ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS … · EDUARDA NAIDEL BARBOZA E...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA
ASSISTIDA POR ANIMAIS EM IDOSOS
INSTITUCIONALIZADOS DEMENCIADOS
EDUARDA NAIDEL BARBOZA E BARBOSA
Rio de Janeiro
2012
EDUARDA NAIDEL BARBOZA E BARBOSA
ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA ASSISTIDA POR
ANIMAIS EM IDOSOS DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS
Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro para
obtenção de título de Formação em Psicologia.
Professor Orientador: Profª Drª Rosinda
Martins Oliveira
Rio de Janeiro
2012
EDUARDA NAIDEL BARBOZA E BARBOSA
ALGUMAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA DA TERAPIA ASSISTIDA POR
ANIMAIS EM IDOSOS DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS
Monografia apresentada como pré-requisito
para obtenção de título de Formação em
Psicologia, submetida à aprovação:
Rosinda Martins Oliveira
Rio de Janeiro, dezembro de 2012
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por me oferecer e conduzir nos melhores caminhos. Por
ter me mostrado que, mesmo nas fraquezas e dificuldades, se estivermos com fé e boa
vontade, ele não nos deixará desvirtuar e nos dará força para vencer qualquer obstáculo.
Aos meus pais, grandes incentivadores da minha caminhada e orgulhosos pela trajetória
acadêmica que tracei. Espero que eu possa levar seus ensinamentos de vida, de
profissionalismo para a minha e consiga ser a melhor que eu puder para que outras
pessoas se espelhem em mim.
À minha supervisora de estágio, professora Cristina Maria Duarte Wigg, a qual me
apresentou a maravilhosa área da Neuropsicologia e com a qual trabalhei por 3 anos,
entre estágio e monitorias. Sinto-me muito feliz por ter feito parte do NEPEN e
contribuído, mesmo que minimamente, para a melhoria de vida das famílias atendidas
pelo serviço.
À minha orientadora de TCC, professora doutora Rosinda Martins Oliveira, que, por
meio de suas aulas, tornou-se um exemplo de profissional a ser seguido. Agradeço-a por
ter entendido e trabalhado em meu primeiro trabalho acadêmico, transformando-o no
último e, além disso, ter me apresentado ao grupo que só tem a acrescentar em minha
vida profissional, permitindo que eu alcançasse mais um objetivo: o mestrado.
“Pets greet their human companions
enthusiastically on the worst days; they do
not notice bad hair; they forgive mistakes;
and they do not need to talk things
through.”
(Froma, 2009
BARBOSA, Eduarda Naidel Barboza e. Algumas Evidências de Eficácia da Terapia
Assistida por Animais em Idosos Demenciados Institucionalizados. Monografia
(Graduação em Formação de Psicólogo) – Instituto de Psicologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
O presente trabalho tem, por objetivo, apresentar resultados de estudos sobre uso de
Terapia Assistida por Animais (TAA) com idosos demenciados, discutindo os limites e
alcances da metodologia utilizada. Os estudos a respeito do impacto, sobre pacientes,
das interações com animais, vêm crescendo em número e qualidade ao longo dos anos.
Percebeu-se que esse contato poderia refletir em melhoras no campo da saúde. Com o
avançar da idade, a saúde torna-se uma grande preocupação e diferentes métodos para
mantê-la ou melhorá-la são desenvolvidos. Na demência muitos comprometimentos são
vistos, além das mudanças normais do envelhecimento, entre eles alterações
comportamentais, alimentares e de humor. Há evidências de melhora desses
comprometimentos, com o uso da TAA aplicada a idosos demenciados
institucionalizados, apesar das restrições metodológicas dos estudos existentes. A
despeito das evidências da eficácia desta Terapia e dela ser bastante difundida ao redor
do mundo, no Brasil ainda há muita resistência por parte dos profissionais de saúde e
ainda faz-se necessário incrementar seu estudo e aplicação.
___________________________________________________________________
Palavras-chave: terapia assistida por animais, idosos, demência.
Sumário
Algumas evidências de eficácia da Terapia Assistida por Animais em Idosos
Demenciados Institucionalizados
APRESENTAÇÃO 8
1. ENVELHECIMENTO 10
1.1 DEMOGRAFIA 10
1.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS 11
1.3 SUBJETIVIDADE 14
1.4 ASPECTOS BIOLÓGICOS E COGNITIVOS 17
1.5 ASPECTOS NUTRICIONAIS 19
2. TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS 20
2.1 INTRODUÇÃO 20
2.2 ORIGEM 20
2.3 APLICAÇÃO 22
2.4 ANIMAIS 24
2.5 ATIVIDADES DA TAA 24
2.6 EFEITOS 25
2.7 CUIDADOS E COMPLICAÇÕES 27
3. TAA NA DEMÊNCIA 29
3.1 INFLUÊNCIA DA TAA NO HUMOR E NO COMPORTAMENTO DE IDOSOS
DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS 29
3.2 INFLUÊNCIA DA TAA NA NUTRIÇÃO DE IDOSOS DEMENCIADOS
INSTITUCIONALIZADOS 32
4. CONCLUSÃO 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
APRESENTAÇÃO
Com o aumento da população idosa observado em todo o mundo, inclusive no
Brasil que, espera-se que ocupe a 6ª posição entre os países com maior número de
idosos, a ocorrência de doenças relacionadas ao envelhecimento também vem
aumentando (LOPES & BOTTINO, 2002). Uma das mais frequentes é a demência.
Os idosos demenciados, com o passar dos anos e a evolução da doença, se
tornam cada vez mais limitados e, muitas vezes, a família não consegue cumprir o papel
de cuidadora. Quando isso ocorre, muitas vezes, ele torna-se um paciente
institucionalizado. A institucionalização pode acentuar efeitos negativos das mudanças
biológicas, subjetivas e cognitivas, decorrentes do envelhecimento e da própria
demência (OLIVA et cols, 2010).
A Terapia Assistida por Animais (TAA) voltada para uma faixa etária mais
avançada tem a finalidade de promover saúde. Além de envolver questões relacionadas
com sentimentos e emergência de lembranças da infância, introduz também estimulação
tátil e motora, a partir do contato físico por meio de carícias e exercícios psicomotores
(ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). No contexto dessa terapia, os animais
são considerados companheiros e facilitadores do trabalho realizado com o paciente,
atuando como um suporte psíquico.
