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Constantino Rei
Analisar e Medir aProdutividade
VolumeC
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ção:
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Produção Apoiada pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS),co-financiado pelo Estado Português e pela União Europei através do Fundo Social Europeu
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
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Ficha Técnica
Título Analisar e Medir a Produtividade
Colecção Gestão da Produtividade e Qualidade
Volume 3
Autor Constantino Mendes Rei
Ano 2005
Edição Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda
Avª Dr Francisco Sá Carneiro, 50
6300-559 Guarda
Telf. 271 220 120 Fax: 271 220 150
www.estg.ipg.pt
Equipa Técnica Constantino Mendes Rei (Coordenador)
Ester Amorim
Vítor Gabriel
Dina Teixeira
Isabel Morais
Entidades Promotoras e
Apoios
Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda e
Programa Operacional Emprego, Formação e
Desenvolvimento Social (POEFDS),
co-financiado pelo Estado Português e pela União
Europeia, através do Fundo Social Europeu.
Ministério da Segurança Social e do Trabalho.
Revisão, Projecto Gráfico,Design e Paginação
Gabinete de Promoção e Divulgação da ESTG
Produção Apoiada pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS),co-financiado pelo Estado Português e pela União Europei através do Fundo Social Europeu
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
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Índice
Capítulo 1 4Porquê medir a produtividade e o desempenho? 4
1.1. Os benefícios da medição do desempenho 41.1.1. Benefícios para os gestores 51.1.2. Benefícios para os trabalhadores 13
1.2. A medição da produtividade 161.3. As diferentes medidas de produtividade 18
1.3.1. A medição da produtividade ao nível nacional 191.3.2. A relação entre a produtividade e o nível de vida 221.3.3. As medidas de produtividade nas empresas 24
1.3.3.1. Medição do output 261.3.3.2. Medição dos inputs 27
1.3.3.2.1. Input (factor) Trabalho 271.3.3.2.2. Input Capital 281.3.3.2.3. Input energia 291.3.3.2.4. Input materiais 30
1.3.3.3. Ponderação do output e índices temporais 301.3.3.4. Calculando os rácios de produtividade 331.3.3.5. Medindo a produtividade no tempo 341.3.3.6. A abordagem de cálculo da produtividade pelo VAB 36
1.4. Os principais problemas na medição da produtividade 39Capítulo 2 43Como desenvolver um sistema de medição 43
2.1 . Introdução 432.2 . Metodologia para o desenvolvimento de sistemas de medição: o métodoMSA 452.3. Critérios de desempenho 50
Capítulo 3 54Relação entre Gestão da Produtividade e Rentabilidade 54
3.1. Introdução 543.2. A medição da produtividade ligada aos resultados 563.3. O Modelo do Triplo-P (Triple P model) 61
Capítulo 4 64Produtividade vs Competitividade 64
4.1 Introdução 644.2 A competitividade global das empresas 674.3 A relação custos-produtividade 72
BIBLIOGRAFIA E LEITURAS RECOMENDADAS 76
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Índice de Figuras
Figura 1: O processo de melhoria da qualidade .....................................................10Figura 2: Níveis de análise da produtividade .........................................................17Figura 3: Relações entre produtividade e nível de vida ..........................................23Figura 4: Medidas de produtividade pelo VAB ......................................................38Figura 5: O modelo MSA.......................................................................................46Figura 6: Análise input/output para identificar o que medir ................................49Figura 7: Interrelação dos critérios de desempenho ...............................................51Figura 8: Modelo conceptual da relação produtividade/rentabilidade ...................55Figura 9: Relações entre produtividade e rentabilidade..........................................60Figura 10: O modelo do triplo-P ...........................................................................61Figura 11: Relação da produtividade com os objectivos de performance ..............62Figura 12: Eficiência e Efectividade .......................................................................62
Índice de TabelasTabela 1: Folha de cálculo de Output ....................................................................27Tabela 2: Folha de cálculo do input trabalho ........................................................27Tabela 3: Folha de cálculo para registo do input capital .......................................28Tabela 4: Folha de cálculo para registo do input energia .....................................29Tabela 5: Folha de cálculo para input materiais ....................................................30Tabela 6: Cálculo dos Índices de Produtividade ...................................................36
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Capítulo 1Porquê medir a produtividade e o desempenho?
Depois de ler este capítulo, vai estar apto a:
Compreender e explicar como é que a melhoria e a medição do desempenho estão inter-
relacionados;
Perceber a necessidade de medir a produtividade;
Conhecer diferentes medidas de produtividade;
Conhecer e explicar os principais objectivos de um sistema de medição.
1.1. Os benefícios da medição do desempenho
As medidas de análise e medição da produtividade são importantes no processo de
tomada de decisão conducente à melhoria da produtividade, para além de serem
ferramentas de decisão efectivas na tomada de decisão em todos os níveis
económicos.
As medidas de desempenho (ou performance) em geral proporcionam aos gestores,
trabalhadores e empresas um vasto leque de benefícios culturais e técnicos. Embora
não seja um pré-requesito para implementar medidas do desempenho, uma
compreensão destes benefícios proporciona aos gestores um melhor conhecimento
sobre o que é necessário para um bom sistema de medição e como as medidas de
desempenho podem ser usadas na prática.
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1.1.1. Benefícios para os gestores
De entre os benefícios para os gestores, podemos destacar os seguintes:
Melhoria do controlo
O feedback (resposta) é essencial para controlar qualquer sistema. Sem resposta
proporcionada por sinais, sons ou toques, nós, humanos, não seríamos capazes de
identificar desafios ou situações favoráveis e haveria sem dúvida menos pessoas no
planeta. O mesmo acontece com as empresas. Quando os gestores não obtêm
respostas a tempo e com significado, as empresas falham em reconhecer
oportunidades e tornam-se mais vulneráveis aos acasos que podem condicionar a
sua existência.
O feedback proporcionado pelas medidas de desempenho dá aos gestores melhor
controle sobre as suas áreas de responsabilidade, seja ela um departamento, uma
fábrica ou uma sucursal. Com medições instaladas, os desvios do desempenho são
detectados mais cedo, permitindo aos gestores debruçarem-se sobre eles e
minimizarem os prejuízos. As medidas de desempenho também previnem os
gestores de ficarem “blindados” com más notícias. Se já tiver experimentado
surpresas desagradáveis no final do mês ou do trimestre, tal significa que não
implementou medidas adequadas. Com medidas adequadas, as notícias podem não
ser sempre boas, mas pelo menos não serão uma surpresa.
Clarificação de Responsabilidades e Objectivos
Boas medidas de desempenho clarificam quem é responsável por resultados
específicos ou problemas. As medidas especificam o que significa um “bom
desempenho” para cada pessoa, gestor ou unidade operacional em termos que não
oferecem dúvidas. Isto tem várias vantagens distintas para os gestores:
o Cada um sabe o que é suposto dever cumprir. Não há dúvidas
sobre o que é mais importante, de modo que quando as decisões do
dia-a-dia são tomadas, é mais provável que seja seguido o melhor
percurso;
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o Cada um sabe o quão bom é o seu desempenho. Isto cria um
círculo de auto-correcção que reduz os desvios negativos do
desempenho;
o Cada um passa a ser responsabilizado apenas pelo seu desempenho
e não pelos problemas criados por outros. Aqueles que já viram o
seu desempenho posto em causa porque outros não fizeram o seu
trabalho correctamente, sabem o quão desencorajador isto pode ser.
Alinhamento estratégico dos objectivos
As medidas de desempenho são provavelmente a melhor forma de comunicar a
estratégia de uma empresa através da organização. Claro que isto significa que a
empresa deve desenvolver uma estratégia e determinar o que cada unidade
operacional deve cumprir para a executar. Tal exige o estabelecimento de objectivos
estratégicos da empresa e depois a sua decomposição em objectivos de menor nível
e as correspondentes medidas de desempenho. Quando as medidas de desempenho
de uma organização reflectem a sua estratégia, elas asseguram que cada um está a
trabalhar para os mesmos objectivos e não se desviam para outros rumos.
As medidas de desempenho também são essenciais para avaliar a eficácia de uma
estratégia.
Compreensão dos processos de negócios
“A medição é o primeiro passo que leva ao controle e eventualmente à melhoria.Se não podes medir algo, não o podes compreender. Se o não compreendes, nãoo podes controlar. Se o não controlas, não o podes melhorar”
H. James Harrington(Citado em Kaydos, 1999)
Quando se trata de compreender um processo de produção, o facto é que se não
estamos a medir o processo, não podemos compreender como ele funciona.
Podemos saber o que entra num processo e o que sai no outro extremo, mas
compreender como ele funciona significa conhecer o que acontece no meio, que
factores afectam a performance, como se comportará se alguma coisa no processo
for alterada e o que o processo é capaz de fazer.
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Quando não estão instaladas medidas de desempenho, existe em geral uma grande
diferença entre a forma como os gestores pensam que o processo funciona e a
forma como ele realmente é realizado. Os seguintes exemplos reais ilustram o quão
grande pode ser o desvio:
Um gestor acredita que os defeitos numa complexa operação de
fabricação são cerca de 10%, o que é algo não desprezível. Quando
as medidas são colocadas em marcha, elas mostram que a taxa de
defeitos real era de cerca de 30%;
Todos acreditavam que a taxa de entrega a tempo de um serviço de
atendimento a clientes era de 90% ou mais. As medições mostraram
que tal era verdade para um grupo selecto de clientes, mas para a
maioria dos clientes, era da ordem dos 60%;
Numa fábrica com apenas 20 empregados, aquilo que se pensava ser
a causa nº 1 das quebras de produção, passou a ser a 6ª da lista. O
mais surpreendente, é que os dois maiores problemas nunca eram
mencionados nos inquéritos preliminares realizados para
determinar as possíveis causas das quebras.
Exemplos similares poderiam ser encontrados facilmente na maioria das empresas.
Existe uma grande diferença entre compreender alguns dos problemas de um
processo e compreender todos eles. Esta é certamente uma das razões primeiras
pelas quais fracassam muitas iniciativas de melhoria do desempenho.
Caso:
Numa empresa foram gastos $180.000 para substituir uma peça de um equipamento que os gestores
identificaram como sendo o principal estrangulamento do processo produtivo. Eles asseguravam à
Direcção que substituindo a peça do equipamento a produtividade e a produção aumentariam
substancialmente. Infelizmente, depois de os $180.000 terem sido gastos, não se registaram variações
significativas na produção ou na produtividade. Ninguém estava satisfeito com os resultados, mas
também ninguém conseguia explicar porque a performance não tinha melhorado. O mistério foi
desvendado quando foram implementadas medições do desempenho na fábrica. Elas mostraram
que o “grande estrangulamento” não era o único problema que precisava ser resolvido. Existiam
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mais seis causas importantes de desperdícios, quebras e fraca qualidade que precisavam ser
reduzidas para que o processo alcançasse os objectivos de produtividade.
Porque é que foi cometido este erro de apreciação? A razão é que a peça do equipamento em
questão avariava com frequência por períodos curtos , devido a causas externas. O que parecia ser
90% do problema não representava mais do que 10%.
Conhecimento da capacidade de um processo
Conhecer um processo também significa conhecer a sua capacidade, ou seja, os
limites do que é capaz de fazer. Em qualquer momento do tempo, cada processo,
mecanismo, organização ou pessoa tem a sua capacidade. Por definição, esta
capacidade não pode ser excedida, ainda que um dos “chavões” do mundo dos
desportos seja o de “dar 110%”.
Conhecer a capacidade de uma máquina é essencial para determinar que acções
precisam ser empreendidas para corrigir um problema. Se a máquina não está a
produzir produtos bons, mas tem a capacidade de os fazer, algo deve estar mal
com a máquina e deve ser reparado. Por outro lado, se ela não tem a capacidade de
produzir bons produtos, “reparar” a máquina não resolve o problema por que
nada está avariado. A única forma de corrigir a capacidade insuficiente de uma
máquina é melhorar a sua capacidade. Tal pode ser conseguido através da
instalação de melhores componentes, um motor mais potente e mesmo substituir a
máquina.
Melhora a qualidade e a produtividade
Conforme ilustra a Figura 1, a melhoria da qualidade é simples, por princípio. É
apenas uma questão de determinar a diferença entre o desempenho real e o
desejado e então alterar ou melhorar o processo de produção para melhorar a sua
performance.
Contudo, para que a melhoria da qualidade funcione, são necessárias as seguintes
medições:
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A dimensão do desvio entre o que os clientes querem e o que
estão a obter. Isto determina a dimensão do problema de
desempenho. De facto, sem conhecer este desvio, nunca saberá se
existe algum problema;
Medições do processo que produz os bens ou serviços. Isto
proporciona a compreensão do processo. Sem medidas, como saber
onde estão localizados os problemas e quais os primeiros a serem
“atacados”? Implementar um sistema de medição deve ser um dos
primeiros passos para tentar melhorar a qualidade e a
produtividade.
A dimensão do desvio do desempenho após a implementação das
alterações para melhorar o processo que produz os bens e serviços.
