Abrente nº 41

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Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org Ano XI • Nº 41 • Segunda jeira • Julho, Agosto e Setembro de 2006 Sumário Editorial 3 Solidariedade da esquerda portuguesa com a Galiza. Dificuldades e reptos na criaçom de pontes imprescindíveis Rute Cortiço e Ângelo Meraio 4-5 Revoluçom Galega. Dez anos de Primeira Linha 6 20 anos de evoluçom do feminismo na Galiza Luísa Ocampo Pereira 7 Catalunha: aprovado o Estatuto, continua a luita pola independência Albert Botran 8 Actividades festivas e reivindicativas do Dia da Pátria Na primavera o nosso país tivo oportunidade de assistir com nitidez às duas formas antagónicas que marcam a linha divisória entre a praxe política bur- guesa e operária. Referimo-nos à greve do metal do sul da Galiza e ao processo consultivo para elaborar a reforma estatutária. Por um lado umha exemplar luita de massas, de carácter unitário e combativo, que emprega a fábrica e ocupa a rua como espaço primordial de intervençom, que se desenvolve ao calor da mobi- lizaçom, que se dota de um modelo da democracia operária assemblear, e supera os rígidos limites impostos pola ditadura do Capital na sua forma de democracia burguesa para incidir e pressionar, e cujo desenlace nom se conhece de antemao. É fruto da capacidade de luita e das forças movimentadas. Do outro lado um planificado e ordenado ca- lendário de comparecências, que nom permite im- previstos, nem sobressaltos, baseado na política espectáculo, na projecçom mediática, encerrado entre os luxos das instalaçons autonómicas, com umha idêntica finalidade, que todos, -salvo as ex- cepçons que confirmam a regra-, partilham. Ambos os modelos exprimem duas concepçons do mundo. De quem tem que luitar para defender os seus direitos e assegurar as mais elementares condiçons materiais de existência, quem padece a exploraçom surda, mas real, do capitalismo neo- liberal, mas também a repressom violenta dos O imenso poder da unidade instrumentos coercitivos que o Capital possui para impor a sua “ordem”. E por outro lado a política profissional, confor- mada por elites afastadas da realidade diária do mundo do Trabalho, das suas angústias e misérias. Por umha casta conformada por oportunistas des- classados e quadros burgueses cuja tarefa é repre- sentar umha permanente funçom que aparentando pretender melhorar as condiçons do presente, só aspira a aperfeiçoar os mecanismos de alienaçom que submetem amplos contingentes populares na superstiçom e numha virtual realidade que contribui a anestesiar, dividir e paralisar os processos de lui- ta como o desenvolvido polo sector metalúrgico. Aqui, sem aditivos, nem corantes, sem utilizar recursos retóricos e apelos doutrinais, podem-se contemplar, em estado puro, as divergências e profundas diferenças, e portanto, o carimbo que caracteriza os reformismos e as organizaçons revo- lucionárias. Os que utilizam a luita de massas com exclusivos fins eleitorais e para dotar-se de activos que permitam reforçar as suas capacidades de ne- gociaçom no jogo institucional, e as organizaçons de classe que cedem a sua experiência teórico- prática para conseguir melhoras aqui e agora, mas também para incrementar a consciência média do proletariado e da classe trabalhadora para avançar na emancipçom e ligar as luitas imediatas, parciais com o Socialismo. E este nom emana de umha maio- do proletariado

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Publicaçom da organizaçom comunista e independentista galega Abrente, correspondente a Julho, Agosto e Setembro de 2006

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Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org Ano XI • Nº 41 • Segunda jeira • Julho, Agosto e Setembro de 2006

SumárioEditorial

3 Solidariedade da esquerda portuguesa com a Galiza.Dificuldades e reptos na criaçom de pontes

imprescindíveisRute Cortiço e Ângelo Meraio

4-5 Revoluçom Galega. Dez anos de Primeira Linha

6 20 anos de evoluçom do feminismo na GalizaLuísa Ocampo Pereira

7 Catalunha: aprovado o Estatuto, continua a luita pola independência

Albert Botran

8 Actividades festivas e reivindicativas do Dia da Pátria

Na primavera o nosso país tivo oportunidade de assistir com nitidez às duas formas antagónicas que marcam a linha divisória entre a praxe política bur-guesa e operária. Referimo-nos à greve do metal do sul da Galiza e ao processo consultivo para elaborar a reforma estatutária.

Por um lado umha exemplar luita de massas, de carácter unitário e combativo, que emprega a fábrica e ocupa a rua como espaço primordial de intervençom, que se desenvolve ao calor da mobi-lizaçom, que se dota de um modelo da democracia operária assemblear, e supera os rígidos limites impostos pola ditadura do Capital na sua forma de democracia burguesa para incidir e pressionar, e cujo desenlace nom se conhece de antemao. É fruto da capacidade de luita e das forças movimentadas.

Do outro lado um planifi cado e ordenado ca-lendário de comparecências, que nom permite im-previstos, nem sobressaltos, baseado na política espectáculo, na projecçom mediática, encerrado entre os luxos das instalaçons autonómicas, com umha idêntica fi nalidade, que todos, -salvo as ex-cepçons que confi rmam a regra-, partilham.

Ambos os modelos exprimem duas concepçons do mundo. De quem tem que luitar para defender os seus direitos e assegurar as mais elementares condiçons materiais de existência, quem padece a exploraçom surda, mas real, do capitalismo neo-liberal, mas também a repressom violenta dos

O imenso poder da unidade

instrumentos coercitivos que o Capital possui para impor a sua “ordem”.

E por outro lado a política profi ssional, confor-mada por elites afastadas da realidade diária do mundo do Trabalho, das suas angústias e misérias. Por umha casta conformada por oportunistas des-classados e quadros burgueses cuja tarefa é repre-sentar umha permanente funçom que aparentando pretender melhorar as condiçons do presente, só aspira a aperfeiçoar os mecanismos de alienaçom que submetem amplos contingentes populares na superstiçom e numha virtual realidade que contribui a anestesiar, dividir e paralisar os processos de lui-ta como o desenvolvido polo sector metalúrgico.

Aqui, sem aditivos, nem corantes, sem utilizar recursos retóricos e apelos doutrinais, podem-se contemplar, em estado puro, as divergências e profundas diferenças, e portanto, o carimbo que caracteriza os reformismos e as organizaçons revo-lucionárias. Os que utilizam a luita de massas com exclusivos fi ns eleitorais e para dotar-se de activos que permitam reforçar as suas capacidades de ne-gociaçom no jogo institucional, e as organizaçons de classe que cedem a sua experiência teórico-prática para conseguir melhoras aqui e agora, mas também para incrementar a consciência média do proletariado e da classe trabalhadora para avançar na emancipçom e ligar as luitas imediatas, parciais com o Socialismo. E este nom emana de umha maio-

do proletariado

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ria aritmética num parlamento e numhas instituiçons desenhadas para perpetuar a dominaçom da burguesia. Será resultado do dialéctico processo da luita de classes, com as suas fases e períodos de calma e de luita, de fl uxos e refl uxos, mas que ine-xoravelmente só poderám atingir a plena emancipaçom e libertaçom mediante umha transformaçom radical do presente. E isto só é possível mediante a Revoluçom, com maiúsculas e sem maquilhagens.

A democracia burguesa é puramente instrumental

O período sobre o que vimos refl ectindo também permite constatar umha evidência que defi ne o marxismo da charlatanice: o carácter instrumental da democracia para a burguesia.

Refererimo-nos à concepçom minima-lista e restringida da democracia, entendi-da nom como o sistema político cuja fonte de soberania reside no conjunto do povo, mas como a ditadura disfarçada de umha minoria sobre a maioria, de forças políti-cas, instituiçons e governos subordinados aos ditados do Capital e dos seus interes-ses. Porém este travestismo a que o capi-talismo conduziu a democracia, -acelerado desde que o imperialismo norte-americano pom em andamento a guerra contra o con-junto da humanidade sob a justifi caçom do combate ao “terrorismo”-, ciclicamente nom pode evitar ocultar o seu carácter per-verso.

Após pressionar durante anos para que os territórios ocupados da Palestina se dotassem de um modelo de democracia ocidental, e renovassem representantes no parlamento de Ramala, Ocidente nom reco-nhece os legítimos resultados eleitorais nos que Hamas logrou maioria absoluta, e cas-tiga ao povo palestiniano por ter escolhido “erradamente” mediante sufrágio univer-sal e as normas ditadas polos organismos internacionais aos seus represenantes políticos, retirando a ajuda humanitária in-ternacional. A UE e os USA, que competem polas essências da democracia, nom assu-mem que o povo palestiniano tenha escolhi-do livremente seus dirigentes porque nom coincidem com os seus interesses.

Umha situaçom semelhante aconteceu na Argélia em 1991 quando o FIA (Frente Islamico de Salvaçom) ganhou as eleiçons e Ocidente avalou o golpe de estado que afogou o país árabe numha dilatada guerra civil que ainda nom deu superado.

Mas este tipo de sucessos nom som exclusivos da periferia do mundo rico e opulento, também na área ocidental e sob

riormente da Unidade Popular de Allende em Chile nunca deve ser esquecida polo movimento operário, polos povos oprimi-dos.

O caso galegoNovamente a singularidade do nosso

País nom vem determinada por termos também sido agredidos por Madrid. A dia

que arranque. Dependerá do que for mais produtivo do ponto de vista eleitoral.

Porém para @s comunistas da Galiza está questom é secundária. A reforma do Estatuto é umha monumental fraude que só procura facilitar um melhor encaixe dos territórios galegos que conformam a CAG na Espanha autonómica, e só vai benefi ciar as elites económicas e políticas.

