO BANDAS ORTOGONAIS E DIRETO .............................................................. 71

4.9 COMPARAÇÃO ENTRE COEFICIENTES GLOBAIS FORMAL E ADAPTADO ............................................................ 72

4.10 COMPARAÇÃO ENTRE COEFICIENTES GLOBAIS FORMAL E INÉRCIA EQUIVALENTE .............................................. 72

5. CASO DE PAINÉIS LATERAIS E DE CANTO............................................................................................ 75

5.1 QUANTIDADES ................................................................................................................................ 77

5.2 CONTROLO DIRETO DA DEFORMAÇÃO ................................................................................................... 79

5.3 CONTROLO INDIRETO DA DEFORMAÇÃO ................................................................................................ 83

5.4 ORÇAMENTO.................................................................................................................................. 84

5.5 COMPARAÇÃO ENTRE VÃOS DE 7 E 8 METROS ......................................................................................... 85

6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 91

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS E DESENVOLVIMENTOS POSSÍVEIS ......................................................................... 91

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Índice de Figuras

Figura 2.1 – Fissuração em paredes causadas pelo deformações de componentes estruturais ...................... 4

Figura 2.2 – Concentração de água devido a deformação excessiva .............................................................. 4

Figura 2.3 – Possíveis vãos para o cálculo do valor limite .............................................................................. 7

Figura 3.1 – Altura útil, extensão no betão e aço .......................................................................................... 9

Figura 3.2 – Relação Momento-Curvatura para as várias fases da estrutura no caso de flexão simples ........ 10

Figura 3.3 – Definição de fluência aplicando uma tensão constante ao longo do tempo .............................. 11

Figura 3.4 – Tensão e extensões no aço e no betão para um tirante à tração pura ...................................... 14

Figura 3.5 – Distância mínima (s) para a formação de nova fenda ............................................................... 14

Figura 3.6 – Relação tensão-extensão para tirante à tração pura ................................................................ 15

Figura 3.7 – Modelo de calculo para um tirante à tração ............................................................................ 17

Figura 3.8 – Extensões médias à flexão ....................................................................................................... 17

Figura 3.9 – Modelo de cálculo para um elemento à flexão pura................................................................. 18

Figura 3.10 – Curvatura a curto e longo prazo em função do momento atuante ......................................... 19

Figura 3.11 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(s1) ........................................................................... 21

Figura 3.12 – Extensões para curto (t=0) e longo prazo (t=t) devido a fluência (estado I) ............................. 22

Figura 3.13 – Ábaco correspondente ao coeficiente K( 1) .......................................................................... 23

Figura 3.14 – Tensões e extensões devido à retração para (estado I) ............................................ 24

Figura 3.15 – Tensões e extensões devido à retração para (estado I) ............................................. 24

Figura 3.16 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(cs1) ......................................................................... 25

Figura 3.17 – Secção de betão e secção de betão armado no estado 2 ........................................................ 26

Figura 3.18 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(s2) ........................................................................... 27

Figura 3.19 – Posicionamento da linha neutra, tensões e extensões devido à fluência (estado II) ................ 28

Figura 3.20 – Ábaco correspondente ao coeficiente K( 2) .......................................................................... 28

Figura 3.21 – Tensões e extensões devido a retração para o estado II ......................................................... 29

Figura 3.22 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(cs) ........................................................................... 30

Figura 3.23 – Ponderação do coeficiente em função das condições de fronteira ...................................... 31

Figura 3.24 – Deformação a longo prazo em função do momento atuante, tendo em conta a retração ....... 33

Figura 3.25 – Deformação a curto e longo prazo em função do momento atuante, não tendo em conta a

retração ............................................................................................................................................. 33

Figura 3.26 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(t) ............................................................................. 35

Figura 3.27 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(0) para 1º carregamento .......................................... 36

Figura 3.28 – Ponderação do coeficiente em função das condições de fronteira ...................................... 36

Figura 3.29 – Representação dos valores K(t1) e K(t2) ................................................................................ 38

Figura 3.30 – Representação dos valores K(01) e K(02) ............................................................................... 39

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Figura 3.31 – Comparação entre os valores apresentados por Favre et al. (1985) correspondente ao

coeficiente K( 1) e valores do coeficiente K( 1) utilizando o Método dos Coeficientes Globais

Adaptados .......................................................................................................................................... 40

Figura 3.32 – Ponderação da Inércia Equivalente em função das condições de fronteira ............................. 42

Figura 3.33 – Exemplo de aplicação do método das bandas ortogonais ...................................................... 43

Figura 4.1 – Painel Central.......................................................................................................................... 45

Figura 4.2 – Campos de deslocamentos numa laje de Kirchhoff .................................................................. 49

Figura 4.3 – Alinhamentos, cortes e distribuição de momentos 22 em planta para laje fungiforme ............. 50

Figura 4.4 – momento para corte “–“ ................................................................................................. 51

Figura 4.5 – momento para corte “+“ ................................................................................................. 51

Figura 4.6 – Alinhamentos, cortes e distribuição de momentos na direção x ( ) em planta para laje vigada

.......................................................................................................................................................... 52

Figura 4.7 – momento para corte “–“ ................................................................................................. 53

Figura 4.8 – momento para corte “+“ ................................................................................................. 53

Figura 4.9 – Distribuição dos momentos elásticos para a viga ..................................................................... 53

Figura 4.10 – Campos de esforços positivos numa laje de Kirchhoff Fonte .................................................. 55

Figura 4.11 – Hipótese de carga e respetivos momentos fletores com redistribuição para o 2º caso de carga

.......................................................................................................................................................... 56

Figura 4.12 – Representação do integral dos momentos atuantes e resistentes .......................................... 57

Figura 4.13 – Momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “–“ .............................................. 58

Figura 4.14 – Momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “+” .............................................. 58

Figura 4.15 – Momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “–“ .............................................. 59

Figura 4.16 – Momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “+” .............................................. 59

Figura 4.17 – braço (z) não contabilizando a ligação viga- laje ..................................................................... 60

Figura 4.18 – braço (z1) contabilizando a ligação viga- laje.......................................................................... 60

Figura 4.19 – Momento atuante e momento resistente na viga .................................................................. 61

Figura 4.20 – Esforço transverso na viga ..................................................................................................... 61

Figura 4.21 – Esquematização das bandas ortogonais utilizadas para laje fungiforme ................................. 63

Figura 4.22 – Condições de fronteira e respetivas deformações elásticas para a banda C-B-C ...................... 64

Figura 4.23 – Condições de fonteira e deformação elástica absoluta e relativa para banda B-A-B ................ 66

Figura 4.24 – Esquematização das bandas ortogonais utilizadas para laje vigada ........................................ 67

Figura 4.25 – Diferença relativa entre Método das Bandas Ortogonais e Método Direto ............................. 71

Figura 5.1 – Numeração dos vários painéis. ................................................................................................ 75

Figura 5.2 – Solução fungiforme com capitéis, banda periférica e respetiva numeração dos painéis ............ 75

Figura 5.3 – Solução fungiforme com bandas que ligam capitéis a banda periférica e respetiva numeração

dos painéis ......................................................................................................................................... 76

Figura 5.4 – Espessura Equivalente de cada painel ...................................................................................... 78

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Figura 5.5 – Taxa de armadura de cada painel ............................................................................................ 78

Figura 5.6 – Área de cofragem para cada painel ......................................................................................... 79

Figura 5.7 – Incremento de deformação em relação à deformação elástica ................................................ 80

Figura 5.8 – Deformação no centro do painel ............................................................................................. 81

Figura 5.9 – Incremento de deformação no centro do painel ...................................................................... 82

Figura 5.10 – Incremento de deformação a meio vão do bordo livre para o painel de bordo (2) e de canto (3)

.......................................................................................................................................................... 83

Figura 5.11 – Custo final para vão de 8 metros ........................................................................................... 84

Figura 5.12 – Incremento de deformação em relação à deformação elástica para vão de 7 m ..................... 86

Figura 5.13 – Deformação para diferentes vãos .......................................................................................... 87

Figura 5.14 – Incremento de deformação para diferentes vãos ................................................................... 88

Figura 5.15 – Espessura equivalente para diferentes vãos........................................................................... 89

Figura 5.16 – Taxa de armadura para diferentes vãos ................................................................................. 89

Figura 5.17 – Custo final para diferentes vãos ............................................................................................ 90

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Índice de Tabelas

Tabela 2.1 – Deformações limite .................................................................................................................. 6

Tabela 2.2 – Valores limite de esbelteza (ρ=0,5%) ........................................................................................ 8

Tabela 4.1 – Valores comuns de rcp e rcp utilizada ..................................................................................... 46

Tabela 4.2 – Valores de sobrecarga de referência e sobrecarga utilizada .................................................... 46

Tabela 4.3 – Valores de coeficiente de segurança para ELU normativos e adotados .................................... 47

Tabela 4.4 – Valores dos coeficientes de segurança para ELU de materiais ................................................. 47

Tabela 4.5 – Valores dos coeficientes ψ2 para ELS ...................................................................................... 48

Tabela 4.6 – Valores característicos do aço e betão .................................................................................... 48

Tabela 4.7 – Comparação entre os valores correspondentes a PL2/8 obtido teoricamente e pelo SAP (laje

fungiforme) ........................................................................................................................................ 51

Tabela 4.8 – Comparação entre os somatórios de forças verticais obtido teoricamente e pelo SAP (laje

fungiforme) ........................................................................................................................................ 52

Tabela 4.9 – Comparação entre valor teórico e valor obtido pelo SAP para laje Vigada ............................... 54

Tabela 4.10 – Comparação entre os somatórios de forças verticais obtido teoricamente e pelo SAP (laje

vigada) ............................................................................................................................................... 54

Tabela 4.11 – Armaduras para cada alinhamento e corte ........................................................................... 58

Tabela 4.12 – Armaduras para cada alinhamento e corte ........................................................................... 59

Tabela 4.13 – Momento atuante, armadura colocada sem redistribuição de esforços na viga ..................... 60

Tabela 4.14 – Momento redistribuído e armadura colocada na viga ........................................................... 60

Tabela 4.15 – coeficientes para ponto C e B para momentos .............................................................. 64

Tabela 4.16 – coeficientes para ponto B e A para momentos .............................................................. 65

Tabela 4.17 – Coeficientes globais para pontos C e B para momentos .................................................. 68

Tabela 4.18 – Coeficientes para ponto B e A para momentos .............................................................. 69

Tabela 4.19 – Comparação entre a solução vigada e a solução fungiforme .................................................. 70

Tabela 4.20 – Comparação entre Método Directo e Método das Bandas Ortogonais .................................. 71

Tabela 4.21 – Comparação entre Coeficiente Global Formal e Adaptado .................................................... 72

Tabela 4.22 – Valores de Inércia no estado I e II, inércias equivalentes e fator ........................................ 73

Tabela 4.23 – Comparação entre Coeficiente Global Adaptado e Inércia Equivalente .................................. 74

Tabela 5.1 – Resumo de quantidades para várias soluções ......................................................................... 77

Tabela 5.2 – Resumo de deformações no centro do painel para várias soluções ......................................... 80

Tabela 5.3 – Esbelteza e espessura normativa e espessura da solução adotada (ρ=0,5%) ............................ 83

Tabela 5.4 – Resumos das deformações para várias soluções para um vão de 7 metros .............................. 85

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Simbologia

Maiúsculas Latinas

As,min – Área de armadura mínima

Ec0 – Módulo de elasticidade do betão aos 28 dias

Es – Módulo de elasticidade do aço

Ec,eff – Módulo de elasticidade efetivo do betão

1/r – Curvatura numa determinada secção

L – Vão teórico

I – Inércia

Minúsculas Latinas

t – Idade do betão, em dias, na data considerada

t0 – Idade do betão, em dias, à data do carregamento

a – Flecha

fctm – Valor médio da tensão de rotura do betão à tracção simples aos 28 dias de idade

fyk – Valor característico da tensão de cedência à tracção do aço e das armaduras ordinárias

fck - Valor característico da tensão de rotura do betão à compressão aos 28 dias de idade

z – Braço do binário das forças interiores

d – Altura útil

Maiúsculas Gregas

μ – Momento reduzido do valor de cálculo do momento flector resistente

– Coeficiente de fluência do betão

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Minúsculas Gregas

φ – Diâmetro do varão ou diâmetro equivalente do agrupamento

– Coeficiente de fluência

ζ – Coeficiente de repartição

ρ – Percentagem de armadura de tracção

ρ’ – Percentagem de armadura de compressão

α – Coeficiente de homogeneização

σ – tensão

γ – coeficiente parcial (de segurança ou de utilização)

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1. Introdução

1.1 Aspetos Gerais

A deformabilidade é um dos fatores condicionantes do comportamento e, certamente, da definição das

espessuras das lajes, em particular em soluções fungiformes. Não sendo a garantia da capacidade

resistente, em geral, condicionante, a deformação excessiva pode ser responsável pelo deficiente

comportamento das estruturas em serviço, podendo resultar no desconforto do utilizador, em danos em

acabamentos ou comprometer a funcionalidade da solução adotada.

Hoje em dia, a tipologia fungiforme tem vindo a ganhar uma preponderância significativa no mercado, em

relação às soluções vigadas, uma vez que evita trabalhos mais minuciosos de cofragens,reduzindo prazos de

execução e custos de mão-de-obra e, especialmente, corresponde, em geral, a ganhos de pé direito

disponível. Uma vez que a opção, por uma ou outra solução, se coloca nos projetos, até porque a solução

vigada corresponde a uma mais valia em termos sísmicos, considerou-se interessante uma análise

comparativa entre estas duas soluções construtivas. Consideraram-se como parâmetros aferidores das

soluções a limitação da deformação e o custo.

1.2 Objetivos

Este trabalho, como referido nos Aspetos Gerais, tem como finalidade a análise competitiva de diferentes

tipologias estruturais, usuais em edifícios, em particular de lajes fungiformes com capiteis e/ou bandas e de

lajes vigadas, para vãos usuais de 7 e 8 metros com diferentes condições de fronteira. As comparações são

efetuadas em função das quantidades de materiais e qualidade das deformações, com base nos critérios

regulamentares da NP EN 1992-1.

Considerou-se importante, antes da realização do estudo comparativo, apresentar um resumo do estado da

arte sobre o comportamento não-linear do betão armado em serviço, a curto e a longo prazo. Para este

efeito, considerou-se importante apresentar as metodologias existentes para avaliar as implicações da

fendilhação e efeitos diferidos no tempo, a nível da deformabilidade. Neste contexto, fez-se também um

levantamento das metodologias de avaliação de deformações adotadas pelas normas Europeia, Norte-

Americana e Brasileira e os processos de adaptação dessas metodologias ao caso das lajes (análise em duas

direções). Neste estudo propõe-se uma metodologia idêntica ao Método dos Coeficientes Globais,

facilmente programável em folha de cálculo e que tem em linha de conta os efeitos da fluência e da

fendilhação do betão e pode facilmente ser adaptável à consideração dos efeitos da retração do betão.

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1.3 Estrutura do trabalho

O trabalho organiza-se em 5 capítulos, dos quais se resumem seguidamente os seus conteúdos:

Capítulo 1 – Introdução – explica aspetos gerais e objetivos que levaram ao desenvolvimento do presente

trabalho e contém um resumo da divisão em capítulos.

Capítulo 2 – Deformações – apresenta as várias razões para as quais é necessário limitar as deformações,

bem como os limites de deformação propostos por legislações Europeia, Norte-Americana e Brasileira.

Aborda várias razões para limitar as deformações como a Aparência, os Danos em elementos não

estruturais e a Perda de utilidade. Para o controlo dos limites de deformação a NP EN 1992-1 (2010)

apresenta duas metodologias, o controlo direto e o indireto.

O Capítulo 3 – Metodologias para o cálculo da deformação – é dedicado à compreensão de diferentes

metodologias existentes para o cálculo de deformações, entre elas, a Curvatura média, Curvatura média

com base numa secção de betão sem armadura, Método Bilinear, Coeficientes Globais Formal, Coeficientes

Globais Adaptado e Inércia Equivalente.

O Capítulo 4 – Caso de Painéis Centrais – é reservado à apresentação das cargas e dimensões consideradas,

ao procedimento de validação do modelo de elementos finitos, ao dimensionamento de armaduras e ao

cálculo de deformações, para um painel central de 8 metros de tipologia fungiforme e vigada.

O Capítulo 5 – Caso de Painéis Laterais e de Canto – apresenta a avaliação da deformação, quantidade de

materiais e orçamento para painéis com diferentes condições de fronteira. O vão também foi alterado para

cada painel, de 8 para 7 metros, comparando os ganhos de qualidade na deformação e de quantidades de

materiais.

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2. Deformações

A limitação da deformabilidade das estruturas deve ser enquadrada nas verificações de segurança

associadas às condições de serviço uma vez que não é uma questão associada à capacidade resistente, a

menos de situações em que se possam gerar efeitos de 2ª ordem.

No presente capítulo são referidas as principais razões pelas quais o controlo das deformações é

fundamental para a qualidade da solução estrutural. Esta avaliação é enquadrada tendo em consideração

os limites estabelecidos pelas várias normas analisadas.

2.1 Razão para o controlo da deformação

De acordo com Appleton (2013, p. 510), Câmara (2013, p. 199) e Favre et al (1985, p. 3.48) as justificações

para limitar as deformações têm a ver com os três seguintes aspetos:

As deformações exageradas podem afetar a aparência e estética das estruturas

As deformações elevadas podem causar danos em elementos não estruturais

As deformações elevadas podem comprometer a funcionalidade da construção

2.1.1 Aparência

Segundo Favre et al (1985, p. 3.48), a aparência é uma questão relevante uma vez que deformações

excessivas podem resultar num sentimento de insegurança para o utilizador. Naturalmente, o nível de

deformação poderá ser mais ou menos realçado consoante o enquadramento do local. Câmara (1988, p.

23) afirma que “A vista humana é bastante tolerante em relação às deformações, no entanto, nos casos em

que existam linhas de referência não deformadas aquelas podem tornar-se bem perceptíveis”

2.1.2 Danos em elementos não estruturais

Uma patologia típica resultante de pavimentos de betão excessivamente deformáveis é a fissuração em

alvenarias que nos painéis de fachada induz infiltração de humidades com implicações graves para a

qualidade de construção. Sousa (2002 apud Pereira, 2011, p. 1) corrobora esse pensamento: “Para além dos

problemas estéticos causados, [a fissuração] possibilita a passagem de água para o interior do edifício,

anulando as boas condições de salubridade do mesmo e alterando as condições do conforto térmico e

acústico.”

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A Figura 2.1 ilustra um padrão de fendas resultante de deformações excessivas da laje.

Figura 2.1 – Fissuração em paredes causadas pelo deformações de componentes estruturais Fonte: Thomaz (2003 apud Pereira, 2011)

Favre et al (1985, p. 3.49) e Câmara (1988, p. 21) afirmam que estes tipos de danos podem ser evitados de

duas formas:

Limitar a deformação dos elementos estruturais, de forma a não afetar elementos não estruturais.

Projetar os elementos não estruturais prevendo um determinado nível de deformação dos

elementos estruturais.

2.1.3 Perda de utilidade

Favre et al (1985, p. 3.50) apresentam vários casos que comprometem a funcionalidade da estrutura devido

a deformações excessivas. São eles:

Poças – Significativas deformações de uma cobertura podem levar a uma concentração de água

formando poças. Estas resultam num aumento de cargas a que a laje está sujeita, bem como no

aumento de risco de infiltrações na estrutura. A Figura 2.2 ilustra esta situação.

Figura 2.2 - Concentração de água devido a deformação excessiva Fonte: http://www.managemylife.com

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Interferência com ombreiras de portas e caixilharias de envidraçados – As deformações excessivas

podem deformar ombreiras e caixilharias, empenando-as, impedido que estas funcionem

adequadamente.

Interferencia com alinhamento de aparelhos – A manutenção do alinhamento dos aparelhos poderá

ser dificultadas pelo desenvolvimento de deformações ao longo do tempo.

Problemas de vibração – Embora este não seja um problema de controlo de deformação máxima,

está relacionado, uma vez que o seu controlo requere a limitação na rigidez à flexão. Os limites de

deformação asseguram uma certa rigidez à flexão pelo que, indiretamente, pode dar garantias de

que a vibração não será um problema. Contudo, em casos especiais e para este efeito, análises

dinâmicas mais cuidadas deverão ser consideradas.

2.2 Limites de deformações

Marchão e Appleton (2013, p. 66) referem que os limites normativos podem ser verificados direta ou

indiretamente.

A forma direta de verificação dos limites, de acordo com Marchão e Appleton (2013, p. 66), “(…) consiste no

cálculo da flecha a longo prazo (pelo método dos Coeficientes Globais, por exemplo) e comparação com os

valores admissíveis.” Na verificação indireta, o cálculo das deformações pode ser omisso, respeitando os

valores limites de esbeltezas estabelecidas a nível regulamentar.

2.2.1 Controlo direto

Segundo Câmara (2013, p. 199) “Os limites a definir para a flecha numa estrutura não são facilmente

definíveis pois a fronteira do que é ou não possível aceitar não é absoluta. Resulta, em muito, do que tem

sido observado, ao longo dos anos, em situações de deficiente e bom comportamento”

Apesar destas indicações regulamentares serem estabelecidas, estas não são absolutas, sendo apenas

recomendadas como uma ordem de grandeza. Cabe ao projetista, com base nas indicações referidas,

definir a aceitabilidade da situação de projeto que deverá, em princípio, ter alguma folga em relação aos

valores apresentados. Como refere Favre et al. (1985, p. 3.50) “An important feature of limits for deflection

and other service limit states is that absolute criteria cannot be specified (…) Codes, Standards and

Regulations cannot provide more than general guidance ”

Favre et al (1985, p. 3.26) afirmam que “(…)when preliminary studies are carried out, the engineer only

requires an approximate estimate of probable deflection (say +/- 30%).” Como conhecido, existem várias

incertezas associadas às propriedades dos materiais, características do seu funcionamento, dimensão dos

elementos e nível de carga atuante na estrutura que, portanto, não permitem “certezas” em fase de

projeto. É nesta base que são calculadas as deformações e avaliadas as aberturas de fendas. Para além

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6

disso, também há dificuldade na quantificação da fluência e retração do betão, quando se trata de efeitos a

longo prazo. Tendo em conta este enquadramento, o cálculo da deformação será sempre uma estimativa

extremamente útil que permite percecionar quantitativamente a menor ou maior sensibilidade do

elemento estrutural às deformações.

