AGREGADOS RECICLADOS: sua utilização em argamassa ......agregados reciclados da construção...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC ERIKA WANESSA GALVÃO DA COSTA MARIANA FERRO MARQUES AGREGADOS RECICLADOS: sua utilização em argamassa e em concreto não estrutural MACEIÓ - AL 2017/2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

ERIKA WANESSA GALVÃO DA COSTA MARIANA FERRO MARQUES

AGREGADOS RECICLADOS: sua utilização em argamassa e em concreto não estrutural

MACEIÓ - AL

2017/2

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ERIKA WANESSA GALVÃO DA COSTA MARIANA FERRO MARQUES

AGREGADOS RECICLADOS: sua utilização em argamassa e em concreto não estrutural

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do professor Msc. Emerson Acácio Feitosa Santos.

MACEIÓ - AL

2017/2

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ERIKA WANESSA GALVÃO DA COSTA

MARIANA FERRO MARQUES

AGREGADOS RECICLADOS: sua utilização em argamassa e em concreto não estrutural

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação do professor Msc. Emerson Acácio Feitosa Santos.

APROVADO EM: ___/___/_____

_______________________________________________________ Prof. Msc. Emerson Acácio Feitosa Santos

Orientador

_______________________________________________________ Prof. Msc. Fernando Silva de Carvalho

Avaliador Interno

_______________________________________________________ Prof. Msc. Marcos André Melo Teixeira

Avaliador Externo

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AGRADECIMENTOS

Eu, Mariana, gostaria primeiramente de citar meus mais sinceros agradecimentos diários a Deus, pela força de vontade de todas as manhãs. Em seguida, a minha família (meus amados pais, Guará e Zuza e meus irmãos, Marília e Lucas) por tanta dedicação, cumplicidade e crença em minha pessoa. Ao meu par, Bira, pela paciência, amizade e compreensão durante esses dias difíceis e de riso raro. Aos profissionais de Engenharia Civil do CESMAC, todos eles, que cruzaram meu caminho sempre deixando um pouco de cada um e que foram de extrema importância na composição do meu caráter profissional. Por fim, aos amigos, mas em especial esta que se tornou companheira de aventura nessa árdua, mas prazerosa, jornada rumo ao sucesso profissional, Wan. Meus sinceros votos de realização pessoal e profissional pra você, na mesma intensidade que almejo pra mim mesma. Que nosso companheirismo possa ir além de uma vida acadêmica. Amém.

Eu, Wanessa, agradeço a Deus que iluminou meu caminho e me deu forças durante esta caminhada. Ao meu pai por todo apoio para chegar até aqui. A minha mãe, minha incansável conselheira, por todo carinho, equilíbrio e dedicação diante das dificuldades enfrentadas. Ao meu irmão Junior, meu maior cuidado, obrigada por existir e completar essa família. A vocês três dedico meu amor incondicional, nem sempre dito, mas muito sentido. Aos meus avós, tios e primos, essa conquista também é de vocês. Aos profissionais da área de Engenharia Civil, obrigada por toda bagagem a mim passada, sem dúvidas cresci muito nos últimos 5 anos. Aos amigos que esta jornada me trouxe, agradeço pelos risos e bons momentos. Mari, em especial a você que em pouco tempo tornou-se uma amiga que pretendo levar para o resto da vida, obrigada pelo companheirismo durante a formação acadêmica e pessoal, desejo tudo de melhor que houver nesse mundo. Conquiste-o!

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AGREGADOS RECICLADOS: sua utilização em argamassa e em concreto não estrutural

RECYCLED AGGREGATES: its use in mortar and non-structural concrete

Erika Wanessa Galvão da Costa Graduanda do curso de Engenharia Civil

[email protected] Mariana Ferro Marques

Graduanda do curso de Engenharia Civil [email protected]

Emerson Acácio Feitosa Santos Mestre em Engenharia Civil

[email protected]

RESUMO A enorme geração de resíduos de construção e demolição atualmente equivale a mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos, levando ao desenfreado surgimento de bota-foras clandestinos. A reciclagem desses resíduos foi à solução encontrada por muitos países de primeiro mundo. O Brasil, devido seu alto índice, seguiu com o mesmo propósito. A utilização de agregados reciclados em concreto não estrutural e argamassa de revestimento e assentamento surge como alternativas para atender à enorme demanda de materiais inertes utilizados nestes serviços. Foram realizados ensaios para analisar as principais propriedades físicas e mecânicas dos materiais preparados com agregados reciclados da construção civil, miúdo e graúdo, em diferentes proporções. Os resultados obtidos demonstraram que é possível utilizar o material com agregados reciclados, pois o mesmo possui resistência equivalente a do material tomado como base. A utilização de resíduos reciclados apresenta-se como uma possibilidade possível e viável ao passo que promove uma redução de custos financeiros em obras, além de promover uma acentuada redução nos impactos ambientais possibilitando um destino de reuso dos mesmos, enriquecendo e aprimorando a inserção de resíduos reciclados no mercado consumidor da construção civil. Devido ao vasto crescimento do mercado investidor em materiais reciclados, este trabalho apresenta-se como mais uma alternativa viável para aplicação e utilização dos resíduos dentro do próprio ambiente que os gerou.

PALAVRAS-CHAVE: Reutilização de resíduos. Resíduos reciclados. Agregados reciclados. Resíduos Sólidos. ABSTRACT The huge generation of construction and demolition waste currently accounts for more than 50% of the mass of urban solid waste leading to the rampant emergence of clandestine dumping areas. The recycling of these wastes was the solution found by many first world countries. Due to its high index, Brazil followed with the same purpose. Use of recycled aggregates in covering mortar and bedding mortar and non-structural concrete appears as alternatives to meet the huge demand for inert materials used in these services. Assays were performed to analyze the main physical and mechanical properties of the materials prepared with recycled aggregates of the civil construction, small and large aggregate, were carried out in different proportions. The results showed that it is possible to use the material with recycled aggregates, since it has equivalent resistance to the material taken as base. The use of recycled waste presents as a possible and viable possibility while promoting a reduction of financial costs in works, besides promoting a marked reduction in the environmental impacts allowing a destination of reuse it, enriching and improving the insertion of recycled waste in the consumer market of construction. Due to the vast growth of the investor market in recycled materials, this work presents itself as another viable alternative for the application and use of the residues within the environment that generated them.

