A Síndrome de Burnout Em Cuidadores Formais

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Universidade da Beira Interior Ciências da Saúde A Síndrome de Burnout em cuidadores formais (auxiliares de ação direta) de idosos institucionalizados Ana Rita Cruz Barros de Almeida Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia (2º Ciclo de Estudos) Orientadora: Professora Doutora Márcia Kirzner Covilhã, Outubro 2013

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Burnout

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  • Universidade da Beira Interior

    Cincias da Sade

    A Sndrome de Burnout em cuidadores formais

    (auxiliares de ao direta) de idosos

    institucionalizados

    Ana Rita Cruz Barros de Almeida

    Dissertao para obteno do grau de Mestre em

    Gerontologia

    (2 Ciclo de Estudos)

    Orientadora: Professora Doutora Mrcia Kirzner

    Covilh, Outubro 2013

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    II

    Cuidar exige tenso emocional constante, ateno permanente; grandes responsabilidades

    espreitam o profissional a cada gesto no trabalho.

    Maslach, 2003

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    III

    Agradecimentos

    Gostaria de apresentar os meus mais sinceros agradecimentos a todas as pessoas que contriburam

    para a realizao deste trabalho, nomeadamente:

    minha orientadora desta dissertao de mestrado, Professora Doutora Mrcia Kirzner, por toda

    a compreenso, orientao, disponibilidade e pacincia demonstrados ao longo da realizao deste

    trabalho.

    Aos cuidadores formais dos Lares de Idosos do concelho de Castelo Branco, pela colaborao no

    preenchimento do instrumento de colheita de dados.

    s Direes dos Lares de Idosos do concelho de Castelo Branco, pela autorizao para a colheita

    de dados aos cuidadores formais das respetivas instituies.

    Por fim gostaria de agradecer a todos os meus familiares e amigos pelo apoio.

    A todos vs o meu sincero bem-haja!

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    IV

    Resumo

    A Sndrome de Burnout tem vindo a ser definida como uma das consequncias mais

    marcantes do stresse profissional, e caracteriza-se pela exausto emocional, sobretudo em

    profisses com elevados nveis de contato interpessoal. Como tal, torna-se pertinente estudar a

    Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados, uma vez que so

    considerados um grupo de risco.

    Foi realizado um estudo descritivo observacional e transversal. O instrumento aplicado foi

    o CBI (Copenhagen Burnout Inventrio), aplicado a cem cuidadores formais trabalhadores em Lares

    de idosos no concelho de Castelo Branco.

    No que diz respeito s trs dimenses avaliadas no CBI, relativamente ao burnout pessoal

    74,5% apresentaram baixos nveis de burnout e 25,5% elevados nveis. Em relao ao burnout

    relacionado com o trabalho, 77,1% expem nveis baixos de burnout e 22,9% apresentam nveis

    elevados. Quanto ao burnout relacionado com o cliente 93,4% exibem baixos nveis e 6,6% mostram

    altos nveis de burnout.

    Concluiu-se que os cuidadores formais de idosos institucionalizados apresentaram baixos

    nveis de burnout em todas as dimenses estudadas (cliente, pessoal e trabalho).

    Palavras-Chave: Cuidadores Formais, Sndrome de Burnout e Idosos institucionalizados.

    Abstract

    The Burnout Syndrome has been defined as one of the most striking consequences of work-

    related stress, and characterized by emotional exhaustion, especially in professions with high

    levels of interpersonal contact. As such, it is pertinent to study the Burnout Syndrome in formal

    caregivers of institutionalized elderly, since they are considered a risk group.

    We conducted a descriptive, observational and transversal study. The instrument used was

    the CBI (Copenhagen Burnout Inventory), applied to formal caregivers hundred workers in nursing

    homes in the county of Castelo Branco.

    With respect to the three dimensions measured in the CBI relating to personal burnout

    74.5% showed low levels of burnout and 25.5 % high levels. In relation to work-related burnout,

    77.1 % exhibit low levels of burnout and 22.9 % had high level. As for burnout related to the

    customer 93.4 % exhibit low levels and 6.6 % showed high levels of burnout.

    It was concluded that formal caregivers of institutionalized elderly had low levels of

    burnout in all studied dimensions (customer, personnel and labor).

    Keywords: Formal Caregiver, Burnout Syndrome and Elderly institutionalized.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    V

    ndice

    Introduo......................................................................................................... 10

    Captulo I: Enquadramento terico ........................................................................... 11

    1. A Sndrome de Burnout ................................................................................... 11

    1.1. Definio de burnout ................................................................................ 11

    1.2. Fatores desencadeadores de burnout ............................................................ 12

    1.3. Sinais e sintomas de burnout ...................................................................... 14

    1.4. Preveno e tratamento ............................................................................ 16

    1.5. Modelos de burnout ................................................................................. 16

    2. O Envelhecimento e o Cuidar ........................................................................... 20

    3. Os cuidadores formais de idosos ........................................................................ 23

    Captulo II: METODOLOGIA ..................................................................................... 25

    1. Tipo de estudo .......................................................................................... 25

    2. Local do estudo ......................................................................................... 25

    3. Participantes ............................................................................................ 25

    3.1 Populao alvo ........................................................................................ 25

    3.2 Tipo de amostragem .................................................................................. 25

    3.3. Critrios de Incluso ................................................................................. 25

    3.4 Critrios de excluso ................................................................................. 25

    3.5 Amostragem ............................................................................................ 25

    3.6 Caracterizao da amostra .......................................................................... 26

    4. Variveis analisadas .................................................................................... 28

    5. Instrumentos e recolha de dados ....................................................................... 28

    5.1. Caracterizao da escala CBI ...................................................................... 29

    6. Tratamento de dados ..................................................................................... 29

    7. Consideraes ticas ...................................................................................... 29

    Captulo III: Resultados ......................................................................................... 30

    1. Burnout pessoal ......................................................................................... 31

    2. Burnout relacionado com o trabalho ................................................................ 32

    3. Burnout relacionado com o cliente.................................................................. 33

    Captulo IV: Discusso dos resultados e Concluses ....................................................... 34

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    VI

    Anexos

    Anexo I - Amostra

    Anexo II Instrumento de colheita de dados

    Anexo III Pedido de autorizao de colheita de dados

    Anexo IV Tabelas de frequncia

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    VII

    Lista de Quadros

    Quadro 1 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por nveis de burnout, em Castelo Branco, 2013. ............................................ 30

    Quadro 2 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por caratersticas sociodemogrficas, relativamente aos nveis de burnout pessoal, em

    Castelo Branco, 2013. ........................................................................................... 31

    Quadro 3 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por caratersticas sociodemogrficas, relativamente aos nveis de burnout relacionado

    com o trabalho, em Castelo Branco, 2013. ................................................................. 32

    Quadro 4 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por caratersticas sociodemogrficas, relativamente aos nveis de burnout relacionado

    com o cliente, em Castelo Branco, 2013. ................................................................... 33

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    VIII

    Lista de Grficos

    Grfico 1 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por faixa etria, em Castelo Branco, 2013..................................................... 26

    Grfico 2 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por anos de profisso, em Castelo Branco, 2013. ............................................ 26

    Grfico 3 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por habilitaes escolares, em Castelo Branco, 2013. ....................................... 27

    Grfico 4 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares

    de idosos, por estado civil, em Castelo Branco, 2013. .................................................... 27

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    IX

    Lista de acrnimos

    CBI - Inventrio de Burnout de Copenhagen

    DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

    ICD - International Classification of Diseases

    PARES - Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais

    dp Desvio padro

    Spss - Statistical Package for the Social Sciences

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    10

    Introduo

    O envelhecimento populacional um fenmeno global, e que foi inclusive apelidado de

    revoluo demogrfica tendo em considerao as profundas consequncias que o crescente

    nmero de idosos representa quando associada reduo nas taxas de natalidade (Lima, 2006).

    Uma das consequncias evidentes em termos de sade, pela enorme prevalncia de

    doenas crnicas e degenerativas nesta faixa populacional, o que acarreta a necessidade de

    cuidados formais/informais, que podem assumir um cariz stressante sobretudo naqueles cuja

    ocupao precisamente cuidar dos mais idosos.

    No que respeita aos cuidadores formais, constituindo-se o trabalho como parte integrante

    da vida do Homem, assume-se como essencial na satisfao das suas necessidades, e na sua

    realizao pessoal; que ocupa de sobremaneira o seu tempo, e que pode ter um sabor agridoce,

    de misto de alegria e de stress.

    No obstante o stress possa surgir a partir de situaes vulgares do quotidiano, cada vez

    mais aceite a ideia de que o stress tende a ser mais significativo quando associado ao trabalho.

    Isto tanto mais compreensvel quando reflectirmos sobre o paradigma moderno, o qual se define

    pela eficincia, eficcia e produtividade e sua relao custo/benefcio.

    Efectivamente, cada vez mais se impem desafios no mundo do trabalho, quer em termos

    de vinculo (contratos a tempo parcial ou de curto prazo), quer em termos de exigncia tecnolgica,

    com impulsos rpidos e fortes, em favor da eficincia e aumento da competitividade. Isto coloca

    os trabalhadores sob constante presso, sendo que se impe a reflexo sobre a problemtica do

    stress ocupacional e das politicas e prticas adequadas que podem ser desenvolvidas para colmatar

    estas preocupaes.