A classe operária e as camadas po-pulares voltarám a ser mais umha vez as grandes perdedoras deste processo que nega o direito de autodeterminaçom e ao povo galego e Galiza como único sujeito e ámbito soberano de decisom.

Nem queremos, nem apoiamos o actu-al Estatuto, nem nengum arremedo como essa falácia regionalista denominada pom-posamente Estatuto de naçom, queremos poder decidir sem ingerências externas o nosso futuro como povo, e isto só é possível exercendo o direito de autodeterminaçom. O mesmo que avalizárom há menos de dous meses em Montenegro e aqui nom permi-tem exercer.

Dia da PátriaPrimeira Linha transmite a sua satis-

facçom pola convocatória realizada polas Bases Democráticas Galegas para o 25 de Julho deste ano. A iniciativa desta entidade social para aglutinar e contar com o apoio das expressons da esquer-da soberanista é umha boa notícia para o movimento autodeterminista, que deve estar por cima das diferenças e confron-tos partidários.

@s comunistas galegos apoiamos a manifestaçom das Bases polo seu carácter integrador e unitário, por pretender ressitu-ar no centro de gravidade da acçom política galega a carência de soberania nacional, e por manter umha inequívoca posiçom con-tra o fraudulento espectáculo da reforma estatutária que nos querem impor espa-nholistas conservadores e social-liberais e a direcçom regionalista do autonomismo.

EDITORIAL

O bipartito governa para o Capital

o Estado espanhol que nos oprime, temos exemplos que desqualifi cam polo seu pró-prio peso a democracia burguesa.

Os processos de reforma estatutários

Quando Zapatero afi rmou solenemente num comício do PSC em Barcelona durante as eleiçons autonómicas de 2003 que dé-rom lugar à derrota da hegemonia de CiU, que acataria fosse qual fosse a vontade soberana do povo de Catalunha sobre a reforma estatutária, diferentes expressons do reformismo vertêrom rios de tinta para reforçar as teses de que umha nova era de-mocrática substituia a etapa de Aznar.

Posteriormente a realidade constatou que as promessas as leva o vento, e que o PSOE como fi el garante da unidade de Espanha que necessita o capitalismo es-panhol, nom respeitou a “soberania do povo catalám” desfi gurando completa-mente o Estatut aprovado no parlamento autonómico com o respaldo maioritário da Cámara, salvo o PP. O texto foi amputado polo Congresso espanhol impondo deste jeito o cenário que o regime necessitava: ruptura do tripartito, um referendo com maioria de votos afi rmativos embora sob umha abstençom maciça, renúncia de Ma-ragall a repetir como candidato nas elei-çons antecipadas, profunda crise em ERC pola sua errática trajectória, e condiçons para que a direita catalanista recupere a Generalitat.

A Espanha plural de Zapatero vai des-velando-se. Tal como acontecera antes re-jeitando o documento aprovado polo par-lamento autónomo basco, o denominado “Plano Ibarretxe”, Madrid tam só procura umha tímida revisom e reajustamento da arquitectura institucional que reformou o franquismo na actual democracia espa-nhola.

Para eles a democracia só é legítima se ganham. Em caso contrário nom duvi-dam em cerceá-la ou mesmo suprimi-la. A experiência republicana de 1936, e poste-

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de hoje, após fi nalizar o processo consul-tivo para iniciar a elaboraçom da reforma do Estatuto de 1981, nom está ainda claro se a mimética iniciativa que conforma um dos pontos estrela do governo bipartito que gere a CAG vai poder descolar. O PP, a única força imprescindível para iniciar a reforma estatutária, ainda nom decidiu que vai fazer fi nalmente, se vetar o processo ou permitir

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Minus malem Portucalem rest, ditado em latim recorrido com maior ou menor frequência e troça por galegas e galegos implicados no amplo leque do associonis-mo e movimentos sociais que comummen-te chamamos nacionalistas.

Portugal é sempre esse irmao que apesar de estar tam perto está tam longe, esse irmao que por vezes é admirado sem se saber muito bem o porquê.

Da idealizaçom ao desconhecimento absoluto, as necessárias relaçons com o Além-Minho continuam a ser fracas e fo-calizadas.

Este artigo pretende ajudar a trans-mitir algumhas das difi culdades, alguns dos reptos e ainda alguns dos benefícios que a criaçom de pontes com a esquerda portuguesa trazem. As difi culdades de transmissom da nossa mensagem e os problemas de compreensom da situaçom de opressom nacional da Galiza, os reptos da construçom de associaçons de solida-riedade com duraçom no tempo e com im-plicaçom real, os benefícios para o MLNG, principalmente na construçom nacional mas também na emancipaçom social.

O texto baseia-se principalmente na experiência de um activista e umha acti-vista da esquerda independentista galega residentes em Portugal. No trabalho direc-to em Coimbra e Lisboa na construçom de entidades galego-portuguesas que contri-buam principalmente ao conhecimento da realidade galega para em base a ele des-pertar a necessária solidariedade.

É certo que as relaçons entre as es-querdas galega e portuguesa nom som algo novo, historicamente tenhem existido contactos mais ou menos tímidos e rela-çons mais ou menos estáveis entre par-tidos e organizaçons de um lado e outro da raia, no entanto há umha série de difi -culdades que nom se podem ignorar e que fam com que o trabalho nom tenha dado os frutos esperados. Está em primeiro lu-gar, o isolamento histórico ao qual temos sido submetidos galeg@s e portuguesas/es: Nom é falarmos em história medieval, nem falarmos da independência do conda-do portucalense, mas nos últimos 30 anos. Os acontecimentos históricos de um e ou-tro país e ainda a situaçom de opressom nacional da Galiza fam com que a esquer-da portuguesa e galega tenham naturezas e interesses diferentes. Portugal, um dos poucos países-estado de Europa e um povo, o português, que olha com receios e/ou admiraçom o vizinho Estado espa-nhol, um país que actualmente atravessa umha grave crise económica muito bem aproveitada polo capitalismo espanhol. Um país que consegue ser soberano na Península Ibérica perante o imperialismo espanhol e que precisa de reforçar a sua diferença frente a este.

Neste contexto nom é difícil entender as difi culdades de compreensom de umha “região de Espanha” se querer separar e aliás, identifi car-se mais com Portugal, isto útimo por dous motivos. Primeiro po-las razons económicas, ao qual é preciso somarmos o desconhecimento das desi-gualdades existentes dentro do Estado espanhol, visto como umha unidade por equiparaçom da realidade portuguesa país-estado. Em segundo lugar, em liga-çom com isto último e com a manutençom da soberania política portuguesa, a pou-cos interessa reconhecer que a naçom portuguesa tem origem e íntima relaçom com a Galiza ou que a língua portuguesa nasceu lá em cima, som factos pouco in-teressantes mais do que desconhecidos. Desta óptica exposta seria como admi-tirem que Portugal nasceu em Espanha, numha “regiom de Espanha”, da qual se sabe algumha cousa do que nos une mas que compreensivelmente nom interessa. E é por acaso a esquerda tradicional portu-guesa quem infelizmente mais peca nisto.

Estas som em grandes traços as di-fi culdades que se apresentam à hora de construir umha entidade de solidariedade com a Galiza, difi culdades às quais deve-mos somar o grave problema de desmobi-

Solidariedade da esquerda portuguesa com a GalizaDificuldades e reptos na criaçom de pontes imprescindíveis

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gelo

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aio

lizaçom que actualmente sofre a socieda-de portuguesa.

Sobre a acçom de umha iniciativa de solidariedade galego-portuguesa, temos de partir do trabalho básico de informa-çom. Este trabalho nom só pola evidente desinformaçom que da luita galega exis-te nos media portugueses mas pola fase embrionária do que pode ser um activismo que perdure no tempo, um movimento soli-dário que consiga umha ampla implicaçom dos portugueses e um trabalho mais por iniciativa deles próprios e nom tanto das activistas galegas e galegos que eventu-almente morarem no país. É fundamental umha actividade ampla e variada de infor-maçom para despertar esse sentimento solidário em Portugal que consideramos tam necessário.

Um outro repto deste associacio-nismo solidário deve ser a amplitude de ámbitos de implicaçom, nom se pode cair no culturalismo mas explorar todas as fa-cetas possíveis da luita da Galiza e com-biná-las, tentar dar umha visom ampla do panorama galego que achegue diferentes sensibilidades de diferentes ámbitos dos movimentos sociais da esquerda portu-guesa. E por último a duraçom destas associaçons, as experiências que tenhem surgido nos últimos anos, com maior ou menor actividade e repercussom, tenhem-se caracterizado pola sua curta vida, aparece o problema da continuidade por levarem o peso as galegas e galegos, com experiência organizativa prévia, que na maioria dos casos residem por um tempo limitado nalgumha cidade portuguesa por razons de estudo ou trabalho. Este é se calhar o principal repto, a continuidade e consolidaçom que alicerce um movimento de solidariedade sólido.