KEY WORDS: Reuse of Waste. Recycled Waste. Recycled Aggregates. Solid Waste.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Caracterização e classificação de resíduos ........................................ 13 Figura 2 – Classificação de resíduos da construção civil ..................................... 16 Figura 3 – Reciclagem de resíduos da construção civil – RCC ........................... 17 Figura 4 – Coleta e separação dos resíduos graúdos e miúdos .......................... 19 Figura 5 – Análise e separação gravimétrica em laboratório ............................. 20 Figura 6 – Esquema do equipamento da mesa de consistência (em mm) ......... 21 Figura 7 – Coleta e separação dos resíduos graúdos e miúdos ........................ 22 Figura 8 – Preparação, moldagem e cura dos corpos de provas ....................... 23 Figura 9 – Ensaio a compressão, em laboratório ............................................... 24 Figura 10 – Ensaio de tração por compressão diametral ..................................... 25 Figura 11 – Local de bota-fora em Cruz das Almas ............................................. 29 Figura 12 – Local de bota-fora no Feitosa ............................................................ 30 Figura 13 – Local de bota-fora no Centro de Maceió.......................................... 30

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Composição gravimétrica média do entulho de Maceió .................... 31 Gráfico 2 – Caracterização granulométrica dos resíduos amostrados ................ 32 Gráfico 3 – Composição gravimétrica média das amostras coletadas................. 33 Gráfico 4 – Índice de consistência das argamassas estudadas .......................... 34 Gráfico 5 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos corpos de prova cilíndricos ...............................................................................................

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Gráfico 6 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral dos corpos de prova cilíndricos .............................................................

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Gráfico 7 – Resistência à compressão (MPa) ...................................................... 37 Gráfico 8 – Resistência à tração por compressão diametral (MPa) ..................... 38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 08 1.1 Considerações Iniciais ................................................................................. 09 1.2 Objetivos ........................................................................................................ 10 1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 10 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 10 1.3 Descrição dos Capítulos .............................................................................. 10 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 11 2.1 Impactos e Manejo Sustentável ................................................................... 11 2.2 Classificação dos Resíduos Sólidos ........................................................... 12 2.2.1 Resíduos perigosos – Classe I ..................................................................... 14 2.2.2 Resíduos não perigosos – Classe II ............................................................. 14 2.2.2.1 Resíduos não perigosos não inertes – Classe II A ................................... 14 2.2.2.2 Resíduos não perigosos inertes – Classe II B .......................................... 14 2.3 Resíduos Sólidos da Construção Civil ....................................................... 15 2.4 Reciclagem dos Resíduos Sólidos da Construção Civil ........................... 16 2.5 Ensaios Realizados neste Trabalho ............................................................ 18 2.5.1 Ensaio de peneiramento .............................................................................. 18 2.5.2 Análise gravimétrica ..................................................................................... 19 2.5.3 Ensaio de consistência ................................................................................. 20 2.5.4 Análise granulométrica ................................................................................. 21 2.5.5 Corpos de prova ........................................................................................... 22 2.5.6 Ensaio de resistência mecânica a compressão ........................................... 23 2.5.7 Ensaio a tração por compressão diametral .................................................. 24 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 26 3.1 Metodologia Descritiva ................................................................................. 26 3.1.1 Aplicação do resíduo para argamassa de revestimento e assentamento .... 26 3.1.2 Aplicação do resíduo para concreto não estrutural ...................................... 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 29 4.1 Caracterização do Resíduo .......................................................................... 31 4.1.1 Com a finalidade de aplicação e utilização em argamassa de revestimento e assentamento .....................................................................................................

31

4.1.2 Com a finalidade de aplicação e utilização em concreto não estrutural ...... 33 4.2 Resultados para a Análise e Aplicação em Argamassa de Revestimento e Assentamento ..........................................................................

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4.3 Resultados para a Análise e Aplicação em Concreto Não Estrutural ...... 37 5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 39 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 41

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1 INTRODUÇÃO

A produção de todos os bens de consumo, duráveis e não duráveis, gera

resíduos. Com a revolução industrial e a fervente procura por melhores condições de

vida, muitas pessoas saíram do campo e se aglomeraram nos centros urbanos. Tal

crescimento populacional urbano levou ao aumento do consumo desses bens, e

consequentemente dos resíduos por eles gerados. Eis que surge um dos maiores

problemas da atualidade: a correta disposição dos resíduos (JOHN, 2000;

BRASILEIRO; MATOS, 2015; JOHN, 1999).

Diante da difícil situação, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como Rio 92 – 20

anos após a primeira discussão sobre o tema, que aconteceu em Estocolmo, Suécia

– trouxe para o Brasil toda a comunidade política internacional, onde se pretendia

aliar a utilização de recursos naturais com o desenvolvimento sócio econômico.

Ações conjuntas eram necessárias para solucionar o problema, e a reciclagem de

resíduos é uma delas (GÜNTHER, 2000; NOVAES, 1992; JOHN, 2000; LEVY, 1997;

PINTO, 1999).

Todo processo de reciclagem requer a utilização de tecnologias, consumo de

energia, e em alguns casos, nova matéria prima associada. Dependendo da

escolha, o processo se torna oneroso ou causa grande danos ao meio ambiente,

tornando-o inviável. Além do mais, mesmo no processo de reciclagem ainda há a

possibilidade de geração de resíduos, levando novamente a necessidade de

disposição adequada desses novos resíduos, ou viabilizando um novo processo de

reciclagem, conhecido como reciclagem de ciclo fechado (ÂNGULO; ZORDAN;

JOHN, 2001).

A indústria da construção é uma atividade econômica de grande expressão no

Brasil, pois é uma das áreas que mais emprega, direta e indiretamente, contribuindo

para a diminuição dos indicadores de desemprego no país. Porém, trata-se de um

ramo que produz diversos efeitos prejudiciais ao meio ambiente, uma vez que efetua

a extração de recursos naturais, não renováveis, consome grandes quantidades de

energia, polui o ar, o solo e a água através da produção de resíduos.