Este trabalho relata algumas pesquisas científicas referentes aos efeitos da
utilização da TAA em idosos demenciados institucionalizados. O Capítulo 1 trata das
mudanças decorrentes do envelhecimento nos aspectos subjetivos, psicossociais,
biológicos e cognitivos. O Capítulo 2 apresenta a TAA, em termos da sua origem,
estado atual e perspectivas futuras. No Capítulo 3 são apresentados estudos sobre a
eficácia da TAA sobre as mudanças no comportamento, humor e nutrição decorrentes
da combinação de envelhecimento, demência e institucionalização. No quarto e último
Capítulo, é feita uma análise crítica dos métodos e procedimentos utilizados nos estudos
e a discussão acerca do que pode ser feito com essa técnica futuramente.
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1. ENVELHECIMENTO
1.1 DEMOGRAFIA
A população idosa encontra-se em crescimento em todo o mundo, mas no Brasil,
esse processo é recente. Nos países desenvolvidos, esse crescimento aconteceu de
maneira gradual e coincidiu com as transformações socioeconômicas, não produzindo
grande impacto sobre a sociedade; já nos países em desenvolvimento, incluindo o
Brasil, esse crescimento se deu durante profunda crise econômica, agravando
desigualdades e problemas sociais (DEBERT, 2004). Esse aumento deve-se a diversos
fatores, dentre eles o aumento da expectativa de vida – isso, a partir de toda uma
evolução da medicina.
No século 20, a expectativa de vida da população não ultrapassava os 33 anos,
enquanto que no século 21, essa média já se encontra nos 68 anos. A descoberta de
antibióticos, o desenvolvimento de vacinas e a busca de melhorias no estilo de vida,
promoveram esse “boom” na média de idade. Além disso, a alta taxa de nascimentos e
fecundidade no passado, seguida da diminuição da mortalidade e, posteriormente, da
diminuição dessa taxa de nascimentos assim como da baixa mortalidade infantil atual,
culminaram numa grande população idosa (FREITAS, 2004). Estatísticas mostram que,
em 2010, o Brasil ocupou a 87ª posição em relação à esperança de vida ao nascer –
72,64 anos, enquanto o país ocupante da 1ª posição, o Japão, apareceu com 87,20 anos
(IBGE, 2008); em 2025, o Brasil ocupará a 6ª posição entre os países com população
mais velha, no mundo. Em 2007, o IBGE contabilizou 14,5 milhões de idosos (apud
CRUZ, 2009).
Percebe-se uma grande importância em estudar o envelhecimento a partir da
demanda crescente em saúde pública (ARGIMON, 2006). No Brasil, vemos esse
11
envelhecimento concentrado na região sudeste, com sua maioria (55%) sendo formada
por mulheres, 37% declarando-se analfabetos e 65% dos idosos responsáveis pela
família. Todo esse contexto representa um alto custo para o Estado, pois envolve o
pagamento de aposentadorias e o desenvolvimento de políticas públicas envolvendo a
questão do idoso, que promovam sua saúde e bem-estar (GARRIDO & MENEZES,
2002). Esses programas devem se basear nas necessidades, preferências, habilidades e
direitos dos idosos, para que realmente atinjam o seu público alvo (CRUZ, 2009). O
importante, na atenção ao idoso, é objetivar a manutenção da vida ativa permitindo
autonomia e independência tanto física, quanto psíquica e social. Para isso, um bom
estado de saúde do idoso é necessário, além de entusiasmo e prazer naquilo que ele
realiza (OLIVEIRA & RAMALHO, 2009) Em 1999, a Geriatria foi reconhecida como
uma especialidade da residência médica pelo Ministério da Educação e Cultura, e foi
criado o departamento de psicogeriatria na área da saúde mental, pela Associação
Brasileira de Psiquiatria (GARRIDO & MENEZES, 2002).
1.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
O processo do envelhecimento não acontece de maneira padrão para todos; depende
do contexto histórico, social e emocional do sujeito (FERNANDES & GARCIA, 2010).
As representações sociais do envelhecimento são variadas e, no Brasil, Lopes e Park
(2007) identificaram 3 momentos históricos no quesito envelhecimento/velhice. Até o
século XIX o velho era tido como alguém dotado de sabedoria, respeitado pelos seus
conhecimentos e vivências. A partir do século XX, busca-se negar a condição “velho”,
disfarça-se com cirurgias, produtos e atividades que promovam o distanciamento desta
condição. Hoje em dia, há duas maneiras de se olhar o idoso: levando-se em
consideração o lado negativo, pode-se pensar que a velhice caminha junto de doenças e
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morte, apesar dessas duas condições poderem surgir em qualquer idade ou fase do
desenvolvimento humano; ou levando-se em consideração o lado positivo, o velho deve
se ver como um velho sim, mas pertencente a mais uma fase da vida, com sua
subjetividade e disposto a conhecer essa nova condição. Essa postura, frente ao
envelhecimento, não é semelhante para todos os idosos, pois a construção imaginária, o
ideal de cada um se faz presente (PY, 2004).
Dourado e Leibing (2002) discutem os termos "terceira idade" ou "melhor idade",
que trouxeram uma nova perspectiva, uma nova categorização implícita. Nesse caso, há
uma oportunidade para aquele que se encontra nessa fase da vida viver antes de
realmente calçar as pantufas e vestir o pijama. Ainda há tempo de realizações pessoais e
profissionais, busca do prazer em atividades diferentes e outras inserções produtivas. A
sociedade apresenta modelos de perfeição e padrões de beleza como passíveis de
obtenção por qualquer ser humano, seja com cosméticos, exercícios físicos ou
complexos vitamínicos. No entanto, esta concepção também tem sido estimulada por
questões de capital, tendo em vista que essa faixa etária apresenta-se como um grupo
consumidor em potencial.
Debert (apud DOURADO & LEIBING, 2002) exemplifica
“a categoria ‘velho’, na percepção dos ‘envelhecidos’ das
camadas médias e superiores está associada à pobreza, à
dependência e à incapacidade, o que implica que o velho é
sempre o outro. Já a noção de ‘terceira idade’ torna-se sinônimo
dos ‘jovens velhos’, os aposentados dinâmicos que se inserem
em atividades sociais, culturais e esportivas. Idoso, por sua vez,
é a designação dos ‘velhos respeitados’. A expressão ‘idoso’
designa uma categoria social, no sentido de uma corporação, o
que implica o desaparecimento do sujeito, sua história pessoal e
suas particularidades.”
O idoso é um “historiador legítimo” detentor de uma experiência de vida e
saberes únicos, porém muitos se prendem ao medo de perderem a independência e
13
levarem uma vida vegetativa, de se tornarem inválidos e morrerem (DEBERT, 2004).