As recomendações ISO 4356 fornecem informações bastante completas dos limites das flechas a tomar

como referencia. Resume-se através da Tabela 2.1 as indicações dos limites indicados pelas normas NP EN

1992-1 (2010), ABNT-NBR6118 (2004), ACI-435 (2003) e REBAP (1983).

Tabela 2.1 – Deformações limite

Norma Razão para a limitação Deformação considerada Deformação limite

NP EN 1992-1 e

ABNT-NBR6118

Aparência Deformação total

( ) (ações quase-permanentes)

L/250

Danos em elementos não estruturais

Deformação incremental ( ) ( ) (ações quase-permanentes)

L/500*

ACI-435

Aparência Deformação total L/240

Danos em elementos não estruturais

Deformação incremental L/480

REBAP

Aparência Deformação total ( )

(combinação frequente de ações) L/400

Danos em elementos não estruturais

Deformação total ( )

(combinação frequente de ações)

L/400 +

<1,5 cm

*NBR6118 limita também esta deformação a 1 cm

A NP EN 1992-1 (2010, p. 143) justifica esses limites afirmando “O aspecto e as condições de utilização da

estrutura podem ser alterados quando a flecha calculada de uma viga, laje ou consola sujeita a acções

quase-permanentes for superior a vão/250. A flecha é calculada em relação aos apoios” (sublinhado meu)

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Tendo como objetivo a avaliação da flecha no centro de um painel de laje, a norma NP EN 1992-1 (2010)

pode levantar a questão de saber qual o vão a tomar. Como mostrado na Figura 2.3, existem dois possíveis

vãos a serem considerados para o cálculo do valor limite. De uma forma conservativa, a determinação dos

limites no presente trabalho é elaborada tendo como referência o vão (L). Na interpretação dos resultados

obtidos neste trabalho, faz-se também a comparação com o valor da deformação considerando o valor L2.

Figura 2.3 – Possíveis vãos para o cálculo do valor limite

2.2.2 Controlo indireto

De acordo com Câmara (2013, p. 203) “(…) a deformação depende das condições de fronteira, associada ao

parâmetro, k, e tem uma fortíssima dependência do vão e da inércia, em particular da altura [ou seja, da

esbelteza da peça](…)” (sublinhado do autor).

Essa forte dependência do vão e das condições de fronteira pode ser entendida através da equação (2.1),

em que a deformação elástica varia com a quarta potencia do vão (L) e K tomará valores dependendo das

condições de fronteira.

(2.1)

Considerando a inércia de uma secção retangular, a equação (2.1) pode ser escrita da seguinte forma:

(

)

(2.2)

Conclui-se que o parâmetro da esbelteza ( ) tem um forte impacto na deformabilidade elástica de uma

estrutura.

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A NP EN 1992-1 (2010, p. 144) assegura que se for efetuado o dimensionamento e verificada a segurança à

rotura e se satisfizerem os limites de esbelteza presente na Tabela 2.2, poderá admitir-se que a respetiva

flecha não irá exceder os limites estabelecidos pela Tabela 2.1. Sendo normalmente as lajes elementos

fracamente armados, tomam-se os valores de esbelteza para =0,5%

Tabela 2.2 – Valores limite de esbelteza (ρ=0,5%)

Vão extremo de uma laje continua

armada em duas direções (ao

longo do lado maior)

Vão interior de uma

laje armada numa ou

em duas direções

Laje sem vigas apoiada

sobre pilares (laje

fungiforme)

NP EN 1992-1 26 30 24

Fonte: Adaptado de NP EN 1992-1 (2010)

A NP EN 1992-1 (2010, p 145) afirma ainda que “ [os valores] indicados para a laje fungiforme

correspondem, para flecha a meio vão, a uma limitação menos exigente que L/250. A experiência

demonstrou que esses limites são satisfatórios.”

A norma ACI-435 (2003) especifica também várias espessuras mínimas dependentes das condições de

fronteira e a razão para a limitação da deformação (aparência ou danos estruturais). Já a norma ABNT-

NBR6118 (2004) refere apenas que, por exemplo, qualquer laje maciça lisa deverá apresentar uma

espessura igual ou superior a 16 centímetros.

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3. Metodologias para o cálculo da deformação

Comecemos por referir uma citação sobre a definição de laje: “Uma laje é uma estrutura laminar (espessura

é bastante menor que as outras duas dimensões), é plana e está carregada transversalmente ao próprio

plano. Isto é o que sucede para a maioria dos pavimentos de edifícios em que, para as ações ditas verticais

(…) o pavimento se comporta como uma laje (...)”(LEITÃO et al, 2013, p. 3). Sendo o objetivo deste trabalho

a avaliação de deformações em lajes e existindo unicamente ações verticais, as deformações resultantes

serão causadas por flexão (força normal nula), pelo que as metodologias elaboradas no presente capítulo

são para o caso de flexão simples.

Neste capítulo abordar-se-ão várias metodologias de cálculo para a deformação a curto e longo prazo de

elementos de betão armado, tendo em conta fenómenos imediatos e diferidos no tempo.

3.1 Curvatura média

Através do princípio dos trabalhos virtuais, o deslocamento da estrutura é dado pela seguinte expressão:

∫ (

)

(3.1)

Mostra-se através da equação (3.1) que a deformação depende da distribuição de curvaturas ao longo do

vão e das condições de fronteira do elemento estrutural em causa.

De acordo com a resistência de materiais, a curvatura para uma secção genérica será dada por:

(3.2)

A Figura 3.1 apresenta a altura útil ( ) , a extensão à compressão do betão ( ), extensão à tração do aço

( ) e a própria curvatura ( ⁄ ) .

Figura 3.1– Altura útil, extensão no betão e aço Fonte: Câmara (2013)

Na avaliação da curvatura de uma estrutura de betão armado a curto prazo é necessário ter em conta, para

além das características geométricas e dos materiais, a possibilidade de se verificar ou não a fendilhação do

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betão. Na avaliação do comportamento a longo prazo há que ter ainda em conta as parcelas relativas ao

incremento de curvatura devido à fluência e retração do betão.

Sendo assim, a curvatura pode ser expressa de uma forma genérica por:

( ) ( ) ( ) ⏟

( ) ⏟

(3.3)

Em que:

( ) representa a curvatura (no instante inicial) tendo em conta o efeito de fendilhação

( ) representa o incremento da curvatura (ao longo do tempo) devido à fluência

( ) representa o incremento da curvatura (ao longo do tempo) devido à retração

3.1.1 Efeito de Fendilhação

Como mostra a Figura 3.2, a curvatura ( ) de um elemento de betão armado fendilhado deve ser

avaliado em termos médios, tendo em consideração, de uma forma simples, a complexidade da distribuição

de tensões e extensões na zona tracionada após a fendilhação.

Figura 3.2 – Relação Momento-Curvatura para as várias fases da estrutura no caso de flexão simples Fonte: Adaptado de Tavares (2010)

Até ser atingido o momento de fendilhação (Mcr) a estrutura apresenta um comportamento elástico linear

[0-1]. Para momentos superiores a Mcr, tem início a fase de formação de fissuras [1-2]. Na secção onde se

verificam as fendas, o betão deixa praticamente de participar à tração, o que corresponde a uma menor

rigidez e a um aumento da curvatura. Para esta zona, o gráfico exibe “degraus” que representam os

incrementos de curvatura para cada nova fenda. Na fase de fissuração estabilizada [2-3], no betão não há

condições para se formarem novas fendas uma vez que, entre as existentes, o estado de tensão no betão é

sempre inferior à sua tensão resistente (assunto abordado no capítulo 3.1.4), pelo que poderá apenas

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existir um aumento da abertura das fendas anteriormente formadas. Na fase de plastificação da armadura

[3-4] atinge-se a capacidade resistência máxima do elemento, existindo um aumento significativo de

curvaturas para acréscimos diminutos de esforços aplicados (até à rotura do elemento).

A avaliação das curvaturas, para o posterior cálculo dos deslocamentos em serviço, deve ter em conta as

fases em que as zonas da estrutura se encontram (referidas na Figura 3.2). Para este efeito, Favre et al

(1985, p. 3.5) afirmam que deverá considerar-se uma curvatura média definida entre os estados I e II pela

expressão:

(3.4)

Este assunto será tratado com mais detalhe nos capítulos 3.1.4 e 3.1.5. É de referir que existe sempre

alguma indefinição na avaliação da fase em que se encontra uma zona da estrutura, uma vez que, em fase

de projeto haverá sempre dificuldade na avaliação das cargas efetivas a atuar e principalmente das

propriedades resistentes do betão à tração.

3.1.2 Efeito de Fluência

A curvatura ( ) representa o incremento de curvatura a longo prazo, tendo em conta a fluência. Para

t0 existe uma deformação instantânea devido ao estado de tensão aplicado. Ao longo do tempo, a Figura

3.3 mostra como as extensões do betão vão aumentando para um nível de tensão constante. Assim sendo,

o fenómeno da fluência provoca um aumento de extensões e consequentemente, de curvaturas.

Figura 3.3 – Definição de fluência aplicando uma tensão constante ao longo do tempo Fonte: Neville e Brooks (2008)

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Esse aumento de extensão é traduzido pela equação (3.5) em que o coeficiente de fluência ( ) representa o

incremento de extensão entre t0 e t

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

[ ] (3.5)

Como referido por Câmara (2013, p. 165), o aumento de extensões devido à fluência pode ser simulado

como uma diminuição da rigidez. Para representar este efeito a longo prazo, pode admitir-se um módulo de

elasticidade equivalente ( ) dado por:

[ ] ( )

( )

(3.6)

Segundo Neville e Brooks (2008, p. 206-223), o fenómeno de fluência depende de vários fatores como:

o módulo de elasticidade E (o aumento do módulo de elasticidade dos materiais está associado

também a uma menor fluência)

a volume dos agregados na mistura (maior volume implica uma menor fluência)

a relação água cimento (quanto menor a relação A/C, menor a fluência)

o início e o período de carregamento (quanto mais demorado for o início do carregamento, menor

será a fluência)

a temperatura (maior temperatura resulta numa maior fluência)

humidade relativa (menor humidade implica uma maior fluência)

forma da secção (quanto maior o racio volume/superfície menor a a fluência).

Em fase de projeto, a maior parte destas variáveis são difíceis de definir com precisão pelo que é difícil

prever a magnitude da fluência. “Para casos correntes, e na falta de outros dados poderá utilizar-se, como

primeira referência, o valor de ϕ ≅ 2.5” (CÂMARA, 2013, p.165)

Ghali, Favre e Eldbadry (2002, p. 2 e 10) afirmam: “The modulus of elasticity of concrete increases with its

age. A stress introduced gradually (…) produces creep of smaller magnitude compared to a stress of the

same magnitude applied at age t0 and sustained during the period (t0→t).” De forma a simular este

fenómeno, para o incremento de cargas aplicadas no tempo ( ( )), Ghali, Favre e Eldbadry (2002, p. 10)

sugerem que o coeficiente de fluência ( ) seja multiplicado a um coeficiente redutor denominado de

coeficiente de envelhecimento ( ) que logicamente será menor que a unidade. Tendo em conta este fator,

a equação (3.5) pode ser escrita tal que:

( ) ( )

[ ]

( )

[ ] (3.7)

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Em que a primeira parcela representa a extensão instantânea tendo em conta a fluência devido a uma

tensão introduzida para o tempo t0, sem variação até a tempo t (ver Figura 3.3) e segunda parcela a

extensão tendo em conta a fluência, devido a uma variação da magnitude de tensões no betão de t0 até t

De referir ainda que, de acordo com Ghali, Favre e Eldbadry (2002, p. 10) o coeficiente de envelhecimento

pode ser simplesmente assumido com valores de 0,6 a 0,9, para casos correntes de 0,7 a 0,8.

3.1.3 Efeito de Retração

A curvatura ( ) representa o incremento de curvatura a longo prazo devido a fenómenos de retração.

Poder-se-á dizer, de uma forma simples que a retração está associada à perda de água da massa de cimento

devido a evaporação, carbonatação e reações de hidratação do cimento.

Este fenómeno é estruturalmente tratado como uma deformação imposta, e é independente do nível de

tensão aplicado ou variação de temperatura. Como descrito em Neville e Brooks (2008, p. 238-242), a

retração é função de várias variáveis, como:

relação água cimento (Quanto maior A/C, maior retração)

o módulo de elasticidade (quanto maior modulo de elasticidade (E), menor será a retração)

volume dos agregados (quanto maior o volume dos agregados, menor será a retração)

a humidade relativa (em geral, quanto maior humidade relativa, menor retração)

a dimensão e a forma da secção (quanto maior o volume/superfície, menor a retração)

Como apresentado em Câmara (2013, p. 166), de uma forma simplificada, a retração pode ser tratada como

uma diminuição de temperatura de 20°C a 40°C. Assim, para uma peça de betão, considera-se que a

extensão média, por retração, tomará valores tais que a .

Câmara (2013, p. 167) refere que a armadura numa peça de betão armado tem um papel restritivo ao

encurtamento do betão. No caso de diferentes quantidades de armadura de tração e compressão, as

extensões finais nas fibras extremas serão diferentes, o que resulta numa curvatura.

Também é apresentado por Câmara (2013, p. 167) que, em estruturas impedidas de se deformarem

axialmente, a retração fará com que a peça “queira” encurtar originando tensões de tração no betão que

poderão gerar fendas e, consequentemente, a uma diminuição da rigidez, o que implica um aumento de

curvaturas.

Como se pode confirmar através da equação (3.2), a curvatura é dependente da altura útil do elemento.

Assim, é fácil compreender que, para os mesmos níveis de extensões diferenciais entre as fibras inferior e

superior de uma seção, pode inferir-se que a curvatura em vigas é menos relevante que para lajes. Nestas, é

reconhecido que a retração pode ter uma maior importância uma vez que a altura útil nestes elementos é

menor.

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3.1.4 Exemplo de um tirante à tração

Para uma melhor compreensão da forma proposta para a avaliação da curvatura média, existem conceitos

como a distância mínima entre fendas e a contribuição de betão entre fendas, que são mais facilmente

explicáveis no caso de um tirante à tração pura. Uma vez que o banzo tracionado da viga pode ser

considerado como um tirante, o comportamento do tirante pode ser generalizado para o estudo do

comportamento à flexão. Apresenta-se então, na Figura 3.4, um elemento de betão armado sujeito a tração

pura.

Figura 3.4 – Tensão e extensões no aço e no betão para um tirante à tração pura Fonte: Câmara (2013)

Quando numa dada zona, as tensões atuantes no betão ( ) se aproximam do nível da tensão de tração

resistente ( ), forma-se uma primeira fenda no tirante. Sendo a armadura do elemento superior à

armadura mínima, equilibra a carga no domínio elástico (não plastifica), fazendo com que as tensões que

estariam a ser suportadas pelo betão sejam transferidas para a armadura.

Devido ao efeito de aderência aço/betão, como exemplificado na Figura 3.5, parte das tensões no aço

passam para o betão, sendo necessário para a formação de uma nova fenda que se possa ter de novo no

betão um nível de tensão correspondente ao de fendilhação ( ).

Figura 3.5 – Distância mínima (s) para a formação de nova fenda Fonte: Câmara (2013)

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Esse estado de tensão só será alcançado a uma distância s da fenda, pelo que a ocorrência de uma nova

fenda só se poderá dar para essa mesma distância. Como refere Câmara (2013, p. 169) “(…) por efeito da

aderência aço/betão, na região adjacente à fenda, [há] uma transferência de tensões do aço para o betão. A

uma distância, s, restabelece-se um estado de tensão com trações no betão que permitem condições para

se poder formar outra fenda.”

Repare-se através da Figura 3.4, que uma vez estabilizada a fendilhação entre as fendas, a tensão atingida

pelo betão será sempre inferior à tensão resistente de tração, impossibilitando o surgimento de novas

fendas, o que realça a existência de uma distância mínima entre fendas.

Assim, este elemento de betão armado terá um comportamento mais rígido do que o estado II que nunca

será total ao longo de todo o elemento uma vez que sempre existirá betão entre fendas a contribuir para a

rigidez. Como refere Câmara (2013, p. 174) “(…)na zona entre fendas o betão retém parte da força de

tração aplicada. Denomina-se, em geral, a este efeito a contribuição do betão entre fendas (…)”

Entende-se através da Figura 3.6 que a extensão no aço irá variar entre o estado I ( ) e o estado II ( ).

Figura 3.6 – Relação tensão-extensão para tirante à tração pura

Fonte: Favre et al. (1985)

Esta extensão média pode ser representada por:

⁄ (3.8)

Em que:

representa o incremento de deformação devido á força N

representa o comprimento inicial da barra de betão armado

representa a contribuição de betão entre fendas na diminuição de deformação em relação ao

estado II

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Como afirmado por Favre et al. (1985, p. 1.2) “ represents the contributions of the concrete in tension

between the cracks (tension stiffening) which follows a hyperbolic relationship approaching the line

asymptotically for stresses in excess of . It has been shown experimentally that can be represented

by the relationshionship: ( ⁄ ).”(FAVRE et al., 1985, Pag1.2)

Através do gráfico representado na Figura 3.6, geometricamente temos que:

( ⁄ ) ( ) ( ⁄ ) (3.9)

Para o estado I, por compatibilidade, a extensão no aço será igual à extensão no betão, pelo que se tem:

(3.10)

Para o estado II:

(3.11)

Tendo como ponto de partida a equação (3.8) e substituindo as variáveis pelas equações (3.9), (3.10) e

(3.11), chega-se ao resultado final das equações (3.12) em que ( ⁄ ) .

( ) ( ⁄ ) ( ⁄ ) ( ⁄ )

( ⁄ ) ( ⁄ ) ( ( ⁄ ) ) ( ⁄ )

( )

(3.12)

Em que ( ⁄ ) . A parcela ( ⁄ ) representa, então, a variação parabólica entre esforço

axial-deformação axial ou de uma uma forma equivalente entre momento-curvatura para esforços

superiores aos de fendilhação.

Favre et al (1985, p. 1.4) afirma que, de forma a calibrar o coeficiente com os resultados experimentais,

torna-se necessário a aplicação de coeficientes corretores que tenham em consideração as características

de aderência dos varões de aço e a duração ou repetição da aplicação de cargas.

Assim, o coeficiente é dado pela seguinte expressão:

( ⁄ ) (3.13)

Em que:

coeficiente que tem em conta as propriedades de aderência dos varões (β1 = 1.0 para varões de

alta aderência; β1 = 0.5 para varões aderência normal)

coeficiente que tem em conta a duração ou repetição das cargas (β2 = 1.0 para uma única carga

de curta duração; β2 = 0.5 para cargas atuando com permanência ou para vários ciclos de cargas);

Cargas de longa duração ou repetida fazem com que as propriedades de aderência entre aço-betão

sejam, em parte, perdidas.

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Como se viu, para uma zona fendilhada da peça, o comportamento de um elemento tracionado pode

considerar-se como intermédio entre os determinados estados I e II. Assim sendo, como indica a Figura 3.7,

o elemento real pode ser representado por um modelo só com zonas no estado I e II com comprimentos

definidos por e .

Figura 3.7 – Modelo de calculo para um tirante à tração Fonte: Favre et al. (1985)

Em que ( ) e , sendo os valores e dependentes do nível de esforço aplicado, que

reflete o grau de fendilhação da peça.

3.1.5 Flexão pura

Para o caso da flexão pura, todos os pressupostos apresentados para uma seção à tração pura são válidos.

Assim, as extensões médias são obtidas de acordo com a Figura 3.8, da qual resultam nas seguintes

expressões:

( ) (3.14)

( ) (3.15)

Figura 3.8 – Extensões médias à flexão Fonte: Favre et al. (1985)

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À semelhança do elemento tracionado apresentado no capítulo 3.1.4, a zona do elemento fendilhado

sujeito à flexão pura pode ser representado por um modelo de forma a simular convenientemente a

contribuição do betão entre fendas como apresentado na Figura 3.9.

Figura 3.9 - Modelo de cálculo para um elemento à flexão pura Fonte: Favre et al. (1985)

Em que, dependendo do nível de momento aplicado, o comprimento das zonas no estado I e II será dado

pelas seguintes expressões:

( ) (3.16)

(3.17)

A partir das equações (3.2), (3.14) e (3.15), chega-se à curvatura média:

( )

(3.18)

Em que a relação quadrada entre momentos ou tensões nas armaduras permite a avaliação do fator , que

é dado pela equação ( ⁄ ) ( ⁄ ) , sendo:

M o momento para combinações quase permanentes;

o momento de fendilhação do betão.

Se a curvatura média será igual à curvatura no estado I,

Em que, ( ⁄ ) e ( ⁄ ) correspondem às curvaturas avaliadas nos denominados estados I e II,

respetivamente.

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A Figura 3.10 representa variação a curvatura média a curto e longo prazo, de acordo com esta modelação.

Figura 3.10 – Curvatura a curto e longo prazo em função do momento atuante Fonte: Favre et al. (1985)

Analisando a longo prazo (t=t), a curvatura apresenta uma diferença significativa entre o valor avaliado

antes ou após . Esta variação brusca acontece devido aos fatores corretivos e (para longo

prazo o valor de é igual a 0,5). Este fator tem em conta a degradação da aderência aço/betão ao longo

do tempo ou perante repetição de cargas. Conclui-se que, para longo prazo, a deformação da peça depende

bastante da avaliação da estrutura estar ou não fendilhada. Como se discutirá adiante, considerou-se

conservativamente que sempre que se tivesse a relação ⁄ se admitia que aquela zona estava

fendilhada.

