Anais do X Encontro de Ciências da Vida Profissional do futuro e … · 2018. 3. 26. ·...
Transcript of Anais do X Encontro de Ciências da Vida Profissional do futuro e … · 2018. 3. 26. ·...
1
Anais do X Encontro de Ciências da Vida
Profissional do futuro e seu compromisso
com o amanhã
Ilha Solteira - SP
2
X Encontro de Ciências da Vida
Profissional do futuro e seu compromisso
com o amanhã
ANAIS
Edição:
FEIS/UNESP
Organizadores:
Fernando Shintate Galindo
Igor Paiva Ramos
Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho
Ilha Solteira - SP
20 a 24 de junho de 2016
3
Comissão organizadora
Presidente: Prof. Dr. Marcos Chiquitelli Neto
Vice-presidente: Ana Carolina de Paz
Primeiro tesoureiro: Prof. Dr. João Antonio da Costa Andrade
Segundo tesoureiro: Beatriz Herrera
XXXII Semana da Agronomia
Coordenador docente: Prof. Dr. Bruno Ettore Pavan
Coordenador discente: Marcelo Ferraz Junior
Secretária discente: Naiara Scarabelli Zancanari
XIII Semana da Biologia
Coordenador docente: Profa. Dra Heloisa Ferreira Alves do Prado
Coordenador discente: Lais Pedroso Borges
Secretária discente: Lais de Souza Teixeira
XII Semana da Zootecnia
Coordenador docente: Prof. Dr. Alan Peres Ferraz de Melo
Coordenador discente: Denis William Johansem de Campos
Secretária discente: Suelen Caroline da Silva Soares
Comissão científica
Prof. Dr. Igor Paiva Ramos
Prof. Dr. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho
Me. Fernando Shintate Galindo
Promoção: Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Organização: Curso de Ciências Biológicas, Curso de Agronomia e Curso de Zootecnia
4
Resistência a Tebuconazol em diferentes espécies de
Pyricularia associadas a plantas invasoras em áreas de trigo no Brasil
Adriano Francis Dorigan(1)*, Giselle de Carvalho(1), Nadia Maria Poloni(1),
Matheus Mereb Negrisoli(1), Paulo Cezar Ceresini(2)
1 UNESP-FEIS, Laboratório de Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos
– DEFERS *e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos - DEFERS
Introdução
A Brusone de trigo no Brasil é causada por Pyricularia oryzae patotipo Triticum (PoT) e Pyricularia
graminis-tritici (Pgt) (Castroagudín et al., 2016). A principal forma de controle da doença é a aplicação de
fungicidas, principalmente de triazóis, pertencentes a classe dos inibidores da desmetilação de ergosterol –
DMI. Os DMI´s se caracterizam por inibir a biossíntese de ergosterol, importante componente da membrana
celular dos fungos. Neste estudo nós objetivamos testar a sensibilidade de isolados oriundos de plantas
invasoras de áreas de trigo no Brasil (Pgt e PoT) e isolados de arroz (Pyricularia oryzae patotipo Oryza,
PoO) a diferentes doses do fungicida triazol (tebuconazol) baseando-se na EC50 dos isolados.
Material e métodos
Teste de sensibilidade a tebuconazol
O teste de sensibilidade a fungicida DMI foi realizado no Laboratório de Fitopatologia na Faculdade
de Engenharia de Ilha Solteira. Foram avaliados 8 isolados de plantas invasoras em campos de trigo ou
áreas adjacentes (4 de MS e 4 do PR), coletados em 2012 e 2 isolados de arroz (TO), medindo-se o
crescimento micelial em BDA de Pyricularia spp de plantas invasoras submetidos a diferentes
concentrações finais do fungicida tebuconazol: 0,00; 0,30; 0,75; 0,90; 1,80; 4,10 e 6,80 μg mL-1 e os
isolados de arroz: 0,000; 0,003; 0,005; 0,010; 0,020; 0,040; 0,075; 0,150 e 0,300 μg mL-1.
Determinação da EC50
A EC50 foi determinada conforme Vargas (2000) utilizando-se o programa ED50plus v1.0. O
delineamento experimental foi em blocos inteiramente casualizados com quatro repetições, sendo o
5
experimento repetido duas vezes. A ANOVA e o teste de médias (Scott-Knott) a 5% de probabilidade foram
efetuados utilizando- se o ambiente R (R Development Core Team, 2011), e o pacote estatístico Agricolae.
Resultados e discussão
O fungicida tebuconazol provocou redução do crescimento micelial do fungo em função do aumento
da concentração do ingrediente ativo. Observou-se que o menor e o maior valor de EC50 para Pgt variou de
1,164 a 2,165 μg mL-1 para os isolados 12.0.607i e 12.0.174i, respectivamente (Figura 1A) e de 0,822 a
1,710 μg mL-1 para os isolados 12.0.146 e 12.0.231 respectivamente (PoT) (Figura 1A). Pode-se ilustrar os
extremos encontrados entre os isolados avaliados (Figura 1B). As espécies de Pyricularia apresentaram
diferenças significativas para os valores médios de EC50 (Figura 2). Os isolados de Pgt apresentaram a
maior média de EC50 com valores de 1,427 e 1,712 μg mL-1, seguidos de isolados de PoT com valores de
1,098 e 1,371 μg mL-1, para os experimentos A e B, respectivamente. Já para a espécie PoO observou-se a
menor média EC50, com valores de 0,035 a 0,025 μg mL-1, para os experimentos A e B, respectivamente
(Figura 2).
Usando como base as doses recomendadas para aplicação de triazóis em campos de trigo no Brasil,
de 150 g i.a./ha para tebuconazol, e levando em consideração a altura média de uma planta de trigo em fase
de espigamento, cerca de 0,82 m, determinou-se que as concentrações aplicadas em áreas cultivadas com
trigo é de 0,0180 µg mL-1 para tebuconazol. Comparando-se os valores aplicados no campo com os valores
médios de EC50 obtidos em nosso estudo, constatamos que os isolados de plantas invasoras são cerca de
87,2 e 68,5 vezes menos sensíveis que os isolados de arroz, para Pgt e PoT, respectivamente.
Os valores médios de EC50 encontrados para isolados de arroz foram próximos aos considerados
como padrão de sensibilidade a tebuconazol para o fungo Mycosphaerella graminicola, (0,011 µg mL-1),
já para os considerados resistentes, os valores para Pgt e PoT foram cerca de 2,4 vezes maiores dos obtidos
para o para o mesmo fungo (0,02 a 0,91 µg mL-1) (Leroux et al., 2007; Stamler & Semar, 2011). Entretanto,
se faz necessário a complementação desses dados com análises moleculares de possíveis mutações
relacionadas a resistência no gene cyp51 desses isolados.
6
Figura 1: Crescimento relativo de isolados de Pgt e PoT que apresentaram maior e menor EC50 em resposta
ao aumento das concentrações de tebuconazol (A). Teste de sensibilidade dos isolados contrastantes de Pgt
e PoT em meio BDA com doses crescentes do fungicida DMI tebuconazol (B).
Figura 2: Boxplot representando a variação dos
valores de EC50 para Pgt, PoT e PoO obtidos
para tebuconazol.
Conclusões
As espécies de Pyricularia de plantas
invasoras de áreas de trigo são insensíveis ao
fungicida tebuconazol para a dose recomendada em campo. Essas plantas podem ser um importante
reservatório para o agente patogênico como inóculo resistente durante as fases iniciais de um plantio de
trigo, contribuindo a incidência da brusone.
Agradecimentos
Financiamento: Projeto FAPESP 2013/1055-4 (PCC), Bolsa PIBIC 30888 (AFD) e Bolsa PNPD
(Programa Agronomia) (GC).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Cre
scim
ento
Rel
ativ
o (%
)
Doses tebuconazol (µg mL-1)
PI_PoT_MS_120146PI_PoT_MS_120231PI_Pgt_PR_120607iPI_Pgt_MS_120174
A B
Tebuconazol (μg mL-1)
7
Referências
CASTROAGUDÍN, V.L., MOREIRA, S.I., PEREIRA, D.A.S., MOREIRA, S.S., BRUNNER, P.C, MACIEL,
J.L., CROUS, P.W., MCDONALD, B.A., ALVES, E. and P.C. CERESINI. Wheat blast is caused by multiple
Pyricularia species, including Pyricularia graminis-tritici sp. nov. In: Book of Abstract of 2nd International Workshop
of Wheat Blight, Florianópolis, SC, Brazil. p. 143, 2016.
LEROUX, P.; WALKER, A. S. Multiple mechanisms account for resistance to sterol 14α-demethylation
inhibitors in field isolates of Mycosphaerella graminicola. Pest Management Science, Sussex, Inglaterra, v. 67, n, p.
44–59, 2011.
STAMLER & SEMAR, Sensitivity of Mycosphaerella gramninicola (anamorph: Septoria tritici) to DMI
fungicides across Europe and impact on field performance. Bulletim OEPP/EPPO Bulletin 41, 149-155, 2011.
R DEVELOPMENT CORE TEAM, R: A language and environment for statistical computing. Vienna,
Austria: the R Foundation for Statistical Computing. A Language and Environment for Statistical Computing.
Vienna, Austria: The R Foundation for Statistical Computing), 2011.
VARGAS, M. H. ED50plus v1.0. Mexico: Instituto Nacional de Enfermedades Respiratorias, México DF,
2000.
8
Desempenho agronômico do milho em função das formas de
inoculação com Azospirillum brasilense associada a fonte de Silício
Alexandre Ricardo Matheus Rosa(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira
Filho(2), Maikon Richer de Azambuja(1), Fernando Shintate Galindo(3), José Mateus
Kondo Santini(3), Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(1)
1UNESP-FEIS, Curso Agronomia – Graduação. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor
3UNESP-FEIS, Mestre em Sistema de Produção
Introdução
O milho é o cereal de maior volume de produção no mundo, sendo o Brasil um dos maiores
produtores de grãos de milho. Contudo, para elevadas produtividades, é necessário à aplicação de doses
elevadas de nitrogênio (N), aumentando o custo de produção. Desta maneira, torna-se viável a utilização
de inoculantes contendo bactérias diazotróficas, que promovem o bom desenvolvimento das plantas.
Na literatura, existem vários trabalhos confirmando que Azospirillum produz fitohormônios que
estimulam o crescimento das raízes de diversas espécies de plantas. (TIEN et al. 1979). O maior
desenvolvimento das raízes pela inoculação com Azospirillum pode implicar em vários outros efeitos como,
incrementos na absorção da água e minerais, maior tolerância a estresses, resultando em uma planta mais
vigorosa e produtiva (BASHAN et al., 2004). Barassi et al. (2008) relataram melhoria em parâmetros
fotossintéticos das folhas, incluindo o teor de clorofila e condutância estomática, maior teor de prolina na
parte aérea e raízes, melhoria no potencial hídrico, incremento no teor de água do apoplasto, maior
elasticidade da parede celular, maior produção de biomassa e maior altura de plantas (GALINDO, 2015).
A utilização do Si na agricultura, é outra prática benéfica, principalmente quando as plantas são
submetidas à estresses bióticos e abióticos comuns nas condições edafoclimáticas adversas como no
Cerrado Brasileiro. No solo, o silicato de Ca e Mg, além de corrigir a acidez, eleva os teores de P, Ca, Mg
e Si solúveis, e consequentemente, a saturação por bases, reduzindo ainda o efeito tóxico do Fe, Mn e Al
9
(REIS et al., 2008). O silício também pode estimular o crescimento e a produção vegetal, apresentando
outro benefício importante relacionado a redução na taxa de transpiração (REIS et al., 2008). Com o
acumulo do silício na parede epidérmica este pode atuar como uma barreira física estável contra a
penetração de alguns tipos de fungos, nas gramíneas.
Com base no apresentado objetivou-se estudar o efeito de formas de inoculação com Azospirillum
brasilense associado à aplicação de Si na forma de corretivo de acidez no índice de clorofila foliar, matéria
seca da raiz, matéria seca da parte aérea em região de Cerrado.
Material e métodos
O experimento foi realizado em área experimental pertencente à FEIS – UNESP. Utilizou-se o
delineamento experimental em blocos ao acaso com quatro repetições, dispostos em um esquema fatorial
2 x 4, sendo: duas fontes de corretivos de solo (calcário dolomítico e silicato de Ca e Mg como fonte de
Si); quatro formas de inoculação (inoculação das sementes, aplicação no sulco de semeadura, aplicação via
foliar e testemunha - sem inoculação). As parcelas do experimento foram compostas de 6 m de comprimento
com 6 linhas espaçadas de 0,45 m, sendo a área útil da parcela as 4 linhas centrais, excluindo-se 0,5 m das
extremidades. Com base na análise do solo e com o intuito de elevar a saturação por bases a 80%, foram
aplicados a dose de 1,94 t ha-1 de calcário dolomítico e de 1,76 t ha-1 de silicato de cálcio e magnésio, cerca
de 30 dias antes da semeadura do milho. Na adubação de semeadura foram fornecidos 375 kg ha-1 da
formulação 08-28-16 para todos os tratamentos, baseado na análise do solo, na exigência da cultura do
milho e histórico de cultivos na área. A inoculação foi efetuada uma hora antes da semeadura da cultura. A
aplicação no sulco de semeadura foi realizada logo após a semeadura da cultura do milho, utilizando-se
uma bomba costal, com vazão de calda de 200 L ha-1.A aplicação via foliar foi realizada no estádio V2,
utilizando-se a mesma bomba com vazão de calda de 200 L ha-1. O experimento foi conduzido em sistema
plantio direto, com semeadura mecânica utilizando sementes do híbrido simples DOW 2B710. Foi realizada
também a adubação de cobertura, com 150 Kg ha-1 de N em V6 e quando necessário, a irrigação foi
realizada, juntamente com o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
As avaliações realizadas foram: índice de clorofila foliar; matéria seca de raiz (gramas por planta) e
matéria seca da parte aérea (kg ha-1). Os resultados foram avaliados pela análise de variância e teste de
Tukey a 5% de probabilidade para comparação de médias dos corretivos de solo (calcário e silicato de Ca
10
e Mg) e das formas de inoculação com Azospirillum brasilense. Foi utilizado o programa de análise
estatística SISVAR.
Resultados e discussão
A aplicação de Si na forma de silicato de Ca e Mg em relação ao calcário proporcionou resultados
semelhantes quanto ao índice de clorofila foliar, matéria seca de raiz e parte aérea do milho (Tabela 1)
Com relação a inoculação com A. brasilense e suas formas, não houve influência no índice de
clorofila foliar, matéria seca da raiz e da parte aérea (Tabela 1).
Tabela 1 - ICF, massa seca de raíz e parte aérea no florescimento da cultura do milho, em função da
utilização ou não de Si e formas de aplicação de Azospirillum brasilense. Selvíria –MS, 2016
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Conclusões
A aplicação de Si não influenciou o índice de clorofila foliar, matéria seca de raiz e parte aérea.
A aplicação de A. brasilense e suas formas não influenciaram nas avaliações.
Fonte ICF M.S. de raiz (g por planta) M.S. de P.A. (kg ha-1)
Calcário 69,9 a 30,9 a 12.686 a
Silicato de Ca e Mg 71,7 a 28,8 a 10.456 a
D.M.S. (5%) 2,4 6,1 2.257
Formas
Testemunha 69,7a 31,0 a 11.811 a
Semente 70,6 a 32,2 a 11.482 a
Sulco 71,0 a 28,4 a 12.141 a
Foliar 71,9 a 27,6 a 10.851 a
D.M.S. (5%) 4,52 12,1 4.470
Média Geral 70,8 29,8 11.571
C.V. (%) 3,1 17,4 16,5
11
Referências
BARASSI, C. A.; SUELDO, R. J.; CREUS, C. M.; CARROZZI, L.; CASANOVAS, E. M.; PEREYRA, M. A.
Potencialidad de Azospirillum en optimizer el crecimiento vegetal bajo condiciones adversas. In: CASSÁN, F. D.;
GARCIA DE SALAMONE, I. (Ed.) Azospirillum ssp.: cell physiology, plant interactions and agronomic research
in Argentina. Argentina: Asociación Argentina de Microbiologia, p. 49-59, 2008
BASHAN, Y.; HOLGUIN, G; DE-BASHAN, L. E. Azospirillum-plant relations physiological, molecular,
agricultural, and environmental advances (1997-2003). Canadian Journal of Microbiology, Ottawa, v. 50, n. 8, p. 521-
577, 2004
GALINDO, F. S. Desempenho Agronômico do milho e do trigo em função da inoculação com Azospirillum
brasilense e doses e fontes de nitrogênio. 2015. 150 f. Dissertação de mestrado (Agronomia – Sistemas de produção) –
Universidade Estadual Paulista “Júlio e Mesquita Filho” – UNESP, Ilha Solteira, SP, 2015.
TIEN, T. M.; GASKINS, M. H.; HUBBELL, D. H. Plant growth substances produced by Azospirillum
brasilense and their effect on the growth of pearl millet (Pennisetum americanum L.). Applied and Environmental
Microbiology, Washington, v. 37, n. 5, p. 1016-1024, 1979.
REIS, M.A.R.; ARF, O.; da SILVA, M.G.; de SÁ, M.E.; BUZETTI, S. Aplicação de silício em arroz de terras
altas irrigado por aspersão. Acta Scientiarum Agronomy, v. 30, n. 1, p. 37-43, 2008.
12
Formas de inoculação com Azospirillum brasilense associada à
utilização de silício no desempenho agrônomico da cultura do milho
Alexandre Ricardo Matheus Rosa(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira
Filho(2), Maikon Richer de Azambuja(1), Fernando Shintate Galindo(3), José Mateus
Kondo Santini(3), Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(1)
1UNESP-FEIS, Curso Agronomia – Graduação. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor
3UNESP-FEIS, Mestre em Sistema de Produção
Introdução
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, porém para se obter elevadas produtividades
faz-se necessário a aplicação de doses elevadas de nitrogênio (N), devido ao alto custo dos fertilizantes,
torna-se viável a utilização de inoculantes contendo bactérias que promovem o bom desenvolvimento das
plantas.
Alguns trabalhos confirmam que Azospirillum produz fitohormônios que estimulam o crescimento
das raízes de diversas espécies de plantas (TIEN et al. 1979). O maior desenvolvimento das raízes pela
inoculação com Azospirillum pode implicar em vários outros efeitos como, incrementos na absorção da
água e minerais, maior tolerância a estresses, resultando em uma planta mais vigorosa e produtiva
(BASHAN et al., 2004). Barassi et al. (2008) relataram melhoria em parâmetros fotossintéticos das folhas,
incluindo o teor de clorofila e condutância estomática, maior teor de prolina na parte aérea e raízes, melhoria
no potencial hídrico, incremento no teor de água do apoplasto, maior elasticidade da parede celular, maior
produção de biomassa, maior altura de plantas (GALINDO, 2015).
Outra prática benéfica na agricultura é a utilização do Si, principalmente quando as plantas são
submetidas à estresses bióticos e abióticos. No solo, o silicato de Ca e Mg além de corrigir a acidez, eleva
os teores de P, Ca, Mg e Si solúveis e, consequentemente, a saturação por bases, reduzindo ainda o efeito
tóxico do Fe, Mn e Al (REIS et al., 2008). O silício também pode estimular o crescimento e a produção
13
vegetal, além de produzir efeitos relacionados à redução na taxa de transpiração (REIS et al., 2008). Ao
acumular-se nas células da camada epidérmica o silício pode ser uma barreira física estável na penetração
de alguns tipos de fungos, principalmente em gramíneas.
Com base no exposto objetivou-se estudar o efeito de formas de inoculação com Azospirillum
brasilense associado à aplicação de Si na forma de corretivo de acidez no comprimento e diâmetro de
espigas e produtividade de grãos de milho irrigado, no Cerrado.
Material e métodos
O experimento foi realizado em área experimental pertencente à FEIS – UNESP. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos ao acaso com quatro repetições, dispostos em um esquema fatorial 2
x 4 sendo: duas fontes de corretivos de solo (calcário dolomítico e silicato de Ca e Mg como fonte de Si);
quatro formas de inoculação (inoculação das sementes, aplicação no sulco de semeadura, aplicação via
foliar e testemunha - sem inoculação). As parcelas do experiment, com 6 metros de comprimento, foram
compostas de 6 linhas espaçadas de 0,45 m, sendo a área útil da parcela as 4 linhas centrais, excluindo-se
0,5 m das extremidades. Os atributos químicos do solo nas camadas de 0-0,2m e 0,2-0,4m, determinados
antes da instalação do experimento de milho, apresentaram os seguintes resultados, de 0,0 a 0,2m: 9,4 mg
dm-3 de Si, 19 mg dm-3 de P (resina); 10 mg dm-3 de S-SO4; 21 g dm-3 de M.O.; 5,0 de pH (CaCl2); K, Ca,
Mg, H+Al e Al = 2,1; 19,0; 13,0; 28,0 e 1,0 mmolc dm-3, respectivamente; Cu, Fe, Mn, Zn (DTPA) = 3,1;
20,0; 27,2 e 0,8 mg dm-3, respectivamente; 0,17 mg dm-3 de B (água quente) e 55% de saturação por bases
e de 0,2 a 0,4m 10,2 mg dm-3 de Si, 17 mg dm-3 de P (resina); 30 mg dm-3 de S-SO4; 16 g dm-3 de M.O.;
4,8 de pH (CaCl2); K, Ca, Mg, H+Al e Al = 1,2; 11,0; 8,0; 28,0 e 2,0 mmolc dm-3, respectivamente; Cu,
Fe, Mn, Zn (DTPA) = 2,1; 10,0; 10,7 e 0,2 mg dm-3, respectivamente; 0,11 mg dm-3 de B (água quente) e
42% de saturação por bases. Com base na análise do solo e com o intuito de elevar a saturação por bases a
80%, foram aplicados, a dose de 1,94 t ha-1 de calcário dolomítico e de 1,76 t ha-1 de silicato de cálcio e
magnésio, cerca de 30 dias antes da semeadura do milho. Na adubação de semeadura foram fornecidos 375
kg ha-1 da formulação 08-28-16 para todos os tratamentos, baseado na análise do solo, na exigência da
cultura do milho e histórico de cultivos na área. As formas inoculação foram três:1-uma hora antes da
semeadura da cultura; 2-no sulco de semeadura, realizada logo após a semeadura da cultura do milho,
utilizando-se uma bomba costal, com vazão de calda de 200 L ha-1; e 3-foliar realizada no estádio V2,
utilizando-se a mesma bomba e vazão. O experimento foi conduzido em sistema plantio direto, com
14
semeadura mecânica utilizando sementes do híbrido simples DOW 2B710. A adubação de cobertura foi
realizada, com 150 Kg ha-1 de N no estagioV6. Quando necessário, a irrigação foi realizada, juntamente
com o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
As avaliações realizadas foram: comprimento de espiga (cm); diâmetro de espiga (cm) e
produtividade de grãos (kg ha-1). Os resultados foram submetidos a análise de variância e teste de Tukey a
5% de probabilidade para comparação de médias dos corretivos de solo (calcário e silicato de Ca e Mg) e
das formas de inoculação com Azospirillum brasilense, utilizando o programa de análise estatística
SISVAR.
Resultados e discussão
Tabela 1 - Comprimento e diâmetro de espigas e produtividade de grãos de milho, em função da
utilização ou não de Si e formas de aplicação de Azospirillum brasilense. Selvíria –MS, 2016
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A aplicação de Si na forma de silicato de Ca e Mg não influenciou o comprimento e diâmetro de
espigas e a produtividade de grãos de milho (Tabela 1).
Com relação à inoculação com A. brasilense, a aplicação no sulco de semeadura propiciou maior
comprimento de espigas comparativamente à aplicação via foliar, e propiciou maior diâmetro de espigas
comparativamente à aplicação via foliar e a testemunha. A aplicação nas sementes e via foliar propiciaram
Fonte Comprimento de espigas
(cm)
Diâmetro de espigas
(cm)
Produtividade de grãos
(kg ha-1)
Calcário 17,58 a 5,57 a 10.347,36 a
Silicato de Ca e Mg 17,81 a 5,56 a 10.704,97 a
D.M.S. (5%) 0,78 0,15 484,098
Formas
Testemunha 17,73 ab 5,48 b 9.693,87 b
Semente 17,50 ab 5,46 b 11.084,12 a
Sulco 18,56 a 5,79 a 10.484,84 ab
Foliar 17, 00 b 5,54 ab 10.841.85 a
D.M.S. (5%) 1,48 0,287 917,91
Média Geral 17,70 5.57 10.526,17
C.V. (%) 6,00 3.69 6.25
15
maior produtividade de grãos comparativamente à não inoculação (Testemunha) (Tabela 1).
Conclusões
A aplicação de Si não influenciou o comprimento e diâmetro das espigas e a produtividade de grãos.
A aplicação de A. brasilense no sulco de semeadura favoreceu o comprimento e diâmetro de espigas,
enquanto que a inoculação nas sementes e via foliar propiciaram maior produtividade.
Referências
BARASSI, C. A.; SUELDO, R. J.; CREUS, C. M.; CARROZZI, L.; CASANOVAS, E. M.; PEREYRA, M. A.
Potencialidad de Azospirillum en optimizer el crecimiento vegetal bajo condiciones adversas. In: CASSÁN, F. D.;
GARCIA DE SALAMONE, I. (Ed.) Azospirillum ssp.: cell physiology, plant interactions and agronomic research
in Argentina. Argentina: Asociación Argentina de Microbiologia, p. 49-59, 2008
BASHAN, Y.; HOLGUIN, G; DE-BASHAN, L. E. Azospirillum-plant relations physiological, molecular,
agricultural, and environmental advances (1997-2003). Canadian Journal of Microbiology, Ottawa, v. 50, n. 8, p. 521-
577, 2004
GALINDO, F. S. Desempenho Agronômico do milho e do trigo em função da inoculação com Azospirillum
brasilense e doses e fontes de nitrogênio. 2015. 150 f. Dissertação de mestrado (Agronomia – Sistemas de produção) –
Universidade Estadual Paulista “Júlio e Mesquita Filho” – UNESP, Ilha Solteira, SP, 2015.
TIEN, T. M.; GASKINS, M. H.; HUBBELL, D. H. Plant growth substances produced by Azospirillum
brasilense and their effect on the growth of pearl millet (Pennisetum americanum L.). Applied and Environmental
Microbiology, Washington, v. 37, n. 5, p. 1016-1024, 1979.
REIS, M.A.R.; ARF, O.; da SILVA, M.G.; de SÁ, M.E.; BUZETTI, S. Aplicação de silício em arroz de terras
altas irrigado por aspersão. Acta Scientiarum Agronomy, v. 30, n. 1, p. 37-43, 2008.
16
Gestão Ambiental Municipal: Estudo de caso do Órgão Municipal de
Meio Ambiente no município de Santa Fé do Sul, SP
Allana Lojó Pizapio (1)*, Denise Gallo Pizella (2)
1 UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado – e-mail: [email protected]
2 UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado – e-mail: [email protected]
Introdução
Em termos de gestão ambiental na esfera municipal, há o SISMUMA (Sistema Municipal de Meio
Ambiente), um conjunto de órgãos municipais que são responsáveis pela conservação, preservação,
controle e uso adequado dos recursos ambientais do município. Os municípios possuem dificuldades para
implantação e manutenção do SISMUMA, pois ainda não possuem estruturas administrativas e financeiras
que seriam necessárias para tal.
Este trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento temporal do sistema de gestão
ambiental do município de Santa Fé do Sul, localizado na região noroeste do estado de São Paulo,
identificando as potencialidades e os desafios para sua gestão ambiental, visando contribuir para seu
aprimoramento. Neste sentido, será analisada a estrutura do SISMUMA, compreendendo neste trabalho
somente a estruturação e atribuições do órgão ambiental responsável pela gestão ambiental, em um ponto
de vista temporal.
Material e métodos
Este trabalho compreende uma pesquisa qualitativa, com análise de estudo de caso. Para realizá-la,
foi coletado material documental referente ao desenvolvimento institucional ambiental do município,
compreendendo: o estabelecimento e estruturação do órgão setorial destinado ao meio ambiente e a
evolução de suas competências, por meio do sítio eletrônico da Prefeitura Municipal de Santa Fé do Sul,
SP.
17
Resultados e discussão
O município de Santa Fé do Sul passou por diversos ajustes em sua legislação até que, em 1958,
teve sua emancipação jurisdicional pela Lei nº 5120 de 31 de dezembro de 1958. Em 05 de abril de 1990,
foi criada a Lei Orgânica do Município, que possui um capítulo voltado ao Meio Ambiente, por meio do
artigo 147 e 148, da “Política Urbana e do Meio Ambiente”. O objetivo desta lei é proporcionar o
desenvolvimento urbano e social do município de Santa Fé do Sul. O município, com advento da referida
Lei, deve obrigatoriamente compor e manter um Conselho Municipal para discutir Politica Urbana e normas
de Meio Ambiente, por meio de um órgão colegiado autônomo composto por representação do Poder
Público e da sociedade civil, devendo seguir as atribuições definidas no Artigo 148 (Câmara Municipal de
Santa Fé do Sul, 1990). No entanto, até então, não havia um órgão específico ou correlato para o tratamento
das questões ambientais no município. Com o intuito de modificar a estrutura administrativa direta e
indireta da prefeitura municipal, foi então, implementada a Lei Complementar nº 80 de janeiro de 2002,
que, dentre outras questões, cria a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente - SEAMA e
dá providencias correlatas (Câmara Municipal de Santa Fé do Sul, 2002). Deste modo, em Santa Fé do Sul,
não há uma Secretaria exclusiva de Meio Ambiente, mas que atua conjuntamente às questões relacionadas
à agricultura. Apesar de não haver qualquer exigência legal de uma secretaria exclusiva na estrutura do
SISNAMA, cabe indagar de que modo tal junção pode implicar em uma consideração maior, por parte dos
governos, da agricultura em detrimento das questões ambientais, que mesmo sendo transversais, ainda não
são assimiladas como tais e não possuem a devida importância por parte do Poder Público e dos cidadãos,
em termos das questões econômicas.
Dentre as funções da Secretaria cabem citar: a coordenação e execução das atividades referentes aos
serviços de agricultura, abastecimento e proteção ao meio ambiente no Município; a prestação de
assistência técnica e de extensão rural aos produtores rurais do Município; a produção de mudas para
utilização nas zonas urbana e rural; a produção de alimentos para enriquecimento da merenda escolar e das
entidades assistenciais e beneficentes; desenvolver ações relativas à defesa do meio ambiente, à defesa,
melhoria e controle da poluição das águas, do solo e da atmosfera, em conjunto com o Serviço Autônomo
de Água e Esgoto – SAAE e demais órgãos da administração municipal direta e indireta; a organização e
implantação de sistemas integrados de informações, necessários à adequada execução da política municipal
de meio ambiente, em consonância com as políticas estadual e federal; a criação, implantação, controle e
fiscalização das unidades de conservação, das áreas de proteção ambiental e outras áreas de interesse
18
ecológico, dentre outras funções (Câmara Municipal de Santa Fé do Sul 2002). No entanto, houve a
modificação da Seção VI da Lei Complementar nº80 de 2002, alterando seu Artigo 32, relacionado às
funções desta Secretaria, onde foram retiradas todas as suas atribuições relacionadas ao meio ambiente,
restando somente atividades referentes ao setor agrícola municipal, o que leva à indagação de seus motivos
e do porquê tal órgão continuar a ser denominada de Secretaria de Abastecimento e Meio Ambiente e,
principalmente, em qual setor da administração pública a matéria ambiental passou a ser tratada no
município, fato que será explorado em um segundo momento desta pesquisa. A lei que estabelece a estrutura
do SISMUMA em Santa Fé do Sul (Lei Complementar nº130, de 11 de outubro de 2007), menciona que o
mesmo tem como Órgão Central a Secretaria Municipal de Agricultura Abastecimento e Meio Ambiente,
com a atribuição de planejar, coordenar e supervisionar o desenvolvimento sustentável no Município e,
como Órgão Executor, o Departamento de Meio Ambiente, que terá como atribuição a execução das
normas, procedimentos e diretrizes estabelecidas pelo Órgão Central e pelo Órgão Deliberativo (qual seja,
o Conselho Municipal de Meio Ambiente) (Câmara Municipal de Santa Fé do Sul, 2007). No entanto, o
referido Departamento ainda não foi estabelecido. Neste sentido, resta o questionamento acerca do papel
real desta Secretaria e como é tratada a matéria ambiental no município, para que se façam inferências
posteriores acerca das potencialidades e dificuldades que o mesmo possui em termos da gestão ambiental.
Referências
CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA FÉ DO SUL. Constituição do município (1990). Lei Orgânica nº 147,
de 5 de abril de 1990. Lei Orgânica do Município de Santa Fé do Sul. Santa Fé do Sul, SP, Cap.V da Politica Urbana
e do Meio Ambiente.
CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA FÉ DO SUL. Constituição (2002). Lei Complementar nº 80, de 17 de
dezembro de 2002. Reorganização da Estrutura Administrativa. Santa Fé do Sul, SP, Dispõe sobre a reorganização
da estrutura administrativa da Prefeitura, revoga a Lei Complementar nº 64, de 18 de janeiro de 2001 e dá providências
correlatas.
CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA FÉ DO SUL. Decreto nº 2494, de 19 de outubro de 2007. Regimento
Interno. Santa Fé do Sul, SP, Aprova o Regimento do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
19
Influência de piscicultura em tanques-rede sobre Geophagus proximus
(Perciformes: Cichlidae) no reservatório de Ilha Solteira, SP/MS
Ana Letícia Antonio Vital (1)*, Bruna Caroline Kotz Kliemann(2), Letícia de
Oliveira Manoel(2), Rosilene Luciana Delativa(3), Rosicleire Verissimo Silveira(4),
Igor Paiva Ramos(5)
1UNESP – FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá,
e-mail: [email protected]
2UNESP-IBB, Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ecologia de Peixes
3UNIOESTE-CASCAVEL, Docente Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes
Introdução
Atualmente políticas públicas incentivam a substituição da pesca extrativista por atividades
intensivas de aquicultura. Tal produção gera para o Brasil um PIB de R$ 5 bilhões, mobiliza cerca de 800
mil profissionais entre pescadores e aquicultores e proporciona 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos
(MPA, 2014). Diversos autores como Beveridge (2004), Krkosek et al. (2005), Yucel- Gier et al. (2007) e
Ramos et al. (2013ab), discutem a problemática desta atividade em águas costeiras e continentais. Tais
autores citam impactos desde a qualidade da água e do sedimento até implicações sobre a estrutura das
comunidades bentônica, planctônica e de peixes, mudanças nas taxas de parasitismo de peixes silvestres,
além dos inerentes escapes de peixes em cultivo, propiciando a introdução de espécies não nativas. Desta
forma, graves problemas ambientais podem ser gerados, como o declínio de populações de peixes selvagens
relatado para ecossistemas marinhos. Dentre diversas espécies de peixes introduzidas no reservatório de
Ilha Solteira, Geophagus proximus conhecida como “porquinho”, constitui o recurso pesqueiro mais
significativo para a pesca artesanal. Conforme relato de Carvalho e David (2007), ela é seguida de outras
espécies não nativas como a corvina Plagioscion squamosissimus e o zoiudo Satanoperca pappaterra no
que se refere à relevância econômica local e regional.
20
Embora constitua a base da economia para os pescadores e exerça relevância financeira para toda
a região, existem poucos relatos sobre a interferência das explorações piscícolas em reservatórios de água
doce Neotropicais, particularmente no que diz respeito ao impacto sobre a ictiofauna selvagem (Ramos et
al., 2013). Desta forma, o objetivo do presente trabalho é comparar abundância, comprimento padrão e
massa total, bem como aspectos relacionados à dieta de espécimes de G. proximus coletados sobre
influência de tanques-rede e em área controle, no reservatório de Ilha Solteira (rio Grande, SP).
Material e métodos
As coletas para o estudo estão sendo realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no município
de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can (vazão média anual = 1,76 m³/s) do reservatório de Ilha
Solteira, no rio Grande, bacia do alto Paraná. Atualmente o empreendimento atua na criação de tilápias-do-
nilo (Oreochromis niloticus) e possui aproximadamente 230 tanques de 18 m3 e 18 tanques de 144 m3, com
uso de ração de 4.375 kg/dia (inf. pess Michael Kengo Itagaki). Uma das áreas amostrais está localizada
próxima aos tanques-rede (TR) (50°55’57.60’’W e 20°02’33.62’’S) e a outra em local a aproximadamente
10 km a montante com características fisiográficas semelhantes, mas sem a influência de sistemas de
pisciculturas em tanques-rede (CT) (50°51'58.94"W e 20° 0'13.71"S).
As coletas da ictiofauna estão sendo realizadas bimestralmente com auxílio de redes de espera de
diferentes malhagens (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) nas duas áreas amostrais. Dos peixes coletados
foi mensurado o comprimento padrão (cm) com auxílio de ictiômetro e massa total (g) com auxílio de
balança analítica (0,01 g). Posteriormente, seus estômagos foram removidos, fixados em formol 4% e
conservados em álcool 70%. O conteúdo estomacal foi examinado sob estereomicroscópio, identificado até
o menor nível taxonômico possível e pesado (peso úmido, 0,0001 g). Ainda, abundância, massa total média
e comprimento padrão médio dos peixes foram comparados entre as áreas. Para a comparação do
comprimento padrão e massa total aplicou-se teste-t e test-U, a depender da normalidade, enquanto para a
abundância foi utilizado teste-Z. O nível de significância utilizado foi p<0,05, sendo as análises estatísticas
realizadas por meio de softwares SigmaStat 3.0 e BioEstat 5.3, e a de dieta avaliada pelo software Past 3.12,
através de análise NPMANOVA – Bray Curtis e análise SIMPER.
21
Resultados e discussão
Foram observadas diferenças entre a massa total média (p<0,009), comprimento padrão médio
(p<0,01) e abundância numérica (p<0,001) entre as áreas TR e CT. Quanto a composição da dieta,
verificou-se diferença (p=0,0001) entre as áreas. Os itens alimentares de maior contribuição foram: Ração
(33,87%), Detrito (27,01%), Vegetal Aquático (7,80%), Escamas (7,6%) e Ancilidae (7,34%). No entanto,
a presença de ração foi constatada apenas na área TR (Figura 1). Assim, reportamos à interferência causada
pelo excesso de ração em produções piscícolas intensivas devido ao livre fluxo de água entre o rio e o
interior das gaiolas. Até 30% da entrada contínua de matéria orgânica em tanques-rede pode ser
disponibilizado para o ecossistema aquático na forma de restos de ração, fezes, muco, escamas e peixes
mortos (Pillay, 2004). Desta forma, geram-se resíduos que se sedimentam e formam Detritos, item
alimentar que como as Escamas, foi mais significativo para indivíduos da área TR. Em condições naturais
este ciclídeo alimenta-se principalmente de material vegetal, moluscos, insetos e outros vertebrados
aquáticos (Santos et al., 2004). Assim, entre os itens alimentares de maior contribuição, apenas o Vegetal
Aquático e o Ancilidae foram mais significativos para a área CT em relação à área TR (Figura1).
A massa total média foi maior para espécimes da área tanque (33,00 g), em comparação com a área
controle (28,50 g). Assim, associando os índices de contribuição alimentar e volume alimentar evidencia-
se que a oportunidade alimentícia propiciada pelo aporte de ração favorece o aumento de peso dos
indivíduos. As coletas realizadas próximas ao tanque perfizeram 525 exemplares, enquanto na área controle
somaram-se 186. Desta forma, verifica-se que a facilidade de forrageamento proporcionada pela ração serve
como atrativo, elevando a densidade populacional ao entorno de tanques-rede.
Figura 1: Volume alimentar para as áreas CT e TR para G. proximus coletados no reservatório de Ilha
Solteira SP/ MS, Brasil.
Conclusões
Com base nos resultados, conclui-se que a piscicultura em tanques-rede provoca alterações na
22
dieta, resultando em diferença quanto ao peso dos indivíduos das áreas avaliadas. Os resultados da massa
total média, comprimento padrão médio e abundância numérica indicam a influência do sistema tanque-
rede sobre aspectos biológicos de espécimes silvestres para a espécie G. proximus.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira pela infraestrutura, a Fundunesp
(Processo número 0305/001/14-PROPe/CDC) e CNPq (Processo número 443103/2014-3).
Referências
BEVERIDGE, M.C.M. Cage aquaculture. 3ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.
CARVALHO, E.D.; DAVID, G.S. Estudo da biologia pesqueira: Levantamento da biologia pesqueira e
análise da capacidade suporte ambiental. Botucatu: Projeto Parque Aqüícola FEIS (Ilha Solteira)/IBB (Botucatu),
2007. p. 1-56.
KRKOSEK, M.; LEWIS, M.A.; VOLPE, J.P. Transmission dynamics of parasitic sea lice from farm to wild
salmon. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 272: 689–696, 2005.
MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura. Produção. Disponível em: < http://www.mpa.gov.br/aquicultura/ >.
Acesso em: 26/04/2016.
PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212p., 2004.
RAMOS, I.P.; FRANCHESCHINI, L.; ZAGO, A.C.; ZICA, E.O.P.; WUNDERLICH, A.C.; CARVALHO,
E.D.; SILVA, R.J. New host records and a checklist of fishes infected with Austrodiplostomum compactum
(Digenea: Diplostomidae) in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 22(4): 511-518, 2013b.
Santos, G.M., Mérona, B., Juras, A.A., Jégu, M. Peixes do Baixo Rio Tocantins: 20 anos depois da Usina
Hidrelétrica Tucuruí. Brasília: Eletronorte; 2004. 216p
YUCEL-GIER, G.; KUCUKSEZGIN, F.; KOCAK, F. Effects of fish farming on nutrients and benthic
community structure in the Eastern Aegean (Turkey). Aquaculture Research, 38: 256-267, 2007.
23
Inventário florístico de trepadeiras em áreas de vegetação nativa
no município de Selvíria, MS
Andrezza Santos Flores (1)*, Andréia Alves Rezende (2)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA). e-mail:
2UNESP-FEIS, Docente. Departamento de Biologia e Zootecnia, Herbário de Ilha Solteira (HISA).
Introdução
A fragmentação florestal é um dos fenômenos mais marcantes e graves do processo de expansão
agrícola na região tropical, onde seu aspecto mais grave encontra-se na perda de biodiversidade (TURNER;
CORLETT, 1996). Atualmente, a estimativa da biota brasileira é de 200 mil espécies e o número total de
espécies considerando aquelas que ainda não foram descritas, pode chegar a dois milhões (LEWINSOHN;
PRADO, 2002). As estimativas, da diversidade de plantas brasileiras apontam para um total de 44 a 56 mil
espécies, sendo que cerca de 57,4 % das espécies são endêmicas (SHEPHERD, 2003, GIULIETTI et al.
2005, ZAPPI et al. 2015).
Entretanto, nas diferentes regiões do país, existe uma baixa densidade e grande desequilíbrio no
esforço de coleta, somado ainda, que a maioria dos levantamentos considera apenas as espécies de árvores
e arbustos. Para o avanço das análises de padrões de distribuição, abundância e a diversidade de espécies é
preciso intensificar a amostragem e incluir outras formas de vida de fanerógamas, como as trepadeiras, as
epífitas e as plantas herbáceas (DURIGAN et al. 2008).
Na região onde se encontra a Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da UNESP de Ilha
Solteira, não há registro de levantamentos sobre a flora das espécies de trepadeiras, justificando assim, uma
investigação científica em forma de inventário florístico. Sendo assim esse trabalho teve como objetivo
inventariar as espécies de trepadeiras nas áreas de vegetação nativa da Fazenda de Ensino, Pesquisa e
Extensão (FEPE) localizada no município de Selvíria, MS.
24
Material e métodos
Área de estudo
Este estudo está sendo realizado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade
de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FEIS/UNESP),
localizada no município de Selvíria, no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil (20º19’ – 20º24’ S e 51º24’
– 51º23’ W), a margem esquerda do Rio Paraná, na divisa com o Estado de São Paulo.
Coleta e identificação do material botânico
Para a realização do inventário florístico das espécies de trepadeiras da FEPE foram realizadas
coletas quinzenais, por um período de seis meses. Foram percorridas trilhas na borda e no interior da área
de estudo visando à coleta de espécies de plantas trepadeiras, em fase reprodutiva e/ ou vegetativa. Os
espécimes foram coletados e herborizados de acordo com as técnicas usuais apresentadas por Fidalgo e
Bononi (1989). A identificação preliminar do material botânico foi realizada em campo e complementada
e/ou conferida pela comparação com materiais depositados no Herbário de Ilha Solteira (HISA), em
herbários virtuais na rede mundial de computadores e pela consulta à bibliografia especializada.
As espécies foram ordenadas em gêneros e famílias de acordo com o sistema APG IV (2016). Para
a verificação da distribuição geográfica, das sinonímias botânicas, autoria e grafias das espécies amostradas
foram consultados os bancos de dados W3 Tropicos do Missouri Botanical Garden
(http://www.tropicos.org), International Plant Names Index (http://www.ipni.org) e a Lista de Espécies da
Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).
Resultados e discussão
No período de seis meses foram amostrados 127 espécimes, que, de acordo com as identificações
preliminares estão representados em 35 espécies, sendo cinco em nível de gênero, distribuídas em 13
famílias. As famílias mais ricas em espécies foram Bignoniaceae (nove), Apocynaceae (oito) e Sapindaceae
(seis), representando 66% do total de espécies de trepadeiras deste estudo, estas correspondem a 23% do
total das famílias amostradas, indicando que um número reduzido de famílias (três) é responsável por mais
da metade da riqueza das espécies de trepadeiras amostradas na FEPE, resultados esses semelhantes a outras
áreas neotropicais (GENTRY,1991).
25
Vale destacar que Dalechampia triphylla Lam, Serjania pinnatifolia Radlk, Stizophyllum
perforatum (Cham.) Miers, tratam-se de uma nova ocorrência para o estado do Mato Grosso do Sul, uma
vez que em consulta à Lista de Espécies da Flora do Brasil essas três espécies são citadas para vários estados
brasileiros, mas ainda sem registro no Mato Grosso do Sul, indicando a falta de estudo de plantas do hábito
trepador, justificando a necessidade de ampliar os inventários de trepadeiras como mencionado por
DURIGAN et al. (2008).
Conclusões
Verificamos que a área do presente estudo apresenta uma riqueza de espécies semelhante ao padrão
esperado para os neotrópicos e espécies de ocorrência inédita para o Mato Grosso do Sul.
Referências
APG IV. 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of
flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181:01-20.
DURIGAN, G., MAMEDE, M. C. H., IVANAUSKAS, N. M., SIQUEIRA, M. F., JOLY, C. A., MOURA, C.,
BARROS, F., SOUZA, F. M., VILELA, F. E. S. P., ARZOLLA, F. A. R. P., FRANCO, G. A. D. C., CORDEIRO, I.,
KOCH, I., BAITELLO, J. B., LOMBARDI, J. A., LIMA, L. R., LOHMENN, L. G., BERNACCI, L. C., ASSIS, M.
A., AIDAR, M. P. M., WANDERLEY, M. G. L., TONIATO, M. T. Z., RIBEIRO, M., GROPPO, M., CAVASSAN,
O., SANO, P. T., RODRIGUES, R. R., FICHS, T. V. & MARTINS, S. E. 2008. Fanerógamas. In Diretrizes para a
conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo (R. R. Rodrigues & V. L. R. Bononi, orgs).
Instituto de Botânica/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, p. 104-109.
FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material
botânico. Instituto de Botânica, São Paulo. 62p.
GENTRY, A. H. 1991. The distribution and evolution of climbing plants. In The Biology of vines ( F.E. Putz,
H. A. Mooney, eds.) Cambridge University Press, Cambridge, p. 3-49.
GIULIETTI, A. M., RAYMOND, M. H., QUEIROZ, L. P., WANDERLEY M. G. L. & VAN DEN BERG, C.
2005. Biodiversity and conservation of plants in Brazil. Conservation Biology 19:632-639.
26
LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. 2002. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual do
conhecimento. Contexto, São Paulo, p. 176.
SHEPHERD, G. J. 2003. Avaliação do estado do conhecimento da diversidade biológica do Brasil: Plantas
terrestres. Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Brasília.
TURNER, I. A. & CORLETT, R. T. 1996. The conservation value of small, isolated fragments of lowland
tropical rain forest. Trends in Ecology and Evolution 11:330-333.
ZAPPI, D. C. and BFG - THE BRAZIL FLORA GROUP. Growing knowledge: an overview of seed plant
diversity in Brazil. Rodriguésia. v. 66, n. 4, p. 1085-113. 2015.
27
Influências da piscicultura em tanques rede sobre população de
peixe silvestre no Reservatório de Ilha Solteira, SP: dados preliminares
Aymar Orlandi Neto(1)*, Letícia de Oliveira Manoel(2), Bruna Caroline
Kliemmann(3), Rosilene Luciana Delariva(4), Rosicleire Verissimo Silveira(5), Igor
Paiva Ramos (6)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Ecologia de
Peixes – Pirá. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Pós-Graduação, Departamento de Biologia e Zootecnia
3UNESP-FEIS, Pós-Graduação, Departamento de Biologia e Zootecnia
4UNESP-FEIS, Docente, Universidade Estadual do Oeste do Paraná
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia
6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
Em sistemas de piscicultura em tanques rede, há entrada contínua de matéria orgânica (ração e
peixes), sendo que até 30% pode ser disponibilizado para o ecossistema aquático na forma de restos de
ração, fezes, muco, escamas e peixes mortos (Pillay, 2004). A matéria orgânica aportada ao ecossistema
aquático, pode causar alterações nas comunidades bentônicas, de peixes e planctônica, atratividade de aves,
peixes e mamíferos, alterações no padrão de parasitismo e dieta de animais silvestres, além da introdução
de espécies (Ramos et al., 2010).
Neste sentido, a espécie de peixe Rhaphiodon vulpinus, popularmente conhecido como “peixe-
cadela” ou “dourado-facão”, é amplamente distribuído na América do Sul. Ocorre nas bacias dos Rios
Orinoco, Amazonas (Toledo-Piza, 2000), no médio e alto rio Tocantins, Paraná-Paraguai e Uruguai, sendo
nestas duas últimas o único representante da família Cinodontidae (Goulding, 1980; Neuberger et al., 2007).
É uma espécie de grande porte, piscívora, de pouco comércio, com importância para pesca desportiva e
pesca artesanal (Froese et al., 2008; Graça e Pavanelli, 2007). Sua morfologia é adaptada para captura de
28
presas de superfície e médias profundidades, com ampla boca direcionada para cima com presença de
dentes caninos bem desenvolvidos (Almeida et al., 1997). Na bacia do Alto Paraná, alimenta-se
principalmente de pequenos peixes, como as da espécie Astyanax altiparanae, popularmente conhecido
como “lambari” (Hahn et al., 2004).
Estudos que relatam os impactos das explorações piscícolas em reservatórios de água doce
neotropicais sobre a ictiofauna selvagem são escassos (Ramos et al., 2013), e ainda mais diminutos sobre
espécies de peixes que ocupam elos superiores na cadeia alimentar, como os carnívoros. Sendo assim, o
objetivo do presente trabalho é responder a seguinte questão: (i) existe influência da piscicultura em
tanques-rede sobre a população (abundância, massa total e comprimento padrão, atividade alimentar e
dieta) de peixes silvestres da espécie R. vulpinus no reservatório de Ilha Solteira?
Material e métodos
Exemplares de R. vulpinus foram coletados durante o período de setembro/2014 a fevereiro/2016
com auxílio de redes de espera, em área próxima a um sistema de piscicultura em tanques-rede (TR) e outra
área controle (CT), sem a influência desta atividade no reservatório de Ilha Solteira, SP. Após a captura, os
peixes foram quantificados, pesados e medidos, utilizando-se de balança (0,01 g) e ictiômetro (0,1 cm).
Posteriormente, seus estômagos foram removidos, fixados em formol 4% e conservados em álcool 70%.
Para análise do conteúdo estomacal foi utilizado a metodologia de Kawakami & Vazzoler (1980).
Posteriormente, a atividade alimentar, dieta, abundância, massa total média e comprimento padrão médio
dos peixes foram comparados entre as áreas TR e CT para verificação de possíveis diferenças. Assim, para
comparação do comprimento padrão e massa total entre as áreas TR e CT aplicou-se teste-t e test-U
dependendo da normalidade e variância dos dados, enquanto que para abundância foi utilizado teste do Qui
Quadrado(χ2). Ainda, utilizou-se de dados dos projetos vinculados sobre a ictiofauna local. O nível de
significância utilizado para todas as análises foi p<0,05, sendo as análises estatísticas realizadas por meio
do software Bioestat 5.3.
Resultados e discussão
Foram observadas diferenças na massa total de R. vulpinus (p=0,0002), sendo maior na área TR em
relação a área CT. Tal fato, pode estar relacionado a maior abundância de peixes de pequeno porte (presas)
onívoras e detritívoras, atraídas pelo enriquecimento orgânico provocado pela piscicultura em tanques rede,
29
facilitando também o forrageamento do piscívoros nesta área. Dessa forma, contribuindo também para
maior atividade alimentar do R. vulpinus nesta área (p=0,023). Contudo isso não foi suficiente para causar
alterações no comprimento padrão dos peixes avaliados (p=0,191). Além disso, o índice de importância
alimentar expressa em porcentagem, composta principalmente de decapodas (CT=48,3; TR=54,5),
pequenos peixes (CT=41,1; TR=45,5) e odonatas (CT=9;), não apresenta grandes diferenças na dieta entre
as áreas. Tal fato pode ser justificado, devido ao hábito alimentar especialista da espécie.
A abundância numérica foi maior na área CT (n=26) em relação a área TR (n=14). Tal observação
pode ser em função de competição interespecífica na área TR. Peixes piscívoros que podem atuar como
competidores de mesmo nível trófico foram predominantes na área TR (n=517) em comparação a área CT
(n=391). Ainda, a espécie Plagioscion squamosissimus, de hábito piscívoro e alto potencial predatório,
apresentou maior abundância na área TR. Assim, infere-se que estes podem ser fatores determinantes na
limitação populacional de R. vulpinus na área TR. Enquanto que, na área CT apresenta menor abundância
populacional de peixes piscívoros bem como para a espécie P. squamosissimus, e ainda a presença de
recursos alimentares para as duas área, indicam menor competição interespecífica, justificando o maior
valor de abundância para R. vulpinus na área CT.
Conclusões
Com base nos resultados, conclui-se que a piscicultura em tanques-rede não provoca alterações na
dieta de R. vulpinus, devido seu hábito especialista. Porém, influencia em maior atividade alimentar bem
como em maior massa total, mas não alterando o comprimento padrão. Ainda, a abundância na área de
piscicultura é reduzida, possivelmente devido a maior competição com outras espécies piscívoras.
Referências
ALMEIDA, V.L.L., HAHN, N.S. & VAZZOLER, A.E.A.M. Feeding patterns in five predatory fishes of the
high Paraná River floodplain (PR, Brazil). Ecol. Freshw. Fish. 6(3):123-133, 1997.
.
FROESE, R.; PAULY, D. Editors. FishBase. World Wide Web publicação eletrônica. http://www.fishbase.org,
Acesso em:. 10 de maio de 2016.
GOULDING, M. The fishes and the forest: explorations in Amazonian natural history. University of
California Press, Berkeley, p.280, 1980.
30
GRAÇA, W. J.; PAVANELLI, C. G. Peixes da planície de Inundação do Alto Rio Paraná e áreas
adjacentes. Eduem, Maringá, p. 241, 2007.
HAHN, N. S.; FUGI, R.; ANDRIAN, I. F. Trophic ecology of the fish assemblages. In: The Upper Paraná
River and its Floodplain. THOMAZ, S. M.; AGOSTINHO, A. A.; HAHN, N. S. (Ed.). Eduem, Maringá, 2004. p.
247-270.
KAWAKAMI, E.; VAZZOLER, G. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de
alimentação de peixes. Boletim do Instituto de Oceanografia, v.29, n.2, p.205 - 207, 1980.
NEUBERGER, A. L.; MARQUES, E. E.; AGOSTINHO, C. S.; OLIVEIRA, R. J. Reproductive biology of
Rhaphiodon vulpinus (Ostariophysi: Cynodontidae) in the Tocantins River Basin, Brazil. Neotropical Ichthyology,
Porto Alegre, v. 5, p. 479-484, 2007.
PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212p., 2004.
RAMOS, I.P.; ZANATTA, A.S.; ZICA, E.O.P.; SILVA, R.J.; CARVALHO, E.D. Impactos ambientais de
pisciculturas em tanques-rede sobre águas continentais brasileiras: opinião e revisão. In: CYRINO, J.E.P.; FURUYA,
W.M.; RIBEIRO, R.P.; SCORVO-FILHO, J.D. (Org.). Tópicos especiais em biologia aquática e aquicultura III.
3ed. Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática, v.1, p.87-98, 2010.
Ramos, Igor P., et al. "Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild
fish in a Neotropical reservoir." Aquaculture, p.56-62, 2013.
TOLEDO-PIZA, M. The Neotropical fish subfamily Cynodontinae (Teleostei: Ostariophysi: Characiformes):
a phylogenetic study and a revision of Cynodon and Rhaphiodon. American Museum Novitates, New York, v.88,
2000.
31
Estudo dos Vasos da Base do Coração de Myrmecophaga tridactyla
(Linneaus,1758) de vida livre
Bianca da Silva Miguel(1)*, Sonia Yoko Sawakuchi(1), Patrícia Reis Lunardelli(1),
Elisângela Medeiros Melo de Lima(2), Rosângela Felipe Rodrigues(3), Alan Peres
Ferraz de Melo(4)
(1)UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas –Graduação, Laboratório de Anatomia. e-mail:
(2)UNESP-FEIS, Técnica Laboratório de Anatomia
(3)UNESP-FMVA, Docente do Curso de Medicina Veterinária- Laboratório de Anatomia dos Animais
Domésticos.
(4)UNESP-FEIS, Docente do Departamento de Zootecnia e Biologia-Laboratório de Anatomia.
Introdução
Não é novidade a forma que as ações antrópicas influenciam diretamente e indiretamente os hábitos
dos animais silvestres. Ações como desmatamento, queimadas, amplas áreas devastadas pela agricultura e
pecuária ocasionam em uma migração em massa, entre esses animais se inclui o tamanduá-bandeira. Jorge
et al.(2010).Por conta de todo esse fluxo migratório, tornou necessário o estudo da anatomia desse animal,
assim como de muitos outros. O presente trabalho volta-se para anatomia do coração principalmente para
os vasos da base.
Dyce e Wessing (2004) descreveram em animais domésticos, o coração é um órgão oco constituído
de quatro cavidades, dois átrios e dois ventrículos separados pelos septos. Já Michaelson e Ho (2000)
relataram que nos mamíferos o coração fica suspenso na cavidade torácica e o saco pericárdico é fixo,
dorsalmente, pela raiz das grandes artérias e veias e, ventralmente, preso ao esterno, embora sua fixação ao
diafragma varie entre as espécies.
Alonso (2001) voltou-se para pesquisas referentes às características macro e microscópicas do
coração do ratão do banhado, relatou que o coração está localizado no mediastino médio, no espaço
compreendido entre a II e VI costela, com pequenas variações; e com a forma cônica, achatado dorsoventral.
32
E para Cruvinel et al. (2008) os resultados preliminares, foram feitos após utilizando dois espécimes de
Myrmecophaga tridactyla, que descreveram a base que se constituí dos seguintes vasos: tronco pulmonar,
veias cava cranial e caudal, veias pulmonares e aorta, no qual há dois átrios com suas respectivas aurículas.
Na face auricular apresenta o sulco interventricular paraconal e na face atrial o sulco interventricular
subsinuoso. A artéria coronária esquerda é dividida em ramo circunflexo e ramo paraconeal, já a artéria
coronária direita é dupla desde sua origem, aorta ascendente.
O presente trabalho tem como objetivo analisar e corar a arquitetura e topografia dos vasos da base
comparando-o com outros mamíferos.
Material e métodos
Para a realização do presente trabalho foram utilizados cinco corações de cadáveres de
Myrmecophaga tridactyla, de ambos os sexos, jovens e adultos. Esses animais vieram a óbito no Centro de
Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira da Companhia Energética de São Paulo (CESP), no
município de Ilha Solteira- SP. O projeto apresenta autorizações do SISBIO nº 43621 e da Comissão de
Ética no Uso de Animais da FEIS sob nº 02/2014 Eles foram devidamente pesados e documentados para
futuras pesquisas. No laboratório, foram congelados a -10°C. Posteriormente foram descongelados para a
abertura da cavidade torácica, por incisão com bisturi na pele e musculatura, e retirada do externo através
de ruptura das articulações costocondrais. Retirou-se o coração da cavidade torácica para à descrição da
morfologia interna, lavado em água corrente, dissecado e fixado em solução aquosa de formaldeído a 10%.