As autoras Lopes e Park (2007), citando Beauvoir, trazem a questão das representações
sociais como o resultado de diversos aspectos presentes em épocas variadas que, com o
tempo, vão somando-se ou modificando-se. Para Moscovici, também citado, as
representações sociais são
“um corpus organizado de conhecimentos e uma das
atividades psíquicas graças às quais os homens tornam
inteligível a realidade física e social, inserem-se num grupo ou
numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes de sua
imaginação”,
ou seja, algo que pré-existente, já conhecido, acaba sendo incorporado por uma nova
ideia, sempre em elaboração. A velhice é um objeto múltiplo, cercada por questões e
problemáticas que devem ser discutidas. Desde criança, há uma produção de
conhecimento e ela se desenvolve trazendo certos conceitos gravados, mesmo que não
façam ideia do que aquilo verdadeiramente significa. Elas dão muita importância para o
físico, o corpo, conseguindo reconhecer um velho pelo aspecto enrugado de seu rosto ou
pela coluna curvada. Também o tomam como avô e avó, ou seja, entendem que avôs e
avós necessariamente são velhos e o contrário não é possível (AGRA DO Ó, 2008).
Um aspecto muito mais importante, mas que nem sempre está em pauta quando
se fala em envelhecimento, é o peso que se carrega ao chegar a uma determinada idade
– aos 65 anos, já se considera terceira idade (PY, 2004). A própria sociedade apresenta
o “envelhecer” como um estágio final, onde o sujeito apenas espera pela morte. Essa
visão negativa passa por gerações e promove no sujeito pensamentos questionadores,
como o propósito da vida, já que a morte é algo certo e se faz mais presente com o
avanço da idade (PY, 2004). Cria-se uma imagem desfavorável do envelhecer, fala-se
apenas no declínio da produtividade e na inatividade. Uma pesquisa feita com idosos
saudáveis mostrou que muitos deles não se enxergam na velhice e negam os
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estereótipos comuns a essa fase da vida (CRUZ, 2009). Mulheres da classe média e
homens, acima dos 70 anos também não se consideram velhos (DEBERT, 2004). Fala-
se em etapas intermediárias como meia-idade, aposentadoria ativa e terceira idade, tudo
para provocar esse afastamento do sujeito envelhecido, de chinelos em casa vendo
televisão (LOPES & PARK, 2007).
Em contrapartida, vê-se a preocupação dos indivíduos em chegar à terceira idade
com saúde, ou seja, em busca de um envelhecimento ativo. Mudanças de hábitos de
vida (uma alimentação mais saudável, práticas de exercícios, visitas periódicas ao
médico etc), inserção familiar (fazer com que a família faça parte desse processo),
inserção social (continuar com atividades básicas diárias) e adequação do ambiente
(colocação de barras e rampas de acesso) são algumas medidas de promoção de saúde
frequentes e até propostas pela OMS (CRUZ, 2004). Alguns autores apontam estas
iniciativas como uma possível tentativa de negar o envelhecimento.
Mas o modo como cada indivíduo vivencia a velhice não é apenas determinado
por variáveis de cunho social e histórico (PY, 2004).
1.3 SUBJETIVIDADE
A subjetividade se constrói a partir de um agregado de vivências, valores, histórias e
do que é próprio da subjetividade do indivíduo. O olhar que ele direciona, o significado
que ele pode dar para a sua situação será decisivo para que ele considere a velhice como
uma fase de perdas e desistências ou como uma fase de ganhos e impulso para novos
desafios (PY, 2004).
Quando se fala em velhice, pensa-se apenas na mudança do corpo do indivíduo.
Mas, segundo Py (2004), essa mudança repercute em sua subjetividade. O
envelhecimento traz à tona o medo da morte, tanto para si mesmo, quanto em relação
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àqueles por quem se tem afeição. Além disso, ocorre a perda do status do seu papel na
sociedade e sua imagem refletida no espelho não é mais a mesma. Tudo isso demanda,
do sujeito, uma reflexão e reorganização de sua condição.
Muitas vezes, a um contexto de envelhecimento, acrescenta-se o adoecimento. A
todo um contínuo de perdas – da vitalidade, de prazeres, de um status profissional - é
somada a perda da saúde (PY, 2004). A velhice traz sofrimento psíquico, seja de
maneira acentuada ou mais branda, seja na saúde ou em casos de patologia.
A vida, seguindo o seu curso natural, se dá a partir de um conjunto de experiências
que levam a um único destino e traz à tona um tabu comum à toda população: a morte.
O sujeito nasce e, a partir daí, começa a contagem regressiva onde, a velhice, seria uma
forma de adiar esse fim inevitável, mas nem um pouco aguardada por todos (PY, 2004).
Algo tão misterioso que é impossível experienciá-lo e transmitir aos outros, apenas
podemos falar, discutir sobre, a morte surge como algo do coletivo, democrática e
universal. Todos os campos de estudo, filosofia, biologia e sociologia, têm algo a dizer
sobre ela, mas ainda assim ela aparece como algo desconhecido e estranho. A velhice
patológica, acrescida de diversos outros fatores, permite, ao indivíduo, uma maior
aproximação com a morte e pensa-la como algo real (LOUREIRO, 2008). Esse
acontecimento tem sentido de acordo com a história de vida e personalidade construídas
por cada um, sendo assim, não podemos adiantar ou prever como serão suas reações ao
estar frente a frente com essa possibilidade. A partir do século XX, o culto do corpo
jovem e belo se faz presente e cada vez mais forte, dando àqueles que não se encaixam
nesse padrão, um sentimento de não pertencimento à sociedade. O velho se vê decaído,
feio e, em alguns casos, doente, assimilando estereótipos dados. Essa desqualificação do
corpo não corresponde ao ideal imaginário levando a um confronto com a estrutura
narcísica e uma quebra do ideal do ego. O sujeito tem uma ideia de beleza e vida
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eternas, mas a velhice frustra essa ilusão e causa angustia e sentimento de desamparo.
Este último é vivido a partir do momento em que nascemos, com a perda do espaço
uterino e se faz presente a cada perda sofrida. Segundo Freud, o desamparo nunca é
superado, mas serve como uma alavanca que nos impulsiona a buscar novos meios ou
objetos de afetos (PY, 2004).