    Constituindo o stress uma experiencia vital que pode ser positiva at determinado nvel, e

    impulsionadora no atingir de objectivos, o stress profissional excessivo, designadamente sob a

    forma de Sndrome de Burnout afecta negativamente a sade fisica e psicologica dos indivduos,

    e, invariavelmente, o seu desempenho.

    Prope-se assim, no presente trabalho, estudar a Sndrome de Burnout em cuidadores

    formais que trabalhem com idosos institucionalizados em lares, tendo como objetivos especficos:

    a) Determinar a prevalncia da Sndrome de Burnout por sexo, idade, habilitaes

    literrias, idade profissional e estado civil.

    b) Determinar os nveis de burnout.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    11

    Captulo I: Enquadramento terico 1. A Sndrome de Burnout

    1.1. Definio de burnout

    Foi em 1974/75, que Herbert Freudenberg observou que muitos dos voluntrios com quem

    trabalhava em unidades de sade apresentavam uma perda gradual das emoes, da motivao e do

    empenhamento acompanhado de sintomas fsicos e mentais, denotando um estado de exausto.

    Tratava-se segundo Freudenberg, de gente idealista, que acabava cansada, desesperada, e que no

    final necessitavam de mais ajuda do que aqueles a que cuidavam; tendo designado este particular

    estado mental de exausto emocional (Queirs, 2005).

    Quando se pensa em burnout vem memria: em chama, em brasa, assim sendo a Sndrome

    de Burnout uma resposta a um estado emocional crnico, a tenso emocional crnica, vivenciada

    pelos profissionais cujo trabalho compreende o relacionamento intenso e frequente com pessoas que

    necessitam de algum tipo de cuidado o que retira a energia do profissional, que vir ser necessria

    para momentos de crise, de frustraes, de compreenso e compaixo. Esta sndrome uma patologia

    geogrfica e culturalmente ampla - transcultural, que emerge em diversos pases e culturas (Maslach,

    2003). uma sndrome multidimensional que segundo a histria j remonta desde o Primeiro

    testamento, mas s na altura de Freudeberger no artigo Staff Burnout que foi mencionado. Hoje

    em dia no uma doena reconhecida pela DSM-IV, reconhecida pela APA no ICD-10 como

    Problemas relacionados com a vida- Exausto Vital (Bhner-Kohler, 2012).

    Landeiro (2011) descreve a Sndrome de Burnout como:

    um estado de esgotamento, traduzido por fadiga fsica e mental, caracterizado por um conjunto de estratgias adotadas pelos indivduos como afastamento e desumanizao alternando o seu comportamento no local de trabalho. Segundo Queirs (2005) burnout uma designao que pode ser traduzida por falha, desgaste

    por fora, queimado por fora, exausto por gastos excessivos de energia, fora ou recursos, ou como

    estoiro.

    Para Delbrouck (2006) o conceito de exausto emocional foi descrito como um estado de

    fadiga ou frustrao. Uma doena frequente, nos dias de hoje, em todos os profissionais, a relao

    direta entre o emprego e o estado de fadiga do trabalhador. Deste modo, a entidade empregadora

    deve sentir-se responsvel, como tal deve criar estmulos positivos para os seus trabalhadores, como

    metas atingveis e congratula-los pelos resultados.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    12

    As trs dimenses que caracterizam a Sndrome de Burnout so: Exausto Emocional,

    Despersonalizao e Sentimento de Incompetncia (Carlotto & Cmara, 2007; Demeneck e Kurowski,

    2010; Tecedeiro, 2010; Delbrouck, 2006).

    Refletindo sobre cada uma das dimenses:

    a) exausto emocional caracteriza-se por uma falta ou carncia de energia e um sentimento

    de esgotamento emocional, e que segundo Delbrouck (2006), a dimenso mais prevalente.

    b) despersonalizao ocorre quando o profissional passa a tratar os utentes, os colegas e a

    organizao de uma forma distante e impessoal (Dias, Queirs & Carlotto, 2010).

    c) sentimento de incompetncia est relacionado com a tendncia do trabalhador se avaliar

    de uma forma negativa, sentindo-se insatisfeito com o seu desenvolvimento profissional (Dias, Queirs

    & Carlotto, 2010).

    Segundo Maslach (2003) existe uma nova denominao das dimenses do burnout, a primeira

    exausto caracterizada pelo stress individual, posteriormente o cinismo, ou seja reaes negativas

    sentidas pela pessoa e por fim a ineficcia, descrita como a evoluo negativa da vida profissional.

    1.2. Fatores desencadeadores de burnout

    De acordo com Zanelli, Borges- Andrade, Bastos (2007, cit. por Maslach, Shaufelli e Luter,

    2001), no local de trabalho, so relacionados os seguintes aspetos suscetveis de provocar stresse:

    sobrecarga de trabalho; orientao e hierarquizao a que se est sujeito; isolamento social;

    objetivos da instituio; autonomia; tipo de liderana e superviso; estimulao; contacto com os

    utentes.

    Para o mesmo autor, e no que se refere ao indivduo, so de referir: o suporte social que

    recebe fora do servio e a carreira profissional. O stress causado pela conjugao de elementos

    stressantes resulta em: problemas com utentes; burocracia; falta de incentivos; dvidas sobre a

    competncia; falta de participao no grupo (Queirs, 2005).

    Dos fatores extrnsecos ao trabalho causadores de stress com repercusso neste parecem ser

    dos mais importantes, os fatores ligados famlia (Queirs, 2005).

    Maslach e Leiter (1997 cit. por Queirs, 2005) identificaram seis fontes de burnout

    responsveis pela eroso do envolvimento:

    Carga excessiva no trabalho (trabalho mais intensivo, mais complexo, exige mais tempo, cria

    exausto emocional criativa e fsica);

    Falta de controlo;

    Baixos salrios;

    Falha na equidade e justia;

    Fadiga;

    Fragmentao das relaes interpessoais, trabalha-se isoladamente;

    Conflito de valores.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    13

    De acordo com Maslach, Shaufelli e Luter (2001 cit. por Zanelli, Borges- Andrade,

    Bastos,2007), o burnout uma experincia individual especifica dos contextos de trabalho, e existem

    fatores situacionais, que permitem saber onde ocorre o burnout e quem o experiencia, entre os quais:

    As caractersticas do trabalho;

    As caractersticas da ocupao;

    As caractersticas organizacionais.

    Tambm existem fatores individuais que convergem para esta situao:

    Caractersticas demogrficas como a idade, sexo, estado civil;

    Caractersticas da personalidade;

    Atitudes para com o trabalho.

    Deminco (2011) dividiu os stressores presentes no ambiente de trabalho em seis grupos:

    Fatores intrnsecos do trabalho: condies inadequadas de trabalho, turnos de trabalho, carga

    horria de trabalho, contribuies no pagamento, viagens, riscos, nova tecnologia, e

    quantidade de trabalho;

    Papeis stressores: papel ambguo, papel conflituoso, grau de responsabilidade para com

    pessoas e coisas;

    Relaes no trabalho: relaes difceis com o chefe, colegas, subordinados, clientes

    diretamente ou indiretamente associados;

    Stressores na carreira: falta de desenvolvimento na carreira, insegurana no trabalho devido

    a reorganizaes ou declnio da indstria;

    Estrutura organizacional: estilos de liderana, falta de participao, pobre comunicao;

    Interface trabalho-casa: dificuldade em manejar esta interface (Delbrouck, 2006).

    Alvarez et al. (1993 cit. por Queirs, 2005), sintetiza os fatores ligados ao trabalho, no

    concreto variveis do posto de trabalho e da organizao em intrnsecas ou motivacionais e em

    extrnsecas. As primeiras so inerentes ao contedo de trabalho e podero considerar-se neste grupo:

    A autonomia profissional: parece que o burnout decresce medida que aumenta a capacidade

    de deciso ou seja que as pessoas sobem na hierarquia funcional;

    A diversidade de tarefas: nomeadamente a sobrecarga de tarefas burocrticas, ou outras que

    no entender dos profissionais seriam da competncia de outros;

    O volume de trabalho, relacionado com a quantidade de trabalho;

    O reconhecimento social do trabalho: para Gmalch 1987 a falta de reforos vindos do

    reconhecimento social da profisso aparece significativamente associado Sndrome de

    Burnout;

    Na promoo e desenvolvimento pessoal: os aspetos de carreira e de acesso profissional e as

    condies que o permitem, nomeadamente a formao contnua ou permanente.

    Quanto s variveis extrnsecas, podem ser agrupadas em trs dimenses:

    A dimenso fsica onde inclui todas as condies inerentes ao ambiente fsico onde se

    desenvolve as atividades laborais, a saber; rudo, humidade, luminosidade, temperatura,

    funcionalidade dos espaos e arquitetura;

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    14

    A dimenso social engloba a rede de relaes do profissional, nomeadamente com os utentes,

    colegas, chefes ou supervisores. Em conjunto com as variveis intrnsecas, esta parece ser

    bastante importante para o desgaste laboral;

    A dimenso organizacional refere-se ao tempo gasto em trmites burocrticos, dimenso e

    estrutura hierrquica da empresa e s ordens implcitas ou explcitas patentes em normas e

    regulamentos (Queirs, 2005).