O setor da construção civil é um dos maiores produtores de resíduos sólidos,

principalmente de construção e de demolição (C&D). Estes resíduos são

provenientes da ampliação da infraestrutura urbana proporcionada pelo Poder

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Público e, principalmente, pelas iniciativas privadas de construções, comércios,

indústrias e outras, bem como de demolições, ampliações e reformas, no intuito de

proporcionarem novos usos (BRASILEIRO; MATOS, 2015).

Os resíduos de C&D são frequentemente destinados a aterros especiais sem apresentação de técnicas e investimentos que viabilizem a reciclagem dos mesmos. Sem monitoramento, tais resíduos podem ser depositados em locais clandestinos, gerando problemas de saúde à população além da poluição ambiental (ZORDAN, 2003).

Disponibilidade de recursos naturais, avanços tecnológicos e situação

econômica, são algumas das razões que levam a variação da taxa de reciclagem

desses resíduos de construção e demolição em muitos países. Buscando reduzir os

impactos ambientais e os custos do incorreto descarte de entulhos, a reciclagem

para aplicação em argamassas e concretos já foi analisada e tem se mostrado viável

no ponto de vista econômico e tecnológico (LEVY, 1997; ZORDAN, 2003).

1.1 Considerações Iniciais

A capital Maceió possui em torno de 1 milhão de habitantes – Estimativa

IBGE (2017), e a expansão imobiliária é crescente na capital, apresentando como

consequência um elevado índice de geração de resíduos da construção civil e de

demolição, necessitando assim de medidas urgentes de controle, tanto de

gerenciamento, quanto de soluções adequadas em caráter permanente do resíduo

já mencionado.

De acordo com John (2000), um dos benefícios da reciclagem dos resíduos

da construção civil seria a diminuição de áreas dominantes para aterro, pois a

realização da reciclagem minimizaria o volume de resíduos de construção e

demolição, que equivalem a mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos.

Outro beneficio seria a redução da poluição gerada pelos mesmos.

Pinto (1999) destaca a necessidade da redução do consumo de energia

durante o processo de produção.

John (1999) aborda a urgência de reduzir o consumo de recursos naturais

não renováveis, mediante a substituição por resíduos reciclados.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a viabilidade da aplicação de resíduos sólidos reciclados

provenientes da construção e demolição de obras de Maceió – AL, em argamassa

de revestimentos e assentamento e em concreto não estrutural.

1.2.2 Objetivos específicos

Desenvolver uma revisão de literatura sobre a utilização de reciclados

na construção civil.

Analisar as propriedades dos resíduos reciclados.

Verificar a viabilidade da utilização dos resíduos reciclados em

argamassa de revestimento e de assentamento e em concreto não

estrutural.

1.3 Descrição dos Capítulos

Este trabalho foi iniciado com a introdução e consequente apresentação da

utilização de resíduos sólidos provenientes da construção civil. Neste capítulo inicial

foram apresentados as considerações e objetivos do mesmo.

Em seguida, constará uma revisão de literatura, onde estão explicitados

impactos, manejos, surgimento, conceito, classificação e tratamento dos resíduos

em questão.

Depois foi dada continuidade na metodologia do trabalho, onde foram

adequados análises e resultados das aplicações dos estudados resíduos, os quais

foram aplicados em argamassa e concreto. Após exposta toda situação, apresentar-

se-ão os estudos feitos em laboratório, juntamente com as análises bibliográficas,

chegando assim aos resultados e consequentes discussões.

Por fim, após apresentar gráficos e tabelas classificatórias a respeito do

resultado obtido.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Dentre as várias definições para resíduos sólidos existentes no meio

acadêmico, a da NBR 10004/2004 foi a que consideramos mais adequada para o

contexto deste trabalho.

Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (NBR 10004/2004)

Neste capítulo, foi apresentada uma introdução, classificação e definição para

todo e qualquer resíduo sólido. Foi dada ênfase nos cuidados com o manejo, os

impactos causados pelos mesmos, sua apresentação na construção civil, a

reciclagem dos resíduos e suas variadas finalidades.

2.1 Impactos e Manejo Sustentável

Russo (2003) afirma que resíduos sólidos são todos os materiais que se

tornam dispensáveis para seu possessor. Engloba todo e qualquer resíduo

proveniente da atividade do homem que apresenta determinada capacidade de

valorização. No âmbito dos resíduos sólidos gerados pela sociedade nos nossos

dias, cabe aos resíduos sólidos urbanos, a maior e mais volumosa fatia desses

desperdícios.

A preocupação com esses resíduos vem sendo discutida há algumas décadas

nas esferas nacional e internacional, devido o aumento da consciência coletiva com

relação ao meio ambiente. Se manejados adequadamente, os resíduos sólidos

adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de novas matérias-primas

ou novos insumos. Assim, a complexidade das atuais demandas ambientais, sociais

e econômicas leva a um novo posicionamento dos três níveis de governo, da

sociedade civil e da iniciativa privada.

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O Ministério do Meio Ambiente (MMA) traz que, segundo a Política Nacional

de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída pela Lei 12.305/2010, é necessário que haja

redução na geração de resíduos no Brasil. Uma das metas para 2015 era atingir o

índice de 20% em reciclagem de resíduos, proposta pelo Plano Nacional sobre

Mudança do Clima. Alguns métodos previstos nessa lei para alcançar esse objetivo

são o consumo sustentável, a reciclagem e reaproveitamento, e ainda a correta

destinação dos materiais não recicláveis. A indústria e o comércio tem a obrigação

de, sempre que possível, reincorporar esses resíduos sólidos na cadeia produtiva e

inovar nos produtos que tragam benefícios socioambientais, além do executar o

correto gerenciamento ambientalmente dos mesmos. Porém, não apenas o setor

privado. Todos os cidadãos que descartam de maneira pouco ecológica seus itens,

colocando a vida de outros em risco e degradando o meio ambiente, devem

reavaliar seu papel como consumidor. Este problema é muito mais comum do que

se pode imaginar.