Foram descritas as cavidades cardíacas e seu comportamento, para tanto, o coração foi seccionado em plano
mediano, no sentido ápice-base, para que as cavidades ventriculares e atriais fossem expostas. As estruturas
foram identificadas por meio de esquemas e documentação fotográfica.
Resultados e discussão
Ao dessecar analisou-se a base do coração que é composta pelos seguintes vasos: veia cava cranial,
veia cava caudal, veias pulmonares, tronco pulmonar, artéria pulmonar direita e esquerda, aorta - com
artéria subclávia esquerda e o tronco braquiocefálico, além do ligamento arterioso.
Neste trabalho foi observado que o coração do tamanduá–bandeira possui sua base localizada no
terceiro espaço intercostal e seu ápice no sétimo espaço intercostal. Notou-se então que os mamíferos
possuem grandes variações com relação à topografia do coração. Em suas pesquisas, Guimarães (2009)
33
descreveu que o coração do lobo marinho do sul está localizado entre a terceira e sétima costela. Àvila et
al. (2010) estudando o coração de pacas adultas relataram que o órgão está entre o primeiro e quinto espaços
intercostais. Já Alonso (2001), em seu trabalho com ratão do banhado analisou que o órgão ocupava um
espaço na cavidade torácica compreendido entre a segunda e sexta costela. Observa-se que existe uma
grande variação da localização do coração entre os mamíferos em relação ao gradil costal, no entanto o
tamanduá-bandeira se assemelha ao lobo marinho do sul, descrito por Guimarães (2009).
Conclusões
Portanto o Myrmecophaga tridactyla apresenta muitos aspectos anatômicos e topográficos cardíacos
semelhantes aos demais mamíferos comparados. Devido à escassez de dados na literatura sobre a anatomia
e topografia do órgão em questão, este trabalho buscou elucidar alguns itens para ajudar os profissionais da
área de medicina veterinária a preservar a espécie, através das informações sobre a localização, vasos que
compõe o órgão e estruturas presentes tanto externamente quanto internamente.
Referências
ALONSO, C. R.; RAFASQUINO, M. E.; ANGUIS, F. J.; PIOVE, M. L.; IDIART, J. R. Características
macro y microscópicas del corazón y grandes vasos del coipo (Myocastor coypus, Molina) de diferentes edades.
Revista chilena de anatomía. v.19 n.1 Temuco abr. 2001. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0716-
98682001000100005&script=sci_arttext.
CRUVINEL, C. A. T.; MELO, A. P. F.; RIBEIRO, A. L. ; FRANCO, F. N. In: XIX CONGRESSO E XVII
ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VETERINÁRIOS DE ANIMAIS SELVAGENS, 2008, Santos-
SP. Anais do XIX CONGRESSO E XVII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VETERINÁRIOS DE
ANIMAIS SELVAGENS, 2008. Aspectos anatômicos do coração e artérias coronárias do Tamanduá Bandeira
(Myrmecophaga tridactyla, LINNAEUS, 1758).
DYCE, K.M., SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro:
Elsevier,2004, p. 215-229.
JORGE, R.S.P.; ROCHA, FL.; JUNIOR, J.A.M.; MORATO, R.G. Ocorrência de patógenos em carnívoros
selvagens brasileiros e suas implicações para a conservação e saúde pública. Oecologia Australis, v.14,n.3, pp. 686-
34
710, 2010.MICHAELSON, M., HO, S.Y.: Congenital Heart Malformations in Mammals: An Illustrated Text.
Imperial College Press, London. 2000; 132–134.
35
Influência de piscicultura sobre o metabolismo lipídico em
espécies de peixes silvestres no rio Paraná
Bruno da Silva (1) *, Lucas Spada (1), Igor Paiva Ramos (3), Rosicleire
Veríssimo Silveira (4), Cristiéle da Silva Ribeiro (5)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas- Licenciatura e Bacharelado, Laboratório de Estudos em
Fisiologia Animal- LEFISA. e-mail: [email protected]
3Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá.
4Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
Laboratório de Ictiologia Neotropical- LINeo.
5Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal- LEFISA.
Introdução
A produção de peixes em tanques-rede faz parte de uma crescente realidade brasileira nestes últimos
anos (Brasil-MPA, 2014). Este tipo de prática visa a melhora nos níveis de produção de uma maneira
sustentável, já que substitui a pesca extrativista e intensiva (Pelicice et al, 2014). Contudo, por mais que
haja vários prós à manutenção de peixes e alevinos nesse tipo de criação, também existem contras com
relação a ele. O grande aporte de ração que é dado aos animais em cativeiro é um aspecto negativo, já que
os resíduos desses alimentos, além de escamas e excretas dos animais confinados, podem se dissipar às
regiões adjacentes dos tanques e interferir na dieta dos peixes silvestres, ocasionando possíveis
modificações em aspectos do metabolismo energético destes animais (Jhonson et al., 2008). O objetivo do
presente trabalho consistiu, então, em investigar a dinâmica metabólica em exemplares de Geophagus
proximus, Pimelodus maculatus e Plagioscion squamosissimus, exemplares com densidade populacional
considerável na área de estudo, com vistas à avaliação do potencial de influência da piscicultura sobre o
metabolismo dos peixes silvestres que habitam as circunvizinhanças do sistema de tanques-rede de
produção, correlacionando-os às possíveis variáveis ambientais do local. Além disso, inferir como esse
manejo acomete os níveis tróficos que esses animais ocupam na ecologia aquática.
36
Material e Métodos
As coletas para o presente estudo foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no
munícipio de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can (vazão média anual = 1,76 m3/s) do reservatório
de Ilha Solteira, rio Paraná (50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S). As coletas da ictiofauna silvestre foram
realizadas com auxílio de redes de espera de diferentes gradações (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) em
duas áreas amostrais (Autorização SISBIO- 42229-1), as quais: uma próxima aos tanques-rede (área
Tanque) e outra em local a aproximadamente 5 km a montante com características fisiográficas
semelhantes, mas sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (área Controle). Para as
avaliações propostas, foram utilizados 5 exemplares de cada espécie escolhida, por coleta. Para
comparação, as mesmas espécies foram coletadas na área Controle e analisadas de forma idêntica aos
animais da área Tanque. Posteriormente, estes animais foram eutanasiados (Protocolo CEUA-
001/2014/CEUA), com posterior extração e determinação da concentração de lipídeos totais nos tecidos
hepático, muscular e gonadal pela técnica de determinação colorimétrica desenvolvida por Folch et al
(1957), adaptada por Parrish (1998) para organismos aquáticos.
Para verificação do nível de interação entre as variáveis, foi utilizado o Software Sigma Stat 3.1.
Utilizou-se o Teste t de Student (α = 5%) para avaliações paramétricas; e aplicou-se o teste de Kruskal
Wallis para análises não paramétricas.
Resultados e discussão
Os dados mostraram que a corvina (P. squamosissimus) não possui mudanças lipídicas significativas
independentemente do local de coleta (Figura 1). Este resultado pode ser corroborado pelo hábito piscívoro
desta espécie (Santos et al., 2014), que não apresentou, portanto, influência direta da sobrecarga orgânica
da ração no ambiente próximo aos tanques-rede.
Analisando-se as espécies onívoras, foi possível verificar influência do ambiente sobre aspectos
lipídicos gonadais, demostrando o mesmo padrão de manutenção de altas concentrações de lipídeos totais
nos animais advindos do ambiente controle em comparação aos animais coletados em ambiente próximo
aos tanques-rede (para P. maculatus p=0,004; para G. proximus p=0,061- tendência estatística), estes dados
evidenciam uma possível influência do ambiente em caracteres reprodutivos, já que lipídeos perfazem cerca
de 20% da composição da vitelogenina, uma molécula com origem glicolipofosfoproteica, presente em
37
vertebrados e invertebrados que garante o sucesso e crescimento de embriões (Alabert, 2005).
Alternativamente, notou-se que as concentrações de lipídeos hepáticos tenderam a apresentar valores
elevados nos animais coletados próximos aos tanques-rede para as duas espécies onívoras, demostrando
que este tecido, importante na síntese e mobilização de substratos (Sheridan, 1994), foi influenciado pela
alta carga orgânica no ambiente.
Conclusões
Conclui-se que o ambiente de piscicultura de tanque-rede tem influência direta no substrato
metabólico lipídico nas espécies onívoras, P. maculatus e G. proximus, agindo especialmente no que tange
ao tecido hepático e gonadal. De forma contrastante, a espécie piscívora, P. squamosissimus, não parece
ter sido diretamente influenciada pelo meio nos tecidos e substrato analisados.
Referências
ALABERT, B.J.. Particularities of reproduction and oogenesis in teleost fish compared to mammals.
Reproduction, nutrition, development. v.45, p.261-279, 2005.
BRASIL- Ministério da Pesca e Aquicultura. Potencial brasileiro. Disponível em:
<http://www.mpa.gov.br/aquicultura/potencial-brasileiro>Acesso em: 25 jan. 2016.
FOLCH, J.; LESS, M.; SLOANE-STANLEY, G.H. A simple method for the isolation and purification of total
lipids from animal tissues. The Journal of Biological Chemistry, v. 226, p. 496-503, 1957.
Figura 1- Concentração de lipídeos
totais teciduais (mg/g) em Pimelodus
maculatus, Plagioscion
squamosissimus e Geophagus
brasilienses em área controle e
38
JOHNSON, M. R.; BOELKE, C.; CHIARELLA, L.A; COLOSI, P.D.; GREENE, K.; LELLIS-DIBBLE, K.;
LUDERMANN, H.; LUDWIG, M.; MCDERMOTT, S.; ORTIZ, J.; RUSANOWSKY, D.; SCOTT, M.; SMITH, J.
Impacts to Marine Fisheries Habitat from Nonfishing Activities in the Northeastern United States. NOAA Technical
Memorandum NMFS-NE-209, US department of commerce, Gloucester, Massachusetts, p.322, 2008.
PELICICE, F.M.; VITULE, J.R.S.; LIMA-JUNIOR, D.P.; ORSI, M.L; AGOSTINHO, A.A. A serious new
threat to Brazilian freshwater ecosystems: the naturalization of nonnative fish by decree. Conservation Letters, v. 7,
p. 55–60, 2014.
SANTOS, N.C.L.; MEDEIROS, T.N.; ROCHA, A.A.F.; SEVERI, W. Uso de recursos alimentares por
Plagioscion squamosissimus – piscívoro não-nativo no Reservatório de Sobradinho-BA, Brasil. Boletim do Instituto
de Pesca, v. 40, p. 397-408, 2014.
SHERIDAN, M.A.. Regulation of lipid metabolism in poikilothermic vertebrates. Comp. Biochem. Physiol.,
v.107, p.495-508, 1994.
39
Proposta de Folder: Cuide melhor de sua Orquídea
Bruno Gasparoti Miranda(1)*, Regina Maria Monteiro de Castilho (2)
1UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica, [email protected]
2UNESP-FEIS, Profª. Assistente Drª. Departamento de Fitotecnia.
Introdução
Orchidacea é a maior família botânica, possuindo mais de 820 gêneros, sendo que cada um têm de
uma a centenas de espécies, somando cerca de 20.000 pelos quatro cantos do mundo (Internet Orchid
Species Photo Encyclopedia, 2016). O mercado orquidófilo cresce 20% ao ano e o plantio de Orquídeas
tem se tornado um hobby comum, porém com deficiências em sua pratica, devido à falta de informações.
Por esse motivo tem-se a proposta de criar um folder informativo, que auxiliará orquidófilos amadores a
terem noções básicas de cultivo.
Material e métodos
O folder foi desenvolvido como parte do Projeto de Extensão “Ruas Verdes”, que visa atender a
população quanto as dúvidas relacionadas a plantas ornamentais, entre elas orquídeas. Para a realização
desse material, foi utilizado conhecimento prático do discente, assim como consulta em bibliografia
especializada a essa cultura.
40
Resultados
41
Conclusões
Como não ocorreu a divulgação deste material, acredita-se que este contemple as dúvidas básicas
de um Orquidófilo amador.
Referências
Internet Orchid Species Photo Encyclopedia. Disponível em: http://www.orchidspecies.com/. Acesso em:
maio/2016.
42
Preservação criogênica e ativação da motilidade de espermatozóides
Brycon orbignyanus
Caio de Souza Capuzzo, Rosicleire Veríssimo-Silveira(1)*, José Augusto
Senhorine(2), Alexandre Ninhaus-Silveira(1)
1Laboratório de Ictiologia Neotropical – L.I.NEO, Departamento de Biologia e Zootecnia – UNESP,
Faculdade de Engenharia; Avenida Brasil, 56,CEP 15385-000, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil
2Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais - CEPTA, Pirassununga, São Paulo,
Brasil
*Corresponding author: Phone:(5518)3743-1152 ext:1285, Fax:(5518)3743-1186, e-mail:
Introdução
O estudo das características seminais e das técnicas de congelamento de gametas das espécies
teleósteos pode ampliar as perspectivas da produção piscícola, como implicações interessantes para o
desenvolvimento técnico-científico nesta área. Bem como para a manutenção da variabilidade genética ma
preservação "in situ", sendo de importância fundamental quando da necessidade de restauração do ambiente
degradado. Este trabalho teve como objetivo a ampliação do conhecimento da biologia reprodutiva de
Brycon orbignyanus através do estudo de suas características seminais e o desenvolvimento de técnicas de
congelamento de espermatozóides desta espécie.
Material e Métodos
Exemplares adultos de Brycon orbignyanus foram induzidos a espermiação por uma injecção de 1
mg de extrato de hipófise de carpa (CPE) por kg de peso corporal. Após 6h, o sêmen foi colhido por
massagem abdominal e armazenado em tubos de ensaio esterilizados. Foram utilizados 6 machos. Das
amostras de sêmen foram avaliados: volume (mL); cor; taxa de motilidade subjetiva (%) e concentração de
espermatozóides (sptz/mm3), obtido utilizando-se câmara de Neubauer. Como diluente foi utilizada uma
43
solução composta por glicose (5,4%), gema de ovo de galinha (20mL), uma substância crioprotector (CPS)
e água destilada (Ninhaus-Silveira et al., 2006).
Foram avaliados como crioprotetores dimetil sulfóxido (MeSO4) e propileno glicol (PG), em
quatro concentrações diferentes: 5%, 10%, 15% e 20%, o sêmen foi diluido na razão de 1:3
(sêmen:diluente). Após a diluição foi envasado em palhetas de 0,5 mL, à temperatura ambiente e
imediatamente congelados em vapores de nitrogênio líquido num "recipiente seco" de CryoPac/CP-100
(Taylor-Warton) à temperatura de -180ºC. Após o congelamento, as palhetas com sêmen foram transferidos
para um container do tipo líquido (- 195ºC). Para verificar a viabilidade espermática do sêmen fresco e
criopreservado, foram avaliadas 4 soluções salinas como ativadores de motilidade: NaHCO3 59,5 mM,
NaHCO3 119 mM (Fogli da Silveira, 1990), 25 mM de NaCl e 50 mM de NaCl. Para descongelamento as
palhetas foram imersas em água a 36ºC por 10s. Para análise dos dados foi utilizado Programa Estatístico
R pelo qual foi aplicada a ANOVA (α = 0,05) e Tuckey para os dados com diferença estatística significativa.
Resultados e discussão
Após indução hormonal, foi obtida uma média de 4,0 mL de sêmen denso, de coloração leitosa,
com concentração média de 17,29x109 sptz/mL, com 80% de motilidade e duração média de 60 segundos.
Não foi detectado efeito significativo (α = 0,05) na ativação dos espermatozoides, tanto para sêmen fresco,
como para o sêmen diluído e congelado, entre as soluções salinas testadas. Diferindo do resultado obtido
com Leporinus macrocephalus, no qual a solução que melhor ativa os espermatozoides após o
descongelamento é o NaHCO3 119 mM (RIBEIRO & GODINHO, 2003). Sugerindo assim que este fator
deve que ser testado para cada espécie trabalhada.
Quanto ao processo de congelamento, a análise indicou uma correlação significativa (α = 0,05) no
aumento da motilidade espermática, para o uso de propileno glicol 5% ou dimetil sulfóxido a 5 e 20%, não
havendo diferença significativa entre estas (Fig. 1). Resultado este similar ao encontrado por Maria et al.
(2006) para a mesma espécie, utilizando como agente crioprotetor metilglicol. Estes resultados podem
indicar a especificidade quanto ao crioprotetor e que a escolha correta deste pode favorecer a diminuição
da concentração deste, diminuindo a toxidade da solução a ser utilizada, mas mantendo a eficiência da
solução crioprotetora. E não foi detectado interações significativas (α = 0,05) entre o tipo de sal, a
concentração destes e os crioprotetores utilizados.
44
Figura 1: Relação entre crioprotetor (DMSO – Dimetil sulfóxido; PROP – Propileno Glicol), concentração
do crioprotetor (5, 10, 15 e 20%) motilidade espermática (%). *Resultados sem diferença significativa entre
si, mas diferentes dos outros tratamentos.
Conclusão
Podemos concluir que as criosoluções com 5% (DMSO e PROP) e 20% (DMSO) foram capazes
de proteger as células dos espermatozoides durante o congelamento e descongelamento. E que ambas as
concentrações das soluções salinas de NaCl e NaHCO3 são ideais para ativação da motilidade espermática
do sêmen de B. orbignyanus.
Agradecimento
Este trabalho foi apoiado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais
- CEPTA / ICMBio, que forneceu os peixes e as instalações utilizadas neste estudo, e financiado pelo CNPq
(Conselho Nacional de Pesquisa) e pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo).
Referências
Fogli Da Silveira, W.; Kavamoto, E.T.; Cestarolli, M.A.; Godinho, H.M.; Ramos, S.M.; Silveira,
A.N. 1990. Avaliação espermática, preservação criogênica e fertilidade do sêmen do pacu, Piaractus
mesopotâmicus (Holmberg, 1887), proveniente de reprodução induzida. Bol. Inst. Pesca São Paulo, 17:1-
13.
* *
*
45
Ninhaus- Silveira, A., Veríssimo-Silveira, R., Senhorini, J. A., Okuda, H. T. 2006. Seminal
Analysis, Cryogenic Preservation, and Fertility in Matrinxã Fish, Brycon cephalus (Günther, 1869). Braz.
Arch. Biol. Tech., 49(4): 651-659.
Ribeiro, R. I. M. A; Godinho, H. P. 2003. Testicular sperm cryopreservation of the teleost 'piau-açu'
Leporinus macrocephalus. Arq. bras. med. vet. zootec;55(1):75-79.
Maria, A.N., Viveiros, A. T. M., Freitas, R. T. F., Oliveira A. V. 2006. Extenders and cryoprotectants
for cooling and freezing of Brycon orbignyanus semen, an endangered Brazili an teleost fish. Aquaculture
260: 298–306.
46
Análise econômica da produção de mini crisântemos em vaso em
Atibaia/SP
Caio Shigueaki Shiroto(1)*, Omar Jorge Sabbag (2)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia
de Alimentos e Sócioeconomia - DFTASE. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia –
DFTASE.
Introdução
A produção de flores e plantas ornamentais caracteriza-se como um dos mais promissores segmentos
da horticultura brasileira. A cadeia produtiva no Brasil movimentou em 2013 R$ 5,22 bilhões, acumulando
crescimento de 8,3% sobre os resultados obtidos em 2012. (JUNQUEIRA E PEETZ, 2014).
O crisântemo é um produto de ampla comercialização em todo o Brasil e tipicamente para consumo
interno, sendo indispensável na formação do mix para a comercialização (GRUZYNSKI, 2001).
Segundo Oliveira (2014), a falta de um planejamento sólido pode colocar em risco a continuidade
da produção, demonstrando a importância da gestão de custos do negócio escolhido.
Sendo assim, objetivo do presente trabalho foi avaliar e verificar os custos e a rentabilidade
econômica da produção de mini crisântemos em vasos no município de Atibaia/SP.
Material e métodos
Foi efetuado um levantamento de custos referentes a dados coletados em uma propriedade particular
localizada no município de Atibaia-SP. Para a condução da cultura – mini crisântemos em vaso, o produtor
utilizou duas estufas (950 m²), dividindo as etapas de acordo com o ciclo produtivo. O período de avaliação
econômica foi relativo à produção mensal, sendo os preços empregados referentes ao ano de 2016.
Para calcular-se o custo de produção, procedeu-se à estrutura utilizada pelo Instituto de Economia
Agrícola - IEA (MATSUNAGA et al., 1976). O COE (custo operacional efetivo) constituiu-se dos gastos
com mão de obra e insumos. Adicionando-se a depreciação linear dos investimentos, encargos sociais,
47
despesas gerais e encargos financeiros, obteve-se o custo operacional total (COT). Por fim, a remuneração
ao investimento adicionado ao COT resultou no custo total de produção (CTP).
Dentre os indicadores de rentabilidade utilizados (MARTIN, 1997), tem-se a receita bruta, sendo
a quantidade produzida multiplicada pelo preço unitário recebido pelo produtor. O lucro operacional é
representado pela diferença entre a receita bruta e o custo operacional total. O índice de lucratividade
representa a porcentagem entre o lucro operacional com relação receita bruta, após a cobertura de todos os
gastos na atividade. Por fim, a produção de equilíbrio foi dada pela razão entre o COT e o custo por vasos,
bem como o preço de equilíbrio, obtido pela razão entre o COT e o número de vasos produzidos.
Resultados e discussão
O investimento necessário totalizou em R$104.022,40, em que devem-se destacar as maiores
despesas com a estufa 1, representando 91,8% do capital investido (Tabela 1).
Tabela 1 - Investimentos fixos para a implantação e cultivo de mini crisântemo em vaso, com área total de
950,00 m² de estufas, Atibaia/SP, 2016.
Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário (R$) Valor Total
(R$)
Estufa 1 m² 845 113,00 95.462,40
Estufa 2 m² 105 62,00 6.514,00
Caixa d’água/ Eqptos. Pulv. unid. 1 2.050,00 2.050,00
TOTAL 104.022,40
Fonte: dados da pesquisa.
Com relação aos custos provenientes do sistema de produção (Tabela 2), o valor de R$3.185,55
foi referente ao COE (custo operacional efetivo); dentre os insumos utilizados, as mudas apresentavam
maior expressividade, respondendo por 28,7% do COE. O valor encontrado para o COT (custo operacional
total) foi de R$5.422,96. O item “Outras despesas” foi calculado a partir do gasto mensal com despesas
proveniente da comercialização, que inclui pedágio, combustível, aluguel, seguros, etc.
48
Tabela 2 - Estimativa do Custo Operacional Total (COT) e do Custo Total de Produção (CTP) mensal de
mini crisântemos em vasos, com área total de 950 m² de estufas em Atibaia/SP, 2016.
Item Valor (R$)
Mão de obra 825,66
Insumos 2.359,89
COE 3.185,55
Depreciação Linear 413,15
¹Encargos Sociais 275,19
²Despesas Gerais 175,21
³Encargos Financeiros 7,30
Outras Despesas 856,45
COT 4.902,85
Remuneração ao investimento4 520,11
CTP 5.422,96
¹ 33% da mão de obra; ² 5% do COE; ³ 5,5% a.a sobre 50% do COE; 412% a.a sobre 50% do COE.
Fonte: dados da pesquisa.
De acordo com os indicadores de rentabilidade (Tabela 3), o lucro operacional foi de R$1.630,79
considerando o preço unitário de R$2,20 pago ao produtor. Foram considerados perdas de 5% do total de
vasos produzidos, valor considerado aceitável pelo produtor. A produção de equilíbrio foi de 2.465
unidades, para que o produtor não tenha prejuízos, bem como é necessário comercializar no mínimo a
quantidade ofertada um preço de R$1,69 para cobrir o custo total de produção.
Tabela 3 - Produção, preços e indicadores de lucratividade da produção mensal de mini crisântemos em
vasos, com área total de 950 m² de estufas, Atibaia/SP, 2016.
Item Produção mensal
Produção (unidades) 3.206
Preço unitário (R$) 2,20
Receita Bruta (R$) 7.053,75
Custo Total (R$) 5.422,96
49
Lucro Operacional (R$) 1.630,79
Índice de Lucratividade (%) 23,12
Produção de Equilíbrio (unidades) 2.465
Preço de custo/unidade (R$) 1,69
Fonte: dados da pesquisa
Conclusões
A produção de mini crisântemos em vaso é relevante sob a ótica econômica, demonstrando que o
empreendimento apresenta-se rentável, evidenciando assim um parâmetro básico de gestão de custos para
a produção de flores e plantas ornamentais.
Referências
GRUZYNSKI, C. Produção comercial de crisântemos: vaso, corte e jardim. Guaíba: Agropecuária, 2001.
166 p.
JUNQUEIRA, A.H.; PEETZ, M.S. O setor produtivo de flores e plantas ornamentais do Brasil, no período de
2008 a 2013. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v.20, n.2, p.115-120, 2014.
MARTIN, N. B; SERRA, R; OLIVEIRA, M.D.M; ÂNGELO, J.A; OKAWA, Hl. Sistema “CUSTAGRI”:
sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, 1997. p. 1-75.
MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P.F; TOLEDO, P.E.N. 1976 Metodologia de custo utilizada pelo IEA.
Agricultura em São Paulo, São Paulo, 23(1): 123-139
OLIVEIRA, Donizete Cosme. A importância do planejamento financeiro. Revista Intellectus, v. 8, n. 20, p.75-
83, abr-mai. 2012.
50
Análise econômica da produção de pimenta ornamental em vaso
em Atibaia/SP
Caio Shigueaki Shiroto(1)*, Omar Jorge Sabbag (2)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia
de Alimentos e Sócioeconomia - DFTASE. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia –
DFTASE.
Introdução
O setor de flores e plantas ornamentais vem se destacando no agronegócio brasileiro apresentando
um crescimento médio de 8% ao ano. Existem, no Brasil, 7.800 produtores de flores e plantas ornamentais,
os quais, em seu conjunto, cultivaram, em 2013, uma área total de 13.468 hectares. (JUNQUEIRA e
PEETZ, 2014).
Dentre as características das pimenteiras como ornamentais de vasos, destacam-se a fácil
propagação por sementes, o curto período de cultivo, a tolerância ao calor e a seca, mantendo excelente
qualidade, harmonia de vaso e fácil manutenção. (LIMA et al, 2013)
Segundo Oliveira (2014), a falta de um planejamento sólido pode colocar em risco a continuidade
da produção, demonstrando a importância da gestão de custos do negócio escolhido.
Sendo assim, objetivo do presente trabalho foi avaliar e verificar os custos e a rentabilidade
econômica da produção de pimenta ornamental em vasos no município de Atibaia/SP.
Material e métodos
Foi efetuado um levantamento de custos referentes a dados coletados em uma propriedade particular
localizada no município de Atibaia-SP. Para a condução da cultura, o produtor utilizou uma estufa de 1.800
m² com capacidade para 10.800 vasos, onde tem-se do transplante da muda até seu desenvolvimento para
atingir o ponto de comercialização. O período de avaliação econômica foi relativo à produção mensal, sendo
os preços empregados referentes ao ano de 2016.
Para calcular-se o custo de produção, procedeu-se à estrutura utilizada pelo Instituto de Economia
51
Agrícola - IEA (MATSUNAGA et al., 1976). O COE (custo operacional efetivo) constituiu-se dos gastos
com mão de obra e insumos. Adicionando-se a depreciação linear dos investimentos, encargos sociais,
despesas gerais e encargos financeiros, obteve-se o custo operacional total (COT). Por fim, a remuneração
ao investimento adicionado ao COT resultou no custo total de produção (CTP).
Dentre os indicadores de rentabilidade utilizados de acordo com Martin (1997), tem-se a receita
bruta, sendo a quantidade produzida multiplicada pelo preço unitário recebido pelo produtor. O lucro
operacional é representado pela diferença entre a receita bruta e o custo operacional total. O índice de
lucratividade representa a porcentagem entre o lucro operacional com relação receita bruta, após a cobertura
de todos os gastos na atividade. Por fim, a produção de equilíbrio foi dada pela razão entre o COT e o custo
por vasos, bem como o preço de equilíbrio, obtido pela razão entre o COT e o número de vasos produzidos.
Resultados e discussão
O investimento necessário para a produção de pimenta em vaso totalizou-se em R$120.680,00, em
que se devem destacar as maiores despesas com a estufa, representando 97% do capital investido (Tabela
1).
Tabela 1 - Investimentos fixos para a implantação e cultivo de pimenta ornamental em vaso, com área total
de 1.800 m² de estufas, Atibaia/SP, 2016.
Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário (R$) Valor Total (R$)
Estufa m² 1.800 65,00 117.000,00
Caixa d’água e Equip. Pulv. Unid. 1 3.680,00 3.680,00
TOTAL 120.680,00
Fonte: dados da pesquisa.
Com relação aos custos provenientes do sistema de produção (Tabela 2), o valor de R$6.546,31
foi referente ao COE (custo operacional efetivo); dentre os insumos utilizados, as mudas apresentavam o
maior peso, respondendo por 22,6% do COE. O valor encontrado para o COT (custo operacional total) foi
de R$10.461,07. O item “Outras despesas” foi calculado a partir do gasto mensal com despesas proveniente
da comercialização, que inclui pedágio, combustível, aluguel, seguros, etc.
52
Tabela 2 - Estimativa do Custo Operacional Total (COT) e do Custo Total de Produção (CTP) mensal de
pimentas ornamentais em vasos, com área total de 1.800 m² de estufas em Atibaia/SP, 2016.
Item Valor (R$)
Mão de obra 2.201,76
Insumos 4.344,55
COE 6.546,31
Depreciação 462,28
¹Encargos Sociais 733,85
²Despesas Gerais 327,32
³Encargos Financeiros 15,00
Outras Despesas 1.772,93
COT 9.857,67
Remuneração ao investimento4 603,40
CTP 10.461,07
¹ 33% da mão de obra; ² 5% do COE; ³ 5,5% a.a de 50% sobre COE; 412% a.a de 50% sobre COE.
Fonte: dados da pesquisa.
De acordo com os indicadores de rentabilidade (Tabela 3), o lucro operacional foi de R$4.313,33
considerando o preço de R$4,00/unidade pago ao produtor. Foram considerados perdas de 5% do total de
vasos produzidos, valor considerado aceitável pelo produtor. A produção de equilíbrio foi de 2.615
unidades, para que o produtor não tenha prejuízos, bem como é necessário comercializar no mínimo a
quantidade ofertada um preço de R$2,83 para cobrir o custo total de produção.
Tabela 3 - Produção, preços e indicadores de lucratividade da produção mensal de pimenta ornamental em
vasos, com área total de 1.800 m² de estufas, Atibaia/SP, 2016.
Item Produção mensal
Produção (unidades) 3.694
Preço unitário (R$) 4,00
Receita Bruta (R$) 14.774,40
Custo Total (R$) 10.461,07
53
Lucro Operacional (R$) 4.313,33
Índice de Lucratividade (%) 29,19
Produção de Equilíbrio (unidades) 2.615
Preço de custo/unidade (R$) 2,83
Fonte: dados da pesquisa.
Conclusões
Foi possível verificar que a produção de pimentas ornamentais em vaso é lucrativa, e apesar do
elevado investimento inicial, o empreendimento demonstra-se rentável, demonstrando ser uma nova
alternativa de cultura para quem já trabalha no ramo da produção de flores e plantas ornamentais.
Referências
JUNQUEIRA, A.H.; PEETZ, M.S. O setor produtivo de flores e plantas ornamentais do Brasil, no período de
2008 a 2013. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v.20, n.2, p.115-120, 2014.
LIMA, I. B; SANTOS, A. B; FONSECA, J. J. S; TAKANE, R. J; LACERDA. C. F. Pimenteira ornamental
submetida a tratamentos com daminozide em vasos com fibra de coco ou areia. Semina: Ciências Agrárias. Londrina,
v. 34, n. 6, suplemento1, p. 3597 – 3610, 2013.
MARTIN, N. B; SERRA, R; OLIVEIRA, M.D.M; ÂNGELO, J.A; OKAWA, Hl. Sistema “CUSTAGRI”:
sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, 1997. p. 1-75.
MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P.F; TOLEDO, P.E.N. 1976 Metodologia de custo utilizada pelo IEA.
Agricultura em São Paulo, São Paulo, 23(1): 123-139
OLIVEIRA, Donizete Cosme. A importância do planejamento financeiro. Revista Intellectus, v. 8, n. 20, p.75-
83, abr-mai. 2012.
54
Montagem de horta pelo SolidarISA
Camila Carmona de Moraes Ribeiro (1), Bruno C. Saraiva (2),
Rodrigo Castilho Freitas(3)
1UNESP-FEIS, Graduando(a) em Engenharia Agronômica,
2,3 UNESP-FEIS, Graduando em Ciências Biológicas.
Introdução
O SolidarISA (Grupo de Voluntários de Ilha Solteira) foi criado por universitários da UNESP, em
2012 com a ideia de realizar atividades e projetos voluntários para melhoria da comunidade, contando em
média com 60 voluntários de todos os cursos da UNESP – Ilha Solteira.
Visto a existência de uma casa de acolhimento que atende, no momento, 10 crianças e 5
adolescentes, o SolidarISA vem desenvolvendo uma horta, desde maio de 2016, com finalidade lúdica e
também de observação dos ciclos dos vegetais.
Segundo Louro, Salomão e Pereira (2016), a construção e manutenção de uma horta se mostra uma
importante estratégia de trabalho prático e de abordagens lúdicas junto às crianças, o que pode contribuir
para a aquisição de valores, a ampliação de vocabulário e o desenvolvimento de habilidades ligadas a vários
campos de conhecimento, além de melhorar a sociabilidade. Além disso, a inserção da horta possibilita, de
acordo com Fridrich (2015), um contato maior com a natureza, bem como o conhecimento de onde provêm
os alimentos e como são produzidos.
Assim, o trabalho relata o desenvolvimento da horta que vem sendo realizada pelo SolidarISA, na
casa de acolhimento.
Material e métodos
A horta vem sendo desenvolvida na área de 15𝑚2, sendo necessário os seguintes materiais: carriola,
enxada, pá de jardinagem, regador, ancinho, mangueira e luvas. Iniciou-se, no dia 02/05/2016, com a adição
e incorporação de 300L de composto orgânico (produzido na FEPE – UNESP / Ilha Solteira) a área acima
referida (Figura 1.1). Posteriormente foram montados 2 canteiros de 5m x 1,20m x 0,30m (comprimento x
55
largura x altura), distanciados entre si por 0,30m, e marcadas linhas, de 0,10m entre cada uma, onde as
crianças semearam cenoura. Anteriormente a semeadura, foi realizado a Oficina de Arte onde as mesmas
realizaram pinturas – utlizando papel, lápis de cor e giz de cera, com os temas voltados a natureza e a horta.
Vem sendo realizado o monitoramento da irrigação e do desenvolvimento da espécie plantada.
No dia 15/05/2016, foi realizado a semeadura (Figura 1.2 e 1.3) de alface, couve, pepino, beterraba
e tomate cereja, em bandejas de isopor de 128 células, que foram preenchidas pelas crianças, utilizando
substrato comercial. As bandejas estão em ambiente sombreado, sendo irrigadas diariamente, e monitorado
quanto a germinação.
Resultados e discussão
Da mesma maneira que relatado por Lauro, Salomão e Pereira (2010), as atividades da horta foram
aceitas com entusiasmo pelas crianças. Com utilização de desenhos e lápis de cor, também foram
explorados assuntos relacionadas à horta, e notou-se que as crianças participaram ativamente; segundo
Souza e Zoia (2011) por meio do desenho a criança desenvolve a linguagem, o pensamento e a socialização.
A atividade realizada – Oficina de Arte, estimulou a criatividade das crianças e a interação com o grupo de
voluntários.. A cenoura que foi semeada já está em processo de germinação (Figura 1.4), como esperado,
visto a informação da Agristar (2016), empresa doadora das sementes.
Figura 1: 1) incorporação do composto; 2) preenchimento da bandeja de isopor; 3) semeadura; 4)
germinação das sementes de cenoura no canteiro.
Conclusões
As atividades têm trazido momentos de interação entre as crianças, que demostram envolvimento e
alegria durante as ações realizadas. As crianças mostram-se empolgadas com todas as etapas, participando
56
ativamente e mantendo interesse constante com todos os processos relacionados à horta e todas as outras
atividades complementares.
Agradecimentos
Ao Grupo de Voluntários SolidaISA, ao apoio do Grupo Prime da Engenharia Agronômica, ao
Projeto de Extensão “Jardinagem como instrumento de percepção do meio ambiente, para crianças e pré-
adolescentes “, e a Agristar.
Referências
AGRISTAR. Linha Topseed. Disponível em http://agristar.com.br/topseed/produtos. Acesso em 17 maio
2015.
FRIDRICH, G. A. O desenvolvimento de atividades práticas voltadas para educação ambiental por
meio de horta escolar: um relato de experiência do projeto “vida e saúde na escola”. XI Fórum Ambiental da
Alta Paulista, v. 11, n. 4, 2015, pp. 363-369.
LOURO, D. T. F.; SALOMÃO, S. R.; PEREIRA, L. P. Brincar e aprender com a horta da creche: reflexões
sobre o ensino de ciência na educação infantil. Disponível em:
http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/resumos/resumos/7131.htm. Acesso em: 17 maio 2016.
SOUSA, J. A.; ZOIA, A.O desenho como instrumento de aprendizagem na educação infantil. Eventos
Pedagógicos v. 2, n. 1 (2. ed. rev. e aum.), p. 148-158, 2011.
57
Dieta de Potamotrygon amandae e Potamotrygon falkneri
(Myliobatiformes, Potamotrygonidae) em área de ocorrência não
natural, no alto rio Paraná, SP: dados parciais
Cibele Diogo Pagliarini(1)*, Jumma Miranda Araújo Chagas(2), Luciano Alves
dos Anjos(3), Rosilene Luciana Delariva(4), Cristiéle da Silva Ribeiro(5), Igor Paiva
Ramos(6)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail:
2UNESP-IBB, Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo
3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo
4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Estudos em Fisiologia do
Animal
6UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes
Introdução
As raias da família Potamotrygonidae formam um grupo monofilético pertencente à ordem
Myliobatiformes, importante grupo da ictiofauna Neotropical, estritamente de água doce e com distribuição
pela América do Sul. Apesar de sua ampla distribuição geográfica, o estabelecimento de representantes
dessa família a destacar Potamotrygon amandae e P. falkneri na região do alto rio Paraná, somente foi
possível, após a inundação do Salto de Sete Quedas (Loboda e Carvalho, 2013).
Potamotrygon motoro possui história taxonômica complexa, com espécies nominais em sua
sinonímia e persistentes dúvidas sobre a condição de ser uma única espécie ou complexo de espécies. Desta
forma, sua distribuição na bacia do rio Paraná acima do reservatório de Itaipu, foi revisada e segundo
Loboda e Carvalho (2013), a espécie com ocorrência nesta área seria P. amandae, enquanto P. motoro,
ocorreria em outras áreas da bacia do Paraná/Paraguai.
58
Potamotrygon amandae possui uma coloração dorsal marrom-acinzentada ou escura e olhos
relativamente grandes. Cabeça estreita com a distância interorbital de 11,5 a 16,9% da largura do disco.
Sua boca também é estreita, de 15 a 30 mm, com largura do disco variando de 7,0 - 11,7%. A maxila
superior é composta de 26 a 37 dentes e a inferior de 23 a 33. O comprimento máximo da espécie é de 31,2
cm (Froese e Pauly, 2015; Loboda e Carvalho, 2013). Por outro lado, P. falkneri possui coloração marrom
com numerosas manchas amareladas de formato irregulares, geralmente maiores que o diâmetro dos olhos
que são relativamente grandes. O comprimento do disco varia de 1 a 1,1 na sua largura (Britski et al., 2007).
A boca é pequena medindo de 24 a 47 mm, com largura do disco variando de 8,5 a 11,7. Possuem dentes
pequenos, mais amplos do que longos, sendo que na maxila superior há de 30 a 45 dentes e na inferior de
29 a 43. O comprimento máximo da espécie é de 89,2 cm (Carvalho e Silva, 2011).
Considerando que essas espécies ocorrem em simpatria e compartilham características
morfológicas, é esperado que ocorra variações no uso dos recursos alimentares. Dessa forma, o objetivo do
presente estudo foi caracterizar a dieta das duas espécies de raias (P. amandae e P. falkneri), em área de
ocorrência não natural no alto rio Paraná.
Material e métodos
As coletas foram realizadas a montante das UHE de Jupiá e Porto Primavera, com o auxílio de
arpão, desde o segundo semestre de 2015. Até o presente momento, foram analisados 38 exemplares, sendo
17 pertencentes à espécie P. amandae e 21 a P. falkneri. Os indivíduos foram coletados, anestesiados e
eutanasiados com benzocaína 0,5% conforme autorização SISBIo nº 50019-1. Todos os exemplares tiveram
mensurados o comprimento e largura do disco (cm) e massa total (g). Posteriormente, os mesmos foram
dissecados, tendo o estômago retirado e fixado em solução de formol 4% e conservados em álcool 70% e
encaminhados ao Laboratório de Ecologia de Peixes do Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS –
UNESP, para análises laboratoriais para caracterização da dieta. Os conteúdos estomacais foram
examinados sob estereomicroscópio, sendo os itens alimentares considerados isoladamente e identificados
até o menor nível taxonômico possível. Após, foram quantificados de acordo com o método volumétrico
utilizando-se a massa de cada item, em balança analítica de precisão (0,0001 g). Para verificar a importância
relativa de cada item na dieta das espécies foi empregado o índice de importância alimentar (IAi)
(Kawakami e Vazzoler, 1980).
59
Para avaliar possíveis diferenças na composição da dieta entre as espécies foi empregada a análise
multivariada PERMANOVA one-way utilizando-se os dados de massa de cada item alimentar para cada
exemplar avaliado. Posteriormente, foi aplicada a análise SIMPER, para verificar a contribuição de cada
item alimentar para a diferença observada (Clarke, 1993). Ambas as análises foram realizadas no software
Past 3.0.
Resultados e discussão
O espectro alimentar de ambas espécies foi composto por 23 itens alimentares, distribuídos em 10
categorias. Especificamente, para P. amandae foram registrados 16 itens alimentares enquanto para P.
falkneri registrou-se 20 itens. Quanto a importância de cada item, para ambas as espécies, o principal item
foi Fragmento de peixe (P. amandae IAi 67,85 e para P. falkneri IAi 62,53). Contudo, para P. amandae,
Detrito foi o segundo item mais importante (IAi 22,65), seguido por Fragmento vegetal (IAi 6,98), enquanto
para P. falkneri apenas Alga Spirogyra apresentou importância significativa (IAi 31,71). Verificou-se,
através da análise PERMANOVA one-way, diferença significativa (F 1,858; p=0,0024) na composição da
dieta entre as duas espécies, sendo que os itens que mais contribuíram para esta diferença, segundo análise
SIMPER, foram Fragmento de peixe (30,65%), Alga Spirogyra (14,17%), Detrito (8,95%). Esses resultados
demonstram que ocorreram variações na composição da dieta entre as duas espécies, podendo tal fato estar
relacionado a morfologia. P. amandae possui menor tamanho, diâmetro de boca e menor quantidade de
dentes do que P. falkneri, o que pode implicar em menor diversidade de itens alimentares, enquanto P.
falkneri pode se alimentar de itens de tamanhos mais variados.
Estudos de dieta com P. motoro no Alto Rio Paraná, anteriores a descrição de P. amandae,
demonstram semelhanças com os resultados aqui obtidos. Desta forma, resultados de Lonardoni et al.
(2006) destaca para P. falkneri o consumo de peixes tanto na forma de fragmentos não identificáveis de
musculatura e ossos, como a predação acentuada de cascudos Loricariidae, enquanto para P. motoro, a
composição da dieta foi mais equitativa, com a inclusão mais representativa de detrito, sedimento, vegetal
superior e insetos aquáticos, representados principalmente por formas imaturas de Odonata e Trichoptera.
Conclusões
As duas espécies de raias analisadas possuem hábito onívoro, com variação quanto à diversidade e
composição da dieta, relacionada provavelmente às diferenças na ecomorfologia das espécies.
60
Agradecimentos
Os autores agradecem a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP-FEIS) pela infraestrutura
e a FAPESP pela bolsa de estudos do primeiro autor
Referências
BRITSKI, H.A.; SILIMON, K.Z.S.; LOPES, B.S. Peixes do Pantanal: manual de identificação. 2.ed.
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2007. p.230
CARVALHO, M.R.; SILVA, J.P.C.B. A taxonomic and morphological redescription of Potamotrygon falkneri
Castex & Maciel, 1963 (Chondrichthyes: Myliobatiformes: Potamotrygonidae). Neotropical Ichthyology, v.9, n.1,
p.209-232, 2011.
CLARKE, K.R. Non-parametric multivariate analysis of changes in community structure. Australian Journal
of Ecology, v.18, p.117-143, 1993.
FROESE, R.; PAULY, D. FishBase. Scientific names where genus equals Potamotrygon. Disponível em:
<http://www.fishbase.org/>.
KAWAKAMI, E.; VAZZOLER, G. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de
alimentação de peixes. Boletim do Instituto Oceanográfico, v.29, p.205-207, 1980.
LOBODA, T.S.; CARVALHO, M.R. Systematic revision of the Potamotrygon motoro (Muller & Henle, 1841)
species complex in the Paraná-Paraguay basin, with description of two new ocellated species (Condrichthyes:
Mylibatiformes: Potamotrygonidae). Neotropical Ichthyology, v.11, n.4, p.693-737, 2013.
LONARDONI, A.P.; GOULART, E.; OLIVEIRA, E.F.; ABELHA, M.C.F. Hábitos alimentares e sobreposição
trófica das raias Potamotrygon falkneri e Potamotrygon motoro (Chondrichthyes, Potamotrygonidae) na planície
alagável do alto rio Paraná, Brasil. Acta Scientiarum - Biological Sciences, v.28, n.3, p.195-202, 2006.
61
Dieta e ocorrência de endoparasitas em Pimelodus maculatus em área
de influência de pisciculturas em tanques-rede, no reservatório de Ilha
Solteira, SP: resultados parciais
Denis William Johansem de Campos(1)*, Bruna Caroline Kotz Kliemman(2), Letícia
de Oliveira Manoel(2), Lidiane Franceschini(2), Rosilene Luciana Delariva(3), Igor
Paiva Ramos(4)
1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail: [email protected]
2UNESP-IBB, Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ecologia de Peixes
3UNIOESTE-CASCAVEL, Docente Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes
Introdução
Políticas públicas vêm sendo empregadas na substituição da pesca extrativista por atividades de
aquicultura (Pelicice, 2014) cujo crescimento anual em território brasileiro foi de 25% nos últimos oito
anos (MPA, 2011). Especificamente, o aumento das pisciculturas em tanques-rede proporcionou o grande
crescimento da aquicultura continental brasileira (Kubo, 2005). Porém em sistemas de pisciculturas em
tanques-rede, ocorre entrada contínua de matéria orgânica, sendo que até 30% desta matéria, pode ser
disponibilizado para o ecossistema aquático na forma de efluentes (restos de ração, fezes, muco, escamas e
peixes mortos) (Pillay, 2004). Estes efluentes podem ser utilizados como recurso alimentar pela biota
silvestre local, causando modificações em aspectos alimentares e na estrutura da comunidade ictica
(Håkanson, 2005; Ramos et al., 2013). Outro aspecto relevante, relacionado ao aumento de pisciculturas
em tanques-rede é a rápida expansão de doenças parasitárias em animais da biota silvestre (Nowak, 2007).
Contudo, existem poucos estudos sobre os impactos de pisciculturas em reservatórios Neotropicais
sobre a ictiofauna silvestre (Ramos et al., 2013). Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é avaliar a
influências de pisciculturas em tanques-rede sobre a dieta, aspectos populacionais e parasitológicos de
Pimelodus maculatus, espécie de peixe popularmente conhecida como “mandi-guaçu”.
62
Material e métodos
Exemplares de P. maculatus foram coletados no reservatório de Ilha Solteira, com auxílio de redes
de espera, em áreas próximas a piscicultura em tanques-rede (TR) (n=194) e outra em área sem influência
de piscicultura (CT) (n=21). Após a captura, os peixes foram quantificados, pesados (massa total em g) e
medidos (comprimento padrão em cm) utilizando-se de balança (0,01 g) e ictiômetro (0,1 cm).
Posteriormente, seus estômagos foram removidos, fixados em formol 4% e conservados em álcool 70%. O
conteúdo estomacal foi examinado sob estereomicroscópio, identificado até o menor nível taxonômico
possível e pesado (massa úmida, 0,0001 g). Para avaliar possíveis diferenças na composição de dieta
utilizou-se a análise PERMANOVA one-way, posteriormente, para avaliar a contribuição dos itens
alimentares para a diferença na composição da dieta aplicou-se análise SIMPER. Ainda, para comparação
do comprimento padrão e massa total entre as áreas TR e CT aplicou-se teste-t e test-U dependendo da
normalidade e variância dos dados, enquanto que para abundância foi utilizado teste-Z. O nível de
significância utilizado para todas as análises foi p<0,05, sendo as análises estatísticas realizadas por meio
do software Past 3.0 e Bioestat 5.3. Para os aspectos parasitológicos, foram avaliados apenas exemplares
da área TR (n=39). Para tanto, os exemplares de peixes, foram congelados e transportados até o laboratório,
onde foi realizada a coleta dos endoparasitas. Foram calculados os seguintes atributos parasitológicos:
prevalência (P), intensidade média de infecção (IMI) e abundância média (AM) (Bush et al., 1997).
Resultados e discussão
Foi observada diferença na composição da dieta de P. maculatus entre as áreas TR e CT (p<0,05).
Ração foi o item que mais contribuiu para a diferença (33,71%) seguido de Decapoda (19,73%), escama
(12,71%) e detrito orgânico (5,9%). Tais diferenças podem ser em função do hábito alimentar de P.
maculatus, espécie onívora e oportunista, que explora o recurso alimentar com maior disponibilidade e/ou
facilidade de captura como restos de ração na área TR. Segundo Ramos et al. (2013) P. maculatus explora
restos de ração provenientes de pisciculturas no reservatório de Chavantes, corroborando o presente
resultado. Não houveram diferenças para comprimento padrão (teste t p=0,06 e t=0,96) e massa total (teste
U p=0,05 e t=264,00) entre as duas áreas.
Quanto aos aspectos parasitológicos dos 39 exemplares avaliados oito estavam parasitados por ao
menos um taxa. Quatro taxas foram registrados até o presente momento: Procamallanus (Spirocamallanus)
63
sp., Cucculanidae. Cisto de Nematoda e metacercárias de Austrodiplostomum compactum, perfazendo um
total de 14 espécimes de parasitas, sendo seus atributos parasitológicos apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Valores de Prevalência (P), Abundância Média (AM) e Intensidade média de infecção (IMI)
para parasitas na área TR.
Ressalta-se que revisões realizadas para parasitas de peixes de água doce brasileiros, registram ao
menos 41 taxa parasitas para P. maculatus. Desta forma, a riqueza de espécies registrada no presente estudo,
pode ser considerada baixa. Contudo, ainda serão avaliados aproximadamente 80 hospedeiros e a
ocorrência de monogenéticos, o que pode elevar a riqueza de parasitos no presente estudo. Ainda, serão
realizadas análises comparativas entre as áreas TR e CT.
Conclusões
Com base nos dados pode-se concluir que pisciculturas em tanques-rede provocam mudança na
dieta de P. maculatus. Sobre aspectos parasitários comparando-se com dados da literatura, registrou-se
baixa riqueza de espécies de parasitos até o presente momento.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP-FEIS) pela
infraestrutura, a Fundunesp (Processo número 0305/001/14-PROPe/CDC) e CNPq (Processo número
443103/2014-3) pelo auxílio financeiro e a PROPE pela bolsa de estudos do primeiro autor.
Referências
BUSH, A.O.; LAFFERTY, K.D.; LOTZ, J.M. E A.W. SHOSTAK. Parasitology meets ecology on its own
terms: Margolis revisited. The Journal of Parasitology, v.8, p-575–583, 1997.
Espécie Local de Infecção P AM IMI
Geral Intestino e olhos 35,90 0,35 ± 0,13 1,75 ± 0,36
Procamallanus (Spirocamallanus) sp. Intestino 12,82 0,12 ± 0,10 0,62 ± 0,49
Cucculanidae Intestino 5,13 0,05 ± 0,05 0,25 ± 0,25
Cisto de Nematoda Intestino 2,56 0,02 ± 0,02 0,75 ± 0,31
Austrodiplostomum compactum Olhos 15,38 0,15 ± 0,07 0,12 ± 0,12
64
HÅKANSON, L. Changes to lake ecosystem structure resulting from fish cage farm emissions. Lakes &
Reservoir: Research and Management, v.10, p.71-80, 2005.
KUBO, E. (2005). Tanque-rede é opção para produção continental de peixes. Disponível em:
(www.pesca.sp.gov.br). Acesso em: 07/05/2015.
MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA (MPA). (2011) Boletim Estatístico da Pesca
e Aquicultura. 2011. Disponível em http://www.mpa.gov.br. Acesso em: 24 de abril de 2016.
NOWAK, B.F. Parasitic diseases in marine cage culture: an example of experimental evolution of parasites.
International Journal for Parasitology, v.37, p.581–588, 2007.
PELICICE, F.M.; VITULE, J.R.S.; LIMA-JUNIOR, D.P.; ORSI, M.L; AGOSTINHO, A.A. A serious new
threat to Brazilian freshwater ecosystems: the naturalization of nonnative fish by decree. Conservation Letters, v.7,
p.55–60, 2014.
PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment. 2ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.
RAMOS, I.P.; BRANDÃO, H.; ZANATTA, A.S.; ZICA, E.O.P.; SILVA, R.J.; REZENDE-AYROZA,
D.M.M.; CARVALHO, E.D. Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild
fish in a Neotropical reservoir. Aquaculture, v.414-415 p.56-62, 2013.
65
Efeito residual de mecanismos sulcadores de semeadoras na cultura da
soja
Diego dos Santos Pereira(1)*, Élcio Hiroyoshi Yano(2), Leandro Alves
Freitas(3), João William Bossolani(4)
1UNESP-FEIS, Graduando do Curso de Agronomia, Departamento de Engenharia Rural e Solos. E-mail:
2UNESP-FEIS, Professor assistente Doutor, Departamento de Engenharia Rural e Solos.
3UNESP-FEIS, Doutorando, Departamento de Engenharia Rural e Solos.
4UNESP-FEIS, Graduando do Curso de Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de
Alimentos e Sócio Economia.
Introdução
A melhora da qualidade do solo cultivável, por meio da utilização de sistemas conservacionistas,
como o sistema plantio direto e o cultivo mínimo, proporcionaram a expansão da cultura para novas áreas
produtoras e o incremento na produtividade ao proporcionar condições favoráveis para o pleno
desenvolvimento da cultura (Seki et al., 2015). Diante do exposto objetivou-se avaliar os efeitos da
combinação de mecanismos sulcadores para deposição de adubo em conjunto com diferentes sistemas
conservacionistas, nas características agronômicas e produtividade da cultura da soja.
Materiais e métodos
O experimento foi conduzido durante a safra agrícola (2014/15) na Fazenda de Ensino Pesquisa e
Extensão da UNESP de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria, MS. A área do experimento
instalado esta sob sistema plantio direto há 16 anos, tendo como culturas principais o milho e soja no verão
e feijão no inverno. O experimento ocorreu no intuito de verificar o efeito residual dos mecanismos
antecessores sobre o desenvolvimento da soja. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao
acaso sendo os tratamentos constituídos pela combinação de 2 sistemas de manejo conservacionistas do
solo (plantio direto e cultivo mínimo) sobre o residual da combinação dos mecanismos sulcadores da cultura
66
anterior, o feijão. Os resultados foram utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2011),
realizando-se a comparação das médias pelo teste de Tukey, a 10% de probabilidade.
Resultados e discussão
O stand inicial de plantas, não foi influenciado pelos tratamentos (Tabela 1), provavelmente o
período inicial de avaliação não foi suficiente para observar diferenças, proporcionando uma população
inicial sem grande variação pelos mecanismos de abertura do sulco para deposição do fertilizante e os
manejos de solo.
Tabela 1- Valores médios obtidos para população inicial e final de plantas (plantas ha-1) altura de plantas
(cm), altura de inserção da primeira vagem (cm) em função do manejo de solo e dos mecanismos sulcadores.
Selvíria, MS, 2014/15.
Causas de Variação
População
(plantas ha-1) Altura (cm)
Inicial Final Planta 1ª vagem
Mecanismos
(M)
Disco + Disco
Disco + CM +Disco
332839
309135
317037
310000
271604a
216666b
219753b
252962a
93,6 12,15
86,9 14,20
Haste + Haste
Haste + CM + Haste
84,8 11,02
89,6 12,67
Valor de F M 0,774ns 8,483** 0,799ns 0,543ns
DMS M 41891,186 33073,748 15,509 5,083
Média M 317252,75 240246,25 88,72 12,51
CV (%) - 7,87 7,60 9,64 28,67
** (p<0,1); ns (não significativo). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey.
A população final da soja foi superior, quando se utilizou a semeadura de disco duplo em plantio
direto e a haste sulcadora em cultivo mínimo. Provavelmente o disco proporcionou melhor uniformidade
na distribuição das sementes, enquanto a utilização da haste sulcadora em cultivo mínimo disponibilizou
melhores condições para o crescimento radicular das plantas em maiores profundidades, favorecendo o seu
desenvolvimento (Tabela 1).
67
A altura de plantas e a altura de inserção de primeira vagem não foram influenciadas
estatisticamente pelos tratamentos, porém, o maior valor de inserção (14,20cm) foi observado no tratamento
que utilizou o disco duplo desencontrado, com cultivo mínimo em área anteriormente semeada com disco,
é o valor que mais se aproxima do padrão de 15 cm considerado como ideal para a colheita mecanizada.
O diâmetro do colmo e o número de vagens por planta não apresentaram diferença estatística entre
os tratamentos (Tabela 2).
Em relação a produtividade, mesmo havendo diferença significativa para a população final de
plantas, as médias obtidas para esta variável não diferiram entre si. Este fato pode estar relacionado
diretamente ao número de grãos por planta e a massa de 100 grãos, onde menores populações houve menor
competição entre plantas, propiciando maior número de grãos associado a uma maior massa destes,
Drescher et al. (2012), em experimento semelhante, não encontraram diferenças significativas em relação
a produtividade de grãos. Os autores atribuem esse resultado aos fatores relacionados ao ambiente e a
precipitação ocorrida durante o período de realização do experimento.
A massa seca de plantas (Tabela 2) não foi influenciada pelos mecanismos de abertura do sulco
para deposição do fertilizante e os manejos de solo.
Tabela 2- Valores médios obtidos para diâmetro do colmo (mm), número de vagens por planta,
produtividade de grãos (kg ha-1) e produtividade de massa seca (kg ha-1) em função do manejo de solo e
dos mecanismos sulcadores. Selvíria, MS, 2014/15.
Causas de Variação Diâmetro do
Colmo (mm)
Número de
Vagens por Planta
Produtividade (kg ha-1)
Grãos MS Palha
Mecanismos
(M)
Disco + Disco 7,96 60 3661 6098
Disco + CM +Disco 8,07 69 2904 5255
Haste + Haste 7,76 56 3472 5627
Haste + CM + Haste 8,02 56 3658 7076
Valor de F M 0,072ns 0,462ns 2,288ns 1,816ns
DMS M 1,820 32,745 857,239 2117,106
Média M 7,952 60,25 3423,73 6014
CV (%) - 12,63 29,87 13,82 19,43
** (p<0,1); ns (não significativo). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey.
68
Conclusões
A semeadura contínua com disco em plantio direto e a utilização de haste na semeadura em cultivo
mínimo, no residual da semeadura com haste, proporcionaram efeitos na população final da cultura da soja,
porém sem grande interferência na produtividade de grãos.
Referências FERREIRA, D.F. Sisvar: A Guide for its Bootstrap procedures in multiple comparisons. Ciência e
Agrotecnologia. Lavras: UFLA, v.38, n.2, p.109-112, mar./abr. 2014.
DRESCHER, M.S.; ELTZ, F.L.F.; DENARDIN, J.E.; FAGNELLO, A.; DRESCHER, G.L. Resistência à
penetração e rendimento da soja após intervenção mecânica em Latossolo Vermelho sob plantio direto. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v.36, n.6, p.1836-1844, 2012.
SEKI, A.S; SEKI, F.G.; JASPER, S.P.; SILVA, P.R.A.; BENEZ, H.B. Efeitos de práticas de descompactação
do solo em área sob sistema plantio direto. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v.46, n.3, p.460–468, jul./set.
2015.