    Segundo Vaz-Serra (1989, cit. por Queirs, 2005), so os indivduos de personalidade tipo A, os

    mais predispostos ao stresse. So normalmente indivduos bastante ativos, sempre com sentido de

    urgncia no tempo, no tolerantes perante a lentido, altamente competitivos, com estabelecimento

    de objetivos pouco realistas, ousados e incapazes de descansar.

    Pines et al. (1981, cit. por Queirs, 2005) tambm concluram que estratgias de copin negativas,

    tais como o confronto com o problema, estavam associadas a baixos nveis de burnout, enquanto

    estratgias de coping passivas, tais como o evitamento, se associam a altos nveis de burnout.

    No que se refere ao Locus de controlo, se tiver um bom locus de controlo interno associa-se a

    baixo burnout, e se for externo associa-se a nveis mais elevados.

    Em termos de atitudes para com o trabalho, so os indivduos com grandes expectativas

    organizacionais e que aspiram objetivos bastante discrepantes da realidade, os que tendem a

    apresentar nveis elevados de burnout, com maiores nveis de exausto e de cinismo quando

    constatam que os esforos investidos no resultam em resultados esperados (Queirs, 2005).

    A sobrecarga de trabalho e de presso parece ter uma forte ligao ao burnout, especialmente

    na sua dimenso exausto, enquanto a ambiguidade de tarefas e o conflito de tarefas com nveis

    moderados de correlao com burnout. Para alm disso, o suporte no trabalho, designadamente pelos

    supervisores, a informao, o controlo, e a autonomia relacionam-se bem com as trs dimenses de

    burnout (Queirs, 2005).

    1.3. Sinais e sintomas de burnout

    Segundo Deminco (2011), o quadro clnico da Sndrome de Burnout apresenta os seguintes

    aspetos:

    Esgotamento emocional, com diminuio e perda de recursos emocionais;

    Despersonalizao ou desumanizao, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas,

    de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no servio prestado;

    Sintomas fsicos de stress, tais como cansao, mal-estar geral, fadiga crnica, lceras

    digestivas, dores de cabea, perda de peso, etc.;

    Manifestaes emocionais do tipo: falta de realizao pessoal, tendncias a avaliar o prprio

    trabalho de forma negativa, vivncias de insuficincia profissional, sentimentos de vazio,

    esgotamento, fracasso, impotncia, baixa autoestima;

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    15

    frequente irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentrao, baixa tolerncia

    frustrao, comportamentos paranoides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros

    e para com a prpria famlia;

    Manifestaes comportamentais: probabilidade de condutas aditivas: consumo aumentado de

    caf, lcool, frmacos e drogas ilegais, absentismo, baixo rendimento pessoal,

    distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteo do ego,

    aborrecimento constante, atitude cnica, impacincia e irritabilidade, sentimento de

    onipotncia, desorientao, incapacidade de concentrao, sentimentos depressivos,

    frequentes conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da prpria famlia

    (Pereira, 2008).

    Perante o quadro descrito acima poderia pensar-se em depresso, contudo, de acordo com

    Demeneck e Kurowski (2010):

    Enquanto o stress pode apresentar aspetos positivos ou negativos, o burnout tem sempre

    carcter negativo e est sempre relacionado com o mundo do trabalho. Relata-se tambm que

    burnout e depresso tm em comum a disforia e o desnimo, todavia, os depressivos possuam

    maior submisso a letargia e prevalncia dos sentimentos de culpa e derrota, enquanto nas

    pessoas com burnout, os sentimentos so de desapontamento e tristeza

    O burnout inicia-se por uma fase de entusiasmo, com hiperatividade e sentimentos positivos,

    segundo, a que se segue uma fase de estagnao caracterizada por fadiga intensa, queixas

    psicossomticas e irritabilidade, que lentamente vai dando lugar a uma fase de frustrao,

    culpabilidade e sentimento de desgaste, e termina numa fase de desmoralizao, baixo autoconceito

    e moral afetando o desempenho (Delbrouck, 2006).

    Maslach (2003) descreve o processo em trs fases:

    1 Fase perda da satisfao em termos sociais;

    2 Fase rpida deteriorao fsica e mental, alteraes do sono, perda de energia, alteraes

    no peso e indiferena;

    3 Fase quebra fsica ou psicolgica, podendo surgir ataques cardacos, ulceras, doena

    mental.

    No que concerne sintomatologia, o burnout apresenta uma multiplicidade de sinais e

    sintomas, mas no concreto e no plano individual, isto no significa que as pessoas apresentem todos

    esses sintomas, mas habitualmente, apenas uma combinao de alguns (Filho e Burd, 2010).

    Assim, para Filho e Burd (2010) os sintomas de burnout podem agrupar-se em quatro reas:

    sintomas psicossomticos (queixas de fadiga crnica, cefaleias e gastralgias, ulceras e perturbaes

    gastrointestinais, perda de peso, hipertenso arterial, asma, dores musculares e nas mulheres perda

    de ciclos menstruais), comportamentais (absentismo laboral, aumento de comportamentos violentos,

    bem como comportamentos de alto risco, como seja, conduo imprudente, atitudes suicidas,

    incapacidade para relaxar, dependncia de substncias, e conflitos matrimoniais e familiares),

    emocionais (distanciamento afetivo, a impacincia e a irritabilidade, o receio de chegar a ser uma

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    16

    pessoa pouco estimada que pode degenerar em sentimentos paranoicos, dificuldades de

    concentrao, decrescente capacidade de memorizao, de raciocnios abstratos e de elaborao de

    juzos), e defensivos (negao das suas emoes, supresso consciente de informao, o

    desprendimento de sentimentos por coisas e situaes, a ateno seletiva e intelectualizada como

    formas de evitar a experincia negativa).

    1.4. Preveno e tratamento

    A meditao e o relaxamento podem trazer benefcios de grande importncia pessoa que

    sofre de distrbios causados pelo stress no trabalho. Com um maior controlo da mente e um maior

    domnio sobre seu estado psquico e sobre o convvio com os demais, a pessoa pode desligar-se dos

    assuntos do trabalho enquanto se exercita, mantendo a sua cabea livre e distante de assuntos que

    no o agradam. Outra forma de tratamento dos sintomas relacionados ao stress e Sndrome de

    Burnout o uso de medicamento combinado a sesses de psicoterapia. As terapias espirituais e

    religiosas tambm ajudam o individuo a resinificar suas crenas negativas advindas do trabalho,

    substituindo-as por outras que lhe fornea um sentido e significado na vida (Demeneck e Kurowski,

    2010).

    1.5. Modelos de burnout

    Existem vrios modelos da Sndrome de Burnout que podem contribuir para uma melhor

    compreenso do quadro. De acordo com Queirs (2005) os modelos mais significativos so:

    Modelo de House e Wells (1978);

    Modelo do processo de burnout de Cherniss, (1980);

    Modelo progressivo de Edelwich e Brodsky (1980);

    Modelo de Meier (1983);

    Modelo de Golembiewski (1986, Golembiewski e Munzenrider, 1988);

    Modelo de fases de burnout de Leiter (1988, 1989);

    Modelo existencial de Pines (1993);

    Modelo bi-dimensional do burnout (Schaufeli e van Dierendonck, 1993);

    Modelo geral explicativo de burnout (Maslach; Jackson; Leiter, 1996);

    Modelo explicativo da exausto no trabalho (Wisniewski e Gargiulo, 1997);

    Modelo de Gil-Monte, Peir e Valcrcel (1998);

    Modelo de sistema interactivo de burnout (Marques-Teixeira, 2002).

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    17

    Modelo de House e Wells (1978)

    Este modelo identifica variveis individuais e organizacionais que podero estar relacionadas

    com o burnout, em que as suas trs dimenses refletem as trs categorias de stresse de sintomas

    principais:

    Fisiolgicos, focando os sintomas fsicos (exausto fsica);

    Afetivo-cognitivos, focando as atitudes e os sentimentos (exausto emocional e

    despersonalizao);

    Comportamental, focando os comportamentos sintomticos (despersonalizao e diminuio

    da produtividade no trabalho);

    De acordo com os autores House e Wells, (1978, cit.Oliveira, 2008) deste modelo o burnout

    instala-se em quatro fases:

    1 Fase grau em que a situao conducente ao stresse. Existem duas circunstncias em

    que pode surgir o stresse: aptido inadequada e discrepncia entre o individuo e o meio de

    trabalho:

    2 Fase stresse percecionado. Muitas pessoas no so vulnerveis ao stresse pelas

    circunstncias descritas na primeira fase. Pessoas que se auto percecionam como calmas e

    sem stresse. A passagem da 1 2 fase depende, quer do passado e da personalidade

    individual como tambm de variveis organizacionais;

    3 Fase resposta ao stresse;

    4 Fase resultados do stresse. O burnout enquanto experincia multifacetada do stresse

    emocional crnico est colocado nesta quarta fase;

    Modelo do processo de burnout de Cherniss (1980)

    Segundo este modelo o burnout um processo, constitudo por diferentes estados sucessivos

    que ocorrem no tempo e representa uma forma de adaptao ou coping s particulares causas de

    stresse, que interagem com os indivduos, assim como as suas expectativas e exigncias quando estes

    iniciam a atividade profissional (Almeida e Veiga-Branco, 2012).