Os não velhos não conseguem compreender a condição do velho, desde a infância e
até mesmo na vida adulta, e os velhos enxergam-se como responsáveis pela decadência
de seu corpo e comportamento, assim como promovem um isolamento de si próprios. O
corpo é denunciador do limite, mas esse limite não precisa ser tosador do que resta ao
indivíduo. As lembranças estão guardadas e o futuro é uma ampola em movimento, o
que resta é o presente e o que se pode fazer com ele (DOURADO & LEIBING, 2002).
O processo de luto aparece como consequente das perdas. Todo o investimento
libidinal, antes direcionado a um objeto, agora perdido, deve ser direcionado a outro.
Não de maneira a substituí-lo, mas sim a permitir conhecer outros objetos. Pensa-se que
a perda em si é o fim, mas ela envolve a busca de algo novo. Segundo Bowlby (apud
PY, 2004), há quatro fases do luto: o aturdimento, a busca do objeto perdido,
desorganização, desespero e a reorganização psíquica em maior ou menor grau. Para
Worden (apud PY, 2004) o sujeito pode responder de quatro maneiras: aceitando a
realidade da perda, elaborando a dor provocada por ela, ajustando-se à nova
circunstância provocada pela perda e reposicionando-se emocionalmente e continuando
com a vida.
1.4 ASPECTOS BIOLÓGICOS E COGNITIVOS
O envelhecimento envolve fatores endógenos e exógenos, ocorrendo mudanças
biológicas, fisiológicas e estruturais (SANTOS et cols, 2009).
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Com o passar dos anos, juntamente com o envelhecimento físico, há também o
envelhecimento biológico, ou seja, há a morte celular (incluindo-se os neurônios) e a
diminuição da capacidade de regeneração celular (SANTOS et cols, 2009). Este
processo interage com a história educacional do sujeito no que se refere a etiologia de
doenças neurológicas degenerativas nesta época da vida. Foi observada maior
fragilidade para o desenvolvimento de demências por parte de sujeitos com níveis
educacionais mais baixos, com o avançar da idade. Além disso, pacientes com baixa
renda também têm essa predisposição maior, devido aos poucos estímulos a que tiveram
acesso. Assim, o nível educacional e a renda podem ser considerados como fatores
protetores de preservação das funções cognitivas (MARRA et cols, 2007).
Na velhice, há uma lentificação da velocidade do processamento mental,
promovendo uma lentificação global das funções cognitivas. Além disso, parece haver
uma redução dos recursos atencionais (CHARCHAT-FICHMAN et cols, 2005). No
entanto, observa-se que os outros processos cognitivos permanecem preservados. Isso
caracteriza um envelhecimento normal, porém com suas especificidades (STELLA,
2004).
Existe uma grande variabilidade no processo de envelhecimento cognitivo. Nos
últimos 20 anos, vários estudos têm caracterizado que muitos idosos apresentam um
Comprometimento Cognitivo Leve sem, no entanto, atingir os níveis de
comprometimento que atendem os critérios diagnósticos de Demência (CHARCHAT-
FICHMAN, OLIVEIRA & FERNANDES, 2011). O comprometimento cognitivo leve,
muitas vezes observado nos idosos, não é considerado como algo patológico, porém
para alguns idosos é um estágio intermediário entre o normal e a demência (Alzheimer)
(HAMDAN & BUENO, 2005). Dez a 15% dos pacientes com esse diagnóstico evoluem
18
para uma demência, mostrando o quanto é importante que medidas médicas preventivas
sejam elaboradas nesse estágio (SANTOS et cols, 2009).
A demência é caracterizada pelo declínio da memória no sujeito além do
comprometimento de outra função cognitiva, dificultando a realização das atividades da
vida diária (CARAMELLI & BARBOSA, 2002; ÁVILA & BOTTINO, 2008;
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2003).
As quatro causas mais frequentes de demência são a Doença de Alzheimer, a
Demência Vascular, a Demência de corpos de Lewy e Demência do Lobo
Frontotemporal. A Doença de Alzheimer é caracterizada por degeneração da formação
hipocampal, região relacionada à memória. Percebe-se nesta doença um declínio da
memória (inicialmente, a memória episódica), além de desorientação espacial. Essa
localização pode ser observada através de exames de neuroimagem, como tomografia
computadorizada (ressonância magnética) (HAMDAN & BUENO, 2005;
CARAMELLI & BARBOSA, 2002). A Demência Vascular caracteriza-se pela presença
de danos ao cérebro resultantes de lesões de etiologia vascular (TEIXEIRA &
CARAMELLI, 2008; CARAMELLI & BARBOSA, 2002). Os sintomas dependem das
regiões cerebrais lesionadas. A Demência de corpos de Lewy se caracteriza pelo
acúmulo de corpos de Lewy no córtex cerebral, atingindo diferentes regiões e
resultando em alterações cognitivas. A Demência Frontotemporal caracteriza-se pela
degenerescência dos lobos frontais com evolução para atrofia cerebral mais
generalizada, que resulta em um quadro de demência semântica e alterações do
funcionamento executivo em seus estágios iniciais.
1.5 ASPECTOS NUTRICIONAIS
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Em idosos saudáveis, é percebida uma diminuição na quantidade de alimentos
ingeridos, porém, em idosos demenciados, essa diminuição é acentuada e considerada
como sintoma para o diagnóstico da doença. Com a ingestão de uma quantidade menor
de comida, consequentemente, há uma baixa ingestão de nutrientes. Estudos observaram
a mudança de peso em pacientes demenciados associadas à severidade e progressão da
doença, sendo ele um preditor de mortalidade na demência de acordo com o Instituto
Nacional de Desordens Neurológicas e Comunicativas e a Associação de Doença de
Alzheimer/AVC e Desordens Relacionadas (EDWARDS & BECK, 2002).
Esse contexto influencia na perda da musculatura do idoso, além de promover
um impedimento na sua estimulação e autonomia. Idosos com uma musculatura mais
fraca tendem a sofrer mais quedas e a desenvolverem outras doenças, como por
exemplo, infecções de pele (EDWARDS & BECK, 2002).
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2. TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS
2.1 INTRODUÇÃO
A Terapia Assistida por Animais (TAA) pode ser considerada como instrumento
que visa à melhoria da qualidade de vida dos seres humanos, buscando trazer
benefícios em diversos aspectos, como físico, social e emocional. As últimas
habilidades que o homem descobriu dos cachorros e gatos, ou seja, animais domésticos
que estão em maior contato com os humanos, é sua capacidade de proporcionar
melhoras no campo da psicoterapia, na educação especial e reabilitação (BUIL &
CANALS, 2012).