O apoio português ao MLNG deve inserir-se aliás, dentro de um quadro de relacionamento maior, principalmente no plano cultural e linguístico mas nom só. Métodos organizativas e de acçom política da esquerda portuguesa, e ainda os deriva-dos da experiência revolucionária de Abril também som de alto interesse para a nos-sa realidade. No caminho da subsistência e recuperaçom da nossa língua é urgente o fl uxo contínuo com o nosso povo irmao e vizinho, a esquerda independentista ga-lega e os movimentos sociais defensores

assembleia no espaço cedido pola repúbli-ca da Prá-Kys-Tão. Esta reuniom foi o pon-to de partida de umha iniciativa solidária com a situaçom de repressom policial que se está a viver nestes últimos tempos na Galiza. As reunions sempre som abertas e de carácter assemblear, sendo bem-vinda qualquer proposta, sugestom ou colabora-çom, estando sempre disponível informa-çom sobre a situaçom na Galiza para as pessoas que a solicitarem. Para alcançar os nossos objectivos levaram-se a cabo distintas actividades como por exemplo umha palestra sobre a problemática actu-al da Galiza e a repressom aos movimen-tos dissidentes, umha outra sobre língua e cultura galega, ou a última sobre luitas revolucionárias na Galiza, projecçom de curta-metragens, um recital de poesia galega, um workshop de dança e musica tradicional, umha festa galega …

Neste projecto também participa-vam pessoas ligadas a partidos políticos como e o caso das nossas companheiras e companheiros de Ruptura-FER, estando esta organizaçom integrada no Bloco de Esquerda. Sempre foi interessante para nós que estas pessoas colaborassem no nosso projecto devido a sua experiência militante na cidade. Além disto boa parte das pessoas que acudiam às nossas as-sembleias e actividades iniciaram a an-dança de umha organizaçom estudantil, a FAE (Frente de Acção Estudantil), esta nasce para fazer frente com distintas ac-tividades ao plano de Bolonha que está a ser implementado. Esta organizaçom tam-bém funciona de forma assemblear sendo umha boa alternativa à AAC.

O caso concreto da GZ.pt (Associação de Solidariedade com a Galiza) em Lisboa, parte de um pequeno grupo de estudan-tes galegos membros da AGAL, alguns também militantes da esquerda indepen-dentista, e um par de pessoas naturais da Grande Lisboa vinculadas ao PCP e à

OPINIOM

da língua da Galiza tenhem de fazer uso ao máximo dos instrumentos que proporciona Portugal, um estado em que a nossa língua é ofi cial e normal. É claro que a vontade tem de ser mútua, dos dous lados da raia, falta ainda muito por trabalhar neste senti-do tanto aquém como além Minho.

Duas experiências recentes: Plataforma Coimbra-Galiza e GZ.pt de Lisboa

Coimbra é umha cidade centrada so-bretodo na universidade, isto é, a sua acti-vidade cultural, social … e também políti-ca desenrola-se no entorno universitário e nas instalaçons desta. Nesta universidade existe um sindicato único chamado AAC (Associação Académica de Coimbra), anu-almente distintas listas apresentam-se à direcçom de este organismo, este sindica-to caracteriza-se por sofrer umha comple-ta institucionalizaçom.

Umha peculiaridade importante que nom encontramos noutras cidades portu-guesas som as repúblicas. As repúblicas som prédios (muitos de eles de grande im-portáncia histórica) em que um número de estudantes determinado polas vagas de cada república leva o que chamam vida em comunidade. As repúblicas fam em muitas ocasions o papel de centros sociais, isto é, nelas realizam-se conferências, debates, projecçom de fi lmes, reunions de distintas organizaçons e associaçons … em resu-mo som um bom espaço para realizar acti-vidades políticas. Por exemplo este ano foi o Conselho de Repúblicas quem organizou os actos comemorativos do 25 de Abril. Em Coimbra existem por volta de 30 repúbli-cas situadas por toda a cidade, e por volta de 200 pessoas que moram nestas casas.

É em este ambiente onde nasce a Plataforma de solidariedade Coimbra-Galiza, de facto a assembleia fundacional desta realiza-se na sala de umha destas repúblicas. No dia 2 de Março corre esta

Associação de Solidariedade com Euskal Herria (ASEH). A ideia era retomarmos experiências anteriores como a da ASGA (Associação de Solidariedade com a Galiza) ou o trabalho da Plataforma Nunca Mais na cidade, mas por outra parte criar umha associaçom nova, com os objectivos de dar a conhecer a situaçom política, so-cial e cultural da Galiza, a luita pola au-todeterminaçom do povo galego. Assim, é convocada pola internet umha primeira as-sembleia celebrada num bar do Bairro Alto que passa a ser local habitual de reuniom da associaçom. Esta primeira assembleia tem grande sucesso e conforma-se um grupo de trabalho de cerca de 15 pessoas, composto por naturais da Galiza, Portugal e o Brasil trabalhadores na cidade no ám-bito do ensino, da imigraçom, do direito e das artes. A associaçom começa a entrar em pouco tempo no tecido associativo lisboeta, organiza actividades próprias e participa aliás, de eventos como o Arraial do 24 de Abril ou a Festa da Diversidade em que trabalha conjuntamente com as associaçons mais activas da capital por-tuguesa. Este tipo de actividades som fundamentais para promocionar a GZ.pt, “os galegos” passam a fazer parte do as-sociacionismo alternativo lisboeta, e é so-bretodo daqui donde saem os apoios e as simpatias: das associaçons de imigrantes, anti-imperialistas e culturais mais de base e independentes de partidos políticos.

As actividades realizadas pola GZ.pt neste primeiro semestre de vida vam de umhas jornadas com debates, jantar e festa galegos, a participaçom com banca própria de material, informaçom e gastronomia no Arraial do 24 de Abril ou na mais recente Festa da Diversidade, a participaçom com faixa própria no Desfi le do 25 de Abril ou o acto reivindicativo no dia das letras gale-gas em que foi pendurada umha faixa de 25 metros de comprimento, na qual se podia ler “Galiza e Portugal, a mesma língua!”, no Elevador de S. Justa, monumento nacional situado na Baixa lisboeta.

Hoje a associaçom tem construídos os alicerces mas ainda falta consolidar a im-plicaçom dos lisboetas que fam parte dela, garantia real de futuro.

Rute Cortiço e Ângelo Meraio som militantes de

Primeira Linha

Contactos associaçons:Plataforma Coimbra-Galiza.- http://plataforma-coimbra-galiza.blogspot.come-mail: [email protected] .- http://br.groups.yahoo.com/group/gzpontopt/ e-mail: [email protected]

Lisboa, Maio de 2006 Reivindicaçom soberanista galega presente nas ruas de Coimbra

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4 Nº 41. Julho, Agosto e Setembro de 2006ACTUALIDADE

Umha década nom é nada na história dum povo. É um breve período de tempo, irrelevante, umha simples gota de água no imenso oceano da luita de classes, no dilatado processo de emancipaçom nacional e social de género.

Na Galiza dos últimos dez anos, -a cavalo entre a segunda metade da década de noventa do século XX e primeira década do actual século XXI-, tivo lugar a génese e os primeiros passos do desenvolvimento dumha original experiência de construçom dumha força política revolucio-nária, dum partido comunista de nova planta.

Neste 2006 Primeira Linha cumprem-se dez anos de intensa actividade e intervençom ao exclusivo serviço da classe trabalhadora, das mulheres e da Galiza.

OrigensA génese de Primeira Linha (MLN) situa-se

a meados de 1995, quando um reduzido grupo de jovens, maioritariamente integrados em diversas estruturas da esquerda nacionalista galega, insatisfeitas com a sua orientaçom, mas também com as limitaçons inerentes aos mo-vimentos sociais de que faziam parte, vem ne-cessário pôr em andamento umha organizaçom marxista-leninista de prática independentista.

Armados de entusiasmo, coragem e au-dácia, com praticamente todos os elementos contra, decidem construir na Galiza um partido comunista para o século XXI.

Meses de discretos encontros, de dúvidas e contradiçons, dúzias de horas de debates para atingir a síntese colectiva de visons e opinions moduladas por diversas experiências e trajec-tórias, confl uírom na constituiçom de Primeira Linha (MLN) no 1º de Maio de 1996, numha assembleia fundacional realizada num local da compostelana rua do Vilar.

As difi culdades e obstáculos a que os fun-dadores do Partido tivérom que fazer frente e superar fôrom inumeráveis.

O panorama sociopolítico a escala nacional e internacional era pouco alentador.

O nacionalismo de esquerda, representado polo BNG e as organizaçons sociais de carácter sectorial, em plena euforia eleitoralista, já ma-nifestavam graves sintomas da sua posterior claudicaçom e adaptaçom às regras impostas por Espanha e o Capital.

O possibilismo, a perda de combatividade, a anorexia ideológica, a burocratizaçom, a ins-titucionalizaçom, o supersticioso respeito pola legalidade vigorante, o exclusivismo eleitoral, caracterizavam e monopolizavam as tendências maioritárias no seio da sua direcçom.

O núcleo fundador de Primeira Linha (MLN) estava plenamente consciente desta situaçom. Assim fi cou recolhido no manifesto fundacional Por um partido marxista revolucionário. Por umha organizaçom de libertaçom nacional, dis-tribuído nos dias prévios ao 25 de Julho de 1996 no primeiro acto político onde foi apresentada a organizaçom emergente perante um grupo de simpatizantes.

@s fundadores do Partido conheciam as fracassadas tentativas precedentes, e embora tivessem claro o carácter transitório da presen-ça no seio do BNG, correctamente descartárom começar o processo de acumulaçom de forças no seu exterior porque só fi cavam ruínas das décadas anteriores.

Naquela altura, a esquerda independen-tista caracterizava-se pola desorganizaçom, fragmentaçom e confusionismo. Esmorecia e carecia da energia necessária para atrair a ju-ventude trabalhadora. O seu principal objectivo era sobreviver. Umha parte do movimento tinha sido derrotado política e militarmente, a outra estava praticamente inerte e instalada na com-placência.

Nom havia mais hipótese que começar de novo, reconstruir o independentismo revolucio-nário sob novas coordenadas políticas, ideoló-gicas, elaborando um novo discurso, um novo imaginário, conjugando-o de forma criativa com o marxismo e os contributos dos novos movi-mentos sociais de quais procedia parte do nú-cleo fundador, do feminismo, do antimilitarismo, do ecologismo.