    Modelo de fases de burnout de Leiter (1988, 1989)

    Segundo Leiter (1988) os trabalhadores experimentam exausto emocional no decurso da

    exposio ao stresse no trabalho (sobretudo nas exigncias relacionadas com o posto de trabalho) e

    enfrenta, esta situao despersonalizando a sua relao com os utentes e colegas de trabalho, como

    tentativa ineficaz para lidar com sentimentos de exausto, surgidos no relacionamento interpessoal.

    Modelo existencial de Pines (1993)

    O modelo do burnout profissional de Pines (1993) tem como ponto de partida as expectativas,

    as quais podem ser de trs tipos: de caracter universal, de natureza profissional especficos do grupo,

    e pessoais com grande idealismo e com base em imagens romnticas do trabalho e das funes.

    Combinados estes trs tipos de expectativas com a motivao e levam ao sucesso e existncia com

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    18

    significado, o que por sua vez tambm refora a motivao. Pelo contrrio, se o caminho percorrido

    num ambiente stressante, os objetivos e expectativas no so atingidos, ocorre o falhano e surge o

    burnout e motivao sai enfraquecida (Castro e Zanelli, 2007).

    Modelo bidimensional do burnout (Schaufeli e van Dierendonck, 1993)

    Este modelo conceptualiza um constructo bidimensional com dois polos, exausto emocional

    e atitudes negativas. A exausto emocional relacionar-se-ia com queixas somticas e tenso

    psicolgica. As atitudes negativas, referem-se ao sentimento de despersonalizao e diminuio do

    desempenho pessoal (Dierendonck, Schaufeli, & Sixma, 1994).

    Modelo geral explicativo de burnout (Maslach; Jackson; Leiter, 1996)

    Para o modelo geral explicativo de burnout, formulado por Maslach; Jackson; Leiter (1996),

    o burnout deriva de exigncias, como o conflito pessoal e a sobrecarga de trabalho, em conjugao

    com a diminuio do controlo, do suporte social, da autonomia, da percia e do envolvimento na

    tomada de decises, levando ao aparecimento de exausto, cinismo e reduo na eficcia

    profissional. O resultado deste processo, segundo este modelo, traduz-se pela diminuio no

    empenhamento na organizao, aumento do absentismo, o turnover e a doena fsica (Maslach, 2003).

    As relaes de exausto para a despersonalizao o mais seguro aspeto deste modelo. A

    exausto no s fortemente relacionada com a despersonalizao (ou cinismo), mas medeia a

    relao entre fatores organizacionais e a despersonalizao. E os autores exemplificam com a

    sobrecarga de trabalho que no tem um impacto direto na despersonalizao, mas s na exausto

    (Queirs, 2005).

    Vrios aspetos do envolvimento organizacional podem agravar a exausto emocional e reduzir

    a realizao a realizao pessoal ou atuar simultaneamente. O sentido de realizao no mediado

    atravs da exausto, embora a experiencia de exausto diminua o sentido de realizao. O sentimento

    de desnimo que ocorre no trabalho no necessariamente motivo de exausto. De facto o trabalho

    no sempre um meio de mudana a minar o sentido de realizao dos indivduos ou a afetar

    constantemente a eficcia (Queirs, 2005).

    Modelo explicativo da exausto no trabalho (Wisniewski e Gargiulo, 1997)

    Este modelo assenta no pressuposto que entre os stresssores situacionais e o desempenho do

    profissional encontra-se uma varivel mediadora a tenso aqui entendida como a resultante de

    perodos prolongados e frequentes de tenso (Landeiro, 2011).

    A complexidade da tarefa, est na gnese da exausto emocional. Assim, tem relevncia nas

    profisses de ajuda, a especificidade das tarefas, para a criao da fadiga da compaixo condio

    de exausto emocional. Esta moderada por agentes stressores individuais e institucionais. Na

    especificidade da tarefa, encontra-se o trabalho significativo no contexto de uma relao de ajuda,

    a discrepncia entre pedidos e os recursos, a problemtica da morte, e o grande nmero de

    insucessos. Nos stressores individuais so identificados as grandes expectativas individuais e

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    19

    institucionais, o envolvimento no trabalho, centros de interesse na vida e a idade. Quanto aos

    stresssores institucionais identificam-se a sobrecarga quantitativa de trabalho, conflito de papis e

    interaes interpessoais (Landeiro, 2011).

    Modelo de Gil-Monte, Peir e Valcrcel (1998)

    O burnout trata-se de uma resposta ao stresse no trabalho, ocorrendo aps as estratgias de

    coping infrutferas. Segundo este modelo, o burnout progride de uma falta de realizao pessoal at

    exausto emocional, da falta de realizao pessoal at despersonalizao, e da exausto

    emocional despersonalizao (Gil-Monte e Peir, 1999).

    Neste modelo, a falta de realizao pessoal vista como uma tenso e a despersonalizao

    perspetivada como um processo cognitivo que deriva do stresse quando o coping no bem-sucedido.

    Ao no conseguir lidar com os problemas no trabalho vm ao de cima os sentimentos de reduzida

    realizao pessoal e posteriormente uma resposta emocional. Estas situaes conduzem

    despersonalizao como estratgia de coping (Gil-Monte e Peir, 1999).

    Modelo de sistema interativo de burnout (Marques-Teixeira, 2002)

    Segundo este modelo, a exausto emocional ser determinada do lado organizacional pela

    sobrecarga e pelos conflitos de papis laborais, do lado pessoal pelos requisitos que os indivduos se

    colocam a si prprios quanto ao desempenho (insuficiente tempo e insuficiente pessoal) e, por fim, o

    papel de algumas dimenses qualitativas e quantitativas das relaes interpessoais. O profissional que

    se sente emocionalmente exausto, usa a despersonalizao dos clientes como uma estratgia de

    coping. Quando este mecanismo se revela inadequado ou insuficiente para a resoluo do problema

    emergem sentimentos de Auto ineficcia. Neste quadro a despersonalizao ao aparecer como

    estratgia de coping (defensiva) assume-se como uma espcie de expediente alternativo para lidar

    com a exausto emocional quando outros recursos no esto disponveis (Landeiro, 2011).

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    20

    2. O Envelhecimento e o Cuidar

    Envelhecer o processo segundo o qual um organismo biolgico, tal como o corpo humano,

    existe no tempo e muda fisicamente. Resulta deste processo de senescncia um aumento da

    vulnerabilidade e a probabilidade da morte (Costa, 2002; Ermida, 1999).

    No obstante trata-se de um processo biolgico, envelhecer tambm um processo

    experiencial subjetivo, que pode definir-se como a autorregulao exercida atravs de decises e

    escolhas para adaptao ao processo de senescncia, de que no se pode separar a dimenso social

    do envelhecimento, sobretudo porque essa experincia modelada pela situao social em que as

    pessoas se encontram (Netto, 2002).

    O envelhecimento tem incio desde o nascimento, traduz-se pela diminuio das capacidades

    de adaptao ao meio e s agresses da vida. Por conseguinte, podemos dizer que a idade no o

    nico fator que explica as dificuldades da pessoa que envelhece, e que envelhecer um processo

    dinmico, habitualmente lento e progressivo, mas individual e varivel, o que poder justificar a

    tendncia para denominar os idosos como grupo heterogneo (Neri, 2001).

    Constata-se que hoje se envelhece cada vez mais tarde, e que comparativamente com h

    vrios anos atrs, o grande nmero de idosos de hoje conserva durante mais anos um razovel estado

    de sade e de vitalidade, os indivduos deste grupo etrio so, pela diminuio fsica, psquica e

    social, mais vulnerveis doena e morte. Na verdade, existe um padro prprio de doena na

    pessoa idosa, o qual caracteriza-se fundamentalmente pela patologia mltipla, com complicaes

    frequentes e graves, apresentao e expresso frustes ou atpicas, estreita relao com componentes

    sociais, cronicidade, incurabilidade e elevada mortalidade (Costa, 2002).

    Ermida (1999) define envelhecimento como:

    um processo de diminuio orgnica e funcional, no decorrente de acidente ou doena e

    que acontece inevitavelmente com o passar do tempo. Significa isto que o envelhecimento no

    em si uma doena embora possa ser agravado ou acelerado pela doena.

    Segundo Costa (2002) os vrios estudos epidemiolgicos realizados em Portugal demostram

    uma elevada morbilidade desta faixa etria, sendo que so responsveis por um tero dos

    internamentos.

    As transformaes demogrficas em Portugal so em larga escala o que acarreta consequncias

    sociais, econmicas e sociais. Com a diminuio das taxas de mortalidade e de natalidade, e com os

    avanos cientficos e tecnolgicos que possibilitaram medicina prolongar a vida de uma parte

    significativa da populao, ao longo dos anos tem-se vindo a inverter a pirmide etria, traando-se,

    assim um perfil demogrfico marcado pelo progressivo envelhecimento da populao portuguesa, o

    que acarreta novas realidades sociais, que num contexto de crise econmica se agravam (Carneiro,

    2012).

    De acordo com os dados dos Censos 2011,a populao residente em Portugal era de 10 561 614.