Bussotti e colaboradores (apud PEREIRA & PEDROSO, 2009) definem a TAA
como
uma medida adjuvante que proporciona benefícios
emocionais e espirituais aos pacientes, familiares e a
própria equipe, reduzindo o impacto e estresse gerados
pela doença e hospitalização, tendo um forte apelo à
humanização por melhorar as relações interpessoais e
facilitar a comunicação.
É conhecida por diversos nomes, entre eles Terapia Assistida por Animais de
Companhia (TAAC), Terapia Assistida por Cães (TAC) (ARTIME, MARTÍNEZ &
LLORENS, 2010).
2.2 ORIGEM
Há registros bem antigos do uso de animais com pessoas com doenças físicas e
psíquicas. Relata-se a existência de passeios a cavalos para pessoas com doenças
incuráveis como parte de terapia já na Grécia clássica (ARTIME, MARTÍNEZ &
LLORENS, 2010).
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Segundo Buil e Canals (2012) e Artime, Matínez e Llorens (2010), William Tuke
utilizava a TAA desde 1792 no tratamento de doentes mentais. No ano de 1897, os
animais participavam do tratamento de epiléticos em Bethel - sanatório de Bielfield,
Alemanha. Já entre 1944 e 1945 foi feito o primeiro registro da TAA com animais de
companhia, no Centro de Convalescência da Força Aérea Americana, utilizando animais
na reabilitação os aviadores veteranos de guerra. O psiquiatra Boris M. Levinson foi o
pioneiro da Psicoterapia Facilitada por Pets (PFP) nos anos 60, quando percebeu que
crianças com déficit de atenção, problemas de comunicação e transtornos de
comportamento poderiam ser ajudadas por cães. A partir dessa investigação, começaram
a surgir diversos estudos trazendo a questão da influência dos animais de companhia na
saúde humana (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010).
Apesar de ainda não ser muito difundida, a prática de uso de animais em terapias
não é nova na psicologia. Freud já utilizava esse método para se aproximar de seus
pacientes. Para facilitar a comunicação, ele costumava atendê-los em seu consultório
com a presença de seu cachorro e um fato que marcava a integração deste nas consultas,
é que ele caminhava até a porta quando o tempo do paciente acabava (KAWAKAMI &
NAKANO, 2002).
No Brasil a ideia de utilizar gatos como coterapeutas para o tratamento de
doentes mentais veio da psiquiatra Nise da Silveira, que não aceitava os métodos
violentos no tratamento psiquiátrico e, em 1946, fundou o Serviço de Terapêutica
Ocupacional no Rio de Janeiro. A partir de sua atuação surgiram outros projetos que
utilizam o carisma dos “pets” para o auxílio no tratamento de pacientes hospitalizados,
deficientes e idosos (PECELIN et cols, 2007).
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No mundo, surgem, cada vez mais, associações que lidam com esse tipo de
terapia. Na Espanha, existem algumas como a Asociación AETANA, Fundación
Bocaián, Fundación Affinity, Asociación ANTA entre outras (BUIL & CANALS, 2012;
ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010).
2.3 APLICAÇÃO
Há duas maneiras de se utilizar o animal com pacientes, a Atividade Assistida por
Animais (AAA) e a Terapia Assistida por animais (TAA). A Atividade Assistida por
Animais é caracterizada como uma visitação sem objetivo terapêutico, apenas para
servir como um tempo de recreação e distração àqueles asilados ou visando apenas à
interação homem animal (SHIBATA & WADA, 2010). Ela tem o foco em realizar
atividades voltadas para o benefício motivacional, educacional e recreativo e não há
medição de progressos ou um acompanhamento profissional (ARTIME, MARTÍNEZ &
LLORENS, 2010).
Já a TAA é uma técnica com intuito de promover uma intervenção, ela é estruturada,
envolve profissionais da área de saúde e possui procedimentos e metodologia. (apud
PEREIRA & PEDROSO, 2009; SHIBATA & WADA, 2010). Há todo um processo de
avaliação e medição dos progressos e o animal utilizado é previamente selecionado para
este fim (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). No presente trabalho, será
abordada esta última.
Os métodos de TAA podem se diferenciar de acordo com o tipo de animal utilizado,
assim como a faixa etária dos pacientes e o ambiente onde ela é aplicada. Os
estabelecimentos que aplicam essa terapia são bem variados: hospitais, casas de saúde,
escolas, clínicas de reabilitação e até instituições penais. Entre os profissionais
23
envolvidos nessa terapia, podemos encontrar: médicos, enfermeiros, psicólogos,
fisioterapeutas, veterinários, terapeutas ocupacionais, entre outros.
A necessidade por determinados tipos de profissionais pode variar de acordo com a
faixa etária dos pacientes atendidos por essa terapia. É essencial salientar que esse
trabalho deve ser sempre aplicado com a supervisão de profissionais especializados,
afinal, o animal é apenas um facilitador da relação médico-paciente e não o terapeuta
em si. Edwards e Beck (2002) comentam que empregados de casas geriátricas,
envolvidas com esse tipo de terapia, acreditam nos benefícios dessa prática e apoiam os
profissionais durante a realização da mesma. Atualmente, muitas instituições utilizam
dessa intervenção como atividade regular há relatos da experiência do aumento da
comunicação entre enfermeiro e paciente, entre outros benefícios. Através da
comunicação estabelecida com o paciente, o profissional de saúde poderia compreendê-
lo melhor e identificar seus problemas (KAWAKAMI & NAKANO, 2002).
A TAA pode ser desenvolvida com diversos grupos, como em programas de
educação especial (para crianças), centros de acolhimento de menores e prisões, asilos e
hospitais e clínicas (pacientes em reabilitação, com doenças crônicas, terminais etc)
(ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010).
2.4 ANIMAIS
O animal mais utilizado nessa técnica é o cão, devido ao seu histórico de forte
relação com o homem (PEREIRA & PEDROSO, 2009). A relação homem-animal tem
se modificado desde os primeiros registros, 30000 anos A.C.. Inicialmente, o papel
desempenhado pelos animais era de ser útil aos seus donos, caçando e protegendo,
enquanto que mais recentemente, ele deixou de ser uma aquisição para se tornar, muitas
vezes, um membro da família (FAURE, 2004). Montagner (apud FAURE, 2004) aponta
24
duas razões pelas quais os donos de animais de companhia justificam sua relação com
eles (troca de afeição, sentimento de segurança e afastamento da solidão): o animal
surge como uma substituição de alguém ou alguma coisa perdida, facilitando um
processo de luto; além disso, ele valoriza e simboliza certo status social. Pessoas com
dificuldade de se expressar demonstram, muitas vezes, se sentir mais à vontade ao
interagir com animais (WULLENS, apud FAURE, 2004), que parecem assumir uma
posição próxima, sem invadir a privacidade do outro (KAWAKAMI & NAKANO,
2002).