69
Co-inoculação com Azospirillum brasilense nos componentes
produtivos de cultivares de soja
Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto
Teixeira Filho (2), Fernando Shintate Galindo(3), José Mateus Kondo Santini(3),
Vinícius Martins Silva(4), Salatiér Buzetti(2)
1UNESP-FEIS, Graduando em Agronomia, e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor Dr.; UNESP; Ilha Solteira, São Paulo – Departamento de Fitossanidade,
Engenharia rural e Solos – DEFERS
3UNESP-FEIS, Pós-graduandos; UNESP; Ilha Solteira, São Paulo
4UNESP-FEIS, Engenheiro Agrônomo; UNESP; Ilha Solteira, São Paulo
Introdução
A soja é uma cultura que se destaca no agronegócio Brasileiro, por possuir maior área plantada
(Conab, 2015) e ocupar lugar de destaque nas exportações. Dentre as práticas que visam aumentar sua
produtividade, a co-inoculação se evidencia, com recentes pesquisas em todo o Brasil, consistindo da
interação entre Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium. Essa prática tem demonstrado incrementos nas
produtividades pela inoculação em conjunto, quando comparada aos resultados obtidos somente com
Bradyrhizobium, em leguminosas (Bárbaro et al., 2011). O Bradyrhizobium atua na cultura da soja
principalmente na fixação biológica de nitrogênio (FBN), podendo suprir a demanda da planta por N-
mineral, reduzindo drasticamente, ou até restringindo o uso de fertilizantes nitrogenados. O Azospirillum
brasilense se insere, somando a esses benefícios, sua capacidade de estimular a síntese de fitohormônios
que afetam o crescimento das raízes, como o ácido indol-acético (AIA), giberelinas e citocininas (Tien et
al., 1979), permitindo-as explorar maior volume de solo, obter incrementos na absorção de água e
nutrientes, maior tolerância sistêmica a estresses, e perfazendo aumentos do crescimento vegetativo e da
produção das culturas.
70
Dentre essas e outras limitações potenciais da FBN, a prática da co-inoculação é capaz de melhorar
o desempenho e a produção da soja, embora estudos de outros países já tenham comprovado tais benefícios,
é necessário realizar mais ensaios nas condições edafoclimáticas brasileiras (Braccini et al., 2016). Diante
do exposto, objetivou-se analisar os efeitos da co-inoculação ou não com A. brasilense, em dois cultivares
de soja no Cerrado, sobre o número de grãos por planta, massa de 100 grãos e produtividade de grãos de
soja.
Material e métodos
A pesquisa foi desenvolvida em área experimental da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão –
FEPE – pertencente à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FEIS-UNESP, localizada no município de
Selvíria, MS, apresentando as coordenadas geográficas 20º34’ de latitude sul e 51º40’ longitude oeste, aos
335 m de altitude, em solo Latossolo Vermelho Distrófico típico Argiloso. Os atributos químicos do solo
na camada arável determinados antes da instalação do experimento, segundo metodologia proposta por Raij
et al. (2001) apresentaram os seguintes resultados: 30 mg dm-3 de P (resina); 4 mg dm-3 de S-SO4; 26 g
dm-3 de M.O.; 5,5 de pH (CaCl2); K, Ca, Mg, Al, H+Al = 4,1; 31,0; 16,0; 0,0 e 29,0 mmolc dm-3,
respectivamente; Cu, Fe, Mn, Zn (DTPA) = 7,1; 28,0; 116,9 e 1,3 mg dm-3, respectivamente; 0,16 mg dm-
3 de B (água quente) e 53,6% de saturação por bases. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados, com quatro repetições, com os tratamentos dispostos em esquema fatorial: 2 x 2, sendo: dois
cultivares de soja (BMX Potência RR e BMX Turbo RR), com e sem a co-inoculação de sementes com
Azospirillum brasilense (estirpes Abv5 e Abv6) na dose 200 mL ha-1. A co-inoculação foi realizada à
sombra, poucas horas antes da semeadura, utilizando betoneira limpa, e incluindo Co e Mo (na dose 150
mL ha-1 do produto comercial). A inoculação com Bradyrhizobium foi efetuada na dose de 200 mL ha-1,
em todos os tratamentos.
A semeadura foi realizada no dia 15 de novembro de 2015, semeando-se 16 sementes por metro.
Quando as plantas atingiram o estádio R9 realizou-se as seguintes avaliações: Grãos por planta (pela
contagem do nº de vagens por planta e de grãos por vagem em 10 plantas por parcela), massa de 100 grãos
(determinados em balança com precisão de 0,01 g, a 13% de umidade na base úmida), e produtividade de
grãos, determinada pela coleta das plantas contidas nas linhas úteis de cada parcela. Após a trilha mecânica,
os grãos foram pesados e os dados transformados em kg ha-1 a 13% (base úmida). Os resultados foram
avaliados pela análise de variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação de médias dos
71
cultivares de soja e da co-inoculação ou não com A. brasilense, utilizando o programa de análise estatística
SISVAR (Ferreira, 2011).
Resultados e discussão
O cultivar Potência apresentou maior número de grãos por planta e produtividade de grãos, com
acréscimos de 16,45 e 18,15%, respectivamente. Entretanto, o cultivar Turbo apresentou maior massa de
100 grãos, 39,49% superior à Potência (Tabela 1).
Com relação à co-inoculação com A. brasilense, não houve influência no número de grãos por
planta, massa de 100 grãos e produtividade de grãos de soja cultivada no Cerrado em área de sistema plantio
direto com adequada fertilidade do solo e irrigação suplementar (Tabela 1).
Tabela 1 - Grãos por planta, massa de 100 grãos e produtividade de grãos em função de cultivares de soja
e da co-inoculação ou não com Azospirillum brasilense. Selvíria – MS, 2016.
Cultivares Grãos por planta Massa de 100 grãos
(g)
Produtividade de
grãos (kg ha-1)
Turbo 121,10 b 21,98 a 4144 b
Potência 141,03 a 15,75 b 4897 a
Co-Inoculação
Com A brasilense 138,92 a 18,09 a 4447 a
Sem A brasilense 123,21 a 19,64 a 4594 a
Média Geral 131,07 18,86 4521
D.M.S. (5%) 19,42 1,61 361
C.V. (%) 13,10 7,56 7,05
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
As diferentes respostas entre os cultivares de soja estudados podem ser resultadas da variabilidade
genética entre um cultivar e outro. O cultivar Turbo apresentou maior massa de 100 grãos. No entanto,
analisando grãos por planta e produtividade de grãos, o cultivar BMX Potência obteve melhores resultados,
dado que a sua maior produtividade advém, em parte, desse cultivar ter tido maior número de grãos por
planta, sendo que sua massa de cem grãos foi menor que a de BMX Turbo.
Os valores verificados diferem de Braccini et al. (2016), os quais comparando formas e tipos de
72
inoculação, com Bradyrhizobium, e co-inoculação via semente com A. brasilense, obtiveram diferenças,
com a inoculação apenas com Bradyrizhobium via semente propiciando maior massa de grãos e
produtividade de grãos de soja.
Conclusões
O cultivar Potência apresentou maior número de grãos por planta e produtividade de grãos, enquanto
que o cultivar Turbo apresentou maior massa de 100 grãos de soja.
A co-inoculação com A. brasilense não influenciou os componentes de produção e a produtividade
de grãos de soja cultivada no Cerrado em solo com adequada fertilidade do solo.
Referências
ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS (Conab). Acompanhamento da safra
brasileira de Grãos: safra 2015/16. v.3, Brasília, p.1-166, 2015
BÁRBARO, I.A.; MACHADO, P.C.; BÁRBARO JUNIOR, L.S.; TICELLI, M.; MIGUEL, F.B.; da SILVA,
J.A.A.; Produtividade da soja em resposta à inoculação padrão e coinoculação. Colloquium Agrariae, v.5, n.1 p.1-7,
2009.
BRACCINI, A.L.; MARIUCCI, G.E.G.; SUKUKAWA, A.K.; LIMA, L.H.S.; PICCININ, G.G. Co-inoculação
e modos de aplicação de Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum brasilense e adubação nitrogenada na nodulação
das plantas e rendimento da cultura da soja. Scientia Agraria Paranaensis, v.15, n.1, p.27-35, 2016.
FERREIRA, D. F. SISVAR: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v.35, n.6,
p.1039-1042, 2011.
RAIJ, B. van.; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. Análise química para avaliação da
fertilidade de solos tropicais. Campinas: IAC, 2001. 285p.
TIEN, T. M.; GASKINS, M. H.; HUBBELL, D. H. Plant growth substances produced by Azospirillum
brasilense and their effect on the growth of pearl millet (Pennisetum americanum L.). Applied and Environmental
Microbiology, v.37, n.5, p.1016-1024, 1979.
73
Massa de raiz e nodulação de cultivares de soja em função da co-
inoculação com Azospirillum brasilense em região de Cerrado
Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto
Teixeira Filho (2), Fernando Shintate Galindo(3), José Mateus Kondo Santini(3),
Vinícius Martins Silva(4), Salatiér Buzetti(2)
1UNESP-FEIS, Graduando em Agronomia, e-mail: [email protected];
2UNESP-FEIS, Professor Dr.; UNESP; Ilha Solteira, São Paulo – Departamento de Fitossanidade,
Engenharia rural e Solos – DEFERS;
3UNESP-FEIS, Pós-graduandos; UNESP; Ilha Solteira, São Paulo;
4UNESP-FEIS, Engenheiro agrônomo; UNESP; Ilha Solteira, São Paulo
Introdução
A co-inoculação entre Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium, que consiste na possibilidade de
microrganismos diferentes produzirem efeitos sinérgicos, tem demonstrado incrementos nos rendimentos
via inoculação, em comparação aos resultados obtidos somente com Bradyrhizobium, em leguminosas
(Bárbaro et al., 2011). Na cultura da soja, o Bradyrhizobium atua principalmente na fixação biológica de
nitrogênio (FBN), podendo suprir á demanda da planta por N-mineral, reduzindo, ou até restringindo o uso
de fertilizantes nitrogenados, culminando, inclusive, em redução dos custos de produção. Nesse contexto,
o A. brasilense se insere potencializando a FBN, sendo capaz de promover o desenvolvimento de plantas
(Hungria, 2013), pois além da fixação, atua aumentando: (AIA) endógeno, densidade e comprimento dos
pêlos radículares e número de células endofíticas na floração (Siqueira e Moreira, 2001), podendo aumentar
o sistema radicular e perfazendo em máxima absorção de água e nutrientes, resultando maior resistência à
doenças e estresses ambientais.
Braccini et al. (2016) relataram ganhos expressivos pela co-inoculação em áreas já cultivadas com
soja. A despeito de trabalhos constatando um ou mais benefícios, incrementos nem sempre foram
observados, o que evidencia a importância de mais estudos. Diante do exposto, objetivou-se analisar os
74
efeitos da co-inoculação ou não com A. brasilense em dois cultivares de soja irrigada no Cerrado, avaliando-
se massa seca e número de nódulos, bem como massa seca de raízes.
Material e métodos
O experimento foi desenvolvido em Selvíria - MS, no sistema plantio direto, em um Latossolo
Vermelho Distrófico típico argiloso, com localização geográfica 20º34’ de latitude sul e 51º40’ longitude
oeste, aos 335 m de altitude. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro
repetições, dispostos em esquema fatorial: 2 x 2, sendo: dois cultivares de soja (BMX Potência RR e BMX
Turbo RR), com e sem a inoculação de sementes com Azospirillum brasilense (estirpes Abv5 e Abv6) na
dose 200 mL ha-1. A inoculação de sementes com Bradyrhizobium ocorreu igualmente em todos os
tratamentos na dose de 200 mL ha-1.
A semeadura foi realizada no dia 15 de novembro de 2015, semeando-se 16 sementes por metro. A
inoculação foi efetuada poucas horas antes da semeadura, à sombra, utilizando betoneira limpa, e incluindo
Co e Mo (na dose 150 mL ha-1 do produto comercial). Avaliou-se no estádio R2 (florescimento pleno), com
coleta de cinco plantas por parcela experimental: Massa seca de raiz (coleta profunda com solo, lavagem
sob peneira, secagem em estufa à 65 ºC por 72 horas, pesadas em balança 0,01 g); Contagem do número de
nódulos de Bradyrhizobium (lavados sobre fina peneira); e massa seca de nódulos (após lavados, secos em
estufa de circulação de ar forçado à 65 ºC por 72 horas e pesados em balança analítica).
Os resultados foram avaliados pela análise de variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade para
comparação de médias das cultivares de soja e da co-inoculação ou não com A. brasilense, utilizando o
programa de análise estatística SISVAR (Ferreira, 2011).
Resultados e discussão
Dentre as avaliações mencionadas, houve efeito significativo para cultivares de soja somente para
massa de nódulos, onde a cultivar Turbo apresentou uma massa de nódulos por planta, 51,43% maior em
relação a cultivar Potência. O resultado de maior massa de nódulos inerente a cultivar Turbo, possivelmente,
deve-se em função da variabilidade genética entre as cultivares de soja analisadas, resultando em uma maior
facilidade de nodulação inerente a essa cultivar, dado que as avaliações em ambas foram feitas no mesmo
estágio fenológico R2 (florescimento pleno).
A co-inoculação com Azospirillum brasilense não influenciou significativamente as massas de
75
nódulos e de raiz e o número de nódulos por planta de soja, embora numericamente tenha sido um pouco
superior (Tabela 1). Esses resultados divergem dos encontrados por Braccini et al. (2016), os quais na
ausência de A. brasilense, e na mesma dose de Bradyrhizobium (200 mL ha-1) obtiveram médias superiores
da massa de nódulos, comparativamente à presença de A. brasilense (co-inoculação) na dose de 200 mL
ha-1.
Tabela 1. Massa de nódulos e de raiz e número de nódulos por planta em função de cultivares de soja e da
co-inoculação ou não com Azospirillum brasilense. Selvíria – MS, 2016
Cultivares Massa de nódulos
por planta (g)
Massa de raiz por
planta (g)
Nº de nódulos por
planta
Turbo 0,53 a 3,22 a 68,94 a
Potência 0,35 b 2,89 a 63,28 a
Co-Inoculação
Com 0,46 a 3,16 a 67,89 a
Sem 0,42 a 2,94 a 64,33 a
Média Geral 0,44 3,05 66,11
D.M.S. (5%) 0,10 0,75 13,96
C.V. (%) 16,28 17,41 14.95
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
Os resultados do número de nódulos por planta foram superiores aos verificados por Braccini et al.
(2016), comparando a co-inoculação ou não com A. brasilense em R1. Os autores também não verificaram
diferenças ao empregar a mesma dose de inoculante contendo A. brasilense, na co-inoculação da cultura da
soja. Entretanto, é valido ressaltar a importância de pesquisas acerca da utilização de co-inoculantes visando
beneficiar a FBN, buscando promover melhor desenvolvimento e produtividade da cultura da soja.
Conclusões
A cultivar Turbo apresentou maior massa de nódulos que a cultivar potência.
A co-inoculação de sementes com Azospirillum brasilense não influenciou a massa seca e número
de nódulos, bem como massa seca de raízes das cultivares de soja.
Referências
76
BÁRBARO, I.A.; MACHADO, P.C.; BÁRBARO JUNIOR, L.S.; TICELLI, M.; MIGUEL, F.B.; da SILVA,
J.A.A.; Produtividade da soja em resposta à inoculação padrão e coinoculação. Colloquium Agrariae, v.5, n.1 p.1-7,
2009.
BRACCINI, A.L.; MARIUCCI, G.E.G.; SUKUKAWA, A.K.; LIMA, L.H.S.; PICCININ, G.G. Co-inoculação
e modos de aplicação de Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum brasilense e adubação nitrogenada na nodulação
das plantas e rendimento da cultura da soja. Scientia Agraria Paranaensis, v.15, n.1, p.27-35, 2016.
FERREIRA, D. F. SISVAR: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v.35, n.6,
p.1039-1042, 2011.
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M.A.; ARAUJO, R.S. Tecnologia de co-inoculação da soja com
Bradyrhizobium e Azospirillum: incrementos no rendimento com sustentabilidade e baixo custo. In: Reunião de
Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, XXXIII. 2013. Londrina. p.151-153, 2013.
SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F. M. S. Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras: Ed. UFLA, 2002, 625p.
77
Influência de reguladores vegetais nas características agronômicas
do arroz de terras altas irrigado por aspersão.
Fernando de Souza Buzo(1)*, Paulo Henrique Pissolito (1), José Roberto
Portugal(2), Orivaldo Arf(3), Flávia Constantino Meirelles(2), Lucas Martins Garé (1).
1UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica,*Autor para correspondência: [email protected];
2UNESP-FEIS, Pós-graduando em Engenharia Agronômica; 3UNESP-FEIS, Professor, Departamento de
Fitotecnia, Tecnologia de Alimento e Sócio-Economia.
Introdução
O arroz, considerado um dos alimentos com melhor balanceamento nutricional, chega a alimentar
cerca de 2,4 bilhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, mesmo sendo um alimento quase que
indispensável às refeições diárias, sua área cultivada na safra de 2015/16 caiu 11,8% em relação à safra
anterior e, mesmo com um ligeiro aumento na produtividade, a produção total nessa safra está estimada em
11.167,6 mil toneladas, 10,2% menor que na safra passada (Conab, 2016).
Como a cultura do arroz pode, com frequência, sofrer perdas pré-colheita devido ao acamamento,
torna-se relevante reduzir o acamamento para reduzir perdas em campo. Nascimento et al. (2009) obtiveram
resposta positiva da aplicação do regulador de crescimento etil-trinexapac sobre a produtividade de grãos,
na dose de 150 g . ha-1 do i.a., aplicado na diferenciação floral da cultivar de arroz Primavera, com
eliminação do acamamento.
Por outro lado, há reguladores vegetais com efeito citocinínico que, segundo Alves et al. (2015) não
promove redução na altura de plantas, mas no que se diz respeito à produtividade de grãos, verificou-se
aumento linear da produtividade em função das doses utilizadas no cultivar BRS Esmeralda.
Assim, tendo em vista esses fatos, esse trabalho objetivou buscar uma possível combinação entre o
etil-trinexapac e o thidiazuron (TDZ) na cultura do arroz, visando uma redução no grau de acamamento
pela redução de altura de plantas e uma elevação de produtividade.
78
Material e métodos
O trabalho foi instalado em área experimental pertencente à Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira – UNESP, localizada no município de Selvíria-MS. O solo do local é do tipo LATOSSOLO
VERMELHO Distrófico típico argiloso (EMBRAPA, 2006). A precipitação média anual é de 1.370 mm, a
temperatura média anual é de 23,5ºC e a umidade relativa do ar está entre 70 e 80% (média anual).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, disposto em esquema fatorial 4 x
2, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas por cinco linhas de 5,0 m de comprimento
espaçadas de 0,35 m entre si e como área útil as linhas centrais das parcelas, desprezando-se 0,50 m das
extremidades. Os tratamentos consistiram na combinação de quatro doses de TDZ (0,0; 0,5; 1,0 e 1,5g . ha-
1) por ocasião do perfilhamento, 30 dias após a emergência (DAE) e da aplicação de etil-trinexapac
(presença e ausência) em dose fixa (50 g . ha-1) ocasião da diferenciação floral (45 DAE). Realizou-se
preparo convencional e semeadura mecânica do cultivar ANa 5015. Realizou-se adubação no sulco de
semeadura com 150 kg . ha-1 de 04-30-10 na formulação NPK e adubação de cobertura com 40 kg . ha-1 de
N (Sulfato de Amônio) aos 17 DAE e de 50 kg . ha-1 de N (20-00-20) aos 47 DAE.
Foi determinada a altura de plantas em 3 pontos ao acaso na área útil de cada parcela e o número de
panículas por metro quadrado foi obtido a partir da contagem do número de panículas de 1,0 m de fileira
de plantas na área útil das parcelas. A colheita e coleta de panículas do arroz foi manual e aos 95 DAE,
colhendo-se duas linhas centrais de cada parcela. Após isso, determinou-se a produtividade de grãos, massa
de cem grãos e massa hectolítrica convertendo-se os valores para 13% de umidade (base úmida). O número
total de espiguetas por panícula foi encontrado por meio da contagem do número de espiguetas de 20
panículas, utilizando contador/totalizador eletrônico automático de grãos.
Os resultados foram submetidos ao teste F da ANAVA por meio do programa estatístico Sisvar,
com o objetivo de verificar se houve diferença entre os tratamentos e interação entre os fatores.
Resultados e discussão
Os valores médios de altura de plantas, número de panículas, grãos cheios e chochos por panícula,
produtividade de grãos, massa de cem grãos e massa hectolítrica estão apresentados na Tabela 1. Pelos
dados obtidos verifica-se que as doses de TDZ aplicadas não proporcionaram efeito significativo nas
variáveis analisadas. Já a aplicação de etil-trinexapac, influenciou o número de panículas por metro
quadrado e a produtividade de grãos. Para a interação entre as duas fontes de variação consideradas, não
79
houve efeito significativo para qualquer uma das variáveis analisadas (Tabela 1).
Tabela 1 - Valores médios de altura de plantas, panículas, grãos por panícula, produtividade de grãos,
massa de cem grãos e massa hectolítrica obtidos em arroz de terras altas em função da aplicação de doses
de TDZ e de etil-trinexapac. Selvíria (MS), 2015/16.
Fontes de
Variação
Altura N° panículas Cheio Chocho Produtividade Cem grãos Hectolítrica
m n° . m -2 -n° por panícula- kg . ha-1 (g) kg . 100 L-1
TDZ
0 g . ha-1 0,96 194 93 31 3.538 2,82 54,0
0,5 g . ha-1 0,96 201 95 35 3.682 2,74 53,2
1,0 g . ha-1 0,97 197 95 31 3430 2,78 55,2
1,5 g . ha-1 0,98 193 98 29 3.973 2,91 56,0
Etil-trinexapac
0,0 g . ha-1 1,01a 210a 98 29 4.143a 2,80 55,06
50 g . ha-1 0,92b 183b 92 34 3.169b 2,83 54,11
Valores de F
TDZ 0.11ns 0,104ns 0,23ns 0,60ns 0,401ns 1,38ns 0,83ns
Etil-trinexapac 14,55** 5,61* 1,50ns 2,31ns 6,88* 0,22ns 0,48ns
TDZ x Etil 0,28ns 1,16ns 0,80ns 0,39ns 0,07ns 0,14ns 0,65ns
CV(%) 7,16 16,28 13,79 25,80 28,72 5,97 7,11
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si. **significativo a 1%; *significativo a 5%; ns não-significativo.
Alves et al. (2015), trabalhando também em Selvíria (MS), verificaram que o TDZ não apresentou
efeito significativo par a altura e o número de panículas por metro quadrado na cultura do arroz. Buzetti et
al. (2006) verificaram que a aplicação de cloreto de clormequat não proporcionou aumento do número de
espiguetas por panícula nos cultivares IAC 201 e 202, atribuindo que o número total de espiguetas é
influenciado por fatores genéticos e condições externas, corroborando a não significância do TDZ para essa
variável no presente trabalho. Contrariando os resultados obtidos por Alves et al. (2015), no presente estudo
o TDZ não apresentou efeito significativo na produtividade, massa de cem grãos e massa hectolítrica. Já a
aplicação de etil-trinexapac reduziu a altura das plantas de arroz de acordo com os resultados obtidos por
80
Nascimento et al. (2009). Porém, antagonicamente, neste caso a aplicação do regulador reduziu
significativamente o número de panículas por metro quadrado e também a produtividade da cultura de
arroz. Talvez isso tenha ocorrido porque as condições climáticas externas foram diferentes ou porque o
cultivar ANa 5015 não é responsivo ao TDZ em função do seu menor ciclo quando comparado com os
cultivares IAC 202 e BRS Esmeralda utilizados por Alves et al. (2015).
Conclusões
O cultivar ANa 5015 não se mostrou responsivo à aplicação de TDZ.
A aplicação de 50 g . ha-1 de etil-trinexapac no momento da diferenciação floral reduz a altura de
plantas, em 0,09 m, bem como a produtividade em 974 kg ha-1 em relação ao tratamento testemunha.
Referências
ALVES, Cleiton José et al . Thidiazuron increases upland rice yield. Pesqui. Agropecu. Trop., Goiânia , v. 45,
n. 3, p. 333-339, set. 2015 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
40632015000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 abr. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1983-
40632015v4536754.
BUZETTI, S.; BAZANINI, G.C.; FREITAS, J.G.; ANDREOTTI, M.; ARF, O.; SÁ, M.E.; MEIRA, F.A.
Resposta de cultivares de arroz a doses de nitrogênio e do regulador de crescimento cloreto de clormequat. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, n. 12, p. 1731-1737, 2006.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (Conab). Acompanhamento da safra brasileira de grãos,
Safra 2015/16, n. 7 - Sétimo levantamento, abril 2016. Disponível em <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/
arquivos/16_04_07_10_39_11_boletim_graos_abril_2016.pdf>. Acesso em 17 de abr. 2016.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – Embrapa. Sistema brasileiro de classificação
de solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa, 2006. 306 p.
NASCIMENTO, Vagner do. Resposta do arroz a doses e épocas de aplicação do regulador de crescimento etil-
trinexapac. 2008. 52 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira, 2008.
81
Acúmulo de macronutrientes na palhada do trigo sob inoculação com
Azospirillum brasilense e adubação nitrogenada
Fernando Shintate Galindo(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(2),
Vinicius Martins Silva(1)*, José Mateus Kondo Santini(1), Mariana Gaioto
Ziolkowski Ludkiewicz(1), Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Pós Graduação em Agronomia, DEFERS. e-mail: vinicius-martins-
2UNESP-FEIS, Profº. Dr no curso de Graduação e Pós Graduação em Agronomia, DEFERS
3UNESP-FEIS, Curso de Graduação em Agronomia, DEFERS
Introdução
Em 2015 a produção de trigo brasileira atingiu 6,65 milhões de toneladas (CONAB, 2015). A região
do Cerrado tem grande potencial para a expansão da cultura de trigo, entretanto, se faz necessário a
utilização de fertilizantes, principalmente os nitrogenados para adequado crescimento e obtenção de altas
produtividades de grãos de trigo, assim como de palhada para manutenção do sistema plantio direto. O
nitrogênio é o nutriente que apresenta relação mais complexa com o solo, apenas 50% dos adubos
nitrogenados aplicados são aproveitados. Dessa forma deve-se buscar melhorar a eficiência da adubação
nitrogenada. O uso de inibidor de urease ou a inoculação de Azospirillum brasilense podem ser alternativas.
Logo,o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da inoculação com A. brasilense e de doses e fontes de
nitrogênio no acúmulo de macronutrientes na palhada de trigo.
Material e métodos
O experimento foi conduzido ano agrícola de 2013/14 FEPE em Selviria-MS em Latossolo
Vermelho Distrófico, textura argilosa, em área irrigada. O delineamento experimental foi em blocos ao
acaso em esquema fatorial 2x5x2, sendo duas fontes de N (ureia convencional, com 45% de N ou Super N
- ureia com inibidor da enzima urease NBPT, com 45% de N); cinco doses de N (0, 50, 100, 150 e 200 kg
ha-1) aplicadas à lanço; e com ou sem inoculação das sementes com A. brasilense. Os atributos químicos
82
do solo na camada arável apresentaram os seguintes resultados: 13 mg dm-3 de P (resina); 6 mg dm-3 de S-
SO4; 23 g dm-3 de M.O.; 4,8 de pH (CaCl2); K, Ca, Mg, H+Al = 2,6; 13,0; 8,0 e 42,0 mmolc dm-3,
respectivamente; Cu, Fe, Mn, Zn (DTPA) = 5,9; 30,0; 93,9 e 1,0 mg dm-3, respectivamente; 0,24 mg dm-3
de B (água quente), V% = 36. A cultivar utilizada foi a CD 116. Foi realizada coleta de palhada 15 dias
após a colheita, secagem, pesagem, determinação dos teores de N, P, K, Ca, Mg e S, segundo metodologia
descrita Malavolta et al. (1997) e por fim, o cálculo do acúmulo de nutrientes por hectare, com base
produtividade matéria seca e teor de nutrientes na palhada.
Todos os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o programa de
análises estatísticas SISVAR, as médias da inoculação ou não e de fontes de N foram comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade e as doses de N ajustadas pelo modelo de regressão polinomial.
Resultados e discussão
Não foi observado efeito de fontes de N no acúmulo de nenhum macronutriente na palhada (Tabela
1). Quanto às doses de N aplicadas, ajustaram-se a regressões lineares para acúmulo de K, Ca e Mg.
Comparando a maior dose com a testemunha, houve aumento de 55, 72 e 41% no acúmulo de K, Ca e Mg
na palhada de trigo, respectivamente. A inoculação com A. brasilense proporcionou queda de 15% no
acúmulo de Mg na palhada do trigo.
Para o acúmulo de N, P e S houve interação significativa entre doses de N e inoculação com A.
brasilense (tabela 2). Quando ocorreu inoculação houve ajuste à regressão linear crescente para o acúmulo
de N e S sendo observados acúmulos de 38 e 32% a mais de N e S na palhada para a dose máxima em
comparação a testemunha. Para o acúmulo de P na palhada houve ajuste quadrático com ponto de mínima
em 38 kg ha-1 de N. Quando não houve inoculação, ocorreu ajuste à regressão linear crescente para acúmulo
de N e S de, respectivamente 92 e 70% a mais para a dose máxima em relação a testemunha. Quando não
ocorreu inoculação, houve maior acúmulo de N na testemunha e de S nas doses de 100, 150 e 200 kg ha-1
de N, e houve menor acúmulo de P para as doses de 50, 100, 150 e 200 kg ha-1 de N.
83
Tabela 1 - Acúmulos de N, P, K, Ca, Mg e S na palhada da cultura do trigo em função de doses e fontes
de N e da inoculação com Azospirillum brasilense, Selvíria – MS, 2014
N P K Ca Mg S
Doses de N (kg ha-1) ---------------------------------------------kg ha-1-----------------------------------------
0 35,14 5,00 162,66(1) 8,71(2) 5,13(3) 12,49
50 39,03 6,03 178,40 11,04 5,68 13,50
100 41,04 5,62 189,39 11,51 5,89 14,46
150 46,05 6,54 200,99 12,87 6,02 15,03
200 55,66 8,12 252,65 14,96 7,23 18,14
Média geral 43,38 6,26 196,82 11,82 5,99 14,72
C.V. (%) 30,56 30,54 28,67 28,43 29,00 26,02
Fontes de N
Ureia 43,22 a 6,23 a 201,57 a 12,20 a 6,06 a 14,96 a
Super N 43,55 a 6,30 a 192,07 a 11,43 a 5,91 a 14,49 a
Inoculação
Com Azospirillum 48,54 5,55 206,70 a 12,05 a 6,48 a# 17,32
Sem Azospirillum 38,23 6,97 186,94 a 11,58 a 5,49 b 12,13
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
** significativo p<0,01;* significativo 0,01<p<0,05; ns: não significativo;
1 ŷ = 156,3030 + 0,4051x (R² = 0,87);2 ŷ = 8,9518 + 0,0287x (R² = 0,96);3 ŷ = 5,0788 + 0,0091x (R² = 0,86). #DMS (5%) = 0,91
Tabela 2 - Desdobramento da interação entre inoculação com A. brasilense e doses de N no acúmulo de N,
P e S na palhada do trigo. Selvíria –MS, 2014.
Inoculação Dose de N (kg ha-1)
0 50 100 150 200
Acúmulo de N (kg ha-1)
Com* 43,95 a(1)# 41,19 a 45,95 a 50,90 a 60,70 a
Sem** 26,33 b(2) 36,88 a 36,13 a 41,21 a 50,62 a
Acúmulo de P (kg ha-1)
Com** 4,79 a(3) 4,44 b## 4,38 b 5,42 b 8,72 a
84
Semns 5,20 a 7,62 a 6,86 a 7,67 a 7,53 a
Acúmulo de S (kg ha-1)
Com* 16,28 a(4) 14,23 a 16,93 a### 17,74 a 21,44 a
Sem** 8,70 b(5) 12,77 a 11,99 b 12,33 b 14,84 b
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ** significativo p<0,01;*
significativo 0,01<p<0,05; ns: não significativo.1 ŷ = 39,8980 + 0,0864x R² = 0,79;2 ŷ = 27,6507 + 0,1058x R² = 0,90;3 ŷ = 4,9837 –
0,0304x + 0,0002x2 R² = 0,97;4 ŷ = 14,5570 + 0,0277x R² = 0,68 ;5 ŷ = 9,7593 + 0,0237x R² = 0,72 . #DMS (5%) = 15,50; ##DMS
(5%) = 2,24; ###DMS (5%) = 4,48
Conclusões
Não houve efeito de fontes de N no acúmulo de macronutrientes na palhada do trigo.
O aumento das doses de N propicia incremento no acúmulo de nutrientes na palhada do trigo.
A inoculação é benéfica para o acúmulo de N e S na palhada, apesar de influenciar negativamente o
acúmulo de P e Mg, pelo fato de acumular mais estes nutrientes nos grãos de trigo.
Referências
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO- CONAB. Avaliação da safra agrícola
2015/2016: primeiro levantamento – outubro/2015. Brasília: CONAB, 2015.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
Princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba, Potafos; 1997, 319p.
85
Micronutrientes acumulados na palhada do trigo inoculado com
Azospirillum brasilense e adubado com doses e fontes de nitrogênio
Fernando Shintate Galindo(1), Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(2),
Vinicius Martins Silva(1)*, José Mateus Kondo Santini(1), Mariana Gaioto
Ziolkowski Ludkiewicz(1), Eduardo Henrique Marcandalli Boleta(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Pós Graduação em Agronomia, DEFERS. e-mail: vinicius-martins-
2UNESP-FEIS, Profº. Dr no curso de Graduação e Pós Graduação em Agronomia, DEFERS
3UNESP-FEIS, Curso de Graduação em Agronomia, DEFERS
Introdução
A região do Cerrado tem grande potencial para a expansão da cultura de trigo, entretanto, se faz
necessário a utilização de fertilizantes, principalmente os nitrogenados. O nitrogênio é o nutriente mais
limitante para a cultura, e ao mesmo tempo o que apresenta relação mais complexa com o solo, pois apenas
50% dos adubos nitrogenados aplicados são aproveitados pelas plantas, enquanto o resto é perdido. Dessa
forma há de se buscar maneiras de tornar a adubação nitrogenada com ureia mais eficiente, com o uso de
inibidor de urease ou por meio da inoculação de Azospirillum brasilense, o qual produz fitohormônios que
estimulam o crescimento das raízes, e consequentemente, podem aumentar a absorção de nutrientes. O
objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito da inoculação com A. brasilense e de doses e fontes de nitrogênio
no acúmulo de micronutrientes em palhada de trigo irrigado cultivado no Cerrado.
Material e métodos
O experimento foi conduzido ano agrícola de 2014 na FEPE em Selviria - MS em Latossolo
Vermelho Distrófico, textura argilosa, em área irrigada. O delineamento experimental foi em blocos ao
acaso em esquema fatorial 2 x 5 x 2, sendo duas fontes de N (ureia convencional, com 45% de N ou Super
N - ureia com inibidor da enzima urease NBPT, com 45% de N); cinco doses de N (0, 50, 100, 150 e 200
86
kg ha-1) aplicadas à lanço; e com ou sem inoculação das sementes com A. brasilense. Os atributos químicos
do solo na camada arável apresentaram os seguintes resultados: 13 mg dm-3 de P (resina); 6 mg dm-3 de S-
SO4; 23 g dm-3 de M.O.; 4,8 de pH (CaCl2); K, Ca, Mg, H+Al = 2,6; 13,0; 8,0 e 42,0 mmolc dm-3,
respectivamente; Cu, Fe, Mn, Zn (DTPA) = 5,9; 30,0; 93,9 e 1,0 mg dm-3, respectivamente; 0,24 mg dm-3
de B (água quente), V% = 36. A cultivar utilizada foi a CD 116. Foi realizada coleta de palhada 15 dias
após a colheita, secagem, pesagem, determinação dos teores de Cu, Fe, Mn e Zn segundo metodologia
descrita Malavolta et al. (1997) e por fim, o cálculo do acúmulo de nutrientes por hectare, com base
produtividade matéria seca e teor de nutrientes na palhada.
Todos os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o programa de
análises estatísticas SISVAR, as médias da inoculação ou não e de fontes de N foram comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade e as doses de N ajustadas pelo modelo de regressão polinomial.
Resultados e discussão
Não foi observada influência de fontes de N no acúmulo dos micronutriente catiônicos na palhada
(Tabela 1). O incremento das doses de N não influenciou no acúmulo de Cu, Fe e Mn na palhada do trigo
irrigado. Entretanto, o acúmulo de Zn na palhada ajustou-se à regressão quadrática, sendo observada maior
concentração na maior dose de N testada.
A inoculação com A. brasilense proporcionou maior acúmulo de Cu, Fe, Mn e Zn na palhada do
trigo, o que poderá ser utilizado após a decomposição da palhada e mineralização dos nutrientes pelas
culturas subsequentes nesta área em sistema plantio direto. Vale destacar que os teores de Cu e Zn no solo
são considerados médios, e os teores de Fe e Mn no solo são considerados altos de acordo com Raij et al
(1997), indicando que a inoculação com A. brasilense pode proporcionar maior absorção de
micronutrientes, o que pode ser explicado por um possível aumento no volume radicular da planta de trigo,
como observado por Zorita e Caniggia (2009).
87
Tabela 1 - Acúmulos de Cu, Fe, Mn e Zn na palhada da cultura do trigo irrigado em função de doses e
fontes de N e da inoculação com Azospirillum brasilense, Selvíria – MS, 2014
Cu Fe Mn Zn
---------------------------------------------g ha-1-------------------------------------
Doses de N (kg ha-1)
0 68,12 1967,65 658,12 74,16(1)
50 57,51 2021,63 653,20 73,00
100 68,39 2387,59 681,26 65,57
150 79,567 2337,08 722,28 78,06
200 74,00 2523,63 839,71 96,53
Média geral 69,52 2247,51 710,91 77,46
C.V. (%) 20,38# 15,34# 16,49# 30,33
Fontes de N
Ureia 67,05 a 2228,01 a 715,95 a 77,14 a
Super N 71,98 a 2267,02 a 705,87 a 77,79 a
D.M.S. (5%) 13,14 380,53 122,37 12,28
Inoculação
Com Azospirillum 79,11 a 2473,28 a 785,31 a 85,89 a
Sem Azospirillum 59,92 b 2021,75 b 636,51 b 69,04 b
D.M.S. (5%) 13,14 380,53 122,37 12,28
D 0,988ns 0,849ns 0,886ns 5,437*
F 0,075ns 0,812ns 0,014ns 0,011ns
I 7,591** 7,297* 6,154* 7,718**
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ** significativo p<0,01;*
significativo 0,01<p<0,05; ns: não significativo; #Dados corrigidos seguindo a equação (x+0,5)0,5; 1ŷ= 75,9554 – 0,2385x + 0,0017x2
(R² = 0,93).
Conclusões
As fontes de N não diferem em relação ao acúmulo de Cu, Fe, Mn e Zn na palhada de trigo irrigado.
O aumento das doses de N influenciou apenas o acúmulo de Zn na palhada.
88
A inoculação com A. brasilense proporcionou maior acúmulo de Cu, Fe, Mn e Zn na palhada de
trigo irrigado, demonstrando assim, mais um benefício desta bactéria diazotrófica.
Referências
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
Princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba, Potafos; 1997, 319p.
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de
adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1997. 285p. (Boletim técnico,
100).
ZORITA, M.D.; CANIGGIA, M.V.G. Field performance of a liquid formulation of Azospirillum
brasilense on dryland wheat productivity. Eur. J. soil. biol. v. 45: 1010-1016, 2009.
89
Taxa de nascimento de Caiman latirostris no CCFS de janeiro de
2004 à janeiro de 2014
Gabriela de Souza Peres Carvalho(1)*, Vanessa Veronese Ortunho(2), Lucio de
Oliveira e Sousa(3), Gaby Soares de Freitas(4), Sara de Souza Ferreira(5), Richard
Roberto Lobo(6)
1 Aluna autora- e-mail: [email protected]
2Médica veterinária graduada na UEL, Docente do Departamento de Biologia e Zootecnia (DBZ) – Ilha
Solteira/SP
1,4,5,6UNESP-FEIS, Curso de graduação em Zootecnia
3Médico Veterinário do Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira (CCFS)
Introdução
O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) é um crocodiliano que apresenta situação mais
complexa que tange a conservação, uma vez que sua área de distribuição geográfica coincide com as áreas
mais densamente ocupadas (Nordeste, Sudeste e Sul), em que a maior parte do ambiente natural já foi
alterado. Atividades de drenagem de corpos d’água, desmatamento, poluição, expansão urbana e uso
intensivo de agrotóxicos são ameaças constantes (Verdade 1997, 1998; Filogônio et. al. 2010; Coutinho et
al. 2012).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) (2003), não está na lista nacional de ameaçados
de extinção, porém estava incluso em 1989 e atualmente é avaliado como Menos Preocupante (LC). Nas
listas estaduais, está Em Perigo (EP) no Livro Vermelho do Estado do Rio de Janeiro, pois está sujeito à
caça intensiva (Bergallo et al. 2000; Coutinho et al. 2012).
Sua reprodução acontece de janeiro e abril. A cada ninhada, a fêmea põe de 20 a 40 ovos, e apenas um
filhote chega à vida adulta (Azevedo, 2014).
O objetivo do trabalho é relatar a taxa de nascimento da espécie no Centro de Conservação da Fauna
Silvestre de Ilha Solteira (CCFS), nos últimos dez anos e enfatizar a importância da conservação ex situ.
90
Material e métodos
No zoológico de Ilha Solteira há um cadastro de todos os animais contendo, data de entrada e saída,
no caso: morte ou doação. Tem anotado também a forma de chegada como entrega por polícia, bombeiro e
nascimento.
Há descrição detalhada do tratamento que o animal recebeu, entre outros. Baseado nessas fichas
resolveu-se coletar e contabilizar os dados de entrada e saída dos Caiman latirostris, desde janeiro de 2004
à janeiro de 2014.
Resultados e discussão
Os resultados estão apresentados na Tabela 1. Observa-se que em 2009 foi encontrado o maior
número de animais nascidos (28), porém nos anos de 2004 e 2014 não há relatos de nascimentos.
Tabela 1 – Nascimentos de Caiman latirostris no período de janeiro de 2004 à janeiro de 2014 no CCFS.
Anos Número de animais Tx de Natalidade*
2004 0 0
2005 20 12,34
2006 26 16,05
2007 23 14,20
2008 10 6,18
2009 28 17,30
2010 11 6,80
2011 16 9,88
2012 15 9,26
2013 13 7,99
2014 0 0
Total 162 100
*Taxa de Natalidade em (%).
Azevedo (2014) relatou o nascimento de 150 jacarés nos últimos 20 anos no Parque Zoobotânico Arruda
91
Câmara em João Pessoa, valor inferior ao encontrado no CCFS e que pode ser analisado na Tabela 1.
Conclusões
Atualmente não se encontra em extinção (a nível nacional), mas se faz necessário o monitoramento
da distribuição geográfica dos animais, relacionando a expansão urbana (entre outros fatores), que podem
acarretar ao retorno da espécie à lista de extinção, com as taxas de nascimento, mortalidade, fecundidade.
A taxa de nascimento dos animais mantidos em cativeiro averigua se o manejo nutricional e sanitário
estão adequados, é importante para comparar com dados obtidos em outros zoológicos e em vida livre. A
utilização de estratégias de conservação ex situ, podem ser a chave para a espécie não retornar à lista de
extinção e, caso ocorra seu retorno, auxiliará na restauração das populações.
Referências
AZEVEDO, J. C. N. de. Com 10 mil espécimes, jacaré do papo amarelo está ameaçado. João Pessoa/pb:
G1, 2014. Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2013/05/com-10-mil-especimes-jacare-
do-papo-amarelo-esta-ameacado.html>. Acesso em: 12 abr. 2016.
BERGALLO, H.G. et al. 2000. A fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Ed. UERJ. 166p.
COUTINHO, M. E. et al. Avaliação do risco de extinção do jacaré-de-papo-amarelo Caiman latirostris
(Daudin, 1802) no Brasil. Brasil: Icmbio, 2012.
FILOGÔNIO, R. et al. 2010. Distribution of broad-snouted caiman (Caiman latirostris, Daudin 1802,
Alligatoridae) in the São Francisco River basin, Brazil. Brazilian Journal of Biology, 70(4): 961-968.
MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2003. Instrução Normativa N° 3, de 27 de maio de 2003. Lista das
Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,
DF. Seção1, 101: 88-97. Disponível em http://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/179/_05122008034002.pdf.
(Acessado em 12/04/2016).
VERDADE, L.M. 1997. Manejo e conservação do jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) no Estado de
São Paulo. In: Valladares-Padua, C.; Bodmer, R.E. & Cullen Jr., L. (eds). Manejo e conservação de vida silvestre no
Brasil. p.222-232. CNPq, Brasília.
92
VERDADE, L.M. 1998. Caiman latirostris. In: Ross, J.P. (ed). Crocodiles. status survey and conservation
action plan. p. 18-20. IUCN - The World Conservation Union, Gland, Switzerland.
93
Composição centesimal do musculi longissimus dorsi de cordeiros
alimentados com silagens de sistema integração lavoura-pecuária
Guilherme Ribeiro(1)*, Luan Silva Silveira(2), Richard Roberto Lobo(2), Diego
Marostica Lino(3), Leandro Coelho de Araujo(4), Rafael Silvio Bonilha Pinheiro(4)
1UNESP-FEIS, Aluno do Curso de Zootecnia, Bolsista de Iniciação Cientifica pela PIBIC/Reitoria,
Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Aluno do Curso de Zootecnia, Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal
3UNESP-FEIS, Mestrando do Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de
Tecnologia de Produtos de Origem Animal
4UNESP-FEIS, Professor Doutor do Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
A ovinocultura está presente em praticamente todos os continentes e sua adaptação a diferentes
climas, relevos e vegetações está destinada tanto ao desenvolvimento econômico como de subsistência de
muitas famílias (Viana, 2008). Porém, a alimentação destes animais pode ser restrita na produção de carne
ovina no Brasil, devido ao período de sazonalidade durante o ano. No contexto de produção sustentável de
ovinos o que vem trazendo vantagens é, a integração lavoura-pecuária. Este volumoso pode ser utilizado
na dieta de animais em confinamento permitindo o abate de animais mais jovens, incrementando a produção
de carnes de melhor qualidade físico-química e sensorial (Priolo et al., 2002). A maioria dos estudos utiliza
o Longissimus, pois este músculo apresentar alta correção com a composição da carcaça e também é
indicado para determinar a qualidade da carne..
O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química do músculo Longissimus dorsi de
cordeiros terminados em confinamento alimentados com silagem de milho em consórcio ou não com
gramínea do gênero Panicum maximum.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal da
94
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – FEIS/Unesp. O experimento foi realizado com 16 músculos
(Longissimus dorsi) de cordeiros não castrados ½ Dorper ½ Santa Inês, terminados em confinamento com
dietas contendo silagem de milho exclusivo ou em consórcio com gramínea do gênero Panicum maximum
cv. Tanzânia. A relação volumoso concentrado das dietas foram de 60:40. O concentrado das dietas era
composto por: grão de milho moído, farelo de soja, calcário calcítico, fosfato bicálcico, uréia e núcleo
mineral.
Os cordeiros ao atingirem 33 kg de peso corporal foram abatidos. As carcaças foram divididas
longitudinalmente em duas partes, sendo retirada da meia carcaça esquerda o músculo Longissimus dorsi
que foi congelado. O músculo foi moído, liofilizado por 72 horas e após foram realizadas as análises de
proteína, umidade, extrato etéreo e cinzas seguindo-se as recomendações da AOAC (1995).
Os dados foram submetidos a análises de variância. As análises estatísticas foram realizadas no SAS
(2002).
Resultados e discussão
A composição química da carne de cordeiros confinados recebendo silagens de milho em consórcio
ou não com Panicum maximum está apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 – Qualidade nutricional do músculo Longissimus dorsi de cordeiros confinados recebendo
silagens de milho em consórcio ou não com Panicum maximum cv. Tanzânia.
Variável (%) Tratamentos CV(%) Teste F
Milho Exclusivo Milho x Tanzânia
Umidade 74,96 72,72 6,57 0,44NS
Proteína bruta 19,84 21,97 17,69 0,34NS
Matéria mineral 1,79 1,70 21,83 0,77NS
Extrato etéreo 3,66 3,51 12,68 0,56NS
NS = Não significativo (P>0,05).
As dietas não se diferenciaram entre si na composição do músculo (P>0,05), pois a qualidade
nutricional das mesmas foram próximas. Os valores obtidos neste trabalho (Tabela 1) são condizentes ao
trabalho de Pinheiro et al. (2009), onde avaliou a qualidade da carne de cordeiros confinados recebendo
diferentes relações de volumoso:concentrado na dieta.
95
Conclusões
A composição centesimal do músculo Longissimus dorsi é semelhante em cordeiros terminados em
confinamento com dietas contendo silagens de sistema integração lavoura-pecuária.
Referências
AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analyses chemists.16 ed. Arlington,
1995.
PINHEIRO, R. S. B.; JORGE, A. M.; MOURÃO, R. C.; POLIZEL NETO, A.; ANDRADE, E. N.; GOMES,
H.F.B. Qualidade da carne de cordeiros confinados recebendo diferentes relações de volumoso:concentrado na dieta.
Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v.29, n.2, p.407-411, 2009.
PRIOLO, A.; MICOL, D.; AGABRIEL, J.; PRACHE, S.; DRANSFIELD, E. Effect of grass or concentrate
feeding systems on lamb carcass and meat quality. Meat science, v.62, n.2, p.179- 185, 2002.
SAS/STAT® Versão 9.0 do sistema SAS para Windows, copyright 2002 SAS Institute Inc., Cary, NC, USA.
VIANA, J.G.A. Panorama Geral da Ovinocultura no Mundo e no Brasil. Revista Ovinos, Ano 4, N° 12,
Porto Alegre -RS, Março de 2008.
96
Avaliação de formas de ureia para adubação nitrogenada da cultura
do milho
Igor Barberio Domeniconi(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(2),
Leandro Henrique Garcia(3), Gustavo Pavan Mateus(4)
1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor do curso de Agronomia.
3UNESP-FEIS, Curso de Agronomia.
4APTA de Andradina, Pesquisador.
Introdução
O estudo de fontes nitrogenadas é muito importante para a agricultura, uma vez que estes
fertilizantes têm comportamento diferenciado quando aplicados ao solo, em especial para perdas de
nitrogênio (N). A ureia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado, contudo pode proporcionar baixa
eficiência no fornecimento de N às plantas quando aplicada na superfície do solo em função de perdas por
volatilização de amônia. Logo, buscam-se produtos ou substâncias inibidoras da urease para que se tenha
uma maximização do uso do N da ureia em sistemas agrícolas. Outra opção é a utilização de fertilizantes
revestidos que pode proporcionar menores perdas e maior disponibilidade de nutriente no solo, passível de
absorção pelas plantas, tendo em vista a liberação gradativa do nutriente. Logo, objetivou-se avaliar o efeito
de doses de N aplicadas em cobertura, em três formas de ureia (convencional, revestida com polímero ou
com inibidor de urease), no índice clorofila foliar (ICF), componentes de produção e de produtividade de
grãos de milho, em um solo de textura média.
Material e métodos
O experimento foi conduzido em sistema convencional no município de Itapura – SP, em um
Latossolo Vermelho Distrófico de textura média. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados com
quatro repetições e em arranjo fatorial 3 x 5, ou seja, com três formas de ureia (convencional, ureia revestida
97
com polímero e ureia com inibidor de urease), e cinco doses de N (0, 40, 80, 120, 160 kg ha-1) aplicadas
em cobertura no milho no estádio V4, sem incorporação ao solo ou irrigação após esta adubação.
O preparo de solo foi o convencional, sendo uma operação de aração e duas de gradagens niveladora.
A semeadura do híbrido de milho DKB 370, foi realizada mecanicamente, por meio de semeadora
mecânica, na densidade de 5 sementes por metro de sulco e, espaçamento de 0,8 m entrelinhas,
correspondendo aproximadamente 60.000 sementes por hectare. A adubação mineral de semeadura constou
da aplicação de 270 kg ha-1 do formulado 08-28-16, com base na analise de solo e recomendação de
Cantarella et al. (1997).
Foram avaliados o ICF (na ocasião da coleta das folhas para análise química, florescimento feminino
do milho), massa de cem grãos, número de grãos por espiga, altura de plantas no final do ciclo do milho e
a produtividade de grãos. Todos os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância
utilizando-se o programa de análises estatísticas SISVAR, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade e as doses usando ajustes de regressão polinomial.
Resultados e discussão
Não foi constatada interação entre formas de ureia e doses de N para nenhuma das avaliações
(Tabelas 1 e 2). A ureia convencional, a revestida com polímero e a com inibidor de urease propiciaram
semelhantes ICF, massa de cem grãos, número de grãos por espiga e altura de plantas, e consequentemente,
não diferiram para produtividade de grãos de milho (Tabelas 1 e 2). Maestrelo et al. (2014) também
verificaram que a aplicação da ureia revestida teve o mesmo efeito da ureia convencional sobre as
avaliações realizadas, ou seja, este fertilizante revestido não foi eficiente na liberação gradual do nitrogênio,
como era de se esperar.
Esses resultados estão de acordo com a maioria das pesquisas em condições tropicais, as quais têm
demonstrado que a ureia revestida pelos mais variados polímeros não tem a eficiência desejada, ou seja, a
produtividade de milho é semelhante à proporcionada pela ureia convencional na mesma dose aplicada.
O aumento das doses de N não influenciou o ICF, massa de cem grãos, número de grãos por espiga
e altura de plantas (Tabelas 1 e 2), porém, aumentou linearmente a produtividade de grãos de milho, o que
pode ser explicado pelo maior estande final de plantas nas maiores doses de N testadas.
98
Tabela 1 - Índice de clorofila foliar (ICF) e massa de cem grãos de milho. Itapura – SP.
Formas de ureia ICF Massa de cem grãos (g)
Convencional 50,08 a 29,43 a
Revestida com polímero 48,89 a 28,79 a
Com inibidor de urease 48,06 a 29,95 a
D.M.S (5%) 4,48 1,23
Doses de N (kg ha-1)
0 46,68 ns 29,55 ns
40 50,73 29,79
80 47,68 29,14
120 49,12 28,62
160 50,84 29,85
Média geral 49,01 29,39
C.V. (%) 11,90 5,46
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. ns Não significativo.
Tabela 2 - Número de grãos por espiga, altura de plantas e produtividade de grãos de milho em função de
formas de ureia e doses de N. Itapura – SP.
Formas de ureia Número de grãos
por espiga
Altura de planta
(cm)
Produtividade de grãos
(kg ha-1)
Convencional 479 a 228,06 a 7396 a
Revestida com polímero 481 a 229,13 a 7694 a
Com inibidor de urease 481 a 226,56 a 7179 a
D.M.S (5%) 30,87 4,80 966,95
Doses de N (kg ha-1)
0 480 ns 228,12 ns 6077 (1)
40 488 228,24 7805
80 475 228,08 7625
120 484 228,99 7720
160 475 226,17 7886
99
Média geral 480 227,92 7423
C.V. (%) 8,37 2,75 16,95
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. nsNão significativo.
Equação de regressão: (1) Y = 6716,6000 + 8,8315x (R2 = 0,54**).
Conclusões
O incremento das doses de N aumenta produtividade de grãos de milho, independentemente da
forma de ureia utilizada.
A ureia revestida com polímero e a ureia com inibidor de urease não parecem ser eficientes, para
diminuir a urease e consequentemente, reduzir as perdas de N por volatilização da amônia nas condições
edafoclimáticas estudadas, portanto, recomenda-se o uso da ureia convencional por ter o menor preço.
Referências
CANTARELLA, H.; RAIJ, B. van.; CAMARGO, C. E. O.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. G. Cereais.
Recomendações de calagem e adubação para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1997. 2ª ed. p.47 . (Boletim
técnico, 100).
MAESTRELO, P. R.; BUZETTI, S.; TEIXEIRA FILHO, M. C. M.; GARCIA, C, M, P.; RODRIGUES, M. A.
C.; LINO, A. C. M.; ANDREOTTI, M. Aplicação de ureia revestida em cobertura no milho irrigado sob sistema de
semeadura direta. Agrária - Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.9, n.2, p.192-199, 2014.
100
Efeito da adubação nitrogenada com ureia revestida por polímero na
cultura do milho em solo de textura arenosa
Igor Barberio Domeniconi(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho(2),
Leandro Henrique Garcia(3), Gustavo Pavan Mateus(4)
1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor do curso de Agronomia.
3UNESP-FEIS, Curso de Agronomia.
4APTA de Andradina, Pesquisador.
Introdução
O nitrogênio é o nutriente mineral mais exigido pela planta de milho, e é o que mais frequentemente
limita a produtividade de grãos. Neste contexto, o estudo de fontes nitrogenadas é muito importante para a
agricultura, uma vez que estes fertilizantes têm comportamento diferenciado quando aplicados ao solo, em
especial para perdas de nitrogênio (N). A ureia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado, contudo pode
proporcionar baixa eficiência no fornecimento de N às plantas quando aplicada na superfície do solo em
função de perdas por volatilização de amônia. Por isso, existem no mercado produtos ou substâncias
inibidoras da urease para que se tenha uma maximização do uso do N da ureia em sistemas agrícolas. Outra
opção é a utilização de fertilizantes revestidos que pode proporcionar menores perdas e maior
disponibilidade de nutriente no solo, passível de absorção pelas plantas, tendo em vista a liberação gradativa
do nutriente. Sendo assim, objetivou-se avaliar o efeito de doses de N em cobertura, aplicadas em duas
formas de ureia (convencional ou revestida com polímero) no índice clorofila foliar (ICF), componentes de
produção e de produtividade de grãos de milho, em um solo de textura média.
Material e métodos
A pesquisa de campo foi conduzida em sistema convencional no município de Andradina – SP, em
um Latossolo Vermelho Álico de textura arenosa. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados com
quatro repetições e em arranjo fatorial 3 x 5, ou seja, com duas formas de ureia (convencional ou revestida
101
com polímero), e cinco doses de N (0, 40, 80, 120, 160 kg ha-1) aplicadas em cobertura no milho no estádio
V4, sem incorporação ao solo ou irrigação após esta adubação.
A área agrícola teve o preparo convencional de solo, com uma operação de aração e duas de
gradagens niveladora. A semeadura do híbrido de milho DKB 370, foi realizada mecanicamente, por meio
de semeadora mecânica, na densidade de 5 sementes por metro de sulco e, espaçamento de 0,8 m
entrelinhas, correspondendo aproximadamente 60.000 sementes por hectare. A adubação mineral de
semeadura constou da aplicação de 320 kg ha-1 do formulado 08-28-16, com base na analise de solo e
recomendação de Cantarella et al. (1997).
Foram avaliados o ICF (na ocasião da coleta das folhas para análise química, florescimento feminino
do milho), massa de cem grãos, número de grãos por espiga, altura de plantas no final do ciclo do milho e
a produtividade de grãos. Todos os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância
utilizando-se o programa de análises estatísticas SISVAR, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade e as doses usando ajustes de regressão polinomial.
Resultados e discussão
Não foi constatada interação entre formas de ureia e doses de N para nenhuma das avaliações
(Tabelas 1 e 2). A ureia convencional e a revestida com polímero não diferiram em relação ao ICF, massa
de cem grãos, número de grãos por espiga e altura de plantas, e consequentemente, não diferiram para
produtividade de grãos de milho (Tabelas 1 e 2). Maestrelo et al. (2014) também verificaram que a aplicação
da ureia revestida teve o mesmo efeito da ureia convencional sobre as avaliações realizadas, ou seja, este
fertilizante revestido não foi eficiente na liberação gradual do nitrogênio, como era de se esperar.
Esses resultados estão de acordo com a maioria das pesquisas em condições tropicais, as quais têm
demonstrado que a ureia revestida pelos mais variados polímeros não tem a eficiência desejada, ou seja, a
produtividade de milho é semelhante à proporcionada pela ureia convencional na mesma dose aplicada.
O aumento das doses de N não influenciou a massa de cem grãos e a altura de plantas d milho
(Tabelas 1 e 2), porém, aumentou linearmente o ICF, número de grãos por espiga, e consequentemente, a
produtividade de grãos de milho.
102
Tabela 1 - Índice de clorofila foliar (ICF) e massa de cem grãos de milho. Andradina – SP.
Formas de ureia ICF Massa de cem grãos (g)
Convencional 48,67 a 28,26 a
Revestida com polímero 49,14 a 28,66 a
D.M.S (5%) 3,58 1,14
Doses de N (kg ha-1)
0 46,00 (1) 27,78 ns
40 46,15 28,28
80 48,6 28,60
120 52,05 29,29
160 51,75 28,37
Média geral 11,3 6,22
C.V. (%) 48,67 a 28,26 a
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. ns Não significativo.