Tanto para curto prazo (t=0) como para longo prazo (t=t), ultrapassando o valor de momento de

fendilhação, é visível experimentalmente que as curvaturas aumentam de uma forma aproximada a uma

equação de 2º grau tendendo assimptoticamente para a curvatura em estado II. (como já descrito

anteriormente).

Para longo prazo, está representado o possível aumento de curvaturas tendo em conta o fenómeno de

retração, podendo chegar-se a curvaturas médias que ultrapassem o estado II.

Finalmente, conhecendo o andamento final de curvaturas em todo o elemento de betão armado, é possível

calcular a deformação, por exemplo, através da expressão (3.1) do Princípio dos Trabalhos Virtuais.

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3.2 Curvatura média com base numa secção de betão sem

armadura

No capítulo anterior foi proposta uma curvatura média que tem em conta o nível de fendilhação da peça, a

fluência e a retração. Favre et al. (1985, p. 3.2) propõem que a avaliação da curvatura média seja obtida a

partir da curvatura considerando a secção de betão não armado, segundo a expressão:

(3.19)

Em que:

representa a inércia da secção de betão não considerando as armaduras.

Para que a curvatura apresentada em (3.19) represente a curvatura real de betão armado, terá de ser

modificada através de coeficientes K que tenham em conta:

O efeito da armadura a curto prazo ( );

O efeito de fluência considerando a influência restritiva que as armaduras oferecem ao incremento

de deformação do betão ( );

O efeito da retração ( ).

Como apresentado anteriormente, a curvatura média é dada através da equação (3.18). Assim, torna-se

necessário calcular a curvatura para o estado I e estado II tendo em conta os fatores K.

A explicação apresentada nesta dissertação para estes fatores K relativos à fluência e retração ( ; ;

; ) será física e não matemática. Para uma explicação matemática poder-se-ia recorrer, por

exemplo, ao método das forças nas secções, em estado I e II, tópico que não se desenvolve neste trabalho.

3.2.1 Curvatura no Estado I

Foi explicado anteriormente que a curvatura depende do estado de fendilhação, de fluência e de retração

do betão. Tendo como base a equação (3.3), para o estado I, a curvatura total será dada pela seguinte

equação:

( ) ( ) ( ) ⏟

( ) ⏟

(3.20)

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3.2.1.1 Curvatura instantânea da secção tendo em conta a armadura

A parcela da curvatura total referente à influência das armaduras será dada pela expressão:

( )

(3.21)

Em que:

representa o coeficiente que considera a ação das armaduras a curto prazo para estado I.

De notar que a curvatura dada por ( ⁄ ) é equivalante a ( ⁄ ), em que:

representa a Inércia da secção de betão tendo em conta a armadura de compressão e tração no

estado I.

Calculando a inércia através da homogeneização da secção, torna-se evidente que a inércia no estado I ( )

será superior (mas não de uma forma significativa) à inércia da secção de betão ( ). Sendo o valor de

dado pela relação , conclui-se que este coeficiente apresentará sempre valores menores que a unidade.

As tabelas fornecidas por Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 103) (Figura 3.11) mostram

. Naturalmente, com o aumento de quantidade de armadura, o valor de inércia para o estado I ( )

aumentará fazendo com que o valor diminua em correspondência.

Figura 3.11 – Ábaco correspondente ao coeficiente K(s1) para Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 103)

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3.2.1.2 Curvatura instantânea da secção tendo em conta a fluência

O incremento de curvatura devido à fluência deve ser calculado utilizando o coeficiente e o fator

corretivo , que aplicados em conjunto representam o aumento de curvatura no tempo em relação à

curvatura a curto prazo. O incremento de curvatura é então expresso pela seguinte equação:

( )

(3.22)

Em que:

representa o coeficiente de fluência que dá o incremento da deformação se não houvesse

armaduras.

representa o coeficiente que quantifica o grau de restrição que a armadura oferece ao

incremento de deformação livre por fluência do betão para o estado I (efeito equivalente ao ,

mas agora ao incremento de deformação a longo prazo).

Como referido por Câmara (2013, p. 166) “(…) as armaduras contribuem, um pouco, para restringir o

aumento de deformação por fluência do betão. No entanto, no comportamento em Estado I, não

fendilhado, essa restrição não é muito significativa.”

Entenda-se, pela Figura 3.12, como a armadura tem esse papel restritivo em relação ao aumento de

extensões devido a fluência. Assim será sempre menor que a unidade, uma vez que a restrição ao

aumento das extensões só poderá resultar numa diminuição de curvaturas. Se não existisse restrição da

armadura e a fluência fosse livre, o incremento de extensões dado pela fluência seria igual a ( ) (equação

(3.5). Porém, essa restrição em estado I não será muito significativa pelo que tomará sempre valores

próximos da unidade, aliás, de uma forma semelhante ao valor de .

Figura 3.12 – Extensões para curto (t=0) e longo prazo (t=t) devido a fluência (estado I)

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Este aspeto é verificado na Figura 3.13, onde . Naturalmente que com o aumento de quantidade de

armadura existirá um maior efeito de restrição, fazendo com que diminua em correspondência.

Figura 3.13 - Ábaco correspondente ao coeficiente K( 1) para( ); ( );( ) Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 105)

3.2.1.3 Curvatura instantânea da secção tendo em conta a retração

A curvatura devido à retração para o estado I é calculada através da expressão:

( )

(3.23)

Em que:

representa o coeficiente que quantifica o grau de restrição das armaduras à deformação por

retração do betão para o estado I;

representa a extensão média da massa de betão devido à retração.

Como já referido no capítulo 3.1.3, o aumento de curvatura depende das quantidades de armadura nas

fibras superiores e inferiores.

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Observa-se através da Figura 3.14 que, não entrando com o efeito das armaduras, a retração seria livre

resultando no diagrama de extensões correspondente a e sem curvatura. Tendo em conta o efeito das

armaduras, estas restringem a livre deformação da massa de betão, comprimindo a armadura e

tracionando o betão, gerando uma curvatura sempre que as armaduras superiores e inferiores sejam

diferentes. No caso limite de ⁄ , as extensões seriam constantes ao longo da secção resultando num

valor de curvatura igual a zero e consequente .

Figura 3.14 – Tensões e extensões devido à retração para ⁄ (estado I)

Já para o outro caso limite, ⁄ (caso em que não existe armadura na fibra superior), o valor de

será maior e tanto maior quanto a quantidade de armadura, pois existe um nível de restrição relativo mais

importante. Através da Figura 3.15 observa-se que a retração é unicamente impedida pelas armaduras na

fibra inferior, fazendo com que o aço seja comprimido e o betão tracionado. Por equilíbrio (somatório de

momentos e de forças iguais a zero), existirão tensões de compressão nas fibras superiores fazendo com

que a extensão no betão ( ) seja superior à extensão livre por retração do betão ( ). Sendo a curvatura

calculada com base em , chega-se à conclusão que, em geral, será inferior à unidade. No

entanto, para grandes quantidades de armadura, o valor de pode tomar um valor próximo da unidade.

Figura 3.15 – Tensões e extensões devido à retração para ⁄ (estado I)

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É isso que mostra a Figura 3.16 em que, para casos correntes, . Para o caso ⁄ confirma-se

que será praticamente zero a menos de diferenças nas distâncias aos bordos das armaduras superiores

e inferiores

Figura 3.16 - Ábaco correspondente ao coeficiente K(cs1) para( ); ( ) Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 111)

No final, a longo prazo, conclui-se que, para o estado I, a curvatura final pode ser dada pela seguinte

expressão:

( ) ( )

(3.24)

Para curto prazo no estado I, a curvatura final é dada por:

( )

(3.25)

3.2.2 Curvatura no Estado II:

Tendo novamente como base a equação (3.3), para o estado II, a curvatura final será dada pela seguinte

equação:

( ) ( ) ( ) ⏟

( ) ⏟

(3.26)

De referir que, para o efeito de cargas permanentes, a curvatura ( ) representa o maior valor possível

para ( ) (não considerando a eventual influência da retração).

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3.2.2.1 Curvatura instantânea da secção tendo em conta a armadura

A curvatura a curto prazo tendo em conta as armaduras será dada pela expressão:

( )

(3.27)

Em que:

representa o coeficiente que considera a influência das armaduras a curto prazo, e que têm,

necessariamente uma importância vital no estado II.

De notar que a curvatura dada por ( ⁄ ) é equivalante a ( ⁄ ), em que:

representa a Inércia da secção de betão armado fendilhada (estado II), tendo em conta a secção

de betão à compressão e as armaduras à tração e compressão.

Como ilustrado na Figura 3.17, o estado II não entra com a participação do betão à tração, fazendo com que

a inércia neste estado ( ) seja significativamente inferior à inércia para a secção de betão ( ). Sendo o

valor de dado pela relação , conclui-se que este coeficiente apresentará sempre valores

consideravelmente maiores que 1 e, consequentemente, ( ) ( ) .

Figura 3.17 - Secção de betão e secção de betão armado no estado 2

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Isto é constatado na Figura 3.18 que . Naturalmente, a diminuição de quantidade de armadura e a

consequente subida da linha neutra, fazem com que a inércia no estado II diminua e consequentemente

aumente. Refira-se que corresponde aproximadamente a armadura mínima e que, portanto,

a rigidez em estado II varia, para situações correntes, aproximadamente entre 2 a 10 da secção só de betão.

Figura 3.18 - Ábaco correspondente ao coeficiente K(s2) para d/h=1 Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 104)

3.2.2.2 Curvatura instantânea da secção tendo em conta a fluência

O incremento de curvatura devido à fluência é também avaliado a partir da curvatura instantânea

afectada pelo coeficiente corretivo , tal que:

( )

(3.28)

Em que:

representa o coeficiente que quantifica o grau de restrição que a armadura oferece ao

incremento de deformação livre por fluência do betão no estado II.

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Observa-se através da Figura 3.19 que, devido à “perda de rigidez” por fluência, a linha neutra da secção

baixa fazendo com que o braço (z) também diminua. Sendo o momento fletor (resultante das cargas

exteriores) invariável, a força resultante das tensões do aço (Fs) e do betão (Fc) tem de aumentar fazendo

com que as extensões para o aço também aumentem. Note-se que este aumento não será considerável

sendo apenas um ajuste. Esta conclusão é confirmada por Câmara (2013, p. 207), “(…) é

necessariamente muito pequeno pois, numa secção fendilhada, a restrição ao aumento da deformação ao

longo do tempo é grande. Repare-se que a zona tracionada só pode, quando muito, ajustar um pouco a sua

deformação, pois é só aço e este não flui.”

Figura 3.19 – Posicionamento da linha neutra, tensões e extensões devido à fluência (estado II)

Confirma-se através da Figura 3.20 que os valores são sempre diminutos. Para casos correntes este

fator atingirá valores entre 0,05 e 0,2. Isto mostra que uma secção no estado II, que perdeu rigidez por esse

facto, vai ter um incremento de deformação relativamente pequeno ao longo do tempo.

Figura 3.20 - Ábaco correspondente ao coeficiente K( 2) para e Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 108)

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3.2.2.3 Curvatura instantânea da secção tendo em conta a retração

A curvatura devido à retração para o estado II é calculada através da expressão:

( ) (3.29)

Como ilustrado na Figura 3.21, no estado II, a secção só tem ativa a zona comprimida e as armaduras que

oferecem restrição ao encurtamento do betão. As extensões (devido à retração) na zona da armadura de

tração terão tendência a ser pequenas pois nessa zona não existirá betão para estabelecer o equilíbrio e

não poderá existir uma variação de momento (somatório de momentos e forças igual a zero). Assim,

existirá sempre uma curvatura para o estado II devido à retração. De referir que, quanto maior a

quantidade de armadura à compressão, maior a restrição ao encurtamento do betão e consequentemente

menor a curvatura. Caso a quantidade de armadura à tração fosse tal que e não existindo armadura

de compressão, a curvatura no estado II seria dada por ( ) ≅ ⁄ , ou seja, seria ligeiramente

superior à unidade.

Figura 3.21 – Tensões e extensões devido a retração para o estado II

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Isto é constatado através da Figura 3.22 em que, para o caso limite de , o valor de será

ligeiramente superior à unidade.

Figura 3.22 - Ábaco correspondente ao coeficiente K(cs) para , e Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 108)

No final, para longo prazo, conclui-se que, para o estado II, a curvatura final é dada pela seguinte expressão:

( ) ( )

(3.30)

Para curto prazo, a curvatura final é dada por:

( )

(3.31)

3.3 Método Bilinear

Favre et al. (1985, p. 3.17) referem que: “The bilinear method is limited to the calculation of deflections. It

is based on the observation that, for the serviceability limit state, the moment-deflection relationship may

be approximated by a bilinear relation which represents in some way the overall effect of the moment-

curvature relationships”.

Num elemento genérico, para momentos inferiores aos momentos de fendilhação (estado I), a relação

momentos-curvaturas é linear. Já para secções onde o momento é superior ao de fendilhação, a curvatura

será intermédia entre os estados I e II simulando a contribuição de betão entre fendas. Sendo a deformação

calculada a partir da integração das curvaturas em todo o elemento, a relação momento-deslocamento é

mais “puxada” para o estado I, pois neste caso há que integrar ao longo das zonas fendilhadas ou não

fendilhadas, resultando então que a deformação seja mais próxima de uma relação linear do que

parabólica.

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O Método Bilinear é um método simplificado uma vez que considera uma secção determinante (secção de

momento máximo) para o cálculo da deformação. Assim sendo, os coeficientes descritos no capítulo

anterior são admitidos constantes ao longo da peça, tornando o cálculo mais rápido e expedito.

Segundo Favre et al. (1985, p. 3.17), admite-se as seguintes considerações simplificativas:

Para o estado limite de serviço, a distribuição de momentos atuantes será semelhante à distribuição

de momentos elásticos pelo que, como simplificação, se considera a distribuição de momentos

elásticos;

O coeficiente , que na realidade varia ao longo do elemento, é calculado para secções ditas como

determinantes. Os valores de momento, momento de fendilhação e todos os fatores corretivos da

curvatura são calculados com base na secção determinante;

O cálculo das deformações “ ” e “ ” correspondentes ao estado I e II e são calculadas com base

nas características da secção determinante. Não são tidos em conta efeitos de variação de

quantidade de armadura ao longo do elemento.

3.3.1 Cálculo de

Câmara (2013, p. 209) realça que o efeito não linear no valor de deformação é melhor avaliado

considerando que a flecha no vão depende das curvaturas no vão, mas também do que se passa sobre os

apoios, pelo que se pode tomar um valor ponderado tendo em conta essas zonas. Através da equação (3.1)

entende-se que a flecha a meio vai será função das curvaturas ao longo de toda a estrutura. Assim, Câmara

(2013, p. 209) sugere a seguinte ponderação dependendo das condições de fronteira:

Figura 3.23 - Ponderação do coeficiente em função das condições de fronteira Fonte: Adaptado de Câmara (2013)

Enquanto que a relação momento-curvatura é semelhante a uma equação de 2º grau, a relação momento-

deslocamento é aproximadamente igual a uma equação linear fazendo com que o coeficiente também o

seja.

Matematicamente, ao escolher uma secção determinante, não varia ao longo do elemento, assim

( ⁄ ) ( ⁄ )

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Em que :

O momento M, que na realidade varia, é tido como constante. Este é calculado como a média

geométrica entre e ( √ );

Considera-se o momento de fendilhação igual para toda a secção, pelo que ;

é o momento calculado para a secção determinante;

é o momento de fendilação para a secção determinante;

e foram descritos anteriormente no capítulo 3.1.4.

De notar que para o caso em que exista mais de uma secção determinante, à semelhança da ponderação de

, os valores K ( , e ) serão também sujeitos a essa mesma ponderação.

3.3.2 Cálculo da flecha:

Analisando a estrutura para a secção determinante e combinando as equações (3.1) e (3.18), tem-se que a

deformação para uma peça de betão armado será a seguinte:

∫ ( )

( ) (3.32)

Para longo prazo, tendo em conta as equações (3.1), (3.24) e (3.30), conclui-se que e são dados pelas

seguintes equações:

( ) ∫

⏟ ( )

(3.33)

( ) ∫

⏟ ( )

(3.34)

As variáveis e representam o menor e maior valor de deformação possível para um elemento de

betão armado.

Como apresentado na Figura 3.24, e são valores constantes, que simulam a retração nos estados I e

II, concluindo (mais uma vez) que a retração não depende do momento aplicado, incrementando

constantemente o valor da deformação e . Como se pode constatar através da Figura 3.16 e Figura

3.22, o valor de será sempre menor que , o que resulta em valores de inferiores a .

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Figura 3.24 - Deformação a longo prazo em função do momento atuante, tendo em conta a retração Fonte: Favre et al. (1985)

Desprezando-se a parcela do efeito da retração, as deformações e sofrem uma translação de forma a

que o valor da deformação seja nulo para momento nulo (ver Figura 3.25).

Analogamente, para curto prazo, tendo em conta as equações (3.1), (3.25) e (3.31), conclui-se que os

valores e são dados pelas seguintes equações, representadas também pela Figura 3.25.

(3.35)

(3.36)

Figura 3.25 - Deformação a curto e longo prazo em função do momento atuante, não tendo em conta a retração Fonte: Favre et al. (1985)

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3.4 Coeficiente Global Formal

Favre et al. (1985) apresentam, como simplificação do Método Bilinear, o método dos Coeficiente Globais

em que é efetuada a ponderação de um único coeficiente global que representa os fenómenos devidos às

cargas permanentes (fendilhação e fluência).

“These coefficients (kt and k0) are derived from the bilinear method by means of certain simplifications”

(FAVRE et al., 1985, pag 3.26).

As simplificações são as seguintes:

Assume-se que d’/h=0,1;

Para assume-se que o rácio ρ’/ρ=0,25;

β1=1 (armadura de alta ardência).

Tendo em conta apenas os fenómenos de cargas aplicadas, das equações (3.33) e (3.34) têm-se as seguintes

equações:

( ) (3.37)

( ) (3.38)

Deste modo, para longo prazo, Favre et al. (1985) indica que a expressão (3.32) vem igual a:

[( ) ( ) ( ) ] (3.39)

Para curto prazo, tem-se que:

[( ) ] (3.40)

Os valores das expressões (3.39) e (3.40) têm os seguintes significados:

é a flecha elástica para uma secção homogénea de betão;

- coeficiente que entra em consideração com o efeito das armaduras, da fendilhação e da

fluência (função de ϕ, αρ, Mcr/MD, ⁄ ), em que α é sempre avaliado com o módulo de

elasticidade instantâneo do betão;

- coeficiente que entra em consideração com a influência da armadura de compressão (função de

ρ’/ρ, αρ). A armadura de compressão fará com que a curvatura seja menor. Assim sendo, para

longo prazo este coeficiente reduz a curvatura em média entre 5-10%, na maior parte dos casos. k0

já comtempla a armadura de compressão através da simplificação ρ’/ρ=0,25. Assim, o factor só

entrará para o calculo de ;

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- coeficiente que entra em consideração com o efeito das armaduras e da fendilhação (função de

αρ, Mcr/MD, ⁄ ).

Favre et al. (1985, p. 3.31-3.32) apresenta uma série de ábacos que fornecem os valores de e sendo a

sua escolha dependente do parâmetro ⁄ . Ghali, Favre e Eldbadry (2002, p. 326) referem que o

posicionamento da armadura de tração, expresso por ⁄ , varia com a terceira potência, resumindo a

consulta de e a único ábaco de ⁄ . Assim, para que a posição das armaduras de tração seja

contabilizada, as expressões (3.39) e (3.40) são alteradas para as seguintes:

Para longo prazo:

( ⁄ ) (3.41)

Para curto prazo:

( ⁄ ) (3.42)

É apresentado através da Figura 3.26 o ábaco correspondente aos valores de para h/d=1. No caso de

lajes, para valores habituais de percentagem de armadura, a flecha a longo prazo será incrementada entre 3

a 7 vezes em relação à flecha elástica. De salientar que, em princípio, o nível de esforço para uma secção

determinante com armadura mínima ( ) não será elevado pelo que, em geral, corresponderá a

uma secção no estado I (não fendilhado) e consequentemente a valores de não superiores a 7,5.

a

Figura 3.26 - Ábaco correspondente ao coeficiente K(t) para h/d=1 e Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 98)

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É apresentado através da Figura 3.27 o ábaco correspondente aos valores de . Conclui-se através do

mesmo que o efeito de fendilhação poderá incrementar a flecha elástica de 1 a 3 vezes.

Figura 3.27 - Ábaco correspondente ao coeficiente K(0) para 1º carregamento e para h/d=1 Fonte: Favre et al. (1985 apud Gomes e Vinagre (1997), p. 97)

Appleton (2013, p. 520) afirma só tem sentido utilizar que o fator ( ⁄ ) quando se considera a secção

determinante como fendilhada. Caso a secção esteja não fendilhada (estado I) pode-se determinar

conservativamente que o valor de deformação a curto e longo prazo são incrementados pela fluência, não

contabilizando o efeito das armaduras. Assim sendo:

( ) (3.43)

(3.44)

De uma forma equivalente à do Método Bilinear (capítulo 3.3) podem calcular-se os coeficientes globais (

e ) tendo em conta as secções determinantes e as condições de fronteira (capítulo 3.3.1), e

posteriormente fazer-se a ponderação de coeficientes como indicado na Figura 3.28.