Isto diz-nos como resultaram as tentativas de melhorar o
desempenho. Sem esta medida, apenas lidará com um desejo ou
pensamento.
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Figura 1: O processo de melhoria da qualidade
Tentar melhorar o desempenho sem estas medidas é como fazer tiro ao alvo no
escuro. Os ganhos iniciais apenas podem ser esperados se as medidas de
desempenho satisfizerem alguns requisitos que mais à frente serão explicitados.
Medidas incorrectamente concebidas e implementadas tanto podem aumentar
como diminuir o desempenho.
Afectação de recursos mais eficiente
Os gestores podem estar conscientes dos problemas que a sua organização ou
grupo enfrenta, mas, sem medições implementadas, não há forma de eles saberem
a importância relativa desses problemas. Quando são incapazes de diferenciar entre
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dezenas de problemas operacionais que enfrentam nos processos produtivos, os
gestores têm as seguintes opções:
Ignorar a situação no seu todo. Esta é provavelmente a reacção
mais comum quando parece haver tantos problemas a resolver e o
que é importante não pode ser separado do que não o é. Resultado:
agravação e frustração, mas nenhuma acção;
Realizar uma reunião e dizer a todos que têm que melhorar.
Infelizmente a ninguém é dito especificamente o que deve fazer
melhor, pelo que cada um assume que o responsável é outra pessoa.
Resultado: nada acontece para além de apontar o dedo e pensar “eu
não sou o responsável”;
Tentar resolver todos os problemas ao mesmo tempo. Isto faz
dispersar os recursos e os esforços são concentrados em tratar os
sintomas e fazer correcções temporárias em vez de melhorias
definitivas dos processos. Os gestores também perdem controle da
situação e muitos recursos serão desperdiçados em áreas de pouco
retorno. Resultado: São aplicados pensos rápidos e tomados alguns
comprimidos, quando algumas partes do paciente precisam
realmente de uma cirurgia. Muitas pessoas também ficarão
desencorajadas por verem recursos desperdiçados em questões
triviais e não obterem resultados significativos.
Reagir ao que era mais importante na última semana.
Infelizmente, a próxima semana pode apresentar um cenário
completamente diferente forçando a um re-alinhamento das
prioridades. Resultado: Grande confusão e esforço desperdiçado.
Poucas soluções permanentes serão implementadas.
Uma das funções primárias dos gestores é saber onde aplicar os recursos para obter
o maior retorno. Dado que a procura dos recursos de uma empresa ou
departamento é sempre superior à oferta, saber onde se podem obter maiores
benefícios com menor investimento é benéfico para o gestor e para a empresa.
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Boas medições (indicadores) melhoram significativamente as decisões dos gestores
acerca de onde afectar os recursos através da fixação da importância relativa dos
problemas e oportunidades.
Melhor planeamento e previsão
Os gestores que compreendem como os processos funcionam e as suas capacidades,
estão obviamente aptos a elaborarem planos e previsões mais fiáveis que aqueles
que os não conhecem. Às vezes, acontecimentos externos podem fazer falhar as
previsões, mas quando as previsões assentam numa compreensão pobre da
dinâmica do processo, elas serão inerentemente distorcidas.
Por exemplo, quando as vendas reais de uma empresa se afastam muito das
previsões, a análise dos dados das vendas mostra que se tivessem sido
implementadas medidas de desempenho, os problemas das vendas teriam sido
identificados. Estas medidas também teriam proporcionado um prazo suficiente
para que tivessem sido tomadas acções correctivas que reduziriam a dimensão do
desvio entre a previsão e a realidade.
As medidas de desempenho proporcionam conhecimento de como as várias
operações são afectadas pelas variações dos inputs e pelos factores internos e
externos. È necessário algum tempo para adquirir a compreensão da dinâmica do
processo, mas uma vez adquirida, faz com que os planos operacionais e financeiros
sejam muito mais fiáveis.
Liberdade para delegar
Por vezes os gestores mostram-se relutantes em delegar porque temem que as coisas
se descontrolem sem que eles o saibam. Este é um comportamento racional.
Ninguém gosta de acordar e constatar que vai a uma velocidade de 100 km/h em
direcção ao um muro que se encontra apenas a alguns metros de distância!.
Contudo, quando os gestores se podem manter ao corrente do que se passa através
de indicadores de desempenho, o receio de delegar desaparece.
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Mudança da cultura da empresa
As medidas de desempenho, só por si não alteram a cultura da empresa, mas são
um poderoso catalizador para tal. Definindo metas comuns, as medidas de
desempenho promovem o trabalho em equipa. Uma equipa não pode existir se
não houver metas partilhadas, de modo que quando os objectivos do grupo são
definidos, é criada uma razão clara para o trabalho em equipa. Isto só por si move
a organização na direcção certa, ainda que os líderes tenham que ir mais longe. O
trabalho em equipa também é reforçado através da definição do que cada membro
da equipa deve cumprir para que a equipa alcance os seus objectivos.
Quando são definidos objectivos e responsabilidades, os conflitos entre
departamentos também são reduzidos porque haverá poucas áreas de
responsabilidades indefinidas ou objectivos conflituantes. Quando as medidas de
desempenho mostram que há espaço de melhoria para todos, deixa de haver lugar
a “desculpas” ou “apontar para os outros”. As medidas de desempenho também
centram a atenção sobre os problemas e não sobre as personalidades, pelo que
também os conflitos entre indivíduos se reduzem. Os números (das medidas de
desempenho) também induzem uma mudança de mentalidade na medida em que
orientam os indivíduos para uma discussão racional em vez do debate centrado em
opiniões ou sentimentos. A disponibilidade de informação sólida muda a forma
como a organização aborda os problemas.
1.1.2. Benefícios para os trabalhadores
De entre os benefícios que a medição do desempenho pode trazer para os
trabalhadores, incluem-se:
Clarificação de responsabilidades e objectivos
Conhecer o significado de um “bom desempenho” é tão importante para patrões
como para os trabalhadores. Como qualquer outro, os trabalhadores estão mais
preocupados com as questões mais próximas dos seus próprios interesses.
Consequentemente, embora estejam interessados em saber como a sua divisão ou
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empresa se está a comportar, estão mais interessados sobre aquilo que é suposto
eles cumprirem; o seu próprio desempenho e o desempenho do seu grupo.
Constatar o cumprimento dos objectivos e receber reconhecimento
Para gestores e trabalhadores, é difícil ter orgulho em feitos que não podem ser
vistos. Mesmo as pessoas que produzem produtos físicos têm pouca oportunidade
de verem o que estão conseguindo, porque eles apenas executam alguns passos do
processo de fabricação total. Saber quantas chamadas de serviços foram concluídas
a tempo, quanto aumentou a satisfação dos clientes e a taxa de defeitos da última
semana, é muito importante para as pessoas que executam o trabalho.
Infelizmente, a única vez que a maioria dos trabalhadores têm feedback é quando
alguma coisa corre mal.
A capacidade de os gestores instruírem, avaliarem, fornecerem feedback e
recompensarem o desempenho é a área onde os trabalhadores dizem que os
gestores devem melhorar mais1. As medidas de desempenho podem não alterar o
comportamento do gestor, mas ao proporcionarem os meios para identificar onde
o feedback, treino e o reconhecimento são necessários, facilitam enormemente o
processo. Cumprimento e reconhecimento dos contributos são dois motivadores
básicos para os trabalhadores. Quando os seus contributos se tornam visíveis, o seu
sentido de “dever cumprido” é reforçado e é mais provável que os gestores
reconheçam os seus contributos.
Avaliação objectiva
Reconhecimento e justa recompensa são a chave para construir uma organização
efectiva e motivada. Mesmo com boas medidas, têm que ser realizados julgamentos
acerca do desempenho individual e de grupos, mas sem elas, equacionar
adequadamente o desempenho com recompensa é praticamente impossível.
Nem sempre é prático medir o desempenho individual, ou nem tal é necessário
para que as medidas de desempenho sejam efectivas na melhoria da produtividade
1 Buzzota, V. (1997) “Workers most want what many leaders least provide”; Marriot ExecutiveMemo, Novembro, 7(1).
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e da qualidade. Contudo, as medidas de desempenho individual tornarão qualquer
favorecimento mais aparente, de forma que as medidas de desempenho actuam
como salvaguarda contra favorecimentos e prejuízo tanto para os indivíduos como
para os gestores. Tanto uns como os outros, são melhor servidos quando as
medidas de desempenho são baseadas em informações objectivas.
Melhora o emporwement
Como mencionado anteriormente, as medidas de desempenho permitem aos
gestores delegarem responsabilidade e gerirem à distância. As medidas de
desempenho também desencorajam a micro-gestão, centrando a atenção sobre os
resultados e afastando-a dos detalhes ao minuto ou como eles foram alcançados.
Isto conduzirá a mais liberdade para os supervisores, trabalhadores e equipas de
trabalho, tornando o trabalho mais agradável. A vida também se torna mais
agradável para os gestores quando não têm que se preocupar por serem blindados
pelos problemas, não terem que ir aos detalhes das operações e verem um melhor
desempenho obtido através de delegação e empowerment.
Em síntese, as medidas de desempenho proporcionam benefícios para os gestores,
trabalhadores e as suas empresas tanto numa perspectiva social como técnica. Estes
benefícios não são bem compreendidos porque poucas empresas têm bons sistemas
de medição e é difícil compreender ou apreciar algo que nunca foi experimentado.
Talvez o maior mal-entendido acerca da medição do desempenho é que ela baixa a
moral, porque as pessoas não gostam de ver o seu desempenho ser medido. Isto
pode ser verdade se as medidas de desempenho forem usadas para encontrar falhas
e punir os indivíduos. Mas quando são usadas de modo positivo para identificar
problemas e recompensar acções, as medidas de desempenho são uma ferramenta
poderosa para motivar uma organização e alterar a sua cultura.
As medidas de desempenho, permitindo que os gestores deleguem e utilizem o seu
tempo nos problemas e prioridades que requerem a sua atenção, fazem aumentar a
produtividade pessoal tanto de gestores como de trabalhadores.
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1.2. A medição da produtividade
O sucesso da medição e análise da produtividade depende largamente de uma clara
compreensão, por todas as partes envolvidas (gestores da empresa, trabalhadores,
sindicatos e instituições governamentais) do porquê da importância da medição da
produtividade para a eficiência da organização. A resposta é que ela indica onde
investigar as oportunidades de melhoria e mostra também o quão bem os esforços
de melhoria estão a ocorrer.
Nas empresas, a produtividade é medida para ajudar a analisar a eficácia e a
eficiência. De acordo com Prokopenko (1987), a sua medição pode estimular a
melhoria operacional: o simples anúncio, a instalação e funcionamento de um
sistema de medição pode melhorar a produtividade do trabalho, entre 5 e 10%,
sem qualquer alteração do investimento.
Os índices de produtividade também ajudam a estabelecer metas realísticas e
pontos de verificação para actividades de diagnóstico durante o processo de
desenvolvimento de uma organização, fazendo sobressair estrangulamentos e
barreiras ao desempenho. Além disso, não pode haver melhoria nas relações
industriais ou uma adequada correspondência entre produtividade, níveis salariais
e políticas de partilha de lucros sem um bom sistema de medição. Os índices de
produtividade também são úteis nas comparações inter-sectoriais concebidas para
detectar factores que contribuam para o sucesso ou fracasso.
Estas são as razões pelas quais a medição e análise da produtividade devem estar
entre as prioridades dos gestores das empresas.
Uma questão frequentemente debatida é a de saber se a medição do desempenho
conduz à sua melhoria ou vice-versa. Alguns defendem que a medição é essencial
para conhecer o quê e como melhorar, enquanto outros argumentam que não há
necessidade de medir o desempenho se não houver algures esforços de melhoria. A
medição e a melhoria do desempenho estão intimamente relacionados e são
interdependentes, sendo que a questão importante é como cada uma pode reforçar
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e potenciar a outra. O desafio é pois como desenvolver sistemas de medição para
apoiar esforços de melhoria.
Outra questão tem a ver sobre o modo como a medição da produtividade deve
ser efectuada. A medição da produtividade tem sido tradicionalmente encarada
como a medição da produtividade do trabalho. Apesar de nada haver de errado na
medição da produtividade do trabalho, este (o trabalho) constitui apenas um dos
factores da produtividade da empresa e os gestores devem ter uma visão alargada
dos factores que afectam a produtividade global da empresa. Assim, os
profissionais da produtividade concluíram pela necessidade de medir a
produtividade total dos factores em vez de medir apenas a produtividade do
trabalho.