Equações de regressão: (1)Y = 45,4300 + 0,0435x (R2 = 0,88**).
Tabela 2 - Número de grãos por espiga, altura de plantas e produtividade de grãos de milho em função de
formas de ureia e doses de N. Andradina – SP.
Formas de ureia Número de grãos
por espiga
Altura de planta
(cm)
Produtividade de grãos
(kg ha-1)
Convencional 363 a 233,98 a 4688 a
Revestida com polímero 378 a 232,28 a 4750 a
D.M.S (5%) 29,5 24,08 535
Doses de N (kg ha-1)
0 327 (1) 233,92 ns 3772 (2)
40 360 221,12 4279
80 390 223,27 4977
120 388 232,46 5099
160 387 224,87 5470
Média geral 370 233,13 4719
103
C.V. (%) 12,28 15,92 17,46
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. nsNão significativo.
Equação de regressão: (1) Y = 341,3065 + 0,3615x (R2 = 0,74**); (2) Y = 3876,5000 + 10,5375x (R2 = 0,95**).
Conclusões
O incremento das doses de N aumenta o ICF, número de grãos por espiga e a produtividade de grãos
de milho, independentemente da forma de ureia utilizada.
A ureia revestida com polímero não é eficiente para diminuir a urease, e consequentemente, reduzir
as perdas de N por volatilização da amônia em solo de textura arenosa, portanto, recomenda-se o uso da
ureia convencional por ter o menor preço.
Referências
CANTARELLA, H.; RAIJ, B. van.; CAMARGO, C. E. O.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. G. Cereais.
Recomendações de calagem e adubação para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1997. 2ª ed. p.47 . (Boletim
técnico, 100).
MAESTRELO, P. R.; BUZETTI, S.; TEIXEIRA-FILHO, M. C. M.; GARCIA, C, M, P.; RODRIGUES, M. A.
C.; LINO, A. C. M.; ANDREOTTI, M. Aplicação de ureia revestida em cobertura no milho irrigado sob sistema de
semeadura direta. Agrária - Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.9, n.2, p.192-199, 2014.
104
Soluções de manutenção pós-colheita podem alterar a anatomia de
hastes de Solidago canadensis L.?
Isabela Alonso Buzetti(¹), Aline Redondo Martins(¹), Laís Bravo Perina(²),
Maximiliano K. Pagliarini(2), Regina Maria Monteiro de Castilho(²)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – LEMAV - Laboratório de Estudos em Morfologia e
Anatomia Vegetal
2UNESP-FEIS, Curso de Agronomia, - Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-
Economia
Introdução
O tango (Solidago canadensis L.) é uma cultura relativamente rústica e de cultivo simples, podendo
ser produzida o ano todo, desde que sejam oferecidos os cuidados necessários durante o seu ciclo, bem
como no pós-colheita, visando a qualidade das inflorescências, que são comercializadas como flores de
corte para a composição de buquês e arranjos florais (LORENZI E SOUZA, 2008). As flores frescas de
corte necessitam de um cuidado maior após a colheita e a sua permanência nos arranjos e vasos é limitada
por fatores ambientais e fisiológicos (HALEVY E MAYAK, 1981), que podem ser controlados com
soluções pós colheita. O objetivo deste trabalho foi avaliar as variações anatômicas em hastes de tango
tratadas com diferentes soluções de manutenção pós-colheita.
Matérias e Métodos
As inflorescências de tango utilizadas foram produzidas no Sítio Nishino, localizado na cidade de
Atibaia/SP. O experimento foi conduzido, em Laboratório UNESP- Campus de Ilha Solteira /SP, no período
de 31/01 a 05/02/2015. Após a padronização as hastes foram pesadas em balança eletrônica e as mesmas
foram transferidas ao acaso em frascos de vidro contendo 100 ml de solução de tratamento: T1 - Água de
torneira, T2 - Água destilada, T3 - Água de torneira (1L) + 5 g de açúcar refinado, T4 - Água de torneira
(1L) + 5 ml de própolis comercial, T5 - Água de torneira (1L) + 5 g de açúcar refinado + 5 ml de própolis
comercial. Ao final do experimento, a parte inferior das hastes foram fixadas em FAA 70, e amostras foram
105
desidratadas em série etílica, incluídas em hidroxi-etil-metacrilato (Leica Historesin) e os blocos obtidos
foram seccionados com a espessura de 5-10 μm. O material foi corado com Azul de Toluidina 0,05% e as
laminas foram fotografadas para análise e submetidas ao software Image Tool 3.0, o qual permite medir as
espessuras das estruturas anatômicas (epiderme e parênquima cortical). Os resultados foram submetidos a
análise de variância com auxílio do programa Sisvar (FERREIRA,2000) e teste de Tukey, ao nível de 5%
de probabilidade
Resultados e discussão
Como observado na Tabela 1 e na Figura 1, a espessura total do parênquima cortical apresentou
diferença significativa entre os tratamentos, sendo que o maior valor foi para T4, e o menor para T1
(controle). Para epiderme, não houve diferença significativa em sua espessura. O potencial osmótico dos
diferentes tratamentos possivelmente influenciou na espessura total do parênquima, visto que, a regulação
do potencial osmótico interna, está relacionada com o crescimento da planta, conforme sugerido por Costa
et al. (2012). Diferentes tratos culturais utilizados podem, segundo Silva, Alquini e Cavallet (2005),
provocar alterações na organização estrutural dos vegetais, incluindo o parênquima, levando ao aumento
em sua densidade, redução de seus espaços intercelulares e do tamanho celular.
Tabela 1 - Valores médios da espessura (μm) dos tecidos (parênquima e epiderme) da haste de Tango. Ilha
Solteira, 2016.
Tratamento Parênquima Epiderme
1 88,11 c 11,64
2 149,87 ab 11,81
3 124,37 b 12,16
4 161,95 a 12,82
5 126,24 b 12,31
Média 130, 11 12,15
CV (%) 46,09 22,22
T1 - Água de torneira, T2 - Água destilada, T3 - Água de torneira (1L) + 5 g de açúcar refinado, T4 - Água de torneira (1L) + 5 ml de
própolis comercial, T5 - Água de torneira (1L) + 5 g de açúcar refinado + 5 ml de própolis comercial.
106
Figura 1: Secções transversais de hastes florais de tango submetidas a soluções de manutenção pós-
colheita. A. Tratamento 1. B. Tratamento 4. Ep = Epiderme; PR= Parênquima.
Conclusões
A solução de manutenção (tratamento) na conservação pós-colheita de tango pode alterar a espessura
total do parênquima cortical nas hastes de tango.
Referências
COSTA, V. P.; HAYASHI, A. H.; CARVALHO, M. A. M.; SILVA, E. A. Aspectos fisiológicos, anatômicos
e ultra-estruturais do rizoma de Costus arabicus L. (Costaceae) sob condições de défi cit hídrico. Hoehnea vol. 39, n.
1, p. 125-137, 2012.
HALEVY, A. H.; MAYAK, S. Senescence and postharvest physiology of cut flowers. Horticultural Reviews,
New York, v.3, p.59-143, 1981.
FERREIRA, D. F. Sisvar - sistema de análise de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA,1998. 19 p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M. Plantas Ornamentais no Brasil: Arbustivas, Herbáceas e Trepadeiras. 4. ed. Nova
Odessa, Instituto Plantarum, 2008. 1130 p.
SILVA, L. M.; ALQUINI, Y. CAVALLET, V. J. Inter-relações entre a anatomia vegetal e a produção vegetal.
Acta bot. bras. v. 19, n. 1, p.183-194, 2005.
107
Avaliação de políticas públicas: Programa aquisição de alimentos nos
municípios do território de Andradina e Noroeste Paulista
Jaqueline Bonfim de Carvalho(1)*, Valéria da Silva Modenese(1), Vanessa Zaffani
Sant’ana(1), Reinaldo da Silva Tosti(2), Omar Jorge Sabbag(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Agronomia, e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Curso de Agronomia
3UNESP-FEIS, Docente do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia
Introdução
As políticas públicas são diretrizes da ação do poder público, explicitadas, sistematizadas ou
formuladas em documentos como leis e programas, as quais orientam ações que normalmente envolvem
aplicação de recursos públicos (Teixeira, 2002). O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma
política pública que vincula uma rede de atores em nível nacional e local com a finalidade de incentivar a
produção e comercialização de alimentos da agricultura familiar que possam ser distribuídos a pessoas em
insegurança alimentar ou à formação de estoques estratégicos (Marques, 2003, p. 05).
Para se analisar como os recursos da política vem sendo aplicados, uma medida de eficiência pode
ser realizada, através da Análise Envoltória de Dados – DEA desenvolvida por Charnes et. al. (1978), que
verifica se cada unidade opera de maneira adequada ou não, relativa à um elenco específico de recursos
utilizados e de resultados obtidos, em comparação com unidades consideradas similares, sem a necessidade
de conhecer a priori qualquer relação de importância entre as variáveis analisadas.
Diante do exposto objetivou-se com esse trabalho analisar a eficiência do PAA nos municípios do
território de Andradina e Noroeste Paulista, por meio da técnica DEA.
Material e métodos
Para essa pesquisa foram utilizados dados secundários provenientes do banco de dados on line da
Conab - Transparência pública do PAA, referente ao ano de 2012, na modalidade compra com doação
simultânea. A amostragem foi delimitada apenas aos municípios participantes no ano de 2012 do PAA,
sendo esses: Andradina, Castilho, Ilha Solteira, Mirandópolis, Muritinga do Sul, Pereira Barreto (território
108
de Andradina), Aspásia, Fernandópolis, Jales, Mira Estrela, Ouroeste, Paranapuã, Populina e Santa Fé do
Sul (território do Noroeste Paulista), totalizando 14 DMU’s –Decision Making Units.
Já para a análise de eficiência, utilizou-se a metodologia DEA. Para analisar os recursos
orçamentários do PAA nos territórios, foram utilizadas duas variáveis, correspondendo aos insumos
(inputs), sendo: Recursos concedidos pelo programa para os produtores por município (R$) e o número de
fornecedores (produtor); e dois outputs, referente aos produtos, sendo: quantidade de alimentos entregue
(Kg) e o número de consumidores (entidade consumidora) beneficiados. O modelo utilizado foi o de retorno
variável de escala (BCC), com orientação output, visando maximizar-los com o nível de inputs constante.
Utilizou-se o software SIAD versão 3.0 (Meza et al., 2005).
Resultados e discussão
A análise de eficiência mostrou que 9 municípios trabalham com eficiência técnica de 100%. Esses
municípios foram: Andradina, Aspásia, Jales, Mira Estrela, Mirandópolis, Ouroeste, Paranapuã, Pereira
Barreto e Santa Fé do Sul. Podem servir como modelos aos municípios ineficientes. Para essas DMU’s
ineficientes são projetados alvos que são valores a serem atingidos para se tornarem eficientes (tabela 1).
Tabela 1 - Valores atuais e alvos das varáveis dos municípios ineficientes para alcançar eficiência.
DMU Output e Input
VALOR
ATUAL RADIAL FOLGA ALVO1
99,73% Entidade Beneficiada 23,00 0.062 23.062,00
Fernandopolis Alimentos entregue (Kg) 287.674,00 776,42 288.450,42
Recurso Concedido (R$) 355498.72
-8.263,18 347.235,54
Fornecedor (pessoa) 82,00 82,00
88,76% Entidade Beneficiada 11,00 1,39 12,39
Ilha Solteira Alimentos entregue (Kg) 350.349,00 44.356,32 394.705,32
Recurso Concedido (R$) 476.932,50
-32.274.618,00 444.657,88
Fornecedor (pessoa) 105,00 105,00
87,96% Entidade Beneficiada 6,00 0,82 6,82
Populina Alimentos entregue (Kg) 110.708,00 15.158,22 125.866,22
Recurso Concedido (R$) 139.587,32
139.587,32
109
Fornecedor (pessoa) 33,00 33,00
78,22% Entidade Beneficiada 4,00 1,11 5,11
Muritinga do Sul Alimentos entregue (Kg) 151.115,00 42.066.835,00 193.181,84
Recurso Concedido (R$) 207.270,00
207.270,00
Fornecedor (pessoa) 49,00 -0,01 48,99
73,69% Entidade Beneficiada 8,00 2,86 0,23 11,09
Castilho Alimentos entregue (Kg) 308.998,00 110.299,74 419.297,74
Recurso Concedido (R$) 471.420,00
-1.254,69 470.165,31
Fornecedor (pessoa) 111,00 111,00
1Alvo: Valor atual + Radial + Folga
Por exemplo, a DMU Castilho que obteve 73,69% de eficiência precisa beneficiar 11 em vez de 8 entidades, entregando 419.297,74
Kg de alimentos, isso com a mesma quantidade de fornecedores e por sua vez com uma menor quantidade de recurso pago pela
política. Nota-se a ocorrência de folgas, representando um descarte forte dos insumos, e somando-se aos alvos indicam que o recurso
produtivo está sendo mal utilizado.
Conclusões
Por mais que a maioria das DMU’s trabalhe de modo eficiente, necessita uma melhor organização
dos agricultores familiares para que consigam entregar uma maior quantidade de alimentos para que a
política tenha mais eficiência nos territórios.
Referências
CHARNES, A.; COOPER, W.W. & RHODES, E. Measuring the efficiency of decision making units.
European Journal of Operational Research, v.2, p. 429-444, 1978.
MARQUES, R. Introdução: os trilhos da nova sociologia econômica. In: MARQUES, R.; PEIXOTO, J. (Orgs.)
A nova sociologia económica: uma antologia. Oeiras, Portugal: Celta Editora. p. 01-67, 2003.
MEZA, L.A.; BIONDI NETO, L.; MELLO, J.C.C.B.S.; GOMES, E.G. ISYDIS. Integrated system for decision
support (SIAD - Sistema Integrado de Apoio à Decisão): a software package for data envelopment analysis model.
Pesquisa Operacional, Niterói, v. 25, n. 3, p. 493-503, 2005.
110
TEIXEIRA, E. C. O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da
Realidade. Salvador, Bahia: AATR, 2002.
111
Temperatura superficial e do ar em gramado sintético e natural
João Francisco Veroneze de Oliveira(1)*, Nathália Batista Oliveira(2),
Regina Maria Monteiro de Castilho (3)
1UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica. email: [email protected],
2UNESP-FEIS, Graduando em Engenharia Agronômica
3UNESP-FEIS, Profª Dra Depto Fitotecnia.
Introdução
A escolha da grama de um campo esportivo deve estar dentro de algumas características, como:
clima, ser de fácil plantio e manejo, suportar o uso e o pisoteio a que se destina, ter qualidade e facilidade
de aquisição. Porém, hoje também é utilizado grama sintética, que possui um manejo mais fácil do que a
natural (ROCHA, 2013).
O gramado sintético ainda continua restrito a uso para prática de esportes, mas seu uso em áreas
verdes residenciais começou a ganhar espaço, visto que possui menos manutenção, há economia de água,
sempre apresentará coloração verde. Outro aspecto é a excelente drenagem prevenindo o acúmulo de
fluidos na superfície, que se tornam empecilhos como no uso para jogos de futebol por exemplo. Porém, os
custos são mais elevados, pois a instalação pode ser cara e a sua manutenção, mesmo que com menos
frequência, é mais cara (AGROFLORA SÃO JOSÉ, 2014). A temperatura também possui um aumento
significativo no que se diz respeito à grama artificial, tornando-a menos confortável para a prática de
atividades físicas, sendo que a fadiga e a desidratação de jogadores ocorram mais rapidamente
(AGROFLORA SÃO JOSÉ, 2014). Outro ponto a se considerar é o fato do maior relato de lesões sofridas
pelos atletas no gramado sintético, desde arranhões até problemas maiores como de ligamentos do joelho,
em virtude da temperatura e do maior coeficiente de atrito, que aumenta a fricção e deixa a sensação para
o jogador do pé estar mais preso ao gramado (JENNINGS, [200-?]).
A grama natural têm suas vantagens: absorve dióxido de carbono da atmosfera; controla a
poluição; atua na reposição e filtragem de água subterrânea; diminui o escorrimento superficial e
112
consequente efeito de enxurradas e erosão, e minimiza a temperatura local. (AGROFLORA SÃO JOSÉ,
2014).
Assim, em função das distintas características, o objetivo foi avaliar a diferença da temperatura do
ar e superficial de dois gramados esportivos, um com grama artificial e outro com grama esmeralda.
Material e métodos
O presente trabalho foi realizado no município de Ilha Solteira (coordenadas geográficas 51°06’35”
Oeste e 20°38'44” Sul). Os locais estudados foram: o campo esportivo com grama natural (Zoysia japonica)
da ASUIS (Associação de Servidores da Unesp de Ilha Solteira), e com grama sintética do Complexo
Poliesportivo do município, sendo as mensurações realizadas nos dias 25 e 27 de junho e 02 e 04 do mês
de maio de 2016, sempre as 13h. Foi escolhido um ponto próximo ao meio do campo, onde a grama se
apresentava em melhor estado no gramado natural e o mesmo local representativo no gramado sintético.
Mediu-se a temperatura do ar ambiente - termo higrômetro (J Prolab 1566-1) a 50 cm do solo, e a
temperatura superficial de cada gramado - termômetro á laser (Minipa MT-350), a 80cm do solo. Os
resultados são apresentados através de gráfico, onde as temperaturas medidas foram comparadas as
temperaturas máximas do dia retiradas do site Canal CLIMA da Unesp Ilha Solteira – Área de hidráulica e
irrigação.
Resultados e discussão
No Gráfico 1 constam os resultados da temperatura superficial e do ar, nos gramados sintético e
natural, e temperatura máxima registrada na estação de Ilha Solteira.
Gráfico 1: Temperatura superficial e temperatura do ar, nos gramados sintético e natural, e temperatura
máxima registrada na estação de Ilha Solteira (2016).
113
Observa-se que os maiores valores de temperatura tanto superficial quanto do ar estão presentes no
gramado artificial. A diferença de temperatura superficial entre os gramados é em média 16,3°C, enquanto
a temperatura do ar é 4,5°C. Esses valores deixam clara a capacidade de retenção de calor do gramado
artificial. As menores temperaturas na grama natural ocorrem pela presença da planta, que não ocorre no
outro gramado, que é constituído de material plástico. Quando comparados as temperaturas superficiais do
gramado artificial com a temperatura máxima registrada, vê-se uma diferença média de 24,5°C, que são
superiores em relação a grama natural (7,5°C).
Conclusões
O gramado artificial, apesar da fácil manutenção pode gerar desconforto térmico aos usuários.
Referências
AGROFLORA. Grama Sintética x Grama Natural. 2014. Disponível em:
<http://agroflorasaojose.tumblr.com/post/93961939527/grama-artxgrama-nat>. Acesso em: 17 maio 2016.
JENNINGS, Verônica Smith. Lesões causadas por grama artificial. Disponível em:
<http://www.ehow.com.br/lesoes-causadas-grama-artificial-como_177500/> Acesso em: 19 maio 2016.
ROCHA, André. Gramados esportivos: planejar e fazer de forma técnica é importante, jun. 2013.
Disponível em: < http://www.portalagropecuario.com.br/agricultura/gramado-esportivo-planejar-e-fazer-de-forma-
tecnica-e-importante/>. Acesso em: 19 maio 2016.
PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: Uma abordagem baseada em competências. 14. ed.
University Of North Carolina Chapel Hill: Amgh Editora Ltda, 2012. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?id=VkjzJMb80X4C&pg=PA92&lpg=PA92&dq=TEMPERATURA+SUPERFI
CIAL+DE+GRAMA+SINTÉTICA&source=bl&ots=HZciueBOkz&sig=XEMxeWOkR05X6mgjIiQ0G3mhtMw&hl
=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwicsamHzJHMAhWGDJAKHb3IDUMQ6AEIUDAE#v=onepage&q=TEMPERATU
RA SUPERFICIAL DE GRAMA SINTÉTICA&f=false>. Acesso em: 17 maio 2016.
114
Uso de fotogrametria digital em pegadas de
mamíferos de médio e grande porte do Cerrado
Juan V. Ruiz(1)*, Marcos V. Queiroz (1), Eleonore Z. Setz (2)
Felipe C. Montefeltro (3)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e-mail: [email protected]
2UNICAMP, Instituto de Biologia, Laboratório de Ecologia e Comportamento de Mamíferos
3UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Paleontologia e Evolução
Introdução
A análise de vestígios é um dos métodos mais eficientes em amostrar mamíferos de médio e grande
porte, dado a dificuldade de observação direta destes animais (MUNARI, 2008). Portanto a identificação
adequada das pegadas é indispensável para estes estudos. A identificação e a comparação de pegadas destes
animais são feitas com base em guias de identificação contendo desenhos e fotografias, bem como coleções
de pegadas em moldes de gesso (BECKER; DALPONTE, 1991; BORGES; TOMAS, 2001; MORO-RIOS
et al., 2008). A fotogrametria digital é uma técnica que viabiliza a elaboração de modelos digitais
tridimensionais com base em fotografias. O uso desta técnica já é estabelecido em outras áreas da Biologia,
como no estudo de pegadas fósseis (KLEIN et al., 2015; LALLENSACK et al., 2015). Até o momento,
porém, esta ferramenta não foi aplicada em estudos de pegadas de mamíferos viventes.
O presente estudo busca a aplicação do uso da fotogrametria na elaboração de modelos digitais de
pegadas de 4 mamíferos de médio e grande porte do Cerrado e avaliar seu potencial para uso em
identificação em campo.
Material e métodos
Pegadas de 4 carnívoros de médio e grande porte do Cerrado foram submetidas à técnica de
fotogrametria digital: onça-parda (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). As pegadas foram obtidas de duas
maneiras 1) em condições controladas, através do uso de parcelas de argila e espuma floral nos recintos do
115
Centro de Conservação de Animais Silvestres de Ilha Solteira; 2) pegadas registradas em condições naturais
na FEPE Bovino, em Selvíria MS. Para criar os modelos, foram tiradas 48 fotografias no perímetro de cada
pegada. Estas fotos são arranjadas em duas séries, a primeira em um ângulo de aproximadamente 30°, e a
segunda em 50° em relação ao plano horizontal da pegada. As imagens foram sobrepostas digitalmente no
software Agisoft Photoscan seguindo os 4 passos de rotina: alinhamento das imagens, geração de dense
cloud, geração de malha digital e adição de textura.
Resultados e discussão
A aplicação da fotogrametria permitiu reconstruir com detalhe as pegadas analisadas. Características
anatômicas relevantes para a identificação como número e disposição de almofadas, lobos, dedos e unhas
foram recuperadas fidedignamente (Figura 1). O modelo tridimensional permite o acesso da pegada em
diferentes ângulos, sendo esta uma vantagem em relação aos guias de campo que oferecem somente um
ângulo de comparação. Ainda, a possibilidade de acesso ao modelo digital em campo e a facilidade de
compartilhamento dos modelos representam vantagens em relação às coleções de moldes de gesso.
Figura 1: Modelo digital da pegada de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) reconstruído pela
fotogrametria digital. A. Vista plantar do modelo, B. Detalhe da pegada em vista plantar, C-D- Manipulacao
do modelo demosntrado em dois ângulos.
Conclusões
A aplicação da técnica de fotogrametria digital mostrou-se uma ferramenta interessante para o
116
estudo das pegadas dos 4 mamíferos de médio e grande porte analisados. Estes dados apresentam um bom
prospecto para a utilização destes moldes tridimensionais no meio acadêmico para a identificação de
pegadas em campo. Adicionalmente, estes resultados vislumbram sua utilização também para educação
ambiental e divulgação científica.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Centro de Conservação de Animais Silvestres de Ilha Solteira pelo suporte
fornecido na obtenção das pegadas controladas e a Guarda Municipal de Ilha Solteira pelo suporte nos
trabalhos de campo.
Referências
BECKER, M.; DALPONTE, J.C. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. Brasília,
DF: Editora Universidade de Brasília, 1991. 180 p.
BORGES, P.A; TOMAS, W.M. Guia de Rastros e Outros Vestígios de Mamíferos do Pantanal. Primeira
Edição, Corumbá, MS. 2001, 139p;
KLEIN, Hendrik et al. Archosaur footprints (cf. Brachychirotherium) with unusual morphology from the Upper
Triassic Fleming Fjord Formation (Norian–Rhaetian) of East Greenland. Geological Society, London, Special
Publications, v. 434, p. SP434. 1, 2015.
LALLENSACK, Jens N. et al. Dinosaur tracks from the Langenberg Quarry (Late Jurassic, Germany) reconstructed
with historical photogrammetry: Evidence for large theropods soon after insular dwarfism. Palaeontologia
Electronica, v. 18, n. 2, p. 1-34, 2015.
MORO-RIOS, Rodrigo F. et al. Manual de Rastros da Fauna Paranaense. Curitiba: Instituto Ambiental do Paraná,
2008. 70 p.
MUNARI, D.P., 2008. Técnicas de monitoramento e a detecção de mamíferos terrestres na floresta Amazônica.
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais, Universidade Federal
do Amazonas, AM. 39pp.
117
Análise do efeito genotóxico da Piper cubeba em células de
carcinoma de cabeça e pescoço
Juliana Prado Gusson(1), Thaís Bravo Picão(1), Julliene Stephanie Guaraldi
Monteiro da Silva(1), Barbara Maria Frigieri(1), Rosangela da Silva de Laurentiz(2),
Flávia Cristina Rodrigues Lisoni(3)
1Estudante de graduação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-, Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira, Departamento de Biologia e Zootecnia – UNESP, Ilha Solteira, SP. E-mail:
2Professora da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-, Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira, Departamento de Física e Química – UNESP, Ilha Solteira, SP
3Professora da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-, Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira, Departamento de Biologia e Zootecnia– UNESP, Ilha Solteira, SP.
Introdução
O câncer de cabeça e pescoço inclui as neoplasias que surgem na cavidade oral, faringe e laringe e
a maioria é do tipo histológico espinocelular. Mundialmente, este é o quinto tipo de câncer mais comum, e
compreende cerca de 6% entre todos os tipos de câncer (MARCU; YEOH, 2009). O câncer de cabeça e
pescoço representa aproximadamente 5% de todas as neoplasias e atinge cerca de 1,7% da população
brasileira. O câncer de cabeça e pescoço acomete ambos os sexos e todas as raças, sendo até 3 a 4 vezes
mais frequentes em homens do que em mulheres. A incidência do câncer de cabeça e pescoço aumenta com
a idade e sua ocorrência é maior em pessoas acima de 50 anos (Sabas Carlos Vieira et al, 2012). Quando a
doença está avançada, o tratamento é normalmente com quimioterapia, ou cirurgia seguida de radio-
quimioterapia (OZSAHIN et al., 2007). A cirurgia é o método mais antigo utilizado como tratamento do
câncer, mas é um método altamente invasivo, podendo causar lesões estéticas irrecuperáveis, com um
significativo comprometimento funcional. Em função disso, algumas plantas vêm sendo utilizadas no
tratamento do câncer e uma delas tem despertado interesse científico, a Piper cubeba, utilizada no
118
tratamento fitoterápico de gonorreia, sífilis, dores abdominais, diarreia, enterite, asma e tumores em geral
(SASTROAMIDJOJO, 1997). Em função da importância da atividade antitumoral das lignanas extraídas
da Piper cubeba, incluindo seus elementos químicos, foi proposto o presente trabalho que tem como
objetivo geral avaliar o potencial genotóxico das lignanas nas células neoplásicas, observando como o
fitoterápico age e como essas alterações podem participar do processo tumorigênico.
Material e métodos
Foram utilizadas as linhagens de carcinoma epidermóide de laringe (Hep-2) e de língua (SCC-25).
Essas células foram tratadas com as lignanas: cubebina, hinoquinina, dihidrocubebina, etilcubebina,
metilcubebina e podofilotoxina, todas extraídas das sementes de Piper cubeba, na concentração de
50µg/mL.
Foi realizado o ensaio Cometa para análise da genotoxicidade, ou seja, análise da toxicidade das
lignanas para o material genético. Os danos no DNA foram analisados em 100 células por tratamento nos
tempos de 4, 24, 48 e 72 horas, em microscópio de fluorescência, e separados em Índices de danos de 0 a
3.
Resultados e discussão
No experimento realizado por meio do ensaio cometa foi possível avaliar o índice de danos
ocasionados no material genético, gerados pelo efeito genotóxico das lignanas extraídas da Piper cubeba
nas linhagens celulares Hep-2 e SCC-25. Ao que tudo indica, quando usadas, as lignanas agem nas células
tumorigênicas causando fragmentação do DNA, sendo esses fragmentos possíveis restos de materiais
genéticos que ocorreram pela lesão do núcleo, visto por meio da análise individual de cada célula que foi
atribuído então seus respectivos danos.
A partir desse experimento foi possível observar que as linhagens celulares Hep-2 e SCC-25 quando
tratadas com as lignanas (cubebina, hinoquinina, dihidrocubebina, etilcubebina, metilcubebina e
podofilotoxina) sofrem numerosos danos em seu material genético quando comparados ao grupo controle
com e sem DMSO nos respectivos tempos de 4, 24, 48 e 72 horas (Figura 1).
119
Figura 1: Índice de danos a linhagem celular (A) Hep-2 e (B) SCC-25 tratadas com as lignanas extraídas
da Piper cubeba (Cubebina, Etilcubebina, Metilcubebina, Dihidrocubebina, Podofilotoxina e Hinoquinina)
nos tempos de 4, 24, 48 e 72 horas.
Conclusões
Os resultados obtidos com as linhagens celulares Hep-2 e SCC-25 permitem concluir que o
tratamento com as lignanas extraídas da Piper cubeba causam um efeito genotóxico em culturas de células
de carcinoma de laringe (Hep-2) e de língua (SCC-25). Quando usadas as lignanas agem nas células
tumorigênicas gerando danos ao DNA, sendo esses danos verificados pelo ensaio cometa. Dessa maneira é
possível a indicação das lignanas extraídas da Piper cubeba em terapias inovadoras no tratamento de
carcinomas de cabeça e pescoço.
Referências
MARCU LG, YEOH E. A review of risk factors and genetic alterations in head and neck carcinogenesis and
implications for current and future approaches to treatment. J Cancer Res Clin Oncol. 135(10):1303-14, 2009.
OZSAHIN, M. et al. Radio-chemotherapy in head and neck cancer (EGFR+). Bulletin du Cancer, Paris, v. 94,
n. 9, p. 828-832, 2007.
SABAS, CARLOS VIEIRA et al, Oncologia Básica. Teresina-Pi: Editora Fundação Quixote, 2012.
SASTROAMIDJOJO, S. In Obat Asli Indonesia; Tjokronegoro, A., Ed.; Dian Rakyat: Indonesia; p 171, 1997.
B
A
120
Efeito dos sistemas de manejos do solo na produtividade de milho
Leandro Alves Freitas (1)*, Élcio Hiroyoshi Yano(2), Diego dos Santos
Pereira(3), Lucas Luiz Rocha Rosestolato(4)
1UNESP-FEIS, Doutorando, Departamento de Engenharia Rural e Solos. E-mail:
2UNESP-FEIS, Professor assistente Doutor, Departamento de Engenharia Rural e Solos.
3UNESP-FEIS, Graduando Curso de Agronomia, Departamento de Engenharia Rural e Solos.
4UNESP-FEIS, Graduando do Curso de Zootecnia, Departamento de Biologia e Zootecnia.
Introdução
Os sistemas de manejo conservacionistas têm sido reconhecidos com grande importância na
sustentabilidade e manutenção dos agroecossitemas brasileiros MORAES et al (2013). Por ter função de
maior manutenção das estruturas e agregados do solo, e ainda maior disponibilidade na relação água-planta.
Vários autores têm destacado a existência de uma camada compactada em áreas de PD esta posicionada a
0,1-0,2 m de profundidade (DEBIASI et al., 2010; FRANCHINI et al., 2011). A compactação e limitante e
considerada fator adverso para o grande potencial produtivo. Portanto, considerando a importância de se
conhecer e entender a influência dos diferentes sistemas de semeadura influenciando na produção agrícola
realizou-se esse trabalho com os objetivos de avaliar desempenho agronômico da cultura do milho.
Materiais e métodos
O experimento vem sendo desenvolvido desde o ano de 2010 na sucessão das culturas de milho no
inverno e soja no verão. A área em questão pertencente à Faculdade de Engenharia do Campus de Ilha
Solteira Unesp, localizada no município de Selvíria - MS, nas proximidades das coordenadas geográficas
20°22’ S e 51°22’ W e altitude média ao redor de 335 m. O delineamento experimental empregado foi o de
blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos foram definidos pela combinação de cinco
sistemas de cultivo, definidos como: Plantio direto continuo (PD - PD) e Alternado com Cultivo mínimo
(PD- CM), Cultivo mínimo alternado com Grade pesada (CM-GD), Cultivo mínimo alternado com Plantio
121
direto (CM-PD) e Grade Pesada alternada com Cultivo Mínimo (GD-CM). As análises dos resultados foram
processadas através do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2003), realizando a comparação das
médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
As modalidades de manejo do solo proporcionaram poucas diferenças significativas nas avaliações
realizadas de planta. Somente foi observada diferença significativa para população final de plantas (Tabela
1) e produtividade de grãos (Tabela 2).
Os maiores valores nos números de plantas em stand final foram obtidos no tratamento com cultivo
mínimo seguido de grande pesada (CM-GD). Provavelmente o maior numero de plantas finais pode ser
decorrido pelo fato de no cultivo anterior haver camada compactada, e esta foi rompida pelo o implemento
escarificador de modo a facilitar as penetração das raízes ao solo, ou também devido a uma maior
mineralização da matéria orgânica, desta forma disponibilizando maiores teores de nutrientes as plantas .
Tabela 1- Valores médios obtidos para a população inicial - P.I., população final P.F., (n° de plantas ha-1)
e altura de plantas - A.P. (m) de milho em função do manejo de solo.
Causas de Variação P.I.
(plantas ha-1)
P.F.
(plantas ha-1)
A.P.
(m)
Mecanismos
(M)
PD-PD 58.519 52.222, ab 2,48
PD-CM 58.148 54.074 ab 2,43
CM-GD 57.778 55.185 a 2,46
CM-PD 56.667 52.963 ab 2,39
GD-CM 52.593 45.185 b 2,33
Valor de F M 2,304NS 0,883* 1,989NS
DMS M 6103 9552 0,16
CV (%) - 5,62 9,61 3,47
* (p<0,05); ns (não significativo). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey.
Mesmo com a grande perda de stand final as maiores produtividades de grãos foram obtidas nos
sistemas de Plantio alternado com Cultivo mínimo (PD-CM) (Tabela 2). Provavelmente o uso do
122
escarificador pode ter atribuído melhoria nas características físicas do solo permitindo sua descompactação
assim possibilitou melhores condições de exploração das raízes em perfil, desta forma a melhora na
retenção de água e disponibilidade de nutrientes na solução do solo para a planta em questão.
Tabela 2 - Valores médios obtidos para altura da inserção da espiga - A.I.E (m), diâmetro do colmo - D.C
(mm), massa seca – M.S (Kg/ha-1) e produtividade de grãos P.G (kg ha-1) para os manejos de solo.
Causas de Variação A.I.E.
(m)
D.C.
(mm)
M.S.
(kg ha-1)
P.G.
(kg ha-1)
Mecanismos
(M)
PD-PD 1,21 24,89 12212 7250 ab
PD-CM 1,25 26,68 14569 9060 a
CM-GD 1,27 25,19 15203 6780 ab
CM-PD 1,23 25,42 11096 6465 b
GD-CM 1,26 24,72 12548 6456 b
Valor de F M 0,574NS 1,116NS 3,080NS 3,376**
DMS M 0,109 2,798 4392 2586
CV (%) - 4,57 5,76 14,84 16,44
* (p<0,05); ns (não significativo). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey.
Conclusões
Mesmo com as menores populações finais os sistemas conservacionistas plantio direto continuo e
alternado com cultivo mínimo obtiveram as maiores produtividades de grãos de milho.
Referências
DEBIASI, H.; FRANCHINI, J. C.; CONTE, O.; BALBINOT JUNIOR, A. A.; TORRES, E.; SARAIVA, O.
F.; OLIVEIRA, M. C.N. Sistemas de preparo do solo: trinta anos de 48pesquisas na Embrapa Soja. Londrina:
Embrapa Soja, 2013. 72 p. (Documentos /Embrapa Soja, 342).
FERREIRA, D. F. Programa de análises estatísticas (Statistical Analysis Software) e planejamento de
experimentos. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2003. Software.
FRANCHINI, J. C.; COSTA, J. M.; DEBIASI, H.; TORRES, E. Importância da rotação de culturas para a
produção agrícola sustentável no Paraná. Londrina: Embrapa Soja, 2011. 52 p. (Embrapa Soja. Documentos, 327).
123
MORAES, M. T. Qualidade física do solo sob diferentes tempos de adoção e de escarificação do sistema
plantio direto e sua relação com a rotação de culturas. 2013. 205 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) -
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2013.
124
Seria possível pisciculturas em tanques-rede interferir na fauna
parasitária de Plagioscion squamosissimus (Perciformes: Sciaenidae)?
Letícia de Oliveira Manoel(1), Maria Luiza Diniz dos Reis(2)*, Lidiane
Franceschini(3), Rosilene Luciana Delariva(4), Rosicleire Verissimo Silveira(5), Igor
Paiva Ramos(5)
1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Zoologia–Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá. e-mail:
2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Ecologia de Peixes - Pirá
3UNESP-IBB, Doutora em Ciências Biológicas. Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres-Lapas
4UNIOESTE-CASCAVEL, Docente Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
O aumento significativo das atividades relacionadas à aquicultura, observado no Brasil e no mundo,
tem aumentado consideravelmente a relevância dos estudos sobre parasitas e outros patógenos de
organismos aquáticos, principalmente daqueles hospedeiros com potencial para o cultivo e para a
comercialização (LUQUE, 2004). Os parasitos são as maiores causas de perdas econômicas em peixes de
criação. Assim, com o desenvolvimento da piscicultura brasileira, observa-se crescente interesse dos
pesquisadores e criadores, no que se refere aos prejuízos causados por mortalidade e problemas na produção
de peixes (SCHALCH, 2011). O efluente (resto de ração, fezes, escamas, muco e peixes mortos) gerado
por esta atividade atrai animais como aves, peixes e invertebrados (PILLAY, 2004), que podem atuar como
hospedeiros no ciclo de vida de parasitas. Ainda, há poucos estudos que avaliem a interferência deste tipo
de atividade sobre aspectos parasitológicos de peixes silvestres de água doce. Nesse contexto, o presente
estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de helmintos Digenea (metacercária) e Nematoda em
Plagioscion squamosissimus em área de influência de piscicultura em tanques-rede, no reservatório de Ilha
Solteira, Rio Grande, SP.
125
Material e métodos
Área de estudo e procedimentos parasitológicos
Este estudo foi realizado em uma piscicultura em tanques-rede no munícipio de Santa Clara D’Oeste
– SP, no braço Can-Can do reservatório de Ilha Solteira, Rio Grande, São Paulo. Os espécimes de P.
squamosissimus foram coletados bimestralmente com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens
(3 a 16 cm entre nós não adjacentes) em duas áreas amostrais (uma próxima aos tanques-rede – Tanque -
50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S) e outra sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede
– Controle - (50°51'58.94"W e 20°0'13.71"S), entre setembro/14 a fevereiro/15. Para avaliações, todos os
animais capturados foram individualizados em sacos plásticos e gradativamente resfriados (caixas térmicas
de polietileno preenchidas com gelo em cubos) a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica
até o óbito, conforme licença SISBIO nº 42229-1. Posteriormente, foram congelados e encaminhados ao
Departamento de Biologia e Zootecnia, na FEIS – Campus de Ilha Solteira, onde foi realizada a coleta dos
parasitas. Os cálculos referentes à prevalência (P), abundância média (AM) e intensidade média de infecção
(IMI) dos parasitas foram feitas de acordo com Bush et al. (1997). A prevalência entre as áreas tanque e
controle foram comparadas com teste-Z, enquanto a intensidade média de infecção e abundância média
foram comparada com teste de Mann-Whitney (teste U) utilizando o programa Sigma Stat 3.1, sendo que
o valor de significância adotado foi de p >0,05.
Resultados e discussão
Foram capturados 201 exemplares de P. squamosissimus, sendo 99 pertencentes à área Tanque e
102 a área Controle. O comprimento padrão médio e massa média dos peixes para a área Tanque foram,
respectivamente, 22,4 ± 0,72 (11,3 – 60,0 cm) e Tanque 261,73 ± 36,4 (28,75 - 3019,00 g), enquanto para
Controle o comprimento padrão médio foi de 20,5 ± 0,54 (13,0 - 41,5 cm) e massa média (188,82 ± 15,40
(14,00 - 1312,70 g). Na área Tanque foram amostradas 707 metacercárias de Austrodiplostomum
compactum (1 - 77 por hospedeiro) e 20 nematoides (1 - 13 por hospedeiro), enquanto para área Controle
65 metacercárias foram amostradas (1 - 30 por hospedeiro) e 175 nematoides (1 - 38 por hospedeiro). Para
A. compactum a intensidade média de infecção (Tanque 10,24 ± 1,82 e Controle 3,82 ± 1,71), abundância
média (Tanque 7,14 ± 1,35 e Controle 1,51 ± 0,72) e prevalência (Tanque 69,70% e Controle 16,66%),
apresentaram diferenças (p<0,001) entre as áreas avaliadas, sendo os maiores valores observados na área
Tanque. Tais resultados, podem ser justificados devido a aproximadamente 20% do alimento utilizado para
126
alimentação dos peixes estocados em tanques-rede ser perdido, antes de ser ingerido, sendo estes,
depositados no sedimento ou utilizados como alimento por espécies de peixes onívoras (PEARSON &
GOWEN 1990). Desta forma, o enriquecimento orgânico pode alterar a abundância local de hospedeiros
intermediários (moluscos gastrópodes e peixes) e definitivos (aves piscívoras), o que justifica a maior
infecção por metacercárias de A. compactum em P. squamosissimus na área tanque. Segundo Silva-Souza
(1998), a presença de metacercárias em casos extremos, pode causar exoftalmia, deslocamento da retina,
opacidade do cristalino e cegueira ou até a morte (BAUER et al. 1964). Além disso, a cegueira ou a visão
deficiente torna o peixe mais susceptível à predação, facilitando a transmissão do parasito para o hospedeiro
definitivo. Desta forma, os peixes residentes na área Tanque, podem estar mais susceptíveis a estes efeitos.
Quanto aos nematoides, os resultados demonstram que intensidade média de infecção (Tanque 3,33
± 1,44 e Controle 5,64 ± 1,44), abundância média (Tanque 0,20 ± 0,13 e Controle 4,06 ± 1,11) e prevalência
(Tanque 6,06% e Controle 30,39%), não apresentaram diferenças entre as áreas avaliadas (p = 0,465). Desta
forma, até o presente momento, infere-se que a presença de pisciculturas em tanques-rede e o consequente
aporte de energia alóctone no ecossistema aquático, não interferem nos atributos parasitológicos para o
grupo Nematoda. Contudo, tal resultado pode ser modificado após a identificação das espécies deste grupo.
Conclusões
Concluiu-se que a piscicultura em tanques-rede interfere no ciclo de vida de A. compactum,
aumentando a intensidade média de infecção, abundância média e prevalência em relação à infecção natural
observada em exemplares de P. squamosissimus capturados na área controle, entretanto, não se observa o
mesmo efeito para Nematoda.
Referências
BAUER, O.N.; VLADIMIROV, V.L.; MINDEL, N.V. New knowledge about the biology of Strigeata causing
mass diseases of fish. In: ERGENS, R.; RYSAVY, B. (Eds.). Parasitic worms and aquatic conditions. Prague:
Academy of Sciences of the Czech Replubic, 1964. p. 77-82.
BUSH, A.O., LAFFERTY, K.D., LOTZ, J.M. & SHOSTAK, A.W. (1997) Parasitology meets ecology on its
own terms: Margolis et al. revisited. Journal of Parasitology 83, 575–583.
127
LUQUE, J. L. Biologia, epidemiologia e controle de parasitos de peixes. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v. 13, n. Supl 1, p. 161-165, 2004.
PEARSON, T.H.; GOWEN, R.J. Impact of caged fish farming on the marine environment - the Scottish
experience. In: Oliver, P.; Colleran, E. (Eds.) Interation between aquaculture and environment. Dublin: An Taise, The
National Trust for Ireland,1990. p.9-13.
PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212p, 2004.
SCHALCH, S. H.C. Impactos causados por parasitoses em peixes criados na região Noroeste Paulista do Estado
de São Paulo. Pesquisa & Tecnologia, vol. 8, n. 2, Jul-Dez 2011.
SILVA-SOUZA,A.T. Estudos do parasitismo de Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) (Perciformes,
Sciaenidae) por Diplostomum (Austrodiplostomum) compactum (Lutz,1928) (Trematoda, Digenea) no rio Tibagi,
PR. 1998. 125 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 1998.
128
Composição da ictiofauna do córrego Moeda, alto rio Paraná,
Três Lagoas, MS
Letícia de Oliveira Manoel(1), Nereida Vilalba Álvares de Almeida(2), Maria
José Alencar Vilela(3), Denis William Johansem de Campos(4)*, Igor Paiva Ramos(5)
1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Zoologia–Laboratório de Ecologia de Peixes – Pirá. e-mail:
2UFMS-CPTL, Bióloga, Mestre em Geografia. Laboratório de ictiologia.
3UFMS-CPTL, Docente, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
4UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes
5UNESP-FEIS, Docente, UNESP/Universidade Estadual Paulista, Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
Os peixes constituem o grupo mais diversificado entre os vertebrados, porém a real grandeza dessa
diversidade ainda não é de todo conhecida. Os córregos da região de Três Lagoas têm sido intensamente
impactados por diversos fatores, incluindo substituição das coberturas vegetais nativas por extensos
plantios de eucalipto, que também são causadores de alterações ambientais que podem afetar as
comunidades desses sistemas, geralmente mais frágeis diante das mudanças. O objetivo deste trabalho é
apresentar a composição de peixes do córrego Moeda, Bacia do Alto rio Paraná, no município de Três
Lagoas, MS, a partir de dados obtidos em um programa de monitoramento de peixes em área de influência
de efluentes industriais.
Material e métodos
Os dados foram obtidos em oito campanhas de coleta realizadas entre fevereiro de 2012 e novembro
de 2013, com periodicidade trimestral, em dois sítios amostrais: P1 - a montante da ponte sobre a MS-395
(20° 56’ 28, 7” S 51° 49’ 48,8” W) e P2 - a jusante da rodovia, na foz do córrego Moeda (20° 00’ 45, 5”
S e 51° 45’ 28,4” W).
129
A área de estudo contempla um trecho do córrego Moeda, um afluente do rio Paraná que deságua a
jusante da Usina Hidroelétrica (UHE) Engº Souza Dias, conhecida como Usina de Jupiá. Foram
empregados diferentes métodos de captura, visando maximizar a eficiência de captura nas diferentes
condições amostrais, sendo utilizados os seguintes petrechos de pesca experimental: redes de emalhar, rede
de arrasto e peneira. Em campo, foram realizadas a triagem das amostras e a identificação dos exemplares,
procedendo-se então à biometria, que consistiu na medição do comprimento padrão (CP, cm) e da massa
corporal (MC, g). A fixação foi feita em formalina 10%. A identificação das espécies foi feita com base
nos trabalhos de Graça e Pavanelli (2007), e Britski et al. (1999).
Resultados e discussão
Foram capturados 296 indivíduos (127 a montante e 169 a jusante do ponto do efluente industrial),
distribuídos em cinco ordens e 17 famílias, 33 gêneros e 41 espécies. As ordens mais representativas foram
Characiformes e Siluriformes, que responderam por 85,4% das espécies, padrão esperado para a região
Neotropical. As cinco espécies capturadas em maior abundância foram: Knodus aff. moenkhausii (21,6%);
Astyanax lacustris (13,17%), Schizodon borellii (6,75%), Acestrorhynchus lacustris (5,74%) e
Moenkhausia aff. sanctaefilomenae (5,06%); todas as demais tiveram frequência inferior a 5%. Os
Perciformes representaram 9,75% do total de espécies (seis), seguidos por Cyprinodontiformes, com apenas
uma espécie. Em número de indivíduos, os Characiformes também predominaram (76,35% do total),
principalmente pela presença da pequira Knodus aff. moenkhausii, capturada em remansos arenosos
marginais do córrego Moeda. A segunda maior participação numérica foi de Siluriformes (19%),
principalmente devido à abundância de mandi (Pimelodus maculatus). Dentre os Perciformes o destaque
foi dos ciclídeos Geophagus proximus e Cichla kelberi. Os Cyprinodontiformes mostraram pequena
abundância, com registro de Melanorivulus apiamici. Em estudos recentes, a dominância de K. moenkhausii
vem sendo continuamente observada em córregos da bacia do Alto Paraná e é explicada pelo oportunismo
alimentar, que lhe garante permanentes fontes de energia, boa parte da qual é alocada para reprodução,
permitindo a ocorrência dessa espécie até mesmo em ambientes impactados (Ceneviva-Bastos & Casatti,
2007). Os guarus Melanorivulus apiamici merecem atenção especial por serem especialmente afetados pela
degradação e perda das áreas úmidas, ambientes exclusivos da espécie, notadamente nas áreas ocupadas
por gado, que promovem intenso pisoteio nos locais usados para bebedouro. Da mesma forma,
Characidium zebra e Imparfinis mirini podem ser citadas como vulneráveis a mudanças ambientais que
130
possam ocorrer no córrego, dentre eles o assoreamento, uma vez que ocupam habitats específicos nos
riachos e apresentam populações naturalmente reduzidas.
Conclusões
A composição ictiofaunística do córrego Moeda é caracterizada por espécies de pequeno e médio
porte, sedentárias. Os ambientes amostrados são de grande importância para a conservação de espécies de
peixes, principalmente as de pequeno porte e de habitats específicos, como pequenas corredeiras formadas
em trechos de substrato pedregoso, folhiços, praias arenosas ou brejos rasos das áreas marginais. A ausência
ou insuficiência da vegetação ripária, o uso não adequado dos solos que favorece a erosão e,
consequentemente, o assoreamento dos córregos, são eventos que podem, em curto espaço de tempo,
modificar o perfil e as condições ambientais dos riachos, expondo as espécies ao risco de desaparecimento
local. Além disso, o monitoramento deve ser mantido em áreas sujeitas ao recebimento de efluentes
industriais, a fim de acompanhar possíveis mudanças e prevenir a perda da biodiversidade da ictiofauna
nestes sistemas.
Referências
AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L.C. 2006. O manejo da pesca em reservatórios da bacia do Alto rio
Paraná: avaliação e perspectivas. In: NOGUEIRA, M.G.; HENRY, R.; JORCIN, A. (Orgs.). Ecologia de
reservatórios: impactos potenciais, ações de manejo e sistemas em cascata. São Carlos: RiMa. pg. 23-55.
CENEVIVA-BASTOS, M. & CASATTI, L. 2007. Oportunismo alimentar de Knodus moenkhausii
(Teleostei: Characidae): uma espécie abundante em riachos do noroeste do Estado de São Paulo, Brasil. Iheringia,
Sér. Zool. 97(1):7-15.
GRAÇA, W. J. ; PAVANELLI, C.S. 2007. Peixes da planície de inundação do Alto rio Paraná e áreas
adjacentes. Maringá: EDUEM.
131
Espessura de gordura subcutânea e área do Longissimus dorsi de
cordeiros alimentados com diferentes volumosos
Luan Silva Silveira(1)*, Guilherme Ribeiro(1), Richard Roberto Lobo(2), Keny
Samejima Mascarenhas Lopes(3), Diego Marostica Lino(3), Rafael Silvio Bonilha
Pinheiro(4)
1UNESP-FEIS, Aluno do Curso de Zootecnia, Bolsista de Iniciação Cientifica pela Reitoria Unesp/CNPq,
Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Aluno do Curso de Zootecnia, Bolsista de Iniciação Cientifica pela FAPESP, Laboratório
de Tecnologia de Produtos de Origem Animal.
3UNESP--FEIS, Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de
Tecnologia de Produtos de Origem Animal.
4UNESP-FEIS, Professor do Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
Com o crescente consumo de carne ovina, a demanda se torna maior, fazendo com que os produtores
aumentem sua produção e a qualidade da mesma. Assim, com o mercado consumidor mais exigente quanto
à qualidade física da carne, torna-se de grande importância o conhecimento dessas características (Bressan
et al., 2001).
O sistema de terminação e a qualidade da dieta ofertada aos cordeiros são fatores que têm grande
influência nas características de carcaça destes animais (Fernandes et al., 2008). Entre as características que
são mensuradas para avaliar a qualidade da carcaça, a área de olho de lombo (AOL) tem correlação com a
composição da carcaça, sendo que quanto maior a AOL maior a proporção de músculo na carcaça.
As características quantitativas e qualitativas da carcaça e dos cortes cárneos no sistema de produção
de carne são de fundamental importância, pois estão relacionadas diretamente com o produto final. O
mercado consumidor determina o peso ideal de abate, sendo a quantidade de gordura na carcaça o ponto de
132
referência (Silva e Pires, 2000). De modo geral, carcaças provenientes de animais jovens apresentam carne
de melhor qualidade quando comparados a animais mais velhos (Müller, 1980).
A maior parte da carne ovina ofertada no Brasil ainda é proveniente de animais que têm baixa
qualidade de carcaça. Esta qualidade está relacionada a diversos fatores relativos ao animal, ambiente,
nutrição e fatores relativos à carcaça propriamente dita, como comprimento do corpo, quantidade de
gordura de cobertura, entre outros (Pérez et at., 1998). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a
espessura de gordura subcutânea e a área do Longissimus dorsi de cordeiros alimentados com dietas
contendo diferentes volumosos.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia dos Produtos de Origem Animal da
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – FEIS/UNESP. Foram utilizadas como alimentos volumosos
duas silagens representadas pelos tratamentos: dieta com silagem de milho exclusivo e dieta com silagem
de milho em consórcio com Panicum maximum cv. Tanzânia.
Os 16 cordeiros ½ Dorper ½ Santa Inês receberam duas refeições diárias, às 7 e 16 horas e quando
os animais atingiram 33 kg de peso corporal foram abatidos. As carcaças foram divididas longitudinalmente
em duas partes e na porção dorsal do músculo Longissimus dorsi, entre a 13a vértebra torácica e 1a vértebra
lombar, foram mensuradas a espessura de gordura subcutânea e a área de olho de lombo segundo Silva
Sobrinho et al. (1999).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 8 repetições. Os
dados foram submetidos à análises de variância. As análises estatísticas foram realizadas no programa SAS
(2002).
Resultados e discussão
Os valores da área de olho de lombo do presente estudo (Tabela 1) foram semelhantes aos obtidos
por Brito (2002), que encontrou área de olho de lombo de 11,10 cm2 em cordeiros Santa Inês com peso
corporal de 30,0 kg. A medida da área do Longissimus dorsi tem se mostrado diretamente ligada ao total
de músculos na carcaça, enquanto a espessura de gordura subcutânea, diretamente ao total de gordura na
carcaça. Uma vez que, quanto maior o acúmulo de gordura, menor a proporção de músculos.
133
Bueno et al. (2000) comentaram que a área de olho de lombo é considerada medida objetiva de
grande valor na predição da quantidade de músculo na carcaça. Por outro lado a avaliação da gordura é
fundamental, uma vez que pode ser fator determinante de sua qualidade, pois faz parte do conjunto de cortes
de elevado valor comercial. Neste sentido, quanto maior a área deste músculo, mais valorizada será a
carcaça. No entanto, no presente estudo as medidas objetivas do lombo (Tabela 1) não diferiram
significativamente em relação ao tipo de dieta contendo diferentes volumosos.
Tabela 1 - Medidas do músculo Longissimus dorsi de cordeiros ½ Dorper ½ Santa Inês alimentados com
dietas contendo diferentes volumosos.
Item Milho
exclusivo
Milho e Panicum Valor de P CV(%)
Espessura de gordura subcutânea (mm) 0,22 0,23 0,938 9,50
Área de olho de lombo (cm²) 11,50 11,90 0,870 12,20
CV = coeficiente de variação.
Conclusões
Não houve efeito dos volumosos nas dietas dos cordeiros em relação à espessura de gordura
subcutânea e à área do Longissimus dorsi.
Referências
BRESSAN, C. et al. Efeito do peso ao abate de cordeiros Santa Inês e Bergamácia sobre as características
físico-químicas da carne. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.21, n.3, p.293-303, 2001.
BRITO E.A. Desempenho e características de carcaças de caprinos e ovinos terminados em confinamento.
Areia: Universidade Federal da Paraíba, 2002. 93p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal da
Paraíba, 2002.
BUENO, M.S. et al. Características de carcaça de cordeiros Suffolk abatidos em diferentes idades. Revista
Brasileira de Zootecnia, n.6, v.29, p.1803- 1810, 2000.
FERNANDES, M.A.M. et al. Características do lombo e cortes da carcaça de cordeiros Suffolk terminados em
pasto e confinamento. Boletim de Indústria Animal, v.65, n.2, p.107-113, 2008.
134
MÜLLER, L. Normas para avaliação de carcaças e concurso de carcaças de novilhos. Santa Maria:
Imprensa Universitária/UFSM. 1980, 31p.
PÉREZ, J.R.O. et al. Características de carcaça de cordeiros Santa Inês e Bergamácia com diferentes
níveis de dejetos de suínos na dieta. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35,
1998, Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. P.176-178.
SAS/STAT® Versão 9.0 do sistema SAS para Windows, copyright 2002 SAS Institute Inc., Cary, NC, USA.
SILVA SOBRINHO, A. G. Body composition and characteristics of carcass from lambs of different
genotypes and ages at slaughter.1999. 54 f. Dissertação (Pós-Doutorado em Produção de carne de ovelha) –
MasseyUniversity, Palmerston North, 1999.
SILVA, L.F.; PIRES, C.C. Avaliações quantitativas e predição das proporções de osso, músculo e gordura em
carcaça de ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.4, p.1253-1260, 2000.
135
Jardinagem como meio de percepção do ambiente ao ar livre.
Luana Q. S. D. Zagato(1)*, Regina Maria Monteiro de Castilho (2), Camila M.
Modena(1)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Profª Drª Departamento de Fitotecnia
Introdução
Com o rápido processo de urbanização das cidades, que substitui espaços verdes por concreto, ocorre
a diminuição do contato direto da criança com os elementos natureza da qual é parte integrante. Assim, elas
passaram a ter espaços cada vez mais restritos para vivenciarem o prazer natural de terem contato com
elementos do ambiente da qual fazem parte (MORGADO, 2006; PMF/SME, 2004). O mais comum nos
centros urbanos é que a conexão das crianças com a agricultura é restringida a poucas oportunidades de
vivências oferecidas para se entender os mecanismos da produtividade agrícola. Então, o vínculo com os
alimentos fica limitado aos supermercados e feiras, o que gera uma ignorância das correspondências
ambientais e sociais das quais a alimentação provém (BRECHES, BURANI e OLIVEIRA, 2013). Logo, as
atividades desenvolvidas no CATATAU - Centro de Convivência Infantil da UNESP / Ilha Solteira – SP,
tem por finalidade proporcionar às crianças, de três a cinco anos, o contato não só com a produção orgânica
de hortaliças, mas também com a educação ambiental.
Material e métodos
As atividades estão sendo realizadas desde novembro de 2015 no CATATAU - Centro de
Convivência Infantil da UNESP / Ilha Solteira – SP. Acompanhada da recreacionista, foram realizadas, em
encontros semanais, as seguintes atividades: germinação do feijão com e sem irrigação e com e sem luz,
confecção de uma coleção de sementes, contato com diferentes tipos de solo, plantio de mudas de erva-
cidreira, manjericão, alecrim e semeadura de cenoura. Também são realizadas dinâmicas lúdicas como
forma de aprendizado, por meio de desenhos.
136
Resultados e Discussão
No decorrer das práticas, é perceptível o interesse das crianças sobre características das plantas,
cores e texturas dos solos, funções da água e da luz nos vegetais e diferenças nos tamanhos e formas das
sementes. Foi relatada pelas funcionárias do CATATAU uma mudança de hábitos das crianças, com relação
a dieta e ao cuidado com o ambiente. A participação das crianças na prática auxilia no desenvolver da
aprendizagem, como também relatado por Vivências da Horta….(2016). Nas Figuras 1 e 2 constam
algumas atividades realizadas: plantio de muda de manjericão em pneu, percepção dos diferentes tipos de
solo e colorindo hortaliças; e desenhos relativos as atividades de germinação do feijão com e sem irrigação
e com e sem luz.
Conclusões
Os participantes das atividades adquiriram uma nova percepção das relações ambientais e coletivas
para com o ambiente externo, e se encontra em continuidade.