Figura 3.28 - Ponderação do coeficiente em função das condições de fronteira Fonte: Adaptado de CÂMARA (2013)

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3.5 Coeficiente Global Adaptado

O Método dos Coeficiente Globais Formal requer a consulta manual de ábacos o que pode resultar num

processo demorado e sujeito a erros de consulta. Neste trabalho é proposto um coeficiente, o Coeficiente

Global Adaptado, baseado na rigidez da secção, que poderá dispensar a consulta destes ábacos e que

permitirá uma avaliação equivalente da deformação final.

Visto que este método tem como base o Método Bilinear, todas as simplificações apresentadas no capítulo

3.3 serão válidas para este capítulo. Admite-se também que as armaduras são de alta aderência, (β1=1) e

que se despreza o fenómeno de retração.

Havendo uma relação direta entre a Rigidez e a Curvatura, a equação (3.18) pode ser alterada de forma a

calcular uma rigidez média (ou rigidez equivalente).

( ) ( ) ( ) ( ) (3.45)

Para longo prazo, propõe-se que a fluência seja simulada através de uma diminuição do módulo de

elasticidade (equação (3.6). Uma vez que a inércia é calculada através da homogeneização da secção, esta

depende do módulo de elasticidade, fazendo com que a inércia seja calculada diferenciadamente para o

curto e longo prazo. Essa homogeneização é feita através da variável .

Assim, a longo prazo tem-se que:

⁄ (3.46)

Tendo em conta este fator , a longo prazo, a rigidez equivalente é dada pela seguinte expressão:

( ) ( ) (3.47)

Em que :

representa o módulo de elasticidade a longo prazo ( ( )⁄ );

representa a inércia no estado I tendo em conta ;

representa a inércia no estado II tendo em conta .

A curto prazo a variável é obtida através da seguinte expressão:

⁄ (3.48)

A curto prazo a rigidez equivalente é dada pela expressão:

( ) ( ) (3.49)

representa o módulo de elasticidade do material;

representa a inércia no estado I tendo em conta ;

representa a inércia no estado II tendo em conta .

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Para o caso de uma secção determinante e tendo como ponto de partida a deformação elástica de curto

prazo para uma secção de betão ( ), poder-se-á estimar a deformação a longo prazo a partir da seguinte

expressão:

[( )

] [( ) ]

(3.50)

Tendo como referência a flecha elástica do betão ( ), a Figura 3.29 representa o incremento de flecha

resultante da aplicação dos fatores e . Estes são fatores que refletem o incremento de flecha, tendo

em conta o efeito das armaduras e o efeito da fluência num estado não fendilhado e fendilhado,

respetivamente.

Figura 3.29 – Representação dos valores K(t1) e K(t2)

Fonte: Adaptado de Favre et al. (1985)

e serão sempre valores maiores que a unidade, uma vez que, devido à fluência, existirá sempre um

incremento na flecha em relação à flecha elástica.

Para curto prazo, a deformação será calculada pela seguinte expressão:

[( )

] [( ) ] (3.51)

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Analogamente à Figura 3.29, a Figura 3.30 representa, a curto prazo, a diminuição ou aumento da flecha

devido aos fatores e .

Figura 3.30 – Representação dos valores K(01) e K(02)

Fonte: Adaptado de Favre et al. (1985)

A curto prazo, será inferior à unidade pois este fator contabiliza a armadura fazendo com que a secção

seja mais rígida que a secção de betão sem armaduras. será sempre superior a 1, uma vez que a rigidez

em estado II é inferior à rigidez de referência da secção de betão.

Caso se justifique o uso de mais de uma secção determinante, o valor dos fatores e serão estimados

tendo em conta as condições de fronteira de forma semelhante à apresentada na Figura 3.28. Tratando-se

do cálculo de deformações, o fator é calculado para cada secção determinante.

De notar que o método dos Coeficientes Globais Adaptado é equivalente ao Método Bilinear, uma vez que

as equações (3.37) e (3.38) podem ser escritas (para longo prazo) de tal forma que:

( )

(3.52)

( )

(3.53)

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40

Existe essa mesma equivalência para curto prazo:

(3.54)

(3.55)

De forma a validar essa equivalência, calcular-se-á o coeficiente tendo em conta o Método dos

Coeficientes Globais Adaptado, comparando os valores aos apresentados na Figura 3.13 do presente

trabalho. Tendo em conta a equação (3.54), a expressão (3.52) pode ser escrita de tal forma que:

( ) (

) ⁄ (3.56)

Variando os valores de quantidades de armadura chegam-se aos seguintes valores de apresentados na

Figura 3.31, observando-se que a diferença entre as duas abordagens não é relevante pelo que a

equivalência entre os dois métodos pode ser validada.

Figura 3.31 – Comparação entre os valores apresentados por Favre et al. (1985) correspondente ao coeficiente K( 1) para d/h=1 e valores do coeficiente K( 1) utilizando o Método dos Coeficientes Globais Adaptados para um d/h=1, d’/h=0,13 e

Esta desigualdade é espectável na medida em que o método dos Coeficientes Globais Adaptado não

considera o coeficiente de envelhecimento. Os valores de calculados são superiores aos tabelados uma

que o coeficiente de fluência não é reduzido para efeitos de variação de tensão no betão ao longo do

tempo. Conclui-se que, na prática, a consideração do coeficiente de envelhecimento acaba por não ter uma

relevância significativa.

0,001 0,002 0,003 0,005 0,01 0,02 0,03 0,05 0,1 0,2

ρ'/ρ=0

ρ'/ρ=1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

kφ1

α.ρ

Coef. Globais Adaptados

Método Bilinear

Page 53: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

41

3.6 Inércia Equivalente

A avaliação norte-americana tem que: “An analogous approach for estimation of the deflection due to load

(…) is based on calculation of an effective moment of inertia to be assumed constant over the full length of

the member.” (GHALI, FAVRE e ELDBADRY, 2002, p. 236).

A presente metodologia propõe o cálculo de uma inércia efetiva que estará entre o estado I e II e será

constante ao longo de toda a peça. Embora a abordagem de cálculo seja diferente, este método é

equivalente aos descritos anteriormente uma vez que:

⁄ ⁄ (3.57)

Esta abordagem é seguida, em geral, no continente americano. Neste capítulo serão abordadas as normas

norte-americana ACI-435 e brasileira ABNT-NBR6118.

Essas normas determinam que a Inércia equivalente seja calculada a partir da fórmula apresentada por

Brandson (1977 apud GHALI, FAVRE, ELDBADRY, 2002, p. 315):

( )

[ ( )

] (3.58)

Em que:

é o momento de inércia da secção no estado I. As normas permitem que se utilize (inércia da

secção de betão não considerando as armaduras) em detrimento de ;

é a inércia da secção em estado II;

é o momento na secção determinante;

é o momento de fendilhação, que se considera metade no caso de barras lisas (efeito

equivalente ao de ).

Para o caso de uma viga bi-apoiada (apenas uma secção determinante), a deformação instantânea a partir

da deformação elástica é dada através da expressão:

( ⁄ ) (3.59)

A deformação será superior ou inferior a dependendo do estado de fendilhação da peça.

Para longo prazo a norma ACI435 (2003, p. 14) afirma que “ACI method-Time-dependent deflection of

oneway flexural members due to the combined effects of creep and shrinkage, is calculated in accordance

with ACI 318-89 (using Brandson’s Equation, 1971, 1977) by applying a multiplier”.

Page 54: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

42

Tendo em consideração os fenómenos de retração e fluência, a deformação a longo prazo será dada pela

seguinte expressão:

( ) (3.60)

Enquanto que pela norma ACI-435 seria necessário calcular através de ábacos, a norma ABNT-NBR 6118

dá a possibilidade de calcular o coeficiente através da seguinte fórmula:

(3.61)

Em que:

representa a percentagem de armadura à compressão;

é um coeficiente em função do tempo que pode ser dado pela expressão ( ) ( ), em

que ( ) para t<70 meses. Caso t>70 meses , admite-se que ( ) .

Para estruturas correntes, existirá sempre uma armadura mínima de compressão pelo que, em termos

gerais, os valores de serão por volta de 1,7 a 1,9.

De referir que o parâmetro corresponde a uma aproximação na determinação do incremento de

deformação no tempo da deformação a longo prazo em função da inicial (com ou sem fendilhação).

Como apresentado no capítulo 3.3.1, a flecha depende das curvaturas na zona de encastramento e a meio

vão. Assim, para o caso de mais de uma secção determinante, a norma ACI-435 (2003, p. 11) recomenda

que a inércia equivalente seja ponderada tendo em conta as seguintes condições de fronteira

representadas na Figura 3.32. Estas hipóteses valorizam um pouco mais as zonas de momentos positivos do

vão:

Figura 3.32 - Ponderação da Inércia Equivalente em função das condições de fronteira Fonte: ACI-435

Note-se que, para o cálculo da deformação para mais de uma secção determinante, o valor e o valor é

também calculado com base em cada secção determinante.

Page 55: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

43

3.7 Métodos para avaliar a deformações em lajes

Segundo Favre et al (1985), o cálculo de deformações a partir dos métodos apresentados anteriormente,

pode ser generalizado a lajes através de dois procedimentos, o método das bandas ortogonais e o método

direto.

3.7.1 Método das Bandas Ortogonais

Para este método, a laje é divida num conjunto de bandas ortogonais. O cálculo da deformação é efetuado

através de um “caminho” definido pelas bandas. Como apresentado na Figura 3.33, cada banda terá um

coeficiente ponderado e uma deformação afetada a esse coeficiente, trabalhando sempre com

deformações relativas entre bandas.

Figura 3.33 – Exemplo de aplicação do método das bandas ortogonais Fonte: Favre et al. (1985)

Para o caso exemplificado, utilizando o método dos coeficientes globais chegar-se-ia a um coeficiente global

da Banda B e C. O respetivo coeficiente afetaria a deformação e . Para a banda B-A-C considerar-se-

ia um novo coeficiente global que afetaria a deformação diferencial . Considerando esta direção de

bandas, a deformação total é dada pela seguinte expressão:

(

) (3.62)

Evidentemente que se se fizesse a avaliação pelo caminho alternativo, o resultado poderia não ser o

mesmo, caso em que se adotaria a média.

Page 56: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

44

3.7.2 Método Direto

O método direto acaba por ser uma simplificação do método das bandas ortogonais, na medida em que

exige um menor número de pontos para a estimativa do deslocamento no centro da laje.

Esta metodologia tem como base o cálculo de um único coeficiente que afeta toda a laje. O coeficiente

pode ser calculado tendo em conta as zonas do apoio e do centro da laje.

Para o caso da Figura 3.33, calcula-se um coeficiente para o apoio e outro para o centro da laje. Faz-se a

média desses dois coeficientes. Para calcular a deformação a curto ou longo prazo em qualquer ponto da

laje, basta multiplicar a deformação elástica por esse coeficiente. Assim, para o centro da laje a deformação

é dada pela expressão:

(3.63)

O método das bandas ortogonais acaba por ser um método mais exato do que este, uma vez que considera

várias secções determinantes para o cálculo da deformação final. Desta forma, entra em conta com a

possível fendilhação e quantidades de armadura das várias secções analisadas. Repare-se que, para o

método direto, os pontos B e C não são tidos em conta na ponderação do coeficiente global, fazendo com

que este método, em teoria, seja menos preciso que o método das bandas. A vantagem do método direto é

o facto de ser bastante mais simples, o que, sendo fiável, pode tornar-se uma importante mais-valia.

Para discutir as eventuais variações nos resultados, é apresentada no capítulo 4, com base num exemplo a

avaliação da deformação no centro da laje, tendo em conta o Método dos Coeficientes Globais Formais,

Adaptados e Inércia Equivalente.

Page 57: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

45

4. Caso de Painéis Centrais

Apresentam-se neste capítulo as simplificações e processos para o cálculo da deformação de um painel

central de laje ilustrado na Figura 4.1. A análise comparativa baseia-se no estudo de uma solução

fungiforme e de uma solução vigada equivalente.

Figura 4.1 – Painel Central

O dimensionamento dos elementos estruturais foram definidos para uma malha base de 8 metros e o

cálculo das deformações basearam-se nos pressupostos da NP EN 1992 (2010). Para calcular os esforços e

as deformações elásticas recorreu-se ao programa de cálculo SAP 2000.

A laje fungiforme estudada tem espessura de 0,22 metros e capitéis de 3 por 3 metros com espessura de

0,35 metros. A laje vigada apresenta uma espessura de 0,20 metros e vigas de 0,75 metros de altura por

0,30 metros de largura. Em ambas as situações, o painel desta primeira fase de estudo é um painel central.

Começa-se por fazer neste capítulo uma pequena referência aos valores das ações, das combinações das

ações e características dos materiais referidas nas normas NP EN 1990 (2009) e NP EN 1991 (2009), que vão

servir para o estudo comparativo que se apresenta seguidamente.

4.1 Ações

Como referido por Sousa (2011, p. 21) “Denomina-se acção todo o agente capaz de produzir estados de

tensão ou deformação em uma estrutura qualquer.” Para o dimensionamento de uma estrutura, as ações a

ter em conta são:

Ações permanentes;

Ações variáveis.

A NP EN 1990 (2009) define as ações permanentes como ações com elevada probabilidade de se

manifestarem de forma constante ao longo de praticamente todo o tempo de vida útil da estrutura, como o

Page 58: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

46

peso próprio de elementos estruturais e não estruturais. O peso próprio de elementos não estruturais é

apelidado de Restantes Cargas Permanentes. As ações variáveis, como o próprio nome indica, são ações

cuja variação de intensidade no tempo não é desprezável.

Para uma estrutura, as cargas permanentes não poderão ser facultadas por nenhuma norma uma vez que

dependem do projeto de arquitetura e das outras especialidades como eletricidade, hidráulica etc. Embora

não definidas, para uma habitação, as restantes cargas permanentes espectáveis serão da ordem de

grandeza da Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Valores comuns de rcp e rcp utilizada

Utilização Restante carga

permanente (rcp) [kN/m2] Restante carga permanente (rcp)

utilizada [kN/m2]

Zonas comerciais e residenciais 2,0 a 3,5

2,0 Caves 0,5

Cobertura 3,5

Segundo a NP EN 1991-1 (2009), a quantificação das sobrecargas de utilização dependem das categorias das

zonas carregadas. A Tabela 4.2 mostra os valores de referência da norma bem como os valores de

sobrecarga considerados no presente trabalho.

Tabela 4.2 – Valores de sobrecarga de referência e sobrecarga utilizada

Utilização Sobrecarga (q) de

referencia [kN/m2] Sobrecarga (q)

utilizada [kN/m2]

Zonas domésticas e residenciais 2,0

5,0 Escritórios 3,0

Locais de concentração de pessoas 4,0 a 7,0

Cave de Estacionamento 2,5 a 5 Fonte: Adaptado de NP EN 1991-1 (2009)

4.2 Segurança

Para verificar a segurança da estrutura, a NP EN 1990 define princípios para o dimensionamento em relação

aos estados limites. Para situações de projeto, o estado limite último deve ser aplicado tendo em vista a

segurança das pessoas e/ou da estrutura, enquanto o estado limite de utilização visa o conforto das

pessoas, aspeto da construção e funcionamento da mesma.

Para qualquer estado limite, deve verificar-se sempre que os efeitos das ações são iguais ou inferiores aos

correspondentes valores de resistências. A seguinte equação expressa essa mesma verificação:

(4.1)

Em que:

representa o efeito de cálculo do efeito das ações;

representa o valor de cálculo resistente correspondente.

Page 59: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

47

4.2.1 Estado Limite Último

Os Estados Limites Últimos (ELU) são aqueles relacionados com o colapso, ou com qualquer outra forma de

ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura, e têm de ser analisados de forma a

garantir 99,999% de probabilidade de se verificarem.

4.2.1.1 Ações de Cálculo

As ações serão, então, majoradas por coeficientes parciais de segurança de forma a simular uma situação

extrema na estrutura. A expressão para o cálculo da combinação de ações deste estado será :

(4.2)

Os coeficientes parciais de segurança considerados foram os presentes na Tabela 4.3. Repare-se que,

mesmo sendo a restante carga permanente uma ação permanente, esta tem alguma probabilidade de vir a

ser modificada em relação ao previsto na fase de projeto, pelo que se adotou um coeficiente de segurança

igual aos das sobrecargas

Tabela 4.3 – Valores de coeficiente de segurança para ELU normativos e adotados

Tipo de Carga Coeficientes parciais

de segurança Valores de Referencia

Valores Adotados

Peso Próprio 1,35 1,35

Restante Carga permanente 1,35 1,50

Sobrecarga 1,50 1,50

Fonte: Adaptado de NP EN 1990 (2009)

4.2.1.2 Resistência de cálculo

O valor de cálculo para a resistência dos materiais será minorado por coeficientes de segurança parciais dos

materiais através da expressão:

(4.3)

Em que representa a resistência característica do material.

Através da Tabela 4.4 consultam-se os coeficientes de segurança dependendo do material a utilizar. É

depois com base nestes valores resistentes e em modelos de comportamento apropriados que são

avaliadas as capacidades resistentes.

Tabela 4.4 – Valores dos coeficientes de segurança para ELU de materiais

Material Coeficientes parciais

de segurança Valores

Normativos

Betão γc 1,50

Aço γs 1,15 Fonte: Adaptado de NP EN 1990 (2009)

Page 60: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

48

4.2.2 Estado Limite de Utilização

A expressão para o cálculo da combinação de ações para o Estado Limite de Utilização (ELS), para a

combinação quase-permanente dada pela seguinte expressão:

(4.4)

Para o Estado Limite de Serviço (ELS), os valores das ações serão valores espectáveis, ou seja, não são

afetadas por um coeficiente de segurança maior que 1, sendo inclusive, as sobrecargas multiplicadas, de

acordo com o tempo de permanência previstos por coeficientes inferior a 1.

O valor de é dado pela seguinte Tabela 4.5

Tabela 4.5 - Valores dos coeficientes ψ2 para ELS

Utilização normativo adotado

Habitação ou escritorios 0,3 0,4 Zonas comerciais 0,6

Caves 0,6 Fonte: Adaptado de NP EN 1990 (2009)

4.3 Materiais

Para a presente dissertação foram utilizados como materiais o betão C30/37 e o aço A500. Os valores

característicos são apresentados na seguinte tabela.

Tabela 4.6 – Valores característicos do aço e betão

C30/37 A500

30,0 MPa 500 MPa

2,9 MPa 210 GPa

33,0 GPa

Refira-se que a resistência à tração do betão em flexão é superior a este valor de referência ( ) avaliado

para a tração pura. No entanto, uma vez que as lajes, em geral, têm alguma restrição às deformações

impostas, geram-se trações. Considerou-se assim que o efeito da flexão é anulado por este efeito.

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49

4.4 Validação do Modelo

O modelo utilizado para analisar um painel central é constituído por este e painéis adjacentes numa área

total de 16 por 16 metros, com 4 apoios pontuais que simulam os pilares. Para simular continuidade, as

condições de fronteiras bloqueiam a rotação para os bordos na direção y e para o bordo na direção x.

A Figura 4.2 ilustra as direções e as orientações das rotações e deformação.

Figura 4.2 - Campos de deslocamentos numa laje de Kirchhoff Fonte: Leitão et al (2013)

Estando cada nó em contacto com 4 elementos, existem, para cada nó, 4 diferentes valores de esforços. O

programa SAP 2000 utiliza elementos quadrados de 4 nós na circunstancia descrita. No caso, utilizou-se

uma malha geral de 0,5 metros por 0,5 metros.

Para lajes fungiformes, na região próxima dos apoios, procedeu-se a um refinamento de malha visto esta

ser uma zona com uma importante variação de esforços. Para este refinamento localizado, utilizou-se uma

malha de transição constituída por elementos triangulares de 3 nós.

É preciso ter sempre presente que “Uma estrutura modelada por elementos finitos é uma estrutura, em

geral, mais rígida que a estrutura real porque as funções de forma não conseguem reproduzir o campo real

de deslocamentos. Assim, elas impõem restrições à livre deformação da estrutura de modo que ela possa

minimizar a sua energia potencial.” (Luiz Eloy VAZ, 2011, p. 75).

Como descrito por Vaz (2011), a metodologia de elementos finitos será sempre uma aproximação da

realidade. Esta aproximação será, em princípio, tanto mais próxima do modelo elástico exato quanto maior

for o refinamento da malha.

Uma verificação simplificada dos resultados de uma análise de elementos finitos é fundamental. É essa

validação que se apresenta seguidamente para as soluções fungiformes e vigadas.

Page 62: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

50

4.4.1 Laje Fungiforme

Sendo utilizada uma análise por elementos finitos, é sempre importante perceber se os resultados obtidos

pelo programa de elementos finitos são razoáveis e portanto, válidos. É por exemplo fundamental verificar

que, por equilíbrio, a soma do integral dos momentos ( ) ao longo dos corte “+” e “–“, é

aproximadamente igual a PL2/8.

É apresentado através da Figura 4.3 a distribuição de momentos para o painel fungiforme, a sua divisão em

zonas para o posterior cálculo de armaduras (assunto abordado no capítulo 4.5) e a localização em planta

dos cortes “+” e “–“.

Figura 4.3 - Alinhamentos, cortes e distribuição de momentos 22 em planta para laje fungiforme

Page 63: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

51

A distribuição de momentos para o corte “–“ e “+” é ilustrada na Figura 4.4 e na Figura 4.5.

Figura 4.4 – momento para corte “–“

Figura 4.5 - momento para corte “+“

Após a obtenção da distribuição de momentos para o corte “+” e “–“, faz-se a verificação do equilíbrio

tendo em conta a seguinte expressão:

( ⁄ ) ( ) ∫ ∫

( ) ( ) (4.5)

Em que:

∫ representa o integral dos momentos para o corte “–“;

∫ representa o integral dos momentos para o corte “+”.

Calculou-se a espessura média do painel com o objetivo de avaliar as cargas devido ao peso próprio. Para o

painel central, a área correspondente aos capitéis é de 9 m2 pelo que a espessura média do painel será:

( ⁄ ) ( ⁄ )

Assim sendo, para o painel central, os valores obtidos através da expressão (4.5) e os valores teóricos são

apresentados na Tabela 4.7, para um vão de 8 metros. Importante referir que esta análise foi elaborada

para o Estado Limite Último.