    Confrontando a populao residente em Portugal, em 21 de Maro de 2011 com os Censos de 2001

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    21

    observa-se um aumento do peso dos idosos de 16,4% para 19,1% (65 e mais anos de idade).Das 90 637

    pessoas a residir em estabelecimentos de apoio social a maioria so idosos e mulheres. A populao

    com idade acima dos 70 anos a mais representada no universo das pessoas que residem nestes

    estabelecimentos (INE, 2012).

    Em termos nacionais, a distribuio da populao com 65 ou mais anos apresenta uma

    assimetria geogrfica, coincidente com a reconhecida assimetria socioeconmica.

    Assim, na regio Norte encontra-se 31% do total da populao idosa, seguindo-se as regies

    Centro e Lisboa, ambas com pesos prximos de 26%. Nas regies do Alentejo, Algarve, Autnomas da

    Madeira e dos Aores encontram-se, respetivamente 9,1%, 4,4%, 2% e 1,6% dos idosos residentes no

    pas (INE, 2012).

    Para alm de tudo isto, importante salientar que ao passar de uma idade a outra, as pessoas

    so percebidas como tendo entrado numa nova fase da vida, com caractersticas especficas, com

    acesso diferente aos recursos econmicos e sociais, e ainda com novos papis, direitos e obrigaes,

    onde sobrepe-se um declnio na eficincia ou desempenho, que no limite so identificadas como

    doena. Alis, constata-se que os idosos so os maiores consumidores de cuidados de sade, tanto ao

    nvel ambulatrio e domicilirio (Santos, 1996).

    As mutaes mais comuns nos idosos a nvel fsico, psicolgico e social, levam-nos a perdas que

    os conduzem a encontrar apoio na famlia, nos amigos ou vizinhos e nas instituies de forma a

    proporcionar a qualidade de vida que necessitam (Carneiro, 2012).

    A famlia constitui ainda hoje a clula da sociedade, assumindo funes de enorme relevo,

    sendo que na prestao de cuidados ela constitui-se cada vez mais como um recurso importante,

    especialmente no que aos idosos dependentes diz respeito (Lage, 2007).

    No obstante, embora figura da famlia seja atribudo este papel, habitualmente existe um

    cuidador principal que acaba por ser quem d a resposta s necessidades. A designao ou escolha

    desta personagem que assume esta carreira de cuidador, perpassa um conjunto de fatores, tais como:

    imperativos demogrficos (por exemplo ser filho nico); obrigaes normativas de reciprocidade e

    fatores situacionais (por exemplo compromissos assumidos entre pais e filhos); ter poucas obrigaes

    familiares e profissionais; estar geograficamente mais prximo; ser economicamente mais

    desfavorecido, entre outros fatores (Robert, 1995).

    Muito frequentemente encontram-se vrios termos na literatura, para designar esta funo

    de cuidar. Assim, possvel a distino entre cuidador formal e cuidador informal, em que o que

    distingue o primeiro do segundo que este ltimo se reporta a indivduos no pagos, e que podem

    englobar elementos da famlia, ou mesmo amigos ou vizinhos. Tambm se pode encontrar a distino

    entre cuidador primrio e cuidador secundrio, sendo que o primeiro se refere ao que assume mais

    horas de cuidados, e o segundo corresponde ao elemento ou elementos que conferem uma ajuda

    adicional ao primeiro, aumentando o tipo e/ou quantidade de cuidados prestados, contribuindo para

    que as necessidades sejam melhor satisfeitas. Normalmente os cuidadores secundrios so, o

    conjugue ou filho(a) do cuidador primrio (Moura, 2006).

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    22

    Assim, tal como referem Kawasaki e Diogo (2001), o idoso fragilizado, frequentemente

    mantido em seu domiclio, requer cuidados especficos, os quais so realizados muitas vezes por

    pessoas contratadas pela famlia para tal, denominadas cuidadores formais.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    23

    3. Os cuidadores formais de idosos

    De acordo com So Jos (2012), ao longo das ltimas dcadas tem-se assistido a uma

    tendncia no sentido de uma maior combinao entre cuidados familiares e cuidados no

    familiares prestados a pessoas idosas. Portugal insere-se no grupo de pases onde vigora um

    familiarismo implcito no cuidado aos idosos, que se caracteriza por uma baixa oferta de

    servios sociais e por um sistema rudimentar de licenas para prestar cuidados, e de prestaes

    sociais diretas e indiretas para compensar os custos do cuidar. Este familiarismo implcito

    reproduz as desigualdades de gnero na prestao de cuidados familiares, as quais

    desfavorecem as mulheres).

    Segundo o mesmo autor, existe uma pluralidade de formas de diviso dos cuidados entre

    cuidadores familiares e cuidadores no familiares, as quais assentam em diferentes

    interconexes de complexidade varivel. Assim, existe um envolvimento de cuidadores no

    familiares na prestao de cuidados (cuidados mercantis e cuidados mercantis familiarizados)

    o que no implica, necessariamente, a (total) substituio de cuidadores familiares ou a

    desfamiliarizao dos cuidados.

    Aqueles que so cuidadores voluntrios, ou seja cuidadores informais tm maior risco

    de sofrer de burnout que os cuidadores formais, uma vez que a sua profisso e o nmero de

    horas com o cliente limitado diariamente (Maslach, 2003).

    As formas de diviso dos cuidados so marcadas por desigualdades de classe social,

    onde os recursos financeiros detm um papel determinante. Para alm disso, as formas de

    diviso dos cuidados so muito marcadas pelo gnero, pois a grande maioria dos cuidadores

    familiares e a totalidade dos cuidadores no familiares so mulheres, refletindo o sistema

    cultural portugus, que continua a esperar que a mulher assuma a principal responsabilidade

    pela prestao de cuidados, e tambm das dinmicas dos sectores no familiares de proviso

    de cuidados sociais, que continuam a apostar nas baixas qualificaes e nos baixos salrios,

    sendo por isso pouco apelativos para os homens (So Jos, 2012).

    Os cuidadores formais so importantes para que as famlias (cuidadores informais) no

    entrem em exausto, assim feita a ponte e todos ficam a beneficiar, uma vez que as famlias

    que cuidam tendem a desleixar-se com a sua vida, no tendo estilos de vida saudveis (Lubkin

    & Larsen, 2006).

    Nesta sequncia, em 2006 foi criado o Programa de Alargamento da Rede de

    Equipamentos Sociais (PARES) que, tal como a designao indica, visa o alargamento da rede

    de equipamentos sociais, traduzindo-se na criao de novos lugares em respostas sociais

    essenciais para a promoo do bem-estar e para a melhoria das condies de vida das pessoas

    e famlias (Portaria n 67/12).

    Assim, o PARES aposta e assenta numa estratgia de parceria com as Instituies

    Privadas de Solidariedade Social e de incentivo ao investimento privado, sendo que um dos

    objetivos o aumento do nmero de lugares em lares de idosos (Gil, 2009).

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    24

    Isto tambm est patente na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados criada

    pelo Decreto-Lei n 101/2006, que numa conjugao de prestao de cuidados de sade e de

    apoio social, a todas as pessoas com dependncia em qualquer idade.

    A Ajudante de Ao Direta, tambm designado por Ajudante de Lar, o profissional a

    quem atribudo um conjunto de tarefas ligadas ao trabalho com pessoas idosas

    institucionalizadas (Cuidados Continuados- Sade e Apoio social, 2012).

    Deste modo no Decreto-Lei n 419/99, est definido qual a funo de ajudantes de ao

    direta, perante os idosos tendo em vista o seu bem-estar. Exercem funes de forma a colmatar

    qualquer dfice nas necessidades humanas bsicas, ou seja, so responsveis pela alimentao

    do utente, da sua higiene e conforto, do seu acompanhamento ao exterior e pela administrao

    de medicao.

    Os cuidadores formais de idosos podem constituir um grupo potencialmente afetado

    pela Sndrome de Burnout. Por conseguinte, importante estudar os nveis de burnout nos

    cuidadores formais de idosos, at porque uma temtica que ainda necessita de muita

    pesquisa.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    25

    Captulo II: METODOLOGIA

    1. Tipo de estudo foi realizado um estudo descritivo observacional transversal.

    2. Local do estudo Todos os lares de idosos do concelho de Castelo Branco,

    totalizando 11 lares de idosos, (Anexo I) sendo que um deles recusou a participao.

    3. Participantes

    3.1 Populao alvo - auxiliares de ao direta que trabalham com idosos

    institucionalizados em lares.

    3.2 Tipo de amostragem foi realizada uma amostragem por convenincia dos

    auxiliares de ao direta que trabalhavam com idosos institucionalizados no perodo

    entre 1 de Janeiro e 30 de Maio de 2013.

    3.3. Critrios de Incluso todos os cuidadores formais, nomeadamente os auxiliares

    de ao direta em lares de idosos no concelho de castelo branco.

    3.4 Critrios de excluso No querer participar no estudo. Apresentar limitaes

    fsicas ou cognitivas que impossibilitasse responder ao questionrio, categoria

    profissional no adequada e questionrios rasurados.