A Figura 2 ilustra o conjunto possível de níveis de análise da produtividade:
Produtividade naindústria
Análise da produtividadesectorial
Produtividade nosserviços
Análise da produtividadeao nível da empresa
Análise da produtividadeao nível da indústria
Produtividade naagricultura
Análise da produtividadeagregada ao nível da
economia
Figura 2: Níveis de análise da produtividade
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1.3. As diferentes medidas de produtividade
A produtividade, classicamente, é definida como a relação entre uma produção e
os recursos utilizados para a obter (produtividade total), ou ainda entre uma
produção e apenas um destes recursos (produtividade parcial):
produçaoprodutividaderecursosutilizados
produção (ou output), designa os bens e/ou serviços produzidos ;
recursos (também chamados de factores de produção ou inputs), designa o
trabalho, o capital técnico (instalações, máquinas, ferramentas...), os capitais
investidos, os consumos intermédios (matérias-primas, energia,
transportes...), assim como os factores menos fáceis de apreender ainda que
extremamente importantes, tais como o saber-fazer (know-how)
capitalizado.
Mas a produtividade é por definição uma relação. O numerador e o denominador
não são eles mesmos uma coisa, mas as medidas de que são feitos. Seria pois mais
pertinente, escrever:
medida da produçaomedida da produtividade
medida dos recursos utilizados
Apesar da aparente simplicidade desta definição, a produtividade mostra-se
contudo uma noção cujos efeitos e determinantes são difíceis de delimitar.
Coloca-se pois aqui um inequívoco problema de medição. Ensinaram-nos desde
pequenos que não podemos confundir “alhos” com “bugalhos”, pelo que adicionar
elementos de natureza diferente não faz qualquer sentido. Ora a produção é um
conjunto de bens e/ou serviços cuja diversidade pode ser muito grande. E os
recursos utilizados constituem também eles um conjunto que compreende
elementos muito diversos: pessoas de qualificações diferentes, máquinas,
instalações, ferramentas e consumos de várias espécies, múltiplos tipos de saber-
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fazer, etc. Contudo, a medidas são efectuadas, e os métodos utilizados são os
seguintes:
em quantidade: qualifica um número de elementos idênticos ou
considerados como homogéneos;
em volume: qualifica uma soma de quantidades relativas de elementos
heterogéneos, estas quantidades são tornadas adicionáveis através da
utilização de coeficientes de ponderação;
em valor: qualifica uma soma de quantidades ponderadas pelos preços;
em valor deflaccionado: qualifica uma avaliação em valor, corrigida pela
taxa de inflação; os economistas assimilam-na a uma medida em volume.
1.3.1. A medição da produtividade ao nível nacional
No plano nacional, a produção é o conjunto dos bens e serviços produzidos pelo
conjunto das organizações, as quais constituem a riqueza criada pela nação. A
relação de produtividade deveria pois formular-se assim:
riqueza criadaprodutividaderecursosutilizados
Teoricamente, existem tantas medidas unifactoriais quantos factores de produção
existem na economia. Na prática, contudo, a produtividade do trabalho é aquela
que mais frequentemente é utilizada. Ela mostra-se mais facilmente mensurável e
apresenta um interesse maior para aqueles que se interessam especificamente pelo
potencial da economia para aumentar o nível de vida da população. O método
utilizado mais correntemente é pois o seguinte:
a riqueza criada é medida em valor pelo PIB (Produto Interno Bruto);
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
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apenas é retido o factor de produção trabalho, medido em quantidade (em
efectivos ou em horas).
Daqui decorre:
PIBprodutividade
trabalho
Assim, quando sem outra precisão, é feita referência à produtividade, trata-se da
produtividade do trabalho, mais precisamente da produtividade aparente do
trabalho (“aparente” recordando que a produtividade depende do conjunto dos
factores de produção e do modo como eles são combinados). A produtividade do
trabalho reflecte o volume de produção gerado por hora de trabalho. Não
podemos todavia concluir que ela depende unicamente da performance da mão-de-
obra. Ela é igualmente influenciada por todos os outros factores de produção e
pelo ambiente no qual funcionam as empresas. Com efeito, a intensidade do
esforço fornecido pelos trabalhadores tem efectivamente repercussões sobre a
produtividade do trabalho, mas este elemento é geralmente muito menos
importante que o volume de capital (como as ferramentas ou a maquinaria) de que
dispõe um indivíduo para executar as suas tarefas.
Medir a produtividade multi-factorial (ou produtividade total dos factores) permite
identificar a contribuição de cada um dos factores de produção para o crescimento
económico.
A interpretação destas medidas revela-se relativamente fácil quando elas se aplicam
a uma só fábrica produzindo um bem único e de qualidade uniforme. Mas ela
complica-se consideravelmente quando é necessário agregar estas informações com
o fim de obter resultados para uma indústria ou um país.
Torna-se então necessário adoptar uma unidade de medida uniforme que permita
adicionar produções de natureza diferente. Esta dificuldade pode ser resolvida
através da utilização de valores monetários. Além disso, é igualmente necessário
considerar a utilização de uma medida de produção que evite contabilizar várias
vezes os mesmos bens e serviços. Por exemplo, um fabricante de placas
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
21
informáticas pode fornecer o seu produto a uma empresa de cartas electrónicas
que venderá em seguida a sua produção a um fabricante de computadores. O valor
das cartas electrónicas será assim contabilizado três vezes. A utilização do valor
acrescentado como medida de produção permite contornar esta dificuldade.
O valor acrescentado define-se como o valor da transformação que é aportada às
matérias-primas ou aos bens e serviços intermédios utilizados num processo de
fabricação. Ela calcula-se subtraindo da produção bruta as compras de bens e
serviços que são transformados ou consumidos pelo processo de produção. A sua
principal vantagem provém do facto que um mesmo produto apenas é
contabilizado uma só vez.
A soma dos valores acrescentados no conjunto da economia constitui o Produto
Interno Bruto (PIB).
Os cálculos de produtividade em termos de produção bruta e de valor acrescentado
apresentam vantagens e inconvenientes que fazem com que estes dois métodos se
completem mutuamente2. Na prática contudo, as medidas em valor acrescentado
são frequentemente mais fáceis de obter e podem ser relacionadas directamente
com a evolução do nível de vida. Elas são assim mais frequentemente utilizadas.
A análise das variações de produtividade sobre longos períodos implica a utilização
de dados em valores reais (ou constantes). Com efeito, as variações de preços
provenientes da inflação geram distorções que amplificam ou reduzem as
mudanças efectivamente ocorridas. É pois necessário corrigir estes desvios
escolhendo os índices de preços apropriados.
A comparabilidade dos dados da produtividade entre diferentes países necessita a
adopção de uma unidade monetária comum. A taxa de câmbio oficial não
constitui um factor de conversão adequado, uma vez que ela não tem em
consideração a totalidade dos desvios de poder de compra entre as diferentes
moedas. É preferível utilizar uma taxa baseada sobre a paridade dos poderes de
2 Para uma discussão mais detalhada sobre as vantagens e os inconvenientes das diferentesmedidas de produtividade, ver “Mesurer la productivité”, Manual da OCDE; Paris; 2001;p. 30 e 31.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
22
compra (PPC), que elimina o efeito das diferenças de nível de preços entre países.
A OCDE publica periodicamente, para os países membros, as taxas de conversão
que têm em conta a paridade dos poderes de compra3.
Várias dificuldades técnicas e metodológicas ocorrem quando do cálculo da
produtividade. As soluções que são retidas para as resolver diferem de um país
para outro, o que coloca problemas de comparabilidade dos dados. Além do mais,
por vezes devem ser colocadas hipóteses para colmatar a falta de informação
relativa a certos aspectos do cálculo. É por exemplo o caso da estimação do stock
de capital, que constitui um elemento essencial do cálculo da produtividade multi-
factorial.
1.3.2. A relação entre a produtividade e o nível de vida
O aumento da produtividade é um elemento determinante da progressão do nível
de vida de um país ou de uma região. A longo prazo, ela constitui a principal
fonte de crescimento económica. O indicador mais frequentemente empregue para
dar conta da evolução da produtividade de um país é o PIB real por hora
trabalhada.
A medida habitualmente retida para avaliar a evolução do nível de vida comporta
uma diferença importante relativamente à utilizada para avaliar a produtividade.
Com efeito, o número de horas trabalhadas é substituído pelo número de
habitantes do país ou da região em causa.
Este indicador informa sobre as alterações ocorridas no nível global de riqueza de
uma população, incluindo os indivíduos que não trabalham.
A ligação entre a produtividade e o nível de vida é função de três elementos, e que
são:
o número de horas trabalhadas anualmente pelo indivíduo,
3 Ver o site http://www.oecd.org/about/0,2337,en_2649_34347_1_1_1_1_1,00.html.; Julho 2005
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
23
a proporção que estas pessoas representam no seio da população em idade
de trabalhar (a taxa de emprego) e,
a importância desta última relativamente à população total (o perfil
demográfico).
Estas três variáveis contribuem para a quantidade de trabalho realizado, enquanto
que a produtividade diz antes respeito à eficácia com que aquele trabalho é
efectuado. Com efeito, a única forma de melhorar o nível de vida de um país
consiste em incitar a sua população a trabalhar mais e de modo mais eficaz A
Figura 3 apresenta as interacções entre estas diferentes variáveis.
Por “trabalhadores” entende-se aqui o conjunto de todas as pessoas efectuando um
trabalho, qualquer que seja o seu estatuto: assalariados, artesãos, comerciantes,
agricultores, profissões liberais, dirigentes não assalariados, etc.
Nível de Vida = Quantidade de trabalho realizado X Produtividade dotrabalho
PIB real
=
Nº de horas detrabalho X
Nº deTrabalhadores X
PIB Real
População Total Nº deTrabalhadores
População Total Nº de horas detrabalho
Taxa emprego(depende das taxas de
actividade e dedesemprego)
Perfil demográficoX
Nº detrabalhadores X
População 15-65anos
População 15-65anos
População total
Figura 3: Relações entre produtividade e nível de vidaFonte: Gamache, R. (2005) “La productivité: Définition et enjeux”;Travail Quebec, Canada
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
24
Partindo da relação acima, podemos escrever:
No longo prazo, a quantidade de trabalho fornecido por “trabalhador” diminui
tal como a parte activa da população. Como resultado, uma diminuição contínua
da quantidade de trabalho por habitante. A aspiração geral, não é certamente a de
ver a inversão desta tendência.
Como satisfazer os dois objectivos maiores de progresso social que são “o aumento
do poder de compra” e “a redução do tempo de vida passada no trabalho”?
Através de duas evoluções indissociáveis:
o crescimento da riqueza criada pelo país;
a melhoria da produtividade do trabalho.
Onde é que a riqueza é criada? Nas empresas. Examinaremos de seguida como é
que aí é tratado o problema da produtividade.
1.3.3. As medidas de produtividade nas empresas
Nesta secção apresentar-se-á uma metodologia de medição da produtividade ao
nível da fábrica que conduz tanto a índices de produtividade parciais como totais.
Os factores parcialmente considerados, são o trabalho, os materiais e a energia,
que, em conjunto, produzem uma medida de produtividade total dos factores.
Para efeitos de medição da produtividade, as medidas físicas, adequadamente
ponderadas são significativamente mais exactas do que as medidas monetárias
(apresentadas mais à frente), mesmo que ajustadas ou reais. Como já sabemos, a
produtividade é um rácio onde no numerador aparece uma medida do “output” e
=Melhoria donível de vida
Melhoria da produtividadedo trabalho
Evolução do trabalhofornecido por
habitanteX
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
25
no denominador uma medida de “input”. Abordaremos sucessivamente a medição
de cada um destes indicadores para depois calcularmos os rácios de produtividade.