Tabela 4.7 – Comparação entre os valores correspondentes a PL2/8 obtido teoricamente e pelo SAP (laje fungiforme)

Valor de referencia (PL2/8) 1186 kN.m

Valor SAP 1178,5 kN.m

Existe uma diferença de 0,6% entre o valor base estimado e o calculado pelo SAP. Esta é uma diferença não

relevante, pelo que se conclui que a modelação está correta.

Verificaram-se também as reações verticais nos apoios. Tendo em consideração o peso próprio da

estrutura, são expressos através da Tabela 4.8 os valores das forças verticais. De referir que estes valores

são referentes ao painel de 8 por 8 metros.

Page 64: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

52

Tabela 4.8 – Comparação entre os somatórios de forças verticais obtido teoricamente e pelo SAP (laje fungiforme)

Valor de referencia (Σfv) 1186,1 kN

Valor SAP (Σfv) 1186,7 kN

A diferença entre o valor teórico e o valor obtido através do SAP é praticamente nula, concluindo assim que

as cargas estão corretamente aplicadas, o que confirma o acerto da modelação.

4.4.2 Laje Vigada

Todos os pressupostos apresentados para a laje fungiforme são também aplicados à laje vigada.

Analogamente à laje fungiforme, é apresentada através da Figura 4.6 a distribuição de momentos para o

painel vigado, a sua divisão em zonas para o posterior cálculo de armaduras (assunto abordado no capítulo

4.5) e a localização em planta dos cortes “+” e “–“

Figura 4.6 - Alinhamentos, cortes e distribuição de momentos na direção x ( ) em planta para laje vigada

Page 65: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

53

A distribuição de momentos para o corte “+” e “-“ é ilustrada pela Figura 4.7 e Figura 4.8.

Figura 4.7 - momento para corte “–“

Figura 4.8 - momento para corte “+“

Para o caso da laje vigada, além da soma do integral dos momentos no corte “+” e “-“ dados pela

equação (4.5), é necessário também ter em conta o valor de momento da viga no apoio e a meio vão.

Sendo a distribuição elástica de momentos dada pela Figura 4.9 – Distribuição dos momentos elásticos para

a vigao valor de PL2/8 é dado pela soma entre o valor de momento na zona de meio vão e na zona do apoio.

Assim sendo:

( ⁄ ) ( )

Figura 4.9 – Distribuição dos momentos elásticos para a viga

Calculou-se a espessura média do painel com o objetivo de avaliar as cargas devido ao peso próprio. Para o

painel central, o volume total de betão é de 15,4 m3. A espessura média será:

Refira-se que este valor de espessura é praticamente coincidente ao da solução fungiforme.

-436,5

235,7

-436,5 -500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Mo

men

tos

na

viga

[kN

.m]

Page 66: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

54

Para uma banda de 8 metros de largura e 8 metros de vão (considerando lajes e vigas), os valores “teóricos”

(obtidos através do cálculo PL2/8) e obtidos pelo SAP são os seguintes:

Tabela 4.9 - Comparação entre valor teórico e valor obtido pelo SAP para laje Vigada

Valor teórico (PL2/8) 1190 kN.m

Valor SAP (laje) 492,5 kN.m

Valor SAP (viga) 672,2 kN.m

Valor SAP total 1164,7 kN.m

Existe uma diferença de 2,1% entre o valor simplificado e o valor obtido pelo SAP .Note-se que para a laje

vigada existe uma diferença ligeiramente superior em relação à fungiforme.

Existe uma parcela de peso próprio que é contabilizada duas vezes, para a laje e para a viga. Para o cálculo

do valor teórico, esta parcela é contabilizada apenas uma vez o que poderá contribuir ligeiramente para

esta maior diferença entre os dois valores seja espectável.

Tendo em consideração o peso próprio da estrutura, são expressos na Tabela 4.10, os valores das forças

verticais obtidos pelo programa SAP e os “ valores teóricos”. De referir que o valor teórico foi calculado

tendo e não tendo em conta essa repetição do volume.

Tabela 4.10 – Comparação entre os somatórios de forças verticais obtido teoricamente e pelo SAP (laje vigada)

Valor teórico (Σfv) 1190,4 kN

Valor teórico (Σfv) (vol. Contabilizado duas vezes) 1222,8 kN

Valor SAP (Σfv) 1225,8 kN

Confirma-se que a diferença dos valores entre o SAP e o “valor teórico” é possivelmente devido a essa

repetição de volume. De qualquer das formas, a diferença resultante não é relevante pelo que se infere a

boa qualidade de resultados do modelo.

Page 67: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

55

4.5 Cálculo de armaduras

Sendo os vãos iguais nas duas direções, as armaduras correspondentes ao momento na direção y ( )

serão idênticas às correspondentes à direção x ( ), pelo que se fará apenas a análise para a direção x

( ). Sendo as armaduras equivalentes nas duas direções e em prol de maior clareza na consulta da

pormenorização, são apresentadas em anexo as várias pormenorizações de armaduras, dispostas apenas na

direção y, que seguiram disposições correntes neste tipo de soluções.

São apresentadas na Figura 4.10 as direções dos momentos num elemento de laje.

Figura 4.10 - Campos de esforços positivos numa laje de Kirchhoff Fonte : Leitão et al (2013)

Sendo a distribuição de momentos num elemento representada por um tensor de 2ª ordem, teria que se

recorrer ao círculo de mohr de forma a passar de momentos fletores e torsores nos eixos x e y para

momentos nos eixos principais, tal que:

[

] → [

] (4.6)

Uma solução de pormenorização passará quase sempre por ter armadura nas duas direções x e y. Assim,

como afirma Marchão e Appleton (2013, p. 63) “Visto surgirem momentos torsores, simplificadamente, as

armaduras de flexão são dimensionadas para os momentos de flexão somados ao módulo de momentos

torsores.”

Como simplificação conservativa, os momentos torsores são adicionados aos momentos fletores com o

mesmo sinal deste, aumentando o valor do momento principal, tal que:

| | | | (4.7)

| | | | (4.8)

As armaduras foram calculadas utilizando o Método do Diagrama Rectangular com β=0, que é uma hipótese

conservativa pois existirá sempre uma percentagem de armadura de compressão.

Page 68: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

56

Como descrito em NP EN 1992-1 (2010) capítulo 9.2.1.1, a armadura mínima à flexão é calculada através da

seguinte expressão:

(4.9)

Na solução fungiforme colocou-se uma armadura mínima de φ10//20 enquanto que para a vigada se

utilizou φ8//20. Como regra de boa prática, a menor quantidade de armadura que se colocará em laje,

como reforço, será também φ8//20.

Para o cálculo de armaduras para o Estado Limite Último, a alternância de sobrecargas deve ser sempre

considerada uma vez que conduz a uma envolvente de esforços com maiores esforços nas zonas de meio

vão e apoio, se a distribuição de esforços for elástica. Esta última hipótese leva a um

sobredimensionamento das armaduras uma vez que não tira partido da capacidade da redistribuição de

esforços para cada combinação de ações. De facto, em estruturas híper-estáticas, havendo ductilidade

disponível, os momentos atuantes na rotura serão os momentos resistentes das armaduras colocadas.

Nestas condições será possível admitir a redistribuição de esforços em relação aos valores elásticos.

Considerando essa redistribuição, verifica-se através da Figura 4.11 que “(…) a alternância das sobrecargas

afeta [unicamente] a envolvente de esforços ao longo do vão, mas não os valores máximos no vão e apoio,

valores estes que condicionam as quantidades máximas de armaduras a adotar.” (CÂMARA 2013, p. 62)

Figura 4.11 – Hipótese de carga e respetivos momentos fletores com redistribuição para o 2º caso de carga. Fonte: Camara (2013)

No presente trabalho, não foi considerado explicitamente a alternância da sobrecarga, mas os critérios

adotados na dispensa de armadura tiveram em consideração essa influência.

Page 69: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

57

4.5.1 Laje Fungiforme

Como exemplificado na Figura 4.3, foram definidos dois alinhamentos, alinhamento 1 e alinhamento 2, para

análise de esforços e consequente dimensionamento das armaduras. As dimensões do alinhamento 2 foram

escolhidas de forma a englobar todo o capitel.

Existe um aumento brusco de espessura entre a laje maciça (espessura de 22 centímetros) e a zona do

capitel (espessura de 35 centímetros). Sendo o momento função da rigidez e da curvatura, é espectável um

aumento significativo de momentos para essa zona, uma vez que a inércia aumenta cerca de 4 vezes, sendo

a curvatura necessariamente semelhante. Esse aumento não é ilustrado no alinhamento 2, corte “-“ da

Figura 4.4 pois, sendo feita a análise através dos elementos finitos, o valor de momento do nó

correspondente à transição é calculado tendo em conta a média de 4 valores, dois valores correspondentes

à laje e outros dois correspondentes ao capitel. Assim, para ter em conta esta transição, faz-se a média dos

momentos correspondentes ao capitel e à laje, fazendo com que o andamento de momentos exiba um

aumento brusco. É possível observar através da Figura 4.12 essa mesma variação, em que à esquerda do nó

de transição o valor de momento é de 47,6 kNm/m e à direita é de 160,7 kNm/m.

Figura 4.12 - Representação do integral dos momentos atuantes e resistentes

Na Figura 4.12, o integral dos momentos resistentes (correspondentes à solução de dimensionamento

adotado) está representado pela área cinzenta e o integral dos momentos atuantes elásticos está

representado pela área a azul. Repare-se que existe uma variação significativa de momentos na zona do

capitel. Em 1,5 metros existe uma variação de 160,7 kNm/m para 485,7 kNm/m. Embora exista uma relação

direta entre momentos-tensões, acontece que a variação de tensões no aço é muito menos significativa

pois o ferro, que teria de resistir ao valor de pico (485,7 kNm/m), é “ajudado” pelos ferros adjacentes. Este

fenómeno é semelhante ao fenómeno da largura efetiva numa laje vigada. Sendo esta atenuação válida em

serviço, na segurança à rotura admite-se uma distribuição de resistência constante nesta zona, em que o

integral das tensões ou momentos constantes terá de ser igual ao integral de distribuição elástica de

tensões ou momentos.

Page 70: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

58

São apresentados através da Tabela 4.11 os momentos de dimensionamento para cada alinhamento e

corte, bem como a altura útil considerada.

Tabela 4.11 - Armaduras para cada alinhamento e corte

d alinhamento corte Msd

[kNm/m] μ

As [cm2/m]

φ As efetivo [cm2/m]

0,19 1

- 27 0,04 3,32 φ10//20 3,93

0,19 + 32 0,04 3,94 φ10//20 3,93

0,32 2

- 258 0,13 20,13 φ12/20+φ20//20 21,36

0,19 + 38 0,05 4,75 φ10//20+φ8//20 6,44

A Figura 4.13 mostra o andamento dos momentos atuantes para o corte “-“ e respetivos momentos

resistentes.

Figura 4.13 – Gráfico que representa andamento dos momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “–“

A Figura 4.14 ilustra a variação dos momentos atuantes para o corte “+” e momentos resistentes.

Figura 4.14 - Gráfico que representa o andamento dos momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “+”

A pormenorização da presente solução encontra-se no Anexo A.1.1, apresentado no final do presente

documento.

-600

-500

-400

-300

-200

-100

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8

[kN.m/m] myy (-)

mrd(φ10//20)

mrd(φ12/20+φ20//20)

0

10

20

30

40

50

60

0 1 2 3 4 5 6 7 8

[kN.m/m]

myy (+)

mrd(φ10//20+φ8//20)

mrd(φ10//20)

Page 71: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

59

4.5.2 Laje Vigada

É apresentada na Tabela 4.12 os momentos de dimensionamento da laje, para cada corte e alinhamento

apresentados na Figura 4.6.

Tabela 4.12 - Armaduras para cada alinhamento e corte

d Alinhamento Corte Msd

[kNm/m] μ As [cm2/m] φ

As efetivo [cm2/m]

0,17 1

- 41,5 0,07 5,87 φ10//20 + φ8//20 6,44

0,17 + 24,6 0,04 3,42 φ8//20+φ8//20 5,02

0,17 2

- 42,8 0,07 6,07 φ10//20 + φ8//20 6,44

0,17 + 14,3 0,03 1,96 φ8//20 2,51

A Figura 4.15 adiciona à Figura 4.7 (- momento para corte “–“) os respectivos momentos resistentes.

Figura 4.15 - Gráfico que representa andamento dos momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “–“

À semelhança da Figura 4.15, a Figura 4.16 adiciona à Figura 4.8 - momento para corte “+“) os

respectivos momentos momentos resistentes.

Figura 4.16 - Gráfico que representa andamento dos momentos atuantes e momentos resistentes para o corte “+”

A pormenorização resultante está presente no final do presente documento no Anexo A.1.2.

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8

[kN.m/m] myy (-)

mrd (φ10//20 + φ8//20)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 1 2 3 4 5 6 7 8

[kN.m/m]

myy (+)mrd (φ8//20) mrd(φ8//10)

Page 72: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

60

Para o dimensionamento da viga, poder-se-ia tirar partido da largura efetiva. Mostra-se através da Figura

4.17 e da Figura 4.18 que, ao tirar partido desta ligação, o braço aumentaria (z < z1), diminuindo a

quantidade de armadura necessária. Conservativamente, na presente dissertação, não se considerou esse

efeito.

Figura 4.17 – braço (z) não contabilizando a ligação viga- laje

Figura 4.18 - braço (z1) contabilizando a ligação viga- laje

A Tabela 4.13 apresenta os momentos de dimensionamento e respetiva quantidade de armadura para a

zona do apoio e de meio vão.

Tabela 4.13 - Momento atuante, armadura colocada sem redistribuição de esforços na viga

Msd [kNm]

μ As

[cm2/m] φ

As eff

[cm2/m] ρ [%]

-436,51 0,14 15,60 5φ20 15,70 0,74

235,66 0,08 8,02 2φ20+φ16 8,29 0,39

Para o dimensionamento da viga, a NP EN 1992-1 prevê a possibilidade de redistribuir momentos da zona

do apoio para a zona a meio vão ou vice-versa. De forma a igualar as armaduras à tração da zona do meio

vão e do apoio, optou-se por uma redistribuição de 20 %. A Tabela 4.14 apresenta os momentos de

dimensionamento e respetiva quantidade de armadura para essa redistribuição.

Tabela 4.14 - Momento redistribuído e armadura colocada na viga

Msd [kNm] μ As [cm2/m] φ As eff [cm2/m] ρ [%]

349,21 0,12 12,21 3φ20+2φ16 13,44 0,63

322,97 0,11 11,22 3φ20+2φ16 13,44 0,63

Page 73: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

61

Tendo em conta o comprimento de amarração e o alargamento da zona de momento máximo devido ao

esforço transverso, a Figura 4.19 mostra um esquema de dispensa de armaduras garantindo sempre uma

boa margem.

Figura 4.19 - Momento atuante e momento resistente na viga

Para o cálculo de estribos, como regra de boa prática, opta-se por utilizar, como armadura mínima, estribos

φ8//0,20. Pela expressão (4.9), o estribo mínimo a colocar seria φ8//0,25.

A Figura 4.20 mostra a variação de esforço transverso ao longo da viga.

Figura 4.20 - Esforço transverso na viga

Uma vez que se utiliza o modelo de escoras e tirantes, à distância de ( ) do apoio, as cargas não

afetam a quantidade de estribos nesta zona. Assim sendo, calcular-se-á o valor de armadura para uma

distância a ( ) do apoio. Considerou-se um valor de para o ângulo de inclinação de bielas

de compressão.

( )

Assim, utilizar-se-á φ8//0,20 ( ⁄ ) para toda a viga.

A compressão das bielas também foi verificada.

As pormenorizações da viga, encontra-se no Anexo A.1.2.

Mrd (2φ16)

Mrd (3φ20+2φ16)

Mrd (2φ16)

Mrd (3φ20+2φ16)

Mrd (2φ16)

Mrd (3φ20+2φ16)

-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

0 1 2 3 4 5 6 7 8

[kN.m/m]

My redistribuido

Mrd armadura

-300

-200

-100

0

100

200

300

0 1 2 3 4 5 6 7 8

[kN]

Page 74: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

62

4.6 Cálculo de Deformações

Como referido no capítulo 2.2.1, a avaliação das deformações representa um valor de referência, pelo que

no presente estudo os valores de deformação e dos coeficientes serão sempre arredondados à primeira

casa decimal.

Como mencionado no capítulo 3.1.1, existem incertezas na avaliação do estado de fendilhação da peça,

uma vez que em fase de projeto não são conhecidas as cargas efetivas a que a peça estará submetida e as

propriedades resistentes do betão. Como medida conservativa, considera-se que quando

admite-se uma situação fendilhada, pelo que, para considera-se .

Considera-se que o momento determinante para a zona do apoio será o momento na face do pilar. Na zona

de intersecção entre pilar/viga ou pilar/laje, o momento de pico resultante do modelo é fictício.

Como apresentado na Tabela 2.1, a avaliação do incremento de deformação ( ( )) é dada pela

diferença entre deformação total a longo e a curto prazo. Finalizada a obra (analise a curto prazo), as

deformações no betão armado serão causadas pelo próprio peso da estrutura, pelo peso das paredes

divisórias e pelos acabamentos. Não se individualizou nesta análise o peso das paredes, uma vez que se

considerou uma única parcela do valor das restantes cargas permanentes. Desta forma, o valor da

deformação a curto prazo ( ) para o valor após a construção de paredes só tem em conta o peso próprio

da estrutura, o que é desfavorável para a avaliação do valor do incremento da deformação, sendo portanto

uma hipótese conservativa. Assim, o incremento de deformação que pode contribuir para danos nas

alvenarias será dado pela seguinte expressão:

( ) ( ) ( ) ⁄ (4.10)

Marchão e Appleton (2013, p. 48) defendem que “No dimensionamento de vigas com banzos ou com

ligação a lajes, pode tirar-se partido da existência dos banzos (…)” Considerando a ligação viga-laje, a Inércia

da viga aumenta, fazendo com que a deformação elástica seja menor. Na presente dissertação não se

considera essa mesma ligação viga-laje, fazendo com que as deformações elásticas sejam calculadas

conservativamente.

Neste capítulo, calcular-se-ão as deformações pelo método da Coeficiente Global Adaptado, apresentado

no capítulo 3.5. Tratando-se de uma laje, utilizar-se-á o método das bandas e o direto, comparando os

valores resultantes das duas metodologias. No final, também se comparam deformações no centro da laje

resultantes das metodologias apresentadas no capítulo 3.4 (Coeficiente Global Formal), capítulo 3.5

(Coeficiente Global Adaptado) e capítulo 3.6 (Inércia Equivalente).

Page 75: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

63

4.6.1 Caso Pático Laje Fungiforme

Depois de calculadas as armaduras ao Estado Limite Último (capítulo 4.5), e feita as pormenorização das

mesmas (Anexo A.1.1), está-se em condições de calcular as deformações. Seguidamente são apresentados,

com detalhe, os cálculos efetuados para os painéis centrais. Divide-se então o painel central em várias

bandas como apresentado na Figura 4.21.

Figura 4.21 – Esquematização das bandas ortogonais utilizadas para laje fungiforme

Consoante a direção da banda é necessário considerar as armaduras nessa mesma direção e os momentos

na direção perpendicular à mesma. Exemplificando, na banda C-D-C, no ponto D, o momento a utilizar será

na direção x ( ) enquanto que a armadura será a disposta na direção y.

No presente caso, visto que a laje representada é um painel central, existe continuidade de momentos, pelo

que o modelo para calcular o coeficiente global será sempre bi-encastrado. Sendo o painel bi-simétrico,

será necessário considerar um “caminho” de bandas.

Assim, o valor do coeficiente global terá de ser ponderado (como apresentado na Figura 3.28) pelo que será

necessário calcular para cada secção determinante o valor de e . Recorde-se que estes valores são

expressos por:

Page 76: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

64

Os valores de e são valores, ponderado através do coeficiente ζ, entre os estados I e II. Para qualquer

dos casos, o coeficiente de fluência tomará sempre o valor de .

Repare-se que os valores de a calcular, separadamente, para cada secção determinante apresentam

valores entre 2,5 a 3,5. Este valor reflete o incremento de deformação caso a secção de betão não fendilhe.

Este incremento deve-se exclusivamente à ação da fluência. Caso o betão não fosse armado, seria livre de

fluir, fazendo com que a deformação a longo prazo, tendo como base a flecha elástica da peça de betão

incrementasse 3,5 vezes. A restrição das armaduras faz com que esse valor nunca seja, de facto, atingido.

Calculando a média dos valores de para as tipologias fungiforme e vigada, chega-se a valores de 2,95 e

3,25 respetivamente.

4.6.1.1 Banda C-B-C

Tabela 4.15 – coeficientes para ponto C e B para momentos

C ( ) t=0 t=t B ( ) t=0 t=t

α 6,4 22,3 α 6,4 22,3

As(φ12/20+φ20//20) [m2/m] 0,0021 As(φ10//20+φ8//20) [m2/m] 0,00064

A’s(φ12//20) [m2/m] 0,0005 A’s(φ10//20) [m2/m] 0,00039

w [m3/m] 0,020 w [m3/m] 0,008

[m4/m] 0,0035 [m4/m] 0,00089

[m4/m] 0,0039 0,0047 [m4/m] 0,00093 0,00103

[m4/m] 0,0010 0,0026 [m4/m] 0,00011 0,00032

[kN.m/m] 59,2 [kN.m/m] 23,4

[kN.m/m] -114,4 -193,2 [kN.m/m] 12,1 20,8

⁄ 0,52 0,31 ⁄ 1,93 1,12

ζ 0,48 0,85 ζ 0,00 0,50

0,9 2,6 1,0 3,0

3,7 4,9 7,9 9,7

2,3 4,5 1,0 6,3

Fonte:

A Figura 4.22 representa a tracejado a deformação elástica devido a peso próprio ( ). A cheio

está representada a deformação elástica total ( ).