É importante destacar que a Resolução CONAMA nº 307/2002 tem como finalidade a não geração de resíduos, e como objetivos secundários, a redução, reutilização, reciclagem e disposição final. Essa visão tem feito às empresas estabelecerem em seus processos de gestão, a preocupação com a não geração; ponto fundamental quando tratamos de questões voltadas à melhoria dos projetos, à inovação dos processos produtivos e à escolha dos materiais a serem empregados (SINDUSCON - SP 2015).

A partir da citação acima, surgiram políticas que beneficiam construtoras que

se adaptam à gestão de resíduos, e devido a esses benefícios o aumento de

empresas que passaram a ter essa preocupação como foco foi gritante, reduzindo

assim à geração de resíduos sólidos provenientes da construção e demolição.

2.2 Classificação dos Resíduos Sólidos

A figura 1 demonstra como classificar um resíduo sólido quanto ao risco ao

meio ambiente e saúde pública. Estes são tidos como perigosos e não perigosos,

sendo os não perigosos ainda subdivididos em não inerte e inerte. A NBR

10004/2004 estabelece os critérios de classificação e os códigos para a identificação

dos resíduos de acordo com suas características.

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Figura 1 – Caracterização e classificação de resíduos. Fonte: ABNT NBR 10004, 2004.

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2.2.1 Resíduos perigosos – Classe I

Alguns tipos de resíduos sólidos são altamente perigosos para o meio

ambiente, pois em função de suas propriedades físicas, químicas ou

infectocontagiosas podem causar a contaminação do solo no local do despejo e

ainda riscos a saúde publica. Esse tipo de resíduo perigoso requer um sistema de

coleta (classificado conforme NBR 10004/2004), de tratamento e descarte adequado

e rigoroso. Apresentam características como inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade.

2.2.2 Resíduos não perigosos – Classe II

Estes resíduos não perigosos não apresentam características como

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade, e nem

possuem tendência a sofrer uma reação química brusca. Estes se subclassificam

em:

2.2.2.1 Resíduos não perigosos não inertes – Classe II A

Estes tipos de resíduos geralmente apresentam características como

solubilidade em água, biodegradabilidade ou ainda combustibilidade.

2.2.2.2 Resíduos não perigosos inertes – Classe II B

Conforme ABNT NBR 10004/2004, são os resíduos que não possuem

nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões

de potabilidade de água, excluindo-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor,

quando amostrados de uma forma representativa e submetidos a um contato

dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente.

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2.3 Resíduos Sólidos da Construção Civil

Em 05 de julho de 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA

do Brasil publicou a Resolução de nº 307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e

procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil no Brasil,

disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais e

define Resíduos Sólidos da Construção Civil da seguinte forma:

Resolução CONAMA nº 307/2002 Art. 2° Inciso I: Resíduos Sólidos da

Construção Civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e

demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral,

solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,

argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação

elétrica e etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Outra definição importante é a de Agregado Reciclado conforme a mesa

resolução:

Resolução CONAMA nº 307/2002 Art. 2° Inciso IV – Agregado reciclado: é o

material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que

apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de

infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia;

Um fato interessante é que a Resolução CONAMA nº 307/2002, alterada pela

Resolução CONAMA nº 348/2004, determinou que o gerador dos resíduos devesse

ser o responsável pelo gerenciamento. Com isso ficou estipulada a segregação dos

resíduos em diferentes classes, andamento para reciclagem e disposição final

adequada. As áreas destinadas para esses serviços deverão passar pelo processo

de licenciamento ambiental e serão fiscalizadas pelos órgãos ambientais

competentes.

A Lei 12.305/2010 define os Resíduos da Construção Civil da seguinte

maneira:

Lei 12.305/2010 Art. 13° Inciso h – Resíduos da construção civil: os gerados

nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil,

incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

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Em se tratando de definições oficiais, o decreto 307 do CONAMA e a Lei

12.305/2010 são as principais referências. Estes resíduos provenientes da

construção civil podem ser classificados de acordo com a figura 2, abaixo:

Figura 2 – Classificação de resíduos da construção civil. Fonte: Vinhal, 2015.

2.4 Reciclagem dos Resíduos Sólidos da Construção Civil

A reciclagem de Resíduos da Construção Civil (RCC) requer a analise da

captação, do transporte e da estocagem desses resíduos, ate chegar à viabilização

de um processo de beneficiamento. Devem ser feitos estudos criteriosos dos pontos

de coleta, a forma como o material será transportado até o local de estocagem e, por

fim, definir uma região apropriada para a implantação da usina de reciclagem.

A Resolução Brasileira do CONAMA classifica os seguintes resíduos:

De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de

terraplanagem;

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De construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento

etc.), argamassa e concreto;

De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de

obras;

O processo de reciclagem é apresentado na figura 3 abaixo:

Figura 3 – Reciclagem de resíduos da construção civil - RCC. Fonte: Portal Resíduos Sólidos, 2014.

O primeiro passo é a coleta seletiva e logo após vem o processo de trituração,

nesta fase as porções dos resíduos sólidos encontram-se misturadas, sendo

necessário que os mesmos passem por um processo de granulagem, onde será

feito a fragmentação das partes, e de acordo com a graduação desses resíduos,

serão classificados e comercializados como areia, brita, pedrisco, bica corrida e

outros. Esta matéria prima ainda poderá fazer parte da fabricação dos produtos de

base para a construção civil como britas, tijolos, blocos de cimento, etc.

Mesmo representando sérios riscos ambientais, os problemas ocasionados pelo resíduo da construção civil e da demolição não são privilégio do Brasil e de suas grandes cidades, principalmente aquelas que estão em processo acelerado de urbanização. O mundo inteiro ressente das consequências dessa séria problemática, que provoca, até certo ponto, impactos

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ambientais, sociais e econômicos, geralmente, resultantes da grande quantidade de resíduo de C&D lançada irregularmente na Natureza (FONSECA; MENEZES, 2010).

Com as fiscalizações do governo cada vez mais fortes e crescentes sobre a

gestão de resíduos sólidos, as empresas tem se preocupado em destina-los

corretamente. Por outro lado, existe a incessante necessidade de reduzir os custos,

e a maneira encontrada pelas construtoras foi o reaproveitamento desses resíduos

como agregado.