À escala internacional, a situaçom nom era muito mais esperançosa. O sentimento subjec-tivo de derrota seguia presente no conjunto da esquerda após o rotundo fracasso das experi-ências do socialismo soviético, a seguir à que-da do muro de Berlim em 1989 e implosom da

URRS no Verao de 1991. Existia umha irracional atmosfera de estig-

matizaçom e criminalizaçom do comunismo.O capitalismo estava vitorioso, celebrando

os primeiros passos da ofensiva militar global contra os povos e a classe trabalhadora.

O imperialismo tinha desatado a primeira guerra do Golfo, a nova ordem internacional es-tava-se impondo a ferro e fogo, a disparatada teoria do fi m da história legitimadora do pen-samento único era doutrina ofi cial, tam só timi-damente questionada por sectores minoritários da esquerda nacional do nosso país.

Umha boa parte dos velhos partidos co-munistas, de organizaçons e movimentos revo-lucionários, em praticamente todos os pontos do planeta, optavam pola rendiçom, por clau-dicarem, por vergonhosas reconversons aos parámetros da inofensiva e domesticada social-democracia.

Mas, naquele tam afastado e tam próximo 1995, um grupo de jovens inconformistas e re-beldes acertárom na necessidade de sentarem os alicerces deste nosso Partido, desta modes-ta e proletária experiência combatente. A sua valentia e lucidez permitiu abrir na Galiza umha nova fase para a esquerda revolucionária.

É indiscutível a sua contribuiçom para os modestos avanços organizativos, e basicamen-te políticos e ideológicos, atingidos polo conjun-to do MLNG.

Os primeiros passosDesde o primeiro momento, Primeira Linha

(MLN) pretendeu agir como um revulsivo, como um insubornável referente de honestidade e luita para organizar o descontentamento inter-no no seio da esquerda nacionalista e frear a deriva autonomista e reformista.

A apresentaçom pública do projecto tivo lugar na rua, o espaço por excelência da luita de classes, da luita de libertaçom nacional.

Na manhá do 25 de Julho de 1996 milhares de exemplares do Abrente eram distribuídos polos fi lhos da madrugada na alameda com-postelana, e umha gigantesta faixa, -elaborada clandestinamente com sigilo e esmero no faia-do dumha casa em obras dos arrabaldos de Compostela-, emergia da maré humana daquele histórico Dia da Pátria.

Terra e liberdade. Independência e Socialismo foi a palavra de ordem com que Primeira Linha manifestou a sua fi rme deter-minaçom de ser um referente para os sectores mais avançados das massas.

Desde o primeiro momento, o núcleo fun-dacional, e as posteriores incorporaçons de militantes que conformárom o cerne partidário até 1999, -ano em que abandonamos o BNG-, foi consciente de que éramos umha força incó-moda, um projecto incontrolável polo sistema e polos mandarins do autonomismo. Por este motivo, padecêrom na sua acçom política e vida pessoal as enormes difi culdades, os imensos obstáculos, as pressons, as campanhas de desprestígio e insídias, empregadas polas di-versas variantes do reformismo, mas também por aquelas que se auto-consideravam organi-zaçons revolucionárias, para evitarem a nossa consolidaçom e reforçamento.

Para o conjunto da esquerda nacionalista e os restos do naufrágio do independentismo da primeira década de noventa, sem excepçons, a constituiçom de Primeira Linha supujo grande surpresa. A inicial indiferença traduziu-se ra-pidamente em oposiçom e hostilidade. Existia plena coincidência na necessidade de fazer-nos desaparecer.

À medida que o Partido logrou umha mí-nima expansom organizativa e se foi dotando de linha política nos movimentos sociais e or-ganizaçons de massas, a existência de Primeira Linha converteu-se numha doentia obsessom para a maioria da direcçom do Bloque, que mar-cou como objectivo a expulsom, contribuindo para gerar e reforçar a criminalizaçom a que se via submetido polos meios de comunicaçom e as forças repressivas.

Um irrespirável clima de assédio impedia a intervençom política, forçava destinar ingentes energias e recursos a umha mera prática de-fensiva.

Simultaneamente, a direcçom do Partido e praticamente o conjunto da militáncia assumiu que a deriva autonomista e social-democrata do nacionalismo galego nom tinha volta de folha. Tínhamos atingido os limites da capacidade de infl uência, muitos apoios recebidos na esfera do privado nom se traduziam em cobertura pública. Chegara-se a um ponto em que Primeira Linha era incapaz de aglutinar o resto do descontenta-mento de posiçons de esquerda, que optava por abandonos individuais ou por desistir comoda-mente de fazer frente ao aggiornamento.

A paulatina integraçom do BNG no qua-dro jurídico-político pós-franquista impedia a continuidade de Primeira Linha no seu interior, inviabilizava seguir construindo umha corrente comunista e independentista no seu seio.

I CongressoA 5 e 6 de Dezembro de 1998, tem lugar

o I Congresso, fechando a primigénia etapa de provisoriedade.

Abrindo horizontes de revolta na Galiza foi a cristalizaçom de um processo aberto de deba-te interno e clarifi caçom ideológica em que se atingiu umha certa consolidaçom organizativa, dotando o Partido de um programa político, um corpo ideológico, defi nindo a estratégia, e aprovando um particular modelo organizativo leninista adaptado às particulares condiçons da específi ca formaçom social concreta sobre a qual intervimos as comunistas e os comunistas galegos, a Galiza do século XXI.

A criminalizaçom que os meios de comu-nicaçom do sistema empregárom contra o I Congresso foi determinante para a superarmos o anonimato, e foi a primera escusa para a ten-tativa de expulsom do BNG.

A segunda foi o conteúdo das III Jornadas Independentistas Galegas, realizadas em Março de 1999, onde agitando vozes da re-beliom internacional manifestamos o fi rme compromisso internacionalista com os diver-sos métodos de luita dos povos e as classes trabalhadoras.

Embora nesta primeira cita congressual fosse ratifi cada a decisom de continuarmos no BNG, umha boa parte da militáncia era cons-ciente de que os nossos dias no seu interior já iniciáram a contagem decrescente. Assim, um dos principais acordos deste Congresso foi explorar vias de aproximaçom aos sectores da esquerda independentista alheios ao BNG, promovendo contactos, potenciando o conheci-mento mútuo, possibilitando campos de traba-lho comuns para dotar de expressom política o independentismo sociológico. Já naquela altura, Primeira Linha tinha claro que sem um forte mo-vimento unitário e plural seria improvável a sua viabilidade futura.

Este acordo congressual derivou nos con-tactos realizados com todas as outras expres-sons do independentismo nos primeiros meses de 1999.

A saída do BNGA 10 de Abril de 1999, o Comité Central

acorda por unanimidade convocar um Congresso extraordinário para referendar o abandono do BNG.

A 5 de Junho, tem lugar o II Congresso, onde umha esmagadora maioria da militáncia assistente acorda que o projecto comunista de libertaçom nacional representado por Primeira Linha abandone o BNG, dando por fechada a pri-meira etapa de construçom do nosso colectivo partidário.

O II Congresso convocado sob a legenda Pola unidade da esquerda independentista, após caracterizar as diversas correntes do so-beranismo socialista, acorda sentar as bases para a criaçom dumha força política unitária, plural e de massas onde coincidirmos todas as correntes da esquerda independentista actuan-

tes na Galiza.Foi umha decisom arriscada, -como umha

boa parte das adoptadas desde a nossa cons-tituiçom em 1995-1996, e as que posterior-mente tenhem permitido a celebraçom do X Aniversário-, mas imprescindível para contri-buirmos para construçom do cenário político que permitiu a unidade de acçom, e a posterior criaçom das actuais organizaçons de massas do novo independentismo.

Tam arriscada e necessária que provocou a perda de um considerável núcleo militante que optou por seguir integrado no BNG, renuncian-do ao inconformismo característico dum partido comunista e revolucionário.

Umha nova etapa para o Partido e para a esquerda independentista galega

A histórica unidade do soberanismo socia-lista atingida no 25 de Julho de 1999 só pode ser entendível polas decisons adoptadas no II Congresso de Primeira Linha.

O sucesso desta iniciativa, e das que pos-teriormente tivérom lugar no resto do Verao, nas convocatórias de homenagem a Moncho Reboiras em Ferrol e aos caídos e represalia-dos polo fascismo em Ponte Vedra, servírom para activar e ilusionar muitas jovens, muitos

trabalhadores e trabalhadoras que optáram por abandonar a militáncia e participaçom política activa, ou nom se decidiam a dar passos nessa direcçom, perante a situaçom de atomizaçom e falta de expectativas em que se achava o MLNG.

Primeira Linha sempre defendeu que a convergência desse Dia da Pátria nom devia ser erroneamente interpretado como um simples e fortuito acordo pontual, fruto dumha determina-da conjuntura política, senom como o início du-mha fase de unidade de acçom que permitisse criar as condiçons subjectivas imprescindíveis para ultrapassar a fraticida divisom da esquer-da independentista, mediante a criaçom dumha Unidade Popular.

Assim, derivada desta concepçom e estra-tégia, é criada em Outubro a Comissom Nacional Unitária da Esquerda Independentista, como um organismo de carácter permanente e estável, confi gurado por umha delegaçom tripartida das três forças convocantes das iniciativas unitárias, com o objectivo de desenhar e coordenar a uni-dade de acçom. Para avançarmos no processo estratégico de sentar as bases para que Galiza e a classe trabalhadora se dote dumha estrutu-ra plural e unitária de massas para defender-se das agressons do capitalismo espanhol e dirigir o processo de libertaçom nacional e social face

REVOLUÇOM GALEGA. Dez an

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5Nº 41. Julho, Agosto e Setembro de 2006 ACTUALIDADE

a Independência Nacional e o Socialismo.Esta Comissom, que durante meses gerou

expectativas, logrando umha indiscutível re-ferencialidade em amplos sectores populares com iniciativas e propostas, nom foi capaz de avançar polo caminho que demandava a maio-ria da base social independentista.