Figura 4.22 – Condições de fronteira e respetivas deformações elásticas para a banda C-B-C

Page 77: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

65

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações instantâneas ( )

Incremento de deformação ( )

( )

4.6.1.2 Banda B-A-B

Para os pontos B ( ) e A ( ), os momentos de combinação quase permanente não satisfizeram a

condição . As secções determinantes não apresentam estado fendilhado, pelo que só a

fluência irá incrementar curvatura.

Tabela 4.16 - coeficientes para ponto B e A para momentos

B ( ) t=0 t=t A ( ) t=0 t=t

α 6,4 22,3 α 6,4 22,3

As (φ10//20) [m2/m] 0,00039 As (φ10//20) [m2/m] 0,00039

A’s (φ10//20) [m2/m] 0,00039 A’s (φ10//20) [m2/m] 0,00039

w [m3/m] 0,00807 w [m3/m] 0,00807

[m4/m] 0,00089 [m4/m] 0,00089

[m4/m] 0,00092 0,00099 [m4/m] 0,00092 0,00099

[m4/m] 0,00007 0,00022 [m4/m] 0,00007 0,00022

[kN.m/m] 23,39 [kN.m/m] 23,39

[kN.m/m] -4,85 -8,35 [kN.m/m] 8,92 15,38

⁄ 4,82 2,80 ⁄ 2,62 1,52

ζ 0,00 0,00 ζ 0,00 0,00

1,0 3,1 1,0 3,1

12,2 14,4 12,2 14,4

1,0 3,1 1,0 3,1

Fonte:

A Figura 4.23 representa a tracejado a deformação elástica do ponto B ( ). A cheio está

representada a deformação total ( ). De notar que a deformação relativa é a que será

contabilizada e que será afetada pelo coeficiente calculado para esta mesma banda.

Page 78: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

66

Figura 4.23 – Condições de fonteira e deformação elástica absoluta e relativa para banda B-A-B

Para deformações a longo prazo ( )

( )

( )

Para deformações instantâneas ( )

( )

Incremento de deformação ( )

( )

4.6.1.3 Deformação final

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações instantâneas ( )

Incremento de deformação ( )

( )

Page 79: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

67

4.6.1.4 Método Direto para laje fungiforme

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações a longo prazo ( )

Incremento de deformação ( )

( )

4.6.2 Caso Prático para Laje Vigada

Os mesmos pressupostos utilizados para laje fungiforme foram utilizados para laje vigada.

É preciso ter em atenção que, por exemplo, analisando o ponto D, para o cálculo do momento utiliza-

se a secção e armadura da viga, enquanto que para para o cálculo do momento no mesmo ponto, se

utiliza a secção e a armadura da laje. A consulta das quantidades de aço para cada secção determinante

encontra-se no Anexo A.1.2, apresentado no final do presente documento.

Figura 4.24 – Esquematização das bandas ortogonais utilizadas para laje vigada

Page 80: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

68

4.6.2.1 Banda C-B-C

Tabela 4.17 - Coeficientes globais para pontos C e B para momentos

C( - viga) t=0 t=t B( - viga) t=0 t=t

α 6,4 22,3 α 6,4 22,3

As(3φ20+2φ16) [m2] 0,0013 As(3φ20+2φ16) [m

2] 0,0013

A’s (2φ16) [m2] 0,0004 A’s (2φ16) [m

2] 0,0004

w [m3] 0,028 w [m3] 0,028

[m4/m] 0,0105 [m4/m] 0,0105

[m4/m] 0,0118 0,0147 [m4/m] 0,0118 0,0147

[m4/m] 0,0030 0,0080 [m4/m] 0,0030 0,0080

[kN.m] 81,56 [kN.m] 81,56

[kN.m] -142,01 -235,27 [kN.m] 75,34 126,37

⁄ 0,57 0,35 ⁄ 1,08 0,65

ζ 0,43 0,83 ζ 0,00 0,68

0,9 2,5 0,9 2,5

3,5 4,5 3,5 4,5

2,0 4,1 0,9 3,8

Fonte:

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações instantâneas ( )

Incremento de deformação ( )

( )

Page 81: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

69

4.6.2.2 Banda B-A-B

Tabela 4.18 - Coeficientes para ponto B e A para momentos

B( - laje) t=0 t=t A( - laje) t=0 t=t

α 6,4 22,3 α 6,4 22,3

As(φ10//20+φ8//20) [m2/m] 0,00064 As(φ8//10) [m2/m] 0,00064

A’s(φ8//20) [m2/m] 0,00025 A’s(φ8//20) [m2/m] 0,00025

w [m3/m] 0,007 w [m3/m] 0,007

[m4/m] 0,00067 [m4/m] 0,00067

[m4/m] 0,00069 0,00076 [m4/m] 0,00069 0,00075

[m4/m] 0,00009 0,00025 [m4/m] 0,00007 0,00021

[kN.m/m] 19,33 [kN.m/m] 19,33

[kN.m/m] -11,80 -21,74 [kN.m/m] 7,78 13,89

⁄ 1,64 0,89 ⁄ 2,49 1,39

ζ 0,00 0,56 ζ 0,00 0,00

1,0 3,1 1,0 3,1

7,5 9,4 9,3 11,4

1,0 6,6 1,0 3,1

Fonte:

Para deformações a longo prazo ( )

( )

Para deformações instantâneas ( )

( )

Incremento de deformação ( ) ( )

4.6.2.3 Deformação final

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações instantâneas ( )

Page 82: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

70

Incremento de deformação ( )

( )

4.6.2.4 Método Direto para laje vigada

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações a longo prazo ( )

Incremento de deformação ( )

( )

4.7 Avaliação dos resultados

A Tabela 4.19 resume as deformações e os incrementos de flecha a longo prazo para os pontos A e B,

utilizando o método das bandas ortogonais.

Tabela 4.19 - Comparação entre a solução vigada e a solução fungiforme

Solução

Fungiforme Solução Vigada

Diferença Relativa

Deformação Total ( )

Ponto B 1,4 cm 0,6 cm 57%

Ponto A 1,9 cm 1,7 cm 10%

Incremento de deformação ( )

Ponto B 1,1 cm 0,5 cm 55%

Ponto A 1,5 cm 1,5 cm -

Conclui-se que as duas soluções são praticamente equivalentes na qualidade de deformações para o centro

do painel, visto que as soluções vigada e fungiforme apresentam uma diferença de valores de flecha total a

longo prazo de cerca de 10 % e um idêntico incremento de deformação. Para as soluções apresentadas,

todos os valores de deformação calculados passaram os valores limite estipulados pela norma NP EN 1992-

1 (2010), tanto por razão de aparência (L/250), como por razões de danos em elementos não estruturais

(L/500).

Note-se que, para a zona marcada pelo ponto B, a deformação a longo prazo da solução vigada é

consideravelmente inferior à solução fungiforme. Conclui-se que do apoio ao centro do painel, a laje

Page 83: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

71

fungiforme tem um aumento gradual de curvaturas fazendo com que a deformação no centro do painel não

seja tão percetível. Esta constitui, por razões de aparência, uma melhor solução.

Para limitação de danos em elementos não estruturais, caso as paredes divisórias coincidiam com o

posicionamento das vigas, a solução vigada apresenta uma melhor resposta, uma vez que, para esses

alinhamentos, o incremento de flecha é consideravelmente inferior (55%) em relação à solução fungiforme.

No caso das paredes se situarem na zona da laje, esta solução perde valência podendo ser mesmo

desfavorável.

Refira-se que as diferenças relativas seriam superiores se a inércia das vigas contemplasse o

comportamento da secção em T, como já referido anteriormente.

4.8 Comparação entre o método Bandas Ortogonais e Direto

O cálculo da deformação para o centro do painel, tendo em conta as metodologias de bandas e direta, pode

ser resumido pela Tabela 4.20

Tabela 4.20 – Comparação entre Método Directo e Método das Bandas Ortogonais

Método Bandas

Ortogonais

Método

Directo

Diferença

Relativa

Solução

Fungiforme

Deformação total 1,9 cm 1,6 cm 16%

( ) 1,5 cm 1,2 cm 20%

Solução

Vigada

Deformação total 1,7 cm 1,4 cm 18%

( ) 1,5 cm 1,1 cm 27%

Com o intuito de realçar as diferenças relativas entre os dois métodos, apresenta-se na Figura 4.25 os

valores da Tabela 4.20 em forma de gráfico.

Figura 4.25 – Diferença relativa entre Método das Bandas Ortogonais e Método Direto

16%

20%

18%

27%

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

Deformação total Δ Deformação total Δ

Solução Fungiforme Solução Vigada

Fle

cha

[cm

]

Método das Bandas

Método Direto

Page 84: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

72

Através do exemplo apresentado, conclui-se que, pelo Método Direto, a flecha é subestimada com uma

diferença média de 20% em relação ao Método das Bandas Ortogonais.

Esta conclusão é corroborada por Favre et al. (1985, p. 3.84): “The simplified method provides an estimate

of the probable deflection to within about 20%. This method tends to underestimate the deflections (...)”

4.9 Comparação entre Coeficientes Globais Formal e Adaptado

A comparação das duas metodologias, Coeficiente Global Formal e Adaptado, para o caso de estudo

apresentado no presente capítulo é apresentada através da Tabela 4.21 e da Tabela 4.23, tendo-se utilizado

o Método das Bandas Ortogonais.

Tabela 4.21 – Comparação entre Coeficiente Global Formal e Adaptado

Coeficiente

Global Adaptado

Coeficiente Global

Formal

Diferença

Relativa

Solução

Fungiforme

Deformação total 1,9 cm 1,9 cm -

( ) 1,5 cm 1,5 cm -

Solução

Vigada

Deformação total 1,7 cm 1,7 cm -

( ) 1,5 cm 1,5 cm -

Note-se que os valores de deformação aplicando o Método Coeficientes Globais adaptados ou formais, são

iguais entre si, pelo que se conclui que estes dois métodos são equivalentes em termo práticos

4.10 Comparação entre Coeficientes Globais Adaptado e Inércia

equivalente

Comparam-se as duas metodologias, Coeficiente Global Adaptado e Inércia Equivalente, para o caso de

estudo apresentado no presente capítulo e apresenta-se a explicação do cálculo da deformação para o

centro do painel fungiforme utilizando a metodologia proposta no capítulo 3.6 (Inércia Equivalente). Assim,

as armaduras e os valores de deformações elásticas serão as utilizadas no capítulo 4.6.1. De referir que para

o caso vigado o processo será semelhante.

Para a avaliação da deformação tendo em conta o Método da Inércia Equivalente, é necessário para cada

secção determinante, o cálculo da inércia equivalente, inércia da secção de betão e do fator . A Tabela

4.22 apresenta os vários valores necessários para o cálculo da deformação.

Page 85: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

73

Tabela 4.22 – Valores de Inércia no estado I e II, inércias equivalentes e fator

C ( ) B ( ) B ( ) A ( )

[cm2/m] 21,36 6,44 3,39 3,39

[cm2/m] 5,65 3,39 3,39 3,39

⁄ (p.p) 0,52 1,00 1,00 1,00

⁄ (c.q.p) 0,35 0,94 1,00 1,00

[m4/m] 0,003573 0,00089 0,00089 0,00089

[m4/m] 0,003964 0,00093 0,00092 0,00092

[m4/m] 0,001041 0,00012 0,00010 0,00010

(p.p) [m4/m] 0,001451 0,00093 0,00092 0,00092

(c.q.p) [m4/m] 0,001165 0,00079 0,00092 0,00092

1,71 1,81 1,8 1,8

Sendo utilizado o Método das Bandas Ortogonais, é necessário ponderar cada valor de inércia para cada

banda. Para o caso, utilizar-se-ão as bandas ilustradas pela Figura 4.21.

4.10.1.1 Banda CBC

Considerando a ponderação dada pela Figura 3.32:

( )

( )

Tendo em conta as flechas elásticas no ponto B para peso próprio ( ) e para a combinação

quase permanente de ações ( ), calcular-se-ão as deformações e o incremento de flecha:

Para deformações a longo prazo ( )

( ⁄ ( )) ( ⁄ ( ) )

Para deformações instantâneas ( )

( ⁄ ( ))

Incremento de deformação ( )

( )

4.10.1.2 Banda BAB

( )

( )

Page 86: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

74

Tendo em conta as flechas elásticas relativas, como ilustrado na Figura 4.23, apresentam-se as seguintes

deformações:

Para deformações a longo prazo ( )

( ⁄ ( )) ( ⁄ ( ) )

Para deformações instantâneas ( )

( ⁄ ( ))

Incremento de deformação ( )

( )

4.10.1.3 Deformação final

Para deformações a longo prazo ( )

Para deformações instantâneas ( )

Incremento de deformação ( )

( )

Na Tabela 4.23 apresenta-se a comparação entre a aplicação do Método dos Coeficientes Globais

Adaptados e da Inércia Equivalente

Tabela 4.23 - Comparação entre Coeficiente Global Adaptado e Inércia Equivalente

Coeficiente

Global Adaptado Inercia

Equivalente Diferença Relativa

Solução Fungiforme

Deformação total 1,9 cm 1,7 cm 10%

( ) 1,5 cm 1,4 cm 7%

Solução Vigada

Deformação total 1,7 cm 1,5 cm 12%

( ) 1,5 cm 1,3 cm 13%

Com abordagens de cálculo diferentes, esperavam-se diferenças relativas. De notar que, para o cálculo das

deformações através do método da Inércia Equivalente, a norma ACI-435 define uma ponderação tendo em

conta as condições de fronteira (Figura 3.32), diferente da utilizada pelo Método dos Coeficientes Globais

(Figura 3.28). Note-se ainda que, ao utilizar as mesmas ponderações, as diferenças relativas entre os dois

métodos diminuem.

Page 87: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

75

5. Caso de Painéis Laterais e de Canto

Numa construção genérica, o piso será constituído por vários painéis de laje com diferentes condições de

fronteira. No presente trabalho é desenvolvido, para uma malha de 8 metros de vão, o estudo da

deformação no piso, não só para um painel central, designado como painel 1, mas especialmente para o

painel de bordo, designado como painel 2, e para o painel de canto, designado como painel 3.

A modelação para o painel central (1) é semelhante à apresentada no capítulo 4. Entenda-se que,

modelando o conjunto de painéis da Figura 5.1, os valores de deformação elásticos para o painel 1 seriam

inferiores aos obtidos através da modelação expressa no capítulo 4, visto que existiria uma maior

deformação nos painéis 2 e 3. A deformação no painéis 2 e 3 atenuaria a deformação no painel 1. Assim,

neste estudo, para o painel central, não são avaliadas deformações, tomando-se como referência os casos

do capítulo anterior.

Figura 5.1 – Numeração dos vários painéis.

No caso de laje fungiforme, nos bordos livres, a deformação tem tendência a ser condicionante pelo que se

colocam bandas periféricas da mesma espessura do capitel como ilustrado na Figura 5.2

Figura 5.2 – Solução fungiforme com capitéis, banda periférica e respetiva numeração dos painéis

Page 88: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

76

Na Figura 5.3 apresenta-se outra solução do tipo fungiforme, com bandas a ligar os capitéis às bandas

periféricas. Estas bandas apresentam a mesma espessura dos capitéis e das bandas periféricas.

Figura 5.3 – Solução fungiforme com bandas que ligam capitéis a banda periférica e respetiva numeração dos painéis

A avaliação da qualidade da solução estrutural pode ser considerada em função de duas variáveis principais,

quantidades de materiais utilizadas e deformação prevista no centro do painel.

Os materiais avaliados são as quantidades de armaduras, cofragem e betão. Sendo este um estudo

comparativo entre solução de laje vigada e fungiforme, tomam-se valores aproximados e médios dos custos

dos materiais, mas sobretudo valores relativos.

Importante referir que cada tipologia apresenta vantagens e desvantagens qualitativas que não foram

quantificadas nesta dissertação:

A solução de laje fungiforme é, hoje em dia, tida em conta como uma solução bastante competitiva

visto ser bastante flexível na organização de espaços. No caso particular das caves, o facto de não

existirem vigas, permite maiores pés direitos (altura útil entre pisos) o que se traduz, por exemplo,

num menor volume de escavação e, consequentemente, num menor custo global. Sismicamente,

esta é uma solução sem referência no Eurocódigo 8. A laje não restringe a rotação do topo do pilar,

fazendo com que esta ligação seja pouco eficiente a ações horizontais. Para a tipologia fungiforme é

sempre necessário ter em consideração o punçoamento, em particular o efeito da excentricidade,

sendo este por vezes, o fator preponderante na definição da espessura da zona do capitel.

Na solução de laje vigada o encaminhamento de cargas é simples e direto, o que, em princípio,

constitui uma melhor solução de engenharia. Este sistema apresenta, especialmente, uma melhor

resposta a ações horizontais, visto que a viga permite a transferência de esforços entre os pilares e

o piso e contraria a rotação do mesmo, fazendo com que a estrutura seja mais rígida. Também

aumenta o número e a ductilidade das possíveis rótulas plásticas na estrutura, capacitando-a de

uma maior possibilidade de dissipação de energia. As vigas evitam a problemática do punçoamento.

Page 89: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

77

5.1 Quantidades

Em termos de quantidades de materiais, as soluções são comparadas através da espessura equivalente e da

taxa de armadura. A espessura equivalente é um fator que dá a noção imediata do volume de betão do

painel em análise. Com a taxa de armadura torna-se percetível e comparável a quantidade de armaduras

em cada painel e solução. Esta apresenta-se em kg/m2, para que a taxa não varie em função das dimensões

do elemento. As quantidades de cofragens apresentam-se em m2.

As quantidades de betão e de armadura são calculadas com base nas pormenorizações apresentadas no

Anexo A. Como já referido, como as armaduras são iguais nas duas direções, como simplificação, os varões

só estão representados numa direção. Uma vez que para o estudo da deformação em lajes não foi

necessário dimensionar a secção dos pilares admitiu-se para o desenho uma secção genérica dos mesmos

com o valor de 0,5x0,5 metros quadrados. Para a laje fungiforme, delimitou-se a quantificação das

quantidades pelos alinhamentos médios entre pilares. Já nas lajes vigadas a viga exterior será totalmente

contabilizada.

De referir que as quantidades foram medidas de acordo com as regras presentes em Fonseca (2008, apud

DIAS, 2013, p. 4.10). Apresentam-se de seguida as quantidades obtidas para cada solução e painel.

Tabela 5.1 – Resumo de quantidades para várias soluções

Tipo de Laje Solução Painel Espessura

equivalente [m] Taxa de armadura

(kg/m2)

Fungiforme

(F22)

e = 0,22m

cap/banda =

0,35m

Central (1) 0,238 19,1

1 Bordo Livre (2) 0,254 24,8

2 Bordos Livres (3) 0,278 32,2

Fungiforme

(F22*)

e = 0,22m

cap/ banda =

0,35m*

Central (1) 0,238 19,1

1 Bordo Livre (2) 0,284 23,4

2 Bordos Livres (3) 0,299 27,4

Vigada (V20)

e = 0,20m e

viga

0,75x0,30

Central (1) 0,240 16,7

1 Bordo Livre (2) 0,250 18,5

2 Bordos Livres (3) 0,268 19,3

* Solução que liga capitéis a banda periférica com banda de 3metros de largura e com 0,35metros de espessura

Entenda-se que F22 representa a laje fungiforme com espessura de 22 centímetros com capiteis e bandas

periféricas de 35 centímetros (Figura 5.2) e F22* representa essa solução acrescida de bandas de 3 metros

,que ligam os capitéis à banda periférica (Figura 5.3). Ambas as soluções têm capitéis/bandas de 35

centímetros. V20 representa a solução vigada com laje de 20 centímetros de espessura e com vigas de 75

centímetros de altura por 30 centímetros largura.

Page 90: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

78

De forma a ser mais fácil a comparação entre as quantidades calculadas, expressa-se através da Figura 5.4 a

espessura equivalente de cada painel.

Figura 5.4 – Espessura Equivalente de cada painel

A Figura 5.5 mostra as diferenças entre taxas de armadura.

Figura 5.5 – Taxa de armadura de cada painel

Os gráficos da Figura 5.4 e da Figura 5.5 mostram que a solução vigada necessita, em geral, de uma menor

quantidade de material face às duas soluções fungiformes analisadas. Para o painel central, as soluções

apresentam uma espessura equivalente de betão semelhante. Já a taxa de armadura, para a solução vigada,

mostra uma redução da ordem de 20% em relação à fungiforme. A viga possibilita uma maior altura útil,

aumentando o braço de alavanca entre a zona comprimida e a zona tracionada do betão, fazendo com que

seja necessária uma menor quantidade de armadura. Para o painel de bordo e canto, as diferenças das

quantidades ganham uma maior relevância. Comparando as duas soluções fungiformes verifica-se que o

aumento de espessura global leva a uma menor quantidade de armadura e vice-versa.

0

5

10

15

20

25

30

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Esp

ess

ura

[cm

] Espessura Equivalente

0

5

10

15

20

25

30

35

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Taxa

de

arm

adu

ra [

kg/m

2]

Taxa de Armadura

Page 91: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

79

São apresentadas através da Figura 5.6 as quantidades de área de cofragem para cada painel e solução.

Figura 5.6 – Área de cofragem para cada painel

Para o caso das lajes vigadas, é necessário separar os valores de quantidades de cofragem para laje e viga,

uma vez que estes elementos têm custos desiguais. Note-se desde já, que para a solução vigada, existe uma

maior quantidade de área de cofragem total, em relação à solução fungiforme.