Contudo, e antes de mais, uma observação acerca da medição: nenhuma empresa
deve implementar um elaborado sistema de análise da produtividade para as suas
operações actuais e antecipar melhorias substanciais a não ser que a empresa tenha
“revolucionado” as suas operações para se tornar verdadeiramente moderna e de
classe mundial. Assim, os primeiros passos para qualquer medição da
produtividade ao nível da fábrica consistem em verificar as seguintes condições:
a) Integração funcional: o design do produto, a sua engenharia e os
supervisores de produção devem estar em cooperação total
relativamente a cada item a ser produzido;
b) Orientação para o cliente: a produção actual da empresa e os seus
planos futuros devem basear-se nos resultados da avaliação antecipada e
feedback das necessidades dos clientes e/ou desejos dos mercados, tanto
nacional como internacional;
c) Participação: as relações patrão-empregado na empresa estão bem
definidas no sentido da participação dos trabalhadores em todos os
aspectos do trabalho. Isto significa que os trabalhadores têm
conhecimento dos objectivos da gestão em todas as áreas da empresa e
não apenas na área onde cada um trabalha;
d) Motivação: rever com os representantes da administração o sistema e
procedimentos que assegurem que os empregados, gestores,
supervisores, engenheiros, trabalhadores indirectos estão efectivamente
motivados e beneficiarão de qualquer sistema de pagamentos e
recompensa que seja estabelecido;
e) Flexibilidade: assegure que os gestores de topo da empresa estão
efectivamente orientados para a excelência em termos da qualidade dos
produtos, vendas/distribuição e serviços;
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
26
1.3.3.1. Medição do output
Ao nível da fábrica, o output pode ser um único produto, vários modelos de um
só produto ou vários modelos de vários produtos individuais. Para cada produto,
os registos da fábrica devem mostrar regularmente o seguinte (diário e resumo
mensal):
O número de produtos concluídos e prontos para entrega, ou
O número de cada tipo ou modelo de cada produto fabricado e pronto
para entrega;
O preço relativo específico para cada modelo de cada produto, baseado nos
registos dos custos de produção actuais da fábrica;
Dos registos anteriores, o pessoal da fábrica deve estar apto a mostrar:
O output físico total de todos os items. No caso de um output multi-
produto, os custos de produção proporcionais de cada item devem ser
usados como multiplicador de cada item para obter o custo de produção
total para cada um dos vários produtos;
O total dos custos resultantes (ou preços antecipados) para o volume
concluído de cada item para mostrar o valor total do output. Isto pode ser
feito numa base mensal, trimestral ou anual. Nalguns casos a situação
permite totais diários, mas isto pode ser complicado devido a items não
acabados na fábrica. O resultado deve mostrar um output físico ponderado
da fábrica com os totais em custos de produção (ou preços previstos),
conforme exemplificado na Tabela 1:
Se os dados não estiverem disponíveis, um sistema alternativo para algumas
fábricas pode ser utilizar as horas-homem e horas-máquina por unidade necessárias
para cada modelo/produto como factor de ponderação para a combinação de
produtos.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
27
Produtos Ano base, 200_ Período actual___________ ÍndiceAno base = 100
Unids Total € Preçounitário
Unids Total € Preçounitário
Total €apreços ano
base
Preço Volume
A 9045 3363 371,81 7028 3357 477,63 26131 128 78B 17847 3737 209,39 17865 5410 302,81 37411 145 100C 68 38 561,79 -2 - - - - -D - - 2814 619 220,14 4493 1383 -EtcTOTAIS 56112 76328 55334 138 991 Unidades do período actual a preços do ano base2 Produtos descontinuados não considerados nos cálculos do período actual3 Valorização do período base dos novos produtos calculada usando o índice de preços da empresa.
Tabela 1: Folha de cálculo de Output
1.3.3.2. Medição dos inputs
1.3.3.2.1. Input (factor) Trabalho
Como mostra a Tabela 2, os inputs a serem registados devem, em primeiro lugar,
ser compostos pelos factores abaixo:
1. Trabalho Directo fabril
2. Trabalho Indirecto fabril
Força detrabalho
Ano base, 200_ Período actual___________ ÍndiceAno base = 100
Número CustoTotal
CustoMédioanual
Número CustoTotal
CustoMédioanual
Totalcustos doano base
Customédio
Número
Temporários 221 5506 24,9 216 6270 29,0 5378 117 98Efectivos 56 1540 27,5 55 1687 30,7 1512 112 98TOTAIS 277 7046 25,4 271 7957 29,4 6885 116 98
Tabela 2: Folha de cálculo do input trabalho
Como alternativa, podem ser usados dados sobre as horas-homem, calculando o
total de horas-homem como input trabalho.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
28
1.3.3.2.2. Input Capital
Os items a serem considerados no input capital podem ser subdivididos em (
Tabela 3):
Capital físico, constituído pelo valor dos terrenos, edifícios, maquinaria e
equipamento existente no final do ano;
Capital financeiro, constituído pelas contas a receber, tesouraria e outros
activos financeiros, excluindo participações em holdings;
Stocks, que dizem respeito a matérias-primas, produtos acabados e
produtos em curso.
ValorActual
ValorDeflaccionado1
ValorAnualizado
A. ACTIVOS FINANCEIROS1. Contas a receber2. Contas a pagar (-)3. Contas receber liquidas4. Outros Activos Correntes
B. STOCKS2
1. Produtos Acabados2. Trabalhos em curso3. Matérias-primas, peças, ..
C. PAGAMENTOS RENDAS1. Edifícios e out. estruturas2. Maquinaria e equipamentos
SubtotalD. ACTIVOS FÍSICOS
1. Terrenos3
2. Edifícios e out. estruturas4
3. Maquinaria e Equipamentos5
SubtotalTotal
Índice do Total6
1 Usar os registos internos da fábrica ou o deflactor implícito do PNB2 Valor do final do ano – Valor início do ano3 A valorização dos terrenos deve ser feita em função do valor do mercado e não da avaliação localpara efeitos de impostos4 A valorização dos edifícios deve ser feita com base no valor de mercado, como por exº através deregistos das seguradoras, estudos de engenharia, etc;5 A valorização da maquinaria e equipamento deve aproximar-se da melhor estimativa do custo desubstituição para uma capacidade de output comparável, reflectindo razoavelmente o “estado daarte” tecnológico.6 (Total ÷ Total do ano base) x 100
Tabela 3: Folha de cálculo para registo do input capital
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
29
Ao contrário de outros factores produtivos (inputs) o cálculo do valor do input
capital, em geral, comporta três fases:
i. Agregação dos valores totais;
ii. Deflaccionar o total para um valor actual constante;
iii. Anualizar a estimativa do capital total para reflectir o melhor possível o
input capital total que representa o ano corrente. Em alguns casos, os
custos actuais podem ser utilizados, mas na maioria das situações, um
factor que represente apropriadamente um “custo renda” fiável para os
elementos do capital agregado é uma base adequada para tal anualização.
1.3.3.2.3. Input energia
Outro factor que exige estimação (ou agregação dos registos da fábrica) é o input
energia (Tabela 4). Raramente a energia é constituída apenas pela electricidade,
sendo geralmente constituída por uma combinação de inputs como a electricidade,
gasóleo, gás, gasolina, etc. Para obter um total de energia consumida pela fábrica
ou departamento, o melhor procedimento consiste em converter os inputs em
causa para uma unidade de medida equivalente, o que é feito através de factores de
conversão padrões.
Período:____________Forma de energia un Quantidade BTU
equivalente1Custo total actual
deflaccionadoCusto/BTU
(deflaccionado)
Energia Eléctrica kwGasóleoGasolinaGás natural
m3
OutrasEnergia Total Consum.Índice do output total
1 BTU - British Thermal Unit: unidade de medida equivalente muito usada nos EUA, permite converterdiferentes unidades de medida energética numa unidade de medida equivalente.
Tabela 4: Folha de cálculo para registo do input energia
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
30
1.3.3.2.4. Input materiais
A medida desenvolvida para o input materiais inclui todos os materiais utilizados
no ciclo de produção. Alguns materiais de menor importância, como material de
embalagem, colas e resinas, tintas ou outros materiais de acabamento ou ainda
lubrificantes para equipamentos, podem ser desprezados se eles não representarem
um consumo significativo em termos de custos (ver Tabela 5).
Materiais
Ano base: 200_ Período actual ÍndiceAno base=100
Un Total CustoUnit.
Un Total CustoUnit.
Totala custosano base
Custo Volume
A 15365 784 51,03 14945 1185 79,29 763 155 97
B 133868 4226 31,57 151202 6588 43,57 4773 138 113
C 31417 1986 63,21 - - - - - -
D - - - 53655 2718 50,66 1928 141 -
EtcTotais 22717 31298 22182 141 98
Tabela 5: Folha de cálculo para input materiais
1.3.3.3. Ponderação do output e índices temporais
Nos casos mais simples onde se produz apenas um produto (ou conjunto
homogéneo de produtos), a medida do output está rapidamente disponível quer
em termos físicos (un, ton, m3, etc) ou monetários. A medida física é a base mais
eficiente para efeitos de medição da produtividade. O valor monetário
(deflaccionado pelo Índice de Preços) pode ser usado para gerar medidas de
produtividade puramente económicas, tais como o valor da produção por hora de
trabalho, que são principalmente do agrado dos contabilistas e economistas.
Contudo, a situação mais comum envolve a produção de um mix de produtos que
pode variar de ano para ano ou mesmo mês a mês. Neste caso, os valores
monetários do output total para cada produto devem primeiro ser deflaccionados
para um valor monetário constante.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
31
Para comparações ao longo do tempo, mesmo o valor monetário deflaccionado
não é uma medida adequada devido às diferenças potenciais no mix de produtos.
Dado que a soma física de números de unidade produzidas de diferentes tipos não
é mais válida do que um total monetário, é necessário introduzir alguma forma de
ponderação para gerar equivalências adequadas das diferentes classes de produtos,
que provavelmente variam substancialmente nos custos de produção, tempos
máquina, utilização de mão-de-obra e materiais, assim como no grau de eficiência
ou produtividade envolvida na sua fabricação. Gerar valores equivalentes
apropriados permite que estes produtos similares e opostos sejam adicionados para
formar um output agregado ou total.
Existem várias formas de efectuar esta ponderação. Dependendo da situação, os
gestores podem decidir usar como ponderações qualquer uma das várias bases
válidas que podem ser obtidas dos custos padrão:
Máquina-hora equivalente de cada tipo de produto;
Homem-hora equivalente de cada tipo de produto;
Custos operacionais dos “centros de custo”;
Preços de um período base para cada tipo de produto, etc.
Outras formas de ponderação podem ser usadas para proporcionar uma medida
diferente do output para efeitos de construção de índices de produtividade. Por
exemplo, as horas-máquinas equivalentes podem servir para gerar um índice de
produtividade do capital; enquanto as horas-homem equivalentes seriam desejáveis
para calcular a produtividade do trabalho e ainda os custos de produção ou os
preços do período base serem usados para gerar índices de produtividade da
energia ou dos materiais.
Os procedimentos anteriores fornecem-nos um output agregado ou total para um
dado ano, por exemplo o ano base num programa de medição da produtividade.
Todos os anos seguintes os outputs agregados serão matematicamente comparados
com este ano base para gerar um índice temporal (ou de tendência) do output,
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
32
com todos os valores relacionados com um valor do índice do ano base. Contudo,
as questões da ponderação do output exigem alguma reflexão antes de tentar
calcular os outputs agregados dos anos subsequentes.
Existem duas abordagens principais para calcular um índice temporal do output
da fábrica:
Na primeira, que podemos designar de “índice de ponderação variável”, é
aplicada uma fórmula que mostra o output agregado da fábrica em cada
ano baseada no perfil actual dos valores equivalentes usados como factores
de ponderação para cada classe no mix de produtos. A fórmula é a
seguinte:
11
100nn xQ PQ P
em que Q é o nª de unidades de cada classe de produto; P é o valor equivalente
(factor de ponderação); 1 representa o ano base e n designa o ano subsequente.
Na segunda abordagem, a produção actual de cada ano e de cada produto
será multiplicada pelo factor de ponderação de cada classe de produto
correspondente ao ano base. Esta metodologia é útil se os valores unitários
actuais para cada ano não estiverem rapidamente disponíveis. Esta
abordagem fornece o output total da fábrica que teria sido alcançada
mantendo os valores equivalentes de cada tipo de produto do ano base. A
fórmula usada é a seguinte:
1
11
100n xQ PQ P
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
33
1.3.3.4. Calculando os rácios de produtividade
Do exposto nas páginas anteriores, temos agora todos os requisitos para calcular
qualquer dos rácios de produtividade: medidas parciais ou produtividade total.
Comecemos com os rácios num dado momento no tempo. Quais e como os
podemos calcular?
Em primeiro lugar, existem vários rácios de produtividade parcial:
Trabalho:
o Output (em termos físicos) por hora, quer para a fábrica no seu
todo quer para produtos ou departamentos individuais;
o Output, em termos monetários reais, por hora trabalhada, por
trabalhador ou por unidade de input trabalho (ponderado);
o Output por unidade de trabalho directo ou trabalho indirecto (se
os dados estiverem disponíveis em separado);
Energia:
o Output por unidade de input de energia em custos reais;
o Output por BTU equivalente de input energético.
Materiais:
o Output por unidade de input de materiais (valor monetário real);
o Desperdícios, como % do input total de materiais, em valor
monetário real ou como % do valor total do output.
Capital:
o Output por unidade de capital.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
34
Adicionalmente, podemos desenvolver rácios de inputs como por exemplo o rácio
capital/trabalho (relação entre o input de capital e o input de trabalho); o rácio
energia/trabalho, materiais/trabalho ou materiais/energia.
Os valores para a produtividade total dos factores (todos os factores combinados
ou só capital + trabalho) também podem ser gerados. Para um ano simples, este
cálculo envolve a agregação simples dos custos dos inputs em termos reais,
comparados com o valor real do output.
1.3.3.5. Medindo a produtividade no tempo
Para medir a produtividade ao longo do tempo, que é a medida com maior
significado, tanto os valores do output como dos inputs, precisam ser convertidos
para índices de tendência e combinados através da ponderação adequada. Para
desenvolver as tendências, pode usar-se qualquer um dos dois sistemas de
ponderação discutidos atrás (sistema de ponderação fixo ou variável).
Para os inputs individuais, a abordagem mais simples e adequada consiste em
construir um índice do valor real agregado para cada um dos inputs em separado.
Neste sistema, o valor agregado de cada input no ano base é sempre igual a 100.
Dividindo o valor monetário real agregado do ano subsequente pelo valor
monetário real agregado do ano base e multiplicando o quociente por 100,
obtemos o valor do índice para o novo ano. A mesma abordagem é seguida para
construir o índice do output.