Agradecimentos
A todas as crianças e as funcionárias do CATATAU participantes do projeto, e ao Lucas Teixeira,
Augusto V. Alves e Alexandre Varotti, pelo apoio “braçal”. A Agristar, pela doação das sementes, sem
tratamento. Esse trabalho faz parte do Projeto de Extensão “Jardinagem como Instrumento de Percepção
do Meio Ambiente para Crianças e Pré-Adolescentes” – que tem o apoio da Proex / UNESP.
137
Figura 1: Atividades realizadas no Catatau: plantio de muda de manjericão em pneu, percepção dos
diferentes tipos de solo e colorindo hortaliças. Fotos: Luana Zagato (2016).
Figura 2: Desenhos relativos as atividades de germinação do feijão com e sem irrigação e com e sem luz.
Fotos: Luana Zagato (2016).
Referências
PMF/SME. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Educação. Divisão de Educação Fundamental.
Proposta para educação ambiental nas escolas municipais de Florianópolis: construindo um caminho para a
participação consciente e responsável – Florianópolis, 2004.
MORGADO, F.S. A horta escolar na educação ambiental e alimentar: experiência do Projeto Horta Viva
nas escolas municipais de Florianópolis. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/118768/230911.pdf?sequence=1. Acesso em 13 maio 2015.
VIVÊNCIAS DA HORTA.....Disponível em: http://portal.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/
pdf/17_11_2010_11.55.39.e15d2217e9f79a2b57d4d5463aab0238.pdf. Acesso em 13 maio 2016.
138
Viabilidade econômica da produção do peixe patinga em
Penápolis/SP
Luis Filipe Lorenzo(1)*, Omar Jorge Sabbag (2)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia
de Alimentos e Sócioeconomia - DFTASE. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócioeconomia –
DFTASE.
Introdução
A patinga (Piaractus brachypomus) é o cruzamento híbrido do pacu com a pirapitinga da Amazônia.
Sua grande vantagem é a fácil adaptação ao clima quente, além de possuir uma carne de sabor excelente,
considerado por muitos o pacu light, por apresentar menos gordura que o pacu original.
Os custos são alvos de estudo em todo tipo de organização, pois conhecer os gastos incorridos no
processo de produção de um bem é de fundamental importância para o sucesso do negócio (MOTA, 2002).
Sendo assim, objetivo do presente trabalho foi avaliar custos e a viabilidade econômica da produção
de patinga no município de Penápolis/SP.
Material e métodos
Foi efetuado o levantamento de coeficientes técnicos de produção em propriedade particular,
localizada no município de Penápolis/SP. A represa possui 5.000 m2 de espelho d'água. As despescas
ocorrem ao final do ciclo (12 meses), sendo retirados 100% dos peixes e preparando a área para novo ciclo.
O período de avaliação econômica foi relativo à produção anual, sendo os preços referentes ao ano de 2015.
Para o custo de produção, procedeu-se à estrutura adotada do Instituto de Economia Agrícola
(Matsunaga et al., 1976). O COE (custo operacional efetivo) constituiu-se dos gastos com mão de obra e
insumos. Adicionando-se a depreciação, encargos sociais, despesas gerais e juros de custeio, obteve-se o
custo operacional total (COT).
De acordo com Marin (1997), os indicadores de rentabilidade foram a receita bruta (quantidade
139
produzida multiplicada pelo preço recebido). O lucro operacional foi representado pela diferença entre a
receita bruta e o custo operacional total. O índice de lucratividade representou a porcentagem entre o lucro
operacional com relação receita bruta. Por fim, a produção de equilíbrio foi dada pela razão entre o COT e
o preço pago, bem como o preço de equilíbrio, obtido pela razão entre o COT e a produção obtida.
Para a viabilidade econômica, a partir de um fluxo de caixa, foi determinado o Valor Presente
Líquido (VPL), definido como o valor presente dos fluxos de caixa menos o valor inicial do investimento
(taxa de 6% a.a.); a Taxa Interna de Retorno (TIR), que torna o valor presente do fluxo líquido igual a zero;
o Período de Recuperação do Capital inicial investido (PRC), bem como a relação Benefício-Custo para o
produtor (B/C), representada por meio da razão correspondente entre os valores positivos e negativos do
fluxo de caixa, medindo a expectativa de retorno ao piscicultor.
Resultados e discussão
O investimento necessário totalizou em R$21.530,00, em que se devem destacar as maiores despesas
com o terraceamento e construção, representando 88,3% do capital investido.
Para os custos do sistema de cultivo (Tabela 1), o valor de R$15.629,05 foi referente ao COE
(custo operacional efetivo); com maior expressividade para a ração (74,57% do COE). O valor encontrado
para o COT (custo operacional total) foi de R$17.806,47, acrescido de 13,93% do COE, referente à
incorporação de custo fixo (depreciação), bem como os encargos financeiros, sociais e demais despesas
(R$2.177,42).
Para os indicadores econômicos (Tabela 2), o lucro operacional foi de R$10.360,53, com
lucratividade aproximada de 37%. A produção de equilíbrio foi de 2.968 Kg, para que o piscicultor não
tenha prejuízos, bem como é necessário comercializar a quantidade ofertada a um preço mínimo de R$3,79
para cobrir o custo total de produção.
Ainda assim, o VPL tornou-se positivo a partir do 3º ciclo anual, apresentando uma TIR superior a
taxa de atratividade, com um retorno de 44% ao piscicultor. Neste contexto, observa-se que diante das
condições analisadas, o sistema de cultivo apresenta viabilidade econômica.
140
Tabela 1. Estimativas do Custo Operacional Efetivo e Total por ciclo de produção de patinga em tanques
escavados, com área de 0,5 ha (1 tanque), Penápolis/SP, 2015.
Descrição Especif. Qtde. Valor Unit. (R$) Valor Total (R$)
A. Operações Manuais
Manejo/Alimentação (2x/dia) HH 2.694 0,85 2.289,90
Despesca HD 2 60,00 120,00
Subtotal A 2.409,90
B. Insumos
Alevinos Milheiro 5 200,00 1.000,00
Calcário sc 10 30,00 300,00
Adubo super simples sc 2 72,00 144,00
Ração extrusada 4-6 mm sc 40 33,73 1.349,20
Ração extrusada 8-10 mm sc 305 33,79 10.305,95
Combustível L 60 2,00 120,00
Subtotal B 13.219,15
Custo Operacional Efetivo (COE) 15.629,05
Outras Despesas1 781,45
Encargos Sociais2 794,97
Depreciação Linear 99,57
Juros de Custeio3 501,43
Custo Operacional Total (COT) 17.806,47
15% do COE; 233% da mão de obra; ³5,5% a.a sobre 50% do COE.
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 2. Indicadores econômicos da produção anual de patinga em tanques escavados, com área de 0,5
ha (1 tanque), Penápolis/SP, 2015.
Item 1 tanque
Produção (kg) 4.694,5
Preço unitário (R$) 6,00
141
Receita Bruta (R$) 28.167,00
Custo Total (R$) 17.806,47
Lucro Operacional (R$) 10.360,53
Índice de Lucratividade (%) 36,78
Produção de Equilíbrio (unidades) 2.968
Preço de custo/unidade (R$) 3,79
VPL (R$) 6.163,82
TIR (%) 20,87
PRC (anos) 3
B/C 1,44
Fonte: dados da pesquisa.
Conclusões
Considerando que a atividade possui viabilidade econômica, os custos da atividade devem estar
relacionados diretamente à gestão técnica da produção, aliada a uma ampla análise de mercado.
Sob a ótica econômica, em comparação com outras pisciculturas, devem-se levar em consideração
outros parâmetros, dentre os quais duração do ciclo de cultivo, infraestrutura, qualidade e quantidade da
água, manejo, assistência técnica, formas de acesso ao mercado, sob a orientação de um agente
especializado.
Referências
MARTIN, N. B; SERRA, R; OLIVEIRA, M.D.M; ÂNGELO, J.A; OKAWA, Hl. Sistema “CUSTAGRI”:
sistema integrado de custos agropecuários. São Paulo: IEA/SAA, 1997. p. 1-75.
MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P.F; TOLEDO, P.E.N. 1976 Metodologia de custo utilizada pelo IEA.
Agricultura em São Paulo, São Paulo, 23(1): 123-139.
MOTA, A. G. Noções de contabilidade de custos. Cacoal, Rondônia, 2002. Disponível em:
<http://www.faculdadeunica.edu.br/>. Acesso em: 18 Abril 2016.
142
Determinação da atividade de α-amilase de linhagens fúngicas
advindas de solo pantaneiro
Lumena Charise Besson Rodrigues(1), Wanderleia Rodrigues dos Santos(2), Cintia
Lionela Ambrosio de Menezes(3), Leticia Louzada Ferreira(1), Heloiza Ferreira
Alves do Prado(4)
¹Unesp-IBILCE, Mestrado em Microbiologia – Laboratório de Biotecnologia - Departamento de Fitotecnia,
Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia - [email protected]
²Unesp-FEIS, Doutorado em Agronomia, Laboratório Biotecnologia - Departamento de Fitotecnia,
Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura, Laboratório de Biotecnologia
4Unesp-FEIS, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia
Introdução
A conversão de resíduos industriais e agroindustriais em produtos de valor tem se mostrado uma
crescente tendência, resultando em reduções potenciais do volume destes, além dos custos de eliminação
das frações remanescentes. Os fungos desempenham importante papel no processo de bioconservação, pois
podem reduzir a quantidade de resíduos, minimizar a poluição e ainda formar produtos de interesse
industrial, como enzimas extracelulares (ISRAEL, 2005). Dentre as amilases, a mais importante a α-
amilase, que desempenha um papel fundamental na conversão do amido em produtos de baixo peso
molecular, que podem ser utilizados por outras enzimas do mesmo grupo (PEIXOTO et al., 2003).
Determinar a atividade de alfa-amilase presente em extratos enzimáticos advindos de linhagens
fúngicas do solo do Pantanal a partir de fermentação sólida (FeS).
Material e métodos
Foram coletadas amostras de 12 pontos de solo Pantaneiro, partes isoladas em meio a 1% de palha
de milho e partes em meio a 1% de papelão e cultivadas a 35°C e 45°C. Posteriormente, os isolados
positivos foram levados à fermentação sólida por 96 horas. Realizou-se a centrifugação para separação do
143
extrato bruto enzimático por 10 minutos a 10.000 xg. Foi realizada a determinação da atividade enzimática
de alfa-amilase a partir da utilização do método Somogyi-Nelson (NELSON,1944; SOMOGYI, 1945).
Resultados e discussão
As análises revelaram o destaque de duas linhagens no que se refere à produção de α-amilase, sendo
uma cultivada a 35°C em meio com palha de milho a 1% (FSFT WPPM 8.1.1), ficando próximo de 5.00
U.mL-1 e a outra a 45°C em meio com papelão a 1% (FSFT WPPP 2.1.1) (fig. 01), com aproximadamente
4.50 U.mL-1. Liao (2010) obteve dados similares a partir do cultivo de Bacillus amyloliquefaciens (ATCC
23350, CCRC 10268) a 37°C. A atividade inicial de α-amilase teve máxima de 4,24 U.mL-1. As linhagens
FSFT WPPM 3.1.1 (35°C), FSFT WPPM 1.4.5 (35°C), FSFT WPPPP 8.1.3 (35°C), FSFT WPPPP 2.4.2
(35°C), FSFT WPPM 11.1.3.1 (45°C), FSFT WPPM 4.3.1 (45°C) e FSFT WPPP 1.3.2.A (45°C) também
revelaram interessante efetividade para a produção da enzima em questão, se dispondo entre 2.00 e 3.00
U.mL-1..A quantidade de enzima solúvel obtida por Grzybowska et al. (2004) foi similar, ficando
entre195,000 ± 11,000 U/L (1.95 ± 0,11 U..mL-1).
144
Figura 01: Disposição das médias das atividades enzimáticas das linhagens positivas cultivadas a 35°C e
a 45°C, fermentadas em estado sólido por 96h e analisadas sob o método Somogyi-Nelson.
Conclusão
Observou-se a efetividade de produção da enzima de interesse (α-amilase), revelando dados
promissores referentes aos micro-organismos estudados. Além de implicar a redução do volume de resíduos
agroindustriais, isto reflete a obtenção de extratos de grande interesse comercial.
-0,500,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,006,50
FSFT
WPP
M 2
(45°
C)
FSFT
WPP
M 8
.2.6
(45°
C)FS
FT W
PPM
2.1
.1 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 8
.1.3
(45°
C)FS
FT W
PPM
5.1
.4 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 3
.1.1
.B (4
5°C
)FS
FT W
PPM
7.1
.1 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 3
.2.1
.1 (4
5°C
)FS
FT W
PPM
5.1
.1 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 8
.2.3
(45°
C)FS
FT W
PPM
4.2
.4 (4
5°C)
FSFT
WPP
P 3.
2.1.
2 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 6
.2.1
(45°
C)FS
FT W
PPM
11.
1.3.
1 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 4
.3.1
(45°
C)FS
FT W
PPM
2 (4
5°C
)FS
FT W
PPM
8.2
.6 (4
5°C)
FSFT
WPP
M 4
.2.3
(45°
C)FS
FT W
PPP
4.1.
2.2
(45°
C)FS
FT W
PPM
5.1
.1 (4
5°C)
FSFT
WPP
P 2.
4.5.
2 (4
5°C)
FSFT
WPP
P 1.
3.2.
A (4
5°C
)FS
FT W
PPP
2.1.
1 (4
5°C
)
Méd
ias
das A
tivid
ades
de
α-am
ilase
(U
.mL
-1)
Linhagens
-0,500,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,006,50
FSFT
WPP
M 1
.4.5
(35°
C)
FSFT
WPP
M 3
.1.1
(35°
C)
FSFT
WPP
M 9
.1.3
(35°
C)
FSFT
WPP
M 8
.2.1
(35°
C)
FSFT
WPP
M 9
.1.5
(35°
C)
FSFT
WPP
M 1
.1.A
(35°
C)
FSFT
WPP
M 2
.1.1
(35°
C)
FSFT
WPP
P 3.
2.1
(35°
C)
FSFT
WPP
M 1
1.2.
1 (3
5°C
)
FSFT
WPP
M 8
.2 (3
5°C
)
FSFT
WPP
M 8
.2.1
(35°
C)
FSFT
WPP
M 1
1.1.
1 (3
5°C
)
FSFT
WPP
M 6
.1.2
(35°
C)
FSFT
WPP
M 1
.4.5
(35°
C)
FSFT
WPP
M 8
.1.1
(35°
C)
FSFT
WPP
M 9
.1.3
(35°
C)
FSFT
WPP
M8.
2.1
(35°
C)
FSFT
WPP
M 9
.1.5
(35°
C)
FSFT
WPP
M 8
.1.3
(35°
C)
FSFT
WPP
M 8
.1.2
(35°
C)
FSFT
WPP
M 8
.1.3
(35°
C)
FSFT
WPP
P 8.
1.3
(35°
C)
FSFT
WPP
P 2.
4.2
(35°
C)
Méd
ias
das A
tivid
ades
de
α-am
ilase
(U.m
L-1
)
Linhagens
145
Referências
GRZYBOWSKA, B. et al. Cloning of the thermostable α-amylase gene from Pyrococcus woesei in Escherichia
coli-isolation and some properties of the enzyme. Molecular Biotechnology, 26, 101-109, 2004.
ISRAEL, C. M. Utilização do resíduo do processamento do palmiteiro para produção de enzimas
hidrolíticas por fungos do gênero Polyporus. 2015. 136 p. Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental.
Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2005.
LIAO, B. et al. Amylolytic activity and fermentative ability of Saccharomyces cerevisiae strains that express
barley a-amylase. Biochemical Engineering Journal, v. 53 p. 63–70, 2010.
NELSON, N.A. Photometric adaptation of the Somogy method for the determination of glucose. Journal
Biological Chemistry, v. 153, p.375-380, 1944.
PEIXOTO, S. C. et al. Rhizopus microsporus var. rhizopodiformis: a thermotolerant fungus with potential for
production of thermostable amylases. International Microbiology, v. 6, n. 3, p. 269-273, 2003.
SOMOGY, M. Determination of blood sugar. Journal Biological Chemistry, v. 160, p. 69-73, 1945.
146
Análise dos parâmetros morfométricos da espermatogênese em
Astyanax altiparanae (Characidae)
Maira da Silva Rodrigues(1)*, Diógenes Henrique de Siqueira-Silva(2),
Alexandre Ninhaus Silveira(3), Rosicleire Veríssimo Silveira(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura/Bacharelado, Laboratório de Ictiologia
Neotropical – L.I.Neo. E-mail: [email protected].
2CEPTA-ICMBio-Pirassununga, PhD em biologia animal, Laboratório de Biotecnologia de Peixes.
3UNESP-FEIS, Professores – Departamento de Biologia e Zootecnia (DBZ), Laboratório de Ictiologia
Neotropical – L.I.Neo.
Introdução
O lambari-do-rabo-amarelo, Astyanax altiparanae, tem se destacado nos estudos científicos por
apresentar características experimentais vantajosas, tais como tamanho reduzido, resistência ao manuseio
em cativeiro, alta prolificidade e maturação sexual precoce aos quatro meses de vida, o credenciado como
um ótimo modelo biológico em estudos associados à biotecnologia e biologia reprodutiva (Orsi et al., 2004).
Muitos dos estudos sobre a espermatogênese dessa espécie consideram apenas os aspectos
morfológicos deste processo (Rodrigues et al., 2015). Porém, as análises morfométricas ou estereológicas
vêm sendo empregadas (Vilela et al., 2003; Leal et al., 2009), pois permitem elucidar os mecanismos
celulares envolvidos nos eventos mitóticos e meióticos, bem como de diferenciação das células
germinativas para a formação das centenas de espermatozoides a partir de uma única espermatogônia. Além
de proporcionar um melhor entendimento sobre a interação entre as células germinativas e células de Sertoli
ao longo desse processo.
Deste modo, este estudo teve como objetivo determinar à dinâmica e o número de células
germinativas e células de Sertoli por tipo cístico, fornecendo informações do número de divisões mitóticas,
a magnitude da perda de células germinativas e a capacidade de suporte das células de Sertoli durante a
espermatogênese em A. altiparanae.
147
Material e métodos
Os procedimentos experimentais estavam de acordo com as diretrizes para o cuidado e uso de
animais em laboratório da UNESP-Ilha Solteira. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa o protocolo
006/2012/CONCEA. Todos os animais foram eutanasiados com 0,1% (w/v) de benzocaína em etanol
absoluto.
Os testículos de 10 machos sexualmente maduros de A. altiparanae foram fixados em
paraformaldeído 2% e glutaraldeído 4% e incluídos em historesina (Technovit 7100). Em seguida foram
submetidos a aproximadamente 24 cortes seriados de 3 μm para a contagem do número de espermatogônias,
espermatócitos primários (leptóteno/zigóteno) e paquíteno e 2μm para espermátides iniciais, intermediárias
e finais por cisto. O número de células de Sertoli também foi contado por cisto. Os cortes foram corados
com HE e analisados em microscopia de luz.
Os resultados da contagem permitiram estimar alguns parâmetros morfométricos, como o número
de divisões mitóticas sofridas pelas espermatogônias, capacidade de suporte das células de Sertoli, índice
meiótico, rendimento espermatogênico e perdas celulares. As análises estatísticas foram conduzidas com
ANOVA: um critério seguido pelo teste de Tukey (P<0.05).
Resultados e discussão
Por meio de sucessivas divisões mitóticas, uma única espermatogônia indiferenciada originou cistos
de espermatogônias B. Em A. altiparanae as espermatogônias passam no mínimo por nove divisões antes
de se diferenciarem em espermatócitos primários.
Como em O. niloticus (Vilela et al., 2003), o número de células de Sertoli em A. altiparanae
aumentou gradualmente desde uma única célula associada a uma espermatogônia até aproximadamente dez
células envolvendo o cisto de espermatócitos em leptóteno/zigóteno, em que atingiu as maiores
quantidades.
A capacidade de suporte das células de Sertoli, que consiste na razão entre o número de células
germinativas pelo número de células de Sertoli em cada cisto, também foi determinada para os diferentes
tipos de células germinativas. Para os cistos de espermátides esse parâmetro foi maior devido o aumento
do número de células germinativas no cisto, principalmente no tipo 3 em que uma célula de Sertoli suporta
em média 140 espermátides, isto é decorrente da finalização das divisões meióticas e diferenciação celular
para formação dos espermatozoides.
148
Conhecendo o número de células germinativas por cisto, obtivemos o índice meiótico (2,96), que é
a razão do número de espermátides finais pelo número de espermatócitos em leptóteno/Zigóteno, e o
rendimento espermatogênico (43%), que consiste no número de espermátides finais obtidas dividido pelo
número de espermátides finais esperadas. Os valores obtidos mostram uma perda de mais da metade (57%)
das células esperadas ao final do processo. Este fato está diretamente associado à capacidade de suporte das
células de Sertoli e parece ser necessário, contribuindo positivamente com a qualidade dos espermatozoides
formados (Leal et al., 2009).
Conclusões
A estereologia contribuiu para o melhor entendimento da espermatogênese do lambari A.
altiparanae, mostrando a complexidade deste processo por meio de alguns parâmetros morfométricos, tais
como capacidade de suporte das células de Sertoli, índice meiótico, rendimento espermatogênico e perda
celular.
Agradecimentos
Agradecemos a CESP pelo fornecimento dos espécimes, à FAPESP pelo apoio financeiro (Processo
2013/24527-8) e ao Laboratório de Ictiologia Neotropical (L.I. NEO), pela infraestrutura.
Referências
LEAL, M. C.; CARDOSO, E. R.; NOBREGA, R. H.; BATLOUNI, S. R.; BOGERD, J.;FRANÇA, L. R.;
SCHULZ, R. W. Histological and stereological evaluation of zebrafish (Danio rerio) spermatogenesis with an
emphasis on spermatogonial generations. Biology of Reproduction, 81:77-187. 2009.
ORSI ML, CARVALHO ED, FORESTI F. Biologia populacional de Astyanax altiparanae Garutti & Britski
(Teleostei, Characidae) do médio rio Paranapanema, Paraná, Brasil. Rev Bras Zool; 21: 207-18. 2004.
RODRIGUES, M. S.; SILVA, D. H. S.; QUIRINO, P. P.; SILVEIRA, A. N.; SILVEIRA, R. V..
Spermatogenesis in the yellowtail tetra Astyanax altiparanae: a histological analysis with emphasis to spermatogonial
and spermatid types. Boletim do Instituto de Pesca (Online), v. 41, p. 697-705. 2015.
149
VILELA, D. A. R.; SILVA, S. G. B.; PEIXOTO, M. T. D.; GODINHO, H.P.; FRANÇA, L. R. Spermatogenesis
in teleost: insights from the Nile tilapia (Oreochromis niloticus) model. Fish Physiology and Biochemistry, 28:187-
190. 2003.
150
Levantamento parcial da mastofauna de médio e grande porte em
dois fragmentos relacionados à UHE de Ilha Solteira
Marcos V. Queiroz(1)*, Juan V. Ruiz (1), Felipe C. Montefeltro(2)
Eleonore Z. Setz(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Paleontologia e Evolução
3UNICAMP, Instituto de Biologia, Laboratório de Ecologia e Comportamento de Mamíferos
Introdução
Mamíferos desempenham funções importantes para a manutenção do ambiente, seja através da
polinização, herbivoria, dispersão de sementes ou predação (Steven e Putz, 1984; da Fonseca e Robinson,
1990; Motta-Junior e Martins, 2002; Kageyama e Gandara, 2003: O’Farril et al., 2013). Uma das maiores
ameaças ao grupo é a fragmentação florestal. A fragmentação leva a restrições da área de ocorrência e
imigrações, limitando ou impedindo o fluxo gênico com populações próximas. Em última instância, estes
processos levam a extinções locais, como sabidamente ocorre com antas, quatis, queixadas e veados,
(Turner e Corlett, 1996; Miotto et al., 2012). A retirada destes mamíferos de uma área, por sua vez, pode
provocar grandes impactos, interferindo severamente sobre o ecossistema local. Ainda, as fragmentações
são muitas vezes acompanhadas da construção de estradas e pastagens que facilitam o acesso de espécies
domésticas, como cães, gatos e gado. Tais espécies são vetores de doenças e competidores podendo agravar
as pressões em populações locais de mamíferos nativos (Trombulak e Frissell, 2000).
Conhecer a diversidade de mamíferos de médio e grande porte em áreas já fragmentadas é de suma
importância para compreender quais passos podem ser tomados para evitar as extinções locais. Para o
levantamento da mastofauna de médio e grande porte, a análise de vestígios (pegadas, fezes e tocas) é
considerada um método eficiente, dado que observações diretas de ungulados, carnívoros e xenartros são
consideravelmente raras, especialmente durante o dia (Munari, 2008).
O presente estudo usa técnicas de análise de pegadas para identificar e comparar duas comunidades
de mamíferos de médio e grande porte em fragmentos florestais remanescentes em áreas sobre influência
151
do Complexo Hidroelétrico de Ilha Solteira, que sofrem crescente pressão antrópica.
Material e métodos
Os levantamentos das pegadas foram realizados em dois transectos de 1.500 metros em estradas de
terra situadas em áreas de fragmento florestal na região de Ilha Solteira (SP). Um dos transectos é localizado
na Fazenda Sta. Izabel (iniciando em 20°30'27.62"S / 51°18'23.84"O e terminando em 20°30'25.91"S /
51°19'15.01"O), Ilha Solteira (SP), e o outro é localizado na FEPE Bovino (iniciando em 20°24'23.55"S /
51°23'32.12"O e terminando em 20°23'39.43"S / 51°23'16.52"O), em Selvíria (MS). Cada transecto foi
visitado mensalmente em fevereiro, março e abril de 2016. As pegadas foram devidamente fotografadas e
registradas, para a posterior identificação através de guias especializados (Becker e Dalponte, 1991; Borges
e Tomas, 2001). Para o tratamento numérico da amostragem, foram estabelecidos a proporção entre
espécies, além dos índices de diversidade de Shannon e de similaridade de Jaccard (Magurran, 2013).
Resultados e discussão
As análises indicaram 13 espécies para a Fazenda Sta. Izabel e 15 para a FEPE Bovino (fig. 1), com
índice de diversidade de Shannon de 2,29 e 2,56, respectivamente. A similaridade de Jaccard para ambos
os locais foi de 0,75, indicando considerável discrepância entre a diversidade registrada entre os
fragmentos.
A grande maioria das espécies foi registrada em ambos os locais, com exceção do ouriço-cacheiro
(Sphiggurus sp.), registrado apenas na Fazenda Sta. Izabel, e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), mão-
pelada (Procyon cancrivorus) e macaco-prego (Sapajus cayi), registrados apenas na FEPE Bovino. A
proporção de espécies por avistamento indica que a FEPE Bovino apresenta uma condição relativamente
mais estável se comparado ao fragmento da Fazenda Sta. Izabel. Isto poderia ser atribuído ao fato de que o
fragmento da FEPE Bovino é uma área heterogênea, em relação à Fazenda Sta. Izabel. Na FEPE Bovinos
é encontrado um mosaico de ambientes mais complexo, enquanto na Fazenda Sta. Izabel o fragmento é
completamente cercado por monoculturas.
Em ambos os fragmentos foram registrados uma grande quantidade de animais domésticos, como
cães, cavalos e gado. No entanto, a presença de predadores de topo, como onças-pardas (Puma concolor) e
jaguatiricas (Leopardos pardalis), e importantes dispersores de sementes, como antas (Tapirus terrestris)
e lobos-guarás (Chrysocyon brachyurus) indicam que a comunidade ainda se encontra bem estruturada,
152
dada a importância destes animais na manutenção do meio (Steven e Putz, 1984; da Fonseca e Robinson,
1990; Motta-Junior e Martins, 2002; Kageyama e Gandara, 2003; O’Farril et al., 2013).
Figura 2: Índices de proporção de avistamento por espécie para a Fazenda Sta. Izabel (azul) e a FEPE
Bovino (verde). As colunas escuras representam espécies domésticas presentes nos transectos.
Conclusões
Concluímos que apesar de estarem em áreas fragmentadas, ambos os fragmentos apresentam uma
parcela importante dos mamíferos de médio e grande porte da região. Estes resultados podem auxiliar em
um melhor planejamento para impedir que estas populações locais sejam extintas com a contínua e
crescente pressão antrópica na região.
Referências
BECKER, M.; DALPONTE, J.C. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. Brasília, DF:
Editora Universidade de Brasília, 1991. 180 p.
BORGES, P.A; TOMAS, W.M. Guia de Rastros e Outros Vestígios de Mamíferos do Pantanal. Primeira
Edição, Corumbá, MS. 2001, 139p;
DA FONSECA, G. A. B.; ROBINSON, J. G. Forest size and structure: Competitive and predatory effects on
small mammal communities. Biological Conservation, v. 53, n. 4, p. 265-294, 1990.
KAGEYAMA, P. e GANDARA, F. B. Restauração e conservação de ecossistemas tropicais. In: CULLEN JR.,
L; RUDRAN, R.; VALLADARES-PADUA, C. (Eds.). . Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da
vida silvestre. Curitiba; Editora da Universidade Federal do Paraná. 2003.
153
MAGURRAN, A.E. Medindo a diversidade biológica. UFPR. 2013.
MIOTTO, R. A. et al. Monitoring a puma (Puma concolor) population in a fragmented landscape in southeast
Brazil. Biotropica, v. 44, n. 1, p. 98-104, 19 jan. 2012.
MOTTA JUNIOR, J. C., MARTINS, K. The frugivotous diet od the manned Wolf, Chrysocyon brachyurus, in
Brasil: ecology and conservation. Dispersal. In: LEVEY, D. J. Silva, W. R., GALETTI, M. (Ed.). . Seed dispersal and
frugivory: ecology, evolution and conservation. São Paulo: CABI Pub., 2002. P. 511.
MUNARI, D.P., 2008. Técnicas de monitoramento e a detecção de mamíferos terrestres na floresta Amazônica.
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais, Universidade Federal
do Amazonas, AM. 39pp.
O’FARRIL, G.; GALETTI, M.; CAMPOS-ARCEIZ, A. Frugivory and seed dispersal by tapirs: na insight on
their ecological role. Interactive zoology, v. 8, n. 1, p. 4-17, mar. 2013.
STEVEN, D. DE; PUTZ, F. E. Impacto f Mammals on Early Recruitment of a Tropical Canopy Tree, Dipteryx
panamensis, in Panama. Oikos, v. 43, n. 2., p. 207, 1 jul. 1984.
TROMBULAK, S. C., FRISSEL, C. A. Review of ecological effects of roads on terrestrial and aquatic
communities. Conservation Biology, v. 14, n. 1, p. 18-30, fev. 2000.
TURNER, I. M., CORLETT, R. The conservation value of small, isolated fragments of lowland tropical
rainforest. Trends in Ecology & Evolution, v. 11, n. 8, p. 330-333, ago. 1996.
154
Levantamento de fatores de riscos associados à leishmaniose
visceral canina em abrigos de animais de Ilha Solteira, SP
Maria Luana Alves(1)*, Diogo Tiago da Silva(2), Júlio Cesar Pereira Spada(2),
Maria Fernanda Alves-Martin(3), Glaucia Amorim Faria(4), Wilma Aparecida
Starke-Buzetti(5)
1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de
Imunoparasitologia de Ilha Solteira – LIPAIS. E-mail: [email protected]
2USP-FMVZ, Curso de Pós-graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses
3UNESP-FMB, Curso de Pós-graduação em Doenças Tropicais
4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
As leishmanioses são antropozoonoses infecciosas, consideradas um problema urbano e de saúde
pública. Os portadores podem expressar uma série de sintomatologias, que variam de acordo com as
espécies do parasito e a sua interação com o hospedeiro (Rangel e Lainson, 2003). O objetivo do estudo foi
correlacionar a positividade dos animais para leishmaniose visceral canina (LVC) com os aspectos clínicos
e físicos dos cães, o manejo dos animais adotados pelos abrigos e as condições ambientais.
Material e métodos
Um total de 192 cães pertecentes à dois abrigos de animais de Ilha Solteira, SP tiveram amostras de
sangue coletadas e processadas para realização de testes sorológicos para detecção da LVC, por meio dos
exames de imunoadsorção enzimática (ELISA), de acordo com a técnica de Machado et al (1997), e da
reação de imunufluorescência indireta (RIFI), realizada conforme a técnica utilizada por Oliveira et al
(2008). Durante o trabalho, foram feitas observações do ambiente físico e dos animais, e um questionário
foi aplicado aos responsáveis dos dois abrigos de animais.
155
O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de
Engenharia da UNESP de Ilha Solteira, sob o número de Protocolo Nº 02/2015/CEUA.
Análise estatística
Foi utilizada a análise univariada por meio do teste de Qui-quadrado e o teste exato de Fisher
(significância p ≤ 0,05). As variáveis independentes foram as respostas obtidas do questionário aplicado
aos responsáveis pelos animais, as observações do ambiente e os dados sobre os animais levantados durante
as coletas. A variável dependente foi a positividade dos cães para LVC. As análises foram feitas no
programa R versão 2.15.3 (R Core Team, 2015).
Resultados e discussão
Durante o estudo, 36 animais foram soropositivos para Leishmania. Entre as variáveis relacionadas
aos cães, foram consideradas estatisticamente significativas pela análise univariada: o porte do animal
(p=0,02608), o uso de coleira de deltametrina (p=0,03213) e o diagnóstico precoce da LVC (p=0,008965)
(Tabela 1). Das cinco variáveis relacionadas ao ambiente: presença de matéria orgânica, flebotomíneos,
córrego, chiqueiro e galinheiro, nenhuma delas foi estatisticamente significativa.
Dos 36 cães positivos, 16 (44,4%) possuíam porte pequeno, ao contrário dos estudos de Spada
(2014). Os animais eram acomodados em baias de acordo com o porte e afinidade com os outros cães. Desta
maneira, muitos animais de porte pequeno conviviam numa mesma área, ocasionando uma superlotação, o
que pode ter possibilitado uma maior contaminação dos animais pequenos. A utilização de coleira de
deltametrina foi considerada determinante na proteção contra a infecção por Leishmania, já que a maioria
dos animais positivos não utilizava a coleira (55,5%), possivelmente pela repelência do vetor flebotomíneo.
O mesmo resultado foi observado em outros estudos realizados em vários países, onde a utilização de
coleiras com deltametrina foi satisfatória (Lucientes, 1999).
O diagnóstico precoce da LVC nesses abrigos foi outra variável que estava correlacionada com
susceptibilidade do animal à infecção por Leishmania. Um total de 20/36 (55,5%) dos animais soropositivos
não foram submetidos à um inquérito sorológico no momento em que estavam nos abrigos. O inquérito
sorológico canino seria de extrema importância destacadamente, em áreas endêmicas, principalmente onde
já houve relato de prevalência de LVC mesmo nos cães assintomáticos (Assis et al, 2010).
156
Tabela 1 - Análise de correlação univariada de variáveis relacionadas aos cães associadas à
soropositividade para LVC em abrigos de animais de Ilha Solteira, SP, 2016.
*Significância p ≤0,05
Conclusões
Os fatores de riscos que podem influenciar a ocorrência da LVC nos abrigos estudados são, o porte
pequeno, assim como cães que não utilizam a coleira de deltametrina e quando não há diagnóstico prévio
da doença nos abrigos de animais.
Referências
ASSIS, J.; QUEIROZ, N. M. G. P.; SILVEIRA, R. C. V.; NUNES, C. M.; OLIVEIRA, T. M. F. S.;
Variáveis Categoria Total (N=192) Positivos
(N=36) Valor P
Sexo Fêmea
Macho
90 (46,6%)
102 (53,4%)
20 (55,5%)
16 (44,5%) 0,2316
Porte
Pequeno
Médio
Grande
57 (29,8%)
78 (40,3%)
57 (29,8%)
16 (44,4%)
15 (41,6%)
5 (14%)
0,02608*
Localização Solto
Baia
43 (22%)
149 (78%)
4 (11,2%)
32 (88,8%) 0,1161
Pelagem
Curta
Média
Grande
155 (80,6%)
24 (12,6%)
13 (6,8%)
28 (77,7%)
6 (19,4%)
2 (2,9%)
0,7275
Uso de coleiras de
deltametrina
Sim
Não
71 (36,7%)
121 (66,3%)
16 (44,5%)
20 (55,5%) 0,03213*
Rotatividade Sim
Não
146 (76,4%)
46 (23,6%)
30 (83,3%)
6 (16,7%) 0,2793
Diagnóstico Sim
Não
122 (63,4%)
70 (36,6%)
16 (44,5%)
20 (55,5%) 0,008965*
Quarentena Sim
Não
146 (76,4%)
46 (23,6%)
30 (83,3%)
6 (16,7%)
0,2793
157
NORONHA-JUNIOR, A. C. F.; NEVES, M. F.; MACHADO, R. Z.; STARKE-BUZETTI, W. A. Estudo comparativo
dos métodos diagnósticos para leishmaniose visceral em cães oriundos de Ilha Solteira, SP. Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 19, n. 1, p. 17-25, jan/mar. 2010.
LUCIENTES J. Laboratory observations on the protection of dogs from the bites of Phlebotomus perniciosus
with Scalibor® ProtectorBands: preliminary results: canine leishmaniasis: an update. In: INTERNATIONAL
CANINE LEISHMANIASIS FORUM, numero do evento, 1999, Barcelona. . Proceedings… Wiesbaden: Hoechst
Roussel Vet, 1999. P. 92 – 94.
MACHADO, R. Z.; MONTASSIER, H. J.; PINTO, A. A; LEMOS, E. G.; MACHADO, V. R.; VALADÃO, I.
F.; BARCI, L. G.; MALHEIROS, E. B. An enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for the detection of
antibodies against Babesia bovis in cattle. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 71, n. 1, p. 17-26, 1997.
OLIVEIRA, T. M. F. S.; FURUTA, P. I.; CARVALHO, D.; MACHADO, R. Z. A study of cross-reactivity in
serum samples from dogs positive for Leishmania sp., Babesia canis and Ehrlichia canis in enzyme-linked
immunosorbent assay and indirect fluorescent antibody test. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária,
Jaboticabal, v. 17, n. 1, p. 7-11, 2008.
RANGEL, E. F.; LAINSON, R. (Org.). Flebotomíneos do Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. p. 207-
255.
R CORE TEAM: a language and evironment for statiscal computing, Vienna: R foundation for statiscal
computing. [S.l.: s.n.], 2015. ISBN 3-900051-07-0. Disponível em: <http://www.R-project.org/>. Acesso em: 11 out
2015.
SPADA, J. C. P. Fatores de riscos associados à Leishmaniose visceral canina na área de cinturão verde
de Ilha Solteira, SP. 2014. 106 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Animal)– Faculdade de Engenharia,
Universidade Estadual Paulista- UNESP, Ilha Solteira, 2014. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/115623>.
Acesso em: 5 jan. 2015.
158
Reação intradérmica de Montenegro como método diagnóstico
complementar da leishmaniose visceral canina
Maria Luana Alves(1)*, Diogo Tiago da Silva (2), Júlio Cesar Pereira Spada (2),
Marina Flóro e Silva(3), Glaucia Amorim Faria(4), Wilma Aparecida Starke-
Buzetti(5)
1UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, Laboratório de
Imunoparasitologia de Ilha Solteira – LIPAIS. E-mail: [email protected]
2USP-FMVZ, Curso de Pós-graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas
4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
A reação intradérmica de Montenegro, que detecta a hipersensibilidade celular, é considerado um
teste com elevada sensibilidade e especificidade, e é amplamente utilizado no diagnóstico de leishmaniose
tegumentar e inquéritos epidemiológicos de humanos de áreas endêmicas para leishmaniose visceral
(Caldas et al, 2002). O objetivo do estudo foi avaliar a resposta imune celular por meio da reação
intradérmica de Montenegro para diagnóstico da leishmaniose visceral canina (LVC) e comparar com o
diagnóstico sorológico, tais como o ensaio imunoenzimático indireto (ELISA) e a reação de
imunofluorescência indireta (RIFI).
Material e métodos
Foram avaliados 33 cães, pertencentes à dois abrigos de animais do município de Ilha Solteira, SP.
A classificação dos animais em sintomático e assintomático foi realizada a partir dos sinais clínicos visíveis
associados com as alterações dos exames de hemograma e bioquímico. O teste ELISA foi realizado de
acordo com a técnica de Machado et al (1997) e adaptado por Oliveira et al (2008). A RIFI foi realizada
conforme a técnica utilizada por Oliveira et al (2008). A reação de Montenegro foi realizada conforme a
159
técnica descrita por Sokal (1975). Na Tabela 1 encontram-se os dados de perfis dos cães que foram
utilizados para a realização da reação intradérmica de Montenegro.
O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de
Engenharia da UNESP de Ilha Solteira, sob o número de Protocolo Nº 02/2015/CEUA.
Tabela 1 - Número de cães sintomáticos e assintomáticos utilizados para realização da reação intradérmica
de Montenegro. Ilha Solteira, SP, 2016.
Análise estatística
Os diagnósticos do ELISA, RIFI e reação de Montenegro foram submetidos à análise estatística,
onde foi verificada a concordância entre eles de acordo com o índice Kappa no intervalo de confiança de
95% e nível de significância de 5%. Os valores obtidos foram classificados de acordo com Landis Jr e Koch
(1977).
As análises foram feitas no programa R versão 2.15.3 (R Core Team, 2015).
Resultados e discussão
Dos 33 cães avaliados na reação intradérmica de Montenegro, 45,4% (15/33) deles reagiram
positivamente e 54,6% (18/33) negativamente. O diâmetro dos nódulos formados nos animais positivos
variou de 12 a 34 mm, com a média de 21,3 mm no período de 72 horas após a inoculação do antígeno,
representando uma média elevada se comparada à média de 13 mm verificada em um estudo realizado por
Reis et al (2008). Esses dados indicam uma reatividade celular, onde existe o envolvimento de células de
memória do sistema imunológico (linfócito T) no processo de infecção. Este tipo de reação de
hipersensibilidade tardia poderia ser utilizado também como método diagnóstico de infecção de várias
espécies de Leishmania (Marzochi e Barbosa-Santos, 1988).
Na comparação dos métodos sorológicos (MS) com a reação intradérmica de Montenegro (RM),
observou-se que o nível de concordância foi classificado como ruim (Tabela 2). A diferença nos resultados
Número de Cães para a Reação de Montenegro
Diagnóstico
Sorológico
Sintomáticos
(N=28) Assintomáticos (N=5) TOTAIS (N=33)
Positivo 9 1 10
Negativo 19 4 23
160
diagnósticos entre os testes aplicados está relacionada ao tipo de resposta imune do animal. Sabe-se que
humanos na fase aguda da doença não respondem à reação de Montenegro, pois esta fase está relacionada
com a ativação de células B e T, e com a indução da resposta humoral, com produção de elevados títulos
de imunoglobulinas inespecíficas (IgM e IgG), que possuem pouca importância no controle da infecção.
Desta forma, os linfócitos destes animais não produzem IFN-γ e IL-2, e quando estimulados pelo antígeno
não ativam os macrófagos para destruição destes, mas sim os fatores séricos já presentes afim de suprimir
a resposta proliferativa (Anam et al, 1999).
Tabela 2 - Análise comparativa entre os métodos sorológicos (ELISA indireto e RIFI) e reação
intradérmica de Montenegro para LVC em abrigos de animais de Ilha Solteira, SP, 2016.
Técnicas A (N=5) S (N=28) Total Índice Kappa ()
RM X MS
P
N
D
1 (20%)
3 (60%)
1 (20%)
4 (14,2%)
10 (35,8%)
14 (50%)
5 (15,1%)
13 (39,5%)
15 (45,4%)
0,0645
Total 5 28 33
Índice Kappa Ruim
RM=reação intradérmica de Montenegro; MS=Métodos sorológicos; COL=coleta; A=assintomático; S=sintomático; P=positivo;
N=negativo; D=distinto.
Conclusões
Apesar da concordância com as técnicas sorológicas ser considerada ruim, a reação intradérmica de
Montenegro pode ser utilizada no diagnóstico complementar da LVC em animais de áreas endêmicas.
Referências
ANAM, K.; AFRIN, F.; BANERJEE, D.; PRAMANIK, N.; GUHA, S. K.; GOSWAMI, R. P.; GUPTA, P. N.;
SAHA, S. K.; ALI, N. Immunoglobulin subclass distribution and diagnostic value of Leishmania donovani antigen-
specific immunoglobulin g3 in indian kala-azar patients. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, New
York, v. 6, n. 2, p. 231-235, 1999.
CALDAS, A. J. M.; COSTA, J. M. L.; SILVA, A. A. M.; VINHAS, V.; BARRAL, A. Risk factores associated
with asymptomatic by Leishmania Chagasi in north-east brazil. The American Journal of Tropical Medicine and
Hygiene, Cleveland, v. 96, n. 1, p. 21-28, 2002.
161
LANDIS J. R.; KOCH G. G. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics,
Arlington, v. 33, n. 1, p. 159-174, 1977.
MACHADO, R. Z.; MONTASSIER, H. J.; PINTO, A. A; LEMOS, E. G.; MACHADO, V. R.; VALADÃO, I.
F.; BARCI, L. G.; MALHEIROS, E. B. An enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for the detection of
antibodies against Babesia bovis in cattle. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 71, n. 1, p. 17-26, 1997.
MARZOCHI, M. C. A.; BARBOSA-SANTOS, E. G. O. Evaluation of a skin test on the canine mucocutaneous
leishmaniasis diagnosis. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 83, n. 3, p. 391-392, 1988.
OLIVEIRA, T. M. F. S.; FURUTA, P. I.; CARVALHO, D.; MACHADO, R. Z. A study of cross-reactivity in
serum samples from dogs positive for Leishmania sp., Babesia canis and Ehrlichia canis in enzyme-linked
immunosorbent assay and indirect fluorescent antibody test. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária,
Jaboticabal, v. 17, n. 1, p. 7-11, 2008.
R CORE TEAM: a language and evironment for statiscal computing, Vienna: R foundation for statiscal
computing. [S.l.: s.n.], 2015. ISBN 3-900051-07-0. Disponível em: <http://www.R-project.org/>. Acesso em: 11 out
2015.
REIS, S. R.; NAIFF, R. F.; ALMEIDA-CAMPOS, F. N.; FRANCO, A. R. Intradermorreação de Montenegro
em cães (Mammalia: Canidae) experimentalmente inoculados por Leishmania guyanensis e Leishmania braziliensis
(Kinetoplastida: Trypanosomatidae), principais agentes causadores de Leishmaniose Tegumentar na Amazônia. Acta
Amazonica, Manaus, v. 38, n. 3, p. 593-596, 2008.
SOKAL, J. E. Measurement of delayed skin test responses. New England Journal of Medicine, Nova
Inglaterra, v. 293, n. 10, p. 501-502, 1975.
162
Morfologia do plexo braquial de onça parda (Puma concolor)
Mariana Arede de Souza(1), Guilherme Chicchetto Silveira Lima(1), Alan
Peres Ferras de Melo(2), Roberto Gameiro de Carvalho (1), Nair Trevizan Machado
de Souza(1), Rosângela Felipe Rodrigues(1)*
1 UNESP-FMVA, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal – DAPSA. Curso de Medicina
Veterinária – e-mail: [email protected]
2 UNESP - FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia.
Introdução
A onça parda (Puma concolor), animal carnívoro presente em todos os biomas do Brasil é
considerado um mamífero de grande porte cujo comprimento corpóreo alcança de 85 a 150 cm;
apresentando cauda: de 45 a 85 cm, peso de 22 a 120 kg. A coloração é parda avermelhada uniforme,
particularmente com a região ventral mais clara e quase branca. A face lateral do focinho e porção dorsal
das orelhas, assim como a extremidade da cauda, são escuras (Reis et al. 2006).
Erhart (1986) relata que os nervos espinhais são componentes do sistema nervoso periférico,
formados pela união das raízes dorsais e ventrais. Apresenta, na região torácica, uma disposição
metamérica, porém, na altura da inserção dos brotos apendiculares, os ramos ventrais de nervos espinhais
entrecruzam–se e formam os plexos de onde se originam nervos constituídos por fibras de duas ou mais
raízes espinhais.
Este trabalho visa oferecer informações sobre a morfologia do plexo braquial da onça parda (Puma
concolor) bem como representa uma contribuição à neuroanatomia comparada na Medicina Veterinária.
Material e métodos
Foi utilizado um espécime de onça parda (Puma concolor) adulto, macho, doado pelo Centro de
Recuperação de Animais Silvestres (Ceretas/UNESP/Araçatuba) do Hospital Veterinário/UNESP. Este
animal foi fixado com solução de formaldeído a 10% pela artéria femoral. Após o período de fixação, o
exemplar foi dissecado, realizando-se incisões próximas ao esterno, onde a cutis e a musculatura foram
163
rebatidas, até atingir o plexo braquial no espaço axilar.
A nomenclatura adotada baseou-se na Nomenclatura Anatômica Veterinária (International
Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature, 2012).
Resultados e discussão
Na espécie estudada, os nervos encontrados que participam da formação do plexo braquial foram:
subclávio, supraescapular, subescapular, musculocutâneo, axilar, radial, mediano e ulnar.
Os nervos componentes do plexo braquial da jaguatirica foram: subclávio, supraescapular,
subescapular, musculocutâneo, peitorais craniais, axilar, radial, ulnar, mediano, toracodorsal e torácico
lateral. No entanto, Freitas (2010); Hudson & William (1993) afirma que no gato doméstico, o plexo
braquial é composto pelos nervos radial, mediano, ulnar, musculocutâneo, axilar e supraescapular,
discordando com o que é preconizado por Done et al., (2002) o qual relata ainda a presença dos nervos
subescapular e toracodorsal, à semelhança dos achados na jaguatirica, porém nenhum destes autores cita a
presença do subclávio. Este nervo é citado como componente do plexo braquial apenas no macaco-de-
cheiro (ARAÚJO et al., 2012).
Figura 1 - Fotografia da região do plexo braquial da onça parda (Puma concolor) observa-se os nervos e
arterial axilar: (Verde) n. supraescapular, (Vermelho) n. musculocutâneo, (Preto) n. mediano, (Azul) n.
axilar, (Rosa) n.ulnar, (Verde água) n. radial e (Amarelo) n. subescapular.
Conclusões
164
Diante do observado na dissecação da onça pintada, conclui-se que o plexo braquial destes animais
é bastante semelhante ao dos carnívoros domésticos, bem como algumas espécies selvagens.
Referências
ARAÚJO, E. B.; LIMA, A. R.; PINHEIRO, L. L.; MUNIZ, J. A. P. C.; IMBELONI, A.; BRANCO, E. Origem
e distribuição do plexo braquial de Saimiri sciureus. Pesquisa Veterinária Brasileira, Seropédica, v. 32, n. 12, p.
1351-1354, 2012.
DONE, S. D.; GOODY, P. C.; EVANS, S. A.; STICKLAND, N. C. Atlas colorido de Anatomia veterinária
do cão e do gato. Vol. 3. São Paulo: Manole, 2002. 10.16.
ERHART, E. A. Neuroanatomia simpli_ cada. 6. ed, Roca, São Paulo, Brasil, 400pp.
HUDSON, L.C.; WILLIAM P. H. Atlas of feline anatomy for veterinarians. WB Saunders Company,
1993.
INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE.
Nomina anatômica veterinária. 5 ed. Knoxville: World Association on Veterinary Anatomist, 2012. 160 p.
FREITAS, A. I. A. Regeneração espontânea da lesão do plexo braquial no gato: Relato de caso. PUBVET,
Londrina, v. 4, n. 42, Ed. 147, Art. 990, 2010.
165
Água cinza: uma proposta de tratamento viável do ponto de vista
ambiental
Márjori Brenda Leite Marques(1), Maria Ângela Moraes Cordeiro(2)
1UNESP-FEIS, Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, email: [email protected].
2UNESP-FEIS, Departamento de Física e Química, email: [email protected].
Introdução
A carência de saneamento básico em algumas regiões do Brasil ainda é um problema para muitas
famílias. A falta de tratamento de esgoto pode causar problemas ambientais, poluição de mananciais e
disseminação de doenças por veiculação hídrica. Para a rede de esgoto atingir as áreas afastadas e rurais, o
custo é alto tornando-se em alguns casos inviáveis. Na área rural, em índices porcentuais, percebe-se uma
situação de maior defasagem, apenas 4% das pessoas são atendidas por coleta de esgoto. As águas cinzas
são aquelas provenientes dos lavatórios, chuveiros, tanques e máquinas de lavar roupa e louça. Essas águas
contêm componentes decorrentes do uso de sabão ou outros produtos de lavagens de roupas ou de limpeza
geral. Estudos realizados indicam que a água cinza contêm elevados teores de matéria orgânica, de sulfatos,
além de turbidez e moderada contaminação fecal. Sabe-se que as áreas rurais são locais que apresentam
uma diversidade cultural e costumes diferenciados, faz-se necessário o estudo de tecnologias sustentáveis
e sociais que respeitem a tradição da população em questão.
O tratamento ecológico da água pela técnica de fitofiltragem tem sido considerada eficaz e permite
a despoluição de águas através de esquemas ecológicos como círculos de bananeiras, jardins filtrantes e
espelhos d’agua. Tais métodos inovadores e sustentáveis utilizam plantas como o principal agente de
tratamento da poluição. O presente trabalho consiste no estudo e elaboração da viabilidade em construir um
esquema de fitofiltragem com a água cinza dispensada abertamente no quintal de uma propriedade rural,
situada no município de Ilha Solteira- SP, permitindo com que os próprios moradores reutilizem a água
filtrada pelo esquema elaborado.
166
O presente trabalho tem como objetivo elaborar um esquema de filtofiltragem da água cinza perante
as condições locais que amenize os problemas de saneamento básico e conservação ambiental da
propriedade rural.
Material e métodos
Fez-se uma canalização desviando a saída da água cinza para uma área escavada distante 15m.
Para o esquema de jardim filtrante ocorre a simulação de uma área natural alagada:
- Permeabilize o local com uma geomembrana, cobrindo com pedra, brita e areia e finalize com
plantas filtradoras emergentes. Posicione uma caixa retentora de gordura e sólidos antes do sistema e após,
uma abertura para a saída da água filtrada.
Para a opção de espelho d’agua ocorre a simulação de uma lagoa:
- Permeabilize o local com uma geomembrana, cobrindo com pedra, brita e areia e finalize com
plantas filtradoras imersas e flutuantes. Posicione uma caixa retentora de gordura e sólidos antes do sistema
e após, uma abertura para a saída da água filtrada canalizada para uma outra abertura permeabilizada.
- Coletar e analisar as amostras filtradas pelos esquemas, quanto à presença de coliformes, fosforo,
teor amoniacal, etc
Resultados e discussão
Em ambos os esquemas, a água tratada poderá ser descartada, ou reutilizada para limpeza , irrigação
e consumo do gado. No entanto, a decisão sobre o destino da água filtrada seguirá de acordo com os
resultados de sua análise química laboratorial que deverá ser feita periodicamente.
Na elaboração do jardim não poderá haver saturação de água no sistema e a manutenção das plantas
deverá ser feita regularmente evitando sua reprodução desenfreada.
No esquema de espelho d’água, consistiria no reaproveitamento da área escavada usada como
descarte da água cinza e na vegetação desenvolvida em sua borda. Para não ocorrer risco de saturação, o
segundo tanque com a água já filtrada foi proposto além de ser utilizado como bebedouro para o gado,
dependendo da análise do filtrado. A inserção e permanência de aves aquáticas no corpo d’agua indicariam
uma noção prévia sobre a qualidade da água e o funcionamento do esquema.
167
Conclusões
Em uma residência familiar rural, ao utilizar o sistema de reuso só para irrigação de jardins, haveria
uma economia do recurso hídrico próxima a 10%, no entanto é necessária, a análise principalmente de
coliforms, poise em caso de presença será necessário tratamento de desinfecção.
Referências
FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE (FUNASA) diretrizes para projetos físicos de
estabelecimento de saúde, água, esgoto sanitário e melhorias sanitárias em áreas indígenas. Brasília:
fundação Nacional de Saúde, 2006.
GONÇALVES, R. F. (Coorde.) Uso Racional da Água em Edificações. PROSAB. Rio de Janeiro:
ABES, 2006
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censos Populacionais.
Disponíveis em http://www.sidra.ibge.gov.br.
REBÊLO, S. P M. M., “Caracterização de águas cinzas e negras de origem residencial e análise
da eficiência de reator anaeróbio com chicanas” Universidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-
graduação em Recusos /hídrico e Saneamento, Maceió, 2011.
ABES: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Capítulo Nacional da AIDIS,
Seção São Paulo. Disponível em > http://abes-sp.org.br/arquivos/apresentacao_260313.pdf > Acessado
em : 07, maio, 2016.
168
Teores de clorofila em folhas de Astronium fraxinifolium
(Gonçalo-alves) ocorrentes em área impactada e não impactada
Maycon Anderson de Araujo(1)*, Aline Redondo Martins (2), Liliane Santos de
Camargos (3).
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura. Laboratório de Anatomia
Vegetal. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura. Laboratório de Anatomia
Vegetal.
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura. Laboratório de Fisiologia do
Metabolismo Vegetal.
Introdução
Gonçalo-alves é uma arbórea pertencente à família Anacardiaceae. Esta família possui cerca de 70
gêneros e 700 espécies, e sua distribuição geográfica é tropical e subtropical (Souza & Lorenzi; 2008).
Gonçalo-alves é originária do Cerrado, e plantas oriundas desse bioma são capazes de adaptações quando
submetidas a estresses provocados pelo clima e deficiência de nutrientes no solo (FRANCO; HARIDASAN;
FERREIRA, 2008).
Em trabalhos realizados anteriormente por Silva, Martins e Cavalheiro (2010) e Melo et al. (2007)
foi possível observar que o estresse provocou algumas modificações na anatomia foliar de diversas espécies
vegetais. O objetivo do presente trabalho foi avaliar se o estresse nutricional pode provocar modificações
na composição de clorofila no limbo foliar de Gonçalo-Alves.
Material e métodos
As 19 amostras foram coletadas na FEPE Bovino (Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão) em
Selvíria- MS pertencente à UNESP, sendo essa a área considerada impactada e onde as plantas tiveram
regeneração natural. O impacto observado na área foi causado pela retirada de uma camada média de 8,60
m do solo para construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, e com isso, uma grande parte
169
dos nutrientes do solo foi perdida (COLODRO, 2005). As 19 amostras da área não impactada foram
coletadas na FEPE Cerrado (Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão) em Selvíria-MS, onde as plantas são
cultivadas.
A dosagem de clorofila a e b foi realizada de acordo com o proposto por Israeltam e Hiscox (1979).
As folhas coletadas foram cortadas em tiras finas (1 mm), em amostras de 50 mg. Foram feitas três
repetições do ensaio para cada amostra. O material vegetal foi colocado em tubo de ensaio com 7 mL de
DMSO (dimetil-sulfóxido), coberto com bolas de vidro e levado ao banho-maria a 65ºC por 30 minutos,
no escuro. Após resfriar a temperatura ambiente, realizou-se a leitura em espectrofotômetro a 645 e 663 nm
(Arnon, 1949). O conteúdo dos pigmentos foi obtido a partir das equações propostas por Arnon, conforme
exposto abaixo:
C a = (12,70 x A663) - (2,69x A645)
C b = (22,90 x A645) – (4,68 x A663)
C a + C b = (20,20 x A646) + (8,02 x A663)
Tratamentos e amostragens
Foi realizado teste F a fim de avaliar as variâncias e posteriormente teste t avaliando as médias de
clorofila (dados expressos em mg/gMF (miligramas por gramas de massa fresca) utilizando o software
Excel 2007. (teste t, n=57, p<0.05), a fim de avaliar as possíveis diferenças nos teores de clorofila em
plantas das diferentes áreas estudadas.
Resultados e discussão
Foram encontradas diferenças significativas para as três variáveis estudadas para as áreas, Clorofila
a com um p=0,014, Clorofila b com um p=0,011 e Clorofilas Totais com um p=0,0079 mostraram-se
significantemente diferentes entre as áreas.
Na área impactada foi observada uma menor concentração de Clorofila a, b e totais em relação à
área não impactada, assim como foi observado nos estudo de Lima et al. (2004) e Neves et al. (2009) quando
houve um decréscimo de clorofila quando plantas foram apresentadas a um estresse.
170
Tabela 1 – Média de teores de Clorofila a, b e clorofila total em folhas de Astronium fraxinifolium
(Gonçalo-alves) nas área impactada e não impactada. *
* médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si pelo teste t (n=57, p<0.05)
As clorofilas têm papel fundamental na realização da fotossíntese (TAIZ; ZEIGER, 2009), e estão
envolvidas na formação do complexo antena, absorção da luz, excitação do Centro de Reação dos
fotossistemas e fotoxidação da água (KERBAUY, 2013). As alterações observadas nos teores de clorofila
em plantas da área impactada podem indicar que, nesta situação, o potencial de fotossíntese pode estar
sendo afetado. Estudos adicionais são necessários a fim de corroborar ou justificar esta hipótese.