5.2 Controlo direto da deformação

Para o cálculo de deformações do presente capítulo, utilizou-se a metodologia apresentada no capítulo 3.5 -

Coeficiente Global Adaptado. Como a estrutura em causa se trata de uma laje, para a avaliação das

deformações no seu centro, recorreu-se ao método das bandas (capítulo 3.7.1).

Todos os pressupostos assumidos para o cálculo de armaduras e deformações no capítulo 4 são válidos

para o presente capítulo. As armaduras para cada seção determinante dos painéis de bordo (2) e de canto

(3) encontram-se no Anexo A.2.

Recorde-se através da Tabela 2.1 que os limites, expressos na norma NP EN 1992-1 (2010), para a

deformação total e incremento de deformação, assumem respetivamente os valores de L/250 e de L/500.

Recorde-se também que o valor dos limites de deformação pode ser calculado de duas formas (ver Figura

2.3). Assim, caso os valores limite sejam ultrapassados, verificar-se-á se estes transpõem o limite utilizando

o valor do vão L2.

0

20

40

60

80

laje viga laje viga laje viga

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Áre

a d

eco

frag

em

[m

2]

Área de Cofragem

Page 92: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

80

As deformações totais e os incrementos de deformação são apresentados na Tabela 5.2, tendo em conta a

tipologia, solução e painel a analisar. Apresentam-se também as deformações elásticas para que exista a

perceção do incremento de flecha total em relação à flecha elástica devido à fluência e fendilhação.

Tabela 5.2 – Resumo de deformações no centro do painel para várias soluções

Tipo de Laje Solução Painel

Deformação Total

elástica no centro

do painel ( )

Deformação total

no centro do

painel ( )

Incremento de

deformação

[ ( ) ]

Fungiforme (F22)

e = 0,22m cap/banda

= 0,35m

Central (1) 0,40 cm 1,9 cm (L/420) 1,5 cm (L/535)

1 Bordo Livre (2) 0,78 cm 3,5 cm (L/230) 2,9 cm (L/275)

2 Bordos Livres (3) 1,16 cm 5,0 cm (L/160) 4,1 cm (L/195)

Fungiforme (F22*)

e = 0,22m cap/ banda = 0,35m*

Central (1) 0,40 cm 1,9 cm (L/420) 1,5 cm (L/535)

1 Bordo Livre (2) 0,54 cm 2,7 cm (L/295) 2,2 cm (L/365)

2 Bordos Livres (3) 0,87 cm 4,6 cm (L/175) 3,9 cm (L/205)

Vigada (V20)

e = 0,20m e viga

0,75x0,30

Central (1) 0,35 cm 1,7 cm (L/470) 1,5 cm (L/570)

1 Bordo Livre (2) 0,54 cm 2,8 cm (L/285) 2,4 cm (L/335)

2 Bordos Livres (3) 0,74 cm 4,2 cm (L/190) 3,7 cm (L/215)

* Solução que liga capitéis a banda periférica com banda de 3metros de largura e com 0,35metros de espessura.

A Tabela 5.2 mostra que, elasticamente, a laje vigada oferece relativamente uma melhor qualidade de

deformação, apesar de ser por um valor marginal. Como visto no capítulo 2.2.2, a esbelteza e as condições

de fronteira são fatores preponderantes na avaliação da deformação elástica. Embora a solução vigada

apresente uma espessura equivalente semelhante à fungiforme, as vigas proporcionam uma maior rigidez

fazendo com que a deformação para esta solução seja elasticamente inferior. Para os painéis de bordo (2) e

de canto (3), haverão bordos sem continuidade, onde as deformações são superiores.

Através desta mesma tabela (Tabela 5.2), chega-se à conclusão que os valores das flechas a longo prazo

para o centro dos painéis são, em média, 5 vezes superiores aos valores da deformação elástica. Em termos

médios, estes valores das deformações acabarão por ser equivalentes a um coeficiente global

genérico para toda a laje, isto é, seria equivalente calcular a deformação média através do Método Direto

com um coeficiente , como mostra a Figura 5.7.

Figura 5.7 – Incremento de deformação em relação à deformação elástica

média

0

1

2

3

4

5

6

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Kt

Page 93: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

81

Conclui-se também que a laje vigada tem um maior incremento de deformação a longo prazo quando

comparada com a fungiforme. Esse aumento é diretamente influenciado pelas inferiores quantidades de

armadura necessárias para a tipologia vigada. Como visto anteriormente, a armadura é responsável pela

restrição da deformação livre por fluência do betão, justificando esse aumento de . Comparando as duas

soluções fungiformes, verifica-se o mesmo. Sendo necessárias inferiores quantidades de armadura para a

solução F22*, esta apresentará um maior incremento de deformação a longo prazo.

Os valores de deformação total a longo prazo referentes à Tabela 5.2 são colocados em forma de gráfico,

através da Figura 5.8.

Figura 5.8 – Deformação no centro do painel

No eixo vertical esquerdo da Figura 5.8, apresenta-se em forma de percentagem, a diferença entre o valor

limite e a estimativa de deformação para o centro do painel, em que o valor de 0% corresponde ao valor

limite de referência (L/250). À direita, também no eixo vertical, apresenta-se a deformação em função do

vão de 8 metros e respetiva deformação. Os pontos que representam a deformação encontram-se a

vermelho se ultrapassarem o valor limite e a verde se forem inferiores ou iguais ao valor limite. A tracejado

é representado o valor de L/250 para o vão L2 (ver Figura 2.3).

Como concluído no capítulo 4, todos os valores de deformação para o painel central (1) são inferiores ao

limite estabelecido pela norma. Já para o painel de bordo (2) nem todas as soluções verificam o estipulado

limite, uma vez que a solução F22 apresenta uma deformação ligeiramente superior a L/250. Analisando as

deformações no painel de canto (3) conclui-se que nenhumas destas cumprem o valor limite. Para a mesma

análise mas tendo em consideração o valor L2, o valor limite L2/250 passa a ser equivalente a L/180, o que

corresponde a uma variação relativa de 40%. Desta forma, para o painel de canto (3), as lajes fungiformes

F22 e F22* seriam as únicas a não cumprir marginalmente o valor normativo.

1,9 cm 1,7 cm

2,7 cm 2,8 cm

3,5 cm

5 cm

4,6 cm

4,2 cm

L/140 (5,8 cm)

L/155 (5,1 cm)

L/180 (4,5 cm)

L/210 (3,8 cm)

L/250 (3,2 cm)

L/315 (2,6 cm)

L/415 (1,9 cm)

L/625 (1,3 cm)

L2/250

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Valo

res d

e re

fere

ncia/d

efo

rmação

[cm]

Dif

ere

nça

em

re

laçã

o a

o v

alo

r d

e L

/25

0 [

%]

Deformação Total (at)

Page 94: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

82

De forma semelhante ao gráfico da Figura 5.8, na Figura 5.9 apresentam-se os valores de incremento de

deformação para as várias soluções em análise.

Figura 5.9 – Incremento de deformação no centro do painel

Apenas o painel central (1) tem deformações incrementais inferiores às permitidas pela NP EN 1992-1.

Repare-se que as deformações totais (ver Figura 5.8) para este painel são sempre inferiores a L/400. O

código português REBAP impõe uma flecha limite para deformações totais de L/400, quer por razões de

aparência quer por razões de limitação de danos. Ao verificar-se este limite total, o incremental L/500

ficaria indiretamente verificado de acordo com este estado. Concluindo, ao avaliar a deformação total e

sendo esta inferior a L/400, é muito provável que o incremento de deformação satisfaça a indicação de

L/500.

Calculando o valor dos limites de deformação através do vão L2 (ver Figura 2.3), chega-se à conclusão que

L2/500 é equivalente a L/355, o que corresponde, mais uma vez, a uma variação relativa de 40%. Desta

forma, os valores no painel de canto (3) não seriam largamente ultrapassados e para o painel de bordo (2)

as soluções seriam bastante próximas do valor limite.

É importante realçar novamente que os limites de deformação não são limites absolutos. Dependem

utilização do edificado. Por exemplo, no caso de garagens em que não existem elementos danificáveis pelo

incremento de deformação, os limites de deformação podem ser mais tolerantes. De referir também que,

para uma obra genérica, o painel de canto (3) será o painel menos repetido (4 painéis por obra) pelo que

não fará sentido colocar toda a solução estrutural condicionada a este painel. Além disso, e como já

referenciado no presente trabalho, justifica-se a verificação do incremento de deformação nos

alinhamentos das paredes de alvenaria a colocar e eventualmente prever soluções na ligação da estrutura

da parede para absorver essas deformações relativas.

1,5 cm 1,4 cm

2,9 cm

2,2 cm 2,4 cm

4,1 cm 3,9 cm

3,7 cm L/190 (4,2 cm)

L/225 (3,5 cm)

L/280 (2,9 cm)

L/355 (2,2 cm)

L/500 (1,6 cm)

L/835 (1 cm)

L2/500

-40%

0%

40%

80%

120%

160%

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Valo

res d

e re

fere

ncia/d

efo

rmação

[cm]

Dif

ere

nça

em

re

laçã

o a

o v

alo

r d

e L

/50

0 [

%]

Incremento de Deformação

Page 95: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

83

A Figura 5.10 apresenta os valores dos incrementos nos alinhamentos das paredes exteriores.

Figura 5.10 – Incremento de deformação a meio vão do bordo livre para o painel de bordo (2) e de canto (3)

Saliente-se que, caso a parede coincida com o alinhamento da viga, para contornar danos em elementos

não estruturais, a solução vigada é de melhor qualidade, como é conhecido.

5.3 Controlo indireto da deformação

No capítulo 2.2.2 refere-se o controlo de deformação tendo em consideração a esbelteza da solução. A

Tabela 5.3 mostra, para o caso de lajes, as esbeltezas limite, as espessuras correspondentes para um vão de

8 metros e a espessura adotada no presente trabalho.

Tabela 5.3 – Esbelteza e espessura normativa e espessura da solução adotada (ρ=0,5%)

Vão extremo de uma laje continua armada em duas direções (ao longo do lado maior)

Vão interior de uma laje armada

numa ou em duas direções

Laje sem vigas apoiada sobre

pilares (laje fungiforme)*

NP EN 1992-1 (esbelteza) 26 30 24

Espessura correspondente [cm] 31,6 26,7 33,3

Espessura de laje [cm] 20 20 22/35

*os limites indicados para a laje fungiforme correspondem, para flecha a meio vão, a uma limitação menos exigente que L/250

Conclui-se que os valores de esbelteza dados pela norma NP EN 1992-1 (2010) correspondem a valores de

espessura que, ao dispensarem outras avaliações, serão conservativos. Conclui-se, assim, que para projetar

uma solução económica será, em geral, necessário recorrer a soluções com esbeltezas superiores.

Verifica-se, assim, que os valores de l/h normativos devem ser utilizados como base, mas que soluções mais

esbeltas podem ser adotadas, realizando-se uma avaliação estrutural para avaliar, com fiabilidade, o valor

das deformações e eficiência das soluções a implementar.

0,4 cm 0,4 cm

0,1 cm

0,9 cm

2,1 cm 2,1 cm L/355 (2,2 cm)

L/415 (1,9 cm)

L/500 (1,6 cm)

L/625 (1,3 cm)

L/835 (1 cm)

L/1250 (0,6 cm)

L/2500 (0,3 cm)

0cm -100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Dif

ere

nça

em

re

laçã

o a

o v

alo

r d

e

L/5

00

[%

]

Incremento de deformação

Page 96: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

84

5.4 Orçamento

Para este capítulo foi necessário estimar preços unitários para betão, aço e cofragem. De acordo com

Marchão e Appleton (2013, p. 69), os preços unitários para betão e aço são, em geral, 100€/m3 e 0,90€/kg

respetivamente preços utilizados no presente trabalho.

Para o caso das lajes vigadas, os rendimentos de mão-de-obra para a montagem das cofragens dependem

dos elementos a construir, tendo que os diferenciar no custo da cofragem por metro quadrado. Para esse

cálculo, utilizaram-se os rendimentos de acordo com Branco (1983, p. 36) utilizando “cofragem tradicional

melhorada”. Branco (1983, p. 36) fornece rendimentos consoante a reutilização dos painéis. Não sendo a

reutilização objeto de estudo deste trabalho, utilizaram-se os valores médios de rendimentos. Para uma laje

de grande vão e usando painéis de cofragem melhorada, o rendimento para a laje é de 1,1Hh/m2 e para a

viga de grande secção é de 1,7Hh/m2.

O preço por cofragem foi fornecido pela empresa Monte Adriano, sendo, para um acabamento corrente, o

custo do aluguer de cofragem de 0,14€/m2 por dia. Admitiu-se que são necessários 30 dias para o betão

ganhar resistência, pelo que o custo do aluguer de cofragem é de 4,2€/m2.

Através da consulta das tabelas de salários mínimos presente em Dias (2013, p. 8.12) chega-se à conclusão

que o custo horário de um carpinteiro de 1ª categoria é de 7,85€/hora e de um servente é de 7,0€/hora.

Segundo Branco (1983, p. 36), a montagem de cofragem necessita de 70% de carpinteiros de 1ª e 30% de

serventes. Assim, o custo por metro quadrado de cofragem é:

Cofragem para laje ( ) ⁄

Cofragem para viga ( ) ⁄ ⁄

Tendo os custos unitários e as quantidades presentes no capítulo 5.1, apresenta-se na Figura 5.11 o

orçamento em €/m2 para cada painel.

Figura 5.11 – Custo final para vão de 8 metros

0

20

40

60

80

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

cust

o [

€/m

2]

Page 97: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

85

Como concluído anteriormente, os painéis centrais da laje fungiforme e vigada, têm praticamente a mesma

quantidade de betão. A laje vigada precisará de menor quantidade de armadura mas levará a trabalhos

mais onerosos de cofragem. Esses trabalhos fazem com que a laje vigada para o painel central seja 5% mais

dispendiosa que a solução fungiforme. Para os painéis de bordo (2), as soluções vigada e a fungiforme F22

apresentam custos finais equivalentes. Para este painel a solução fungiforme F22* acaba por ser a solução

mais cara devido à maior quantidade de betão. Para os painéis de canto (3) a solução vigada acaba por ser a

mais económica.

Concluindo, para uma obra de grande escala, a maioria dos painéis serão centrais pelo que, em termos de

custos, a tipologia vigada será, em princípio, mais cara que a solução fungiforme. Esta conclusão depende

em muito dos preços praticados pelo mercado, fazendo com que, na análise destes casos, ao oscilar o preço

de cofragem, existam diferenças de custos finais mais ou menos pronunciadas ou mesmo uma inversão de

tendência.

5.5 Comparação entre vãos de 7 e 8 metros

Considerou-se interessante generalizar o tipo de estudo realizado analisando as mesmas soluções para vãos

de 7 metros. Neste capítulo apresenta-se a síntese dos resultados obtidos é apresentada. A disposição das

armaduras necessárias para o cálculo de deformação e taxa de armadura encontram-se no Anexo B.

Como apresentado no capítulo 2.2.2, a esbelteza da peça tem uma importância significativa no valor da

flecha elástica. Ao reduzir o vão, mantendo as dimensões do elemento, as deformações também diminuem.

Neste capítulo comparam-se as deformações correspondentes a vãos correntes de 7 e 8 metros, mantendo

todos os outros parâmetros como espessura, nível de cargas, dimensão de capitéis, bandas e vigas.

A Tabela 5.4 resume as deformações elásticas, a longo prazo e o incremento de deformação para o centro

do painel em função da topologia e painel a analisar

Tabela 5.4 - Resumos das deformações para várias soluções para um vão de 7 metros

Tipo de Laje Solução Painel Deformação Total elástica no centro

do painel ( )

Deformação total no centro do

painel ( )

Incremento de deformação [ ( ) ]

Fungiforme (F22)

e = 0,22m cap/banda

= 0,35m

Central (1) 0,22 cm 0,9 cm (L/780) 0,7 cm (L/1000)

1 Bordo Livre (2) 0,44 cm 2,3 cm (L/305) 2,0 cm (L/350)

2 Bordos Livres (3) 0,66 cm 3,5 cm (L/200) 3,0 cm (L/235)

Fungiforme (F22*)

e = 0,22m cap/ banda = 0,35m*

Central (1) 0,22 cm 0,9 cm (L/780) 0,7 cm (L/1000)

1 Bordo Livre (2) 0,31 cm 1,3 cm (L/540) 1,1 cm (L/635)

2 Bordos Livres (3) 0,49 cm 2,7 cm (L/260) 2,2 cm (L/320)

Vigada (V20)

e = 0,20m e viga

0,75x0,30m

Central (1) 0,21 cm 1,1 cm (L/635) 0,9 cm (L/780)

1 Bordo Livre (2) 0,30 cm 1,6 cm (L/440) 1,4 cm (L/500)

2 Bordos Livres (3) 0,41 cm 2,4 cm (L/290) 2,2 cm (L/320)

* Solução que liga capitéis a banda periférica com banda de 3metros de largura e com 0,35metros de espessura.

Page 98: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

86

Observando os valores da Tabela 5.4 que resumem as deformações para as várias soluções estruturais com

vãos de 7 metros, chega-se novamente à conclusão que os valores das flechas a longo prazo para o centro

dos painéis são, em média, 5 vezes superiores aos valores da deformação elástica.

Mais uma vez, comparando as duas soluções, conclui-se através da Figura 5.12 que a tipologia vigada

apresenta, em geral, um aumento superior de deformação a longo prazo, tendo como valor base a flecha

elástica.

Figura 5.12 – Incremento de deformação em relação à deformação elástica para vão de 7 m

Note-se que para o painel de bordo (2), a solução fungiforme F22 teria, teoricamente, um valor global de

inferior em relação à solução F22* uma vez que esta terá menor quantidade de armadura. Ora, o gráfico da

Figura 5.12 ilustra exatamente o contrário. De referir que para a solução F22*, as ações quase-permanentes

não atingem as tensões de fendilhação do betão para a zona central do painel. Já para a solução F22,

verifica-se que esta fendilha para a mesma zona. Como já discutido anteriormente, a deformação a longo

prazo de um elemento de betão armado depende bastante do estado de fendilhação da estrutura,

justificando assim esta diferença “não prevista”. Da mesma forma, para o painel central (1), a solução

fungiforme fendilha apenas na zona do apoio enquanto que, a solução vigada fendilha em todas as secções

determinantes, à exceção do centro da laje, justificando assim a diferença de valores .

média

0

1

2

3

4

5

6

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Kt

Page 99: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

87

A Figura 5.13 ilustra, em forma de gráfico, as deformações para vão de 7 e 8 metros.

Figura 5.13 – Deformação para diferentes vãos

Verifica-se uma diminuição entre 30 a 50% de deformação para vão de 7 metros em comparação com as

soluções de 8 metros. Esta redução faz com que praticamente, todos os valores de deformação total

respeitem o valor limite de L/250. De notar que este valor limite varia consoante o vão a analisar,

correspondendo a 3,2 centímetros para o caso de vãos de 8 metros e 2,8 centímetros para o caso de vãos

de 7 metros.

As diferenças relativas de deformações entre as várias soluções de vãos de 7 e 8 metros variam

quantitativamente de forma diferenciada. Estas diferenças estão relacionadas com a fendilhação ou não

fendilhação da peça. Para casos em que, com a redução de vão, a fendilhação não ocorra, é espectável uma

maior diferença.

Calculando os valores limite através do vão da diagonal do painel L2 (ver Figura 2.3), conclui-se ,mais uma

vez, que o limite torna-se 40% mais permissivo em relação ao limite calculado com o valor de vão entre

pilares L. Desta forma, todas as deformações tomam valores inferiores aos normativos.

1,9 1,7

3,5

2,7 2,8

5,0

4,6

4,2

0,9 1,1

2,3

1,3

1,6

3,5

2,6 2,4

L2/250

L/140

L/155

L/180

L/210

L/250

L/315

L/415

L/625

L/1250 -80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Dif

ere

nça

em

re

laçã

o a

o v

alo

r d

e L

/25

0

[%]

Deformação Total [cm]

L=8

L=7

Page 100: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

88

A Figura 5.14 ilustra, em forma de gráfico, os incrementos de deformação para vão de 7 e 8 metros.

Figura 5.14 – Incremento de deformação para diferentes vãos

Verifica-se um ganho entre 25 e 50% para esta nova solução com 7 metros de vão. Verifica-se também que,

para os casos em que a deformação total seja inferior a L/400, o valor de incremento de deformação

respeita o valor limite dado pela NP EN 1992-1 (L/500).

Praticamente, todos os painéis centrais (1) e de bordo (2) verificam o critério L/500, sendo o painel de canto

(3) o único a não o verificar. A redução de vão traz ganhos bastante significativos em termos de redução das

flechas neste painel. De referir novamente que, para uma obra genérica, o painel de canto (3) será o painel

menos repetido (4 painéis por obra) pelo que não fará sentido colocar toda a solução estrutural em causa

devido a este painel. Verifica-se que, em algumas construções de malha regular, os painéis de contorno (de

bordo (2) e de canto (3)) apresentam um vão inferior em relação a toda a malha, de forma a minimizar as

deformações para esses painéis.

Calculando os valores limite através de L2 (ver Figura 2.3) resultaria, novamente, em limites 40% mais

permissivos, fazendo com que todos os valores do painel de bordo (2) L/500 passassem nos critérios

estabelecidos e os valores do painel de canto (3) não fossem largamente ultrapassados.

1,5 1,4

2,9

2,2 2,4

4,1 3,9

3,7

0,7 0,9

2,0

1,1

1,4

3,0

2,2 2,2

L/165

L/190

L/225

L/280

L/355

L/500

L/835

L/2500

L2/500

-80%

-40%

0%

40%

80%

120%

160%

200%

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Dif

ere

nça

em

re

laçã

o a

o v

alo

r d

e

L/5

00

[%

] Incremento de Deformação [cm]

L=8

L=7

Page 101: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

89

Com a redução de vão, mantendo as dimensões de capitéis e bandas para a solução fungiforme e a

dimensão das vigas para a solução vigada, é natural que para vãos de 7 metros, as espessuras equivalentes

de betão sejam superiores às obtidas para a solução de 8 metros de vão (Figura 5.15).