2.5 ATIVIDADES DA TAA
Por definição, o trabalho na TAA deve ser fundamentado e dotado de uma
finalidade terapêutica. Todas as atividades propostas pela intervenção devem ter como
objetivo, a melhoria do estado do paciente (KAWAKAMI & NAKANO, 2002).
Dentre estas atividades, podemos destacar a nomeação de filhotes, seguida do
exercício de chamá-los, estimulando os pacientes com dificuldade na fala e exercitando
a memória. Antes da visita do animal, é benéfico apresentar uma foto e perguntar
características do mesmo, além de conversar sobre lembranças do passado às quais ele
remete (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010).
Acariciar, pentear e jogar bola para o animal tem sido apontadas como atividades
que promovem a estimulação da coordenação de movimentos (KAWAKAMI &
NAKANO, 2002). Além disso, esses simples movimentos permitiriam que o indivíduo
esquecesse seus problemas (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010).
25
2.6 EFEITOS
A TAA tem sido aplicada em diversas áreas, com a alegação de promover
efeitos psicológicos, como redução de estresse, melhoria do humor, aumento da
autoconfiança e da autoestima, que repercutiriam na saúde física. Muitos autores
apontam que a primeira e principal melhoria percebida nos pacientes é permitir o
processo da comunicação interpessoal, seja entre pacientes e profissionais de saúde ou
entre seus companheiros de instituição (KAWAKAMI & NAKANO, 2002). Pacientes
que se recusavam a falar ou ter contato com outras pessoas se permitiriam interagir com
os animais e descobririam que ele não irá julgar ou discriminar, apenas responder aos
carinhos (FAURE, 2004).
Dentre os efeitos subjetivos / motivacionais da TAA, apontados na literatura, estão a
promoção de relaxamento e aumento da motivação, além da diminuição da solidão – o
que promove a comunicação (SHIBATA & WADA, 2010; FILAN & LLEWELLYN-
JONES, 2006), a melhoria do humor e o aumento da autoconfiança, que resultam do
bem estar possibilitado pela socialização facilitada pela presença dos animais
(EDWARDS & BECK, 2002).
Além disso, aponta-se a promoção da saúde física através de mecanismos básicos de
ordem motivacional e de ordem física. Os aspectos físicos incluem o aumento do
estímulo para prática de exercícios e a redução do risco para determinadas doenças,
como por exemplo, doenças cardiovasculares (EDWARDS & BECK, 2002; SHIBATA,
2010). O contato com animais aumentaria o número de células de defesa do organismo,
deixando-o mais resistente a ácaros e bactérias, o que diminuiria a probabilidade do
desenvolvimento de alergias, além de aumentar o nível de endorfina, minimizando
efeitos da depressão (KAWAKANI & NAKAMO, 2002).
26
A eficácia da TAA com diferentes grupos de pacientes tem sido estudada. Filan e
Llewellyn-Jones (2006) relatam evidências de aceleração na recuperação de pacientes
hospitalizados a partir das visitas de animais planejadas e, ainda, uma queda relevante
dos níveis de estresse causados pela internação. Há evidências de que a presença de um
cão pode melhorar comportamentos sociais, como sorrisos e risos, em pacientes com
Alzheimer quando o animal está disponível temporariamente ou permanentemente
(EDWARDS & BECK, 2002). A presença de um animal de estimação dentro de casa
pode, na maioria das vezes, trazer mais alegria e aconchego para seus moradores. No
Canadá há dez anos, criou-se o Serviço Nacional do Cão, projeto que disponibiliza cães
para ajudar as crianças com autismo a se integrarem melhor na sociedade, controlar seus
impulsos e reduzir certos comportamentos (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS,
2010).
No Brasil, no estudo de Kawakami e Nakano (2002), foram visitadas quatro
instituições de São Paulo que ofereciam essa abordagem diferenciada e os autores
relatam que a introdução do animal transformava o comportamento das pessoas,
aproximando-as e desinibindo-as. Os autores dizem
vimos nas pessoas deprimidas pela solidão um
sorriso verdadeiro, nas crianças castigadas pelo
tratamento a disposição de crianças saudáveis, e pessoas
com distúrbios genéticos variados superarem suas
limitações por causa dos animais.
Filan e Llewellyn-Jones (2006) também relatam suas impressões de que pacientes
com Alzheimer, que possuem animais de estimação em casa, apresentaram menor
índice de agressão verbal quando comparados com pacientes que não possuem.
Nos anos 70, Samuel Corson e Elisabeth Corson desenvolveram um projeto em um
hospital psiquiátrico com 50 pacientes introduzindo cães e relataram que os pacientes
27
que possuíam grande dificuldade de comunicar-se e não respondiam ao tratamento
usual, se tornaram mais independentes e responsáveis no cuidado com os animais. Já na
década de 80, outro projeto, agora com animais de companhia e 92 pacientes recém-
saídos de uma unidade de cuidados coronários, também mostrou esse aumento da
comunicação e de uma pré-disposição maior em lutar pela vida (ARTIME, MARTÍNEZ
& LLORENS, 2010).
2.7 CUIDADOS E COMPLICAÇÕES
Apesar de haver estudos que indicam os efeitos positivos da interação homem-
animal em hospitais e clínicas, há alguns cuidados que devem ser tomados para que a
proposta possa vir a ser benéfica. Shibata e Wada (2010) afirmam que o paciente deve
ser notificado a respeito e concordar com a técnica antes de ficar exposto ao animal,
qualquer que este seja, pois experiências passadas, relacionadas a animais, podem não
ter sido prazerosas, o indivíduo ter medo ou simplesmente não gostar, pode haver
problemas de saúde envolvidos, como alergias. Além disso, medidas de segurança
devem ser tomadas para que o idoso não corra risco de receber mordidas e arranhões,
desenvolvendo infecções.
Nos casos onde a presença do animal não se faz possível, vê-se a crescente
utilização de robôs, observando-se, também, certos benefícios (SHIBATA & WADA,
2010). Mas, nesses casos, a resposta dos pacientes não se faz tão afetuosa e prazerosa na
integração (FILAN & LLEWELLYN-JONES, 2006).