    3.5 Amostragem amostra foi constituda por 118 profissionais que aceitaram participar

    do estudo. Foram excludos 18 profissionais, sendo a amostra final constituda de 100

    cuidadores formais.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    26

    3.6 Caracterizao da amostra

    A totalidade da amostra foi constituda pelo sexo feminino. A mdia de idade foi de

    46,49 anos 9,17, sendo a idade mnima de 22 anos e a mxima de 63 anos (Anexo III

    Tabela 1). Cerca de 56% apresentavam idade acima ou igual a 45 anos (Grfico 1).

    No que respeita aos anos de profisso (grfico 2), a maior fatia da amostra exerce a

    profisso h mais de 10 anos (55%), sendo o mnimo de 1 ano e o mximo de 42 anos (Anexo III

    Tabela 1).

    55%45%

    ANOS DE PROFISSO

    Menos de 10 anos 10 anos ou mais

    44%56%

    IDADE

    Menos de 45 anos 45 anos ou mais

    Grfico 1 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por faixa etria, em Castelo Branco, 2013.

    Grfico 2 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por anos de profisso, em Castelo Branco, 2013.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    27

    No que concerne s habilitaes literrias (grfico 3) metade dos inquiridos (50%)

    frequentaram o 2/ 3 ciclo (Anexo IV Tabela 1).

    Relativamente ao estado civil (grfico 4), 78% das auxiliares de ao direta so casadas

    ou apresentam unio de fato. Cerca de 88,9% tm pelo menos um filho (Anexo IV Tabela 1) e

    98% dos cuidadores formais trabalhavam por turnos. Quanto situao contratual 84,2%

    pertencem ao quadro da instituio. No que respeita questo faltaram ao trabalho? mais

    de 75% dos inquiridos responderam que no faltaram nem no ltimo ms nem no ltimo ano de

    servio. Relativamente s perguntas se pudesse deixaria a instituio onde trabalha? e se

    pudesse mudaria de profisso? cerca de 87%, dos sujeitos responderam que no (Anexo IV

    Tabela 2).

    16%

    50%

    34%

    HABILITAES LITERRIAS

    1 Ciclo 2/ 3 Ciclo Secundrio ou mais

    15%

    78%

    7%

    ESTADO CIVIL

    Solteiro/ Vivo Casado/ Unio de facto Divorciado

    Grfico 3 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por habilitaes escolares, em Castelo Branco, 2013.

    Grfico 4 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por estado civil, em Castelo Branco, 2013.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    28

    4. Variveis analisadas

    a) Sexo;

    b) Idade;

    c) Habilitaes literrias;

    d) Estado civil;

    g) Profisso;

    h) Anos de profisso;

    i) Burnout pessoal;

    j) Burnout relacionado com o trabalho;

    k) Burnout relacionado com o cliente.

    5. Instrumentos e recolha de dados

    Aps a autorizao da investigao pela direo das instituies foi solicitado aos

    participantes o preenchimento de um questionrio sociodemogrfico (Anexo I) e o Inventrio

    de Burnout de Copenhagen (Anexos I)

    O Inventrio de Burnout de Copenhagen (CBI) foi elaborado pelo Instituto Nacional de Sade

    Ocupacional de Copenhaga (Kristensen, et al. 2005). um questionrio composto por 19 itens

    que pretendem avaliar trs nveis da Sndrome de Burnout.

    A primeira parte (6 itens) pretende avaliar o burnout pessoal que definido como um

    estado de exausto fsica e psicolgica prolongada e pretende avaliar os sintomas de

    esgotamento gerais.

    A segunda dimenso (7 itens) apenas relacionado com o trabalho, em que analisa o

    esgotamento fsico e psicolgico prolongado, relacionado com o trabalho da pessoa e utilizado

    para avaliar sintomas de exausto focados na profisso.

    A ltima dimenso (6 itens) analisa o sentimento de exausto relacionado com o cliente.

    A frequncia com que ocorre o burnout pessoal avaliada num escala de likert em que

    nunca/ quase nunca corresponde a zero (0) e sempre a cem (100).

    A frequncia com que ocorre o burnout relacionado com o trabalho nas trs primeiras

    questes varia entre zero (0) muito pouco e cem (100) muito e nas ltimas quatro questes

    varia entre zero (0) nunca/quase nunca e cem (100) sempre, sendo que na ltima esta

    pontuao invertida cem (100) nunca/quase nunca e zero (0) sempre.

    No burnout relacionado com o cliente, nas quatro primeiras opes muito pouco

    corresponde a zero (0) e muito a cem (100) e nas ltimas duas questes varia entre zero (0)

    nunca/quase nunca e cem (100) sempre.

    A pontuao total da escala a mdia dos scores dos itens. Considera-se como um

    elevado nvel de burnout aos valores iguais ou superiores a cinquenta (50) pontos.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    29

    5.1. Caracterizao da escala CBI

    Para proceder avaliao das qualidades psicomtricas do CBI procedeu-se

    verificao da consistncia interna deste instrumento de avaliao, atravs do alfa de Cronbach

    (), verificou-se que o total de 0,932, pelo que o instrumento apresenta uma consistncia

    interna muito boa. Relativamente s dimenses do instrumento, o burnout pessoal apresenta

    um de 0,898 pelo que a consistncia interna boa, o burnout relacionado com o trabalho

    tem uma consistncia interna de 0,892 pelo que tambm boa e a terceira dimenso,

    relacionado com o cliente o de 0,755, pelo que ainda aceitvel (Anexo IV Tabela 3).

    6. Tratamento de dados

    Para a anlise estatsticas dos dados foi utilizado o programa de anlise estatstica

    Statistical Package for Social Sciences-SPSS verso 20.0.

    Foi realizada uma anlise descritiva atravs da utilizao de frequncias absolutas e

    relativas: as medidas de tendncia central como as mdias aritmticas e medianas e as medidas

    de disperso e variabilidade como o desvio padro e o coeficiente de variao.

    7. Consideraes ticas todos os participantes foram informados no que respeita a

    investigao do estudo e esclarecidos sobre a confidencialidade dos dados (Anexo III).

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    30

    Captulo III: Resultados

    No que diz respeito s trs dimenses avaliadas no CBI, relativamente ao burnout

    pessoal 74,5% apresentaram baixos nveis de burnout e 25,5% elevados nveis. Em relao ao

    burnout relacionado com o trabalho, 77,1% expem nveis baixos de burnout e 22,9%

    apresentam nveis elevados. Quanto ao burnout relacionado com o cliente 93,4% exibem baixos

    nveis e 6,6% mostram altos nveis de burnout.

    Quadro 1 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por nveis de burnout, em Castelo Branco, 2013.

    CBI N %

    Burnout pessoal Baixo nvel de burnout 70 74,5

    Alto nvel de burnout 24 25,5

    Burnout relacionado com o trabalho Baixo nvel de burnout 74 77,1

    Alto nvel de burnout 22 22,9

    Burnout relacionado com o cliente Baixo nvel de burnout 85 93,4

    Alto nvel de burnout 6 6,6

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    31

    1. Burnout pessoal

    No quadro 2 esto apresentados os dados relativamente ao burnout pessoal. Cerca de

    29,3% e 23,1% dos trabalhadores com 10 anos e mais e com menos de 10 anos de profisso

    respetivamente apresentaram nveis altos de burnout. No que respeita idade, 25% dos

    indivduos com 45 anos ou mais apresentaram nveis mais elevados de burnout, semelhante

    aos com menos de 45 anos (24,5%) e 53,6% dos profissionais solteiros/ vivos apresentam

    nveis elevados de burnout. Em relao as habilitaes literrias, cerca de 31,3% dos

    profissionais que frequentaram o 2/3 ciclo apresentaram altos nveis de burnout.

    Quadro 2 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por caratersticas sociodemogrficas, relativamente aos nveis de burnout pessoal, em Castelo Branco, 2013.

    Baixos nveis de

    burnout Altos nveis de

    burnout

    IDADE

    Menos de 45 anos (N=41) 31 10

    (%) 77,5 24,5

    45 Anos ou mais (N=52) 39 13

    (%) 75 25

    ANOS DE PROFISSO

    Menos de 10 anos (N=52) 40 12

    (%) 76,9 23,1

    10 Anos ou mais (N=41) 29 12

    (%) 70,7 29,3

    HABILITAES LITERRIAS

    1 Ciclo (N=13) 11 2

    (%) 84,8 15,2

    2/3 Ciclo (N=48) 31 17

    (%) 68,7 31,3

    Secundrio ou mais (N=33) 26 7

    (%) 78,9 21,1

    ESTADO CIVIL

    Solteiro/Vivo (N=13) 6 7

    (%) 46,4 53,6

    Casado / Unio de facto (N=73) 57 16

    (%) 78,1 21,9

    Divorciado (N=7) 6 1

    (%) 86,7 14,7

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    32

    2. Burnout relacionado com o trabalho

    No que respeita ao burnout relacionado com o trabalho (quadro 3) 24, 3% e 20,7% dos

    profissionais mais jovens (menos de 45 anos) e mais velhos (45 anos e mais) respetivamente

    apresentaram altos nveis de burnout. Observou-se que 79% dos auxiliares que exerciam funes

    h menos de 10 anos apresentaram baixos nveis de burnout e 74,4% dos que exerciam a

    profisso h 10 anos e mais tinham tambm baixos nveis de burnout. Altos nveis de burnout

    foi observado em 35,6% dos cuidadores que frequentaram o 2 e ou 3 ciclo de estudos e em

    21,4% dos cuidadores que referiram ser casados ou unio de facto.