Exemplificando o cálculo dos números índices:
Ano base:
Valor real do input Trabalho: 10.000€ (preços constantes)
Índice = 100,00
Ano 1:
Valor real do input trabalho: 10.200€(preços constantes)
Índice ano 1=10200
100 102,0010000
x
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
35
Uma vez que tenham sido calculados os números índices para todos os inputs e
para o output, entra em acção o processo de ponderação. O factor de ponderação
para cada input é a % deste input nos custos reais totais de todos os inputs
daquele período (num sistema de ponderação fixa, as % dos ano base são utilizadas
sempre em cada novo ano). Multiplicando cada índice de input pelo factor de
ponderação e depois adicionando os resultados, obtemos um só índice dos inputs
para o período objecto de medição. Dividindo o índice do output total pelo índice
total dos inputs e multiplicando o quociente por 100, obtemos um índice da
produtividade total para aquele ano base, que, por definição, é igual a 100. A
Tabela 6 mostra este trabalho.
Derivar o índice da produtividade total dos factores (PTF)4, considerada esta
apenas como o conjunto dos factores trabalho e capital, envolve um processo
similar, sendo que a comparação com o valor do índice do output baseia-se no
valor real agregado do qual são subtraídos os inputs materiais e energia (ver parte 3
da Tabela 6).
(1) Cálculo das ponderações dos inputsInput Valor do Input
deflaccionado ÷ Valor total doInput = Factor de
PonderaçãoTrabalho ( ) (T) 0,30
Materiais ( ) (T) 0,35
Energia ( ) (T) 0,20
Capital ( ) (T) 0,15
Total T 1,00
(2) Cálculo do Índice de produtividade totalInput Índice do Input ÷ Factor de
Ponderação = Input Ponderado
Trabalho 101,4 0,30 30,42
Materiais 103,7 0,35 36,30
Energia 105,2 0,20 21,04
Capital 106,0 0,15 15,90
Índice Input Total 103,66
Índice Output Total 109,40
4 Por vezes, na literatura, considera-se a PTF como a produtividade conjunta dos factores capital +trabalho.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
36
Índice Produtividade Total = 100Indice output xIndice input
105,42
(3) Cálculo da produtividade total dos factores (PTF)Input Índice x Factor
Ponderação= Valor Ponderado
Trabalho 101,4 0,60 60,84
Capital 106,0 0,40 42,40
Soma = Índice Total – Factor Input 103,24
Output Total deflaccionado – Inputs Materiais & Energia deflaccionados = Output total dosfactores
Índice do Outputtotal dos factores ÷ Índice Total Inputs x 100 = Índice da
Produtividade Totaldos Factores
105,40 103,24 102,09
(4) Cálculos da produtividade parcialÍndice doOutput ÷ Índice do
Input x 100 = Índice de produtividadeparcial
109,4 ÷ 101,4 X 100 = 107,9 Produt. Trabalho
109,4 ÷ 103,7 X 100 = 105,5 Produt. Materiais
109,4 ÷ 105,2 X 100 = 104,0 Produt. Energia
109,4 ÷ 106,0 X 100 = 103,2 Produt. CapitalTabela 6: Cálculo dos Índices de Produtividade
1.3.3.6. A abordagem de cálculo da produtividade
pelo VAB
Como já referimos, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) é o resultado da subtracção
do valor dos consumos intermédios do valor da produção de uma empresa, sector
industrial ou país. A soma dos VAB corresponde ao PIB.
Ao nível macroeconómico, o conceito de medida do VAB é de facto um conceito
útil, principalmente nas comparações internacionais de produtividade. Porque é
simples, evita a necessidade de estimação das transacções intra-indústrias e
aproxima-se bastante das estatísticas primárias como os censos de produção e
dados representativos das empresas.
Contudo, o uso do VAB distorce os efeitos da tecnologia na estimação do
crescimento da PTF porque todas as matérias-primas, produtos acabados, em vias
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
37
de fabrico, sub-montagens, energia e serviços comprados são omitidos dos inputs
medidos. Frequentemente, o crescimento da PTF baseado na medida do VAB é
maior do que o que se obtém com base no PNB devido a desvios criados pela
omissão destes bens e serviços intermédios.
No entanto, quando se pretende medir a produtividade em termos monetários, a
medida do VAB é a mais adequada como indicador do output. Por outro lado, a
medição da produtividade da empresa individual pelo VAB permite decompor os
rácios de produtividade num conjunto de rácios ou indicadores que podem ser
usados na análise. A Figura 4 da página seguinte mostra exemplos de índices
possíveis de serem trabalhados nesta análise.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
38
OutputTrabalho
O utpu tC a p ita l
OutputSalarios
º
VAB
N trabalhadores
º
Vendas
N trabalhadores
º
Activos fixos
N trabalhadores
º
Activos fixos
N trabalhadores
V A BV e n d a s
Vendas
Activos Fixos
VAB
Activos Fixos
V A BV e n d a s
V A BC a p i t a l
V A BA c tivo s fixo s
º
Activos fixos
N trabalhadores
V A BV e n d a s
V e n d a sC a p i t a l
.&Vendas
Maqu Equip
V A BV e n d a s
V A BV e n d a s
Vendas
Activos Fixos
º
VAB
N trabalhadores º
Salarios
N trabalhadores
º
VAB
N trabalhadores
S a l a r i o sV A B
Figura 4: Medidas de produtividade pelo VAB
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
39
1.4. Os principais problemas na medição da produtividade
No processo de avaliação da produtividade, podem ser encontrados diferentes
problemas de medição. Eles provêem principalmente da estimação do VAB, das
horas trabalhadas, do stock de capital, do preço dos factores de produção, assim
como dos diferentes índices utilizados aquando deste cálculo. Tal como indicado
anteriormente, as soluções retidas para resolver estas dificuldades variam segundo o
país, o que complica as comparações internacionais.
Os impactos que daqui decorrem são contudo menos importantes quando os
indicadores de produtividade são utilizados para comparar as variações mais do
que os níveis.
O Valor Acrescentado Bruto (VAB)
Os problemas associados à medida do VAB estão frequentemente relacionados com
as regras que regem o funcionamento do sistema de contabilidade nacional. Com
efeito, a fiabilidade dos dados utilizados nas contas económicas pode provocar
distorções que enviesam as comparações internacionais.
Vários índices de preços são igualmente necessários para converter o VAB e o valor
dos factores de produção em unidades monetárias constantes.
Segundo a OCDE, a qualidade dos índices de preços é essencial para medir a
produtividade. Eles mostram-se todavia particularmente difíceis de avaliar em
indústrias como as da saúde, da educação e dos serviços financeiros.
Para além disso, a evolução rápida dos preços e da qualidade da produção em
alguns sectores de actividade e a chegada de novos produtos aos mercados
necessitam o desenvolvimento de índices de preços que tenham em consideração
estas mudanças. É o caso, entre outros, do sector das tecnologias de informação e
da comunicação (TIC). Uma sub-estimação das variações da qualidade dos
produtos conduz a uma sub-avaliação do crescimento da produção e da
produtividade, uma vez que os novos produtos são superiores aos anteriores,
mesmo que sejam mais baratos.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
40
O factor trabalho
A produtividade do trabalho avalia-se habitualmente através da relação com as
horas trabalhadas. Com efeito, uma simples enumeração das pessoas ocupadas não
é suficiente, uma vez que não tem em conta de uma forma correcta os fenómenos
como o trabalho a tempo parcial, as variações das horas extras e o absentismo. Tal
medida levanta contudo um certo número de questões estatísticas. Com efeito,
nem todos os países dispõem dos inquéritos necessários para obter este tipo de
informação. Por vezes são utilizados substitutos mais facilmente acessíveis, como
as horas remuneradas (em vez das horas trabalhadas) e o número de trabalhadores
expresso em unidades equivalentes a “tempo inteiro”.
A natureza dos inquéritos efectuados para estimar o número de horas trabalhadas
pode também colocar problemas de comparabilidade entre países.
A medida da remuneração do trabalho ocasiona igualmente várias dificuldades.
Em primeiro lugar, ela deve incluir os complementos salariais pagos pelo
produtor, tais como as quotizações patronais para a Segurança Social. Deve
igualmente compreender as partes não salariais da remuneração, como as acções
bolsistas ou as participações nos lucros da empresa.
O factor capital
A medida do capital enquanto factor de produção comporta dificuldades maiores
do que as associadas com o factor trabalho. Numerosas hipóteses devem ser
colocadas ao longo do processo. Dada a complexidade da questão, apenas
enumeramos as principais dificuldades, a saber5:
A estimação dos “serviços de capital”;
Para qualquer categoria de activos particular, são necessários quatro
elementos essenciais para estabelecer uma medida empírica do stock
produtivo: uma série cronológica dos investimentos neste activo; a
conversão deste em unidades monetárias constantes através de “índices de
5 Uma análise mais aprofundada da questão pode ser encontrada em várias obras, nomeadamenteno livro “Mesurer la productivité, manuel de l’OCDE”; Paris; 2001;
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
41
preços da produção dos bens de capital”; definição do “perfil de
substituição” dos activos obsoletos, que implica a determinação da sua
duração de vida e hipóteses sobre a distribuição dos equipamentos
existentes ao longo desta duração de vida; e finalmente, o quarto elemento
consiste em produzir perfis de “idade-eficiência”, de forma a ter em conta a
perda de capacidade produtiva dos bens de capital à medida que
envelhecem.
A agregação necessita a utilização de uma ponderação baseada nos preços
de mercado ou nos custos de utilização. Neste último caso, trata-se com
frequência de preços imputados (ou estimados), pois que nenhuma
transacção real foi efectuada.
Para obter uma avaliação do serviço de capital, resta ainda definir a relação
que a liga ao stock de activos.
Em conclusão, as numerosas hipóteses e estimações necessárias para obter uma
avaliação do serviço de capital incitam à prudência quando se efectuam
comparações entre países da produtividade do capital ou da produtividade total
dos factores.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
42
Questões para discussão
1. Porque é que a medição da produtividade é importante?
2. Identifique os principais benefícios da medição da produtividade.
3. Como é que a produtividade se relaciona com o nível de vida?
4. Quais os principais métodos de cálculo dos índices temporais da produtividade?
5. Dê exemplos de medidas da produtividade parcial dos diferentes factores.
6. Quais os principais problemas que se deparam na medição da produtividade?
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
43
Capítulo 2Como desenvolver um sistema de medição
Depois de ler este capítulo, vai estar apto a:
Compreender e explicar o que é a análise dos sistemas de gestão e qual o seu principal
elemento;
Relacionar os elementos de um sistema de gestão com os critérios de desempenho;
Realizar uma avaliação simples do seu próprio sistema de gestão.
2.1 . Introdução
Como vimos, existem várias abordagens relativamente à análise e medição da
produtividade. Isto acontece porque as pessoas de diferentes grupos (gestores,
trabalhadores, investidores, clientes, sindicatos, etc) têm diferentes objectivos. Algumas
das mais simples e práticas abordagens de análise da produtividade incluem:
Sistemas de medição para o planeamento e análise das necessidades de mão-de-
obra;
Sistemas de medição da produtividade do trabalho;
Medição da produtividade do capital,
Produtividade do VAB ao nível da empresa, etc.
Normalmente, o método de medição é determinado pelos objectivos e fins da análise
da produtividade. Entre os fins mais comuns, incluem-se:
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
44
Comparação da empresa com os seus concorrentes;
Determinação do desempenho relativo dos departamentos e trabalhadores;
Comparação relativa dos benefícios de vários de inputs para o benefício
colectivo e a partilha de ganhos.
Entre os requisitos mais importantes de um sistema de medição da produtividade,
incluem-se:
Os resultados medidos devem indicar a origem dos ganhos, ou seja, se os
lucros provêm do crescimento real da produtividade ou de preços
inflaccionados;
O sistema de medição deve ser compreendido e aceite pelos gestores e
trabalhadores;
Todos os recursos e actividades de negócio devem ser incluídos na medição;
Os resultados da medição devem apontar, sempre que possível, para a
contabilidade;
Os resultados devem proporcionar sinais claros para as decisões e acções dos
gestores com vista à melhoria da rentabilidade.
O conhecimento dos resultados do esforço de cada um é inerente à necessidade
humana. Os gestores, em particular, devem saber como é que o sistema organizacional
que eles comandam se está a comportar. Eles precisam medir a performance daquilo
que eles gerem para que possam ganhar visibilidade.
Muitos gestores e sistemas de gestão são bons na recolha de dados; às vezes fazem-no
em excesso. A questão essencial é que os gestores devem em primeiro lugar obter os
dados suficientes para terem uma boa ideia sobre o modo como os seus sistemas
organizacionais se estão a comportar antes de avançarem para o controle/melhoria do
desempenho. Isto significa contudo que eles precisam decidir qual a informação chave
que precisam conhecer para saberem se estão a ter um desempenho conforme previsto
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
45
e analisar como podem melhorar. Estes são pois os objectivos principais subjacentes
ao desenvolvimento de um sistema de medição: visibilidade, controle e melhoria.