Ao introduzir um animal no ambiente médico/hospitalar, deve-se ter em mente que
o intuito do trabalho é a melhora do paciente, promovendo sempre os cuidados
veterinários necessários e periódicos para não colocar em risco a vida dos dois
envolvidos (ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010).
28
29
3. TAA NA DEMÊNCIA
Estudos sobre o uso de TAA em casos de Demência têm investigado
principalmente seus efeitos sobre o humor, o comportamento e a nutrição, em idosos
institucionalizados.
3.1 INFLUÊNCIA DA TAA NO HUMOR E NO COMPORTAMENTO DE
IDOSOS DEMENCIADOS INSTITUCIONALIZADOS
McCabe e colaboradores (2002) investigaram o efeito da introdução de um cão
residente sobre as alterações de comportamento apresentadas por pacientes
demenciados institucionalizados. Nesse estudo 22 residentes, com idade média de 83,7
anos, interagiam livremente com um cão, durante 4 semanas. A Nursing Home
Behavior Problem Scale (NHBPS), escala aplicada antes e depois do período de
intervenção, mostrou diminuição significativa de transtornos comportamentais
(agressivo, irracional, sonolento, inapropriado, impróprio e perigoso) no período do dia
(7h às 15h), embora esta diferença não tenha sido vista no turno da noite (15h às 23h).
Não houve mudança significativa no uso de medicamentos, quando comparados os
medicamentos utilizados antes e depois da intervenção.
Apesar das evidências da eficácia da TAA com pacientes demenciados, têm sido
apontadas dificuldades inerentes à interação com animais reais. No Japão, por exemplo,
tanto hospitais quanto casas geriátricas não costumam aceitar a entrada de animais,
apesar de conhecerem o trabalho e admitirem os benefícios trazidos pela TAA. Também
são relatados impactos negativos como reações alérgicas, infecções e mordidas
(SHIBATA & WADA, 2011). Estas restrições têm motivado a investigação dos efeitos
do uso de estímulos relacionados a animais ou robôs, em substituição a animais reais.
Marx e colaboradores (2010) investigaram a diferença no engajamento de 56 residentes,
30
com média de 87 anos, de duas instituições, com diferentes estímulos relacionados à
cães: vídeo de filhote, desenho de cão para colorir, cão de pelúcia, cão-robô, cão
miniatura e cão mediano da raça schnauzer e um poodle standard. Os estímulos foram
apresentados nessa ordem, um por um, por um mesmo pesquisador. A sessão de
apresentação da sequencia de estímulos durava cerca de 15 minutos. As emissões
verbais dos idosos, diante de cada estímulo, foram registradas e classificadas como
aceite ou recusa. Observou-se maior frequência de atitudes positivas em relação ao cão
maior, seguida do cão de pelúcia, do vídeo do filhote e do cão robótico (nível de recusa
22%, 30%, 35% e 36%, respectivamente). Os outros estímulos - o cão médio, cão
menor e a figura de colorir – promoveram maior recusa (nível de recusa 41%, 45% e
46%, respectivamente). Pode-se pensar que qualquer estímulo parece ser encarado como
uma novidade para esses residentes que, normalmente, tem maior parte do seu tempo
ocioso (cerca de 2/3 do dia), sem companhia ou atividade (22% do tempo sozinho),
porém, estes dados mostraram que os cães reais promovem um engajamento maior por
parte dos pacientes. A preferência pelo cão maior pode ser explicada pela maior
similaridade e popularidade dos cães menores que os tornam comuns; o fator novidade
sempre é mais engajador (MARX et cols, 2010).
Banks, Willoughby e Banks (2008) também compararam os efeitos da exposição
a um cão real e um cão-robô, no tratamento da solidão em idosos asilados. Trinta e oito
residentes foram divididos em 3 grupos: controle, TAA com cão-robô e TAA com cão
real. Os sujeitos dos grupos de tratamento receberam a visita individual do cão-robô e
do cão real, diariamente por 30 minutos, durante 8 semanas. A Escala de Solidão
UCLA, respondida por todos os participantes, no início e ao final do estudo, mostrou
melhoria significativamente maior nos níveis de solidão nos grupos de tratamento
comparados ao grupo controle. Não houve diferença entre os efeitos do cão-robô e do
31
cão real sobre a solidão. A escala de Apego à Animais de Lexington, aplicada após a
exposição ao animal real e ao robô, mostrou que houve uma tendência, não significante
em termos estatísticos, para uma maior aceitação do cão real comparado ao cão-robô.
Shibata e Wada (2011) investigaram o efeito do uso de um robô interativo e
autônomo (uma foca chamada Paro) sobre a depressão e o estresse de pacientes e sobre
o estresse de seus cuidadores. Este tipo de robô age como se respirasse e respondesse
aos carinhos, estimulando os sentidos visual e tátil dos pacientes A terapia foi
conduzida de forma a estimular o conhecimento e a experiência das pessoas com
animais através da interação, trazendo à tona sentimentos relacionados à eles. Paro
ficava, por uma hora, duas vezes por semana, com aproximadamente 10 pessoas e a
interação era organizada por 2 cuidadores. Os efeitos foram avaliados pela aplicação aos
residentes, antes e depois da intervenção, da Face Scale (medida de humor), da escala
geriátrica de depressão (GDS), de medidas fisiológicas de estresse (hormônios na
urina). Também foi aplicada uma escala, na equipe de enfermeiros, para avaliar o
estresse. Houve melhoria no nível de estresse apresentado pelos pacientes e pela equipe.
Além disso, houve redução dos níveis de depressão e ansiedade nos dias das sessões,
aumentando a comunicação, socialização e, consequentemente, melhorando o ambiente
(SHIBATA & WADA, 2011).
Shibata e Wada (2011) investigaram também os efeitos da TAA com Paro em
outra instituição, com 28 residentes, com média de 77,5 anos, por períodos mais
contínuos. Neste caso a interação era livre, com duração de 9 horas e acontecia na área
pública da instituição, todos os dias, durante um ano. Os participantes foram
entrevistados para examinar os efeitos psicológicos e sociais da introdução do robô no
pré e pós-experimento e as sessões eram gravadas. Apenas 12 aceitaram participar da
atividade. Além disso, as mudanças nas reações ao estresse também foram medidas por
32
hormônios na urina. Aqueles pacientes que tiveram uma maior aproximação com Paro,
também aumentaram a sua aproximação com outros pacientes, além disso, os exames de
urina mostraram que as respostas dos órgãos vitais ao estresse foram melhoradas no
período de dois meses.