Conclusões
Plantas de Gonçalo-alves presentes numa área impactada em Selvíria/MS apresentaram menor
concentração de clorofila a, b e clorofila total do que plantas de uma área não impactada adjacente, o que
pode interferir no potencial fotossintético destas em resposta a esta condição de estresse.
Referências
ARNON, D. I. Copper enzymes in isolated chloroplasts. Polyphrenol oxidase in Beta vulgaris. Plant Physiol.,
v. 24, p.1-15, 1949.
COLODRO, Gilberto. Recuperação de solo de área de empréstimo com lodo de esgoto. 2005. 101 f. Tese
(Doutorado) - Curso de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Faculdade de Engenharia
Agrícola - Feagri, Campinas, 2005.
FRANCO, Augusto C.; HARIDASAN, Mundayatan; FERREIRA, Cristiane da Silva. Physiological ecology of
cerrado plants: new insights and new approaches. Brazilian Journal Of Plant Physiology: The official journal of
the Brazilian Society of Plant Physiology, Campos dos Goytacazes v. 20, n. 3, p.165-166, dez. 2008.
Área Clorofila a Clorofila b Clorofila Total
--------- (mg/ gMF)--------
Impactada 1,97a 0,58a 2,55a
Não impactada 2,17b 0,66b 2,83b
171
HISCOX, J.D; ISRAELTAM, G.F. A method for the extraction chlorophyll from leaf tissue without
maceration. Can. J. Bot. 57, 1332-1334, 1979.
KERBAUY, Gilberto Barbante. Fisiologia Vegetal. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
LIMA, Maria da Graça de Souza et al. Efeito do estresse salino sobre a concentração de pigmentos e prolina
em folhas de arroz. Bragantia, Campinas, v. 63, n. 3, p.335-340, fev. 2004.
MELO, Hyrandir Cabral de et al. Alterações anatômicas e fisiológicas em Setaria anceps Stapf ex Massey e
Paspalum paniculatum L. sob condições de déficit hídrico. Hoehnea, Água Funda, v. 34, n. 2, p.145-153, mar. 2007.
Trimestral.
NEVES, Natália Rust et al. Photosynthesis and oxidative stress in the restinga plant species Eugenia uniflora
L. exposed to simulated acid rain and iron ore dust deposition: Potential use in environmental risk assessment. Science
Of The Total Environment, [s.l], v. 407, p.3740-3745, 2009.
SILVA, J. M.; MARTINS, M. B. G.; CAVALHEIRO, A. J. Caracterização anatômica e perfis químicos de
folhas de Avicennia schaueriana Stapf. & Leech. Ex Moldenke e Rhizophora mangle l. de manguezais impactados e
não impactados do litoral paulista. Insula, 39: 14-33, 2010.
SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática. 2. Ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da
Flora Ltda, 2008.
TAIZ, Lincoln; ZEIGER, Eduardo. Fisiologia Vegetal. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 848 p.
172
Efeitos do ômega 3 na dieta de zebrafish (Danio rerio): análise de
lipídios totais teciduais
Naiara Mendes Ross (1) *, Alessandro Cabral Vassilievitch (2), Raphael Silva
Costa(3), Cristiéle da Silva Ribeiro (4), Rosicleire Veríssimo Silveira (5), Alexandre
Ninhaus Silveira (6)
1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical- LINEO. e-mail:
2Unesp-FEIS, Curso de Ciências Biológicas- Licenciatura e Bacharelado.
3Estudante de doutorado em Biologia Animal, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas- Câmpus
de São José do Rio Preto, Laboratório de Ictiologia Neotropical- LINEO
4Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
Laboratório de Estudos em Fisiologia Animal- LEFISA
5 e 6Docente no Departamento de Biologia e Zootecnia FEIS/Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira,
Laboratório de Ictiologia Neotropical- LINEO
Introdução
A alimentação de um indivíduo está diretamente relacionada com o desempenho de papéis
fisiológicos fundamentais. É na dieta que se encontram os componentes que constituem as células e que se
repõem substâncias essenciais ao metabolismo, como glicogênio, lipídios e proteínas (Bruce et al, 1999).
O requerimento de nutrientes por peixes para crescimento, reprodução e outras funções fisiológicas são
similares para animais terrestres. Existe uma necessidade natural de se consumir proteínas, minerais e
vitaminas para fatores de crescimento e fontes de energia.
A dieta influi não somente no crescimento e desenvolvimento do indivíduo, mas também na
qualidade e quantidade de gametas por ele produzidos. Dietas ricas em diferentes substâncias acabam
auxiliando no enriquecimento de alguns aspectos fisiológicos, dando a estes indivíduos maiores chances de
sobrevivência e reprodução (Viegas et al, 2008). Focando especificamente em lipídios os ácidos graxos,
173
componentes primordiais deste substrato metabólico, possuem influência significativa no desenvolvimento
reprodutivo e no metabolismo dos animais estudados.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de uma dieta suplementada com óleo de origem
marinha (rico em ácidos graxos ômega 3) na dinâmica metabólica de zebrafish (Danio rerio).
Material e métodos
Exemplares adultos de Danio rerio foram adquiridos em atacadista de peixes ornamentais. 30
exemplares foram mantidos em 6 aquários de 80x40x50cm, com sistema de fluxo continuo de água. Em
todos os aquários existiam tubos coletores que levavam a água para mantas de acrílico utilizadas como
filtro, trocadas todas as semanas. A água circulava por um termostato regulado a 27ºC, retornando aos
aquários. A iluminação dos aquários era regulada em um sistema de 12 horas de luz e 12 horas de escuro.
Cada situação experimental consistia na alimentação com ração isoproteica (45% de PB), sendo uma das
dietas suplementada com 5% óleo de peixe marinho (dieta tratamento), e outra fornecida sem este
suplemento (dieta controle). Todos os tratamentos foram realizados durante 90 dias com intuito de que os
indivíduos atingissem a maturação sexual.
Foram selecionados 15 indivíduos de cada tratamento quinzenalmente para as análises teciduais.
Os animais foram anestesiados com benzocaína 0,200g/10 ml de álcool/ 200 ml de água (solicitação de
autorização do CEUA encaminhada em 11/05/206). Após a triagem e biometria, os animais foram
eutanasiados por secção da medula espinhal na altura do opérculo e dissecados com tesoura histológica,
seu fígado, gônadas, encéfalo e músculo retirados e reservados. O material biológico foi estocado em
freezer -80ºC até as análises, com vistas à diminuição dos processos de degradação teciduais. Após coleta
de tecidos foram determinadas as concentrações de lipídios totais pelo método colorimétrico desenvolvido
por Folch et al. (1957), adaptado por Parrish (1998) para organismos aquáticos.
Para verificação do nível de interação entre as variáveis, foi utilizado o Software Sigma Stat 3.1.
Utilizou-se o Teste t de Student (α = 5%) para avaliações paramétricas; e aplicou-se o teste de Kruskal
Wallis para análises não paramétricas.
174
Figura 1: Concentração de proteínas totais
musculares, hepáticas, gonadais e encefálica em
zebrafish nas diferentes situações experimentais.
Resultados e discussão
Os níveis de lipídios no fígado não
mostraram diferença estatística significativa
(P>0,05). Apesar que existe uma forte tendência
de aumento na concentração de lipídios no grupo
alimentado com dieta suplementada. A relação de
lipídios no fígado e nas gônadas é extremamente
importante já que o primeiro atua como reservatório e no período de maturação transfere os lipídios para
as gônadas (Reidel et al, 2010) (Figura 1 BC). Por causa do transporte de lipídios entre fígado e gônada na
época reprodutiva podemos observar menor concentração deste substrato no tecido hepático e maiores
concentrações no tecido gonadal (Figura 1 BC). A deposição de vitelogenina, glicoproteína composta de
20% lipídios e 80% proteínas, provavelmente foi o principal local de armazenamento deste substrato em
animais sexualmente maduros (Reidel et al, 2010), o que foi o caso dos animais experimentais.
Os níveis de lipídios no encéfalo foram iguais estatisticamente para as duas situações experimentais
(p<0,05). Poucos trabalhos analisam parâmetros metabólicos neste tecido, mas segundo Soengas e
Aldegunde (2002) os níveis de lipídios no cérebro são provenientes de biossíntese endógena e pelo
metabolismo do fígado e da dieta, mas não se sabe o quanto cada um influencia nesses níveis. A
incorporação de ômega 3 não se mostrou participante no aumento desses lipídios, nos dando uma visão de
participação minoritária da dieta nos níveis de lipídios cerebrais.
Conclusões
A concentração de lipídios totais demostrou um possível direcionamento deste substrato do tecido
hepático para o gonadal. Adicionalmente os animais do grupo alimentado com ração suplementada com
ômega 3 mostraram maiores concentrações no tecido gonadal, o que poderia atuar de forma significativa
no sucesso reprodutivo desta espécie.
175
Referências
BRUCE, M. et al. Development of broodstock diets for the European Sea Bass (Dicentrarchus labrax)
with special emphasis on the importance of n−3 and n−6 highly unsaturated fatty acid to reproductive
performance.Aquaculture, v.177(1-4), 1999, pp. 85-97
VIEGAS, E.M.M. et al. Farelo de canola em dietas para o pacu Piaractus mesopotamicus (Holmberg
1987): efeitos sobre o crescimento e a composição corporal.Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia,
v. 60, n. Holmberg 1987, p. 1502–1510 , 2008.
REIDEL, A. et al. Rendimento corporal e composição química de jundiás alimentados com diferentes
níveis de proteína e energia na dieta, criados em tanques-rede. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n. 2, p. 233–
240, 2010.
RIBEIRO, P. A. P. et al. Parâmetros metabólicos de pacus alimentados com diferentes fontes de óleo.
Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v. 48, n. 1, p. 1035–1042 , 2013.
SOENGAS, J. L.; ALDEGUNDE, M. Energy metabolism of fish brain. Comparative Biochemistry and
Physiology - B Biochemistry and Molecular Biology, v. 131, n. 3, p. 271–296 , 2002.
176
Aspectos estruturais de sementes de duas leguminosas do Cerrado
Natacha Silva(1)*, L. Felipe Daibes(1), Alessandra Fidelis(1), Aline Redondo
Martins(2)
1UNESP – IB Câmpus de Rio Claro, Departamento de Botânica. E-mail: [email protected]
2UNESP – FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia.
Introdução
Diversas sementes apresentam impermeabilidade na testa denominada dormência física (Baskin et
al., 2000). Este tipo de dormência é comum entre as sementes de leguminosas, distribuindo sua germinação
ao longo do tempo e do espaço, aumentando a probabilidade de colonização de áreas abertas ou recém-
queimadas (Rolston, 1978; Fenner & Thompson, 2005). Para que a germinação ocorra, alguma ruptura no
tegumento deve ocorrer para permitir a embebição. Isso pode se dar por meio de um rompimento aleatório
do tegumento, ou da abertura de algumas estruturas especializadas da semente, em geral denominadas
“lentes” (Morrison et al., 1998; Baskin, 2003). A quebra da dormência física pode ocorrer por meio de
escarificação, ou estar associada ao fogo e à variação térmica (Herranz et al., 1998; e.g. Silveira &
Fernandes, 2006; Moreira et al., 2010; Santana et al., 2013). Este trabalho teve como objetivo identificar
por microscopia eletrônica de varredura quais as alterações estruturais no tegumento das sementes das
leguminosas Mimosa leiocephala e Bauhinia dumosa.
Material e métodos
Foram selecionadas sementes de duas espécies de leguminosas (Mimosa leiocephala e Bauhinia
dumosa) coletadas em área de campo sujo na Reserva Natural da Serra do Tombador (RNST), localizada
em Cavalcante, norte de Goiás. Nas sementes de M. leiocephala, que são impermeáveis, foi realizado
choque térmico de 100° por 1 minuto, na tentativa de quebrar a dormência, além de um controle (sementes
não tratadas). Já nas sementes de B. dumosa, que são permeáveis, não foi realizado qualquer tratamento de
choque térmico. Para a análise e identificação das estruturas nas sementes, foram realizadas fotos em
Microscopia Eletrônica de Varredura-Zeiss EVO/LS15.
177
Resultados e discussão
A semente de M. leiocephala no controle apresentou pequenas fendas na cutícula ao longo de todo
tegumento, indicando por onde a água entra na pequena fração de sementes não tratadas capaz de germinar
na espécie (ca. 5%; Daibes et al., dados não publicados). A lente se apresenta em depressão elíptica
semelhante ao encontrado em Leucaena (Serrato-Valenti et al., 1995), sem nenhuma alteração na sua
estrutura, e sua dimensão é proporcionalmente maior que o hilo. O hilo e a micrópila estavam intactos,
exceto por pequenas fendas à sua volta. A micrópila apresentou um pequeno orifício ou poro. A rafe
apresentou fendas cuticulares ao longo de toda sua extensão. Observando a semente de M. leiocephala que
foi submetida ao tratamento de choque térmico, verificamos que o tamanho e o número das fendas
cuticulares ao longo de todo o tegumento foram aumentados, possibilitando até mesmo a detecção de parte
das células paliçádicas do tegumento externo da semente. Poucas fendas se abriram próximas à região da
lente, indicando que esta estrutura não se rompe em resposta aos choques térmicos, ao contrário do
observado por Morrisson et al. (1998) em leguminosas da Austrália. Na região do hilo na semente tratada
observamos abertura de uma fenda na porção mediana da estrutura e o poro micropilar teve seu diâmetro
aumentado. Fendas profundas exibindo o tegumento externo da semente foram observadas ao longo da
extensão da rafe. A semente de B. dumosa do grupo controle apresentou diversas pequenas fendas na
cutícula ao longo de todo tegumento, indicando que a testa é permeável em toda sua extensão. O hilo em
formato de “V” apresentou poucas fendas cuticulares ao longo de sua estrutura. A micrópila se apresentou
como um pequeno poro superficial delimitada por duas pequenas saliências cuticulares. Foram mais
pronunciadas as fendas no tegumento da semente de B. dumosa escarificada, provavelmente devido a uma
embebição mais rápida promovida pela escarificação, exibindo parte das células paliçádicas do tegumento
externo da semente. O hilo em formato de “V” apresentou fendas profundas em toda sua extensão, incluindo
sua região mediana. A região do poro micropilar e as saliências adjacentes a ele não apresentaram
alterações.
178
Figura 1: A: Mimosa leiocephala; B: Bauhinia dumosa; C: M. leiocephala apresentando suas estruturas
como rafe, lente, hilo e micrópila; D: B. dumosa apresentando suas estruturas como hilo, micrópila e duas
saliências; E: M. leiocephala apresentando suas estruturas com alterações e as fendas cuticulares; F: B.
dumosa apresentando o hilo e o tegumento com as fendas cuticulares.
Conclusões
Portanto, a partir das análises ultra-estruturais, pode-se afirmar que em M. leiocephala a embebição
das sementes está relacionada a fissuras no tegumento e que as altas temperaturas promovem um aumento
nesses rompimentos sem que isto esteja atrelado a estruturas especializadas (lentes). Em B. dumosa, as
sementes permeáveis também não apresentam entrada específica para a água, todo o tegumento é repleto
de fendas que permitem a embebição.
Agradecimentos
Agradecemos a LEMAV pelo espaço e recursos cedidos no laboratório, a FAPESP e o CNPq pelo
apoio financeiro na realização desse trabalho e ao Laboratório de Microscopia Eletrônica da FEIS.
Referências
BASKIN JM, BASKIN CC, LI X. Taxonomy, anatomy and evolution of physical dormancy in seeds. Plant
Species Biology. 15, 139-152. 2000.
179
BASKIN CC. Breaking physical dormancy in seeds – focussing on the lens. New Phytologist. 158, 227-238.
2003.
FENNER F, THOMPSON K. The ecology of seeds. Cambridge University Press. 2005.
HERRANZ JM, FERNANDIS P, MARTÍNEZ-SANCHEZ JJ. Influence of heat on seed germination of seven
Mediterranean Leguminosae species. Plant Ecology. 136, 95-103. 1998.
MOREIRA B, TORMO J, ESTRELLES E, PAUSAS JG. Disentangling the role of heat and smoke as
germination cues in Mediterranean Basin flora. Annals of Botany. 105, 627-635. 2010.
MORRISON DA, MCCLAY K, PORTER C, RISH S. The role of the lens in controlling heat-induced
breakdown of testa-imposed dormancy in native Australian legumes. Annals of Botany. 82, 35-40. 1998
ROLSTON MP. Water impermeable seed dormancy. The Botanical Review. 44, 365-396. 1978.
SANTANA VM, BAEZA MJ, BLANES MC. Clarifying the role of fire heat and daily temperature fluctuations
as germination cues for Mediterranean Basin obligate seeders. Annals of Botany. 111, 127-134. 2013.
SILVEIRA FAO, FERNANDES GW. Effect of light, temperature and scarification on the germination of
Mimosa foliolosa seeds. Seed Science and Technology. 34, 585-592. 2006.
180
Anatomia do baço de Maracanã (Aratinga leucophthalma, Müller,
1776).
Narah Vieira Peres(1)*, Daniela Domenicone(2), Patrícia Reis Lunardelli(3),
Lúcio de Oliveira e Souza(4), Elisângela Medeiros Melo de Lima (5), Alan Peres
Ferraz de Melo(6)
1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Graduação. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Graduação.
3UNESP-FEIS, Curso de Biologia– Graduação.
4CESP- Ilha Solteira - Veterinário
5UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Técnica, Laboratório de Anatomia
6UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Docente
Introdução
O Aratinga leucophthalma é conhecido usualmente como periquito Maracanã e pertence à família
Piscittacidae que possui muitas espécies ameaçadas de extinção.
Em Ara ararauna o baço se posiciona dorsalmente na cavidade celomática no antímero esquerdo
circundado pelo ventrículo, duodeno, cólon transverso e cólon descendente (Horoiwa et al., 2015). Além
disso, apresenta um formato arredondado com uma cápsula o envolvendo completamente como o
evidenciado em Aves domésticas (King, 1986; Dyce, 1996) e em Ara ararauna (Horoiwa et al., 2015).
O objetivo deste trabalho é identificar a anatomia do baço das Maracanãs na cavidade celomática.
Material e métodos
Foram utilizadas 5 exemplares de Aratinga leucophthalma que foram adquiridas do Centro de
Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira da Companhia Energética de São Paulo (CESP), no
município de Ilha Solteira-SP. O projeto apresenta autorizações do SISBIO nº 43621 e da Comissão de
Ética no Uso de Animais da FEIS sob nº 02/2014. Os animais que vieram a óbito foram colhidos e
181
encaminhados ao Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos da Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira. Após a colheita das carcaças, com o auxílio de um bisturi, os tecidos e a musculatura para o acesso
da cavidade celomática foram removidos a fim de se observar a anatomia do baço. Foi utilizado formol a
10% para a conservação das peças.
Resultados e discussão
No periquito Maracanã o baço ocupa o antímero esquerdo da cavidade celomática como evidenciado
em aves domésticas (King, 1986; Dyce, 1996) e em Ara ararauna (Horoiwa et al., 2015) e está próximo ao
pró-ventrículo, ventrículo e cólon descendente. Possuí um formato ovalado/ arredondado envolvido
completamente por uma cápsula como o descrito em aves domésticas (King, 1986; Dyce, 1996) e em Ara
ararauna (Horoiwa et al., 2015)
Conclusões
As características do baço do Aratinga leucophthalma se assemelham às aves domésticas e às
Araras.
Referências
KING, A. S. Coração e artérias. In: SISSON, S.; GROSSMAN, J. D. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed.
Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1986. p.1825-45.
DYCE, K. M. Anatomia das aves. In: DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia
veterinária. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koongan, 1996. p. 631-650.
HOROIWA, A. Y.; LIMA, E. M. M. L.; SOUZA, L. O.; RODRIGUES, R. F.; MELO, A. P. F. Anatomia e
topografia do baço em Ara ararauna (LINNAEUS, 1758). In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIÊNTÍFICA DA
UNESP, 17. , 2015, Ilha Solteira. Anais eletrônicos... Ilha Solteira, UNESP, 2015. Disponível em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjznuf_49DMAhVDE
pAKHer3DeIQFggdMAA&url=http%3A%2F%2Fprope.unesp.br%2Fcic%2Fadmin%2Fver_resumo.php%3Farea%3
D100085%26subarea%3D26189%26congresso%3D37%26CPF%3D23554745839&usg=AFQjCNEGEeWzPfMdHI
MM60IUZkGuu57PYA&cad=rja > . Acesso em: 15 mar. 2016.
182
Anatomia da traqueia e pulmões de Maracanã (Aratinga
leucophthalma, Müller, 1776).
Narah Vieira Peres(1)*, Sônia Sawakuchi(2), Patrícia Reis Lunardelli(2), Lúcio
de Oliveira e Souza(3), Elisângela Medeiros Melo de Lima (4), Alan Peres Ferraz de
Melo(5)
1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Graduação. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Curso de Biologia– Graduação
3CESP - Ilha Solteira –Veterinário
4UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Técnica, Laboratório de Anatomia
5UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Docente
Introdução
O Aratinga leucophthalma é conhecido usualmente como periquito Maracanã e pertence à família
Piscittacidae que possuí muitas espécies ameaçadas de extinção.
O aparelho respiratório das aves tem características peculiares entre os vertebrados, sendo estas
particularidades relacionadas ao fato de que apresentam pulmões que não se expandem ou contraem durante
o ciclo respiratório e apresentam sacos aéreos (Berchieri Junior, 2009).
A traqueia se prolonga desde a cartilagem cricóidea da laringe até a sua bifurcação. As cartilagens
traqueais se abrem dorsalmente e apresentam formas diferentes em cada espécie (Köning e Liebich, 2011).
É facilmente reconhecida e diferenciada do esôfago pela presença do arranjo linear dos anéis cartilaginosos
que evitam seu colapso devido à ação da pressão negativa gerada pela inspiração de ar (Moreng e Avens,
1990).
Os pulmões estão localizados na região torácica dorsal. Possuem uma coloração rosada, sua função
é de trocar oxigênio do ar por dióxido de carbono do sangue. Os brônquios se comunicam com os sacos
aéreos distribuídos na cavidade torácico-abdominal, em espaços não ocupados por outras vísceras (Lana,
2000).
183
O objetivo desse trabalho é identificar a anatomia da traqueia e dos pulmões das Maracanãs na
cavidade celomática.
Material e métodos
Foram utilizadas 5 exemplares de Aratinga leucophthalma que foram adquiridas do Centro de
Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira da Companhia Energética de São Paulo (CESP), no
município de Ilha Solteira-SP. O projeto apresenta autorizações do SISBIO nº 43621 e da Comissão de
Ética no Uso de Animais da FEIS sob nº 02/2014. Os animais que vieram a óbito foram colhidos e
encaminhados ao Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos da Faculdade de Engenharia de Ilha
Solteira. Após a colheita das carcaças, com o auxílio de um bisturi, os tecidos e a musculatura para o acesso
da cavidade celomática foram removidos a fim de se observar a anatomia da traqueia e do pulmão. Foi
utilizado formol a 10% para a conservação das peças.
Resultados e discussão
Os pulmões de maracanã possuem coloração rosada (Lana, 2000), se localizam na região torácica
dorsal e não se expandem ou contraem emitindo de suas extremidades para-bronquios que preenchem os
sacos aéreos como as aves domésticas (Berchieri Junior, 2009). A traqueia da Aratinga se estende desde a
cartilagem cricóidea até a bifurcação como nas demais aves (Köning e Liebich, 2011) e apresenta a estrutura
de ciringe próximo à base do coração. Como os animais em geral, a traqueia pode ser reconhecida pelo
arranjo linear dos anéis cartilaginosos (Moreng e Avens, 1990). A traqueia se divide em dois brônquios
principais que vão para os pulmões esquerdo e direito, semelhante a outras aves (Lana, 2000)
Conclusões
As características da traqueia e dos pulmões do Aratinga leucophthalma são semelhantes às aves
domésticas.
Referências
BERCHIERI JUNIOR, A.; SILVA, E. N.; DI FÁBIO, J.; SESTI, L.; ZUANAZE, M. A. F. Doença das aves.
2. ed. Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avicolas, 2009. 1104 p.
184
KÖNING, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 4. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2011. 788 p.
LANA, G. Q.; Avicultura. Campinas: Editora RuralLtda, 2000. 268 p.
MORENG, R. E.; AVENS, J. S. Ciência e produção de aves. São Paulo: Roca, 1990. 380 p.
185
Análise histoquímica das folhas de Urochloa brizantha submetidas a
dois tratamentos de queima em uma área de Cerrado
Patrícia Fernanda Rosalem(1)*, Elizabeth Gorgone-Barbosa(2), Alessandra Fidelis(2),
Aline Redondo Martins(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Estudo de Morfologia e
Anatomia Vegetal – LEMAV. e-mail: [email protected]
2UNESP- Rio Claro, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica.
3UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia. Laboratório de Estudo de Morfologia e Anatomia
Vegetal – LEMAV
Introdução
O Cerrado é um ‘hotspot’ de biodiversidade global, apresentando flora diversa com adaptações ao
fogo, tais como, caules subterrâneos espessados que rebrotam após ação de queimadas, ervas perenes,
floração e frutificação com fenologias especializadas a dinâmica do fogo (Simon et al. 2009). Sua área
original já foi muito destruída ou convertida em outros usos como as pastagens e plantações, utilizando
algumas gramíneas exóticas que se tornaram invasoras (Walter et al. 2008; Klink e Machado 2005;
Coutinho 2006). A sinergia entre o rápido crescimento e a inflamabilidade permitiu que gramíneas
competissem com árvores e arbustos (Simon et al. 2009). Uma das invasoras mais comuns é Urochloa
brizantha que modifica profundamente a fisionomia do Cerrado levando à substituição das espécies nativas,
e consequentemente perda de biodiversidade (Pivello et al. 1999).
O objetivo do presente estudo foi investigar e comparar a presença de amido e de outras substâncias
como compostos fenólicos, substâncias lipídicas e substâncias pécticas em folhas de U. brizantha,
submetidas a um tratamento com fogo comparado ao controle, utilizando testes histoquímicos.
Material e métodos
O presente estudo conta com o total de oito parcelas. Quatro parcelas de queima anual (queimadas
em julho de 2012 e 2013) e quatro parcelas controle sem queimar desde 2006. Foram coletados três
186
indivíduos de cada parcela. As amostras foram fixadas em campo em FAA 50% (Johansen 1940) e
desidratadas em série etílica. Testes histoquímicos foram realizados em material incluído em historesina.
Para detecção de amido, utilizou-se lugol (Berlyn & Miksche 1976), para detecção de substâncias lipídicas,
utilizou-se Sudan IV (Jensen 1962); para compostos fenólicos, cloreto férrico (Johansen 1940) e para
substâncias pécticas, vermelho de rutênio (Johansen 1940).
Resultados e discussão
As análises histoquímicas realizadas nas folhas de U. brizantha (Tabela 1) revelaram a presença de
amido, na bainha do feixe; lipídios na cutícula foliar, substâncias pécticas nas células buliformes e também
em todo o floema. Compostos fenólicos não foram observados nas folhas analisadas.
Apesar do tratamento empregando fogo (anual), Urochloa brizantha não demonstrou diferenças na
composição química das células de seu tecido foliar quando comparada a folhas controle (sem queima desde
2006).
Tabela1 - Resultados encontrados após análise anatômica e histoquímica da folha de Urochloa brizantha.
C. representando tratamento controle e A. o tratamento anual.
Células
Buliformes
Cutícula Floema Parênquima Bainha do
feixe
Testes
utilizados
C. A. C. A. C. A. C. A. C. A.
Cloreto
férrico
- - - - - - - - - -
Lugol - - - - - - - - + +
Sudan IV - - + + - - - - - -
Vermelho
de Rutênio
+ + - - + + - - - -
187
Conclusões
Diante dos resultados obtidos verificou-se que os testes histoquímicos auxiliam na identificação
de classes de substâncias químicas ativas no metabolismo vegetal de U. brizantha. Além de mostrar que, a
presença do fogo (tratamento anual) não parece alterar os constituintes químicos encontrados nas células
do tecido foliar vegetal.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP –
Processos nº - 2015/01380-7 e 2015/06743-0).
Referências
BERLYN, G.P. & MIKSCHE, J.P. Botanical Microtechnique and Cytochemistry. The Iowa State University
Press. 326p. 1976.
BIELESKI, R.L.& Turner, N.A. Separation and estimation of amino acids in crude plant extracts by thin-
layer electrophoresis and chromatography. Analytical Biochemistry. 17: 278-293p. 1966.
COUTINHO L.M. O conceito de cerrado. Revista Brasileira de Botânica, 17–23p. 1978.
JENSEN, W.A. Botanical histochemistry: principle and practice W. H. Freeman, 408p. 1962.
JOHANSEN, D.A. Plant microtechnique. McGraw-Hill, 523p. 1940.
KLINK, C.A. & MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, 1: 148-155p. 2005.
PIVELLO, V.R.; SHIDA, C.N; & MEIRELLES, S.T. Alien grasses in Brazilian savannas: a threat to the
biodiversity. Biodiversity and Conservation. 8: 1281–1294p. 1999.
SIMON, M.F.; GRETHER, R.; QUEIROZ, L.P.; SKEMA, C.; PENNINGTOn, R.T. & HUGHES, C.E. Recent
assembly of the Cerrado, a neotropical plant diversity hotspot, by in situ evolution of adaptations to fire. University,
106: 20359–20364p. 2009.
188
WALTER, B.M.T.; CARVALHO, A.M. & RIBEIRO, J.F. O Conceito de Savana e de seu Componente
Cerrado. In: Sano, S.M.; Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. Cerrado Ecologia e Flora. Embrapa Informações Tecnológica,
20-45p. 2008.
189
Anatomia e topografia do baço em (Amazona aestiva, Linnaeus,
1758)
Patricia Reis Lunardelli(1)*, Giuliane do Nascimento Silva(2), Narah Vieira
Peres (2), Rosangêla Felipe Rodrigues(3), Elisângela Medeiros Melo de Lima (4),
Alan Peres Ferraz de Melo(5)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas– Graduação. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia– Graduação
3UNESP-FMVEA, Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba
4UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Técnica, Laboratório de Anatomia
5UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Docente
Introdução
O Amazona aestiva é conhecido usualmente como papagaio-verdadeiro e pertence à família
Piscittacidae que possui muitas espécies ameaçadas de extinção.
O baço possui relação com o estomago e o fígado, sendo uma esfera vermelho- acastanhada com
cerca de 2 cm de diâmetro que se localiza no plano mediano ao lado do pró-ventrículo; crânioventralmente,
fica em contato com o fígado (Dyce et al., 1996). O objetivo deste trabalho foi identificar a anatomia do
baço de Amazona aestiva na cavidade celomática.
Material e métodos
Foram utilizados 5 exemplares de Amazona aestiva adquiridas no Centro de Conservação da Fauna
Silvestre de Ilha Solteira da Companhia Energética de São Paulo (CESP), no município de Ilha Solteira-
SP. Os animais que vieram a óbito foram colhidos e encaminhados ao Laboratório de Anatomia dos
Animais Domésticos da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, UNESP. Após a colheita das carcaças,
com o auxílio de um bisturi, os tecidos e a musculatura para o acesso da cavidade celomática foram
removidos a fim de se observar a anatomia do baço. O órgão foi identificado e assim como suas relações
com os outros órgãos da cavidade.
190
Resultados e discussão
No papagaio-verdadeiro o baço apresenta forma ovalada, posicionando-se no ântimero esquerdo da
cavidade celomatica quase medianamente. Quanto ao seu posicionamento: é dorsal ao pró-ventriculo, cólon
transverso, apresenta-se em sintopia com as estruturas gonadais (testiculos ou ovários), como evidenciado
em aves domésticas (King, 1986; Dyce, 1996) e em Ara ararauna (Horoiwa et al., 2015).
Conclusões
As características do baço do Amazona aestiva se assemelham às aves domésticas e às Ara ararauna.
Referências
DYCE, K. M. Anatomia das aves. In: DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia
veterinária. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koongan, 1996. p. 631-650.
HOROIWA, A. Y.; LIMA, E. M. M. L.; SOUZA, L. O.; RODRIGUES, R. F.; MELO, A. P. F. Anatomia e
topografia do baço em Ara ararauna (LINNAEUS, 1758). In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIÊNTÍFICA DA
UNESP, 17., 2015, Ilha Solteira. Anais eletrônicos... Ilha Solteira, UNESP, 2015. Disponível em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjznuf_49DMAhVDE
pAKHer3DeIQFggdMAA&url=http%3A%2F%2Fprope.unesp.br%2Fcic%2Fadmin%2Fver_resumo.php%3Farea%3
D100085%26subarea%3D26189%26congresso%3D37%26CPF%3D23554745839&usg=AFQjCNEGEeWzPfMdHI
MM60IUZkGuu57PYA&cad=rja > . Acesso em: 15 mar. 2016
KING, A. S. Coração e artérias. In: SISSON, S.; GROSSMAN, J. D. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed.
Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1986. p.1825-45.
191
Horta como atividade de terapia ocupacional
Rafael Augusto Martin (1), Aline Martins Redondo (2),
Regina Maria Monteiro de Castilho (3)
1UNESP-FEIS - Graduando em Ciências Biológicas. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS – Profª. Assistente Dra - Departamento de Biologia e Zootecnia
3 UNESP-FEIS – Profª. Assistente Dra - Departamento de Fitotecnia
Introdução
A Terapia Ocupacional é voltada “à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de
alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos,
traumáticos e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e utilização da atividade humana como
base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos” (COFFITO, 2014). OBS: não foi indicada a
página, pois a citação foi tirada de um site.
O projeto de Extensão “Jardinagem como Terapia Ocupacional na Recuperação de Pacientes do
Cerdif, que está sendo desenvolvido no Núcleo de Saúde Mental de Ilha Solteira, usa a Horta com
finalidade de Terapia Ocupacional, e visa contribuir com a recuperação de pacientes psiquiátricos e/ou com
dependência química (alcoólatra) e também desabilitados por outras razões.
Segundo Rigotti (2011), a hortiterapia, vem sendo utilizada desde o Egito Antigo, quando os
médicos prescreviam “passeios nos jardim”, e existem relatos que por volta do ano 1600, aquelas pessoas
que não podiam pagar seus tratamentos em hospitais, e o faziam trabalhando nos jardins, tinham sua
recuperação mais rápida do que outros.
Para o paciente, durante o período em que realiza as atividades de terapia ocupacional, há uma
melhora na sua (re)socialização, ou seja, há uma contribuição no seu relacionamento entre os demais
pacientes e com o terapeuta. Além disso, (re)adquire destreza manual, sensibilização motora, flexibilidade
física, memorização visual, auxiliando também nas habilidades cognitivas, na iniciação de tarefas e na
habilidade linguistica (AMERICAN HORTICULTURAL THERAPHY ASSOCIATION, 2013). Deste
modo, o objetivo do projeto é utilizar a horticultura como auxílio à terapia ocupacional.
192
Material e métodos
O projeto vem sendo realizado no Núcleo de Saúde Mental (CERDIF), situado no município de Ilha
Solteira – SP, e, em 2016, teve início em abril, sendo conduzido por bolsista do PROEX e auxiliado pela
da terapeuta ocupacional e da psicóloga lotadas no Centro, com as atividades desenvolvidas uma vez na
semana. .
Os materiais utilizados para a construção e manutenção da horta são:
- enxadas, rastelos, bandejas de poliestireno expandido (isopor) com 128 células, mangueira para
irrigação, pulverizador; adubo orgânico, substrato comercial, tela de sombreamento; sementes de hortaliças
e de plantas medicinais mais adaptadas para o local.
Primeiramente ocorreu a mobilização dos pacientes para a recuperação do ambiente telado, e na
sequência, foram confeccionados os canteiros de 0,80m X 1,80m, sendo as etapas:
- retirada de ervas daninhas (manualmente ou com auxílio de enxada);
- aplicação e incorporação de matéria orgânica (geralmente esterco de curral curtido, podendo ser
composto ou húmus de minhoca) sendo utilizado de 1 a 2 kg por m2 de canteiro, na dependência da
disponibilidade de material;
- revolvimento do canteiro e posterior elevação, deixando-o com 6 a 8 cm de altura (Figura 1)),
- irrigação do canteiro.
As etapas seguintes ao projeto, juntamente com os pacientes, serão:
- semeadura direta no canteiro de cenoura e couve,
- semeadura em bandejas de poliestireno expandido (isopor) com 128 células e preenchidas com
substrato comercial para produção de mudas de tomate-cereja e medicinais.
Quando as mudas estiverem em ponto de transplante (o que varia de espécie para espécie) serão
transplantadas pelos pacientes, nos canteiros de acordo com espaçamentos recomendados para cada espécie.
193
Figura 1: Canteiros confeccionados no Núcleo de Saúde Mental de Ilha Solteira. Ilha Solteira (2016).
Resultados e discussão
Para alcançar os resultados propostos, o projeto vem sendo realizado com um grupo de pacientes,
sempre com o auxílio do bolsista (discente em Ciências Biológicas, no caso), e por profissionais (psicóloga
e terapeuta ocupacional da instituição), que se responsabilizam em auxiliar os pacientes nas tarefas a serem
realizadas, dentro das limitações e de acordo com as necessidades dos mesmos.
Todas as tarefas realizadas na instituição, não tem fins para com o sistema de produção e sim como
forma terapêutica, e sem o uso de produtos químicos para prevenção de todos.
Conclusão
Apesar do recente início da atividade relativa ao projeto, ainda não concluído, já nota-se
engajamento da equipe técnica do CERDIF no auxílio do bolsista, tanto no discernimento das tarefas,
quanto na mobilização dos pacientes, que têm mostrado interesse, o que pode contribuir muito com a
recuperação dos mesmos.
Referências
AMERICAN HORTICULTURAL THERAPY ASSOCIATION. Horticultural Therapy. Disponível em:
<http://ahta.org/horticultural-therapy>. Acesso em: 25 jul. 2013.
COFFITO. Disponível em < http://www.coffito.org.br/conteudo/con_view.asp?secao=46>. Acesso em: jan.
2014.
194
RIGOTTI, M. Os benefícios à saúde através da Horticultura terapia. Disponível em:
<http://www.artigonal.com/medicina-alternativa-artigos/os-beneficios-a-saude-atraves-da-horticultura-terapia-
4555288.html>. Acesso em: 25 jul. 2013.
WILBA SAÚDE MENTAL. Disponível em: <https://sites.google.com/site/wilbasaudementalcombr/
httpsitesgooglecomsitewilbasaudementalcombr/plano-terapeutico-em-saude-mental>. Acesso em: jan. 2014.
195
Utilização do forno de micro-ondas na determinação da matéria
seca de carne ovina
Richard Roberto Lobo(1)*, Guilherme Ribeiro(2), Luan Silva Silveira(2), Diego
Marostica Lino(3), Elis Regina Amaral dos Santos(4), Rafael Silvio Bonilha
Pinheiro(5)
1UNESP-FEIS, Aluno do Curso de Zootecnia, Bolsista de Iniciação Cientifica pela FAPESP, Laboratório
de Tecnologia de Produtos de Origem Animal. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Aluno do Curso de Zootecnia, Bolsista de Iniciação Cientifica pela Reitoria Unesp/CNPq,
Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal
3UNESP-FEIS, Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal
4UNESP-FEIS, Zootecnista, Laboratório de Tecnologia de Produtos de Origem Animal
5UNESP-FEIS, Professor do Departamento de Biologia e Zootecnia
Introdução
Existem diferentes formas de realizar a pré-secagem de matérias com alto teor de umidade, sendo a
utilização de estufa com circulação forçada de ar (Silva e Queiroz, 2005) o método tradicional e mais
empregado. Entretanto outros métodos pré-secagem também podem ser utilizados, sendo considerados
como muito eficientes, como a secagem por micro-ondas, um equipamento que passou a fazer parte da
maioria dos lares nas duas últimas décadas (Watkins, 1983).
Na pré-secagem por micro-ondas, o principal mecanismo de aquecimento envolvido é a rotação das
moléculas polares, também chamado de aquecimento por rotação dipolar. Neste processo, a orientação
randômica de moléculas polares é desfeita com a incidência do campo elétrico. Quando este campo elétrico
diminui, as moléculas retomam a orientação original, mas logo são perturbadas novamente em sentido
contrário ao anterior com a incidência do campo elétrico de polaridade inversa. Esta alternância da
polaridade do campo elétrico leva ao alinhamento e desalinhamento de dipolos milhões de vezes por
segundo. Com isso, a energia do campo elétrico é convertida em energia potencial e posteriormente em
196
energia térmica no material (Rosa, 2010).
Diante deste contexto, objetivou-se com o presente estudo avaliar a eficiência do método de pré-
secagem de carne ovina empregando o forno de micro-ondas.
Material e métodos
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Tecnologia dos Produtos de Origem Animal da
Faculdade de Engenharia. Foram utilizados 10 músculos Longissimus dorsi de cordeiros, triturados em
moedor de carne e depois misturados manualmente para formar uma massa homogênea.
Foram avaliados três procedimentos para obtenção das amostras pré-secas de carne ovina: pré-
secagem em estufa com circulação forçada de ar (AOAC, 1995) e pré-secagem em forno de micro-ondas
com 700W e 800 W de potência.
Após a realização da pré-secagem (tanto em estufa como em forno micro-ondas), foram realizadas
a secagem definitiva em estufa com temperatura de 105oC, seguindo as recomendações da AOAC (1995).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamentos e três repetições por
tratamento. A análise de variância foi conduzida segundo procedimentos do programa estatístico Statistical
Analysis System (SAS, 2002), considerando-se o nível de significância de 5%.
Resultados e discussão
Na Tabela 1 estão os resultados da primeira matéria seca, segunda matéria seca e matéria seca
original obtidos em diferentes procedimentos de pré-secagem. Os valores de matéria seca original deste
trabalho pelo método do micro-ondas corroboram com o estudo de Maia et al. (2012), pois estes avaliaram
o músculo Longissimus dorsi de borregas ½Santa Inês x ½Dorper, mantidas em sistema de confinamento
e abatidas com aproximadamente 41 kg aos 154 dias e apresentaram 26,50% de matéria seca original.
No trabalho realizado por Zeola et al. (2011), com cordeiros da raça Ile de France criados em
sistemas orgânicos e convencional, e abatidos aos 32 kg, os valores de matéria seca original do músculo
Longissimus dorsi foram inferiores aos obtidos neste trabalho (Tabela 1), apresentando matéria seca de
22,56% e 22,59%, respectivamente.
197
Tabela 1 - Médias obtidas na realização da primeira matéria seca (1ºMS), segunda matéria seca (2ºMS)
e matéria seca original (MSO) de amostras de Longissimus dorsi de cordeiros submetida a diferentes
métodos de pré-secagem.
Método de pré-secagem
Média
1ª MS 2ª MS MSO
------------------------ % ------------------------
Forno micro-ondas (700W) 27,51 ± a 95,34 ± b 26,23 ± a
Forno micro-ondas (800W) 27,03 ± a 96,68 ± a 26,13 ± a
Estufa 27,24 ± a 89,29 ± c 24,31 ± b
Valor de F 0,1033 0,0001 0,0001
CV (%) 0,83 0,20 0,77
DMS* 0,57 0,47 0,49
Médias seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si (P<0,05) pelo teste Tukey. *DMS: Diferença mínima significativa.
CV = coeficiente de variação.
Conclusões
O procedimento pré-secagem em forno micro-ondas é bastante eficiente, pois proporciona rapidez
e agilidade na obtenção dos valores de primeira matéria seca de amostras de carne ovina. Porém é necessário
a realização de mais estudos com este objetivo para verificar se pode ser implantado este método de pré-
secagem de alimentos em rotinas laboratoriais.
Referências
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official methods of the Association
of Official Analytical Chemists. 16. ed. Washington, 1995. 684p.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos: Métodos químicos e biológicos. 3 ed. Viçosa, MG:
Editora UFV, 2005. 235p.
WATKINS, K. W. Heating in microwave ovens: An example of dipole moments in action. Journal of
Chemical Education. v. 60, n.12, p. 1043, 1983.
198
ROSA, J. G. Secagem de cenoura (Daucus carota L.) em micro-ondas. 2010. 78 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Química) – Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos,
2010.
SAS/STAT® Versão 9.0 do sistema SAS para Windows, copyright 2002 SAS Institute Inc., Cary, NC, USA,
2002.
MAIA, M. O. et al. Efeito do genótipo sobre a composição química e o perfil de ácidos graxos da carne de
borregas. Revista Brasileira de Zootecnia. v.41, n.4, p.986-992, 2012
ZEOLA, N. M. B. L.; SILVA SOBRINHO, A. G.; MANZI, G. M. Composição regional e centesimal da
carcaça de cordeiros criados nos sistemas de produção orgânico e convencional. Revista Brasileira de Zootecnia, v.
40, n. 12, p. 2963-2970, 2011.
199
Anatomia das valvas atrioventriculares em corações de
tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla (Linnaeus, 1758)
Sonia Yoko Sawakuchi(1)*, Narah Vieira Peres (2), Patrícia Reis Lunardelli(3),
Juliana Lehn Linardi(4), Elisângela Medeiros Melo de Lima (5), Alan Peres Ferraz
de Melo(6)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciência Biológicas – Graduação, Laboratório de Anatomia -e-mail:
2UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia–Graduação.
3UNESP-FEIS, Curso de Biologia– Graduação.
4CENTRO DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE- Ilha Solteira -Veterinária
5UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Técnica, Laboratório de Anatomia.
6UNESP-FEIS, Departamento de Biologia e Zootecnia– Docente
Introdução
O Brasil é o primeiro país em diversidade biológica do mundo, acolhendo acerca de 14% da biota
mundial (Lewinsohn e Prado, 2002). No entanto, à medida que a humanidade aumenta sua capacidade de
intervir na natureza para satisfação de nescessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos com
outras espécies quanto ao uso do espaço e dos recursos.
O coração é um dos principais órgãos dos seres vivos, pois, é de vital importância para manutenção
do organismo animal, atuando como um mantedor do organismo e de seu equilíbrio hemostático.
(Atkins e Wright,1965), tendo como base os canídeos, afirmaram que qualquer anomalia no conjunto
de valvas atrioventriculares produz resultados consideráveis, chegando ao fator morte, devido a alterações
hemodinâmicas e complicações cardíacas.
Este trabalho tem por objetivo descrever a anatomia das valvas atrioventriculres direita e esquerda
e de sua fixação na musculatura cardíaca.
Material e métodos
200
Para a realização do presente trabalho foram utilizados cinco corações de cadáveres de
Myrmecophaga tridactyla, de ambos os sexos, jovens e adultos. Esses animais vieram a óbito no Centro de
Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira da Companhia Energética de São Paulo (CESP), no
município de Ilha Solteira-SP. O projeto apresenta autorizações do SISBIO nº 43621 e da Comissão de
Ética no Uso de Animais da FEIS sob nº 02/2014 Eles foram devidamente pesados e documentados para
futuras pesquisas. No laboratório, foram congelados a -10°C. Posteriormente foram descongelados para a
abertura da cavidade torácica, por incisão com bisturi na pele e musculatura, e retirada do externo através
de ruptura das articulações costocondrais. Retirou-se o coração da cavidade torácica para à descrição da
morfologia interna, lavado em água corrente, dissecado e fixado em solução aquosa de formaldeído a 10%.
Por fim, foi descrito as cavidades cardíacas e seu comportamento, para tanto, o coração foi seccionado em
plano mediano, no sentido ápice-base, para que as cavidades ventriculares e atriais fossem expostas. As
estruturas foram identificadas por meio de esquemas e documentação fotográfica.
Resultados e discussão
A valva atrioventrcular apresenta-se composta das cuspis angularis, cuspis parietalis e cuspis
septalis como descrevem (Ghoshal, 1981) e (Ergodan et al. 2013). Todas as cuspis fixam-se aos musculus
papillaris por meio das chordae tendineae em números variados, como afirmam (Ghoshal,1981), (Ergodan
et al. 2013) e (Dyce et al. 2010)
Conclusões
As características valvulares e de fixação assemelham-se a de outros mamíferos, como os ruminantes
devido as características cardíacas apresentares similaridades.
Referências
ATKINS, C.E; WRIGHT, K.N. In: BONAGURA, J.D; KIRK, R. W. Current Veterinary Therapy. 7. Ed.
Philadelphia: Philadelphia W.B. v. 7, p. 870, 1965.
DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010. p. 139-140.
201
ERGODAN, S. E.; LIMA, M.; PÉREZ, W. Inner ventricular structures and valves of the heart in white
rhinoceros (Ceratotherium simum). Anat Sci Int; v. 89, p. 46–52, 2014.
GOSHAL, M. G. Coração e Artérias do Equino. In: GETTY, R.; Sisson/Grossman Anatomia dos animais
domésticos. 5. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, v. 1, p. 519-525, 1981.
LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Biodiversidade brasileira. Síntese do estado atual de conhecimento.
Ministério do Meio Ambiente, Conservation International do Brasil. São Paulo: Contexto, 2002.
202
Esforço reprodutivo de Leptodactylus chaquansis, da Foz do rio
Aguapeí, Castilho – SP, Brasil
Taiene Maiara Santos (1)*, Ottilie Carolina Forster (2), Luciano Alves dos
Anjos(3)
1UNESP-IBB, Curso de Pós – graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ecologia do
Parasitismo – LECOP. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado Laboratório de Ecologia do Parasitismo –
LECOP. e-mail: [email protected]
3UNESP-FEIS, Depto. de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo – LECOP. e-mail:
Introdução
De acordo com Ávila & Ferreira (2004), a fase reprodutiva em anfíbios anuros geralmente está
ligada a fatores ambientais (chuva, temperatura, umidade do ar e hábitats com corpos de água). Além das
características ambientais, as proles destes animais também dependem das características fisiológicas,
morfológicas e de comportamento de cada espécie (Dullman e Trueb, 1994).
Leptodactylus chaquensis pode ser encontrado desde o Centro-Oeste do Brasil até o Norte da
Argentina, Leste da Bolívia, Paraguai e Norte do Uruguai. São terrestres e principalmente noturnos. Os
machos vocalizam principalmente nas margens de corpos d’agua permanentes ou temporários. As fêmeas
depositam, em média, 4900 ovos em ninhos de espumas nas margens de lagoas temporárias, poças de chuva
ou áreas inundadas água (Uetanabaro et al., 2008).
O objetivo deste estudo foi estudar o esforço reprodutivo em L. chaquensis que foi desenvolvido na
região da foz do rio Aguapeí, tributário importante do Rio Paraná, onde está localizada na RPPN (Reserva
Particular do Patrimônio Natural – Foz do Aguapeí) caracterizada por fauna e flora adaptada a ciclos de
cheia e seca.
Material e métodos
Os anfíbios foram coletados na RPPN Foz do Rio Aguapeí, localizada na província do Planalto
203
Ocidental, Bacia do Paraná nas áreas da Sub-bacia Bauru. A RPPN abrange os municípios de Castilho (SP),
São João do Pau d´Alho (SP) e Paulicéia (SP) sendo banhada pelo rio Aguapeí, um afluente do rio Paraná.
Os anfíbios foram capturados por armadilhas de queda (AIQ) e método de procura visual diurna e
noturna desde as estações de seca e chuva de 2012 a 2014. Foram amostrados 25 indivíduos (sendo 15
machos e 10 fêmeas). Indivíduos adultos foram coletados foram eutanasiados com solução anestésica de
tiopental sódico. O comprimento rostro-cloacal (CRC) dos indivíduos adultos foi medido com paquímetro
de precisão 0,1 mm. Utilizou-se uma balança digital de precisão 0,001 g, para a pesagem das gônadas
maduras das fêmeas e machos (retiradas através de uma incisão ventro-lateral). O esforço reprodutivo das
fêmeas e machos foi medido como a porcentagem da massa dos ovários ou testículos maduros em relação
à massa bruta corporal.
Resultados e discussão
O valor médio da massa das gônadas e do esforço reprodutivo variou entre os sexos (Tab.1). Houve
um esforço reprodutivo maior por parte das fêmeas. Segundo Prado et al. (2000), L. chaquensis é uma
espécie explosiva, devido a isso, podem não ter chance de desovar diversas vezes e assim o esforço
reprodutivo acaba sendo alto e concentrado em apenas um pequeno período de tempo (Prado e Haddad,
2005).
Tabela 1 - Massa gonadal total (soma das gônadas esquerda e direita) e esforço reprodutivo (E.R.= massa
da gônada/ massa corporal), de machos e fêmeas de L. chaquensis. Abreviações: n, número da amostra;
DP, desvio padrão.
Leptodactylus chaquensis
n
Massa da Gônada (g) E.R.
Média ± DP Média ± DP
Machos 15 1,33 ± 1,29 2,78 ± 2,21
Fêmeas 10 8,56 ± 4,80 23,59 ± 11,81
Conclusão
Diante dos resultados apresentados, o presente estudo mostra que as fêmeas de L. chaquensis da
RPPN Foz do rio Aguapeí, investem mais em gônadas, devido ao seu comportamento reprodutivo.
204
Agradecimentos
Agradecemos ao Professor Dr. Reinaldo José da Silva e aos seu orientados (que fazem parte dos
integrantes do Laboratório de Parasitologia de Animais Silvestres - LAPAS, do Departamento de
Parasitologia do Instituto de Biociências, Unesp-Botucatu) por nos dar suporte e a oportunidade de trabalhar
em equipe.
Referências
ÁVILA, R.W.; FERREIRA, V.L. Riqueza e densidade de vocalizações de anuros (Amphibia) em uma área
urbano de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 21 (4): 887–892, 2004.
DUELLMAN, W.; L. TRUEB. Biology of Amphibians. Baltimore and London. The Johns Hopkins University
Press. 670 pp. 1994.
UETANABARO, M.; PRADO, C.; RODRIGUES, D.; GORDO, M.; CAMPOS, Z. Guia de Campo dos
Anuros do Pantanal e Planalto de Entorno, Ed: UFMS, Campo Grande, e UFMT, Cuiabá, 196 p. 2008.
PRADO, C. P. A., UETANABARO, M. E LOPES, F. S. Reproductive strategies of Leptodactylus
chaquensis and L. podicipinus in the Pantanal, Brazil. Journal of Herpetology 34:135 – 139, 2000.
PRADO, C. P. A. E HADDAD, C. F. B. Size-fecundity relationships and reproductive investment in female
frogs in the Pantanal, south-western Brazil. Herpetological Journal 15:181 – 189. 2005.
205
Proposta de folder informativo para plantio em vasos
Talita de Oliveira São José(1), Regina Maria Monteiro de Castilho (2)
1UNESP-FEIS - Graduanda em Engenharia Agronômica. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS - Profª. Assistente Drª - Departamento de Fitotecnia.
Introdução
A montagem de um vaso exige técnica, levando em conta o vaso e o substrato adequado para cada
planta, além da drenagem e posterior manutenção. Devido as questões que ocorrem no Projeto de Extensão
“Ruas Verdes - Inserção do Verde Urbano na Realidade de Ilha”, e ao estudado por São José e Castilho
(2015), o objetivo é propor a confecção de um folder informativo para como plantar em vasos.
Material e métodos
O folder foi desenvolvido dentro da proposta do Projeto de Extensão “Ruas Verdes”, que visa
atender a população quanto as dúvidas relacionadas a plantas ornamentais, assim como aquelas relacionadas
a montagem de vasos. A realização desse material foi apoiada em bibliografia especializada, assim como
nas dúvidas da população.
Resultados e discussão
A montagem de vasos, quando realizada de maneira adequada, resulta em um bom desenvolvimento
da planta. Portanto, é de suma importância realizar cada procedimento corretamente, desde o início, de
modo que a planta cresça de maneira saudável. É de total importância também salientar que cada espécie
tem sua especificidade, ou seja, cada espécie apresenta sua exigência, descritas no folder.
206
A montagem do folder pode instruir a população da importância de se fazer a montagem adequada
de vasos e sua manutenção, bem como a influência que isso pode causar na ornamentação de cada local.
Além de causar impactos positivos na decoração, pode também tornar o local mais atrativo e,
possivelmente, aumentar a frequência das pessoas nesses locais. Também podem influenciar na purificação
e aromatização de ambientes, além de aumentar a expectativa de vida, já que o verde urbano propicia um
207
ambiente saudável.
Logo, o cultivo de plantas ornamentais no espaço urbano ou residencial podem influenciar no bem
estar da população em geral.
Referências
SÃO JOSÉ, T. O.; CASTILHO, R. M. M. Uso de plantas ornamentais em vasos, em pontos comerciais de
Ilha Solteira - SP. Disponível em: http://prope.unesp.br/cic_isbn/fase_1.php?mn=3. Acesso em 17 maio 2016.
208
Diferentes doses de carbonato de cálcio, via líquida, em mudas de
Ormosia arborea.
Talita de Oliveira São José(1), Regina Maria Monteiro de Castilho (2),
Maximiliano Kawahata Pagliarini(3), Camila Carmona de Moraes Ribeiro (4)
1UNESP-FEIS - Graduanda em Engenharia Agronômica. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS - Profª. Assistente Drª. Departamento de Fitotecnia 1,4Doutorando.
3UNESP-FEIS – Dourando em Sistemas de Produção – Agronomia.
4UNESP-FEIS - Graduanda em Engenharia Agronômica
Introdução
O uso de corretivos e fertilizantes é, segundo Silva et al (2007), uma prática fundamental no processo
de formação de mudas, não só para a redução da acidez do solo, mas também como fonte de nutrientes
indispensáveis ao crescimento inicial das plantas. O cálcio (Ca) é um nutriente importante (atua na estrutura
e composição da parede celular) sendo o segundo mais absorvido pela maioria das espécies florestais
(Barros et al., 1990), e somente uma pequena parte do total que está na solução do solo encontra-se
disponível (BLANKENAU, 2007). O objetivo do experimento foi avaliar o efeito do carbonato de cálcio
(CaCO3), via líquida, em mudas de Ormosia arborea (árvore nativa, popularmente conhecida como olho-
de- cabra).
Material e métodos
O experimento foi realizado na UNESP, Campus de Ilha Solteira, em casa de vegetação (PAD
&FAN), no período de 8 de agosto à 12 de setembro de 2015. As mudas utilizadas foram produzidas via
sementes (colhidas em Três Lagoas –MS, em 2013), e transplantadas no dia 8 de agosto de 2015 (com 50
dias) para vasos de plástico de 1,3L, que foram preenchidos como mistura de solo e areia (1:1) e NPK 10-
10-10 (10g/L). Nos dias 8 e 29 de agosto de setembro realizou-se a aplicação, no substrato, de carbonato
de cálcio (Forth Equilíbrio – Ca 22,5%, 37,5 g/L), dissolvido em 10mL/1L de água, conforme recomendado
pelo fabricante. Os tratamentos foram: ST=testemunha; C10= 10 mL da solução; C20= 20 mL da solução.
209
Nos dias 8 e 29 de agosto e 12 de setembro foi avaliado o índice de conteúdo de clorofila - ICC (com
auxílio do clorofilômetro digital) em duas folhas expandidas/planta; a avaliação de diâmetro (com o
paquímetro digital) e da altura (com régua milimetrada) do caule também foi realizada no dia 12 de
setembro. O delineamento experimental foi inteiramente casualidado, com 3 tratamentos, sendo 7 vasos
por tratamento. A análise do dados foi mediante regressão.
Resultados e discussão
No Gráfico 1A, relativo à altura do caule, a tendência foi quadrática, sendo os melhores resultados
com a aplicação de 10mL da solução. Em Eucalyptus grandis, a aplicação de Ca na forma de carbonato de
cálcio (Ca CO3 (56% de CaO) reduziu o crescimento em altura (VALERI, 1985), diferentemente observado
no Grafico 1A. Para o diâmetro do caule, observa-se, no Gráfico 1B, tendência linear, sendo que a dose de
20mL da solução mostrou-se mais efetivo. Em trabalho realizado com mudas de mogno, Silva et al. (2007)
observaram que a calagem afetou positivamente o diâmetro do caule, a semelhança deste trabalho. Para
teor de clorofila das folhas (Gráfico 1C), a tendência quadrática aponta que a ausência de aplicação tanto
quanto a dose de 20mL da solução apresentaram os maiores valores. Estudando plantas jovens de mogno e
pau-rosa, cultivadas em ambientes sombreados e em substrato não definido, Salla et al. (2007) encontraram
valor médio de ICC de 37,5, sendo superior ao observado no Gráfico1C.
210
Gráfico 1. Valores médios da altura da muda (cm), diâmetro (mm) e clorofila da folha (ICC) em função
das doses de carbonato de cálcio (CaCO3). Ilha Solteira, 2015.
Conclusões
Houve efeito benéfico para diâmetro de caule e para teor de clorofila da folha, quando o uso de 20
mL da solução de carbonato de cálcio (Forth Equilíbrio).