Analisaremos pois de seguida estas questões através da discussão de como desenvolver
um sistema de medição em geral e em particular os métodos de medição da
Produtividade Total dos Factores.
2.2 . Metodologia para o desenvolvimento de sistemas de medição:
o método MSA
O método MSA – Management Systems Analysys, foi adaptado do modelo de
Kurstedt MSM- Management System Model6. Este consiste em três componentes (ver
Figura 5):
Quem gere (o gestor);
O que é gerido (o sistema organizacional) e,
O que é usado para gerir (instrumentos de gestão).
E as suas interfaces:
Decisão/acção;
Medição/dados;
Descrição da informação/percepção.
6 Ver Kurstedt (1985) e Sink e Tuttle (1989)
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
46
OUTRAS AUDIÊNCIAS:Gestão de topo, patrões,
etc
VISBILIDADE DOSISTEMA
Medição e Avaliação
CONVERSÃO DEDADOS EM
INFORMAÇÃO
TÉCNICAS DEMEDIÇÃO
Processo de recolha dedados
SISTEMAORGANIZACIONAL
GESTOREQUIPA DE GESTÃO
EMPREGADOS
TÉCNICAS EINTERVENÇÕES P/
MELHORIA
SISTEMASASCENDENTES
SISTEMASDESCENDENTES
Medição
Dados
InformaçãoPercepção dainformação
Decisão
Acções
Figura 5: O modelo MSA(Fonte: Adaptado de Sink e Tuttle, 1989)
Os gestores tomam decisões que transformam em acções sobre o seu sistema
organizacional. O que eles gerem são instrumentos operacionais, pessoas, máquinas e
sistemas, ou seja, o sistema organizacional. Este é medido e os dados recolhidos e
armazenados. As ferramentas de gestão são então usadas para localizar, processar,
analisar e tomar decisões para a melhoria.
O modelo MSA é concebido para o ajudar no estabelecimento e melhoria de um
sistema de gestão. Em particular, ajuda-o a:
identificar o que gere (o seu sistema organizacional),
identificar intervenções para melhorar o sistema organizacional e,
desenvolver um sistema de medição para avaliar como o sistema
organizacional se está a comportar.
Note-se que o MSA é orientado no sentido da melhoria contínua do desempenho do
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
47
sistema organizacional. As decisões e acções são centradas nas intervenções de
melhoria e os instrumentos de gestão centram-se nos instrumentos de medição do
desempenho.
A nossa maior preocupação consiste em determinar os passos necessários para
desenvolver os sistemas de medição:
Passo 1: Defina o seu sistema organizacional
Antes mesmo que seja definido o sistema organizacional, é necessário identificar o
gestor – a audiência ou utilizador do sistema de medição. Na prática, é quase
impossível desenvolver um sistema de medição que satisfaça totalmente pessoas
diferentes – o que eles querem medir e como eles apercebem os dados e as informações
que lhes são apresentadas.
Uma vez identificado o gestor, podemos começar a definir o sistema organizacional
que ele (ela) vai gerir. Podemos usar a análise Input/Output (I/O) para ajudar a uma
melhor compreensão do sistema organizacional. A análise I/O é completada através
do preenchimento de um formulário que identifique os resultados desejados, os
sistemas descendentes (clientes), outputs (produtos e serviços), o processo de
transformação, os inputs (trabalho, capital, materiais, energia, etc) e os sistemas
ascendentes (fornecedores). Esta análise também nos ajudará a identificar o que medir
mais tarde (ver Figura 6).
Passo 2: Identifique as intervenções a realizar no sistema organizacional
À primeira vista, este passo pode não parecer uma parte integral do desenvolvimento
de um sistema de medição. Porque é que precisamos saber que intervenções de
melhoria estão a ser feitas no sistema para medir o seu desempenho global, se há
diferentes medidas para determinar o impacto de cada intervenção de melhoria?
Não obstante esta observação poder ser válida, conhecer as intervenções de melhoria
pode dar-nos uma ideia dos aspectos do desempenho global que são mais
considerados pelos gestores. Assim, pode ser uma boa ideia enfatizar a medição destes
aspectos da performance global na determinação daquilo que se vai medir.
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Passo 3: Identifique o que medir
Reveja a análise I/O. A lista de resultados desejados dar-nos-á uma ideia daquilo que é
importante para o desempenho da sua organização. Contudo, esta lista também lhe
pode fornecer indicadores que não mensuráveis ou de difícil medição. Como é que
mede a satisfação do consumidor, por exemplo? Deve pois decompor os resultados
desejados em medidas mensuráveis. As outras colunas da análise I/O ajudá-lo-ão nesta
tarefa. Por exemplo, medir o output em termos de repetição de vendas/receitas e
quantidades, pode ser um bom indicador da satisfação dos clientes.
O passo 3 também envolve o desenvolvimento do processo de recolha dos dados, o
que por seu lado implica a identificação das fontes dos dados (relatórios actuais, bases
de dados, gráficos, documentos, etc). O desafio é ter os dados num formato que seja
alcançável pelo sistema de medição. Outro desafio importante consiste em persuadir as
pessoas que possuem os dados a torná-los disponíveis.
Outro aspecto na organização e apresentação dos dados tem a ver com o estilo
cognitivo do gestor. Serão os quadros mais atraentes do que os gráficos? Isto pode ter
efeito sobre o quão útil o sistema de medição virá a ser. A maior parte das medidas
são apresentadas de acordo com a disciplina do designer e apresentador e não com
base naquilo que o utilizador ou a audiência irão compreender e na capacidade de
utilização para a tomada de decisão.
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FORNECEDORES INPUTS PROCESSO DETRANSFORMAÇÃO
OUTPUTS CLIENTES RESULTADOS
Fábrica A Matérias-primas: Produtos Acabados Fábrica BEmpresa associada esubsidiárias
QuímicosSolventesComponentes
Planeamento produção
Planeamento materiaisFabricação
CápsulasAntibióticosComprimidos
DistribuiçãoPrevisão de Vendas,satisfeitas a tempo e emqualidade
Fornecedores deembalagens
Materiais embalagemEmbalagem
Resíduos solventes Empresas reciclagem Satisfação clientes
Mercado de trabalho Trabalho: Armazenamento Palettes madeira Crescimento, Ganhos ePerdas
Empresa de trabalhotemporário
DirectoControle QualidadeOutros técnicos
temporários
Controle Qualidade
Desenvolvimento Produtose embalagem
Novos produtos eespecificações embal.
AdministraçãoBancosAutarquiasI&D
Competitividade
Qualidade de Vida
Prestadores serviços Serviços contratadosServiços adquiridos Manutenção
Pessoal treinado Inovação
Autarquias Utilidades Engenharia Relatórios enviados Mercado de trabalho Satisfação de requisitosambientais
BancosCapital Formação Relatórios Gestão
Administração Dados e informação Engª InstalaçõesI&D EspecificaçõesVendas/marketing Previsão de vendas
Figura 6: Análise input/output para identificar o que medir
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
50
2.3. Critérios de desempenho
A performance (ou desempenho) é função de 7 critérios interrelacionados:
efectividade; qualidade, produtividade, qualidade de vida no trabalho, inovação,
rentabilidade e orçamentação7.
A Figura 7 mostra o significado de cada um destes critérios relativamente à análise
I/O da organização:
A efectividade: trata dos outputs e dos resultados. É o output real comparado com
o output esperado. Trata-se de fazer as coisas correctas, enquanto a eficiência é
fazer as coisas correctamente. A eficiência lida com os inputs, ou seja o consumo
real dos recursos comparado com o consumo esperado. A qualidade pode ser
medida em 5 checkpoints (pontos de controle):
Q1, é a selecção pró-activa e a gestão dos fornecedores dos inputs;
Q2, consiste em assegurar-se que os inputs satisfazem ou excedem as
necessidades (prazo de entrega, custo, qualidade, quantidade);
Q3, consiste em assegurar que o processo de valor acrescentado promove a
melhoria da produtividade, a inovação e a qualidade de vida no trabalho;
Q4 consiste em assegurar que os outputs (produtos e serviços) satisfazem ou
excedem as necessidades dos clientes (internos ou externos);
Q5 consiste em saber, satisfazer e/ou exceder as necessidades dos clientes as
suas expectativas, desejos, procura e características.
7 Ver Sink (1985)
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51
Figura 7: Interrelação dos critérios de desempenho
A produtividade é a relação entre outputs e inputs. A qualidade de vida no trabalho é
a resposta afectiva dos trabalhadores ao seu ambiente de trabalho. Inovação é o esforço
criativo para melhorar continuamente as operações. Rentabilidade é a relação entre
receitas e custos de centros de lucros enquanto a orçamentação é a relação entre custos
reais e esperados para os centros de custos. Estes 7 critérios representam as categorias
gerais de medidas que a equipa de desenvolvimento do sistema de medição precisa
considerar.
A decomposição das medidas em indicadores contabilísticos mensuráveis pode gerar
um número elevado de medidas e de difícil manuseamento. Assim, será necessário
priorizar e auditar estas medidas.
Já salientámos a necessidade de envolver os gestores/utilizadores em todo o programa
de desenvolvimento do sistema de medição. Também se torna necessário formar e
desenvolver uma equipa de desenvolvimento do sistema de medição. Esta equipa
incluirá o designer do sistema, o controller, outras pessoas que podem fornecer dados
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
52
ou que podem ajudar na obtenção dos dados e no seu processamento (por exemplo, as
pessoas dos sistemas de informação e da informática). A compreensão e aceitação
destas pessoas chave é essencial para a implementação com sucesso do sistema de
medição.
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53
Questões para discussão
1. Quais são os elementos de um bom sistema de medição da produtividade?
2. Como é que o sistema de medição da produtividade está relacionado com a
estrutura de gestão e organizacional?
3. Quais são os sete principais critérios de desempenho e como é que eles se
relacionam com a medição da produtividade total dos factores?
4. Qual a relação entre qualidade e produtividade?
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Capítulo 3Relação entre Gestão da Produtividade e
Rentabilidade
Depois de ler este capítulo, vai estar apto a:
Compreender e explicar o que é a gestão da produtividade total, rentabilidade,
performance, eficiência e recuperação de preços e as relações entre eles;
Usar o modelo conceptual da gestão da PTF para a medir a analisar;
Compreender e usar, para efeitos de tomada de decisão, quatro níveis de informação
derivados da gestão da PTF.
3.1. Introdução
Uma das prováveis razões pelas quais muitas empresas tendem a ignorar a
importância da produtividade, é que, com frequência, relacionam a produtividade
e a rentabilidade com sendo a mesma coisa. A rentabilidade é o objectivo final e
que determina o sucesso e o crescimento de um negócio, sendo geralmente
definido como o rácio entre resultados e custos (i.e. lucros/activos). Contudo,
enquanto medida de performance, a rentabilidade interessa sobretudo aos
accionistas (sócios) e muitos investigadores argumentam que usar rácios
monetários como medidas de produtividade tem vários inconvenientes,
nomeadamente porque induz a uma visão de curto-prazo e desencoraja a
perspectiva do cliente. A rentabilidade pode variar por razões que pouco têm a ver
com a produtividade, como por exemplo a inflação e outras condições externas
que podem nada ter a ver com a utilização eficiente dos recursos.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
55
O termo rentabilidade tem claramente uma componente de produtividade, mas é
fortemente influenciada pelos preços que a empresa paga pelos seus inputs e pelos
que recebe pelo seu output. Se a empresa pode recuperar mais do que o custo dos
seus inputs através do aumento dos preços do seu output, a sua rentabilidade pode
ser aumentada mesmo quando a produtividade está a decrescer (ver Figura 8). Este
é também um forte argumento para que a produtividade seja expressa em unidades
físicas (quantidades) em vez de unidades monetárias. Ou seja, a produtividade
pode ser separada da rentabilidade através da recuperação de preços.
Esta relação foi estabelecida, na década de 1970 através de um modelo do
American Productivity Center, designado de PPPR (Profitability = Productivity +
Price Recovery). Desde então, várias versões deste modelo foram desenvolvidas para
responder a necessidades específicas. Muitas destas versões são complexas e difíceis
de compreender para o gestor, pelo que nos limitaremos na próxima secção, a
apresentar uma versão simples deste modelo., ilustrado com um caso prático.
Figura 8: Modelo conceptual da relação produtividade/rentabilidadeFonte: Adaptado de Tangen, S. (20028)
8 Tangen, S. (2002) “Understanding the concept of productivity”, Proceedings of the 7th AsiaPacific Industrial Engineering and Management Systems Conference (APIEMS2002), Taipei
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
56
3.2. A medição da produtividade ligada aos resultados
Antes de apresentarmos e exemplificarmos o modelo PPPR, suponhamos o
seguinte caso prático:
Exemplo 1:
A empresa X implementou um processo novo de produção e montagem no ano
2001, sendo dadas as seguintes informações (consideramos apenas dois recursos ou
inputs: mão-de-obra e materiais):
2000 2001Nº motores produzidos 120.000 150.000Horas de trabalho utilizadas 40.000 37.500Materiais Consumidos (Ton) 1.200.000 1.428.571Produtividade do trabalho 3 motores/h 4 motores/hProdutividade dos Materiais 0,100 0,105Variação da Produtividade do trabalho 33 %Variação Produtividade dos Materiais 19 %
Os valores da produtividade do trabalho e/ou dos materiais, vistos isoladamente e
em cada momento no tempo (medidas estáticas) pouca informação nos dão.