Com relação aos robôs serem utilizados como uma alternativa à TAA, a sua
comercialização cresceu bastante em países como Japão, Estados Unidos e Dinamarca,
a qual, inclusive, promoveu um projeto nacional e introduziu mil unidades de Paros
espalhados em praticamente todas as instituições para idosos no país. Com custo de 4
mil dólares e durabilidade de 10 anos (SHIBATA & WADA, 2011), a partir de maiores
pesquisas, pode-se pensar em algo parecido no país.
3.2 INFLUÊNCIA DA TAA NA NUTRIÇÃO DE IDOSOS DEMENCIADOS
INSTITUCIONALIZADOS
Edwards e Beck (2002) realizaram um estudo para investigar o efeito da TAA
sobre a nutrição de pacientes com demência institucionalizados. Este experimento
observou a influência da presença de um aquário, localizado no refeitório de duas
instituições, sobre a nutrição. Um total de 62 participantes, residentes de 3 unidades
especializadas em demência, com idade média de 80,1 anos, foram divididos em dois
grupos: controle/tratamento (45) e tratamento (17). Cada participante, dos dois grupos,
era pesado todo começo de mês, durante os 4 meses do início da terapia. A dieta dos
pacientes foi mantida constante em sua composição e a comida era pesada antes e após
o término das refeições. No grupo de tratamento o aquário foi introduzido por 8
semanas. No grupo controle/tratamento, inicialmente, foi introduzida, por duas
semanas, uma paisagem de oceano no refeitório para observar se o efeito da mudança
no ambiente, por si só, influenciaria as variáreis nutricionais. Em seguida foi feita a
33
retirada dessa imagem e, duas semanas depois, as variáveis nutricionais foram medidas
novamente. Finalmente, foi introduzido o aquário, por oito semanas. Nenhuma
diferença significativa foi observada no período pré e pós-exposição da paisagem, no
grupo controle/tratamento. De maneira geral, nos dois grupos de tratamento, houve um
aumento da ingestão de nutrientes no período de exposição ao aquário, que se manteve
por até seis semanas. Com relação ao peso corporal, houve um aumento significativo
com relação aos 62 participantes. De modo geral, os residentes passaram a permanecer
mais tempo no refeitório observando o aquário e ingeriam mais alimentos.
34
4. CONCLUSÃO
O envelhecimento e, em particular, a demência trazem mudanças psíquicas e físicas.
Nessa fase da vida, uma série de fatores, somada ao aumento da expectativa de vida
mais recente, faz com que o idoso se sinta perdido com relação às perspectivas do
futuro. Seja a partir de crenças pessoais ou de estereótipos impostos pela sociedade, o
idoso acaba, muitas vezes, por se colocar no papel de um ser doente à espera da morte
(PY, 2004). Culturalmente, a fragilidade exposta pelas mãos delicadas e o corpo
encurvado torna-se determinista da condição do idoso e este não pode ocupar nenhum
outro lugar além da imagem desfavorável que acompanha o processo de envelhecimento
(AGRA DO Ó, 2008). Depressão (SHIBATA & WADA, 2011; KAWAKANI &
NAKAMO, 2002), sentimentos de solidão (BANKS, WILLOUGHBY & BANKS,
2008) e baixa autoestima são constantes nessa fase da vida, principalmente se o sujeito
encontra-se em um ambiente fora daquele com o qual está acostumado, como uma
instituição.
As alterações do humor são acentuadas na presença de doenças e principalmente
nas demências. A elas somam-se ainda as alterações do comportamento, resultantes
direta e indiretamente do comprometimento neurológico. Além disso, o prejuízo
nutricional muito frequente nas demências, acentua os efeitos deletérios das demências
sobre os indivíduos (PEREIRA, PEREIRA & FERREIRA, 2007; EDWARDS &
BECK, 2002).
Estudos sobre o uso de TAA em casos de Demência têm mostrado seus efeitos
sobre o humor, o comportamento e a nutrição, em idosos institucionalizados. No
entanto, de modo geral, estes estudos apresentam muitas fragilidades metodológicas.
Em grande parte dos estudos de TAA as atividades desenvolvidas com os animais e os
35
protocolos de observação utilizados são pouco especificados, não possibilitando a
compreensão exata de como as atividades de interação com os animais foram
desenvolvidas. As evidências são, em grande parte, de atividades ecológicas e com
pouco material padronizado (WILLIAMS & JENKINS, 2008). Isto contraria a própria
definição de TAA, que envolveria um planejamento metodológico cuidadoso, com a
construção de um programa específico voltado para as necessidades particulares do
paciente, levando em conta o histórico clínico, incapacidades e personalidade (FROMA,
2009).
Apesar da pouca especificação das atividades desenvolvidas na TAA com pacientes
demenciados, alguns estudos já se utilizam de medidas objetivas do comportamento e
do humor e desenhos experimentais que permitem maior controle de variáveis e a
mensuração menos parcial dos efeitos das intervenções.
Para próximos estudos, faz-se necessário analisar questões como a duração da
interação com o cão e quais as atividades com maior engajamento e resultados em longo
prazo (MCCABE et cols, 2002). Também é necessário verificar de forma mais
detalhada as influências no ambiente da instituição e como se dá a mudança na interação
do paciente demenciado e a equipe (EDWARDS & BECK, 2002). Além disso, a
duração dos efeitos precisa ser melhor investigada, pois os estudos se baseiam na
melhora durante a intervenção com os animais e não no efeito duradouro após a sua
retirada (FILAN & LLEWELLYN-JONES, 2006).
No Brasil, essa técnica ainda não está tão difundida quanto em outros países,
como EUA (EDWARDS & BECK, 2002; MARX et cols, 2010), Inglaterra (WILLIAM
& JENKINS, 2008) e Japão (SHIBATA & WADA, 2011) e sua aplicação mais
conhecida é a equoterapia, utilizando cavalos para a reabilitação de crianças com algum
36
tipo de síndrome ou deficiência. O estado de São Paulo detém grande parte dos estudos
e cursos relacionados a essa abordagem, com projetos e programas voltados para os
mais diferentes públicos (PEREIRA, PEREIRA & FERREIRA, 2007).
Como a ocorrência da doença de Alzheimer vem aumentando progressivamente,
muitos programas com TAA estão voltados para esse grupo de pacientes,
principalmente quando se leva em conta os benefícios que vem sendo observados
(ARTIME, MARTÍNEZ & LLORENS, 2010). Vê-se uma necessidade de maiores
estudos e investimento nessa prática no país.
37
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