A deslealdade e as reticências de aqueles que anteponhem os interesses partidários aos da Galiza e aos da classe trabalhadora furtárom o seu sucesso.

As eleiçons ao Parlamento espanhol de Março de 2000 marcam o ponto de infl exom e posterior ruptura dos frágeis acordos pola uni-lateral decisom de apresentar candidatura em solitário por umha das forças que faziam parte da unidade de acçom.

Primeira Linha chama à abstençom e parti-cipa activamente na campanha, denunciando o carácter antidemocrático deste regime herdeiro do franquismo.

As primeiras estruturas unitárias do novo independentismo

Ao longo da primeira metade do ano 2000, nascem as Assembleias Populares Comarcais, como estruturas políticas unitárias da esquerda independentista.

As APCs som resultado do acordo unitário

entre aqueles sectores do movimento que apos-tavam pola unidade orgánica.

O 25 de Julho de 2000, também de carácter unitário, clarifi ca perante a magna assembleia do MLNG que é o Dia da Pátria, a fi rme vontade da maioria de superar a atomizaçom e cami-nhar conjuntamente na construçom da Unidade Popular.

Primeira Linha, as APCs e AMI ponhem em andamento em Dezembro de 2000 o Processo Espiral, sentando as bases do novo indepen-dentismo: umha força política unitária e plural, superadora das inércias do passado, da margi-nalidade, com vocaçom de vertebrar o espaço sociopolítico à esquerda do autonomismo no plano político e social existe na Galiza, dotando-o dumha aglutinante expressom colectiva.

Um referente de luita e combate para a classe trabalhadora, para a juventude e as mu-lheres que nom acreditam nas forças políticas da esquerda tradicional e demandam novas formas de intervir ao serviço dos interesses populares, comprometidas em somar forças na estratégia de construçom do seu instrumento defensivo frente o Capital: o Estado galego sob direcçom obreira.

Primeira Linha, tal como vinha defendendo desde o I Congresso, apostou abertamente por esta estratégia.

Os seus resultados, embora modestos, es-tám aí, som tangíveis.

A criaçom de AGIR em Setembro de 2000, como organizaçom unitária do estudan-tado da esquerda independentista, de NÓS-Unidade Popular em Junho de 2001, das Bases Democráticas Galegas em Dezembro de 2003, de BRIGA em Outubro de 2005, fam parte dessa rede popular, pluralista, na qual as comunistas galegas, os comunistas galegos estamos fi rme-mente comprometidos.

Estratégia que com fl uxos e refl uxos per-mitiu constantes iniciativas unitárias de mo-bilizaçom de massas em que o soberanismo socialista levou a iniciativa, jogando um papel determinante. Desde as mobilizaçons contra a cimeira de ministros do Interior e Justiça da UE, passando polo Nom no referendo da Constituiçom europeia, até a oposiçom contra o desfi le do militarismo espanhol na Corunha.

O nosso papel na confi guraçom da nova esquerda independentista tem sido determi-nante. Temos contribuído para situar o MLNG, -junto com outras expressons organizadas e companheir@s sem adscriçom-, como um su-jeito político e social, com linha política própria, com estatégia defi nida, tal como se constatou na activa e muitas veces referencial participa-çom nas grandes luitas de massas que sacudí-rom Galiza nos primeiros anos do novo século. Nas greves gerais de 2001 e 2002, no combate à LOU, na denúncia da maré negra, da guerra imperialista, nas mobilizaçons das mulheres.

Nestes anos temos contribuido para impul-sionar organizaçons culturais, centros e locais sociais, colectivos feministas, organizaçons ju-venis, participado na construçom de correntes sindicais caracterizadas pola combatividade, contrárias ao pacto social e defensoras dum sindicalismo de rua e mobilizador.

O III Congresso e o modelo de Socialismo

O 2 de Março de 2002 decorreu o III Congresso, onde se determinou o carácter peri-férico da Galiza no seio do centro capitalista e se elaborou umha análise da concreta morfologia da estrutura de classes da Galiza, reafi rmando a imprescindível composiçom e direcçom obrei-ra do MLNG.

Nesta cita congressual, Primeira Linha des-prende-se das siglas MLN, ratifi cando a aposta estratégica de apoiar, consolidar e alargar o projecto unitário, plural e de massas da nova esquerda independentista, sacrifi cando o pro-tagonismo público em aras da consolidaçom de NÓS-UP, a cujos êxitos e fracassos fi cou intima-mente ligada.

A importáncia do III Congresso radica na

ratifi caçom da natureza de força política de van-guarda, de organizaçom de quadros que defi ne o modelo e natureza de Primeira Linha.

Nesta cita congressual, o Partido traçou as sete grandes carácterísticas básicas do modelo socialista que defende para Galiza como primei-ro passo para a construçom do comunismo.

-Um socialismo nom patriarcal.-Respeitoso com a natureza.-Pluralista e comprometido com a verda-

deira democracia e as liberdades individuais e colectivas.

-Que aposta sem ambigüidades pola aboli-çom da propriedade privada dos meios de pro-duçom, do dinheiro.

-Que renuncia a dotar-se de um exército regular.

-Um socialismo criativo de novos seres hu-manos afastados de todos os vícios e defeitos de séculos de capitalismo.

-Um socialismo global, internacionalista, comprometido com todas as luitas do planeta.

Finalmente, o III Congresso analisou a re-activaçom da ofensiva machista e patriarcal do capitalismo, reajustando e aperfeiçoando a linha feminista, corrigindo a estendida tese da tripla opressom que padecem as mulheres trabalha-doras numha naçom oprimida, -a de género, a nacional e de classe-, afi rmando e demons-trando que estes três factores fam parte dumha totalidade concreta historicamente constituída, dumha única opressom global, defi nida como opressom nacional e social de género.

Os inquestionáveis contributos teórico-práticos do nosso Partido

Estes dez anos tenhem ratifi cado umha boa parte das análises e prognósticos que con-formavam a arquitetura político-ideológica de Primeira Linha e justifi cavam as razons da sua criaçom.

A Galiza de 1995-1996, -em pleno proces-so de traumáticas mudanças provocadas pola opressom nacional e a ofensiva neoliberal-, estava deixando de ser aquele país rural con-formado por umha imensa massa de labregos, desindustrializado e incomunicado, para se con-verter numha sociedade urbana conformada por umha hegemónica massa de assalariad@s, onde o proletariado industrial, de carácter sim-biótico, ocupa um papel cada vez mais destaca-do.

Mas naquela altura, tanto o BNG, como o independentismo, nom só se negavam a mu-dar a teoria sobre a que vinham agindo desde 1964, e portanto o seu erróneo discurso, como desqualifi cavam gratuitamente os contributos e novas análises que Primeira Linha realizava.

Mas sem teoria revolucionária nom há mo-vimento revolucionário.

Hoje é fácil diagnosticar, -embora conti-nuem a existir fortes inércias geradoras de ab-surdas resistências-, que a Galiza de 2006 nada tem a ver com aquela formaçom social que deu lugar à criaçom do nacionalismo de esquerda contemporáneo, e portanto que nem as suas análises, nem as formas de intervençom, nem muito menos as suas alternativas, conservam validez, por estarem ultrapassadas.

A morfologia de classes do nosso país é muito mais semelhante às sociedades do capi-talismo avançado que às do Terceiro Mundo.

As revisons e adequaçons teóricas de par-te dos paradigmas e ideias-força da esquerda nacionalista e independentista em que Primeira Linha incidiu nesta década, constatárom que algumhas das teses originárias eram erróneas, que outras fôrom superadas pola evoluçom da sociedade galega e as profundas transforma-çons experimentadas no mundo do Trabalho, e que noutras cumpre constatar no presente o seu grau de validez. E que no seu conjunto som responsáveis pola actual deriva regionalista e derrota estratégica do autonomismo.

Isto foi possível basicamente por duas ra-zons.

Porque o nosso colectivo partidário nom procedia do mesmo tronco comum, nom foi

umha cisom radical da velha UPG, e portanto nom herdou as suas limitaçons genético-estru-turais, nem o complexo de Édipo, que provocá-rom o fracasso continuado das experiências de construçom dum partido comunista de liberta-çom nacional que tivérom lugar em 1976-77 e posteriormente em 1986.

E em segundo lugar, porque sempre aplica-mos de forma criativa o materialismo histórico e dialéctico à nossa concreta realidade, fugindo de mimetismos e de modelos foráneos.

Como umha das experiências mais singu-lares de construçom dum partido comunista na Europa ocidental no crepúsculo do século XX, somos quiçá o primeiro, ou um dos primeiros, colectivos partidários comunistas criados de-pois da queda do muro de Berlim e posterior descomposiçom da URSS, em pleno recrudesci-mento da ofensiva ideológica do Capital contra o Trabalho.

Por este motivo, as achegas e cultura polí-tica de Primeira Linha ao movimento de liberta-çom nacional e social de género marca um antes e depois em relaçom com todo o precedente.

Nom somos enquadráveis em nengumha das etiquetas dos diversos ismos das tradicio-nais ou mais novas correntes marxistas.

A originalidade de Primeira Linha radica precisamente na capacidade de fusom e síntese do melhor das nossas tradiçons e experiências nacionais de luita, em perfeita sintonia com a teoria revolucionária do movimento obreiro e popular internacional.