Contudo, a comparação de perfis (análise dinâmica) fornece informações
suficientes para um gestor concluir que um novo processo de montagem
definitivamente melhorou a produtividade geral (a produtividade do trabalho
cresceu de um ano para o outro 33%). Ainda assim, o valor dessa melhoria não é
revelado por esses rácios.
Suponha agora que todos os dados sejam os mesmos excepto para os materiais
consumidos em 2001, que seriam 1.700.000 toneladas:
2000 2001Nº motores produzidos 120.000 150.000Horas de trabalho utilizadas 40.000 37.500Materiais Consumidos (Ton) 1.200.000 1.700.000Produtividade do trabalho 3 motores/h 4 motores/hProdutividade dos Materiais 0,100 0,088Variação Produtividade do trabalho 33 %Variação Produtividade dos Materiais -12%
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57
A análise dinâmica (comparação dos perfis da produtividade) agora fornece um
sinal confuso. A produtividade para a mão-de-obra aumentou de 3 para 4 (+ 33%),
mas a produtividade dos materiais diminuiu de 0,100 para 0,088 (-12%). O
processo novo causou uma substituição na produtividade em duas medidas.
Os resultados de uma empresa variam de período para período. Parte dessa
mudança nos lucros é atribuível às mudanças na produtividade. Avaliar o efeito
das mudanças da produtividade nos resultados do período actual ajuda os gestores
a entenderem a importância económica das variações da produtividade.
Relacionar as variações da produtividade com os resultados pode então ser descrito
pela seguinte regra:
Exemplo 2:
Admitamos o conjunto de dados da empresa do exemplo anterior:
2000 2001Número de motores produzidos 120.000 150.000Horas de mão-de-obra consumidas 40.000 37.500Materiais consumidos (quilos) 1.200.000 1.700.000Preço de venda por unidade (motores) $50 $48Ordenados por hora de mão-de-obra $11 $12Custo por quilo de material $2 $3Produtividade do trabalho 3 motores/h 4 motores/hProdutividade dos Materiais 0,100 0,105
A quantidade de produtividade neutra para cada input é calculada da seguinte forma:
Para o período actual, calcule o custo dos inputs que teriam sido
consumidos na ausência de qualquer variação da produtividade e
compare esse custo com o custo dos inputs realmente
consumidos. A diferença, nos custos, é o montante pelo qual os
resultados variaram por causa das mudanças na produtividade.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
58
QP = Output actual / Rácio de produtividade do período base
QP (mão-de-obra) = 150.000/3 = 50.000 horas
QP (materiais) = 150.000/0,10 = 1.500.000 quilos
QP fornece os inputs de mão-de-obra e materiais que deveriam ter sido consumidos
em 2001, supondo que não se verificou nenhuma mudança na produtividade.
O custo que haveria para essas quantidades de produtividade neutra em 2001 é
calculado ao multiplicar cada quantidade individual de entrada (QP) pelo seu preço
actual (P) e somando-as.
Da mesma forma, o custo real dos inputs é obtido pela multiplicação da quantidade
real (QR) pelo preço actual do respectivo input (P) e somando-as:
Finalmente, o efeito da produtividade nos resultados é calculado ao subtrair o custo
actual total do custo QP total:
Resumindo:
Input (1)QP
(2)QPxP
(3)QR
(4)QRxP
(2) - (4)(QPxP)- (QRxP)
Mão-de-obraMateriais
50.0001.500.000
$600.000$4.500.000
37.5001.700.000
$450.000$5.100.000
$ 150.000$ (600.000)
Total $5.100.000 $5.550.000 $(450.000)
O aumento da produtividade da mão-de-obra criou um aumento de $150.000
nos lucros: no entanto, a queda na produtividade de materiais causou uma
redução de $600.000 nos lucros.
Efeito ligado aos resultados
=
Total do custo QP - Total do custo actual
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
59
A maior parte da queda nos lucros teve origem no aumento do consumo de
materiais (aparentemente o desperdício, sucata e unidades danificadas são muito
maiores com o novo processo).
Assim, a medida ligada aos resultados fornece os efeitos das medidas parciais
assim como um efeito de medida total. A medida total da produtividade ligada
aos resultados é a soma das medidas parciais individuais. Essa propriedade torna a
medida ligada aos resultados ideal para avaliar substituições de factores
produtivos.
A medida ligada aos resultados calcula o montante de mudança nos lucros do
período base para o actual, atribuíveis às variações na produtividade.
Essa componente é a variação nas receitas menos a variação nos custos dos
factores, supondo que não haja mudanças na produtividade. Portanto, mede a
capacidade de as variações nas receitas cobrirem as variações no custo dos
factores, supondo que não haja mudanças na produtividade.
Para calcular o componente de recuperação de preço, primeiro precisamos
calcular a mudança nos lucros para cada período.
Exemplo 3:
2000 2001 Diferença
Receitas $7.200.000 $6.000.000 $1.200.000
Custos dos factores (inputs) $5.550.000 $2.840.000 $2.710.000
Resultado $1.650.000 $3.160.000 $(1.510.000)
A diferença entre a variação do resultado total e a variação
da produtividade ligada aos resultados é chamada de
componente de recuperação de preço.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
60
= $(1.510.000) - $(450.000) = ($1.060.000)
O aumento nas receitas não teria sido suficiente para recuperar o aumento no
custo dos factores. A queda na produtividade simplesmente agravou o problema
de recuperação de preço. No entanto, observe-se que os aumentos na
produtividade podem ser usados para compensar as perdas na recuperação de
preço.
Finalmente, e do ponto de vista dos valores monetários, as relações entre
produtividade e rentabilidade podem ser expressas pelos rácios expressos na
Figura 9.
Figura 9: Relações entre produtividade e rentabilidade
Recuperação de preço
=
Variação dos lucros - Variação da produtividade
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
61
3.3. O Modelo do Triplo-P (Triple P model)
O modelo do Triplo-P (Figura 10) foi desenvolvido para dar uma ideia
esquemática de como os termos de Produtividade, Rentabilidade (Profitability) e
Perfomance (ou desempenho) devem ser usados. Para além daqueles três conceitos,
o modelo inclui ainda os conceitos de efectividade e eficiência, explicando como é
que eles se relacionam e quais as principais diferenças entre eles.
A produtividade é a componente central do modelo e deve ser entendida na sua
definição operacional, como o rácio do output (quantidade) dividido pelo input
(todo o tipo de recursos que são consumidos no processo de transformação).
Figura 10: O modelo do triplo-PFonte: Adaptado de Tangen, S. (2002)
A rentabilidade é também vista como a relação entre output e input, mas inclui as
influências dos preços dos factores (i.e. recuperação de preços). A “performance” é
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
62
“chapéu” da excelência da fabricação e inclui a rentabilidade assim como os
factores de não-custo como a qualidade, rapidez, entrega e flexibilidade (Figura 11).
Figura 11: Relação da produtividade com os objectivos de performanceFonte: Adaptado de Tangen, S. (2002)
A efectividade é um termo que pode ser usado quando é focado o output do
processo de transformação, enquanto a eficiência representa o quão bem os inputs
do processo de transformação (i.e. recursos) são utilizados (Figura 12):
Figura 12: Eficiência e EfectividadeFonte: Adaptado de Tangen, S. (2002)
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
63
Questões para discussão
1. Quais as diferenças e relações entre medidas totais e medidas parciais da
produtividade?
2. Quais os principais benefícios da gestão da produtividade total para a empresa?
3. Explique a relação entre produtividade e recuperação de preços.
4. Distinga os conceitos de efectividade e eficiência.
Analisar e Medir a Produtividade__________________________________________________________________
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Capítulo 4Produtividade vs Competitividade
Depois de ler este capítulo, vai estar apto a:
Compreender a relação entre produtividade e competitividade;
Discutir os principais factores que afectam a a competitividade das empresas;
Perceber como pode ser desenvolvida uma relação analítica entre a produtividade e os
custos.
4.1 Introdução
Produtividade e competitividade são também dois conceitos que, embora o senso
comum normalmente confunda, significam coisas distintas. Para concluir isso,
basta ter presente que a competitividade pode aumentar sem que a produtividade
cresça; e inversamente, a produtividade pode crescer sem que aumente a
competitividade.
Esta aparente confusão pode por vezes levar a concluir que o maior problema da
economia e da sociedade portuguesa é a baixa produtividade das suas empresas, e
que aumentando a produtividade, o problema da competitividade das empresas
portuguesas estaria imediatamente resolvido. Isto não é totalmente verdadeiro,
senão vejamos:
Pode-se aumentar a produtividade das empresas e não aumentar a sua
competitividade. Basta que se produzam mais produtos mas de qualidade
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deficiente, ou produtos ultrapassados que os consumidores não queiram ou
não estejam interessados em adquirir. Recorde-se a este propósito que
muitos produtos agrícolas portugueses que são colocados no mercado sem
qualquer tratamento e selecção o que tem também contribuído para a
diminuição da sua quota mesmo no mercado interno português. Para ser
mais claro e mais facilmente entendível, basta reflectir sobre a seguinte
pergunta: Que interesse tem uma empresa em aumentar a produtividade e a
quantidade de bens que produz, se não consegue vender esses bens porque
os consumidores não estão interessados neles?
Pode-se aumentar a competitividade das empresas sem que
necessariamente a sua produtividade aumente. Se as empresas produzem
já produtos de boa qualidade ou inovadores, pode-se aumentar
significativamente a sua competitividade com uma boa campanha de
marketing, com uma melhor distribuição, através da criação de uma marca
com notoriedade, sinalizando o seu valor para os consumidores, de que
fala Porter, etc. Recorde-se a este propósito que produtos produzidos em
Portugal que com a simples colagem de uma marca estrangeira são
vendidos mais facilmente no mercado internacional a um preço superior.
O aumento da produtividade pode resultar de se produzir uma maior
quantidade de produtos, seja qual for a sua qualidade e inovação, com a
mesma quantidade de recursos (matérias primas, energia, etc), ou então de
se produzir a mesma quantidade de produtos com menos recursos.
Outra coisa bem diferente é a competitividade, pois esta está relacionada
com a posição vantajosa ou não da empresa no mercado, ou seja, com a
sua posição relativamente às empresas concorrentes.
Portanto, produtividade e competitividade são duas coisas diferentes e uma não
resulta necessariamente da outra.
De acordo com um estudo elaborado com base nas respostas dadas por gestores de
empresas americanas, Richard Chase e Niccholas J. Aquilano, dois especialistas de
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produtividade e professores na universidade de Boston, concluíram que os factores
determinantes da competitividade, por ordem de importância, eram os seguintes:
1º Qualidade consistente;
2º Produtos de desempenho elevado;
3º Entregas fiáveis;
4º Baixo preço ;
5º Entregas rápidas ;
6º Flexibilidade de concepção;
7º Serviço pós venda;
8º Alteração rápida do volume9.
Portanto, “baixo preço” só aparece em 4º lugar por ordem de importância.
Podemos pois perceber que há muita divergência na caracterização da
competitividade, os que abordam a questão de maneira mais superficial não
encontram dificuldades em caracterizá-la, entretanto, os que se aprofundam nas
entranhas da questão, percebem que apenas superficialmente a questão é simples
ou de fácil mensuração.
Podemos notar que o termo competitividade tem uma relação muito próxima com
a busca pela valorização do capital, assim, a inovação tecnológica, produtividade
(afectada pela primeira), actua no sentido de colaborar como o objectivo de
aumentar a valorização do capital através de redução de custos ou vantagens de
diferenciação que permitam obter uma maior valorização do capital e resistir aos
ciclos do capitalismo.
Podemos considerar a competitividade como um processo, tendo como causa a
concorrência entre firmas ou entre países, tendo como fim, a expansão da
9 In Gestão da Produção e das Operações, pág. 40
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valorização do capital, no caso das empresas e, expansão do poder aquisitivo real
(em termos internacionais) no caso de países, em que a inovação tecnológica (seja
em produtos, processos ou gestão), afecta os custos e principalmente, diferencia o
produto e os meios para esse fim.
4.2 A competitividade global das empresas10
As empresas podem aumentar a sua competitividade utilizando várias estratégias e
não apenas uma. Michael Porter, um especialista desta matéria que já realizou um
estudo sobre a competitividade da economia portuguesa a pedido do governo e de
empresários portugueses, na sua obra “Vantagem Competitiva“ indica três
estratégias possíveis para as empresas aumentarem a sua a competitividade, a saber:
(1) Uma estratégia de baixos custos;
(2) Uma estratégia de diferenciação dos produtos e serviços;
(3) Uma estratégia a que ele chama “enfoque” que é uma estratégia de
selecção de apenas um nicho (pequena parcela) do mercado para assim
poder melhor servir os consumidores desse segmento de mercado.