Uma segunda e não menos eficiente alternativa que vamos julgar qualificada, será a transformação destes resíduos em agregados, assim surge como uma solução viável para a redução dos resíduos e, também, para a diminuição do custo da construção. A utilização de agregados reciclados em argamassas de revestimento e assentamento surge como alternativa, uma vez que esse material apresenta desempenho adequado, conforme vários trabalhos publicados sobre o tema (Pinto, 1998). Além disso, o seu uso também promove a diminuição de custos, ajuda a solucionar parte do problema de destinação final deste material e contribui para a melhoria das condições ambientais do país (SANTANA, M. J. A.; CARNEIRO, A. P.; SAMPAIO, T. S., 2001).

Diante deste cenário, este trabalho foi baseado em duas pesquisas de

iniciação científica, realizadas em Agosto de 2012 a Julho de 2013 e Agosto de 2013

a Julho de 2014, em que se propuseram a analisar a utilização de agregados

reciclados, intituladas por: “Utilização de agregados reciclados, provenientes de

resíduos de construção e demolição (C&D) de Maceió, em argamassas de

revestimento e assentamento”, avaliando as propriedades destas argamassas, no

estado fresco e no estado endurecido e “Utilização de agregados reciclados,

provenientes de resíduos de construção civil (RCC) de Maceió, em concreto não

estrutural”, avaliando as propriedades físicas e mecânicas dos concretos preparados

com agregados reciclados da construção civil, miúdo e graúdo, em diferentes

proporções.

2.5 Ensaios Realizados neste Trabalho

2.5.1 Ensaio de peneiramento

Este ensaio é considerado de caracterização, pois faz parte da análise

granulométrica dos solos. É utilizado principalmente para determinar as porções

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mais grossas da amostra, como o pedregulho e as areias, segundo a ABNT NBR

7211/2005, para definição de agregado miúdo e graúdo.

A figura 4 mostra o ensaio realizado em laboratório para caracterização

dessas partes, separando assim as frações mais grossas da amostra de solo.

Figura 4 – Coleta e separação dos resíduos graúdos e miúdos. Fonte: Marques, 2014.

É possível verificar no primeiro recipiente as amostras que ficaram retidas na

peneira mais fina, enquanto no segundo recipiente está à amostra que passou pela

peneira.

2.5.2 Análise gravimétrica

Para realizar esse procedimento é necessário fazer a separação do material

até sua forma mais consistente, após isso, segregar e realizar a pesagem. Este

método é feito em diversas etapas para garantir a exata quantificação do material

desejado. Importante atender à NBR NM 26/2009 que se referem às amostragens

de agregados, desde a sua extração e redução até o armazenamento e transporte

das amostras representativas de agregados para concreto, destinadas a

ensaios de laboratório.

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A figura 5 demonstra a quantidade de material utilizado, registrado em

laboratório.

Figuras 5 – Análise e separação gravimétrica em laboratório.

Fonte: Marques, 2014.

Os registros apresentam os materiais já separados sendo pesados,

garantindo assim um melhor monitoramento dos erros e um quantitativo mais preciso

e exato.

2.5.3 Ensaio de consistência

Atendendo à NBR NM 67/1998, que especifica o método para determinar a

consistência do concreto fresco através da medida de seu assentamento, foi

necessário o ensaio de consistência. Este é um dos principais fatores que influencia

na trabalhabilidade do concreto e que é de grande importância para que estes

agregados possam ser utilizados em concreto não estrutural.

No estado fresco foi avaliado o índice de consistência das argamassas, por

intermédio do ensaio da mesa de consistência – flow table – NBR 13276/2016, pois

esta é uma das principais propriedades utilizada na avaliação da trabalhabilidade

das argamassas.

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O equipamento da mesa de consistência está representado na figura 6, onde

o molde deverá ser preenchido em três camadas sucessivas e com os seguintes

golpes nas camadas, 15, 10 e 5 golpes respectivamente. Executam-se ensaios com

30 quedas da mesa em 30 segundos seguidos e depois se mede com o paquímetro,

no mínimo dois diâmetros ortogonais, da argamassa espalhada na mesa.

Figura 6 – Esquema do equipamento da mesa de consistência (medidas em mm).

Fonte: ABNT NBR 7215, 1996.

2.5.4 Análise granulométrica

As partículas de solo apresentam uma grandiosa variabilidade de tamanho.

Esta variação diz muito sobre a origem dessas partículas e seu método de

transporte.

A análise granulométrica, determinada segundo a ABNT NBR NM 248/2003,

consiste na determinação das dimensões das partículas de grãos que constituem as

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amostras de solo e da frequência com que estas ocorrem. Análise feita de acordo

com o que é solicitado na norma, como sua distribuição granulométrica, a forma dos

grãos e seus desgastes.

Esta análise determinará as dimensões das partículas de agregado utilizadas

neste, como recolhido e registradas em bota-foras clandestinos, como no exemplo

da figura 7.

Figuras 7 – Coleta e separação dos resíduos graúdos e miúdos. Fonte: Marques, 2014.

2.5.5 Corpos de prova

Corpos de prova moldados de acordo com a NBR 5738/2016, onde para

moldagem dos corpos de prova deve-se primeiramente atender ao adensamento

manual e adensamento vibratório, para que depois ocorra a desforma, transporte,

cura final e, por fim, a preparação dos corpos de prova.

Testes realizados em corpos de prova representativos do concreto, cuja

moldagem e acondicionamento são tão importantes quanto à execução dos ensaios

em si. A figura 8 mostra que foram realizados ensaios e registrados os processos em

corpos de prova.

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Figuras 8 – Preparação, moldagem e cura dos corpos de provas. Fonte: Marques, 2014.

2.5.6 Ensaio de resistência mecânica a compressão

Atendendo a NBR 7215/1996, onde especifica o método de determinação da

resistência à compressão, foi realizado o ensaio e análise de resistência mecânica,

pois esta é uma das mais importantes, visto que julga a capacidade do material de

resistir às ações de alguns tipos de esforços.