Figura 5.15 – Espessura equivalente para diferentes vãos

Por outro lado, verifica-se uma redução nas quantidades de armadura para os vãos de 7 metros, uma vez

que, para um menor vão, os momentos das ações exteriores será inferior ao dos vãos de 8 metros (Figura

5.16).

Figura 5.16 - Taxa de armadura para diferentes vãos

0

5

10

15

20

25

30

35

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Esp

ess

ura

Eq

uiv

ale

nte

[cm

]

Espessura Equivalente

L=8

L=7

0

5

10

15

20

25

30

35

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

Taxa

de

Arm

adu

ra [

kg/m

2]

Taxa de Armadura

L=8

L=7

Page 102: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

90

A Figura 5.17 apresenta finalmente o custo para cada solução e para cada painel para um vão de 7 e 8

metros.

Figura 5.17 - Custo final para diferentes vãos

Avaliando o custo global por metro quadrado verifica-se que, o valor de custo para as soluções de 7 metros

será idêntico à dos vãos de 8 metros, mas isto com base nas hipóteses admitidas de manter as mesmas

espessuras e dimensões de vigas, bandas e capiteis. É importante referir, que se se tivesse dimensionado as

soluções com vãos de 7.0 m para terem uma performance a nível de deformações equivalentes às dos 8.0

m, teríamos ganhos económicos para o vão mais pequeno. Isto sem contar com a influência dos elementos

verticais e fundações, pois esta componente, em princípio, seria favorável a vão maiores.

0

20

40

60

80

F22 V20 F22 F22* V20 F22 F22* V20

Painel Central (1) Painel de Bordo (2) Painel de Canto (3)

cust

o [

€/m

2]

L=8

L=7

Page 103: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

91

6. Conclusão

6.1 Considerações Finais e Desenvolvimentos Possíveis

O trabalho desenvolvido teve como objetivo apresentar uma descrição alargada sobre as metodologias de

cálculo de lajes maciças de betão armado, vigadas e fungiformes, e especialmente, a avaliação das suas

deformações. O documento começa por referir uma síntese sobre os efeitos das deformações nas

estruturas de betão em geral.

Em primeiro lugar salienta-se que a deformação elástica de uma estrutura é, principalmente, função da sua

esbelteza e das condições de fronteira. No caso do betão armado é espectável que, em condições de

serviço, exista formação de fendas, o que implica uma redução de rigidez do elemento e consecutivamente

um aumento da flecha. Tendo em conta as características do comportamento do betão ao longo do tempo,

existe um aumento da flecha devido à fluência e retração do betão. Embora a retração possa implicar o

aumento das curvaturas, sobretudo nas lajes, na presente dissertação este fenómeno não foi contabilizado

para o cálculo das deformações.

Da avaliação das deformações das estruturas, considerando os vários painéis com diferentes condições de

fronteira, foi possível observar-se que, para o centro do painel de uma laje, os efeitos de fendilhação

provocaram um aumento médio da flecha em relação aos valores elásticos em cerca de 5 vezes, tendo-se

observado valores que variaram de 3 a 7, consoante grau de fendilhação. Em elementos não fendilhados o

aumento da flecha ocorre sobretudo devido à fluência, sendo espectável um aumento médio da flecha ao

longo do tempo, que atingirá um valor cerca de 3 vezes superior ao da flecha elástica. Para elementos

fendilhados a flecha a curto prazo tem um incremento significativo face ao valor elástico, mas

posteriormente, o incremento de deformação no tempo é bem menor. As quantidades de armaduras

constituem um fator preponderante à restrição do aumento da deformação ao longo do tempo, pelo que

maiores quantidades de armadura implicarão menores deformações da estrutura, tanto devido à

fendilhação como à fluência.

No estudo abordaram-se diferentes metodologias para o cálculo de deformações e suas simplificações. Com

base no Método Bilinear e dos Coeficientes Globais, foi proposto um método apelidado de “Método dos

Coeficientes Globais Adaptado”. Comparado este com o método dos Coeficientes Globais Formais

apresentado por Favre et al (1985), chegaram-se a diferenças praticamente nulas, pelo que se admite que

os dois métodos são, em termos práticos, equivalentes. Verificou-se, assim, que o uso do coeficiente de

envelhecimento foi praticamente irrelevante. Comparou-se também o Método dos Coeficientes Globais

Adaptado com o método da Inércia Equivalente, apresentado por Brandson (1977 apud GHALI, FAVRE,

ELDBADRY, 2002) e acolhido pela norma americana ACI-435. Chegou-se à conclusão que as diferenças entre

os dois métodos são da ordem de grandeza de 10%.

Page 104: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

92

Sendo as lajes um elemento laminar é necessário proceder a uma análise em duas direções. Favre et al

(1985) propõem duas metodologias para o cálculo das deformações em lajes, o Método Direto e o Método

das Bandas Ortogonais. Utilizando o Método dos Coeficientes Globais Adaptados, chega-se à conclusão,

com base neste estudo, que o Método Direto, em geral, subestima a flecha em cerca de 20% em relação ao

Método das Bandas Ortogonais.

A NP EN 1992-1 (2010) define o valor de deformação limite como função do vão entre apoios. Para um

painel de laje, existem dois possíveis vãos a ter em conta, o vão ortogonal entre pilares do painel e a sua

diagonal. Para a verificação das deformações no centro do painel, alertou-se para as diferenças resultantes

considerando os dois possíveis vãos, concluindo que o vão diagonal resulta em valores regulamentares 40%

mais folgados em relação à consideração do vão ortogonal entre pilares.

Na avaliação das deformações concluiu-se que, verificando a flecha total o limite de L/400, em princípio, a

solução não terá problemas em passar o limite de L/500, para o incremento de deformação após

construção das paredes divisórias.

Comparando as duas soluções em estudo, verifica-se que a laje vigada apresenta, em geral, inferiores

quantidades de armadura e betão mas superiores quantidades de cofragem e superiores custos unitários,

fazendo com que a laje vigada seja, em termos de custos, equivalente à solução fungiforme. Caso as

paredes divisórias coincidam com o posicionamento das vigas, a solução vigada apresenta uma melhor

resposta à limitação de danos em elementos não estruturais. Em termos de aparência, a laje vigada tem um

maior aumento de curvaturas entre a viga e o centro da laje fazendo com que a deformação relativa a esses

alinhamentos seja mais pronunciada.

Considerando o valor do vão ortogonal entre pilares de 8 metros, verificou-se que, para painéis centrais (1),

as soluções apresentaram iguais quantidades de betão e valores de deformação absoluta equivalentes,

inferiores a L/250. Nos painéis de bordo (2), as deformações são próximas dos limites normativos e para

painéis de canto as deformações ultrapassam esses valores normativos. Reduzindo o vão para 7 metros,

apenas a solução fungiforme F22, para o painel de canto (3), atinge valores de deformação total superiores

a L/250.

Avaliando o incremento de deformação no centro do painel para vãos de 8 metros, as deformações dos

painéis centrais (1) verificaram o limite L/500. Já os painéis de bordo (2), apresentaram, em geral, valores

de incremento de deformação próximos do normativo enquanto os painéis de canto (3) apresentaram

valores de deformação consideravelmente distantes desse valor. Reduzindo o vão de 8 para 7 metros, o

painel de canto (3) continuou à margem da norma, prevendo possíveis problemas de danos em elementos

não estruturais para o centro desse painel.

Page 105: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

93

A redução do vão do painel de 8 para 7 metros, proporcionou um ganho na qualidade das deformações, em

média de 45%, mantendo o praticamente o mesmo custo. Se se tivessem dimensionado as soluções de 7.0

m para terem deformações equivalentes às dos 8.0 m haveria, naturalmente, um ganho em termos de

custos.

Como já referenciado, nesta dissertação não foi contemplado o acréscimo de deformação da laje devido a

retração. Sendo as lajes elementos esbeltos, o fator de retração do betão pode ter importância no cálculo

da deformação final, devendo este aspeto ser quantificado, analisando a influência da distribuição de

armaduras na zona de compressão (face superior nas zonas de vão e inferior nas zonas de apoio). Seria

interessante como trabalho complementar incluir este efeito.

Um aspeto relativo a deformações em lajes fungiformes é a influência competitiva de espessuras maiores

nos capitéis. A análise comparativa de variações nas espessuras dos capitéis seria também um tema

complementar a este trabalho.

Também nesta dissertação o estudo incidiu só sobre lajes maciças, vigadas e fungiformes. Seria importante

extrapolar a análise efetuada a outros tipos de lajes como as aligeiradas e, eventualmente, também a

soluções com pré-esforço.

Page 106: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

94

Page 107: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

95

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Page 109: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

Anexos

Anexo A – Pormenorização para vãos de 8 metros

A.1 – Pormenorização para painéis Centrais

A.1.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22/F22*

A.1.2 – Pormenorização para Laje Vigada V20

A.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

A.2.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22

A.2.2 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22*

A.2.3 – Pormenorização para Laje Vigada V20

Anexo B – Pormenorização para vãos de 7 metros

B.1 – Pormenorização para painéis Centrais

B.1.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22/F22*

B.1.2 – Pormenorização para Laje Vigada V20

B.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

B.2.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22

B.2.2 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22*

B.2.3 – Pormenorização para Laje Vigada V20

Page 110: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

A.1 – Pormenorização para painéis Centrais

A.1.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22/F22*

Page 111: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

φ20//0,20+φ12//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

mc/4

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ20//0,20+φ12//0,20

φ20//0,20+φ12//0,20

φ20//0,20+φ12//0,20

Armadura Superior

2.5 3.0 5.0 3.0 2.5

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

c/3

,0

m

c/3

,0

m

φ12//0,20

φ12//0,20

φ12//0,20

c/6

,0

m

φ8//0,20

c/4

,0

m

φ10//0,20

c/6

,0

m

φ8//0,20

c/4

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

Armadura Inferior

2.5 3.0 5.0 3.0 2.5

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:1:100

Descrição:

Armaduras superiores e inferiores para o painel central da solução

fungiforme F22 com um vão de 8 metros

Instituto Superior Técnico

A.1.1 - Pormenorização para Laje Fungiforme F22/F22*

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 112: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

A.1 – Pormenorização para painéis Centrais

A.1.2 – Pormenorização para Laje Fungiforme V20

Page 113: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

φ8//0,20

c/ 5

,0

m

Armadura Inferior

Escala 1:100

AA'

φ8//0,20

2.0 4.0 2.0

c/ 4

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ8//0,20

Armadura Superior

Escala 1:100

3φ20+2φ162φ16 2φ16

1.5

6.0

3φ20+2φ163φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

1.5

Corte AA'

Escala 1:50

B

B'

C

C'

3φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

2φ16

Est. φ8//0,20

3φ20+2φ16

Corte BB'

Escala 1:25

Corte CC'

Escala 1:25

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:

Instituto Superior Técnico

Armaduras superiores e inferiores e respetivos cortes para painel central

de laje vigada V20 de 8 metros de vão.

No desenho

Descrição:

A.1.2 - Pormenorização para Laje Vigada V20

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

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D B

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N A

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OD

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K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 114: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

A.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

A.2.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22

Page 115: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

c/3

,0

m

c/5

,0

m

φ12//0,20

φ16//0,20

φ10//0,20

φ12//0,20

φ10//0,20

c/4

,0

m

c/5

,0

m

c/3

,0

m

c/3

,0

m

c/6

,0

m

c/6

,0

m

c/6,0mc/6,0m

φ8//0,20

c/6

,0

m

φ8//0,20

c/4,0m

φ16//0,20

φ12//0,20

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/4

,0

m

c/4,0m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ8//0,10

φ16//0,20

c/ 4 ramos

φ12//0,20

φ12//0,20

φ8//0,20

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ8//0,20

φ10//0,20

Armadura Inferior

3.0 5.0 3.0 5.0 1.5

φ8//0,20

φ20//0,20+φ16//0,20

φ20//0,20+φ16//0,20

φ20//0,10

φ10//0,20

φ16//0,20

φ8//0,20

φ20//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/ 4 ramos

φ8//0,10

φ10//0,20

c/5

,5

m

φ10//0,20

c/5

,5

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ20//0,20+φ12//0,20

φ10//0,20

Armadura Superior

3.0 5.0 3.0 5.0 1.5

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:1:100

Descrição:

Armaduras superiores e inferiores para paineis de bordo e de canto para

a solução fungiforme F22 com 8 metros de vão.

Instituto Superior Técnico

A.2.1 - Pormenorização para Laje Fungiforme F22

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 116: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

A.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

A.2.2 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22*

Page 117: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

10φ//0,20

c/6,0m

8φ//0,20

φ12//0,20

c/6,0m

c/4

,0

m

c/4,0m

8φ//0,20

φ10//0,20

φ12//0,20

φ12//0,20

10φ//0,20

c/6

,0

m

c/6

,0

m

c/3

,0

m

c/6

,0

m

c/6

,0

m

φ12//0,20

φ12//0,20

c/6

,0

m

10φ//0,20

c/6

,0

m

c/6

,0

m

c/6

,0

m

φ8//0,20

φ8//0,20

c/4

,0

m

8φ//0,208φ//0,20

φ16//0,20

φ12//0,20

φ16//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

c/8

,5

m

φ8//0,10

c/ 4 ramos

φ10//0,20

φ10//0,20

c/8

,5

m

Armadura Inferior

3.0 5.0 3.0 5.0 1.5

20φ//0,20+16φ//0,20

φ16//0,20

φ20//0,20+φ16//0,20

c/4

,0

m

c/5

,0

m

20φ//0,20+12φ//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ20//0,10

φ10//0,20

φ8//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

φ8//0,10

c/ 4 ramos

c/5

,5

m

φ10//0,20

φ10//0,20

c/5

,5

m

φ8//0,20

c/4

,0

m

φ20//0,20

c/4

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

Armadura Superior

3.0 5.0 3.0 5.0 1.5

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:1:100

Descrição: Armaduras superiores e inferiores para paineis de bordo e de canto para

a solução fungiforme F22* com 8 metros de vão.

Instituto Superior Técnico

A.2.2 - Pormenorização para Laje Fungiforme F22*

PR

OD

UC

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B

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N A

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K E

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L P

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 118: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

A.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

A.2.3 – Pormenorização para Laje Vigada V20

Page 119: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

8φ//0,20

c/ 6

,0

m

8φ//0,20

c/ 5

,0

m

8φ//0,20

c/ 5

,0

m

8φ//0,20

G

G'

Armadura Inferior

Escala 1:100

4.0 4.0

2φ20+2φ16 2φ16

4φ16

4φ16 2φ20+2φ16

2φ162φ16

6.0

3.0

5.0

Est. φ8//0,20 Est. φ8//0,20

Corte GG'

Escala 1:50

I

I'

H

H'

K

K'

J

J'

1.5

4φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte HH'

Escala 1:25

4φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte II'

Escala 1:25

2φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Escala 1:25

Corte KK' Corte JJ'

2φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Escala 1:25

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:No desenho

Descrição:

Armaduras inferiores para paineis de bordo e de canto para a solução

vigada V20 com 8 metros de vão

Instituto Superior Técnico

A.2.3 - Pormenorização para Laje Vigada V20

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

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K E

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

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L P

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CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 120: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

12φ//0,20

φ8//0,20

c/ 4

,0

m

c/ 4

,0

m

10φ//0,20

D'D

Armadura Superior

Escala 1:100

6.5

6.0

2φ16

2φ16

2φ16

1.5

3φ20+2φ16

3φ25+2φ16

4.0

3φ20+2φ16

3φ25+2φ16

Est. φ8//0,20Est. φ8//0,20

F

F'

E

E'

Corte DD'

Escala 1:50

2φ16

B

B'

C

C'

Corte FF'

Escala 1:25

3φ25+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte EE'

Escala 1:25

3φ25+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

2φ16

Est. φ8//0,20

3φ20+2φ16

Corte CC'

Escala 1:25

3φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte BB'

Escala 1:25

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:No desenho

Descrição:

Armaduras superiores para paineis de bordo e de canto para a solução

vigada V20 com 8 metros de vão

Instituto Superior Técnico

A.2.3 - Pormenorização para Laje Vigada V20

PR

OD

UC

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B

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N A

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ES

K E

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 121: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

B.1 – Pormenorização para painéis Centrais

B.1.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22/F22*

Page 122: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ16//0,20+φ12//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ16//0,20+φ12//0,20

φ16//0,20+φ12//0,20

φ16//0,20+φ12//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/4

,0

m

Armadura Superior

2.0 3.0 4.0 3.0 2.0

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

Armadura Inferior

2.0 3.0 4.0 3.0 2.0

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:1:100

Descrição:

Armaduras superiores e inferiores para o painel central da solução

fungiforme F22 e F22*com um vão de 7 metros

Instituto Superior Técnico

B.1.1 - Pormenorização para Laje Fungiforme F22/F22*

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 123: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

B.1 – Pormenorização para painéis Centrais

B.1.2 – Pormenorização para Laje Fungiforme V20

Page 124: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

φ8//0,20

Armadura Inferior

Escala 1:100

L

L'

φ8//0,20

φ8//0,20

φ8//0,20

Armadura Superior

Escala 1:100

2φ20+2φ16 3φ20+2φ16

2φ16

2φ16

2φ20+2φ16

1.5

4.5

Est. φ8//0,20

N

N'

M

M'

1.5

Corte LL'

Escala 1:50

2φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte MM'

Escala 1:25

2φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte NN'

Escala 1:25

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:

Armaduras superiores e inferiores e respetivos cortes para painel central

de laje vigada V20 de 7 metros de vão.

No desenho

Descrição:

Instituto Superior Técnico

B.1.2 - Pormenorização para Laje Vigada V20

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 125: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

B.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

B.2.1 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22

Page 126: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ12//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/4

,0

m

φ8//0,10

c/ 4 ramos

Armadura Inferior

2.0 3.0 4.0 3.0 4.0 1.5

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ16//0,20+φ12//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ20//0,20+φ10//0,20

φ20//0,20+φ10//0,20

φ20//0,20+φ12//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ12//0,20

φ16//0,20

φ10//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/4

,0

mc/4

,0

m

φ8//0,10

c/ 4 ramos

Armadura Superior

2.0 3.0 4.0 3.0 4.0 1.5

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:1:100

Descrição:

Armaduras superiores e inferiores para paineis de bordo e de canto para

a solução fungiforme F22 com 7 metros de vão.

Instituto Superior Técnico

B.2.1 - Pormenorização para Laje Fungiforme F22

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 127: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

B.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

B.2.2 – Pormenorização para Laje Fungiforme F22*

Page 128: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

c/3

,0

m

φ12//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ8//0,10

c/ 4 ramos

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ12//0,20

φ12//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

c/5

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20+φ8//0,20

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/5

,0

m

c/3

,0

m

φ12//0,20

Armadura Inferior

φ10//0,20

2.0 3.0 4.0 3.0 4.0 1.5

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ16//0,20+φ12//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

φ10//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ20//0,20

φ20//0,20+φ10//0,20

φ20//0,20

φ10//0,20

φ10//0,20

φ12//0,20

φ16//0,20

c/4

,0

m

c/4

,0

m

c/5

,0

m

c/4

,0

m

φ8//0,10

c/ 4 ramos

Armadura Superior

2.0 3.0 4.0 3.0 4.0 1.5

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:1:100

Descrição:

Armaduras superiores e inferiores para paineis de bordo e de canto para

a solução fungiforme F22* com 7 metros de vão.

Instituto Superior Técnico

B.2.2 - Pormenorização para Laje Fungiforme F22*

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 129: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

B.2 – Pormenorização para painéis Laterais e de Canto

B.2.3– Pormenorização para Laje Vigada V20

Page 130: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

c/ 4

,0

m

φ8//0,20

c/ 4

,0

m

φ10//0,20

φ8//0,20

Armadura Superior

OO'

Escala 1:100

2φ20+2φ16

3φ20+2φ16

3φ20+2φ16

2φ162φ16

2φ16

2φ20+2φ16

1.5

4.5

5.5

3.0

Est. φ8//0,20 Est. φ8//0,20

P

P'

Q

Q'

N

N'M'

M

Corte OO'

Escala 1:50

3φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte QQ'

Escala 1:25

2φ16

Est. φ8//0,20

3φ20+2φ16

Corte PP'

Escala 1:25

2φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte NN'

Escala 1:25

Corte MM'

Escala 1:25

2φ20+2φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:No desenho

Descrição:

Armaduras superiores para paineis de bordo e de canto para a solução

vigada V20 com 7 metros de vão

Instituto Superior Técnico

B.2.3 - Pormenorização para Laje Vigada V20

PR

OD

UC

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B

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N A

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

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D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT

Page 131: Análise Competitiva de Soluções em Laje Fungiforme e Vigada ...

φ8//0,20

φ8//0,20

c/ 6

,0

m

c/ 6

,0

m

φ8//0,20

Armadura Inferior

Escala 1:100

R

R'

4.0 4.0

3φ16 4φ16

4φ16

2φ162φ16

2φ16

3φ16

4.5

1.5

3.0

5.5

Est. φ8//0,20 Est. φ8//0,20

Corte RR'

Escala 1:50

U

U'

V

V'

T

T'S'

S

4φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte VV'

Escala 1:25

4φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte UU'

Escala 1:25

3φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte SS'

Escala 1:25

3φ16

Est. φ8//0,20

2φ16

Corte TT'

Escala 1:25

Requerente:

Anexo:

Nuno Bandarrinha Brandão

Escala:No desenho

Descrição:

Armaduras inferiores para paineis de bordo e de canto para a solução

vigada V20 com 7 metros de vão

Instituto Superior Técnico

B.2.3 - Pormenorização para Laje Vigada V20

PR

OD

UC

ED

B

Y A

N A

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PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

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