Actualmente, devido a uma concorrência crescente, as empresas são obrigadas a
definir estratégias de resposta às exigências do mercado, orientando-se numa linha
de competitividade global que pode traduzir-se nos seguintes termos:
A qualidade significa adequação ao uso, ou seja, consiste em proporcionar bens e
serviços que vão ao encontro das necessidades dos utilizadores. A qualidade
competitiva compreende não só a criação de novos produtos que satisfaçam as
10 Baseado em Carvalho (1992)
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necessidades dos utilizadores mas engloba também a melhoria continua dos
produtos e a redução dos seus defeitos.
Neste domínio, insere-se a inovação que, segundo a OCDE, é caracterizada pela
"transformação de uma ideia num novo produto vendável ou melhorado, ou num
processo operacional na indústria ou no comércio ou num novo método de
serviço social".
De acordo com essa acepção, o processo de inovação ultrapassa largamente a fase
da investigação e desenvolvimento, distinguindo a OCDE seis actividades
suplementares que podem ser integradas neste processo de desenvolvimento:
a comercialização de novos produtos;
os trabalhos respeitantes à obtenção de patentes;
os trabalhos de obtenção de financiamento de inovação;
a especificação final de um produto a fim de verificar se responde às
exigências do mercado e da produção;
a preparação da produção efectiva do produto ou do novo serviço;
os custos para desencadear a nova produção (designadamente custos de
formação).
A procura incessante do controlo e da melhoria da qualidade, leva a um retorno a
princípios simples, sintetizada nos cinco objectivos a atingir, designados pelos
"cinco zeros", a saber:
zero avarias;
zero atrasos;
zero defeitos;
zero existências;
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zero papéis.
Além disso, a melhoria da qualidade competitiva tem reflexos na organização,
derivada da aplicação dos seguintes princípios, geralmente apresentados:
a qualidade competitiva está centrada nas necessidades e na satisfação dos
utentes;
a qualidade competitiva significa fazer bem a primeira;
a qualidade competitiva requer um balanço sistemático da concorrência;
a qualidade competitiva vai para além da venda;
a qualidade competitiva envolve um novo relacionamento com os clientes e
com os fornecedores;
a qualidade competitiva baseia-se em padrões mensuráveis;
a qualidade competitiva obriga a ir ao âmago dos problemas da qualidade.
Daí decorre também uma nova relação dos quadros e do pessoal na empresa, uma
vez que a qualidade competitiva começa com o envolvimento dos quadros
superiores, requer a responsabilidade de todas as funções e abarca todas as pessoas
da empresa.
Com a expressão serviço pretende-se abreviadamente significar estar ao serviço do
utente, ou seja, dar-lhe a resposta adequada ao que pretende, respondendo às
seguintes questões:
O que quer?
Como quer?
Onde quer?
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A produtividade resulta do efeito combinado de um grande número de factores
distintos, mas interdependentes, que pode sinteticamente traduzir-se na seguinte
expressão:
No que se refere à tecnologia é reconhecido que o progresso técnico é um dos
principais factores explicativos do crescimento e do aumento da produtividade.
Para além das tecnologias que têm aplicação num único sector, desenvolveram-se
nas últimas décadas tecnologias genéricas universais, de que são exemplo as
tecnologias de informação, as quais constituem um conjunto de inovações
revolucionárias (os computadores, a microelectrónica e as telecomunicações).
A organização é orientada para a simplificação das estruturas e para a
flexibilização da empresa, procurando-se através destes meios encurtar os prazos de
resposta da empresa ao mercado e tomando menos rígidos os processos de fabrico,
por meio de:
criação de grupos semi-autónomos;
aumento da responsabilização;
descentralização; e
gestão local de dimensão humana.
Os locais de trabalho são reestruturados em novos moldes - passando do
"fordismo" (adoptado em 1935 para os trabalhadores não qualificados e baseado
no "taylorismo") para o "toyotismo" em que cada trabalhador da cadeia de
montagem de automóveis deve tomar iniciativas - e utilizando novas técnicas de
gestão da produção, como o "just in time" e o "kanban", com efeitos positivos na
participação e criatividade dos trabalhadores envolvidos nas várias actividades
produtivas da empresa.
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Actualmente, o acréscimo de produtividade obtêm-se através da concretização das
múltiplas melhorias, tomadas possíveis devido designadamente ao progresso
tecnológico, valorização dos trabalhos pelo recurso a uma adequada formação
profissional, à melhoria da comunicação interna e através da contribuição activa,
participada e criativa dos membros da empresa, o que pressupõe uma estrutura de
organização personalizada.
A produtividade é basicamente um problema de organização e de motivação. Para
melhorar a produtividade é preciso vencer resistências, tornando-se necessário
proceder a uma adequada informação e motivação do pessoal que permita acolher
os novos processos, definindo objectivos e programas de progresso que venham a
ser devidamente implementados.
Procura-se acumular experiência ao tomar-se em conta os resultados da curva de
experiência, que se traduzem na redução dos custos a medida que cresce a
produção, a fim de aumentar a vantagem concorrencial da empresa.
Para que esta redução do custo total se verifique é necessário que exista um
estímulo para a melhoria da produção, um interesse pelos acréscimos de
produtividade e um ambiente de abertura às iniciativas e às sugestões que são
apresentadas.
A organização que aprende de forma continuada (learning organization) está a
impor-se nas empresas industriais. Nestas organizações a formação e a
aprendizagem ocupam uma posição central, bem como a perseverança, para que a
aprendizagem se tome um objectivo permanente da empresa. Segundo Peter
Drucker, "a produtividade é o primeiro critério para aferir a competência da
direcção da empresa, a qual é responsável pela maior parte dos avanços da
produtividade que se realizam ou se podem realizar".
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4.3 A relação custos-produtividade
Para ser rentável, um produtor deve poder produzir e vender um bem ou um
serviço obtendo um lucro aceitável. Numa economia concorrencial, ser
competitivo consiste em manter-se rentável quando o preço de venda é
determinado pelo mercado, sem que nenhum produtor ou grupo de produtores
possa influenciá-lo de modo significativo. Estes só podem agir sobre os seus
próprios custos para se manterem competitivos.
A relação entre a produtividade do trabalho e a competitividade de uma empresa
ou de uma região faz-se também (parcialmente) por intermédio do custo unitário
da mão-de-obra. Este exprime-se em termos da “massa salarial por unidade
produzida”. Dado que a massa salarial provém da multiplicação da taxa horária
média pelo número de horas trabalhadas, daqui decorre a relação seguinte:
º
º
n horas trabalhadasCusto unitario mao obra taxa salarial horaria xn unidades produzidas
E sabemos já que a produtividade (do trabalho) pode ser expressa pela relação
“unidades produzidas/horas trabalhadas”, pelo que temos, de forma equivalente:
Prtaxa salarial horaria
Custo unitario mao obraodutividade
Esta expressão faz ressaltar a relação inversa que prevalece entre o custo unitário da
mão-de-obra e a produtividade. Quanto mais esta aumenta, mais diminuem os
custos unitários do trabalho. Daqui resulta que a competitividade das empresas
melhora (ou pode melhorar) quando a sua produtividade progride mais
rapidamente do que a produtividade dos seus concorrentes.
A expressão acima, pode ser substituída por outra, equivalente, e expressa em
termos de índices (ou taxas) de variação. Assim, podemos afirmar que:
Taxa de Variação dos Índice de variação dos custos por trabalhadorCustos por = ---------------------------------------------------------
Unidade Produzida Índice de variação da produtividade
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Algebricamente, escrevemos:1
11
mg
r
, em que:
1n
n
zmz
ou 1 1n n
n n
C TmC T ;
1n
n
PrP
ou 1 1n n
n n
VAB Tr
VAB T , com:
g = taxa de variação dos custos por unidade produzida;m = taxa de variação dos custos por trabalhador;r = taxa de variação da produtividade;z = custos por trabalhador (sem resultados financeiros)P = produtividade (monetária) do trabalho;C = custos da empresa (sem resultados financeiros);VAB = Valor Acrescentado Bruto;T = trabalho utilizado na produção (nº de trabalhadores).
Para melhor compreensão e interpretação do seu significado, consideremos o
seguinte exemplo:
Exemplo11:
Sejam dadas as seguintes informações retiradas dos documentos contabilísticos de
uma empresa (expressos em milhares de €):
Rúbricas 2001 2002 2003
PROVEITOS DE EXPLORAÇÃO 3160 3900 4800
CUSTOS DE EXPLORAÇÃO
Custo das Exist. Vendidas e Consumidas 1760 2000 2300
Fornecimentos de Terceiros 300 350 530
Impostos Indirectos 12 15 20
Despesas com Pessoal 350 430 530
Amortizações e Reintegrações 150 350 480
Resultado financeiro (desp-rec) 420 450 560
TOTAL CUSTOS 2992 3595 4420
RESULTADO CORR. EXERCICIO 168 305 380
11 Extraído e adaptado de Carvalho, J.E. (1992)
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Obtiveram-se ainda as seguintes informações:
Rúbricas 2001 2002 2003
Taxa de crescimento dos preços -- 10% 8%
Taxa de crescimento dos custos 10% 8%
Nº médio de trabalhadores anual 450 510 560
A partir dos elementos anteriores, podemos obter os seguintes indicadores da
empresa:
Rúbricas 2001 2002 2003
VAB (a preços de 2001)
Taxa de variação (ano n+1/ano n)*100
1088
--
1395
+28,2%
1641
+17,6%
Custos (s/ Desp. Financeiras)
Taxa de variação
2572
--
2859
+11,2%
3249
+13,6%
Nº médio trabalhadores anual
Taxa de variação
450
--
510
+13,3%
560
+9,8%
Produtividade = VAB/Nº trabalhadores
Taxa de variação
2,418
--
2,735
+13,1%
2,930
+7,1%
Custos (s/ desp. fin)/ Nº Trabalhadores
Taxa de variação
5,716
--
5,606
-1,9%
5802
+3,5%
Taxa de variação dos custos por unidade
produzida
-- -13,3% -3,4%
Dos elementos anteriores resulta que a empresa atingiu uma produtividade de
2,418 milhares de €em 2001, registando um crescimento de 13,1% e 7,1% em 2002
e 2003, respectivamente, tendo assim melhorado a sua competitividade12, uma vez
que a taxa de variação dos custos por unidade produzida foi reduzida de 13,3% em
2002 e 3,4% em 2003. Esta análise pode igualmente ser efectuada comparando com
os dados do sector, de uma empresa líder, etc.
12 Note-se que estamos aqui a ignorar os outros factores que condicionam a competitividade daempresa, pelo que estas conclusões devem ser “relativizadas” e contextualizadas.
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Questões para discussão
1. Explique porque é que a produtividade não significa o mesmo que competitividade.
2. Identifique e discuta os principais factores que afectam a competitividade das
empresas.
3. Caracterize a relação entre custos e produtividade.
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BIBLIOGRAFIA E LEITURAS RECOMENDADAS
Carvalho, J.E. (1992) “Gestão da Produtividade – Técnicas de Avaliação e métodos
profissionais”, Universidade Lusíada, Lisboa
Gamache, R. (2005) “La productivité: Définition et enjeux”;Travail Quebec, Canada
International Labour Organization (1996); Productivity and Quality Management: a
Modular Programme; eds: Joseph Prokopenko e Klaus North
Koss, J.E. e D.A. Lewis (1993) “Productivity or efficiency - measuring what we really want”
National Productivity Review, vol. 12, pp 273-95
Miller, D.M. (1984) “Profitability = Productivity + Price Recovery” Harward Business
Review, May-June, pp.145-153
Porter, M. (1990) The Competitive Advantage of Nations, The Macmillan Press,Ltd,
London
Productivity Commission (1999), Microeconomic Reform and Australian Productivity:
Exploring the Links, Research Paper, AusInfo, Canberra
Prokopenko, J. (1987) “Productivity Management: a practical handbook”, Geneva, ILO
Sink, D.S. e T.C. Tuttle (1989) Planning and measurement of in your organisation of the
future. Norcross, U.S.A: Industrial Engineering and Management Press, ch 5, pp
170-184.
Tangen, S. (2002) “Understanding the concept of productivity”, Proceedings of the 7th
Asia Pacific Industrial Engineering and Management Systems Conference
(APIEMS2002), Taipei
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SITES A VISITAR
American Productivity & Quality Center (APQC): http://www.apqc.org
Asian Productivity Organization (APO): http://www.apo-tokyo.org
International Green Productivity Association (IGPA):
http://ema.org.tw/igpa2002/igpa2002.htm
Japan Productivity Center for Socio-Economic Development (JPC-SED): http://www.jpc-
sed.or.jp/eng/index.html
OCDE http://www.oecd.org/
Organização Internacional do Trabalho: http://www.ilo.org/;