Referências
BARROS, N.F.; NOVAIS, R.F.: NEVES, J.C.L. Fertilidade e correção do solo para o plantio de
eucalipto. In: BARROS, N.F.;NOVAIS, R.F., eds. Relação solo Eucalipto. UFV:Viçosa, 1990.
BLANKENAU, K. Cálcio nos solos e nas plantas. Informações Agronômicas, Piracicaba, n. 117,
2007.
SALLA, L. et al. Teores de clorofila em árvores tropicais determinados com o SPAD-502. Revista
Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, 2007.
211
SILVA, A. R. M. et al. Doses crescentes de corretivo na formação de mudas de mogno (Swietenia
macrophylla King). Acta Amaz., Manaus; vol.37, no.2, 2007.
VALERI, S. V. et al. Efeito do fósforo e cálcio no desenvolvimento e na composição química foliar
de eucalyptus grandis Hill ex Maiden em casa de vegetação. IPEF, São Paulo; n.29, 1985.
212
Extratos vegetais com potencial de uso no controle do ácaro rajado
Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae)
Tamara Jarosi Handajevsky(1)*, Marineide Rosa Vieira(2), Bianca Luany Inhã
de Godoy(3), Mariana Yamada(4)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Acarologia, e-mail:
2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Laboratório de
Acarologia
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Acarologia
4UNESP-FEIS, Curso de Agronomia, Laboratório de Acarologia
Introdução
O ácaro rajado, Tetranychus urticae Koch, é uma espécie polífaga, com grande importância
econômica para o Brasil, infestando culturas como as do algodão, feijão, morango, mamão, tomate, videira
e ornamentais (MORAES; FLECHTMANN, 2008).
No controle de T. urticae, a principal opção é o uso de acaricidas sintéticos, alternativa nem sempre
eficiente, devido à facilidade da espécie no desenvolvimento de populações resistentes (NICASTRO et al.
2013) e à falta de seletividade desses produtos aos ácaros predadores (YAMAMOTO; BASSANEZZI,
2003). Além disso, o uso inadequado pode resultar na contaminação do ambiente e na ocorrência de
intoxicações a agricultores e consumidores. Na busca de uma agricultura sustentável, o uso de produtos
naturais tem sido amplamente estudado, com relatos de aumento na mortalidade, queda na fecundação e
distúrbios no desenvolvimento de ácaros fitófagos, devido a esta nova prática. (VIEIRA et al., 2006;
DABROWSKI; SEREDYNSKA, 2007; VERONEZ et al., 2012; ATTIA et al., 2013).
Com relação ao orégano (Origanum vulgare L.), extrato hidroetanólico pode proporcionar
mortalidade de fêmeas de T. urticae superior a 80%, 120 horas após a pulverização (GOMES, 2011).
Determinar a curva concentração x mortalidade do extrato hidroetanólico de orégano para fêmeas
do ácaro rajado.
213
Material e métodos
O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Acarologia do Departamento de Fitossanidade,
Engenharia Rural e Solos, da UNESP, câmpus de Ilha Solteira.
A criação de T. urticae foi desenvolvida em laboratório, com ácaros mantidos em placas de petri,
contendo uma camada de algodão umedecido com água e sobre ela discos de folhas de feijão-de-porco.
O material vegetal utilizado foi obtido no comércio local de Ilha Solteira e o extrato foi preparado
com 50g de orégano e 200g de uma solução de etanol a 70%, sendo a mistura submetida à extração em
liquidificador por oito minutos. Após duas horas de repouso, a mistura foi submetida à filtragem. Essa
proporção resultou no extrato a 20% p/v (material seco de orégano em água). A partir desse extrato foram
realizadas diluições com etanol 70% para obtenção das demais concentrações.
Foram avaliadas cinco concentrações do extrato hidroetanólico de orégano, 0, 5%, 10%, 15% e
20% p/v e um acaricida padrão (abamectina 18 CE) como testemunha química.
A parcela experimental foi constituída de uma placa de petri de 9 cm de diâmetro contendo uma
camada de algodão umedecido com água deionizada e sobre ela, um disco de folha de feijão-de-porco,
sendo que cada disco recebeu cinco fêmeas de T. urticae (GOMES, 2011). Em cada tratamento foram
utilizadas dez placas, seguindo um delineamento inteiramente casualizado, totalizando seis tratamentos
com dez repetições.
Os tratamentos foram pulverizados em torre de Potter, com pressão de 17 libras/pol2 e um volume
de 4 ml por aplicação. As avaliações foram realizadas após 24, 48, 72, 96 e 120 horas, anotando-se o número
de fêmeas mortas.
Os dados de porcentagens de mortalidade e concentrações do extrato foram submetidos à análise de
regressão linear simples. A mortalidade corrigida foi calculada pela fórmula de Schneider-Orelli
(NAKANO et al., 1981):
Onde: MC = mortalidade corrigida; C = controle; T = tratamento.
Resultados e discussão
214
Extrato hidroetanólico de orégano a 20% p/v proporcionou mortalidade de 78%, 120 horas após a
pulverização (Figura 1). O valor de F (regressão) é significativo (p = 0,0064), rejeitando-se a hipótese de
nulidade e aceitando-se a alternativa de que a mortalidade acresce à medida que aumenta a concentração
do extrato. Constata-se, pelo coeficiente de determinação (R2), que 93,28% da variável dependente (%
mortalidade) são explicados pela variável preditiva (doses do extrato). A mortalidade corrigida desse
tratamento foi de 76,6%.
Figura 1. Regressão entre as concentrações do extrato hidroetanólico de Origanum vulgare e as
porcentagens de mortalidade de fêmeas de Tetranychus urticae, 120 horas após a pulverização. Ilha
Solteira, 2016.
Conclusões
Extrato hidroetanólico de O. vulgare a 20% p/v, em pulverização sobre fêmeas de T. urticae,
proporciona mortalidade de 76,6% 120 horas após a pulverização.
Referências
ATTIA, S.; GRISSA, K.L.; LOGNAY, G.; BITUME, E.; HANCE, T.; MAILLEUX, A.C.; A review of the
major biological approaches to control the worldwide pest Tetranychus urticae (Acari: Tetranychidae)with special
reference to natural pesticides. Journal of Pest Science, v. 86, n. 3, p. 361–386, 2013.
DABROWSKI, Z.T.; SEREDYNSKA, U. Characterisation of the two-spotted spider mite (Tetranychus urticae
Koch, Acari: Tetranychidae) response to aqueous extracts from selected plant species. Journal of Plant Protecion
Research, v. 47, n. 2, p. 113-124, 2007.
6
34
60 68
78
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 5 10 15 20 25
% M
orta
lidad
e
Concentração do extrato
Y = 13,6 + 3,56x
R2 = 0,9328;
F= 41,6165; p= 0,0064
215
GOMES, V. T. Extratos vegetais e produtos naturais com potencial de uso no controle de Tetranichus
urticae Koch (Acari: Tetranychidae) na cultura da videira. Dissertação (Mestrado em Agronomia – Sistemas de
Produção). 2011. 76f. Universidade Estadual Paulista-UNESP, Ilha Solteira-SP, 2011.
MORAES, G.J.; FLECHTMANN, C.H.W. Manual de acarologia. Acarologia básica e ácaros de plantas
cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos, 2008. 288p.
NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; ZUCCHI, R. A. Entomologia econômica. São Paulo: Ceres, 1981.
314p.
NICASTRO, R.L.; SATO, M.E.; ARTHUR, V.; SILVA, M.Z. Chlorfenapyr resistance in the spider mite
Tetranychus urticae: stability, cross-resistance and monitoring of resistance. Phytoparasitica, v. 41, n. 5, p. 503–513,
2013.
VERONEZ, B.; SATO, M.E.; NICASTRO, R.L. Toxicidade de compostos sintéticos e naturais sobre
Tetranychus urticae e o predador Phytoseiulus macropilis. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 47, n. 4, p. 511-518,
2012.
VIEIRA, M. R. et al. Efeito acaricida de extratos vegetais sobre fêmeas de Tetranychus urticae Koch
(Acari: Tetranychidae). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 8, n. 4, p. 210-217, 2006.
YAMAMOTO, P.T.; BASSANEZI, R.B. Seletividade de produtos fitossanitários aos inimigos naturais de
pragas dos citros. Laranja, Cordeirópolis, v. 24, n. 2, p. 353-382, 2003.
216
Gestão ambiental local e Órgãos Municipais de Meio Ambiente:
estudo de caso do município de Ilha Solteira, SP
Thaís Pigozzi Codo Amaral(1)*, Denise Gallo Pizella (2)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. E-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Docente do Curso de Ciências Biológicas. E-mail: [email protected]
Introdução
Tendo em vista a descentralização da política ambiental brasileira para tratamento das questões
ambientais no município, é fundamental dispor de um órgão para uma boa gestão dos recursos naturais e
para implementar as políticas ambientais, já que cada município possui suas particularidades, e os
problemas, na maioria das vezes, ocorrem em âmbito local e estão diretamente ligados ao cotidiano da
população (Ávila e Malheiros, 2012). Entretanto, como situam Scardua e Bursztyn (2003), o grande entrave
dos municípios na gestão ambiental é a falta de capacidade técnica dos administradores, instituições
despreparadas para assumir as atribuições ambientais, carência de recursos financeiros, de infra-estrutura e
dificuldades para implementar os instrumentos de gestão ambiental presentes na Política Nacional de Meio
Ambiente. Dessa forma, este trabalho se objetiva a analisar as capacidades e dificuldades enfrentadas pelo
município de Ilha Solteira – SP, para o desempenho da gestão ambiental local, enfatizando a estruturação
e as atribuições do Órgão ambiental.
Material e métodos
Foi realizada uma pesquisa documental referente ao desenvolvimento institucional ambiental do
município de Ilha Solteira, SP, compreendendo o estabelecimento e estruturação do órgão setorial destinado
ao meio ambiente e a evolução de suas competências, por meio do sítio eletrônico da Prefeitura Municipal
e informações adquiridas junto à sua sede física. Posteriormente, foi realizada uma entrevista de caráter
anônimo, por meio de questionário semi-estruturado a um gestor municipal que tenha atuado total ou
parcialmente no período de análise, a respeito da gestão ambiental municipal, com o intuito de solucionar
possíveis lacunas de informações identificadas nos documentos obtidos.
217
Resultados e discussão
A Lei Orgânica do Município de Ilha Solteira, criada em 1993, dispõe de um capítulo destinado ao
Meio Ambiente, onde já era prevista a criação de um sistema de gestão ambiental no município com a
instituição de órgãos mais adequados à gestão, como um Órgão Executivo e um Conselho Municipal de
Meio Ambiente (Câmara Municipal de Ilha Solteira, 1993). No entanto, tal Órgão foi estruturado no
município apenas em 2002, onde atuou junto à Secretaria Municipal de Saneamento Básico e Meio
Ambiente, e por meio de reorganização administrativa do município em 2005, passou a fazer parte do
Departamento de Agronegócio, Pesca e Meio Ambiente. Já em 2013, a partir de uma nova organização da
estrutura administrativa, o Órgão Municipal de Meio Ambiente, qual seja, o Departamento de Agronegócio,
Meio Ambiente e Pesca, passou a fazer parte da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico,
onde se encontra estruturado desde então (Prefeitura Municipal da Estância Turística de Ilha Solteira, 2005;
2013).
Segundo informações verbais, o corpo técnico do Departamento é composto por um Diretor, cujo
cargo é o único comissionado, e sete servidores concursados, sendo um engenheiro agrônomo, um
engenheiro ambiental (ainda não contratado por questões orçamentárias), um médico veterinário e quatro
técnicos agropecuários. Neste sentido, verifica-se a predominância do setor agropecuário no órgão
ambiental, levantando a questão da importância dada à variável ambiental no Departamento, a qual
necessita de uma maior multidisciplinaridade para uma adequada atuação, visto que a questão ambiental é
transversal a todas as áreas de conhecimento.
Em relação às atribuições do Departamento de Agronegócio, Meio Ambiente e Pesca, não há um
Regimento Interno para tal, o que dificulta tanto para os funcionários atuantes no órgão quanto para os
munícipes, a discriminação das ações municipais em matéria ambiental, restando recorrer ao Código de
Posturas, à Lei Orgânica Municipal e ao Plano Diretor Municipal. Devido às dificuldades em se encontrar
tais informações, foi necessário perguntar ao gestor municipal quais seriam as atribuições do órgão
municipal, o qual manifestou que o órgão atua no meio rural, orientando os produtores rurais quanto à
preservação das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e auxiliando-os no Cadastro Ambiental Rural
(CAR). No meio urbano, atua em conjunto com o departamento de obras em ações de coleta, manutenção,
fiscalização e orientação em relação ao tratamento dos esgotos domésticos, na manutenção do aterro
218
sanitário, na limpeza de terrenos e na poda das árvores. Não há, como observado na entrevista, uma visão
intersetorial da questão ambiental, indispensável ao tratamento de algo complexo como este assunto.
Conclusões
Considera-se que tanto a ausência de um Departamento exclusivo para a questão ambiental quanto
a ausência de profissionais de diversas formações, são um obstáculo à gestão ambiental municipal, já que,
para a compreensão e consequente atuação na área ambiental, é necessária uma visão mais abrangente dos
problemas que cercam este bem difuso e diretamente relacionado ao modelo de desenvolvimento
econômico e social do município. Foi possível perceber, na fala do gestor municipal, a ausência desta visão
holística, na medida em que a questão ambiental é tratada apenas em seus aspectos gerenciais de resíduos
sólidos, tratamento de esgotos domésticos e poda de árvores. O planejamento setorial e inter setorial,
envolvendo outros Planos e setores afeitos ao meio ambiente não são considerados, o que denota um
tratamento inadequado deste bem.
Referências
ÁVILA, R. D.; MALHEIROS, T. F. O Sistema Municipal de Meio Ambiente no Brasil: Avanços e Desafios.
Saúde Soc. São Paulo, v.21, supl.3, p.33-47, 2012.
CÂMARA MUNICIPAL DE ILHA SOLTEIRA. Lei Orgânica do Município de Ilha Solteira. 1993.
Disponível em: http://www.cmilhasolteira.sp.gov.br/. Acesso em: 08 out. 2014.
GESTOR MUNICIPAL. Entrevista. [set.2015]. Entrevistador: Thais Pigozzi Codo Amaral. Ilha Solteira,
2015. 1 arquivo. mp3 (52 min.).
PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE ILHA SOLTEIRA. Lei Complementar nº
079, de 03 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a reorganização administrativa do município de Ilha Solteira e dá outras
providências. Disponível em: http://www.cmilhasolteira.sp.gov.br/. Acesso em: 19 set. 2015.
PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE ILHA SOLTEIRA. Lei nº 270, de 02 de
janeiro de 2013. Dispõe sobre a nova Estrutura da Administração Direta e Indireta do Município de Ilha Solteira e dá
outras providências. Disponível em: http://www.cmilhasolteira.sp.gov.br/. Acesso em: 08 out. 2014.
219
SCARDUA, F.P.; BURSZTYN, M.A.A. Descentralização da Política Ambiental no Brasil. Sociedade e
Estado, v.18, n.1/2, p. 291-314, 2003.
220
Concentração de micronutrientes em ora-pro-nobis em função de
doses de nitrogênio e inoculação com Azospirillum brasilense
Vanessa Biazotto Brito(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2), Fernando
Shintate Galindo(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor do curso de Engenharia Agronômica
3UNESP-FEIS, Mestre em Agronomia – Sistemas de produção
Introdução
A hortaliça não convencional ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Miller) é conhecida pelo elevado
teor proteico de suas folhas. Em algumas regiões do Brasil é popularmente denominada “carne de pobre”
e, assim, pode ser uma fonte alternativa de proteínas para aqueles que adotam a dieta vegetariana. Esta
importante macromolécula é frequentemente questionada quando o assunto é a saúde de quem não ingere
alimentos de origem animal e, em nosso país, é crescente o número de indivíduos que adotam alguma
vertente do vegetarianismo, e de acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – IBOPE
(2012) já são cerca de 15 milhões de vegetarianos no Brasil, então, trabalhos que investiguem fontes
alternativas para a dieta devem ser realizados afim de que vegetarianos tenham opções variadas para
consumir diariamente os 50 g de proteínas que atendem às necessidades nutricionais de uma pessoa sadia
(ANVISA, 2004). Para adequado crescimento e reprodução de uma cultura, macro e micronutrientes são
requeridos pelas plantas, cada qual em suas devidas concentrações. Os micronutrientes, como por exemplo,
Cu, Fe, Mn e Zn, são encontrados em pequenas quantidades dentro dos tecidos e órgãos vegetais, entretanto,
apesar de suas baixas concentrações, possuem a mesma importância dos macronutrientes para a nutrição
de plantas (IPNI, 2007). Para a produtividade e para que o teor de nitrogênio em ora-pro-nobis possa ser
potencializado, tanto por meio da adubação nitrogenada, quanto pelos processos desencadeados por
bactérias diazotróficas, como Azospirillum brasilense em função da FBN e do eventual efeito fitohormonal,
as concentrações de micronutrientes devem estar adequadas na planta. Dessa forma, objetivou-se com esse
221
trabalho estudar o efeito de doses de N e da inoculação com Azospirillum brasilense, nas concentrações de
Cu, Fe, Mn e Zn no tecido foliar de ora-pro-nobis.
Material e métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no bairro Ipê, em Ilha Solteira – SP, de julho a
outubro de 2015. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições,
dispostos em um esquema fatorial 5x2, sendo: 5 doses de N (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha -1, na forma de
sulfato de amônio, parceladas em duas aplicações iguais, com ou sem a inoculação com Azospirillum
brasilense. A parcela foi composta por uma muda por vaso de 10 L de solo. As mudas foram produzidas
por meio de estacas enraizadas em tubete com substrato e, no transplante para os vasos foi realizada
adubação com P2O5 (100 kg ha-1 de P), K2O (60 kg ha-1 de K), Zn (1 kg ha-1) e B (0,5 kg ha-1) e N nas doses
de acordo com os tratamentos. A inoculação com Azospirillum brasilense também foi realizada no
momento do transplantio na dose de 100 mL do inoculante em solução com água de modo a cobrir as raízes
por um período de 10 minutos. A irrigação foi realizada de acordo com as necessidades da planta, variando
sempre de 100 a 300 mL por vaso. Foram avaliadas as concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn no tecido foliar
de ora-pro-nobis. Todos os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o
programa de análises estatísticas SISVAR, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade e as doses de N ajustadas pelo modelo de regressão polinomial.
Resultados e discussão
A inoculação com A. brasilense não influenciou as concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn no tecido
foliar de ora-pro-nobis (Tabela 1). Embora fosse esperado possível aumento na concentração desses
micronutrientes devido ao maior volume de solo explorado com o aumento do sistema radicular, isto não
ocorreu, possivelmente, em decorrência das estirpes utilizadas – estirpes de A. brasilense específicas para
gramíneas. O incremento das doses de N não influenciou positivamente as concentrações de Cu, Fe e Zn
no tecido foliar de ora-pro-nobis, entretanto influenciou a concentração de Mn com ajuste à função
quadrática com ponto de máxima concentração de Mn obtido com estimativa de aplicação de 111 kg ha-1
de N (Tabela 1). De acordo com a SBCS (2006), as concentrações de Cu nas plantas variam entre 2 a 75
mg kg-1 de matéria seca da planta, de Fe variam entre 10 e 1.500 mg kg-1, de Mn entre 5 e 1.500 mg kg-1 e,
por fim, de Zn variam entre 3 a 150 mg kg-1 de matéria seca da planta. Nos resultados obtidos com esse
222
experimento, os teores de Cu, Fe, Mn e Zn variaram, respectivamente, entre 70,83 e 89,17 mg kg-1 de
matéria seca da planta; 1309,83 e 1579,33 mg kg-1; 364,67 e 439,50 mg kg-1 e, por fim, 233,17 e 296,67
mg kg-1, ou seja, concentrações superiores, principalmente para o Zn – nutriente este que, assim como o Fe,
vem sendo utilizado na biofortificação agronômica. A biofortificação agronômica tem sido utilizada como
prática complementar para ampliar o potencial de enriquecimento dos teores de nutrientes e vitaminas na
parte comestível das culturas (MORAES et al.; 2010). A finalidade desta prática nada mais é do que uma
estratégia para aumentar a concentração de nutrientes nos produtos agrícolas e melhorar a dieta e saúde dos
indivíduos. Assim, ora-pro-nobis trata-se de uma importante fonte não apenas de proteínas, mas também
de outros nutrientes indispensáveis à boa saúde que merecem ser adicionados à alimentação de todos os
indivíduos.
Tabela 1 - Concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn no tecido foliar de ora-pro-nobis em função de doses de N e
da inoculação com A. brasilense. Ilha Solteira –SP, 2015.
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
** significativo p<0,01 * significativo 0,01<p<0,05 ns: não significativo
(1)Ŷ = 371,1286 + 1,3339x – 0,0060x2 (R2 0,91* e PM = 111 kg ha-1 de N)
Doses de N Cu Fe Mn Zn
(kg ha-1 ) -------------------- mg kg-1 de M.S. --------------
0 79,83ns 1309,83ns 364,67(1) 233,17ns
50 82,33 1543,83 437,33 258,83
100 84,33 1579,33 439,50 296,67
150 89,17 1415,83 427,83 276,17
200 84,00 1515,33 402,17 282,17
Inoculação
Com A. brasilense 82,73 a 1518,07 a 408,60 a 254,80 a
Sem A. brasilense 85,13 a 1427,60 a 420,00 a 284,00 a
D.M.S. (5%) 4,49 187,30 36,98 36,66
Média Geral 83,93 1472,83 414,30 269,40
C.V. (%) 6,97 16.58 11,63
17,74
223
Conclusões
A inoculação com A. brasilense não influenciou a concentração foliar de micronutrientes catiônicos.
Entretanto, estudos utilizando outras estirpes de bactérias diazotróficas devem continuar a fim de se
verificar os benefícios da inoculação em hortaliças. O incremento de doses de N não influenciou
positivamente as concentrações de Cu, Fe e Zn no tecido foliar de ora-pro-nobis, porém propiciou maior
concentração de Mn e elevados teores desses micronutrientes, indicando assim que ora-pro-nobis trata-se
de uma importante fonte de nutrientes que deve ser melhor explorada e utilizada por aqueles que buscam
uma nutrição saudável.
Agradecimentos
Wilson Galindo Medina, pelo espaço concedido para realização do experimento.
Referências
IBOPE, Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Pesquisa. Dia Mundial do Vegetarianismo: 8% da
população brasileira afirma ser adepta do estilo. Ibope, 2012. Disponível em:
http://www.ibope.com.br/ptbr/noticias/paginas/dia-mundial-do-vegetarianismo-8-da-populacao-brasileira-afirma-ser-
adepta-aoestilo.aspx. Acesso em: 18 mai. 2016.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 80, de 13 de dezembro de 2004. D.O.U de
17/12/2004.
RÖMHELD, V.; KIRKBY E. A.; International Plant Nutrition Institute. Encarte Técnico: INFORMAÇÕES
AGRONÔMICAS Nº 118 – JUNHO/2007.
MORAES, M. F.; PASCOALINO, J. A. L.; ALVES, S. J. F.; NUTTI, M. R.; CARVALHO, J. L. V.
Biofortificação – Alternativa à segurança nutricional. Informações Agronômicas nº 140. Dezembro/2012.
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Nutrição Mineral de Plantas. Editor: Manlio Silvestre Fernandes.
Viçosa, MG. 432 p. 2006.
224
Doses de nitrogênio e inoculação com Azospirillum brasilense na
cultura de ora-pro-nobis
Vanessa Biazotto Brito(1)*, Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho (2), Fernando
Shintate Galindo(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica. e-mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Professor do curso de Engenharia Agronômica
3UNESP-FEIS, Mestre em Agronomia – Sistemas de produção
Introdução
O número de pessoas que adotam alguma vertente do vegetarianismo para suas vidas é crescente.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – IBOPE (2012), no Brasil já são 15,2
milhões de vegetarianos. Para Silva et al., (2011) na maioria das vezes a iniciativa é devido às questões
relacionadas ao ambiente, saúde, economia, ética e religião, questões essas que levam a diversas discussões
como, por exemplo, os benefícios e malefícios da dieta à saúde. Um composto orgânico indispensável para
a boa saúde e frequentemente questionado na dieta de vegetarianos trata-se das proteínas, e ainda segundo
a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2004), um adulto deve consumir diariamente 50 g
de proteínas para atender às necessidades nutricionais de uma pessoa sadia. As proteínas são
macromoléculas constituídas por aminoácidos, e embora o corpo humano consiga produzir alguns
(aminoácidos não essenciais), já outros (aminoácido essenciais) devem ser adquiridos exclusivamente na
alimentação. Uma das principais fontes de aminoácidos essenciais e, por consequência de proteínas, é a
carne animal, alimento excluído da dieta dos vegetarianos. Nesse contexto, a cultura de ora-pro-nobis
(Pereskia aculeata Miller), uma hortaliça nativa brasileira conhecida pelo seu elevado teor proteico e
popularmente conhecida em algumas regiões do país por “carne de pobre”, pode ser um dos alimentos
inseridos na dieta de vegetarianos em busca do consumo de proteínas, especialmente se pesquisas indicarem
que o teor de N pode ser potencializado por meio da adubação nitrogenada. Ainda no intuito de aumentar
o teor proteico de ora-pro-nobis, o processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN) que ocorre por meio
225
de bactérias diazotróficas com a inoculação com Azospirillum brasilense, bem como o efeito fitohormonal,
que pode aumentar o sistema radicular, podendo ocasionar aumento no acúmulo de N e na produtividade
de matéria seca das plantas. Assim, o objetivo desse trabalho foi estudar o efeito de doses de N e inoculação
com Azospirillum brasilense , na altura da planta, índice de clorofila foliar (ICF), número de folhas e
ramificações e matéria seca de folhas da ora-pro-nobis.
Material e métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no bairro Ipê, em Ilha Solteira - SP, de julho a
outubro de 2015. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições, dispostos
em um esquema fatorial 5x2, sendo: 5 doses de N (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1) na forma de sulfato de
amônio, parceladas em duas aplicações iguais em cobertura, com ou sem a inoculação com Azospirillum
brasilense. A parcela foi composta por uma muda por vaso com 10 L de solo. As mudas foram produzidas
por meio de estacas enraizadas em tubete com substrato e, no transplante para os vasos foi realizada
adubação com P2O5 (100 kg ha-1 de P), K2O (60 kg ha-1 de K), Zn (1 kg ha-1) e B (0,5 kg ha-1) e N conforme
mencionado nos tratamentos. A inoculação com Azospirillum brasilense também foi realizada no momento
do transplantio na dose de 100 mL do inoculante em solução com água de modo a cobrir as raízes por um
período de 10 minutos. A irrigação foi realizada de acordo com as necessidades da planta, variando sempre
de 100 a 300 mL por vaso. As avaliações realizadas foram altura de planta, ICF, número de folhas e
ramificações e matéria seca de folhas de ora-pro-nobis. Todos os parâmetros avaliados foram submetidos
à análise de variância utilizando-se o programa de análises estatísticas SISVAR, onde as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e o efeito das doses de N ajustadas pelo modelo de
regressão polinomial.
Resultados e discussão
A inoculação com A. brasilense não influenciou a altura de planta, número de folhas e ramificações
e matéria seca das folhas, entretanto propiciou maior ICF às plantas de ora-pro-nobis (Tabela 1). Estudos
com A. brasilense em ora-pro-nobis devem continuar a fim de se verificar melhor os benefícios da
inoculação nesta hortaliça.
O incremento das doses de N influenciou positivamente a altura de plantas, ICF, número de folhas
e ramificações e matéria seca das folhas de ora-pro-nobis, com ajuste à função linear crescente para todas
226
as avaliações (Tabela 1), demonstrando, assim, a importância do nutriente para o desenvolvimento da
cultura. Além disso, o teor de proteínas se relaciona diretamente com o teor de N, os resultados positivos
da adubação nitrogenada indicam que a ora-pro-nobis possui potencial para aumento de seu teor de
proteínas, sendo assim, uma boa alternativa para aqueles que adotam a dieta vegetariana, restringindo seu
consumo proteico. Esta rica fonte de proteínas de baixo custo e fácil manejo, pode ser facilmente cultivada
em pequenas hortas.
Tabela 1 - Altura de planta, ICF, números de folhas e ramificações e matéria seca de folhas de ora-pro-
nobis em função de doses de N e da inoculação com A. brasilense. Ilha Solteira –SP, 2016
Fonte: próprio autor
Médias seguidas de letra iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
** significativo p<0,01 * significativo 0,01<p<0,05 ns: não significativo
#Dados corrigidos seguindo a equação (x+0,5)0,5
(1)Ŷ = 55,2000 + 0,2290x (R2 0,91**)
(2)Ŷ = 31,9823 + 0,06412x (R2 0,95**)
(3)Ŷ = 34,4333 + 0,2623x (R2 0,97**)
(4)Ŷ = 2,3333 + 0,0140x (R2 0,89**)
(5)Ŷ = 1,6333 + 0,0142x (R2 0,98**)
Doses Altura de plantas
(cm)
ICF No de folhas No de
ramificações
M.S. de folhas
(g por planta)
0 48,67(1) 30,77(2) 29,83(3) 2,00(4) 1,55(5)
50 73,33 35,90 51,50 3,33 2,31
100 83,17 39,21 64,83 4,17 3,31
150 85,50 42,74 72,00 4,00 3,69
200 99,83 43,38 85,17 5,17 4,41
Inoculação
Com A. brasilense 73,00 a 40,42 a 59,13 a 3,87 a 2,69 a
Sem A. brasilense 83,20 a 36,38 b 62,20 a 3,60 a 3,42 a
D.M.S. (5%) 20,13 3,75 15,81 1,39 0,79
Média Geral 78,10 38,40 60,67 3,73 3,05
C.V. (%) 17,81# 12,72 20,03# 22,16# 17,31#
227
Conclusões
O incremento de doses de N aumentou a altura de planta, número de folhas e ramificações e matéria
seca das folhas de ora-pro-nobis, dessa forma, maiores doses de N devem ser testadas em estudos
posteriores a fim de se aumentar o crescimento e produção da ora-pro-nobis. A inoculação com A.
brasilense não influenciou a maioria das avaliações, entretanto propiciou maior ICF.
Agradecimentos
Wilson Galindo Medina, pelo espaço concedido para realização do experimento.
Referências
IBOPE, Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Pesquisa. Dia Mundial do Vegetarianismo: 8% da
população brasileira afirma ser adepta do estilo. Ibope, 2012. Disponível em:
http://www.ibope.com.br/ptbr/noticias/paginas/dia-mundial-do-vegetarianismo-8-da-populacao-brasileira-afirma-ser-
adepta-aoestilo.aspx. Acesso em: 18 mai. 2016.
SILVA, C. C.; VALENTINO, J. M. F. M.; SANTANA, K. B.; MONTIJANO, M. C. L. C.; BARROS, R. G.
C.; MENEZES, M. B. C. Vegetarianismo vegano: razões éticas e saudáveis. GT10 Práticas investigativas na
educação superior. Aracajú, Universidade Tiradentes, 2011.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 80, de 13 de dezembro de 2004. D.O.U de
17/12/2004.
228
Registro de Gyrinicola chabaudi (Nematoda: Pharyngodonidae)
em girinos de Hypsiboas raniceps (Anura: Hylidae), Cerrado.
Vanessa Capeletti Bernardes(1)*, Franciele Cristina de Souza(2), Luciano
Alves dos Anjos(3)
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia do Parasitismo. E-
mail: [email protected]
2UNESP-FEIS, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas-Zoologia, Laboratório de Ecologia
do Parasitismo
3UNESP-FEIS, Docente em Ciências Biológicas-Zoologia, Laboratório de Ecologia do Parasitismo
Introdução
Durante o processo de desenvolvimento, o girino passa por modificações morfológicas e
fisiológicas. Nesta fase podem atuar como hospedeiros intermediários transportando larvas de helmintos
entre o ambiente aquático e terrestre. Estudos recentes mostram que nematódeos do gênero Gyrinicola
vivem em mutualismo em seu hospedeiro, são simbiontes intestinais fermentativos. Possuem efeitos
benéficos durante a metamorfose dos girinos, propiciando vantagens ecológicas e evolutivas no
desenvolvimento, pois aceleram o processo até a fase adulta, estes dados ampliam nossa compreensão da
diversidade taxonômica e contribuições fisiológicas. Os estudos nessa área nos permite conhecer a
diversidade de helmintos e sua influência nos organismos.
O presente estudo teve por objetivo conhecer os helmintos dos girinos de Hypsiboas raniceps,
encontrados em uma área de brejo na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão – FEPE / UNESP – Câmpus
de Ilha Solteira.
Material e métodos
Os girinos foram coletados por pesca ativa puçá e redinha, sob licença SISBio 36667-2, Protocolo
da Comissão de Ética e Uso Animal 06/2014/CEUA. Após a coleta, os animais foram aclimatados em sacos
plásticos contendo água e transportados para o Laboratório de Ecologia do Parasitismo, Câmpus Ilha
229
Solteira – UNESP, onde foram mantidos em ambiente similar ao natural até o momento da necropsia e
posterior análise. Foram necropsiados 34 exemplares de girinos de H. raniceps.
Os nematóides encontrados foram cuidadosamente coletados com estiletes, fixados em álcool 70%
aquecido entre 65-70ºC, para morrerem estendidos, conservando as características morfológicas do grupo.
Após serem contados foram transferidos para frascos contendo álcool 70%, onde permanecem conservados.
Para identificação os exemplares foram montados em glicerina alcoólica entre lâmina e lamínula.
Posteriormente, foram utilizadas fotomicrografias no microscópio LEICA DM 2500 do Laboratório de
Ecologia do Parasitismo – LECOP, UNESP, Câmpus de Ilha Solteira.
Resultados e discussão
Na análise realizada nos girinos foram encontrados 21 nematodas no intestino dos mesmos. A
prevalência de infecção foi de 35,29%, abundância média de 0,61±1,10 e intensidade média de 1,75. Com
base na morfologia das estruturas de importância taxonômica: corpo com cutícula provida de estrias
transversais, boca com abertura hexagonal, lábios rodeados com 4 papilas e 2 anfídios sésseis, posição do
anel nervoso, vulva, formato do esôfago, presença de dois úteros, os espécimes analisados foram
identificados como pertencentes à espécie Gyrinicola chabaudi, família Pharyngodonidae.
Conclusões
Este é o primeiro registro do nematódeo G. chabaudi em girinos da espécie H. raniceps em uma
região de Cerrado, contribuindo consideravelmente no registro dos helmintos de girinos no Brasil.
Referências
ADAMSON, M.L. (1981a) Gyrinicola batrachiensis (Walton, 1929) n.comb. (Oxyuroidea: Nematoda)
from tadpoles in eastern and central Canada. Can J Zool 59:1344–1350.
ANDERSON, R.C. Nematodes parasites of vertebrates their development and transmission. CABI
Publishing, New York, USA. 2000. 650p.
ANDERSON, R.; CHABAUD, A.; WILLMOTT, S. Keys to the Nematode Parasites of Vertebrates:
Archival Volume. Wallingford, CABI. 2009.
230
KEHR, I.A., HAMANN, M.I. Ecological aspects of parasitism in the tadpole of Pseudis paradoxa from
Argentina. Herpetol Rev 34: 336-341. 2003.
POULIN, R. Evolutionary ecology of parasites. Princeton, NJ, Princeton UP. 2007.
POULIN, R.; MORAND, S. Parasite Biodiversity. Washington, Smithsonian Books, viii, 2004. 216p.
VICENTE, J.J.; RODRIGUES, H.O.; GOMES, D.C.; PINTO, R.M. Nematóides do Brasil. Parte II:
Nematóides de anfíbios. Rev. Bras. Zool., 1990. v. 7. p.549-626.
231
A monitoria como processo de aprendizagem: uma abordagem
diferenciada
Vanessa Dias Rezende Trindade(1), Maria Ângela Moraes Cordeiro(2)
1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica – Bacharelado, email: [email protected]
2UNESP-FEIS, Departamento de Física e Química, email: [email protected].
Introdução
O Ensino Superior no Brasil tem objetivos relacionados ao preparo do homem (jovens adultos e
adultos mais maduros) para a vida em sociedade (BERBEL, 1995). Dentre as oportunidades para uma boa
formação dos alunos no Ensino Superior, tem-se a monitoria que, de acordo com a Portaria Unesp-646, de
13 de dezembro de 2007, busca estimular no aluno o interesse pela atividade docente; intensificar a
cooperação entre o corpo docente e o discente, nas atividades de ensino, pesquisa e extensão; oferecer ao
aluno de graduação a oportunidade de se preparar para as atividades de ensino e contribuir para a melhoria
do ensino de graduação na UNESP.
Sendo assim, buscou-se seguir os passos da Metodologia de Solução de Problemas proposta por
John Dewey na década de 30; partindo desse pressuposto, o plano de atividade da monitoria buscou
apresentar abordagem do conteúdo explicado pelo docente, e logo após, resolução de exercícios cuja
problematização não só abrangia a aplicação de conceitos teóricos referentes à disciplina, mas também fazia
conexões com algumas áreas e disciplinas inseridas na Engenharia Agronômica. Borochovicius e Tortella
(2014) citam Dewey, quem explica que a educação é um processo de reorganização da experiência e de
reconstrução pela reflexão, visando melhorar, pela inteligência, a qualidade das experiências futuras.
Portanto, neste texto pretende-se descrever e discutir o impacto de uma monitoria desenvolvida de
forma diferenciada.
Material e métodos
No primeiro semestre de monitoria não houve muita participação dos alunos, embora após a
primeira prova, os alunos começaram a frequentar mais as aulas, buscando informações complementares
232
nas monitorias. A abordagem no primeiro semestre foi mais simples comparada à do segundo; a monitora
tirava dúvidas sobre exercícios e teoria, expondo alguns tópicos sobre a disciplina quando solicitado.
Durante as aulas, os alunos expunham muitas dúvidas, necessitando a monitora recorrer à docente algumas
vezes para auxiliá-la. Como incentivo para aumento da frequência, aqueles que assistissem mais de 50%
das aulas receberiam uma nota extra, valendo um ponto na média final. Além das atividades durante as
aulas da docente, listas de exercícios complementares foram utilizadas na monitoria, buscando exercitar os
conceitos teóricos com os alunos.
Durante o segundo semestre de monitoria, além de utilizar as atividades e resolução de exercícios,
as explicações sobre tópicos da disciplina foram mais elaboradas, utilizando aulas em multimídia, além de
resumos de alguns conceitos importantes. A frequência dos alunos foi mais que duplicada ao longo do
semestre, havendo maior interação da monitora com a classe, o que facilita a comunicação entre ambos.
Percebendo a dificuldade de alguns alunos, foi proposta uma dinâmica em grupo com estes, onde foi
proposta a resolução de alguns exercícios sobre todo o conteúdo da disciplina (foi realizada no final do
semestre) em duas modalidades: em grupo e o aluno individualmente; após a atividade foi realizado um
debate sobre as respostas entre os alunos e a docente para compreender a dificuldade deles e buscar ajudá-
los com explicações e exemplos. Em suma, tanto durante as aulas da docente quanto na monitoria buscou-
se aliar conhecimento teórico à situações reais, pois este processo não só promove maior importância aos
aprendizados, mas também melhor compreensão do ambiente onde os alunos poderão estar inseridos
quando profissionais. Lembrando que o monitor não teve função de docente, sendo esta uma das vedações
ao aluno-monitor prevista na Portaria Unesp-646 de 13 de dezembro de 2007.
Resultados e discussão
A importância da Monitoria nas disciplinas do ensino superior pode extrapolar o caráter de obtenção
de um título. Sua importância vai mais além, seja no aspecto pessoal de ganho intelectual do monitor, seja
na contribuição dada aos alunos monitorados e, principalmente, na relação de troca de conhecimentos,
durante o programa, entre professor orientador e aluno monitor (SOUZA, 2009).
Ao final do primeiro semestre percebeu-se que mais de 65% dos alunos que frequentaram a
monitoria obtiveram notas acima da média (acima de 5) e a média de notas finais foi aproximadamente
4,69, alta quando comparada com a do ano de 2014 que ficou em torno de 3,77. Já no segundo semestre o
percentual de alunos que frequentaram a monitoria e obtiveram notas acima da média foi de 63,15%, porém
233
a média das notas finais ficou em torno de 5,39 e isso representa aumento de 69% quando comparada com
a média das notas finais do ano de 2014.
Quanto a dinâmica em grupo, dos oito alunos que realizaram a atividade, 7 alunos obtiveram
melhor ou igual desempenho quando em grupo, mostrando que a discussão que um grupo oferece influencia
diretamente no entendimento dos alunos. Além de acrescentar experiências aos alunos, a dinâmica em
grupo acrescenta uma nova abordagem do conteúdo; segundo Silva (2008), as dinâmicas são ações de curta
duração que, ao fazer uso de uma técnica própria e específica, induz motivação e envolvimento, até o
aprendizado de alguma habilidade, passando por momentos de reflexão e de mudança atitudinal.
Conclusões
A monitoria exercida durante o ano de 2015 atingiu os objetivos previstos no plano de atividade,
oferecendo diferentes alternativas para ajudar na compreensão do conteúdo pelos alunos.
Referências
BERBEL, N.A.N. Metodologia da Problematização: uma alternativa metodológica apropriada para o Ensino
Superior. Semina: Cio Soc./Hum., Londrina, v.16. n. 2., Ed. Especial, p.9-19, out. 1995.
BOROCHOVICIUS, Eli; TORTELLA, Jussara Cristina Barboza. Aprendizagem Baseada em Problemas: um
método de ensino-aprendizagem e suas práticas educativas. Ensaio:aval.pol.públ.Educ. vol.22 no.83 Rio de
Janeiro abr/jun 2014. Disponível em: < http://goo.gl/e03e6T >. Acesso em: 12 maio 2016.
SILVA, J. A. P. da. O Uso de Dinâmicas de Grupo em Sala de Aula. Um Instrumento de Aprendizagem
Experiencial Esquecido ou Ainda Incompreendido. Saber Científico, Porto Velho, 1 (2): 82- 99, jul./dez.,2008.
Disponível em: <http://revista.saolucas.edu.br/index.php/resc/article/viewFile/22/ED25>. Acesso em: 10 mai. 2016.
SOUZA, Paulo Rogério Areias de. A importância da monitoria na formação de futuros professores
universitários. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XII, n. 61, fev 2009. Disponível em: <http://goo.gl/F0h9aU>. Acesso
em 10 mai 2016.
REITORIA. Universidade Estadual Paulista. Portaria n. 646 de 13 de dezembro de 2007. São Paulo, sexta-
feira, 14 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://goo.gl/qkEL2v>. Acesso em: 03 jun 2016.
234
Listeria spp. em cevas para peixes
Willian Marinho Dourado Coelho (1), Alan dos Santos Cardoso (2)*, Gabriel Banos
Rodrigues (2), João Vitor Rodrigues Padovan (2), Wagner José Machado da Silva(2),
Flávia Aparecida Santos Matias Machado da Silva(2), Edilson Silva de Oliveira(3)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária. e-mail: [email protected]
2FEA, FISMA -Discentes Curso de Agronomia, Bacharelado. e-mail: [email protected]
3FEA, FISMA -Discente Curso de Medicina Veterinária
Introdução
A Listeria spp. é um microrganismo Gram positivo, anaeróbio facultativo, não esporulado,
amplamente distribuído no meio ambiente, tendo sido isolado das mais variadas fontes, principalmente em
alimentos de origem animal (Castro, 2002). Sua grande importância nos alimentos está relacionada com a
sua capacidade de resistir a temperatura de refrigeração, causando diversos surtos de listeriose de origem
alimentar (Mantilla et al., 2014).
O objetivo deste trabalho é relatar a prevalência de Listeria spp. em ceva para peixes.
Material e métodos
Foram coletadas 42 amostras de cevas e rações utilizadas para pesca nos rios Paraná e Tietê, nas
regiões localizadas entre os municípios de Três Lagoas/MS, Castilho/SP, Pereira Barreto/SP e Ilha
Solteira/SP, durante o período de julho de 2013 a maio de 2015. Os materiais obtidos eram elaborados a
partir de grãos e farelo de milho, soja e arroz, associados ou não com sangue bovino e dejetos suínos. As
amostras foram encaminhadas para laboratório de referência, onde foi utilizado método de cultura
microbiológica, perfil bioquímico e antibiograma de Listeria spp.
Resultados e discussão
Foram isolados Listeria monocitogenes em 25(59,52%) das cevas analisadas, ocorrendo em 100%
235
daquelas que continham dejetos de suínos. O teste de antibiograma revelou que as cepas de Listeria sp.
foram resistentes a 11 dos 21 antibióticos testados, incluindo a ampicilina que é considerada como o
medicamento de eleição no tratamento da forma cerebral da listeriose (Tabela1).
Tabela 1 – Análise microbiológica e antibiograma realizado em amostras positivas de L. monocitogenes
isoladas em ceva de peixes.
Principio ativo L. monocitogenes
Amoxicilina R
Ampicilina R
Bacitracina I
Cefalexina R
Cefepime S
Ceftiofur S
Ciprofloxacilin S
Cloranfenicol S
Cotrimoxazol I
Enrofloxacina R
Espiramicina S
Estreptonicina S
Gatimicina R
Gentamicina R
Neomicina R
Novobiocina R
Ofloxacina R
Penicilina R
Polimixina S
Tetraciclina R
Tobramicina I
Legenda: Resistente (R), Sensível (S), Indeterminado (I)
236
Conclusões
Concluímos que a L. monocitogenes é um importante patógeno presente como contaminante da ceva
para peixes, como resultado da má conservação e adição de matéria fecal. Além disso, o fornecimento de
cevas fermentadas e apodrecida culmina em perigo potencial para os peixes e também para aqueles que
consomem o pescado infectado com este microorganismo que tem se mostrado altamente resistente aos
antibióticos disponíveis.
Referências
CASTRO, A. P. Sobrevivência de Bactérias Aeróbias Mesófilas, Psicotrópicas, Bactérias Láticas e Listeria
monocytogenes a Salsichas Submetidas a Tratamentos com Nisina. Dissertação mestrado – USP, 2002.
MANTILLA, S. P. S; FRANCO, R. M; OLIVEIRA, L. A. T; SANTOS, E. B; GOUVÊA, R. Importância da
Listeria monocytogenes em alimentos de origem animal. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14, n.1, p. 180-192. 2014.
237
Prevalência de Leishmania chagasi em felinos (Felis catus) no
município de Andradina, São Paulo
Willian Marinho Dourado Coelho(1), Claudimir Couto Junior(2)*, Daniel
Andrade da Silva(2), Edilson Silva de Oliveira(2), Maurício Rodrigues da Rosa(2),
Wilma Starke Buzetti(3), Katia Denise Saraiva Bresciani(4)
1 FEA-FCAA, Professor - Curso de Medicina Veterinária – Faculdade de Ciências Agrárias de
Andradina, São Paulo.
2 FEA-FCAA, Discentes - Curso de Medicina Veterinária e Agronomia – Bacharelado e-mail:
3 UNESP-FEIS, Professora – Curso de Biologia e Zootecnia – Departamento de Biologia e Zootecnia,
Ilha Solteira, São Paulo.
4 UNESP-FMVA, Professora – Curso de Medicina Veterinária – Departamento de Apoio, Produção e
Saúde Animal, Araçatuba, São Paulo.
Introdução
As leishmanioses são doenças infecto-parasitárias de caráter zoonótico, causadas por protozoários
do gênero Leishmania, dos quais 22 espécies são patogênicas para o ser humano. Dependendo da espécie
do protozoário envolvido e da relação do parasita com seu hospedeiro, pode apresentar distintas formas
clínicas, ou seja, mucocutânea, cutânea ou visceral. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a
prevalência da enfermidade em todo o mundo é de aproximadamente 12 milhões de casos. A leishmaniose
é uma zoonose de grande relevância em saúde pública, tendo como principal reservatório urbano o cão,
podendo acometer o gato.
O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência da infecção por Leishmania spp. em gatos no
município de Andradina, estado de São Paulo, Brasil.
238
Material e métodos
Neste estudo foram utilizados 52 gatos, de ambos os sexos, diferentes raças e faixa etária. Os animais
foram entregues por seus proprietários ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do Município de
Andradina, São Paulo, Brasil, para eutanásia. Este procedimento foi previamente aprovado pela Comissão
de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA) UNESP, protocolo
nº 2007-003276. Amostras séricas foram processadas por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta
(RIFI) e pela Imunoadsorção Enzimática (ELISA) empregando-se como antígeno formas promastigotas de
Leishmania chagasi e proteína A, respectivamente. O teste parasitológico direto foi realizado por meio de
imprint de linfonodos poplíteos, medula óssea e baço para a verificação de formas amastigotas de
Leishmania spp. As amostras positivas nos testes sorológicos e parasitológicos foram submetidas à análise
molecular (PCR) e sequenciamento para classificação do referido protozoário. Todos os animais foram
analisados sorológicamente para os vírus da imunodeficiência (FIV) e leucemia felina (FeLV).
Resultados e discussão
Entre os gatos examinados foi constatada ocorrência de infecção em 5,76% (3/52), sendo que, dois
apresentavam lesões de pele e presença de amastigotas de Leishmania chagasi em linfonodos. Na análise
sorológica, os três animais foram reagentes pelo teste de ELISA, negativos pela RIFI e esses não
apresentaram anticorpos contra os vírus da imunodeficiência felina (FIV) e leucemia felina (FeLV).
Variáveis como sexo, raça, idade, FIV e FelV não tiveram relação com a ocorrência do parasito (p>0,05).
Por meio da PCR observou-se amplificação positiva em amostras de baço, linfonodos e, no
sequenciamento, 97% de similaridade com Leishmania chagasi.
Conclusão
Neste estudo foi comprovada a prevalência da infecção por Leishmania chagasi em felinos do
município de Andradina, SP, onde há grande ocorrência de leishmaniose em cães e eventualmente em
humanos.
Referências
DANTAS-TORRES, F.; SIMÕES-MATOS, L.; BRITO, F. L. C.; FIGUEIREDO, L. A.; FAUSTINO, M. A.
G. Leishmaniose felina: revisão de literatura. Clínica Veterinária. n.61, p. 32-40, 2006.
239
DA SILVA M.A,; DE SOUZA, C. D.; CˆANDIDO A,; D. P. PEREIRA, BRAZIL,R.P.; CARREIRA, J.C.A.
The first record of american visceral leishmaniasis in domestic cats from Rio de Janeiro, Brazil. Acta Tropica. n.105,
p.92-94, 2008.
DIAKOU, A.; PAPADOPOULOS, E.; LAZARIDES, K. 2009. Specific anti-Leishmania spp. antibodies in
stray cats in Greece. Journal of Feline and Medical Surgery. n.11, 728-730.
FIGUEIREDO, F.B.; BONNA, I.C.F.; NASCIMENTO, L.D.; COSTA, T.; BAPTISTA, C.; PACHECO,
T.M.V.; AMENDOEIRA, M.R.R.; MADEIRA, M.F. 2009. Avalaição sorológica para detecção de anticorpos anti-
Leishmania em cães e gatos no bairro Santa Rita de Cássia, Município de Barra Mansa, Estado do Rio de Janeiro.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. n.42, 141-145.
LONGONI SS, LÓPEZ-CESPEDES A, SÁNCHEZ-MORENO M , BOLIO-GONZALEZ ME, SAURI-
ARCEO CH, RODRÍGUEZ-VIVAS RL. Detection of different Leishmania spp and Trypanosoma cruzi antibodies in
cats from the Yucatan Peninsula (Mexico) using an iron superoxide dismutase excreted as antigen. Comp. Immunol
Microbiol Infect Dis. 2012;35(5):469-76.
MAIA , C.; NUNES, M.; CAMPINO, L. Importance of Cats in zoonotic leishmaniasis in Portugal, Vector
Borne Zoonotic Disease, n. 8, p. 555–559, 2008.
MELO, M.N. Leishmaniose visceral no Brasil: desafios e perspectivas. In: CONGRESSO DE
PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, SIMPÓSIO LATINOAMERICANO DE RICKETISIOSES, 1., 2004. Anais...
Minas Gerais, OURO PRETO, 2004.
ROSSI, C. N. Ocorrência de Leishmania sp em gatos do município de Araçatuba-São Paulo –Brasil.
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Câmpus de Jaboticabal, -
Mestrado (Clínica Médica Veterinária). 2007
SERRANO, A.C.M.; NUNES, C.; SAVANI, E.S.M.; D’AURIA, S.R.N.; BONELLO, F. L.; VASCONCELOS,
R.O.; LIMA, V. M. F.; BRESCIANI, K.D.S. Leishmaniose em felino na zona urbana de Araçatuba - sp - relato de caso.
Revista Clínica Veterinária. n.76, p.36-40, 2008.
VITA, S., SANTORI, D., AGUZZI, I., PETROTTA, E., LUCIANI, A. Feline leishmaniasis and ehrlichiosis:
serological investigation in Abruzzo Region. Veterinary Research Communications, v.29, suppl. 2, p.319-321, 2005.
240
World Health Organization.Leishmaniasis [Internet].Geneva: WHO; 2012 [cited 2012 Jul 09]. Available from:
http://www.who.int/leishmaniasis/en/
241
Isosporose em cães e gatos na zona urbana do município de
Andradina, São Paulo, Brasil
Willian Marinho Dourado Coelho(1), Claudimir Couto Junior(2)*, Daniel
Andrade da Silva (2), Edilson Silva de Oliveira(2), Wagner José Machado da Silva(3),
Flávia Aparecida Santos Matias Machado da Silva(3),
1 FEA-FCAA, Professor - Curso de Medicina Veterinária e Agronomia – Faculdade de Ciências Agrárias
de Andradina, São Paulo. Email: [email protected]
2 FEA-FCAA, Discentes - Curso de Medicina Veterinária – Bacharelado e-mail:
3 FEA-FCAA, Discentes - Curso de Agronomia – Bacharelado
Introdução
A infecção por Isospora spp. é uma das mais frequentes enfermidades parasitárias em pequenos
animais em todo o mundo. Os protozoários do gênero Isospora contêm muitas espécies e possuem uma
ampla variedade de hospedeiros. São responsáveis por episódios diarréicos devido às alterações produzidas
na mucosa intestinal. A contaminação do meio ambiente se dá pela eliminação de oocistos não esporulados,
juntamente com as fezes de um hospedeiro infectado. Em condições adequadas de temperatura, umidade e
oxigenação, os oocistos esporulam, tornando-se infectantes para um novo hospedeiro. O oocisto de
Isospora, após a esporulação, apresentam dois esporocistos contendo quatro esporozoítos cada,
favorecendo sua identificação a partir da micrometragem.
O objetivo deste trabalho foi determinar a ocorrência desta parasitose na população canina e felina
do município de Andradina, SP.
Material e métodos
Amostras fecais de no mínimo dois gramas foram colhidas diretamente do reto de 97 gatos e 93
cães, e armazenada em potes coletores estéreis. Este procedimento foi previamente aprovado pela Comissão
de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA) UNESP, protocolo
242
nº 2007-003276. Foram analisadas por meio das técnicas de flutuação em solução saturada de cloreto de
sódio e sedimentação espontânea. As espécies foram classificadas de acordo com a morfometria dos
oocistos, utilizando-se ocular de campo amplo micrométrica 10x (Bioval®) com objetiva de 40x. Avaliou-
se a influência da idade, sexo, raça e origem dos cães e gatos na ocorrência das espécies de Isospora bem
como a relação entre a alteração na consistência das fezes e a presença dos parasitas. Os dados foram
analisados pelo teste qui-quadrado com a utilização do programa estatístico Minitab (versão 11).
Resultados e discussão
Presença de oocistos de Isospora foi constatada em 40,2% dos gatos e 38,7% dos cães. Infecção
simples por I. rivolta ou por I. felis ocorreu, respectivamente, em 31,9% (31/97) e em 23,7% (23/97) dos
gatos. Infecção simples pelo Complexo I. ohioensis ou por I. canis ocorreram, respectivamente, em sete
(7,53%) e em 23 (24,73%) dos cães. Nos gatos houve associação significativa entre a ocorrência simultânea
de I. rivolta e I. felis, fato este não observado para I. canis e I. ohioensis nos cães. A infecção pelo Complexo
I. ohioensis foi mais frequente nos machos do que nas fêmeas, sendo que, cães de áreas rurais foram mais
predispostos a serem parasitados por esta espécie. As demais variáveis não tiveram influência na ocorrência
na parasitose. A ocorrência do parasitismo por I. canis foi a possível causa de alteração na consistência das
fezes dos animais.
Conclusão
A partir dos resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que a isosporose esteve presente em
elevada frequência nos cães e gatos do município de Andradina, sendo que o complexo I. ohioensis foi mais
frequente nos machos e nos cães de áreas rurais, assim como, foi constatada alterações na consistência fecal
em decorrência da infecção por I. canis.
Referências
COELHO, W.M.D. et al. Ocorrência de parasitos gastrintestinais em amostras fecais de felinos no município
de Andradina, São Paulo. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.18, n.2, p.46-9, 2009.
DUBEY, J.P. The evolution of the knowledge of cat and dog coccidia. Parasitology, v.136, n.12, p.1469-75,
2009.
243
DUBEY, J.P.; FAYER, R. Development of Isospora bigemina in dogs and other mammals. Parasitology, v.73,
n.3, p.371-80, 1976.
DUBEY, J.P.; MAHRT, J.L. Isospora neorivolta sp. n. from the domestic dog. The Journal of Parasitology,
v.64, n.6, p.1067-73, 1978.
JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Patologia veterinária. São Paulo: Manole, 2000. p. 560-6.
LORENZINI, G.; TASCA, T.; DE CARLI, G.A. Prevalence of intestinal parasites in dogs and cats under
veterinary care in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal
Science, v.44, n.2, p.137-45, 2007.
NERY-GUIMARÃES, F.; LAGE, H.A. Prevalência e ciclo evolutivo de “Isospora felis” Wenyon, 1923 e
“Isospora rivolta” (Grassi, 1879) Wenyon, 1923 em gatos. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.71, n.1-2, p.43-
54, 1973.
OLIVEIRA-SEQUEIRA, T.C.G. et al. Prevalence of intestinal parasites in dogs from São Paulo State, Brazil.
Veterinary Parasitology, v.103, n.1-2, p.103-19, 2002.
RAGOZO, A.M.A.; MURADIAN, V.; RAMOS E SILVA, J.C.; CARAVIERI, R.; AMAJONER, V.R.;
MAGNABOSCO, C.; GENNARI, S.M. Ocorrência de parasitas gastrintestinais em fezes de gatos da cidade de São
Paulo e Guarulhos. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.39, n.5, p. 244-46, 2002.
SLOSS, M.W.; ZAJAC, A.N.; KEMP, R.L. Parasitologia clínica veterinária. São Paulo: Manole, 1999. 198p.
URQUHART, G. M. et al. Parasitologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1998.
URQUHART, G.M.; ARMOUR, J.; DUNN, A.M.; JENNINGS, F.W. Parasitologia Veterinária. 2 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, p. 197- 203, 1998.
244
Cryptosporidium spp. em bezerros de diferentes sistemas de criação
Willian Marinho Dourado Coelho(1)*, Daniel Andrade da Silva (2), Claudimir
Couto Junior(2), Edilson Silva de Oliveira(2)
1FEA-FCAA, Professor - Curso de Medicina Veterinária – e-mail: [email protected]
2 FEA-FCAA, Discentes - Curso de Medicina Veterinária – e- mail: [email protected]
Introdução
A diarréia em bezerros tem sido relatada como uma doença multifatorial, resultante da interação
entre diversos agentes etiológicos (Langonietal., 2004), associados principalmente à imunidade (Benesi,
1999)e ao manejo do rebanho (Carneiro etal., 1988). Protozoários pertencentes ao gênero
Cryptosporidiumtem sido referidos como um dos principais causadores de transtornos gastrintestinais em
bovinos jovens(Oliveira Filho etal., 2007).
O objetivo deste estudo foi relatar a ocorrência da infecção por Cryptosporidiumspp. em bezerros
de corte e leite.
Material e métodos
Este trabalho foi autorizado pelo Comitê de Ética e Bem Estar Animal da Escola de Ciências
Agrárias e Veterinárias UNESP de Jaboticabal/SP, número do protocolo 005589-09.
Um total de 184 amostras fecais foram colhidas diretamente do reto de bezerros machos e fêmeas,
de diversas raças, provenientes dos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Destes
animais, 51,63% (95/184) eram destinados à pecuária de corte e 48,36% (89/184) a produção leiteira. A
detecção do parasito foi realizado pelo método de Kinyoun e pela reação em cadeia da polimerase (PCR)
para amplificação dos fragmentos dos genes da subunidade 18S rRNA e da glicoproteína GP60.
