A velha e a cabaça2

17
A velha e a cabaça Alice Vieira reconta histórias de sempre com muito humor e … sabor! Vítor Sobral dá uma receita para cozinhares com os teus pais

Transcript of A velha e a cabaça2

  • A velha e a cabaaAlice Vieira reconta histrias de sempre com muito humor e sabor!

    Vtor Sobral d uma receita para cozinhares com os teus pais

  • Era uma vez uma velha a quem todos os anos nascia um neto. E de cada vez que ia ao baptizado todos lhe pediam que levasse arroz-doce, sonhos e rabanadas.

  • Um dia, ia a velha a atravessar a floresta para se dirigir ao baptizado de mais um neto, quando um lobo lhe salta ao caminho. - Vou comer-te! disse ele Nestes ltimos tempos no tem passado aqui ningum, por isso ando com uma fome que nem me aguento em p! Vais ser o meu jantar!

  • Tremendo de medo, disse a velha:- J olhaste bem para mim? Tive tanto trabalho a fazer os doces para a festa que estou pele e osso! No vais ter muito que comerMas se esperares por mim, no regresso da festa j venho mais gorda, com tudo o que l comi. Ento poderei ser um bom jantar para ti.

  • Aceito disse o lobo -, mas vinda no me escapas.

  • Durante todo o baptizado a velha esteve sempre muito triste, a pensar no que a esperava. Um vendedor de cabaas que tambm fora convidado para a festa quis saber por que estava ela to triste que nem comia as coisas boas que tinha trazido. Ento a velha contou-lhe tudo o que tinha acontecido.

  • diabo! murmurou o homem, trincando a quinta rabanada -, ser comida por um lobo no tem graa nenhuma

    Nenhuma - repetiu a velha.

    Ficou o homem em silncio durante algum tempo at que, de repente, exclamou:

    - Tive uma ideia! E olhando para a velha disse-lhe ao ouvido: - Acho que o teu arroz-doce, os teus sonhos e as tuas rabanadas tornam uma pessoa mais inteligente!

  • E acrescentou: - J sei o que hs-de fazer para fugires ao lobo. Levas a maior das minhas cabaas e assim que o avistares metes-te dentro dela e vais a rolar o caminho todo at casa. Garanto-te que ele no te apanha.

  • A velha ficou mais aliviada e at conseguiu comer uma tigela de arroz-doce, trs sonhos e duas rabanadas. At se sentia mais gorda. Acabado o baptizado, despediu-se de todos e, tal como lhe prometera, o homem ofereceu-lhe a maior das suas cabaas: - s pequenina, portanto cabes bem aqui dentro. E no te esqueas: s sais daqui quando estiveres em tua casa!

  • Meteu-se a velha ao caminho e, quando ia a entrar na floresta, avistou o lobo ao fundo. - Vamos l ver se isto d resultado - murmurou, entrando para dentro da cabaa. E logo a cabaa comeou a rolar pela encosta abaixo.

  • Passou mesmo rentinho ao lobo, que lhe perguntou: cabaa, cabacinha Viste a uma velhinha? Regressa dum baptizado Deve vir muito gordinha

  • Ao que a velha, tentando disfarar a voz, respondeu l de dentro: No vi velha nem velhinha No vi velha nem velho Corre, corre cabacinha, Corre, corre cabao!

  • E assim, sempre a rolar, sempre a rolar, chegou a casa sem que nada de mal lhe acontecesse.

  • E como estas coisas abrem sempre muito o apetite, foi imediatamente cear os restos do arroz-doce, dos sonhos e das rabanadas que tinham sobrado da festa.

  • Quanto ao lobo, dizem que a esta hora ainda anda pela floresta, desvairado de fome, a perguntar a toda a gente se algum viu uma velha gorda a voltar de um baptizado.

  • ARROZ-DOCE COM LIMA E CANELA

    IngredientesQuantidades

    Arroz carolino400ggua2 lSal marinhoq.b.Leite1,2 lLima ralada1Anis estrelado3Acar400gGemas6 unidadesCanela em pq.b. Coze 400 g de arroz em 2 l de gua com sal. Quando a maior parte da gua tiver evaporado, junta 1,2 l de leite, uma lima ralada e 3 estrelas de anis. Espera at levantar fervura e junta 400 g de acar. Deixa cozer 2 m. e adiciona 6 gemas, mexendo sempre. Coloca em taas, deixa arrefecer e polvilha com canela.

  • Texto: Alice Vieira Receita: Vctor Sobral Ilustrao: Carla Nazareth in A que sabe esta histria?