    Quadro 3 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por caratersticas sociodemogrficas, relativamente aos nveis de burnout relacionado com o trabalho, em Castelo Branco, 2013.

    Baixos nveis de

    burnout Altos nveis de

    burnout

    IDADE

    Menos de 45 anos (N=41) 31 10

    (%) 75,7 24,3

    45 Anos ou mais (N=11) 42 11

    (%) 79,3 20,7

    ANOS DE PROFISSO

    Menos de 10 anos (N=52) 41 11

    (%) 79 21,2

    10 Anos ou mais (N=43) 32 11

    (%) 74,4 25,6

    HABILITAES LITERRIAS

    1 Ciclo (N=15) 14 1

    (%) 93,6 6,4

    2/3 Ciclo (N=48) 31 17

    (%) 64,6 35,6

    Secundrio ou mais (N=33) 29 4

    (%) 87,8 12,2

    ESTADO CIVIL

    Solteiro/Vivo (N=14) 9 5

    (%) 64,4 35,6

    Casado / Unio de facto (N=75) 59 16

    (%) 78,7 21,4

    Divorciado (N=7) 6 1

    (%) 84,9 13,7

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    33

    3. Burnout relacionado com o cliente

    Relativamente ao burnout relacionado com o cliente (quadro 4), nenhum dos profissionais

    com menos de 45 anos apresentaram nveis altos de Burnout. Apenas 8,1% e 4,8% dos

    profissionais com menos de 10 anos e mais de 10 anos de profisso respetivamente

    apresentaram nveis altos de burnout. Em relao s habilitaes literrias os cuidadores

    formais que frequentaram o secundrio ou o ensino superior expem baixos nveis de burnout

    (97%). Quanto ao estado civil, nenhum dos profissionais solteiros, vivos e divorciados

    expressam altos nveis de burnout.

    Quadro 4 - Distribuio percentual dos auxiliares de ao direta (n= 100) que trabalham em lares de idosos, por caratersticas sociodemogrficas, relativamente aos nveis de burnout relacionado com o cliente, em Castelo Branco, 2013.

    Baixos nveis de

    burnout Altos nveis de

    burnout

    IDADE

    Menos de 45 anos (N=40) 40 0

    (%) 100 0

    45 Anos ou mais (N=50) 44 6

    (%) 87,9 12

    ANOS DE PROFISSO

    Menos de 10 anos (N=49) 45 4

    (%) 91,9 8,1

    10 Anos ou mais (N=41) 39 2

    (%) 95 4,8

    HABILITAES LITERRIAS

    1 Ciclo (N=13) 12 1

    (%) 92,3 7,7

    2/3 Ciclo (N=45) 41 4

    (%) 91,9 9

    Secundrio ou mais (N=33) 32 1

    (%) 97 3

    ESTADO CIVIL

    Solteiro/Vivo (N=13) 13 0

    (%) 100 0

    Casado / Unio de facto (N=70) 64 6

    (%) 91,5 8,6

    Divorciado (N=7) 7 0

    (%) 100 0

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    34

    Captulo IV: Discusso dos resultados e Concluses

    O mundo do trabalho um dos contextos onde as pessoas passam a maior parte da sua

    vida, tornando-se desta forma uma fonte de desenvolvimento pessoal e profissional, que

    quando levado ao extremo pode gerar estados crnicos de exausto que levam Sndrome de

    Burnout, principalmente profisses com contato interpessoal dirio (Demeneck & Kurowski,

    2010).

    A amostra de cuidadores formais de idosos institucionalizados analisada, no presente

    estudo, ainda que reduzida, apresentou caractersticas semelhantes s descritas por Carvalho

    et al (2006), que investigaram qual a relao de resilincia, burnout e engagement em

    cuidadores formais de idosos nas comunidades da Estremadura, Castela e Leo. Os

    investigadores concluram que na sua amostra o sexo feminino predominava, a idade mdia foi

    de 40 anos, 86,2% eram casados ou viviam em unio de facto e a mdia de anos de profisso

    de 11 anos.

    Em 1816, Florence Nightingale, durante a guerra da Crimeia, organizou as primeiras

    tcnicas que possibilitaram a instrumentalizao do cuidado, papel pertencente apenas

    mulher na poca. Apesar da evoluo do mundo, a mulher tambm se transformou aos poucos,

    conquistando o seu espao e hoje, procura a sua satisfao profissional em todas as esferas, no

    entanto continua a ser reconhecida como a principal cuidadora, uma vez que o homem ainda

    considerado como um trabalhador mecnico e industrial, o que vai no encontro da amostra

    adquirida, uma vez que a totalidade dos profissionais so do sexo feminino.

    No que se refere ao gnero, Maslach cit. por Queirs (2005), refere que as mulheres

    apresentam nveis mais elevados do que os homens, j no que concerne ao estado civil, so os

    indivduos casados e com filhos os que apresentam nveis mais baixos de burnout (Queirs,

    2005). Na amostra estudada verifica-se que no geral quem apresenta baixos nveis de burnout

    so os divorciados, o que no coincide com os estudos apresentados, uma vez que o fato de se

    ser divorciado considerada uma causa da Sndrome de Burnout. J as pessoas solteiras/ vivas

    so quem apresentam nveis mais elevados de burnout pessoal e relacionado com o trabalho o

    que se pode dever ao fato de nos dias de hoje, a satisfao profissional est em primeiro lugar,

    o que pode levar a um envolvimento e empenho de uma forma excessiva, o que dar origem

    Sndrome de Burnout.

    No que concerne satisfao no local de trabalho, conclui-se que a amostra apresenta

    baixos nveis de burnout relacionado com o trabalho (77,1%), tendo em considerao que

    manifestaram que no mudariam de profisso (87,9%) nem de instituio (87,65%). Thomsen et

    al. (1999, cit. Queirs, 2005) verificam quanto maior a satisfao no trabalho, menor a

    propenso para a ocorrncia da Sndrome de Burnout. Se se tiver em conta a evoluo das

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    35

    condies de trabalho desde a antiguidade, observa-se uma evoluo positiva desde a

    Revoluo Industrial, com o aumento salarial, a reduo dos horrios de trabalho, o que

    diminuiu o nvel de stress nos trabalhadores, apesar da crise econmica em que se vive,

    atualmente, ainda no afetou esta profisso.

    Relativamente aos anos de profisso, os cuidadores que exercem a profisso h menos

    de 10 anos expresso nveis baixos de burnout, relativamente ao burnout pessoal e relacionado

    com o trabalho a associao da sndrome com o tempo de profisso sugere que a exposio

    prolongada a condies de trabalho stressantes e subvalorizadas pode estar relacionada ao

    surgimento e ao agravamento dos sintomas. Sendo que nos estudos existentes tanto o tempo

    de servio como a instabilidade profissional so fatores de risco para o surgimento da sndrome

    (Queirs, 2005). J no burnout relacionado com o cliente, so os profissionais que exercem h

    menos de 10 anos que possuem nveis altos de burnout, o que pode ser associado ao fato de

    que, no comeo da profisso, esses profissionais encontram-se em um perodo de sensibilizao,

    quando a transio das expectativas idealistas para a realidade da prtica quotidiana mostra

    que as primeiras nem sempre se realizam como prometido ou esperado.

    Alvarez cit. por Queirs (2005) refere que os sintomas aparecem em grupos profissionais

    que se pensava no constiturem populaes de alto risco. Tratando-se de profissionais com

    tarefas consideradas vocacionais, acreditava-se que no seriam atingidos, j que as atividades

    profissionais pareciam supostamente gratificadoras para os prprios, desde os nveis mais

    pessoais aos mais sociais.

    Relativamente avaliao dos nveis de burnout existentes na amostra verificou-se que

    os cuidadores formais exibem baixos nveis de burnout o que corrombado por Kristensen et

    al (2005, cit. Fonte, 2010). Apesar dos dias de austeridade que temos vindo a vivenciar, estes

    resultados demonstram que a amostra estudada apresenta baixos nveis de burnout, talvez por

    ainda estarem motivas com o trabalho, sendo que a sua funo prestar ajuda, contribuir para

    bem-estar, qualidade de vida e promoo da sade dos idosos.

    No burnout pessoal verificou-se que 75% da amostra apresenta baixos nveis de

    burnout, bem como o burnout relacionado com o trabalho, em que 74% tambm apresentaram

    baixos nveis de burnout. O burnout relacionado com o cliente foi o que apresentam uma maior

    percentagem de baixos nveis de burnout com 85%, tal como Kristensen et al (2005, cit. Fonte,

    2010).

    Por fim, para Maslach (2003) o burnout definido com uma crise relacionada com o

    trabalho e no uma crise relacionada com as pessoas no trabalho, o que de certa forma se

    observa neste estudo.

    Esta sndrome desenvolve-se a longo prazo e de forma multicausal, o que torna difcil

    o diagnstico. Ainda assim, sabe-se que a Sndrome de Burnout um fenmeno que afeta

    praticamente todas as profisses, j que quase todas possuem algum tipo de contato

    interpessoal. Por conseguinte, pela prpria natureza e funcionalidade do cargo, percebe-se que

    h profisses de risco e de alto risco, sendo poucas no suscetveis ocorrncia de burnout

    (Demeneck e Kurowski, 2010).