Actualmente, após o processo de aper-feiçoamento do nosso corpo teórico-prático, contamos com um fi rme e rigoroso programa e teoria revolucionária adequada à realidade do século XXI, claramente superior às diversas va-riantes das anacrónicas e dogmáticas leituras e interpretaçons da opressom nacional da Galiza, exploraçom de classe e opressom de género, que realizam as fracçons do autonomismo e as outras correntes da esquerda independentista.

Temos contribuido para situar a política no centro de gravidade da esquerda indepen-dentista, soltando os lastros do ideologismo, do consignismo estratégico, incidindo no dia a dia dos problemas da populaçom, ligando-os à situaçom de dependência nacional e à ditadura do mercado.

Temos contribuido para romper essa fal-sa normalidade democrática que o capitalismo espanhol tem construído à nossa volta, agindo como um revulsivo permanente, tensionando a sociedade com imaginaçom e contundência, evitando indiferença, provocando adesons e solidariedades, estimulando a participaçom po-pular, monstrando sem complexos que a luita é o único caminho.

Temos dado exemplo de coragem, sacrifí-cio e entrega, qualidades revolucionárias defi ni-tórias do comunismo.

Também, como nom podia ser de outro jei-to, com humildade e sinceridade revolucionária, reconhecemos os nossos erros colectivos, co-metidos ao longo destes dez anos.

Eles som, obviamente, parte do nosso pa-trimónio. Porém, na sua imensa maioria som fruto da inexperiência, da juventude do Partido e da sua militáncia.

A todas e todos aqueles companheir@s e colectivos que podam ter-se sentido incomoda-dos ou agredidos nalgum momento por algumha actuaçom nossa no seio do movimento popular, transmitimos a nossa autocrítica e desculpas comunistas.

O combate ideológicoUm dos mais importantes contributos de

Primeira Linha nestes dez anos tem sido o es-forço destinado à construçom dum novo movi-mento revolucionário galego. Neste objectivo a batalha ideológica, a construçom dum corpus teórico-prático tem sido umha constante preo-cupaçom.

As Jornadas Independentistas Galegas, cuja primeira ediçom se realizou em Janeiro de 1997, e a última, as X, tivérom lugar em Março deste ano, tenhem sido umha iniciativa de pri-meira ordem.

De carácter monográfi co e anual, som o único espaço estável de debate e formaçom marxista, umha escola de aprendizagem e co-nhecimento, em que Primeira Linha aborda o futuro do independentismo galego, o papel da cultura, as luitas de outros povos, o modelo de

comunismo, a globalizaçom capitalista, a situa-çom da esquerda portuguesa, a opressom da mulher, a validez do leninismo, a situaçom do idioma, os reptos e perspectivas da esquerda.

Sempre, dumha perspectiva marxista re-volucionária, mas aberta a outras vozes e opi-nions.

O Abrente, o vozeiro nacional do Partido, tem sido umha ferramenta insubstituível.

Hoje, esta publicaçom revolucionária com mais de 40 números editados, convertido na manchete decana da imprensa da esquerda independentista galega e no único jornal co-munista editado na Galiza, tem acompanhado trimestralmente diversas geraçons de luitado-res e combatentes, armando-as de razons e argumentos.

A importáncia do Abrente deve estabelecer-se em duas direcçons: dumha parte, e conforme a concepçom leninista do jornal como organiza-dor colectivo, serviu e serve de aglutinador do nosso colectivo partidário, mas também como transmissor das nossas posiçons, como órgao formativo, como foro aberto para o debate de questons de actualidade.

A Abrente Editora é outra das peças essen-ciais do nosso projecto sociopolítico revolucio-nário. Nascida há também agora dez anos, este modesto selo editorial tem a honra de ser o úni-co existente na Galiza de carácter comunista.

Caminhando ao ritmo das possibilidades partidárias, tem preenchido um espaço neces-sário para a formaçom das geraçons comunis-tas e de esquerda.

Com quatro colecçons iniciadas –Biblioteca Galega de Marxismo-Leninismo, Internacional, Documentos e Textos Políticos, e Construirmos Galiza- deu a lume algumhas das mais impor-tantes obras clássicas do marxismo, assim como análises inéditas sobre o nosso país, contribuindo para dotar ao novo MLNG dumha teoria própria para a luita obreira, nacional e feminista.

Umha força comunista do século XXI nom podia desconsiderar as profundas mudanças provocadas pola revoluçom tecnológica. Eis a importáncia do nosso jornal electrónico, do por-tal Primeiralinha em Rede, actualizado diaria-mente, onde o Partido transmite a sua interpre-taçom da realidade nacional e internacional, e onde podem ser consultadas dezenas de textos marxistas traduzidos para o galego, a totalidade dos números do Abrente e grande quantidade de artigos de opiniom.

O constante incremento de visitas ratifi ca a sua importáncia estratégica e o seu sucesso.

O IV Congresso e o futuroAntes de fi nalizar o ano, Primeira Linha,

coincidindo com o X aniversário, realizará o IV Congresso, de carácter ordinário.

O principal repto das comunistas e dos co-munistas galegos é contribuir para lograr que a esquerda independentista deixe de ser um movimento marginal e se converta numha força minoritária.

Nesse objectivo coincidiremos com todas aquelas organizaçons e pessoas dispostas a buscar pontos de encontro e espaços comuns de debate, intervençom e luita.

Tal como defi nimos no II Congresso, con-sideramos plenamente vigente a estratégia de unidade de acçom, e posteriormente orgánica, de todos os agentes, colectivos e pessoas que defendemos que os problemas e agressons que padece a classe trabalhadora só se podem su-perar ligando a luita polo Socialismo à recupera-çom da soberania nacional da Galiza.

Reforçar e alargar as organizaçons de massas do MLNG, os movimentos sociais, o espaço autodeterminista, fortalecer o nosso carácter de classe, de organizaçom obreira, ao exclusivo serviço do proletariado e classes tra-balhadoras, serám algumhas das prioridades de Primeira Linha.

Somos um colectivo militante vivo e orgu-lhoso da sua trajectória, com energias e entu-siasmo revolucionário para continuar avante na luita por essa Galiza livre, vermelha e lilás que sonhamos.

Somos um partido comunista patriótico e internacionalista, umha organizaçom com-batente com um único objectivo: sermos úteis ao desenvolvimento das condiçons subjectivas que permitam mais cedo que tarde atingir a Revoluçom Galega.

nos de Primeira Linha

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feminista e que só éramos umha plata-forma mas do BNG para atrair mulheres ao nacionalismo.

No 8 de Março de 1987 será a pri-meira vez que MNG convoca esta data com a mesma legenda que a da nossa Assembleia Constituinte, e em Maio desse mesmo ano saiu à rua o número 1 dá nossa revista Area, da qual editamos 11 números. A partir de 1992 o nosso jornal passou a denominar-se Deliberadamente.

Em Outubro de 1987 ao observarmos que diferentes problemas acontecidos no nacionalismo a essa altura estavam a ter umha grave repercussom na nossa organizaçom, umha parte da mesma pro-pugemos a celebraçom de umha Assem-bleia Extraordinária para a desvinculaçom organizativa do BNG e de qualquer outra organizaçom política defendendo a neces-sidade da auto-organizaçom das mulheres com total independência.

De facto esta Assembleia Extraordiná-ria nom chegou a realizar-se já que o sec-

tor maioritário da organizaçom se opujo à celebraçom da mesma. Apesar da nossa tentativa de minimizar as repercussons aconteceu umha fractura importante no seio de MNG.

Será na II Asembleia nacional de MNG celebrada em Novembro de 1988 sob a legenda de “Livres para medrar, medrar para sermos livres” onde se decide a desvinculaçom de qualquer organizaçom política e a nossa independência organiza-tiva, que continuamos a defender durante todos estes anos, como um elemento imprescindível para sermos as próprias mulheres as que marquemos a nossa polí-tica feminista.

Mais tarde no ano 1989, formalmente MNG já éramos umha organizaçom inde-pendente. Embora mais umha vez os problemas políticos surgidos no seio do nacionalismo independentista criará con-fl itos insuperáveis, que rematam com o abandono da organizaçom das mulheres vinculadas ao PCLN, mas com a curiosi-

dade que tentam fi car com a propriedade das siglas e portanto da organizaçom.

Até mesmo, em algumhas zonas, durante algun tempo em campanhas unitárias apareceram as assinaturas de “Mulleres Nacionalistas Galegas” (sector de mulheres do PCLN) e “Mulheres Nacio-nalistas Galegas” (mulheres que repre-sentavam à actual organizaçom de MNG).

Durante todos estes anos apesar dos problemas internos a actividade própria de MNG foi muito intensa em toda a Galiza, desenvolvendo multidom de campanhas, debates, mobilizaçons, ...

A vontade de MNG, desde os seus inícios, foi a de impulsionar respostas uni-tárias no feminismo ante problemas con-cretos, e assim fi gemos chamadas para convocar unitariamente o 8 de Março, cha-madas que nom tivérom resposta positiva até o ano 1997.

Com o passo do tempo as MNG fomo-nos consolidando, adquirindo a traves do debate, a refl exom e o estudo umha ade-

quaçom da nossa prática mais de acordo com as necessidades de luita contra o patriarcado na Galiza assim como um corpo teórico feminista.

A nível ideológico MNG consideramos que a luita feminista deve ser superadora da simples desigualdade entre os géne-ros e considera o feminismo como umha luita global em si própria. Som objectivos estratégicos para nós a luita antipatriarcal e anticapitalista e a construçom de umha sociedade livre de exploraçons, sob os valores da equidade, o respeito e a inde-pendência.

Um dos objectivos de MNG é o de recuperar a nossa própria história e com esta ideia temos editado várias publica-çons com a fi nalidade de romper com a desmemória e recuperar a voz das mulhe-res que o Poder quer premeditadamente manter silenciada.