A compressão aplicada em um material resultará na diminuição do seu

volume ou na redução de uma de suas dimensões (axial com a atuação da força) e

um aumento da seção transversal (quando é permitida a deformação da peça

naquela direção). De acordo com a figura 9, podemos ver registros de resistência

mecânica à compressão sendo realizada em laboratório.

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Figuras 9 – Ensaio a compressão, em laboratório. Fonte: Marques, 2014.

2.5.7 Ensaio a tração por compressão diametral

Para a sua realização, um corpo de prova cilíndrico de 15x30 cm é colocado

com o eixo horizontal entre os pratos da prensa, sendo aplicada uma força até a sua

ruptura por tração indireta (ruptura por fendilhamento). O valor da resistência à

tração por compressão diametral, fct.sp, encontrado neste ensaio, é um pouco maior

que o obtido no ensaio de tração direta. O ensaio de compressão diametral é

simples de ser executado e fornece resultados mais uniformes do que os da tração

direta. O esquema é apresentado na figura 10.

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Figura 10 – Ensaio de tração por compressão diametral. Fonte: Pinheiro, Muzardo, Santos, 2014.

Segundo Thomaz (s.d.), a atual norma NBR 6118/2014 indica a relação entre

a resistência à tração medida em diferentes ensaios, onde fct.sp = resistência à

tração indireta, medida no ensaio de compressão diametral, definido pela NBR

7222/2011.

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3 METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta como base duas pesquisas científicas

realizadas pela Fundação Jayme de Altavila – FEJAL – no Centro Universitário

CESMAC, de acordo com o Programa Semente de Iniciação Científica – PSIC –

onde uma foi fomentada pelo PIBIC/CNPq (no período de agosto de 2012 a julho de

2013) e a outra pelo PSIC/Santander (no período de agosto de 2013 a julho de

2014).

3.1 Metodologia Descritiva

A metodologia inicial dos projetos foi uma pesquisa científica descritiva,

analisando e interpretando os dados obtidos em livros, periódicos, revistas técnicas,

dissertações etc., de forma a compor o referencial teórico de ambas as pesquisas.

Na segunda etapa do projeto foram abordados os ensaios com o material

reciclado, na qual foi regida pelas seguintes metodologias:

Para caracterizar os resíduos de construção civil (RCC) e demolição (C&D),

utilizados nas pesquisas, quanto a sua composição foi utilizada a metodologia da

determinação gravimétrica do resíduo, se valendo do processo de quarteamento

instituído pela NBR 9941/2001. Foram obtidas amostras de diversos locais da

cidade, sendo procedida a caracterização e registro do local de retirada da amostra,

tais amostras foram retiradas com base na NBR 10007/2004.

Para a caracterização granulométrica do resíduo foi utilizada a metodologia

trazida na NBR 7217/1987 – “Agregados – Determinação da Composição

Granulométrica”, que prescreve o método para determinação da composição

granulométrica de agregados miúdos e graúdos.

Conforme tópicos a seguir, verificar-se-á a continuidade da metodologia.

3.1.1 Aplicação do resíduo para argamassa de revestimento e assentamento

Para a avaliação das propriedades das argamassas de assentamento e

revestimento produzidas com resíduos reciclados, nos estados frescos e

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endurecidos, em diversos traços, foram comparados os resultados destas, com

argamassas de referências, confeccionadas com cimento, areia e saibro (argamassa

base) e argamassa de cimento, cal, e areia (argamassa de referência).

A argamassa produzida com saibro foi utilizada como base para a adição do

agregado reciclado, sendo, portanto, definida como argamassa base. A sua

dosagem apresenta relação entre cimento e materiais secos não cimentícios – areia

e saibro – de 1:6 (argamassa de assentamento) e 1:8 (argamassa de revestimento)

em massa, sendo que a proporção de saibro, em relação à massa dos materiais

secos não cimentícios, é de 25% (argamassa de assentamento) e de 35%

(argamassa de revestimento).

A adição de agregados reciclados ocorre na proporção de 100% (tanto para

argamassa de assentamento quanto para argamassa de revestimento) em relação

aos materiais secos não cimentícios.

As argamassas de assentamento e revestimento (AAR 100 e ARR 100) com

adição de 100% do agregado reciclado têm como materiais constituintes apenas

cimento, agregado reciclado e água, ou seja, todo o agregado miúdo (areia e saibro)

foi substituído por agregado reciclado.

Já a argamassa de referência foi uma argamassa mista de cimento e cal,

como aglomerantes, e a areia, como agregado, na proporção de 1:0,5:6 (cimento,

cal e areia) em massa, para a argamassa de assentamento e traço de 1:0,5:8

(cimento, cal e areia) em massa para a argamassa de revestimento.

Para os traços das argamassas, incluindo os traços das argamassas de base

e de referência, foram realizados todos os ensaios propostos na pesquisa, tanto no

estado fresco, quanto no endurecido, para posterior avaliação dos resultados.

3.1.2 Aplicação do resíduo para concreto não estrutural

Já para a avaliação das propriedades dos concretos produzidos com resíduos

reciclados, nos estados frescos e endurecidos, em diversos traços, foram

comparados os resultados destas, com traços de concretos de referências,

confeccionadas com cimento, areia e brita 01, apenas.

A adição de agregados reciclados ocorre na proporção de 50% e 100% de

agregado reciclado graúdo, e 100% de agregado reciclado graúdo e miúdo.

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Por fim, será redigido e publicado o texto final da pesquisa de iniciação

científica, com o objetivo de atingir o maior número de integrantes da comunidade

acadêmica e da população de Maceió.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o desenvolvimento deste trabalho, foram realizadas várias atividades

e ações agrupadas. Com os resultados obtidos, foram observadas a metodologia

empregada e a revisão de literatura. Foram feitas visitas de campo, no aspecto

prático, para análise de todo material coletado e analisado em laboratório.

De forma simultânea, foram identificados e fotografados os locais de despejos

de resíduos, além da retirada de algumas amostras do material encontrado, para

posterior caracterização dos rejeitos.