Resultados e discussão
Por meio de ambas as técnicas, foram observadas positividade em 1,05% (1/95) e 8,98% (8/89) dos
bezerros destinados à criação de corte e leite respectivamente.
245
Conclusão
Por meio destes resultados pode-se inferir que o manejo do rebanho é fator preponderante para a
ocorrência do parasito, sendo este tipo de infecção favorecida pelo sistema intensivo de criação adotado na
produção leiteira.
Referências
Langoni H, Linhares AC, Ávila FA, Da Silva AV, Elias AO 2004. Contribution to the study of diarrhea etiology
in neonate dairy calves in São Paulo state, Brazil.Braz J Vet Res AnimSci.41: 313-319.
Benesi FJ 1999. Síndrome diarréia dos bezerros. Rev CRMV-ES2: 10-13.
Carneiro JR, Campos DB, Linhares GC, Rodrigues N 1988.Eimeria em bovinos mestiços Zebu-Holandês
procedentes da bacia leiteira de Goiânia. ArqBrasMedVet
Oliveira Filho JP, Silva DPG, Pacheco MD, Mascarini LM, Ribeiro MG, Alfieri AA, Alfieri AF, Stipp DT,
Barros BJP, Borges AS 2007. Diarréia em bezerros da raça Nelore criados extensivamente: estudo clínico e etiológico.
Pesq Vet Bras27: 419-424.
246
Ocorrência de Cryptosporidium spp. em leitões, potros, bezerros,
cabritos e cordeiros
Willian Marinho Dourado Coelho, (1)*, Daniel Andrade da Silva (2), Claudimir
Couto Junior(2), Edilson Silva de Oliveira(2)
1FEA-FCAA, Professor - Curso de Medicina Veterinária – e-mail: [email protected]
2 FEA-FCAA, Discentes - Curso de Medicina Veterinária – e-mail: [email protected]
Introdução
A importância da criptosporidiose em alguns hospedeiros é traduzida principalmente pelo risco de
transmissão desta protozoonose e pelas perdas econômicas que esta infecção promove e importância para
a saúde pública, especialmente para crianças (Cama et al., 2008;Xiao et al., 2007) e indivíduos
imunodeprimidos (Araújo et al., 2008; Tzipori e Widmer, 2008.Cryptosporidiumspp, foram encontrados
em várias espécies animais, tais como cabritos (Pavlovic et al., 2010; Sanz et al., 2009), bezerros (Santín et
al., 2008), cordeiros (Fiuza et al., 2010), leitões (Fiuza et al., 2009) e potros (Chalmers et al., 2005).
O objetivo desta pesquisa foi verificar a ocorrência deste protozoário em leitões, potros e ruminantes,
que eram mantidos em um ambiente comum dentro da propriedade.
Material e métodos
Este trabalho foi autorizado pelo Comitê de Ética e Bem Estar Animal da Escola de Ciências
Agrárias e Veterinárias UNESP de Jaboticabal/SP, número do protocolo 005589-09.
Em São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, foram colhidas amostras fecais de 47
leitões, 26 potros, 184 bezerros, 158 cabritos e 44 cordeiros, de ambos os sexos e de diversas raças. A
detecção do parasito foi realizada pelo método de Kinyoun e pela reação em cadeia da polimerase (PCR)
para amplificação dos fragmentos dos genes da subunidade 18S rRNA e da glicoproteína GP60.
247
Resultados e discussão
Por meio de ambas as técnicas, foram observadas positividade em 6,52% (12/184) dos bezerros,
20,25% (32/158) dos cabritos e 2,12% (1/47) dos leitões, não sendo constatada a infecção nas demais
espécies animais estudadas.
Conclusão
Pode-se concluir que existe a infecção em Cryptosporidiumspp. em alguns estados brasileiros e em
diferentes categorias de animais de produção, sendo esta infecção verificada principalmente nos bovinos e
caprinos, e em menor porcentagem nas demais espécies contactantes.
Referências
Cama VA, Bern C, Roberts J, Cabrera L, Sterling CR, Ortega Y, Gilman RH, Xiao L (2008) Cryptosporidium
species and subtypes and clinical manifestations in children, Peru. Emerg Infect Dis 14:1567-1574.
Xiao L, Cama AV, Cabrera L, Ortega Y, Pearson J, Gilman R H (2007) Possible transmission of
Cryptosporidium canis among children and a dog in a household. J ClinMicrobiol45:2014-2016.
Araújo AJUS, Kanamura HY, Almeida ME, Gomez AHS, Pinto THL, Da Silva AJ (2008) Genotypic
identification of Cryptosporidium spp. isolated from HIV-infected patients and immunocompetent children of São
Paulo, Brazil. Rev Inst Med Trop 50:139-143.
Tzipori S, Widmer G (2008) A hundred-year retrospective on cryptosporidiosis. Trends Parasitol 24:184-189.
Pavlovic I, Ivanovic S, Zujovic M, Tomic Z (2010) Goat cryptosporidiosis and its importance at goat production
pathology. BiotechnolAnimHusb 26:187-192.
SanzCeballos L, Illescas Gómez P, SanzSampelayo MR, Gil Extremera F, Rodríguez Osorio M (2009)
Prevalence of Cryptosporidium infection in goatsmaintened under semi-extensive feeding conditions in the southeast
of Spain. Parasite 16:315-318.
Santín M, Trout JM, Fayer R (2008) A longitudinal study of cryptosporidiosis in dairy cattle from birth to 2
years of age.VetParasitol 155:15-23.
248
Fiuza VRS, Cosendey RIJ, Frazão-Teixeira E, Santín M, Fayer R, Oliveira FCR (2010) Molecular
characterizationofCryptosporidiumin Braziliansheep. VetParasitol 175:360-362.
Fiuza VRS, Cosendey RIJ, Pimentel FF, Oliveira FCR (2009) Cryptosporidium spp. em suínos de granjas
familiares e tecnificadas das regiões norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Rev Bras Saúde Prod An 10:356-
365.
Chalmers RM, Thomas AL, Butler BA, Davies Morel MCG (2005) Identification of Cryptosporidium parvum
genotype 2 in domestic horses. Vet Rec 156:49-50.
249
Estudo sobre a sensibilidade de nematóides gastrintestinais de ovinos a
diferentes vermífugos
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Edilson Silva de Oliveira (2) Daniel
Andrade da Silva (2) claudimir Couto Junior (2)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária
2FCAA, Aluno Curso de Medicina Veterinária e-mail:[email protected]
Introdução
O Brasil possui um rebanho com mais de 16,2 milhões de ovinos. Atualmente, a ovinocultura é uma
atividade econômica em expansão em todo o território nacional. Entretanto, um dos principais fatores
limitantes ao maior aproveitamento econômico desta atividade é o parasitismo por nematódeos
gastrintestinais
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia da moxidectina, levamisole, closantel, ivermectina e
albendazole sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos machos da região noroeste do estado de São Paulo
Material e métodos
Empregou-se o teste in vivo de redução de contagem de ovos nas fezes para avaliar a eficácia de
benzimidazóis, imidotiazoles, salicinalinidas e lactonas macrocíclicas sobre populações helmínticas de 11
rebanhos da região noroeste do Estado de São Paulo. As fezes foram examinadas quantitativamente pela
Técnica de Gordon & Withlock. Também foram feitas coproculturas para obtenção de larvas infectantes.
Resultados e discussão
Resultado Em Cinco das 10 propriedades foi verificada eficácia da moxidetina contra parasitos
gastrintestinais. Encontraram isolados sensíveis à moxidectina em apenas três de nove propriedades
testadas resistência anti-helmíntica à moxidectina em 38% dos rebanhos estudados. Igualmente, o
levamisole foi eficaz em cinco dentre os 10 rebanhos everminados. Resistência onde 41,2%; 44,4% e 33,3%
250
das propriedades estudadas apresentaram isolados de helmintos resistentes, respectivamente. O closantel
foi eficaz em apenas um dos 10 rebanhos analisados deste trabalho. Ivermectina e albendazole foram
ineficazes para todos os rebanhos testados. O uso da ivermectina oral em fêmeas apresentou um percentual
de eficácia de 82,3%, 82,3% e 94,0% aos sete, 14 e 21 dias após o início do tratamento e, nos machos a
redução encontrada foi na ordem de 79,4%, 56,4% e 51,3%. Os resultados obtidos enquadram-se com o
que preconiza, em que a droga em fêmeas é moderadamente efetivo e nos machos insuficientemente ativo,
ou seja, não registrável. Haemonchus foi o gênero predominante nas coproculturas realizadas com fezes
obtidas após os tratamentos, os gêneros de helmintos de maior ocorrência, no Estado de São Paulo são
Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp., Oesophagostomum spp. e Strongyloides spp.,
todos representantes da família Trichostrongylidae Nesta família encontram-se os endoparasitos de maior
importância e patogenicidade nas infecções de ovinos. Haemonchus contortus é o nematódeo de maior
patogenicidade que acomete os ovinos
Conclusões
Conclusão Pode-se concluir com este estudo que a resistência helmíntica está presente na maior
parte dos rebanhos de ovinos da região noroeste do estado de São Paulo e que, a maior parte dos anti-
helmínticos utilizados apresenta pouca ou nenhuma eficácia, especialmente no que diz respeito à
ivermectina e ao albendazole.
Referências
AMARANTE, A. F. T. Controle da verminose ovina. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária,
Brasília, Ano XI, n. 34, p. 19-30, 2005.
Buzzulini C., Silva-Sobrinho A.G., Costa A.J., Santos T.R., Borges F.A. & Soares V.E. 2007. Eficácia anti-
helmíntica comparativa da associa- ção Albendazol, Levamisole e Ivermectina à Moxidectina em ovinos. Pesq.
Agropec. Bras. 42(6):891-895.
CUNHA-FILHO L.F.C., PEREIRA A.B.L. & YAMAMURA M.H. 1998. Resistênciaa anti-helmínticos em
ovinos na região de Londrina, PR, Brasil.Semina 19(1):31-37.
251
HANDRAWATHANI P., ADNAN M. & WALLER P.J. 1999. Anthelmintic resistance in sheep and goat farms
on Peninsular Malaysia. Vet. Parasitol. 82:305-310. Coles G.C., Bauer C., Borgsteede F.H.M., Geerts S., Klei T.R.,
Taylor M.A. &
Waller P.J. 1992. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (WAAVP) methods for
detection of anthelmintc resistance in nematodes of veterinary importance. Vet. Parasitol. 44:35- 44.
ECHEVARRIA, F. A. M.; BORBA, M. F. S.; PINHEIRO, A. C.; WALLER, P. J.; HANSEN, J. W. The
prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep in Southern Latin América: Brazil. Veterinary
Parasitology, Amsterdan, v. 62, p. 199-206, 1996.
FREITAS, M. G. Helmintologia veterinária. Belo Horizonte: Copiadora e Editora Rabelo & Brasil, 1976. 396.
FORTES, E. Parasitologia Veterinária. 2ª ed. Porto Alegre: Editora Suelina. 606p. 1993
GMC - GRUPO MERCADO COMUM 1996. Regulamento Técnico para Registros de Produtos
Antiparasitários de Uso Veterinário. Decisão no.4/91, Resolução no.11/93. Mercosul, Resolução no.76/96.
252
Carrapaticidas e inseticidas no controle de escorpiões
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Edilson Silva de Oliveira (2), João
Vitor Rodrigues Padovan(2), Gabriel Banos Rodrigues (2),
Alan dos Santos Cardoso (2), Claudimir Couto Junior (2)
1FCAA (Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Professor Curso de Medicina Veterinária
2FCAA, Aluno Curso de Agronomia
Introdução
Os escorpiões pertencentes ao gênero Tityus são os principais causadores de acidentes escorpiônicos
no Brasil,sendoa espécie Tityus serrulatus, popularmente conhecida como escorpião amarelo, a mais
peçonhenta de todas (Cupo et al., 2003). Para evitar a ocorrência da infestação das residências e seus
arredores por escorpiões, muitas são as recomendações feitas pelos órgãos responsáveis pelo controle de
endemias, tais como: evitar o acúmulo de lixo e entulhos nos quintais, manter ralos e caixas de gordura
devidamente fechados, evitar frestas nas portas, promover a inspeção dos jardins próximos às casas e,
principalmente, realizar a aplicação de inseticidas periodicamente (Da Silva et al., 2005).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia de diferentes produtos utilizados como carrapaticidas
e inseticidas no controle de escorpiões, na região Noroeste do Estado de São Paulo.
Material e métodos
Para avaliar a letalidade dos princípios ativos, foi pulverizado sobre os escorpiões que se
encontravam em abrigos no meio ambiente e também, naqueles que foram capturados e colocados em
recipientes contendo furos na sua parte inferior e laterais os seguintes produtos: Cipermetrina 150g/L
(Barrage®), Piretróides (Baygon®) Deltametrina 25,0 g/L (Butox®), Cipermetrina 10g/L (Cypermeit®),
Cipermetrina 15,0g/L Clorpirifós 25,0g/L Citronela 1,0 g/L (Colosso®), Imiprotrina 0,015g/L Permetrina
0,069g/L (Detefon®) Diazinon 50,0g/L (Diazinon®), Clorpirifós 50g/L Cipermetrina high-cis 6g/L
(Flytion®) e Amitraz 12,5g/L (Triatox®), preparados conforme recomendações do fabricante e aplicados
253
com a utilização de bomba costal. Além destes, os inseticidas aerossóis com Imiprotrina 0.020% Permetrina
0.050% Esbiotrina 0.100% (SBP®), Praletrina, Imiprotrina Cipermetrina (Baygon®), Imiprotrina
Deltametrina (Mortein®) também foram utilizados diretamente sobre os animais. A repelência foi avaliada
com inspeção visual periódica dos abrigos durante sete dias ininterruptos.
Resultados e discussão
Foi verificado que os produtos Baygon® líquido associado à citronela e o Detefon® líquido foram
os mais letais para os escorpiões, resultando na morte destes artrópodes em até um minuto e meio no
máximo. Embora o produto Colosso® tenha apresentado uma letalidade inferior quando comparada aos
dois produtos acima mencionados, sua taxa de letalidade foi boa com repelência elevada (Tabela 1).
Tabela 1. Princípios ativos utilizados no controle de escorpiões na região Noroeste do Estado de São Paulo,
2015.
Produto/princípio ativo Eficácia
Barrage® - Cipermetrina 150g/L +b
Baygon® líquido - Piretróides + citronelal ++++a
Butox® - Deltametrina 25,0 g/L +b
Cypermeit® - Cipermetrina 10g/L +b
Colosso® - Cipermetrina 15,0g/L + Clorpirifós 25,0g/L +
Citronelal 1,0 g/L
+++a
Detefon® líquido - Imiprotrina, 0,015g/L + Permetrina 0,069g/L ++++b
Diazinon® - Diazinon 50,0g/L +c
Flytion® - Clorpirifós 50g/L + Cipermetrina high-cis 6g/L ++a
Triatox® - Amitraz 12,5g/L ---d
Letalidade: --- eficácia nula; + ruim; ++ regular; +++ bom; ++++ excelente
Repelência: a (elevada); b (moderada); c (baixa); d (nula)
Conclusões
Além da realização da limpeza das casas e terrenos, da disposição adequada do lixo e da eliminação
de áreas com entulhos, a aplicação de alguns produtos químicos comercialmente apresentados como
254
carrapaticidas e inseticidas podem se constituir numa forma alternativa de controle de escorpiões,
resultando em sua morte ou criando um ambiente desfavorável à sua colonização.
Referências
CUPO, P.; AZEVEDO-MARQUES, M.M.; HERING, S.E. Acidentes por animais peçonhentos: escorpiões e
aranhas. Medicina, Ribeirão Preto. 36: 490-497, 2003.
DA SILVA, S.T.; TIBURCIO, I.C.S.; CORREIA, G.Q.C.; AQUINO, R.C.T. Escorpiões, aranhas e serpentes:
aspectos gerais e espécies de interesse médico no estado de Alagoas. Séri: Maceió: EDUFAL, 2005.
255
Endectocidas no Controle de Bichos-barbeiros
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Edilson Silva de Oliveira (2)
João Vitor Rodrigues Padovan (2) Gabriel Banos Rodrigues (2)
Robson Dourado (2) Alan dos Santos Cardoso (2)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária
2FCAA, Aluno Curso de Agronomia e-mail: [email protected]
Introdução
Existem aproximadamente 17 espécies de insetos incriminados como vetores do Trypanosoma cruzi.
Mais importante, a sua totalidade possui hábitos preferencialmente domiciliares como é o caso do bicho
barbeiro. Estes insetos coabitam com seres humanos e animais de criação resultando na transmissão da
tipanosomíase (Silveira, 1985; Toledo et al., 1997). Uma série de moléculas químicas têm sido empregadas
para promover o controle desta praga sendo, os organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides
os inseticidas mais conhecidos e utilizados (Dias & Zerba, 2001). Entretanto, a persistência de focos destes
parasitos em áreas submetidas a sucessivos ciclos de tratamento domiciliar ainda ocorrem nas mais diversas
áreas do país (Silveira, 2000).
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficácia da cipermetrina isolada, cipermetrina associada ao
clorpirifós e citronelal, piretróides, deltametrina, imiprotrina associada a permetrina e amitraz no controle
de Triatoma sordida e Panstrongylus megistus em municípios da região noroeste do Estado de São Paulo.
Material e métodos
A procura pelos parasitos iniciou-se nas propriedades rurais do município de Andradina, Itapura e
Entre Rios-SP. Os parasitas foram localizados no interior de abrigos junto a chiqueiros, galinheiros e em
áreas com entulho e madeira amontoados. Os produtos Cipermetrina 150g/L, Piretróides, Deltametrina 25,0
g g/L, Cipermetrina 10g/L, Cipermetrina 15,0g/L + Clorpirifós 25,0g/L + Citronelal 1,0 g/L, Imiprotrina,
0,015g/L + Permetrina 0,069g/L, Diazinon 50,0g/L, Clorpirifós 50g/L + Cipermetrina high-cis 6g/L,
Deltametrina 25g/L e Amitraz 12,5g/L foram preparados conforme recomendações do fabricante. Para
256
tanto, a letalidade do produto foi considerada após a constatação da morte dos insetos e classificada como
de eficácia nula (---) na ausência da morte dos parasitas, ruim (+) com morte em até 12 horas, regular (++)
com morte em até seis horas; bom (+++) com morte em até uma hora e excelente (++++) com morte
instantânea ou que não supere 10 minutos. Também foi realizada pulverização diretamente sobre os insetos
ainda no interior dos abrigos observando-se o efeito repelente durante sete dias. A repelência foi avaliada
com inspeção visual periódica dos abrigos durante sete dias ininterruptos, sendo classificado como elevada
(ausência de triatomíneos por sete dias ou mais), moderada (ausência de triatomíneos por cinco dias), baixa
(ausência de triatomíneos por três dias), nula (quando foram observados triatomíneos em qualquer um dos
dois primeiros dias pós-pulverização).
Resultados e discussão
Observou-se que os produtos com maior taxa de letalidade também foram os que tiveram maior ação
repelente (Tabela 1). Os produtos a base de piretróide e citronela, cipermetrina com clorpirifós e citronelal
e também, a imiprotrina associada a permetrina repeliram os insetos por até 16 dias nos locais de aplicação.
O Amitraz demonstrou eficácia reduzida no controle destas duas espécies de parasitos.
Tabela 1. Eficácia da cipermetrina isolada, cipermetrina associada ao clorpirifós e citronelal, piretróides,
deltametrina, imiprotrina associada a permetrina e Amitraz no controle de Triatoma sordida e
Panstrongylus megistus em municípios da região noroeste do Estado de São Paulo.
Composição/princípio ativo Eficácia
Cipermetrina 150g/L +++b
Piretróides + citronela ++++a
Deltametrina 25,0 g g/L ++b
Cipermetrina 10g/L ++b
Cipermetrina 15,0g/L + Clorpirifós 25,0g/L + Citronelal 1,0 g/L ++++a
Imiprotrina, 0,015g/L + Permetrina 0,069g/L ++++a
Diazinon 50,0g/L ++b
Clorpirifós 50g/L + Cipermetrina high-cis 6g/L +++a
Amitraz 12,5g/L +c
Legenda: Letalidade: --- eficácia nula; + ruim; ++ regular; +++ bom; ++++ excelente
Repelência: a (elevada); b (moderada); c (baixa); d (nula)
257
Conclusões
Pode-se concluir com estes resultados que diferentes produtos químicos foram eficazes no controle
do bicho barbeiro em áreas rurais da região noroeste do estado de São Paulo, sendo estes produtos, em sua
maioria, apresentados comercialmente como carrapaticidas e inseticidas. Como trata-se de produtos de
baixo custo, estes princípios ativos podem constituir-se numa forma alternativa de controle de triatomíneos,
contribuindo para a redução na incidência da doença de Chagas em áreas endêmicas
Referências
DIAS, J.C.P; ZERBA, E.N. Emprego do pote de fumígeno para proteção de insetário e sua ação residual
contra triatomíneos, em condições de laboratório. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 34(6):
507-510, nov-dez, 2001.
SILVEIRA, A.C. O Programa de Doença de Chagas no Brasil. Brazília D.F, Ministério de la Salud,
Esplanada dos Ministérios. Bloco 11, Anexo A-3, Andar 70.000. 65(Sup. 1): 137 – 148, 1985.
258
Eficácia de endectocidas no controle químico de culicídeos
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Elaine Cristina de Jesus Rodrigues(2),
Gabriel Terçariol Matsunaka (2), Edilson Silva de Oliveira (3), Wilma Starke
Buzetti(4), Katia Denise Saraiva Bresciani (5)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária e-mail: [email protected]
2FISMA, Aluno Graduação Curso de Agronomia e-mail: [email protected]
3FCAA, Aluno Graduação Curso de Medicina Veterinária
4 FEIS, Professora Curso de Biologia e Zootecnia
5 FMVA, Professora Curso de Medicina Veterinária
Introdução
Existem diversos patógenos causadores de doenças que são transmitidos ao ser humano por meio de
insetos vetores e algumas doenças têm afetado grandes massas populacionais e todo o mundo. Entre as
enfermidades, destaca-se a dengue, que é considerada a arbovirose de maior importância para a saúde
pública no cenário mundial. Estima-se que mais de 40% da população mundial viva em áreas de risco para
esta doença e que, nos últimos anos, tem ocasionado cerca de 270 milhões de casos/ano.
O objetivo deste trabalho e avaliar a eficácia da cipermetrina isolada, cipermetrina associada ao
clorpirifós e citronelal, piretróides, deltametrina e imiprotrina no controle de pernilongos.
Material e métodos
Para avaliar a letalidade dos princípios ativos, foi pulverizado sobre os insetos adultos, diretamente
no meio ambiente e no interior de residências os produtos Cipermetrina 150g/L (Barrage®) Piretróides
(Baygon®) Deltametrina 25,0 g g/L (Butox®) Cipermetrina 10g/L (Cypermeit®) Cipermetrina 15,0g/L
Clorpirifós 25,0g/L Citronela 1,0 g/L (Colosso®) Imiprotrina 0,015g/L Permetrina 0,069gqL(Detefon®)
Diazinon 50,0g/L (Diazinon®) Clorpirifós 50g/L Cipermetrina high-cis 6g/L (Flytion®) e Amitraz 12,5g/L
(Triatox®), preparados conforme recomendações do fabricante e aplicados com a utilização de bomba
costal. Dentro de copos plásticos descartáveis. O grupo 1 contendo água potável (G1 controle), Barrage®
259
(G2), Baygon®(G3), Butox®(G4), Cypermeit®(G5), Colosso®(G6), Detefon(G7), Flytion®(G8),
Triatox®(G9). A eficácia como repelente foi avaliada através da inspeção visual de mosquitos no ambiente
interno e externo das residências tratadas com estes produtos. Baldes contendo água de torneira (B1) e
outros contendo água de torneira com Barrage® (B2), Baygon®(B3), Butox®(B4), Cypermeit®(B5),
Colosso®(B6), Detefon(B7), Flytion®(B8), Triatox®(B9), foram espalhadas no meio ambiente para
avaliar a ovoposição e o desenvolvimento de larvas de pernilongos.
Resultados e discussão
No presente trabalho foram verificados a eficiência do controle químico ambiental como repelente
e letal quando aplicado diretamente sobre o díptero, com exceção do amitraz que obteve uma eficiência
ruim. Ainda, não foi verificado crescimento de larvas nos baldes contendo os produtos avaliados neste
estudo. Os produtos Colosso®, Baygon® e Detefon® foram excelentes em termos de letalidade de
pernilongos. Todavia, este último apresentou repelência moderada. Entretanto, o produto Triatox necessitou
ser aspergido em elevada concentração para repelir os pernilongos. No balde controle, houve
desenvolvimento de larvas logo nos primeiros dias do estudo.
Tabela 1- Contendo letalidade e repelência de cada produto utilizado no presente trabalho.
Letalidade: --- eficácia nula; + ruim; ++ regular; +++ bom; ++++ excelente;
Repelência: a (elevada); b (moderada); c (baixa); d (nula)
Conclusões
Podemos concluir que a aplicação de alguns produtos carrapaticidas e inseticidas foi eficaz no
controle de pernilongos, podendo ser utilizados pela população como uma importante ferramenta no
controle químico do vetor.
Colosso Baygon Flytion Detefon Butox
K-
Othrine Cypermeit Barrage Diazinon Triatox
Líquido
citronela Líquido
Pernilongos ++++a ++++b +++b ++++b ++b ++c ++c ++c ++b +c
260
Referências
ALBAGLI, S. Divulgação cientifica: informação cientifica para a cidadania? Ciência da Informação,
Brasília, v. 25, n. 3, p. 396-404, 1996.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Preparação e Resposta à Introdução do Vírus Chikungunya no Brasil. Brasília/ DF. 2014.
BRASIL, OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Preparativos e resposta para o vírus de
Chikungunya nas Américas. Informação para profissionais da área da saúde: Febre Chikungunya.
Washington,D.C.Disp:<http:/www.paho.org/hq/index.phpoption=com_docman&task=doc_download&g
id=16984& Itemid=&lang=en> em 2011 e acessado em julho de 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia prático de tratamento de malária
no Brasil. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde, 2010.
261
Eficácia de Carrapaticidas e Inseticidas no Controle Ambiental de
Flebotomíneos
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Elaine Cristina de Jesus Rodrigues (2),
Nubia Priscila de Oliveira Crispim (2), Wilma Starke Buzetti (3), Katia Denise
Saraiva Bresciani (4), Thiago Batista Vieira(2)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária e-mail: [email protected]
2FISMA, Aluno Graduação do Curso de Agronomia e Medicina Veterinária e-mail:
3 FEIS, Professora Curso de Biologia e Zootecnia
4 FMVA, Professora Curso de Medicina Veterinária
Introdução
Os flebotomíneos (Lutzomya longipalpis) apresentam-se amplamente distribuídos em diversos
países, sendo o território brasileiro considerado como área endêmica para esses parasitos, que atuam como
vetores de importantes doenças aos animais e ao ser humano, especialmente as leishmanioses. Nas
Américas o gênero Plebotomus é o de maior importância, podendo ser encontrados em regiões frias e
quentes, secas e úmidas, altas e baixas, com algumas espécies implicadas na transmissão dos agentes
causais das leishmanioses, bartoneloses, entre outros (MONTEIRO, 2012; OVALLOS, 2011; ANDRADE
et al., 2012).
Pesquisadores relatam que a interrupção do ciclo da leishmaniose a partir do controle de seu vetor
por meio do uso de inseticidas permitidos pode ser a opção mais barata e aplicável (MONTEIRO, 2012;
ANDRADE et al., 2012).
O objetivo deste trabalho foi verificar a eficácia da utilização de carrapaticidas e inseticidas no
controle de flebotomíneos na cidade de Andradina, Estado de São Paulo.
262
Material e métodos
Para avaliar a letalidade dos princípios ativos, foram pulverizados diretamente nas casas e terrenos
baldios os produtos Cipermetrina 150g/L (Barrage®), Piretróides (Baygon®), Deltametrina 25,0 g g/L
(Butox®), Cipermetrina 10g/L (Cypermeit®), Cipermetrina 15,0g/L Clorpirifós 25,0g/L Citronela 1,0 g/L
(Colosso®), Imiprothrin 0,015g/L Permetrina 0,069g/L (Detefon®), Diazinon 50,0g/L (Diazinon®),
Clorpirifós 50g/L Cipermetrina high-cis 6g/L (Flytion®) e Amitraz 12,5g/L (Triatox®); sendo estes
escolhidos devido o seu baixo custo e, os mesmos foram preparados conforme recomendações do fabricante
e aplicados com a utilização de bomba costal. A letalidade do produto foi considerada após a constatação
da morte dos insetos e classificada como de eficácia nula (---) na ausência da morte dos parasitas, ruim (+)
com morte em até duas horas, regular (++) com morte em até uma hora; bom (+++) com morte em até meia
hora e excelente (++++) com morte instantânea ou que não supere a cinco minutos. A repelência foi avaliada
com inspeção das armadilhas a gás pós-pulverização, sendo classificado como elevada (ausência de
triatomíneos por sete dias ou mais), moderada (ausência de triatomíneos por cinco dias), baixa (ausência
de triatomíneos por três dias), nula (quando foram observados triatomíneos em qualquer um dos dois
primeiros dias pós-pulverização).
Resultados e discussão
Com a realização deste estudo podemos observar que os produtos à base de cipermetrina isolada ou
associada a outros princípios ativos apresentou resultados satisfatórios no combate dos flebotomíneos, além
de proporcionar elevada capacidade de repelência. Deste modo, os resultados obtidos coincidiram aos de
Falavigna-Guilherme et al., (2002), que observaram quantidade inferiores de repelência em relação aos
nossos resultados.
Tabela 1 - Eficácia da cipermetrina, clorpirifós, permetrina e imiprotrim no controle de flebotomíneos em
municípios da região noroeste do Estado de São Paulo.
Composição/princípio ativo Eficiência
Barrage® ++b
Baygon® ++++b
Butox® ++b
Cypermeit® ++b
263
Legenda: Letalidade: --- eficácia nula; + ruim; ++ regular; +++ bom; ++++ excelente
Repelência: a (elevada); b (moderada); c (baixa); d (nula)
Conclusões
Observando os resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que diferentes produtos
químicos foram eficazes no controle de flebotomíneos em infestadas na região noroeste do estado de São
Paulo, sendo estes produtos, em sua maioria, apresentados comercialmente como carrapaticidas e
inseticidas. Como trata-se de produtos de baixo custo, estes princípios ativos podem constituir-se numa
forma alternativa de controle de flebotomíneos em áreas endêmicas
Referências
FALAVIGNA-GUILHERME, A.L.; COSTA, A.L.; BATISTA, O.; PAVANELLI, G.C.; ARAÚJO, S.M.
Atividade educativa para controle de triatomíneos em área de vigilância epidemiológica do estado do Paraná,
Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 18 (6): 1543-1550, 2002.
MONTEIRO, C. C.; O papel da microbiota intestinal na competência vetorial do Lutzomyia longipalpis
para a Leishmania (Leishmania) infantum chagasi e a transmissão do parasito ao vertebrado pela da picada.
2012. 71f.
OVALLOS, F. G.; Estudo da capacidade vetorial de Migonemyia migonei (França) e de Pintomyia
fischeri (Pinto) (Diptera: Psychodidae) para Leishmania (Leishmania) infantum chagasi Cunha & Chagas.
2011. 107f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia) – Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública,
Universidade São Paulo, São Paulo.
Colosso® ++++a
Detefon® ++++b
Diazinon® ++b
Flytion® +++b
K-Othrine® ++b
Triatox® +c
264
Leishmaniaspp.em Animais Silvestres e em seus Ectoparasitos
Willian Marinho Dourado Coelho(1)*,Gabriel Banos Rodrigues (2), Alan dos Santos
Cardoso(2), Edilson Silva de Oliveira (2), João Vitor Rodrigues Padovan (2)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária. e-mail: [email protected]
2FEA, Aluno Curso de Agronomia e-mail: [email protected]
Introdução
As leishmanioses são doenças parasitárias de caráter antropozoonótico, causadas por protozoários
do gênero Leishmania,da família Trypanosomatidae, os quais são amplamente distribuídos no mundo,
infectando uma grande variedade de animais domésticos, silvestres e, eventualmente, o ser humano
(Ashford, 1996). A transmissão de Leishmaniaspp.Se dá primariamente por meio da picada de fêmeas de
flebotomíneos dos gêneros Lutzomyia, no Novo Mundo, e Phlebotomus, no Velho Mundo, ocorrendo a
transmissão por meio da inoculação de saliva pela picada do inseto (Brasil, 2006; Castelano, 2005).O
processo de urbanização, a migração de pessoas do espaço rural, a ocupação urbana desordenada com
desmatamentos ilegais, o desenvolvimento da malha rodo ferroviária, construção de hidroelétricas,
monoculturas, bem como a adaptação e introdução de novos hospedeiros nesta paisagem facilitaram a
transmissão da doença em novas áreas, gerando zonas endêmicas e epidêmicas.
O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de Leishmaniaspp. em animais silvestres e seus
respectivos ectoparasitos por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), histoquímica e exame
parasitológico com imprintde tecidos.
Material e métodos
Esta pesquisa foi conduzida entre os anos de 2007 e 2014, coletando-se amostras de tecidos de
mamíferos e aves silvestres atropelados ao longo das rodovias do interior paulista, além de seus
ectoparasitos. Foram coletadas amostras de baço, fígado, linfonodos e lesões cutâneas de quatro capivaras,
treze tatus, dois quatis, duas seriemas, um lobo guará, uma anta, três tamanduás, cinco cachorros do mato,
dois catetos, quatro gambás e uma onça parda, realizando-se imprint de tecidos, histoquímica e PCR. Os
265
ixodídeos coletados foram quantificados, classificados e remetidos em duas alíquotas para serem
analisados, utilizando as técnicas de PCR e histoquímica. A infestação foi determinada com base na
contagem de teleógenas com tamanho entre 4 e 8mm de comprimento, em apenas um dos lados dos animais.
Resultados e discussão
Em nosso estudo não foi verificada positividade para Leishmania spp. Em nenhum dos mamíferos
e artrópodes analisados. Entretanto, foi constatada a ocorrência de Dermacentor (Anocentor)
nitens(33,3%), Amblyommacajennense(41,6%), Rhipicephalus (Boophilus) microplus (58,3%) e
Rhipicephalus sanguineus (25%). Segundo Mckenzie (1984), em seus estudos foi comprovada a
transmissão transestadial de Leishmania em R. Sanguineus é que o protozoário era capaz de sobreviver no
carrapato por um período superior a 100 dias, além de apresentar formas promastigotas semelhantes aquelas
encontradas nos flebotomíneos vetores.Em estudos realizados no Brasil foram encontradas formas de
promastigotas e DNA de Leishmania em R. sanguineus, segundo relatos de Silva et al., (2007) e Coutinho
et al., (2005), vindo de forma contrária aos nossos dados.De fato, as evidencias disponíveis sugerem que
Rh. Sanguineuspode estar envolvido na epidemiologia da leishmaniose visceral canina. Pois, estes
artrópodes estão inteiramente interligados e presentes em animais domésticos e silvestres residentes em
áreas endêmicas.Como observado em nosso estudo o R. sanguineus foi o que obteve a menor prevalência
nos cães que participaram da pesquisa. Mais que isso, o estudo revelou que o Rhipicephalus (Boophilus)
microplusé um ectoparasita comum no interior paulista. Esse carrapato é comum em canídeos silvestres e
cães de área rural (Labrunaet al., 2000).A leishmaniose visceral é uma doença negligenciada de difícil
controle, o registro de duas vacinas contra a leishmaniose visceral canina abriu novas perspectivas para o
controle da doença no Brasil (Dantas-Torres, 2006e, 2009).
Conclusões
Pode-se concluir que não houve ocorrência de leishmaniose nos animais silvestres analisados,
possivelmente, devido ausência da parasitose no meio rural ou devido à baixa carga parasitária que estes
animais apresentam. Podemos inferir ainda que o habitat destes animais, nestas regiões, tem-se mostrado
desfavorável à cadeia epidemiológica natural desta parasitose nas matas, fazendo prevalecer nestas áreas o
ciclo urbano desta zoonose. Ainda, conclui-se com este estudo que, a presença de carrapatos dos bovinos e
caninos nas diferentes espécies estudadas evidencia a existência de áreas de sobreposição territorial entre
266
os animais silvestres e domésticos, provavelmente como resultado da degradação ambiental, gerando riscos
para os animais e também para o ser humano.
Referências
ASHFORD, R.W. Leishmanias is reservoirs and their significance in control. ClinDermatol, 1996; 14:523-
532.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Manualde vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 120
p.
MCKENZIE, K. K. A study of the transmission of canine leishmaniasis by the tick,
Rhipicephalussanguineus(Latreille), and an ultrastructural comparison of the promastigotes. 1984. 165 p.
Tese(Doutorado) - Oklahoma State University,Oklahoma, 1984.
SILVA, O. A. et al. La leishmaniose visceralecaninedansleNord-EstduBresil: aspectsepidemiologiques.
Bulletin de laSociété de PathologieExotique, Paris, v. 100, n. 1, p. 49-50, Feb. 2007.
COUTINHO, M. T. et al. Participation of Rhipicephalussanguineus(Acari: Ixodidae) in the epidemiology of
canine visceral leishmanias is. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 128, n. 1/2, p.149-155, Mar. 2005.
267
Fluazuron 2,5% no tratamento de bovinos naturalmente infestados
com Rhipicephalus (Boophilus) microplus
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Gustavo Henrique Oliveira Dias (2) João
Paulo Dal Santo Ferreira (2) , Alan Dos Santos Cardoso, Marcio San Miguel
Marcello, Robson Dourado(2)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária - [email protected]
2FISMA, Aluno Curso de Agronomia – [email protected]
Introdução
Os Rhipicephalus (Boophilus) microplus, carrapato do bovino, é o parasito mais importante dos
bovinos por causar grande estresse nos animais, lesões no couro, transmissão de patógenos, sendo assim,
responsável por grandes perdas econômicas na pecuária mundial.Devido a resistência adquirida por estes
parasitos aos antiparasitários comerciais,também pelo uso indevido dos mesmos pelos pecuaristas, tem-se
uma frequente busca por novas associações e novos princípios.O Fluazuron, "pour-on", cujo modo de
atuação interfere no desenvolvimento normal do carrapato, por se tratar de um inibidor de crescimento, é
uma nova possibilidade biológica em potencial, a ser utilizada no controle deste parasita.
O objetivo deste estudo foi de avaliar a atividade do Fluazuron 2,5% contra Rhipicephalus
(Boophilus) microplusem uma fazenda leiteira do estado de São Paulo.
Material e métodos
Para o estudo, foram selecionados 20 bovinos, em bom estado nutricional e de saúde, apresentando
no minimo 20 partenoginas (média de três contagens consecutivas), entre 4,5 e 8,0 mm, presentes em todo
lado esquerdo dos animais. Utilizando-seo número médio de carrapatos contados nos dias -3, -2 e -
1, os animais foram distribuídos em dois grupos com 10 bovinos cada. A constituição destes grupos foi
casualizada e obedeceu ao seguinte critério: os animais foram listados em ordem decrescente pela médio
de ixodídeos. Os dois animais com as contagens mais elevadas foram destinados à repetição número 1, os
dois seguintes à repetição número 2 e, assim, sucessivamente até a formação das 10 repetições. O grupo
268
I (controle), e o grupo II (Fluazuron 2,5%), foram tratados na dose 1mL para cada 10 Kg de peso vivo.
Após o tratamento, os dois grupos permaneceram em pastos diferentes, contendo alimento e água a vontade.
As contagens foram repetidas a cada sete dias até que a eficácia fosse inferior a 80%.Para o calculo da
eficácia, foi utilizado a formula:
Eficácia= 100 - CI x TA x 100
TI x CA
Onde:
CI = Média das contagens do Dia zero do grupo controle.
CA = Média das contagens do Dia pós tratamento do grupo controle.
TI = Média das contagens do Dia zero do grupo tratado.
TA = Média das contagens do Dia pós tratamento do grupo tratado.
Resultados
Tabela 1 - Percentuais de eficácia e médias das contagens de fêmeas de R. (B.) microplus em bovinos
pertencentes aos grupos controle e tratado. Médiasaritméticas.
Dias Pós-tratamento
Grupos experimentais /Número médio de R.
(B.) microplus Eficácia (%)
GI - Controle GII – Fluazuron 2,5% GII – Fluazuron 2,5%
Zero 68,10 68,17 -
3 67,50 51,90 23,19
7 67,10 30,80 54,14
14 58,60 5,10 91,31
21 48,60 0,30 99,38
28 42,70 0,00 100,00
35 40,40 1,20 97,03
42 47,20 5,60 88,15
49 43,60 14,90 65,86
269
Conclusão
Seguindo com base nas exigências do MAPA, para registro de produtos antiparasitários, o Fluazuron
2,5%, foi eficaz contra o R. (B.) micropluspor 28 dias (14º ao 42º dia pós-tratamento), sendo assim, o
Fluazuron 2,5% ainda pode ser indicado em propriedades do estado de São Paulo como carrapaticida.
Referências
HORN, S.C. Carrapato, berne e bicheira no Brasil. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária,
SDSA, Ministério da Agricultura, 1983. 153 p.
JUNQUERA, P.; CORRÊA, I.; SCHMID, H.R.; FRIEDEL, T.F.; HESS, E.A.; HÃUSEMANN, W. Fluazuron,
a new tick development inhibitor as a tool for the management of acaricide resistance in the caule tick,
Boophilusmicroplus. In: Workshop FAO/IPVDF, 21-25 nov. 1994, Porto Alegre.
NOLAN, J. Resistance management of acaricide resistance in the cattle tick, Boophilusmicroplus. In: Workshop
FAO/IPVDF, 21-25, nov. 1994, Porto Alegre.
MARTINS, I.R.; CORRÊA, B.L.; CERESÉR, V.H.; ARTECHE, C.C.P. Acaricide resistance in the caule tick,
Boophilusmicroplus, in the state of Rio Grande do Sul, southem Brazil. In: BIENNIAL MEETING SOCIETY FOR
TROPICAL VETERINARY MEDICINE, 3, San Jose, Costa Rica, May 8-12, 1995.
270
Co-infecções por Leishmania (L.) chagasi e Trypanosoma evansi em Cães
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Gustavo Henrique Oliveira Dias (2) João
Paulo Dal Santo Ferreira (2) , Marcio San Miguel Marcello(3), Robson Dourado(3) ,
Wilma Starke Buzetti4
1FCAA(Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Professor do Curso de Medicina Veterinária -
2FISMA(Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina ), Aluno do Curso de Agronomia –
[email protected]; [email protected]
3FCAA(Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Aluno do Curso de Medicina Veterinária-
[email protected]; [email protected]
4FEIS(Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira UNESP), Professora do curso de Biologia e Zootecnia –
Introdução
A literatura científica contém diversos relatos de co-infecções em cães por diferentes agentes
etiológicos (Guimarães et al., 2009). As leishmanioses são enfermidades de grande importância em saúde
pública, causadas por protozoários do gênero Leishmania, que tem o cão como principal reservatório
urbano. O Trypanosoma evansi pode infectar um grande número de mamíferos, incluindo o cão. Este
parasito tem reservatórios silvestres (como a capivara e o quati) e domésticos (bovinos, cavalos e cães).
(Nunes et al., 1993).
Este trabalho relata a ocorrência de co-infecção natural por T. evansi e L. chagasi em um cão
proveniente de área rural do município de Andradina, SP, Brasil.
Material e métodos
Um animal macho, adulto, sem raça definida, proveniente de área rural foi analisado com suspeita
de ser portador de leishmaniose visceral canina. Foi realizada punção biópsia aspirativa de linfonodos,
271
imprints de lesões para análise parasitológica e PCR. O sangue venoso foi coletado para realização de
hemograma na clínica médico-veterinária –CLINICÃO e Andradina, São Paulo.
Resultados e discussão
Formas amastigotas de Leishmania spp. foram detectadas nos imprints de linfonodos e, pela reação
em cadeia da polimerase (PCR), confirmou-se a presença de Leishmania (L.) chagasi. Na análise citológica
dos linfonodos e esfregaço sanguíneo, foram observadas formas flageladas delgadas, com extremidade
posterior afilada e acinetoplásticas. A biometria das formas flageladas resultaram num tamanho total de
26,4 micrometros (µm), comprimento de flagelo livres de 7,59 µm, medida da extremidade posterior ao
meio do núcleo de 11,02µm, e medida do meio do núcleo ao final da extremidade anterior de 10,22 µm,
achados estes com compatíveis com T. evansi.
Conclusão
Neste relato foi confirmada a ocorrência de co-infecção natural por T. evansi e L. chagasi em um
cão proveniente da zona rural, numa área endêmica para leishmaniose visceral canina.
Referências
GUIMARÃES, A.M. ROCHA, C.M.; OLIVEIRA, T.M.; ROSADO, I.R.; MORAIS, L.G.; SANTOS, R.R.
Factors associated the seropositivity for Babesia, Toxoplasma, Neospora and Leishmania in dogs attended at nine
veterinary clinics in the municipality of Lavras, MG. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.18, n.1, p.49-
53, 2009.
NUNES, V.L.B.; OSHIRO, E.T.; DORVAL, M.E.C.; GARCIA, L.A.M.; DA SILVA, A.A.P.; BOGLIOLO,
A.R. Investigação epidemiológica sobre Trypanosoma (Trypanozoon) evansi no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Estudo
de reservatórios. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.2, n.1, p.41-44, 1993.
272
Utilização de Endectocidas no Controle e Repelência de Aranhas e
Baratas na Região Noroeste do Estado de São Paulo
Willian Marinho Dourado Coelho (1) *, João Paulo Dal Santo Ferreira (2),
Gustavo Henrique de Oliveira Dias (2), Robson Dourado (2), Elaine Cristina de
Jesus Rodrigues (2), Edilson Silva de Oliveira (3), Thiago Batista Vieira(3)
1FCAA, Professor Curso de Medicina Veterinária e-mail: [email protected]
2FISMA, Aluno do Curso de Graduação em Agronomia e-mail: [email protected]
3FCAA, Aluno do Curso de Graduação em Medicina Veterinária
Introdução
As baratas são provavelmente os mais antigos e importantes insetos associados ao ser humano
(Cornwell, 1968; Robinson, 1996). Como praga domiciliar, além da transmissão de doenças, seus
excrementos podem desencadear reações alérgicas. Blattella germanica e Periplaneta americana são as
principais espécies domésticas encontradas no Brasil e podem acarretar dermatite, rinite, bronquite, asma e
até choque anafilático (Wirtz, 1984).
As aranhas estão envolvidas entre os principais artrópodes causadores de graves acidentes com seres
humanos e animais, especialmente as dos gêneros Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus (RIBEIRO et al.,
1993). Anualmente, registram-se cerca de cinco mil acidentes, com predominância nas regiões Sul e
Sudeste do Brasil. Estes animais preferem lugares secos, vivendo sob paus, pedras e cascas de árvores. Em
condições domiciliares alojam-se atrás de quadros, móveis, pilhas de tijolos, telhas e entulhos em geral
(GERTSCH, 1967; LUCAS, 1988; CARDOSO et al. 1988; RIBEIRO et al. 1993, FISCHER,1996).
O objetivo deste trabalho é identificar métodos químicos alternativos, como os endectocidas, para
controle e repelência de aranhas e baratas na cidade de Andradina, estado de São Paulo.
Material e métodos
Para avaliar a letalidade dos princípios ativos, foram capturadas em terrenos baldios e residências
aranhas e baratas, e submetidas aos produtos químicos Cipermetrina 150g/L (Barrage®), Piretróides
273
(Baygon®), Deltametrina 25,0 g g/L (Butox®), Cipermetrina 10g/L (Cypermeit®), Cipermetrina 15,0g/L,
Clorpirifós 25,0g/L, Citronela 1,0 g/L (Colosso®), Imiprothrin 0,015g/L, Permetrina 0,069g/L (Detefon®),
Diazinon 50,0g/L (Diazinon®), Clorpirifós 50g/L, Cipermetrina high-cis 6g/L (Flytion®) e Amitraz
12,5g/L (Triatox®). Os produtos foram preparados conforme recomendações do fabricante e aspergidos
diretamente sobre aranhas e baratas, avaliando-se o advento da morte dos mesmos. Foi verificado ainda o
efeito repelente dos produtos após aplicação nos terrenos e residências. A eficácia como repelente foi
avaliada através da contagem de aranhas e baratas no ambiente interno e externo das residências tratadas
com estes produtos.
Resultados e discussão
No presente trabalho foi verificada a eficiência do controle químico através dos produtos avaliados
neste estudo como meios alternativos para promoção da morte e repelência de aranhas e baratas (Tabela 1).
Entretanto, com exceção do amitraz, os produtos testados neste trabalho foram eficazes, podendo ser
recomendados como métodos alterantivos no controle destas pragas, especialmente por serem produtos de
custo reduzido e disponível na maior parte dos estabelecimentos comerciais como mercados e casas
agropecuárias (Von Zuben, 2015).
Tabela 1 - Resultado da letalidade e repelência de cada produto utilizado.
Letalidade: --- eficácia nula; + ruim; ++ regular; +++ bom; ++++ excelente;
Repelência: a (elevada); b (moderada); c (baixa); d (nula)
Conclusões
De acordo com esses resultados podemos concluir que o uso de Piretróides, Piretrinas e Clorpirifós
apresentam grande eficácia no controle de aracnídeos e baratas, sendo letais para estes artrópodes e também
os repelindo de ambientes onde foram realizadas as aspersões com estes produtos. Entretanto, o Amitraz
Colosso®
Baygon®
Liquido
Citronela
Flytion®
Detefon®
Liquido Butox® Cypermeit® Barrage® Diazinon® Triatox®
Aranhas ++++a ++++b +++b ++++b ++b ++b ++b ++c ---c
Baratas ++++a ++++a ++++a ++++a ++b +++b +++b +++b +b
274
apresentou letalidade ruim a nula e repelência moderada, contribuindo assim apenas como um repelente de
aranhas e baratas dos locais propícios a sua permanência e proliferação.
Referências
CORNWELL, P.B. The cockroach: a laboratory insect and industrial pest. London: The Rentokil Library,
1968. v.1 391p.
ROBINSON, W.H. Urban entomology: Insect and mite pests in the human environment. London:
Chapman&Hall, 1996 430p.
WIRTZ, R.A. Allergic and toxic reactions to non-stinging arthropods. Anual Review of de Entomology,
v.29,p.47-69, 1984.
CARDOSO, J. L.C.; FRANÇA, F. O.; EICKSTEDT, V. D.; BORGES, I. & NOGUEIRA, M. T., 1988.
Loxoscelismo: estudo de 242 casos (1980-1984). Revista da Sociedade Brasileira de Toxicologia, 1:58-60.
FISCHER, M. L., 1996. Biologia e Ecologia de Loxosceles intermedia Mello-Leitão,1.934
(Araneae,Sicariidae), no Município de Curitiba, PR. Curitiba, Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas - Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
GERTSCH, W. J., 1967. The spider genus Loxosceles in South America (Araneae, Scytodidae). Bulletin of
the American Museum of Natural History, 136:117-174.
LUCAS, S., 1988. Spiders in Brazil. Toxicon, 26:759-772.
RIBEIRO, L. A.; EICKSTEDT, V. R. D.; RUBIO, G. B. G.; KONALSAISEN, J. F.; HANDAR, Z.; ENTRES,
M.; CAMPOS, V. A. & JORGE, M. T., 1993. Epidemiologia dos acidentes por aranhas do gênero Loxosceles
Heinecken & Lowe no Estado do Paraná (Brasil). Memórias do Instituto Butantan, 55:19-26.
VON ZUBEN, A. P. B. Manual de Controle Integrado de Pragas, 2004. Prefeitura Municipal de Campinas – SP.
275
Caracterização molecular de Cryptosporidium spp. em cabritos
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Marcio San Miguel Marcello (2) Robson
Dourado(2), João Paulo Dal Santos Ferreira(3), Gustavo Henrique De Oliveira
Dias(3)
1FCAA (Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Professor Curso de Medicina Veterinária
2FCAA (Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Aluno Curso de Medicina Veterinária
([email protected]; [email protected])
3FISMA (Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina), Aluno Curso de Agronomia
([email protected]; [email protected])
Introdução
A criptosporidiose é uma doença entérica grave causada por coccídeos do gênero Cryptosporidium.
A criptosporidiose tem emergido como causa significante de perdas econômicas diretas e indiretas na
caprinocultura, por comprometer o desenvolvimento e a produção de caprinos, visto que há redução no
ganho de peso vivo e na produção leiteira dos animais acometidos, especialmente quando são mantidos em
sistema de criação com falhas no manejo sanitário e nutricional.
O objetivo desta pesquisa foi caracterizar as espécies e subgenótipos deste protozoário que estão
envolvidas nas infecções de cabritos com até 12 meses de idade.
Material e métodos
Um total de 138 amostras fecais, colhidas diretamente do reto de cabritos machos e fêmeas, de
diversas raças, provenientes dos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A
eliminação direta dos oocistos de Cryptosporidium spp. foi observado pelo método de Kinyoun.
Adicionalmente, foi realizado a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) para amplificação dos
fragmentos dos genes da subunidade 18S rRNA e da glicoproteína GP60, sendo posteriormente efetuado o
seqüenciamento com os produtos destas reações.
276
Resultados e discussão
Positividade foi detectada em 9,4% (13/138) dos animais por meio de microscopia e 23,1% (32/138)
pela PCR. Similaridade genética de 100% com Cryptosporidium parvum em ambos os genes de todos os
isolados foi verificada, com identificação do subgenótipo IIa15G2R1. Em relação aos Municípios
estudados, percentual de positividade de 29,3% (17/58) em Andradina, Castilho e Ilha Solteira, no estado
de São Paulo; 29% (9/31) em Itarumã, estado de Goiás; 9,5% (4/42), em Cassilândia e Três Lagoas, no
estado de Mato Grosso do Sul e 28,5% (2/7) em Ituramã, no estado de Minas Gerais. Com referência à
faixa etária dos animais positivos, 93,7% (30/32) tinham idade inferior e 6,2% (2/32) superior a 60 dias.
Conclusão
A infecção por C. parvum em cabritos foi constatada em diferentes regiões do Brasil, sendo que, o
subgenótipo encontrado apresenta elevado potencial zoonótico, expondo a risco de infecção outros animais,
de modo especial o homem.
Referências
Vieira L.S., Silva M.B.O., Tolentino A.C.V., Lima J.D. & Silva A.C. 1997. Outbreak of cryptosporidiosis in
dairy goats in Brazil. Vet. Rec. 140:427-428.
Soltane R., Guyot K., Dei-Cas E. & Ayadi A. 2007. Prevalence of Cryptosporidium spp. (Eucoccidiorida:
Cryptosporiidae) in seven species of farm animals of Tunisia. Parasite. 14:335-338.
Zorana M., Sofija K. & Sadrižaj K.Z. 2006. Cryptosporidium infection in lambs and goats kids in Serbia. Acta
Vet., Beograd, 56:49-54.
277
Soroepidemiologia da infecção por Toxoplasma gondii e Neospora
caninum, co-infecções e estudo dos fatores de risco em gatos de
Andradina, São Paulo
Willian Marinho Dourado Coelho (1)*, Robson Dourado (2) Marcio San Miguel
Marcello(2), João Paulo Dal Santos Ferreira(3), Gustavo Henrique De Oliveira
Dias(3)
1FCAA (Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Professor Curso de Medicina Veterinária
2FCAA (Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina), Aluno Curso de Medicina Veterinária
([email protected]; [email protected];)
3FISMA (Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina), Aluno Curso de Agronomia
([email protected]; [email protected])
Introdução
A toxoplasmose e a neosporose são zoonoses, cujos hospedeiros definitivos são o gato e o cão,
respectivamente. A toxoplasmose é uma doença de grande importância nos animais, principalmente porque,
quando esses são infectados servem de fonte direta ou indireta de infecção ao homem, causando também
danos diretos aos animais de interesse econômico e de estimação. A neosporose é uma doença emergente,
considerada como a principal causa de abortamentos em bovinos em vários países, podendo infectar
também diversas espécies de animais de produção e de companhia.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência da infecção por Toxoplasma gondii e Neospora
caninum por meio do método de imunofluorescência indireta (RIFI) em gatos da cidade de Andradina/SP.
278
Material e métodos
Para a realização deste estudo, foram processadas pelo método de imunofluorescência indireta
(RIFI) soro sanguíneo de 70 gatos da cidade de Andradina, SP. Informações como raça, sexo, idade, acesso
a rua, tipo de alimentação, entre outras, também foram colhidas e armazenadas em um banco de dados.
Resultados e discussão
Anticorpos contra T. gondii. foram detectados em 15,7% (11/70) e para N. caninum em 0,0% (0/70)
dos animais analisados, sendo que 10,4% (5/48) eram de áreas urbanas e 27,2% (6/22) de zonas rurais. A
raça, idade, alimentação e presença de animais contactantes foram representativas com positividade para T.
gondii. Dos gatos positivos para T. gondii, 17,1% (11/64) tinham acesso à rua, em 19,6% (10/51) foi referida
a presença de ratos na propriedade e 27,2% (6/22) alimentavam-se de comida caseira e leite cru. Por meio
(técnica) não foi observada positividade sorológica contra o vírus da imunodeficiência felina (FIV) ou
leucemia felina (FeLV). Também, 4,2% (3/70) dos gatos foram positivos para leishmaniose, sem co-
infecção com T. gondii ou FIV e FeLV.
Conclusões
A infecção por T. gondii presente em parte da população de gatos do referido município não está
vinculada à imunossupressões ou co-infecções, mas provavelmente a infecção pós-natal, associada ao tipo
de alimentação e a presença de ratos.
Referências
CORBELLINI, L. G.; DRIEMEIER, D.; CRUZ, C. F. E.; GONDIM, L. F. P.; WALD, V. Neosporosis as a
cause of abortion in dairy cattle in Rio Grande do Sul, Southern Brazil. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.103,
n.3, p.195-202, 2002.
OLIVEIRA, F. C. R.; COSTA, A. J.; SABATINI, G. A. Clínica e hematologia de Bos indicus, Bos taurus e
Bubalus bubalis inoculados com oocistos de Toxoplasma gondii (Apicomplexa: Toxoplasmatinae). Ciência Rural, v.
31, p. 621-626, 2001.
279
ÍNDICE REMISSIVO
A
Adriano Francis Dorigan, 4 Alexandre Ricardo Matheus Rosa, 8, 12 Allana Lojó Pizapio, 16 Ana Letícia Antonio Vital, 19 Andrezza Santos Flores, 23 Aymar Orlandi Neto, 27
B
Bianca da Silva Miguel, 31 Bruno da Silva, 35 Bruno Gasparoti Miranda, 39
C
Caio de Souza Capuzzo, 42 Caio Shigueaki Shiroto, 46, 50 Camila Carmona de Moraes Ribeiro, 54 Cibele Diogo Pagliarini, 58
D
Denis William Johansem de Campos, 62 Diego dos Santos Pereira, 66
E
Eduardo Henrique Marcandalli Boleta, 70, 74
F
Fernando de Souza Buzo, 78 Fernando Shintate Galindo, 82, 86
G
Gabriela de Souza Peres Carvalho, 90 Guilherme Ribeiro, 94
I
Igor Barberio Domeniconi, 97, 101 Isabela Alonso Buzetti, 105
J
Jaqueline Bonfim de Carvalho, 108 João Francisco Veroneze de Oliveira, 112 Juan V. Ruiz, 115 Juliana Prado Gusson, 118
L
Leandro Alves Freitas, 122
Letícia de Oliveira Manoel, 126, 130 Luan Silva Silveira, 133 Luana Q. S. D. Zagato, 137 Luis Filipe Lorenzo, 140 Lumena Charise Besson Rodrigues, 144
M
Maira da Silva Rodrigues, 148 Marcos V. Queiroz, 152 Maria Luana Alves, 156, 160 Mariana Arede de Souza, 164 Márjori Brenda Leite Marques, 167 Maycon Anderson de Araujo, 170
N
Naiara Mendes Ross, 174 Narah Vieira Peres, 182, 184 Natacha Silva, 178
P
Patrícia Fernanda Rosalem, 187 Patricia Reis Lunardelli, 191
R
Rafael Augusto Martin, 193 Richard Roberto Lobo, 197
S
Sonia Yoko Sawakuchi, 201
T
Taiene Maiara Santos, 204 Talita de Oliveira São José, 207, 210 Tamara Jarosi Handajevsky, 214 Thaís Pigozzi Codo Amaral, 218
V
Vanessa Biazotto Brito, 222, 226 Vanessa Capeletti Bernardes, 230 Vanessa Dias Rezende Trindade, 233
W
Willian Marinho Dourado Coelho, 237, 240, 244, 247, 249, 252, 255, 258, 261, 264, 267, 270, 273, 275, 278, 280
280