Em 1990 iniciámos a ediçom da única Agenda Feminista Galega que se vem edi-tando sem interrupçom e que dedicamos cada ano a um tema monográfi co. Para MNG é muito importante a refl exom e por isso organizamos desde nossos inícios jornadas de debate assim como jorna-das de formaçom das quais temos várias publicaçons. Esta importáncia da refl exom está sempre realizada com a orientaçom da melhor adequaçom das nossas mobili-zaçons à realidade.

Marcha Mundial das MulheresPara MNG o trabalho unitário sempre

foi um objectivo muito importante, como assim o temos demonstrado no esforço realizado na formaçom da plataforma de organizaços de mulheres, da Marcha Mun-dial das Mulheres na Galiza no ano 2000, na qual MNG temos trabalhado muito inten-samente para alcançarmos a sua criaçom, a sua extensom tanto a nível galego como a nível internacional, tentando que nela participassem o maior número possível de organizaçons de mulheres do nosso país, trabalhámos também para que a sua prá-tica fosse feminista e adequada à realidade das mulheres galegas, assim como que a Galiza estivesse representanda como país a nível internacional. MNG esforçamo-nos na organizaçom da mobilizaçom europeia que se realizou em Vigo em Maio de 2004 e que esta tivesse a importáncia que fi nal-mente tivo, relegando inclusivamente o trabalho específi co da nossa organizaçom durante esses quatro anos.

Pola primeira vez conseguiu-se na Galiza umha plataforma unitária que aglutinasse no seu seio organizaçons de mulheres de tam diferentes politicas e ideologias, logrando que convivam no seu seio o uso do reintegrado e a normativa ofi cial, respeitando as diferenças.

Para MNG continua a ser importante a necessidade da luita unitária e a conti-nuidade da plataforma de organizaçons de mulheres da MMM pola que continuamos a apostar, mas neste momento considera-mos fundamental recuperar o nosso tra-balho específi co como organizaçom pró-pria para garantir o futuro do feminismo nacionalista. Para MNG na actualidade os objetivos prioritários som fortalecer a nossa organizaçom, a mobilizaçom, a for-maçom teórica e autoconsciência.

As mulheres na Galiza temos avan-çado muito nos últimos tempos, mas sem dúvida nunca nos foi dado nada, mas os avanços conseguidos fôrom resultado das luitas do movimento feminista e sabemos que as MNG temos contribuído, na medida de nossas possibilidades, a estes avan-ços de diferentes campos e hoje mais que nunca, e com a perspectiva que nos dam os nossos vinte anos de história, sabemos da importáncia do feminismo, da necessidade de continuarmos nesta luita pola destruiçom do sistema patriarcal e a construçom de umha sociedade livre de exploraçons e o compromisso com a luita da Galiza pola consecuçom da sua inde-pendência nacional.

Luísa Ocampo Pereira é militante de MNG

OPINIOM

A sublevaçom militar fascista contra a segunda República supujo um grande retrocesso para as mulheres, direitos con-seguidos nessa época como o divórcio, o aborto, os metódos anticoncepcionais, o casamento civil, a igualdade entre fi lhos nascidos dentro e fora do casamento, a co-educaçom, … e que deixárom de sê-lo durante todos os anos de ditadura fas-cista. Na Galiza haverá que aguardar até o ano 1968 para que apareçam grupos de mulheres organizados propiciados polo PC à volta das siglas de “Movemento Demo-crático de Mulheres”. Seu trabalho estava mais ligado ao movimento sindical e às reivindicaçons polos direitos democráticos que à luita polos direitos das mulheres.

Nom vai ser até o ano 1976 que vere-mos na Galiza um movimento feminista organizado com o nome de “Asociación Galega da Muller” (AGM). Na sua criaçom, vam participar mulheres de diferentes par-tidos da esquerda: MC, LCR, PT e mulheres independentes. A ideia que partilhavam era pensar que as mulheres podiam per-manecer unidas numha única organizaçom apesar das diferenças políticas e ideológi-cas. A AGM tinha presença nas principais cidades galegas e estava coordenada a nível estatal através da “Coordenadora Estatal de Organizaçons Feministas”.

É preciso reconhecer que estas orga-nizaçons foram as pioneiras quanto a revulsivo para criar auto-organizaçom das mulheres assim como na criaçom de cons-ciência feminista e jogárom um papel muito importante. Estas primeiras organi-zaçons participam de umha ideologia nom nacionalista se bem é certo que o naciona-lismo na Galiza nom tinha mostrado nen-gum interesse no feminismo.

A partir do ano 1978 começam a pro-duzir-se cisons no seu seio das quais a pri-meira foi a FIGA, e aliás produz-se umha diminuiçom na militáncia e na força desse movimento feminista.

Nos anos 80 depois de atravessar um período de divisons vam consolidar-se umha série de organizaçons locais que já nom se unifi cam com o nome de AGM, mas vam manter umha coordenaçom a nível nacional e estatal.

Nascimento de MNGÉ no ano 1984, quando um grupo

numeroso de mulheres organizadas no seio do BNG começamos a refl ectir sobre a necessidade da autorganizaçom das mulheres galegas para a luita antipatriar-cal desde umha estratégia de libertaçom nacional. Nesse contexto nasce Mulheres Nacionalistas Galegas (MNG), analisando que na Galiza nom existia umha organiza-çom de mulheres feminista e nacionalista e pensando que a libertaçom da mulher no nosso pais só podia conseguir-se de umha organizaçom que tivesse em conta estes dous supostos ideológicos.

No 15 e 16 de Novembro de 1986 com a legenda –Mulheres livres na pátria liber-tada-, depois de muitos meses de debates internos, 300 mulheres de toda a Galiza realizámos a Assembleia Constituinte de MNG na Faculdade de Geografi a e História de Compostela. Sendo a primeira e a única organizaçom feminista e nacionalista de ámbito nacional existente na Galiza até hoje.

Os princípios aprovados naquela Assembleia e que iam inspirar a prática de MNG, fôrom principalmente dous: Anti-patriarcado e Nacionalismo. Nascíamos como umha organizaçom feminista com umha estrutura autónoma mas com repre-sentaçom nos organismos de direcçom do BNG. O que resulta evidente é que MNG ao formar parte da estrutura organizativa do BNG tínhamos sequestrada a nossa inde-pendência. Começámos um andamento no qual partíamos de ter muito empenho e vontade de trabalhar, assim como bastan-tes meios materiais e humanos, mas com pouca teoria e pouca prática feminista

Desde o movimento feminista organi-zado nesse momento na Galiza, acusava-se-nos de nom ser umha organizaçom

20 anos de evoluçom do feminismo na GalizaLu

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7Nº 41. Julho, Agosto e Setembro de 2006 INTERNACIONAL

Para a esquerda independentista cata-lá, a valorizaçom da aprovaçom do Estatuto na Catalunha nom deve ser cingida às per-centagens de voto do referendo do passa-do 18 de Junho. Tem sido umha experiência política interessante da perspectiva do dis-curso e da mobilizaçom pola autodetermi-naçom dos Países Cataláns. Este tem sido um processo que se inicia no debate sobre o Tratado Constitucional Europeu, que ini-ciou em meados do 2003. Valorizando este longo processo som muitos os elementos analisáveis desta perspectiva independen-tista.

Em primeiro lugar, é preciso assina-lar a erosom do consenso autonomista. A aprovaçom deste Estatuto demonstra a incapacidade de umha articulaçom federal do Estado espanhol, e isto tem demons-trado as limitaçons do regime autonómico. Noutras palavras, que isto é o máximo que “dá de si Espanha”. O Estatuto que aprovou o Parlamento catalám foi recortado, so-bretodo nas propostas económicas, de tal forma que nom se pode falar de um novo modelo de fi nanciamento. Folga dizer que esse Estatuto nom incluía as reivindicaçons mínimas do independentismo: nem o direito de autodeterminaçom, nem a vontade de unidade política dos Países Cataláns, nem a ofi cialidade única da língua catalá, nem outras reivindicaçons de carácter social como por exemplo o quadro catalám de re-laçons laborais ou a soberania económica. Mas o facto de trocar as normas tributárias numha versom tendente ao concerto eco-nómico (a Generalitat de Catalunya recebia todos os impostos) já supera os limites da Espanha constitucional.

Produziu-se um desengano numha par-te do nacionalismo catalám. ERC, represen-tante do reformismo independentista, de-positou muita confi ança no discurso refor-mista do PSOE. Inclusivamente se apostava por umha transformaçom de Espanha num estado federal e plurinacional como “pri-meira estaçom” à independência (quando nom se trata de estaçons mas de apanhar linhas diferentes). Agora este refromismo espanhol tem demonstrado o curto alcance do seu federalismo e isso tem provocado certa desorientaçom em ERC, a qual está a repropor a conveniência da sua estratégia política.

Contodo, o “bloco do sim” pudo vender este Estatuto como um pequeno avanço para a sociedade catalá. De umha perspec-tiva sócio-política, este “bloco do sim” fi cou muito bem desenhado. Tem sido encabeça-do polos dous principais partido parlamen-tares, que som os que geriram a maioria das instituiçons autonómicas (Generalitat, Diputacions e Ajuntaments) nestes mais de 25 anos e que, por isso mesmo, som os mais interessados em frear qualquer possibilida-de de mudança. É o que podemos chamar establishment político catalám. Este grupo político dirigente tem sido acompanhado pola representaçom da maioria de fracçons da burguesia autóctone e da intelectuali-dade e as elites burocráticas ao serviço do poder.

A fantasmagórica plataforma Estatut Jo Si estava formada de um elenco de per-sonagens que bem tiveram ou bem tenhem ou pretendem ter cargos públicos.