Algumas imagens são relatas abaixo, referentes aos locais de disposição de

resíduos, como apresentados nas figuras 11, 12 e 13:

Figura 11 – Local de bota-fora em Cruz das Almas. Fonte: Marques, 2014.

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Figura 12 – Local de bota-fora no Feitosa. Fonte: Marques, 2014.

Figuras 13 – Local de bota-fora no Centro de Maceió, Rua Buarque de Macedo.

Fonte: Marques, 2014.

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4.1 Caracterização do Resíduo

Os procedimentos para caracterizar o resíduo consistem: na homogeneização

do entulho, antes da coleta da amostra, recolhimento do entulho em

aproximadamente 20 quilos, quartear o material recolhido, através de triagem

separar os materiais por classes (madeira, matéria orgânica, metais, plástico,

pedras, materiais cerâmicos, solo, entre outros), pesar cada classe obtida e calcular

as porcentagens de cada uma.

4.1.1 Com a finalidade de aplicação e utilização em argamassa de revestimento e

assentamento

Após a realização da caracterização desses resíduos, obteve-se a

composição média para o entulho. A distribuição geral dos materiais encontrados em

campo é apresentada no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Composição gravimétrica média do entulho de Maceió. Fonte: Autor, 2014.

Este gráfico demonstra que os 3 principais materiais encontrados nesse

entulho são materiais cerâmicos, solos e areias, e concreto e argamassa, materiais

que apresentam alto potencial de reciclagem.

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Dada à continuidade, as etapas seguintes incluíram as ações de laboratório.

A primeira ação foi à análise granulométrica dos resíduos recolhidos, visto que na

elaboração das argamassas foi utilizada sobre os resíduos enquadrados como

agregados miúdos. Em seguida, foi realizado o ensaio de peneiramento de forma a

separar os agregados miúdos, material passante na peneira de 4,8 mm, dos

agregados graúdos, material passante na peneira de 19 mm e retidos na peneira de

4,8 mm.

O Gráfico 2 mostra o agrupamento dos materiais encontrados na fase de

caracterização, segundo as categorias de entulho.

Gráfico 2 – Caracterização granulométrica dos resíduos amostrados.

Fonte: Autor, 2014.

O processo de caracterização do entulho demonstrou que 68% da amostra

passaram pela peneira de 4,8 mm acima citada, o que os classifica como agregado

miúdo. Esse material passante subdivide-se, de modo que a maior parte, ou seja,

61% dos resíduos são tidos como areia e uma menor porção de 7% como silte e

argila. O material passante na peneira de 19 mm e retido na de 4,8 mm representou

32% da amostra e é tido como pedregulho, classificado como agregado graúdo,

segundo a ABNT NBR 7211:2005, para definição de agregado miúdo e graúdo.

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4.1.2 Com a finalidade de aplicação e utilização em concreto não estrutural

A composição gravimétrica média de todas as amostras de resíduos obtidas

está descrita no Gráfico 3 abaixo:

Gráfico 3 – Composição gravimétrica média das amostras de resíduos coletadas. Fonte: Autor, 2014.

Observa-se que 97% tem grande potencial de reaproveitamento na cadeia

produtiva da construção civil.

O concreto produzido com brita 01 foi utilizado como referência para a adição

do agregado reciclado, sendo, portanto, definido como concreto de referência. A sua

dosagem apresenta relação entre cimento e materiais secos não cimentícios – areia

e brita – de 1:3:5 (cimento, areia e brita 01) em massa. A adição de agregados

reciclados graúdos ocorreu nas seguintes proporções de 50% e 100% (em

substituição a brita 01), mantendo como agregado miúdo a areia.

Em outra situação foi refeita a proporção de agregados graúdos reciclados em

100% (em substituição a brita 01) além da substituição da areia, por agregado miúdo

reciclado nas proporções de 100% em relação aos materiais secos não cimentícios.

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4.2 Resultados para a Análise e Aplicação em Argamassa de Revestimento e

Assentamento

Após a análise granulométrica dos resíduos deu-se início as etapas de

laboratórios onde foram avaliadas as propriedades das argamassas de

assentamento e revestimento, com diversos traços, nos estados frescos e

endurecidos. Os traços avaliados foram os seguintes: Argamassa Base, constituída

de cimento, areia e saibro foram ensaiados os traços 1:6 (assentamento) e 1:8

(revestimento) e Argamassa Reciclada (100%), constituída de cimento e material

reciclado, nos traços 1:6 (assentamento) e 1:8 (revestimento).

No estado fresco foi avaliado o índice de consistência das argamassas, por

intermédio do ensaio da mesa de consistência – flow table (NBR 13276/2016), pois

esta é uma das principais propriedades utilizadas para a avaliação da

trabalhabilidade das argamassas. A boa trabalhabilidade da argamassa é

fundamental para que o revestimento obtenha uma boa aderência ao substrato, bem

como para o correto assentamento dos elementos da alvenaria, além de

proporcionar um melhor acabamento superficial da argamassa na superfície à qual

foi aplicada. Abaixo, no Gráfico 4, apresentam-se as avaliações de resistência das

argamassas com material reciclado.

Gráfico 4 – Índice de consistência das argamassas estudadas. Fonte: Autor, 2014.

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No estado endurecido foram avaliadas as resistências mecânicas a

compressão e a tração por compressão diametral, das seguintes argamassas:

Argamassa Base, constituída de cimento, areia e saibro foram ensaiados os traços

1:6 (assentamento) e 1:8 (revestimento) e Argamassa Reciclada (100%), constituída

de cimento e material reciclado, nos traços 1:6 (assentamento) e 1:8 (revestimento).

A resistência à aderência à tração não foi possível avaliar em decorrência de

problemas técnicos no laboratório da instituição, tendo sido avaliada somente a

resistência à compressão das argamassas de revestimento. Os resultados são

apresentados nas tabelas 1 e 2 e gráficos 5 e 6 seguintes:

Tabela 1 – Resultados resistência à compressão corpos de prova cilíndrico.

Resistência média à compressão dos corpos de prova cilíndricos (MPa)

Rompimento BASE 1:6 (A)

Rec 100% (A)

BASE 1:8 (R)

Rec 100% (R)

3 dias 2,9 2,7 2,4 2,3

28 dias 4,7 4,5 4,2 3,9

Fonte: Autor, 2014.