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    36

    Nos dias de hoje, com o desenvolvimento da medicina e com os progressos das condies

    socioeconmicas, a esperana mdia de vida tem vindo a aumentar, tornando-se necessrio

    criar condies para que os idosos usufruam de bem-estar at ao final da vida, para tal a criao

    de instituies para este fim torna-se cada vez mais pertinente.

    Maslach (2003) refere que so estas profisses de assistncia que mais sofrem de

    Sndrome de Burnout, pois a estas que se solicita:

    um tempo considervel de relao intensa, com pessoas, que no poucas vezes se encontram em situaes problemticas, com as quais as relaes so carregadas de sentimentos de frustrao, medo ou desespero. Relaes nas quais, a tenso ou o stresse resultante podem ter um efeito de dessecao emocional, deixando os profissionais vazios e emocionalmente predispostos ao sndroma de burnout.

    Como qualquer trabalho de investigao, tambm este apresenta limitaes.

    Em primeiro lugar, importante destacar o nmero reduzido de sujeitos o que instala

    obstculos ao nvel da generalizao dos resultados e da representatividade da amostra em

    relao populao em estudo. O reduzido tamanho da amostra poder tambm ter contribudo

    para a dificuldade em verificar diferenas, tornando-se pertinente alargar o estudo para outras

    instituies.

    Uma segunda limitao o instrumento de colheita de dados, ter sido de

    autopreenchimento o que pode causar erros, uma vez que a escala de likert apresenta opes

    vagas, que podem ser interpretadas de maneira diferente por cada um.

    Uma outra limitao observada foi o facto de serem escassos os estudos a este tipo de

    profissionais, bem como a literatura que existe a este nvel.

    Contudo, apesar das limitaes mencionadas em cima, pensa-se que a investigao deu

    um contributo cientfico para o burnout.

    Para a amostra em estudo conclui-se que:

    Foram encontrados baixos nveis de burnout no geral; Relativamente s trs dimenses do burnout o burnout relacionado com o

    cliente que expe nveis mais baixos de burnout, seguindo-se o burnout relacionado com o trabalho e por fim o pessoal;

    No foram encontradas associaes estatisticamente significativas entre as dimenses de burnout e as variveis: idade, anos de profisso, habilitaes escolares e estado civil;

    A maioria da amostra inquirida, de acordo com os resultados obtidos, refletiu nveis baixos de burnout nas trs escalas do CBI. No entanto, os valores de alto nvel de burnout observados no podem ser depreciados.

    imperativo pensar que no devemos somente viver para o trabalho mas sim fazer do

    trabalho uma fonte de sade e realizao.

    Desta forma, cabe a cada um de ns comear um processo de mudana pessoal e

    institucional, com sugestes construtivas e participativas.

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    37

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  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    41

    Anexos

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    42

    Anexo I

    Amostra

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    43

    Quadro 5 - Distribuio da amostra em estudo. N

    Funcionrios Total de questionrios entregues

    N de questionrios corretamente preenchidos

    N de questionrios excludos

    Qual a razo?

    SCM So Vicente da Beira

    20 17 16 1 Profisso no adequada

    SCM Castelo Branco

    103 34 30 12 10- rasurados,

    2- sem profisso

    SCM Sarzedas 10 8 8 0

    CSPF Cebolais de Cima

    12 6 6 0

    Centro Social de Salgueiro do Campo

    6 5 4 1 Sem profisso

    Lar de So Toms

    10 7 6 1 Profisso no adequada

    Lar de So Roque

    14 14 13 1 Rasurado

    CS Benemritos da Pvoa de Rio de Moinhos

    11 10 10 0

    CS Amigos da Lardosa

    10 9 7 2 1-rasurado,

    1-Sem profisso

    CSP Almaceda 15 0 0 0 Questionrios no

    preenchidos

    Lar Major Rato 35 0 0 0 Recusaram

    participao

    TOTAL 246 110 92 18

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    44

    Anexo II

    Instrumento de colheita de dados

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    45

    CONSENTIMENTO INFORMADO

    Estou a realizar uma investigao que tem como objetivo principal

    estudar a sndrome de burnout nos cuidadores formais de idosos

    institucionalizados. Procura-se atravs desta, contribuir para um maior

    conhecimento e sensibilizao quanto aos fatores que podem afetar a sade

    fsica e psicolgica destes profissionais.

    Neste sentido, solicitamos a sua participao nesta investigao,

    concedendo-nos o seu consentimento para que lhe sejam aplicados alguns

    instrumentos de avaliao.

    A sua participao voluntria e os dados que fornecer sero

    estritamente confidenciais, sendo unicamente utilizados para os objetivos

    desta investigao.

    Eu___________________________________________________________

    dou o meu consentimento informado para participar nesta investigao,

    sabendo que a assinatura deste documento no interfere nos meus direitos

    legais.

    Data: _____/_____/_____ Nome do Investigador: Ana Rita Cruz Barros de Almeida Orientador da Investigao: Prof. Dr. Mrcia Kirzner (Universidade da Beira Interior Faculdade de Cincias da Sade, Covilh)

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    46

    I -Questionrio Sociodemogrfico

    1.Sexo: Masculino Feminino

    2. Idade: _______(anos) 3. Habilitaes escolares:

    No sabe ler nem escrever Sabe ler e/ou escrever 1- 4ANO 5 - 6ANO 7 - 9 ANO 10-12 ANO Ensino Superior

    4. Estado Civil:

    Solteiro(a) Casado(a) Divorciado(a) Vivo(a) Unio de facto Separado(a)

    5. Tem Filhos:

    No Sim Se respondeu sim, quantos ______ Outros Dependentes: No Sim Quantos?_______Quem?_________________

    6. Local de Residncia:

    Rural Urbano

    7. Profisso:______________________ 8. Anos de Profisso: ________(anos) 9. H quantos anos trabalha na instituio? _______(anos) 10. Quantas horas trabalha por semana? ___________

    11. Trabalha por turnos? No Sim

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    47

    12. Trabalha parcialmente em mais alguma instituio? No Sim

    Se respondeu que sim, diga quantas horas trabalha por semana nessa mesma instituio __________________________________________________________________ 13. Situao contratual:

    Do quadro/efetivo Vnculo precrio/termo Prestao de servios

    14. No ltimo ano faltou ao servio?

    Nunca Raramente Algumas vezes Bastantes vezes

    15. No ltimo ms faltou ao servio?

    Nunca Raramente Algumas vezes Bastantes vezes

    16. Se pudesse deixaria a instituio onde trabalha?

    No Sim

    17. Se pudesse mudaria de profisso?

    No Sim

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    48

    II INVENTRIO DE BURNOUT DE COPENHAGEN

    Este questionrio destina-se avaliao psicomtrica das dimenses do

    burnout. No h respostas melhores ou piores, a resposta correta aquela que

    exprime com veracidade a sua prpria experincia. A cada uma das frases deve

    responder consoante a frequncia com que tem o sentimento, assinalando com

    uma cruz.

    Esclarecimento:

    Sndrome de Burnout: resposta ao stresse crnico no trabalho, integrando

    atitudes e sentimentos negativos em relao s pessoas com as quais

    trabalhamos e ao prprio papel profissional.

    Cansado significa sem foras, Fatigado significa enfadado, Exausto significa

    esgotado.

    Burnout pessoal

    Avalia o grau de exausto fsica, psicolgica e da exausto experienciada pela

    pessoa.

    Sempre Frequentemente s vezes Raramente Nunca/ quase

    nunca

    1. Com que frequncia se sente

    cansado/a?

    2. Com que frequncia se sente

    fisicamente exausto/a?

    3. Com que frequncia se sente

    emocionalmente exausto/a?

    4. Com que frequncia pensa:

    Eu no aguento mais isto?

    5. Com que frequncia se sente

    fatigado/a?

    6. Com que frequncia se sente

    frgil e suscetvel a ficar

    doente?

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    49

    BurnBurnout relacionado com o trabalho

    Analisa o grau de fadiga fsica e psicolgica e a exausto que percebida pela

    pessoa em relao ao seu trabalho;

    Muito Bastante Assim,

    assim

    Pouco Muito pouco

    1. O seu trabalho

    emocionalmente desgastante?

    2. Sente-se esgotado por causa

    do seu trabalho?

    3. O seu trabalho deixa- o(a)

    frustrado(a)?

    Sempre Frequentemente s vezes Raramente Nunca/ quase

    nunca

    4. Sente-se esgotado/a no final

    de um dia de trabalho?

    5. Sente-se exausto/a de manh

    ao pensar em mais um dia de

    trabalho?

    6. Sente que cada hora de

    trabalho cansativa para si?

    Nunca/ quase

    nunca

    Raramente s vezes Frequentemente Sempre

    7. Tem energia suficiente para a

    famlia e os amigos durante o

    tempo de lazer?

  • A Sndrome de Burnout em cuidadores formais de idosos institucionalizados

    50

    Burnout relacionado com o Cliente Avalia o grau de fadiga fsica e psicolgica e de exausto que percebido pela pessoa como relacionado com o trabalho com os utentes.