Em segundo lugar, embora seja ine-gável o aumento da consciência nacional, há que constatar a limitaçom dos avanços da consciência política a nível de massas. É neste aspecto onde cabe falar mais dos resultados do referendo. Os argumentos do “bloco do sim” tenhem calado em boa parte da populaçom catalá. O PSC propujo a campanha em chave eleitoral espanhola, chave que lhe deu rendimentos. Identifi cou o voto contrário ao Estatut como umha vitória do PP e assim impediu que muitas pessoas se pronunciassem contra a burla que representava o Estatuto da Moncloa. CiU também utilizou este argumento e, para mostrar a sua sensibilidade nacionalista, fi jo fi nca-pé em que este Estatuto supunha um pequeno avanço e que é a base de pe-quenos avanços que se tem construído o nosso país. O facto destes argumentos tam

débeis terem sido sufi cientes para ganhar o referendo questiona que a consideraçom da Catalunha como naçom tenha conse-quências práticas para a maioria da nossa sociedade. Contodo, apenas um de cada três eleitores apoiou o Estatuto.

Em terceiro lugar devemos valorizar a existência de umha massa soberanista que se tem expressado nestes últimos meses, embora de forma irregular e sem umha ar-ticulaçom política clara. No 18 de Fevereiro a Plataforma pel Dret de Decidir encheu a Gran Via barcelonesa ao grito de “Somos umha naçom e temos o direito a decidir”. Esta foi a base a partir da qual se tenhem expressado as vozes mais críticas com o Estatuto. Tem sido um dos sectores da so-ciedade civil quem pediu o voto NOM e, à vez, tem servido como dinamizador de todo o espectro do NOM: à sua volta tenhem-se organizado colectivos e plataformas sec-toriais contra o Estatuto da Moncloa (por exemplo a plataforma Diguem No). Sem a existência desta plataforma e da mobiliza-çom de Fevereiro é possível que a posiçom de ERC fosse outra.

Nesta massa soberanista misturava-se gente da esquerda independentista com gente partidária do Estatuto aprovado no Parlament (sem recortes). No entanto as posiçons no seio da Plataforma foram-se radicalizando (também os sectores mais autonomistas se apartaram dela) a medida que se achegava o referendo. À volta desta Plataforma apareceram diferentes sectores (economistas, sindicalistas, intelectuais...) que som um exemplo da base plural a partir da qual podemos construir um movimento para a autodeterminaçom. Na confi gura-çom deste bloco soberanista mostrou-se um rompimento com a intelectualidade do pensamento hegemónico: Os professores ou economistas que tenhem promovido o NOM som pessoas pouco ou nada vinculadas às classes dirigentes do país, das quais as separa a sua extracçom social e o factor ge-racional. Há tempo que na Catalunha estám a aparecer novas vozes independentistas ou soberanistas. Embora de alguns destes re-presentantes nos podam separar distintas concepçons económicas ou políticas, é dever da esquerda independentista trabalhar com eles na confi guraçom do movimento para a autodeterminaçom e impedir que esta po-tencial energia independentista se canalize para o eterno beco sem saída do nacionalis-mo catalám: A reforma de Espanha.

Deveríamos acrescentar um último as-pecto a tratar, que é o papel que tem joga-do a esquerda independentista. Através da Campanya Unitària per l’Autodeterminació foi difundido o nosso discurso sobre o Estatuto, contrário a qualquer reforma e partidário do rompimento dos Países Cataláns com os estados francês e espa-nhol. Porém, fazendo autocrítica, devemos assinalar que a falta de unidade no conglo-merado da esquerda independentista tem prejudicado o alcance deste discurso e a possibilidade de direcçom política de toda esta massa soberanista.

Em defi nitiva, aprovou-se um Estatuto que permite que todo continue na mesma. Mas a esquerda independentista cargou-se de argumentos empíricos sobre a conveni-ência da Ruptura Democrática e, aliás, tem constatado que neste país existe umha mas-sa social e umha vanguarda intelectual que, com a devida direcçom política e mantendo a mobilizaçom, pode pôr em andamento o processo que nos leve à independência dos Países Cataláns.

Albert Botran é membro do MDT (Moviment de

Defesa de la Terra)

Catalunha: aprovado o Estatuto, continua a luita pola independência

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80

100

Censo 5.202.291

Abstençom 2.631.813

Total votantes 2.570.478

Votos nulos 23.046

Votos válidos 2.547.432

Sim 1.882.650

Nom 528.721

Em branco 136.061

Abstençom Participaçom SIM NOM BRANCOResultados referendo Estatuto de 1979 40.7% 59.3% 88.1% 7.8% 3.5%Resultados referendo Constituiçom Europeia de 2005 59.4% 40.6% 64.3% 27.7% 7.2%Resultados referendo Estatuto de 2006

Resultados referendo Estatuto de 1979

Resultados referendo Constituiçom Europeia de 2005

Resultados referendo Estatuto de 2006

50.6% 49.4% 73.9% 20.8% 5.3%

Resultados definitivos do referendo 18 de Junho

Total votantes49.4%

Abstençom50.6%

Votos nulos 0.9%Em branco 5.3%

Nom20.8%

Sim73.9%

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Edita: Primeira Linha. Redacçom: Rua do Home Santo 29, 4º A. 15703 Compostela. Galiza. Telefone: 616 868 589 / www.primeiralinha.orgConselho de Redacçom: Comité Central de Primeira Linha. Fotografia: Arquivo Abrente. Correcçom lingüística: Galizaemgalego. Maqueta: ocumodeseño. Imprime: Litonor S.A.L. Encerramento da ediçom: 10 de Julho de 2006Correspondência: Rua do Home Santo 29, 4º A. 15703 Compostela. Galiza. Correios electrónicos: [email protected] / [email protected] / Tiragem: 3.000 exemplares. Distribuiçom gratuíta.Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos sempre que se citar a fonte. Abrente nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados.

Impresso em papel reciclado. Depósito Legal: C-901-1997

Actividades festivas e reivindicativas do Dia da Pátria

O Dia da Pátria deste ano tem lugar numha conjuntura política caracterizada polos primeiros sintomas da decep-çom popular perante o continuísmo do Governo PSOE-BNG na Junta da Galiza, pola encenaçom da fraude que preten-dem impor-nos com o debate dos novos Estatutos, e pola nova agressom contra a classe trabalhadora que supom a reforma laboral pactuada polo Governo de Zapa-tero, o corrupto sindicalismo espanhol e o patronato.

Há agora pouco mais dum ano, o fraguismo era derrotado eleitoralmente. Umha boa parte d@s trabalhadores/as, da juventude e das mulheres que parti-ciparam activamente nas grandes luitas desenvolvidas neste primeiro quinqué-nio do século XXI (greves gerais, LOU, guerra imperialista, Prestige) optaram por emprestar o seu apoio eleitoral às duas grandes forças da oposiçom insti-tucional, possibilitando deste jeito umha ajustada vitória sobre o PP.

Porém, este primeiro ano de governo progressista e galeguista nom adoptou, -tal como prognosticara a esquerda inde-pendentista-, a nova política que prome-tera e que demandava umha boa parte do eleitorado.

Na Comunidade Autónoma, PSOE e BNG dedicárom-se a negociar, pactuar e encenar essa monumental fraude política

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caminho a percorrer polo conjunto das forças, colectivos e pessoas que a partir da esquerda defendemos a liberdade e a soberania da Galiza.

A nova reforma laboral que fl exibi-liza, precariza e desregulariza ainda mais o mercado laboral, facilitando o despedi-mento, potencializando as ETT’s e conce-dendo mais isençons e facilidades fi scais à burguesia, foi premeditadamente ocul-tada. O debate das reformas estatutárias também contribuiu para ensombrar os termos desta nova agressom contra a classe trabalhadora.

Mas ambas iniciativas estám inter-ligadas: sem soberania, nom é posivel defender plenamente os interesses de classe, e somos as classes populares que padecemos directamente sobre as nossas condiçons materiais a opressom nacional da Galiza polo Estado imperia-lista espanhol.

Embora consideremos prioritário reclamarmos o direito de autodetermi-naçom, como organizaçom política de massas do MLNG, defendemos a posiçom estratégica da Independência, -construir um Estado galego ao serviço exclusivo do povo trabalhador, e o Socialismo, umha sociedade galega alicerçada na justiça social.

Galiza, 25 de Julho de 2006

que supom a reforma do actual Estatuto de 1981, para facilitar o encaixe do nosso país na imprescindível reestruturaçom do Estado espanhol perante as cada vez mais amplas demandas de liberdade dos povos que oprime. Agora só necessitam convencer o PP das bondades do vergo-nhoso rascunho que defi ne metafi sica-mente ao nosso país como um simples “carácter nacional”.

Nos territórios nacionais sob admi-nistraçom asturiana e castelo-leonesa,

-no Návia-Eu, Berzo, Cabreira e Seabra-, o bipartidismo espanhol pretende, com as modifi caçons dos actuais respectivos estatutos, perpetuar a divisom territorial da Galiza e seguir esmagando a identi-dade galega hegemónica em muitas des-sas comarcas.

O debate estatutário que as três for-ças do regime (PSOE, PP e BNG) preten-dem impor nega o direito de autodeter-minaçom ao povo galego e nega a Galiza como único sujeito e ámbito soberano de

decisom. Perante esta situaçom, é impres-

cindível reforçar os espaços plurais de confl uência em defesa e demanda dos direitos nacionais da Galiza.

Por este motivo, NÓS-UP saúda e apoia a mobilizaçom convocada polas Bases Democráticas Galegas contra os Estatutos e em prol da autodeterminaçom da Galiza. Consideramos que esta inicia-tiva social, tal como a posiçom da CIG a respeito do debate estatutário, abrem o

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