Gráfico 5 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos corpos de prova cilíndricos. Fonte: Autor, 2014.

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Tabela 2 – Resultados de resistência à tração por compressão diametral corpos de prova cilíndricos.

Resistência média à tração por compressão diametral dos corpos de prova cilíndricos (MPa)

Rompimento BASE 1:6 (A)

Rec 100% (A)

BASE 1:8 (R)

Rec 100% (R)

3 dias 0,3 0,2 0,2 0,2

28 dias 0,8 0,6 0,6 0,5

Fonte: Autor, 2014.

Gráfico 6 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral dos corpos de prova cilíndricos.

Fonte: Autor, 2014.

As argamassas avaliadas apresentaram resultados de resistência à

compressão e a tração por compressão diametral entre 3,9 e 4,7 MPa e 0,5 e 0,8

MPa, respectivamente, sendo os resultados das argamassas com agregados

reciclados bem próximos das argamassas bases, ou seja, a substituição da

argamassa com material reciclado, não iria interferir no bom funcionamento e

rendimento da mesma, se comparado à argamassa base em questão.

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4.3 Resultados para a Análise e Aplicação em Concreto Não Estrutural

Os resultados para as propriedades, no estado endurecido, de compressão

estão apresentados nos gráfico 7 .

Gráfico 7 – Resistência à compressão (MPa). Fonte: Autor, 2014.

O gráfico demonstra a resistência do concreto tido como referencial, que não

utiliza nenhum tipo de material reciclado. Após isso, traz a resistência do concreto

que utiliza 50% de agregado graúdo reciclado, seguido do concreto com 100% de

agregado graúdo reciclado. Por fim, a resistência do concreto com 100% dos

agregados reciclado (graúdos e miúdos). É possível observar que a resistência

diminui gradativamente, à medida que a porcentagem de material reciclado aumenta

e esta diminuição pode ser decorrente da existência de impurezas em nosso

material reciclado, o que ainda assim não inviabiliza nem compromete sua

aplicação.

Os resultados para as propriedades, no estado endurecido, de tração por

compressão diametral estão apresentados no gráfico 8 abaixo:

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Gráfico 8 – Resistência à tração por compressão diametral (MPa).

Fonte: Autor, 2014.

A produção de concretos não estruturais com agregado reciclado é simples e

resulta num produto final de qualidade, possibilitando o seu uso em moradias

populares, passeios públicos, praças etc.

O volume de Resíduos da Construção Civil gerado na cidade de Maceió

possui um significativo potencial para reciclagem. Os resultados encontrados na

composição gravimétrica deste trabalho tornam possível tal afirmação, onde a

composição dos resíduos de construção civil apresentam aproximadamente 97,02%

de resíduos de classe A (como apresentado na seção 2.3), ou seja, que pode ser

reciclado e aplicado na utilização de concretos para fins não estruturais visto que de

acordo com a NBR 6118/2014, é preciso uma força maior que a encontrada para

que se possa aplicar o determinado concreto para fins estruturais.

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5 CONCLUSÃO

Diante da problemática referente ao aumento de resíduos sólidos

ocasionados pelo vasto leque da construção civil, foram apresentadas neste

trabalho, duas possíveis aplicações para sua destinação com a finalidade de

diminuir o alto índice de poluição causado pelos mesmos, inseri-los no mesmo

ambiente que os criaram e buscar uma possível redução nos gastos realizados na

construção.

Na presença dos rápidos avanços tecnológicos, surgem assim várias

metodologias que direcionam as diversas aplicações dos resíduos reciclados, visto

que, faz-se necessária melhoria em sua deposição e hoje pode ser claramente

visualizado os benefícios que vão além de praticidade e economia dentro da própria

obra. Uma dessa destinação foi o estudo do material reciclado compondo

argamassa de revestimento e assentamento e, também, sendo composição em

concreto não estrutural.

Com a finalidade de aplicação em argamassa de assentamento e

revestimento, fica claro que a inclusão do material reciclado não interfere no bom

funcionamento e rendimento da argamassa se comparada com a argamassa base

utilizada por este trabalho, bem como garantindo que sua aderência e acabamento

não sejam danificados. Assim como também, foi possível exemplificar que a

aplicação do material reciclado no concreto, mesmo causando diminuição na sua

resistência, não torna sua aplicação inviável, visto que resultou num produto final de

boa qualidade e plausível de uso para fins não estruturais.

Em função desses satisfatórios resultados, aliando-os à eficiência significativa

em sua aplicação, a utilização dos Resíduos de Construção e Demolição permitirá

iniciar um ciclo de estudos e um mercado de trabalho voltado para materiais

utilizados na construção civil. Além de determinada economia alcançada, comprova-

se também a diminuição dos danos ambientais. Em decorrência desse estudo,

recomenda-se o aprofundamento do mesmo, pois o reconhecimento da demanda

por agregados e da geração de resíduos para melhoria do avanço da reciclagem no

Brasil, requer ainda muitos cuidados e avanços.

Sendo a geração dos resíduos de construção e demolição inevitável na nossa

realidade atual, além da necessidade de renovação, evolução das bases

tecnológicas, econômicas e políticas sólidas, deseja-se melhoria nas condições para

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que os avanços necessários sejam conquistados visando superar os cenários de

degradação ambiental e de utilização descontrolada de recursos naturais que

deveriam ser preservados para as próximas gerações.

Para melhor análise e maior aprofundamento na utilização de materiais

reciclados e sua aplicação na construção civil, sugerimos estudos e trabalhos nas

seguintes linhas de pesquisas:

Análise da utilização de agregados reciclados em concreto estrutural.

Estudo voltado para a problemática sobre a utilização de agregados

reciclados em argamassa e a possível ocorrência de patologias

causadas pelos mesmos.

As modificações da trabalhabilidade das argamassas pelo uso do

resíduo sólido reciclado.

Causas possíveis sobre a diminuição da força de resistência à

compressão e à tração, pela inserção de agregado reciclado ao

concreto.

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REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004 – Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

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